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PESOS
Dr. Henry S. Lodge,
Clínico geral e gerontologista, lidera uma equipe de 23 clínicos em
Manhattan, Nova York, e é membro da Faculdade de Medicina
clínica do Colégio de Médicos e Cirurgiões da Universidade de
Colúmbia
Um único passo
Pense em quanto movimento o joelho tem que suportar no
simples ato de andar, isto é, na quantidade moderada de curvaturas
e impactos a que é submetido a cada passo. Agora, imagine que
você está no início de um lance de escadas. Suba devagar, dois
degraus de cada vez. Note que tanto sua coxa quanto sua
panturrilha se contraem fortemente bem no começo do passo,
posicionando a articulação do joelho num alinhamento altamente
preciso antes que você se mova de fato.
Talvez isso pareça apenas o resultado da contração de todos os
músculos simultaneamente. Em parte, é mesmo. Contudo, é
também essencial que cada músculo se contraia na medida certa
para posicionar a articulação no alinhamento perfeito, de modo que
ela possa realizar o trabalho mecânico que está sendo exigido.
Cada articulação é pré-tensionada de modo automático na posição
correta para executar o passo.
Agora, segure este livro na sua frente com ambas as mãos e
levante-se lentamente. Concentre-se na energia que seus músculos
fornecem de maneira precisa durante o movimento. Estão
envolvidos todos os grandes grupos musculares na parte inferior
das costas, nas nádegas, nas coxas, nas panturrilhas e nos pés,
assim como um número considerável de grupos musculares
menores e estabilizadores na coluna, no tórax, nos ombros, no
abdômen e na pélvis. Erga-se devagar do assento, sentindo os
músculos que estão acionados da cabeça aos pés.
Atravessamos esses ciclos coordenados milhares de vezes
durante o dia. Cada movimento coordenado envolve milhares de
fibras nervosas que, juntas, formam uma rede neurológica. Temos
milhões de redes neurológicas em potencial e alternamos sua
utilização em cada passo. O corpo cresce e o cérebro aprende com
cada uma delas – eles têm que fazer isso porque a C-6 atua em
segundo plano, fazendo com que esqueçam um pouco de tudo issoi
todos os dias.
O problema aparece quando os músculos, as conexões cerebrais
e os arcos reflexos controlados na medula espinham se tornam
menos ativos e fracos após anos de uma existência relativamente
sedentária. Os movimentos ocasionais da vida diária são
insuficientes para acionar a produção da C-10, que promove o
crescimento. Empurrar uma cadeira para trás, afastando-a da mesa,
é uma tarefa ofensivamente trivial para o cérebro físico. Em
protesto, com o passar das décadas, ele coloca certas partes suas
para dormir. Lembre-se de que é necessário realizar um imenso
esforço para ultrapassar determinado limiar e gerar C-6 em
quantidade suficiente para deflagrar a onda de C-10. Abaixo desse
ponto, tudo o que conseguimos é a C-6 da decadência crônica.
Precisamos dos exercícios de musculação para irmos além desse
limite e obtermos energia e coordenação. Assim, conseguimos C-10
para o sistema de redes neurológicas, os músculos, as articulações
e os tendões.
As atividades aeróbicas nos ajudam a atravessar o limiar para a
resistência, a boa circulação sangüínea e a longevidade, mas
necessitamos do treinamento de força para obter energia e
coordenação neurológica. Um únicoi passo no nível do chão não
basta para liberar C-10, tampouco a subida de alguns degraus.
Contudo, se subirmos uma escada até nossas pernas arderem,
acionaremos a produção dessa substância. O mesmo ocorrerá se
levantarmos pesos até o ponto em que sentirmos que precisamos
parar.
O equilíbrio
Chegou a hora de você pensar no cérebro e no conceito chamado
propriocepção – a capacidade que temos de saber onde está cada
parte do corpo em todos os instantes. Isto é, saber como ficamos de
pé e como nos movimentamos. Somos capazes de nos manter
sobre os dois pés como se fôssemos uma escada colocada reta na
direção do céu sem apoio nenhum – esse é um ato admirável da
nossa parte. Tente erguer uma escada e mantê-la reta. São
necessário ajustes constantes para evitar que ela caia. Com o corpo
ocorre o mesmo processo. E essa é a questão em toda a sua
simplicidade. Experimente correr em volta de um jardim segurando
uma escada posicionada na vertical. Veja se consegue fazer um
movimento giratório e lançar uma bola em determinada direção
mantendo a escada reta. Tente executar qualquer uma dessas
coisas espantosas que fazemos a toda hora sobre os dois pés. E,
depois, repita essas experiências apoiando-se apenas num pé.
O corpo está ciente da posição exata de cada membro no espaço
a cada segundo porque os músculos, os tendões, os ligamentos e
as articulações enviam milhares de fibras nervosas de volta para o
cérebro através da medula espinhal. Essas fibras indicam todas as
graduações de contração, força, tônus muscular, orientação,
posição e movimento a cada instante. Feche os olhos e concentre-
se no dedo indicador. Você sabe exatamente onde ele está. O
mesmo acontece em relação ao dedão do pé, aos cotovelos etc.
mantenha os olhos fechados e faça um rápido levantamento de
onde cada parte do seu corpo se encontra. O cérebro mantém o
controle cuidadoso da localização de todos os músculos e de todas
as articulações a cada segundo para nos abastecer com essas
informações. Ele envia milhões de sinais ao longo do dia apenas
para que fiquemos de pé e cientes do lugar onde estamos.
