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Meditação – Sua Natureza, Finalidade e Prática

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


A,’,R,’,L.’.S.’. União e Solidariedade – 387
CCOO – Círculo Hermético Oswaldo Ortega

“A Ignorância é a mãe de todos os vícios, e seu princípio é nada saber; saber


mal o que sabe, e saber coisas outras além do que deve
saber”. 1

Vencida a primeira etapa de sua interminável


viagem em busca do Conhecimento, e alcançando o
segundo Gr.‟. de sua Iniciação, o maçom é introduzido
nas Noções de Filosofia Iniciática.2 Escudado na
assertiva acima, é estimulado e orientado à
compreensão sobre o Enigma da Vida e a Meditação da
Verdade.

Importante ressalva é feita, no entanto, destacando-se que muitos sistemas


filosóficos e religiosos propagados como doutrinas verdadeiras, podem apresentar
falhas em função de sua concepção humana. Por esta razão lhe é indicado o
exercício da “Meditação” para aproximar-se diretamente da fonte pura da Grande
Verdade.

Ven - Que representa o tesouro oculto nas CCol?”

“2º Vig - A Doutrina Iniciática, cujo conhecimento está reservado aos que não
param na superfície e sabem aprofundar-se nos estudos”. 2

“Em matéria de saber, a qualidade supera a


quantidade. Sabei pouco, mas esse pouco o sabei bem.
Aprendei, principalmente, a distinguir o real do aparente.
Não vos apegueis a palavras e expressões por mais belas
que pareçam; esforçai-vos, sempre, em discernir aquilo
que é inexplicável, intraduzível, a Idéia-Princípio, o
fundo, o Espírito, sempre mal e imperfeitamente
interpretado nas frases mais buriladas. É, unicamente,
por esse meio, que afastareis as trevas do mundo
profano e atingireis a clarividência dos Iniciados”. 2

”Devemos ensinar-lhe, primeiro, a olvidar tudo


aquilo que não é próprio e, em seguida, a concentrar-se,
descendo no âmago dos próprios pensamentos, a fim de
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aproximar-se da fonte pura da Verdade, instruindo-se, não só pelas sábias lições


dos M.‟.M.‟., como, principalmente, pelo exercício da Meditação”. 2

É, portanto, o objetivo do presente trabalho, estudar a proposta da


Meditação, seus conceitos, fundamentos e prática. Talvez suprir uma lacuna que,
de hábito, é buscada pelo autodidatismo dos iniciados maçônicos, na maioria das
vezes em diferentes escolas de pensamentos já existentes.

A base de nosso estudo é o livro “Do Intelecto à Intuição”3 de Alice A.


Bailey, e servirá como uma proposta complementar ao quarto trabalho de Hércules
“A Captura do Cervo Dourado”, desenvolvido no “Os Doze trabalhos de Hércules e a
Evolução da Alma – Visão Esotérica”.

“A corça simboliza a “Intuição”, processo final da transmutação do


“Instinto”, cujo estágio intermediário é o “Intelecto”. Estas três palavras –
Instinto, Intelecto e Intuição – resumem a autopercepção objetiva ou do aspecto
consciente do ser humano em evolução”. 4

A sublimação do Instinto é a Intuição. O Intelecto representa a conquista


cultural que se adquire em diferentes momentos da vida, e que, após a devida
seleção, deve nos encaminhar ao desenvolvimento interior.

A grande tarefa a que este trabalho de Hércules se refere, é a necessidade


de desenvolver a Intuição e familiarizar-se com aquele reconhecimento instantâneo
da Verdade e da Realidade, que é a alta prerrogativa e o potente fator na vida de
um liberto iniciado.

“O aspirante não obtém o sucesso até que tenha transmutado instinto em


intuição, nem há uso correto do intelecto enquanto a intuição não está presente
para interpretar e ampliar o intelecto e produzir a realização. Então, o instinto
está subordinado a ambos”. 5

Esta triplicidade é uma proposta interessante – Instinto, Intelecto e


Intuição – entendendo o Instinto um impulso abaixo do limiar da consciência, se
assim podemos nos expressar, com o Intelecto ocupando o primeiro lugar no
reconhecimento do Homem como ser humano, e a Intuição situada para além dos
dois.

