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Teste de Avaliação de Português

Leitura e Compreensão Expressão Escrita Gramática Compreensão Oral


Competências
Escrita    
Ano /Turma Tempo Data Docente Versão Classificação

90 minutos outubro 2013 _____________________________

Aluno ___________________________________________ Nº ______ Observações _______________________________________________

Grupo I – Leitura/Compreensão da leitura (50 pontos)

Parte A
Lê o texto seguinte.

Uma palavra que durante décadas não seja utilizada na rua ou nos livros e permaneça
apenas no dicionário tem um destino à vista: ser palavra defunta. O dicionário pode ser visto,
assim, como uma antecâmara da morte. Como se algumas palavras estivessem ali paradinhas,
quietas, mudas (no seu sentido literal e metafórico) porque não falam, ninguém fala por elas e
ninguém as fala – como se estivessem, então, ali em fila, em linha, à espera do seu próprio
velório.
Ou podemos então mudar radicalmente de ponto de vista: o dicionário, com os seus
milhares e milhares de palavras, pode ser entendido como um depósito contra o esquecimento,
um enorme arquivo. Eis, pois, um outro nome possível para o dicionário: instrumento para
evitar o esquecimento.
Imaginemos, por absurdo, que os dicionários desapareciam. Que uma qualquer ordem
política determinava a sua destruição. Pois bem, seria uma matança. Em poucas décadas,
morreriam palavras como tordos. E se, no limite, não existisse qualquer livro, e ficássemos
apenas (…) com a linguagem das conversas rápidas, então o vocabulário ficaria reduzido ao
mais essencial e mínimo: sim, não, comida, bebida, etc. Poderíamos assim, com a linguagem,
expressar as necessidades do organismo mas certamente não as do espírito.
Abrir o dicionário, pois, como ato de resistência e salvação: não vou ficar só com as
palavras que ouço ou leio nos livros comuns – eis o que se poderia dizer. Abrimos ao acaso na
página 310, e depois na página 315, sempre com a firme determinação de salvar duas ou três
palavras de cada página. Como aquele que salva quem se está a afogar. E não é por acaso,
aliás, que muitas das mitologias remetem o esquecimento para a imagem do rio. Uma água
onde as coisas se afundam, deixam de ser vistas à superfície, desaparecem da vista. A
passagem do rio utilizada também é como metáfora do tempo que passa e leva e afunda as
coisas que ainda há momentos estavam à nossa frente, bem vivas. Salvar palavras da água que
engole e faz esquecer as coisas, eis o que é, em parte, abrir um dicionário.
Dotados, então, de um espírito de nadador-salvador, abrimos ao acaso o dicionário e
trazemos palavras mais ou menos raras – umas que já nadam há muito debaixo de água, com
dificuldades, outras mais resistentes, mais visíveis, mas ainda estimulantes (e algumas bem
conhecidas dos nossos clássicos).
Passemos pela letra M. Ao acaso, e rapidamente.
Morato – adjetivo que significa bem organizado.
Maçaruco – regionalismo, indivíduo mal trajado.
Manajeiro – aquele que dirige o trabalho das ceifas dos outros.
Metuendo – que mete medo; terrível; medonho.
E tropeçamos depois em palavras de significado popular e óbvio, mas bem divertido:
Mata – Sãos – médico incompetente; curandeiro.
Eis, pois, a partir daqui, uma frase possível que quase poderíamos introduzir numa
conversa de café (uma frase em letra M):

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- O manajeiro metuendo, maçaruco, aproximou-se do morato espaçoso do mata-sãos e
disse: por favor, aqui não, vá curar mais além.
Gonçalo M. Tavares, Visão, 22 de setembro de 2011

1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) correspondem às ideias – chave do texto de


Gonçalo M Tavares. Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas
ideias aparecem no texto. Começa a sequência pela letra (E). (5 pontos)

(A) O vocabulário reduzir-se-ia bastante, caso os dicionários e os livros desaparecessem e


nos limitássemos à comunicação elementar.
(B) As palavras “manajeiro”, “metuendo”, “maçaruco”, “morato” e “mata-sãos” poderiam
integrar uma frase usada numa conversa de café.
(C) “Maçaruco”, “manajeiro”, “mata-sãos”, “metuendo” e “morato” são palavras que se
encontram na letra M do dicionário.
(D) O dicionário pode ser visto como um instrumento para evitar que as palavras caiam em
esquecimento.
(E) O dicionário pode ser entendido como uma antecâmara da morte: uma palavra ali
encerrada durante décadas corre o risco de desaparecer.
(F) A consulta de um dicionário, com espírito de nadador – salvador, permite recuperar
palavras mais ou menos raras, algumas usadas em obras clássicas.
(G) As palavras, quando não são utilizadas, assemelham-se às coisas levadas pela água de
um rio.