A musculação trabalha com esses sinais. O ato de forçar
intensamente um músculo envia um forte sinal de volta paraq o
cérebro. Lembra-se de que eu disse que as articulações se alinham
quando estamos prestes a subir um degrau? Isso é muito
importante para o corpo. Se o cérebro relaxar por um momento e
não fizermos os ajustes instantâneos necessários, estamos sujeitos
a nos machucar: podemos distender um músculo, torcer o tornozelo
ou quebrar a perna. Na natureza, até um pequeno ferimento é
capaz de nos matar – um predador de resistência como você, por
exemplo, corre o risco de morrer se ficar prostrado por duas
semanas. Por isso, os sinais enviados ao cérebro pela musculação
são enfáticos e importantes, isto é, são prioritários. Essas
mensagens promovem crescimento – primeiro, sinalizando elas
próprias as trilhas, abrindo esse caminho através da floresta de
redes neurológicas; depois, diretamente nos músculos, nos
tendões, nos ligamentos e nas articulações. Com esse crescimento
surge uma nova integração entre o cérebro e o corpo. Os dois
sempre estiveram fundidos. Nós é que nos esquecemos disso, e
essa é a maneira que temos de reconectá-los. É uma religação
física, literalmente: as fibras nervosas são vistas no microscópio, a
química cerebral fica aparente no escâner do aparelho de
ressonância magnética e o tempo de reação pode ser medido no
laboratório. Isso corresponde à melhora na prática do esporte de
sua escolha e no aumento da força e da sensação de bem-estar.
Outro resultado disso é evitar as quedas. De fato, como Chris
disse, temos mais probabilidade de cair à medida que
envelhecemos, a não ser que estejamos em grande forma. Essa é
uma questão de saúde pública da maior importância porque esses
acidentes costumam ser cada vez piores e as conseqüências, mais
graves. As quedas vêm sendo pesquisadas meticulosamente, e os
resultados desses estudos revelam que não passamos a cair mais
com o transcorrer dos anos. Em outras palavras, hoje tropeçamos
no dedãoi tanto quanto tropeçávamos aos 20 anos. No entanto,
agora não recuperamos o equilíbrio com a mesma rapidez e
facilidade, por isso corremos um risco maior de bater com a cara no
chão. Isso ocorre por dois motivos. Para começar, deixamos que a
propriocepção baixe a um ponto crítico. Leva uma fração de
segundo para que o cérebro perceba que estamos caindo, e nesse
instante o impulso e a gravidade agem contra nós. A outra questão
é que precisamos de força para nos recuperar de um passo em
falso. O dedão fica preso no calçamento, mas o corpo continua em
frente, ganhando velocidade e impulso em direção ao solo, segundo
a lei newtoniana. No momento em que movemos a perna, toda a
massa do corpo já está se deslocando para a frente e para baixo
com rapidez crescente. É como saltar sobre uma parede baixa: se
as pernas não forem suficientemente fortes para interromper o
impulso dado no início, a queda será inevitável.
O treinamento de força nos dá o poder de combater a gravidade e
permanecermos de pé. Mesmo que acabemos caindo, o fato de
termos reflexos rápidos e músculos fortes nos tornará capazes de
atenuar o acidente – de um tombo frontal para um impacto mais
suave. Assim como o pára-choque de um carro, a ação coordenada
dos músculos abranda a pancada. Se formos fortes, não apenas
cairemos menos como cairemos de modo menos perigoso,
diminuindo extraordinariamente a possibilidade de ferimentos
graves.
Quedas à parte, a musculação reduz o risco de lesões durante a
prática de todas as formas de exercícios, sobretudo porque acelera
os reflexos proprioceptivos e fortalece os tendões, os ligamentos e
as articulações. Os tendões e ligamentos são tecidos vivos, porém
crescem mais devagar à medida que envelhecemos. Forçar
intensamente um tendão revigora as conexões nervosas e faz com
que ele avance mais sobre o osso, tornando a ligação mais
resistente a lesões.
Fonte:
Páginas 122 a 134 – “Fique mais jovem a cada ano”, atrase seu
relógio biológico”, Chegue aos 80 anos com a saúde, o vigor e a
forma física de um cinqüentão; Chris Crowley e Henry S. Lodge, M.
D.; GMT Editores Ltda, Rio de Janeiro, Sextante, 2007
OBS:
NÃO DEIXE DE LER ESTE LIVRO.
SE VOCÊ DESEJA TER SAÚDE, SER SAUDÁVEL, MAGRO, FORTE, TER
VIGOR E QUALIDADE DE VIDA, ESTE LIVRO FOI FEITO PARA VOCÊ. -
RECOMENDO VIVAMENTE.
“Fique mais jovem a cada ano”, Atrase seu relógio biológico”,
Chegue aos 80 anos com a saúde, o vigor e a forma física de um
cinqüentão; Chris Crowley e Henry S. Lodge, M. D.; GMT Editores
Ltda, Rio de Janeiro, Sextante, 2007