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Fundamentos Históricos do Direito

Alunos (as):

Valmir Ferreira

Maria Clara

Jaqueline

Raquel Bento

Karina Magalhães

Maria Betânia

Bateau Mouche

A embarcação, um antigo barco de pesca fabricado em Fortaleza em 1970 e batizado


inicialmente como "Kamaloka", havia sido modificada várias vezes, destacando-se o acréscimo
de um terraço suplementar.

Durante as comemorações do Ano Novo de 1989, embora estivesse regularizada pelas


autoridades competentes e fosse considerada um cartão-postal da cidade do Rio de Janeiro, ao
se deslocar para fora da barra da baía de Guanabara para assistir à queima de fogos na praia de
Copacabana, deparou-se com ondas pesadas no mar, vindo a adernar. A rápida e acentuada
movimentação de carga nos andares superiores causou o naufrágio, onde morreram 55 dos 142
passageiros a bordo.

A traineira Evelyn Maurício tinha partido de Niterói com os pescadores Jorge de Souza, João
Batista de Souza Abreu, Marcos Vinícius Lourenço da Silva, Francisco Carlos Alves de Moraes e
Jorge Luiz Soares de Souza e as suas respectivas famílias, com destino a Copacabana; no caminho
cruzaram com o Bateau Mouche IV, iluminado e muito cheio. Os pescadores presenciaram o
naufrágio, e tornaram-se heróis ao jogarem boias, cabos e cordas para salvar cerca de 30
náufragos, que foram retiradas do mar pelos braços.

No inquérito que se seguiu foram apontados diversos responsáveis, entre eles a empresa de
turismo, os passageiros que disputavam um lugar a boreste do terraço da embarcação, as
autoridades competentes do estado do Rio de Janeiro, e a Capitania dos Portos, dando lugar a
um longo processo judicial.

O laudo pericial apontou que o Bateau Mouche IV transportava mais que o dobro da lotação
permitida (62 passageiros). Os sócios majoritários da empresa Bateau Mouche Rio Turismo,
Faustino Puertas Vidal e Avelino Rivera (espanhóis) e Álvaro Costa (português), foram
condenados por homicídio culposo (sem a intenção de matar), sonegação fiscal e formação de
quadrilha, em maio de 1993, a quatro anos de prisão em regime semiaberto (só dormiam na
prisão), mas em fevereiro de 1994 eles fugiram para a Espanha.

A atriz Yara Amaral perdeu a vida na tragédia. Também se encontrava a bordo da embarcação o
ex-ministro do Planejamento, Aníbal Teixeira, que sobreviveu.
Hammurabi e Eshnunna (1825-1787 a.C.)

O Bateau Mouche embarcação que que afundou fato ocorrido no Brasil e com repercussão
mundial pode ser analisado e julgado de inúmeras formas se tivesse o ocorrido fosse de uma
outra época.

Para ilustrar suponha que o ocorrido se desenrolasse na Antiga Mesopotâmia, mais


especificamente sob a legislação de Eshnunna (1825-1787 a.C.). Na Babilônia o barco era sem
dúvida o maior meio de comunicação existente. Para que houvesse contato os maiores centros
comerciais deveriam ser atingidos pelos meios da navegação.

Com tamanha responsabilidade as leis eram bem rígidas, e seu peso recaia com mais rigor na
figura do barqueiro.

§5 da Lei de Eshnunna “Se um barqueiro foi negligente e afundou o barco: deverá restituir tudo
que afundou”

O texto acima foi inserido na referida lei entre paragrafo cujo tema central era determinar
aluguéis e salários no reino. Ao inserir a penalidade ao barqueiro o legislador tinha a intenção
de definir a responsabilidade que cabe ao barqueiro. O parágrafo supõe o costume
contemporâneo a época de que o proprietário de um barco o alugava a um barqueiro que
contratava as cargas combinando viagens e valores, ficando assim o barqueiro responsável por
toda a parte operacional e de negociação com os clientes. O barqueiro era responsável pelo
barco diante do proprietário e das mercadorias perante os clientes.

Já no Código de Hammurabi percebe-se detalhes como “§ 238, existe a possibilidade de o


barqueiro tentar erguer o barco afundado, nesse caso ele deverá pagar em prata a metade do
seu valor”.

A palavra negligente possui bastante peso na legislação da antiguidade tendo em vista que
ambos os legisladores só previam em seu ordenamento jurídico o afundamento por negligencia
do barqueiro.

A legislação, ou as partes que aparecem na literatura deixam clara a ênfase na pessoa do


barqueiro e dos bens materiais embarcados. Ao se levar o Bateau Mouche para aquela época o
barqueiro seria responsabilizado e punido. Tendo em mente que para a legislação da época era
a figura do barqueiro que alugava o barco, negociava os valores, enfim recaia sobre ele toda a
parte de planejamento, implementação e execução de todo o negócio.

Por fim, o barqueiro era o responsável legal pela carga e pelo barco, se afundasse a culpa recairia
sobre ele.

Na atualidade, o culpado não foi só os sócios, ou seja, os donos. Responsável: empresa de


Turismo, a autoridade competente do estado do rio de Janeiro. Capitania dos portos. Neste caso
a marinha, abriu dois inquéritos; um administrativo de competência do tribunal marítimo, para
investigar as causas técnicas do naufrágio. Um inquérito policial Militar para apurar a
possibilidade de suborno, contra dois sargentos da capitania dos Portos, que apoios intercepta
o Bateau Mouche, o liberou em seguida. E mais um inquérito foi aberto, este pela Polícia civil
para apurar a responsabilidade criminal. A embarcação só sai ao mar depois da vistoria da
Capitania dos Portos. A primeira pena que receberam foi administrativa. O tribunal marítimo
condenou o Bateu mouche a multa e os proprietário perderam o registro de armadores, e
impedido de participar de qualquer empresa em navegação.

Mais de duas décadas depois, nenhum dos envolvidos no caso está preso. Apenas uma família
recebeu indenização. Os demais processos aguardam o julgamento dos infindáveis recursos.

Fonte:

Bouzon, Emanuel - As Leis de Eshnunna. Ed. Vozes, 1981

MemóriaGlobo:
http://memoriaglobo.globo.com/programas/jornalismo/coberturas/naufragio-do-bateau-
mouche/naufragio-do-bateau-mouche-a-historia.htm (Acessado em 11/03/2018)

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