2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1 a 2.4), a única opção que permite obter
uma afirmação adequada ao sentido do texto.

Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. (12 pontos)

2.1. A palavra “ ou” indica que, em relação ao primeiro, o segundo parágrafo apresenta uma

a) confirmação

b) alternativa

c) explicação

d) consequência

2.2. Ao utilizar-se a expressão “por absurdo”, reforça-se uma

a) suposição irrealista

b) dúvida fundamentada

c) condição razoável

d) previsão aproximada.

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2.3. Com “a imagem do rio”, ilustra-se a ideia de que as palavras

a) resistem ao desgaste da passagem do tempo

b) são ditas com rapidez nas conversas quotidianas

c) passam dos dicionários para as conversas quotidianas

d) deixam de ser lembradas com a passagem do tempo.

2.4. A frase em que se utiliza inadequadamente uma das palavras cujo significado é dado
no texto é

a) “O meu avô materno foi manajeiro durante muitos anos.”

b) “Ele dirigiu-me palavras metuendas para me intimidar.”

c) “Eu maçaruco todos os livros antes de os comprar.”

d) “Aquele homem era conhecido como o mata-sãos da vila.”

3. Seleciona a única opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o
sentido do texto. Escreve o número e o item que identifica a opção escolhida. (3 pontos)

a) “que” refere-se a “Uma palavra”. (1º parágrafo)

b) “que” refere-se a “As palavras”. (4º parágrafo)

c) “que” refere-se a “aquele”. (4º parágrafo)

d) “que” refere-se a “palavras”. (4º parágrafo)

Parte B

Lê atentamente o excerto da peça Auto da Barca do Inferno.

Vem um frade com ua Moça pela mão, e um bro FRA. Para onde levais gente?
quel e ua espada na outra, e um DIA. Pera aquele fogo ardente

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casco debaixo do capelo; que nom temeste vivendo.
e, ele, mesmo fazendo a baixa, começou de dan FRA. Juro a Deus que não t’ entendo!
çar, dizendo: E est’ hábito no me val?
DIA. Gentil padre mundanal,
FRA. Tai-rai-rai-ra-rão, ta-ri-ri-rão, (…) a Berzabu vos encomendo!
DIA. Que é isso, padre? Que vai lá?
FRA. Deo gratias! Som cortesão. FRA. Ah, Corpo de Deos consagrado!
DIA. Sabes também o tordião? Pela fé de Jesu Cristo,
FRA. Porque não? Como ora sei! que eu nom posso entender isto!
DIA. Pois, entrai! Eu tangerei Eu hei-de ser condenado?
e faremos um serão. Um padre tão namorado
e tão dado à virtude?
Essa dama, é ela vossa? (…)
FRA. Por minha la tenho eu, Como? Por ser namorado
E sempre a tive de meu. e folgar com ua mulher
DIA. Fezeste bem, que é fermosa! se há um frade de perder,
E não vos punham lá grosa com tanto salmo rezado?
no vosso convento santo?
FRA. E eles fazem outro tanto!
DIA. Que cousa tão preciosa!
Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente
Entrai, padre reverendo!

4. Relê a didascália inicial. Indica os elementos cénicos que acompanham o Frade e


interpreta o seu valor simbólico. (5 pontos)
5. “Deo gratias! Som cortesão. “ Nesta fala, o Frade faz afirmações contraditórias. Explica
porquê. (6 pontos)
6. Indica os argumentos apresentados pelo Frade em sua defesa. (4 pontos)
7. “E eles fazem outro tanto! “
7.1. A partir deste verso, o que podemos deduzir quanto à intenção crítica do autor e à
classificação da personagem? (5 pontos)

Parte C
Lê o excerto a seguir transcrito.

Sap. Ou da barca!
Dia. Quem vem i?
Sap. Santo sapateiro honrado
Dia. Como vens tão carregado!
Sap. Mandaram-me vir assi… Como poderá isso ser,
Confessado e comungado?
E pera onde é a viagem? Dia. E tu morreste excomungado,
Dia. Pera o lago dos danados. E nom o quiseste dizer.
Sap. Os que morrem confessados, Esperavas de viver;
Onde têm sua passagem? Calaste dous mil enganos.
Dia. Nom cures de mais linguagem! Tu roubaste, bem trint’ anos,
Esta é tua barca, esta! O povo com teu mester.
Sap. Arrenegaria eu da festa
Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente
E da barca e da barcagem!

