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Argumentando com Falácias

Angela Freitas

Lucas Calixto

Na seguinte resenha iremos introduzir os conceitos de lógica e analisar seu


objeto de estudo, seguindo as linhas teóricas de Aristóteles, procedendo com o estudo
das falácias que está dentro do conceito de lógica, conceituando, classificando e
analisando seu objeto de estudo, o truque de argumentação. Por fim, será analisada a
falácia “non sequitur” ou “não se segue”, que foi utilizada na sentença do juiz Sérgio
Moro ao ex-presidente Lula Da Silva.

A lógica começou ser estudada profundamente no século IV a.C. por


Aristóteles, “O Pai da Lógica”, alguns filósofos antes já falavam de lógica, porém, só a
partir dos conceitos de Aristóteles, a lógica passou a ser fundamentada e foi
disseminada pelo mundo, com isso a “Lógica aristotélica” predomina até nos dias de
hoje. A lógica de Aristóteles tem o objetivo aparentemente metodológico. Incube
mostrar o caminho correto para o conhecimento e a observação científica. Apesar de ser
um upgrade nos estudos da lógica, seus métodos são limitados, com isso, outros
métodos foram desenvolvidos a partir de sua base.

Tendo como principal objeto de estudo, as argumentações. A lógica usa os


argumentos com efeitos e fundamentos lógicos para chegar a determinada conclusão.

“LÓGICA é a ciência que estuda princípios e métodos de inferência, tendo o objetivo


principal de determinar em que condições certas coisas se seguem (são conseqüência),
ou não, de outras”. (MORTARI, 2001, p. 2). Nessa perspectiva teórica, que parte de
argumentos, chegando à determinada consequência por meio do processo do raciocínio
lógico e mental. Existem equívocos que levam a manipulação dos argumentos,
transformando um determinado raciocínio errado, em uma conclusão verdadeira. É o
caso das falácias, as falácias são imperfeições na lógica dos argumentos, que leva ao
erro, entretanto, algumas podem ser detectáveis e outras passam a ser mais difíceis de
detectar, pois sua argumentação pode ser convincente e bastante coerente. Um exemplo
de manipulação por meio das falácias é o próprio capitalismo, o mesmo leva às pessoas
a alienação direta ao consumismo, alocando a influência do que pode ser bom diante da
sociedade. A mídia, sendo um segundo exemplo, é um grande usuário das falácias,
dependendo da linha editorial, ela usa o seu poder da comunicação de massa através das
tecnologias, para propagar mentiras e enganações, o meio político e o entretenimento
usufruem excessivamente essa ferramenta, que por sua vez, tem sua eficácia
explicitamente comprovada. Com isso, as falácias apesar de ter argumentos
inconsistentes, ela tem a capacidade de manipular e enganar toda a sociedade.

Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente inconsistente,


sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de sustentar a conclusão que alega.
Um defeito de raciocínio que afeta a argumentação, tornando-a sem fundamento
apropriado. Uma falácia leva a tomar o incorreto por correto. Existem dois tipos de
falácias: paralogismo e sofisma. Quando cometido de forma automática chama
paralogismo. E quando realizada de forma intencional chama sofisma.

As falácias são classificadas em dois tipos: formais e informais. A formal


refere-se à forma incorreta de relacionar as premissas para obter a conclusão. A
informal refere-se a um erro semântico na aprovação das premissas por imprudência ou
ambiguidade linguística, resultando uma falsa conclusão com ar de verdade. Além
disso, muitas vezes as falácias não passam de truques de argumentação. Há demasiados
tipos de falácias que impedem a análise clara de um argumento e obscurecem as
questões reais que merecem atenção e que estão presentes na vida profissional e no dia-
a-dia. Diante disto, há um dilema, pois, apenas o pensador o crítico é capaz de
reconhecer quando alguém está fazendo uso de falácias para distorcer os fatos ou a
análise em questão.

As falácias de um modo geral são os usos de apelos na construção do


argumento. Além disso, apesar das falácias serem incertas do ponto de vista lógico, elas
são de difícil exclusão, pois servem para as pessoas ganhar discussões e vencer os
outros com o uso de argumentos falaciosos. Dessa forma, torna-se útil na comunicação
diária, apenas.

Diante de diversos tipos de falácias, a presente resenha irá analisar a sentença


do juiz Sérgio Moro, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado em segunda
instância do caso tríplex do Guarujá. Que fez uso da falácia “non sequeitur” para
condenar o ex-presidente.
Análise da sentença

626. Ainda sobre a questão das reformas, há prova documental consistente em


mensagens eletrônicas trocadas por […] Pinheiro Filho com executivos da OAS,
que foram apreendidas durante a investigação e que revelam que o projeto de
reforma do apartamento e o projeto de reforma do Sítio em Atibaia foram
realizados na mesma época e foram submetidos e aprovados pelo ex-Presidente e
por sua esposa.(Fonte.G1)

“As reformas foram feitas por solicitação do ex-presidente e sua esposa” – Falácia
non sequitur ou não se segue.

Moro usou na sentença uma conclusão que diverge do argumento, ou seja, a


conclusão pode ser verdadeira ou falsa, mas o argumento é falacioso porque há falta de
conexão entre a premissa inicial e a conclusão, por isso a expressão “não se segue” ou,
em latim, “non sequitur”, não existe uma implicação lógica na conexão com a premissa
e a conclusão.

No presente caso, a sua forma lógica é:

Se alguém é proprietário de um imóvel, então aprova as reformas.

Logo, o ex-presidente aprova as reformas, então ele é proprietário do


imóvel.

O mesmo valeria para:

Se alguém é proprietário de um imóvel, então ele aprova as reformas.


Logo, o arquiteto, o engenheiro e o corpo de bombeiros aprovaram as
reformas do imóvel. Então, o arquiteto, o engenheiro e o corpo de
bombeiros são proprietários do imóvel.

Percebe-se que existe uma falha lógica na sentença, já que não poderia aprovar
reformas e ser seu proprietário, pois não tem uma causa lógica que liga ambos,
direcionando para um erro, ou melhor, dizendo, uma falácia.

Infere-se, portanto, que o uso das falácias pode tornar válidos os argumentos
que não têm conclusão verdadeira. E no caso da sentença analisada, a argumentação
apesar de conter erros lógicos, o ex-presidente Lula foi apontado como o potencial
comprador e proprietário do apartamento, por meio do argumento falacioso do juiz
Sérgio Moro, que usou para induzir as investigações. É evidente, portanto, a
manipulação dos argumentos com o uso das falácias.

Referências
MORTARI, Cezar A. Introdução à lógica. São Paulo: editora UNESP: Imprensa Oficial
do Estado, 2001.

Condenação de Lula: veja as provas que basearam a sentença de Moro, 2017. Disponíveis em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/condenacao-de-lula-veja-as-provas-que-basearam-
a-sentenca-de-moro.ghtml,> Acesso em: 16 abr.2018.

Aristóteles. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 2018 Disponíveis em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles> Acesso em: 16 abr.2018.

DAVID W. SILVA ALMEIDA. Falácias e Teoria Da Argumentação. Pólemos, Brasília,


vol. 2, n. 3, Julho 2013. Disponível em:
http://periodicos.unb.br/index.php/polemos/article/viewFile/8799/7006> Acesso em: 15
abr.2018.

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