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8. Escreve um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no
qual apresentes linhas fundamentais de leitura do excerto da peça Auto da Barca do Inferno.
O teu texto deve de incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma
parte de conclusão.
Organiza a informação da forma que considerares mais pertinente, tratando os sete tópicos
apresentados a seguir. (10 pontos)
- Identificação do espaço onde as personagens se encontram.
- Referência ao destino da “viagem”.
- Explicitação da intenção do Diabo ao dirigir-se ao Sapateiro como “Santo Sapateiro
honrado”.
- Explicação do duplo sentido da palavra “carregado”.
- Referência à razão pela qual o Sapateiro considera que aquela não é a sua barca.
- Indicação dos argumentos usados pelo Diabo para condenar o Sapateiro.
- Explicação, com base no teu conhecimento da obra, da intenção de crítica social feita
através do Sapateiro.

Grupo II – Gramática (20 pontos)

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre
parênteses, no tempo e no modo indicados. Escreve a letra que identifica cada espaço,
seguida da forma verbal correta. (5 pontos)

Pretérito perfeito simples do indicativo


Os atores dessa peça _____a)____ (obter) grande reconhecimento do público pelo seu
trabalho.
Futuro simples do indicativo
A representação dessa peça _____b)____ (trazer) muito sucesso à companhia de teatro.

Pretérito Imperfeito do conjuntivo


Se essa companhia de teatro _____c)____ (vir) a Portugal, gostaria de assistir ao seu
espetáculo.
Condicional composto
Se nos tivesses dito, nós _____d)____ (oferecer) bilhetes para o espetáculo.
Futuro composto do indicativo
Eles _____e)____ (perder) o autocarro? Nunca mais chegam!

2. Associa a cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde,
de modo a identificares a função sintática desempenhada pelas expressões sublinhadas.
(7 pontos)

Coluna A Coluna B

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a) O novo dicionário agradou muito 1) Complemento agente da passiva
aos alunos 2) Predicado
b) O dicionário que comprei é 3) Vocativo
interessante. 4) Predicativo do sujeito
c) O aluno colocou o livro na 5) Sujeito
6) Complemento oblíquo
estante.
7) Complemento indireto
d) Desapareceram vários dicionários
8) Predicativo do complemento
antigos.
direto
e) Esta gramática já foi consultada
9) Complemento direto
por todos os professores. 10) Modificador da frase
f) Muitas pessoas consideram útil a
consulta de várias gramáticas.
g) Francamente, não acredito que
ele tinha lido o livro.

3. Seleciona, para responderes a cada item, a única opção que permite obter uma afirmação
correta. (3 pontos)

3.1. A frase em que a palavra “a” é uma preposição é

a) “Perdi uma gramática e só ontem a encontrei.”

b) “Consultei o dicionário e descobri a origem dessa palavra.”

c) “Tive uma dúvida de vocabulário e ainda não a esclareci.”

d) “Cheguei cedo a casa e fui estudar gramática.”

3.2. A frase em que a palavra “que” é um pronome é

a) “O Rui costuma anotar num caderno as palavras que desconhece.”

b) “ Empresta-me o teu dicionário, que o meu ficou na escola.”

c) “O Manuel tem tantos cadernos que ofereceu alguns aos amigos.”

d) “Pedi-te que me comprasses uma boa gramática.”

3.3. A frase que contém uma oração subordinada adverbial concessiva é

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a) Desde que haja bilhetes suficientes, podemos levar todos os alunos à estreia do
espectáculo.

b) Logo que haja bilhetes suficientes, podemos levar todos os alunos à estreia do
espectáculo.

c) Visto que o preço dos bilhetes é elevado, não posso assistir à estreia desse espectáculo.

d) Embora o preço dos bilhetes seja elevado, não posso perder a estreia desse espectáculo.

4. Classifica as orações sublinhadas nas frases seguintes: (5 pontos)


a) Os livros que estavam na Biblioteca Municipal foram restaurados.
b) O Luís estava ocupado com a leitura da peça, logo pedi uma ajuda à Rita.
c) Comprei este livro para ler no fim de semana.
d) O meu tio, que já não vejo há mais de dois anos, vem ao espetáculo comigo.
e) Quando os alunos chegarem ao teatro, contacta-me.

Grupo III – Expressão Escrita (30 pontos)

Descobrir mais palavras, quer palavras novas, quer palavras caídas em desuso, torna mais
poderosa a nossa capacidade de comunicar.

Escreve um texto de opinião, que pudesse ser publicado num jornal escolar, no qual
apresentes as vantagens em conhecer cada vez mais palavras, tentando convencer outros
jovens de que é importante usar um vocabulário diversificado.

O teu texto deve ter um mínimo de 180 palavras e um máximo de 240 palavras.

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