* O termo ”Intuição” é usado habitualmente pelos esotéricos, e mais amiúde


pelos teosofistas, para representar a capacidade conquistada pelo Homem de se
comunicar diretamente com sua Alma e com a dimensão espiritual, após o correto
controle de sua Personalidade (representada pelo perfeito domínio de seus Corpos
Físico, Astral e Mental).

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Temos de entender a Meditação como processo de educação autodidata,


onde convocamos toda nossa força de vontade, baseando-se nos recursos pessoais,
para alcançar uma sintonia espiritual diferenciada. É um processo educativo
interior, transformado em uma disciplina mental imposta por si mesmo, que
objetiva três etapas: Concentração, Meditação e Contemplação.

“É uma técnica educacional que se torna, então, um sistema de controle


mental, conduzindo, finalmente, ao conhecimento interno de um novo estado de
Ser. Isto, com o tempo, produz uma capacidade de reagir prontamente a um mundo
intangível, invisível, e a uma série de cognições instintivas que tem o seu lugar em
um aparelho de resposta mais sutil. O tipo Alma impõe-se ao tipo Humano, como
este se impõe ao tipo Animal e, do mesmo modo que o tipo Humano é o produto do
treino das massas e do Instinto, tipo que foi prodigiosamente desenvolvido pelos
nossos sistemas modernos de educação, da mesma forma, o tipo Alma é o produto
de um novo método de treino mental, imposto ao indivíduo pela Alma e suscitado
pela urgência da busca e pelo ato de sua vontade. Essa Alma está sempre latente
na forma humana, mas é conduzida para uma atividade real através da prática da
Meditação”. 3 – item 40

Origem da Meditação

A Meditação é um processo educacional milenar desenvolvido pela cultura


oriental.

Diferente da cultura ocidental, no sistema oriental


admite-se que em toda forma humana habita uma
individualidade, que podemos denominar de “Ego” ou “Alma”.

Admite-se que o corpo físico seja seu veículo de


contato e atividades no plano material, sendo o instrumento de
expressão da somatória de seu estado mental e emocional.

Entendendo o Homem como um ser em evolução e,


admitindo-se a Lei de Renascimento ou Reencarnação onde o
“Ego” por repetidas vezes ocupa um Corpo Físico, a ”Alma”,
neste processo, constrói gradualmente um instrumento
apropriado às suas necessidades de manifestação, e aprende a
dominá-lo.

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Assim, o “Ego” ou “Alma” torna-se realmente criativo e autoconsciente no


mais alto sentido, ativo em seu meio ambiente, manifestando-se perfeitamente a
sua natureza verdadeira. Após inúmeras vidas, finalmente ganha à libertação
completa da matéria, da escravidão da natureza dos desejos e da dominação do
Intelecto.

Esta emancipação final, e conseqüente transferência do centro de


consciência do reino humano para o reino espiritual, são estimuladas e alimentadas
por uma educação especializada, denominada “Meditação”.

“Este é o fim da Meditação - conduzir os homens à Luz que está neles, e os


tornar capazes, nesta Luz, de ver a Luz”. 3 – item 50

Cuidados a se tomar com a “Meditação”

Como tudo que envolve contato com Plano Maior da Vida, a Meditação não é
isenta de perigos e dificuldades que podem acarretar problemas ao estudioso.
Todos os professores prudentes desta técnica insistem sobre a necessidade de se
proceder lenta e cuidadosamente.

“É essencial compreendermos que a Meditação pode ser muito perigosa e


colocar a pessoa em sérias dificuldades. Pode ser destrutiva ou provocar rupturas;
pode fazer mais mal do que bem, e levar uma pessoa à catástrofe se ela entrar no
Caminho do Conhecedor sem uma compreensão própria do que está a fazer e aonde
ela o levará. Ao mesmo tempo, pode ser, sem dúvida, „trabalho de salvação‟ e tirar o
homem de todas as suas dificuldades; pode ser construtiva e libertadora, e guiar
uma pessoa pelos métodos sãos e certos ao longo do caminho que conduz das trevas
à Luz, da morte à imortalidade, e do irreal ao Real”. 3 – Item 242

Na seqüência do estudo será proposta um caminho de desenvolvimento da


concentração, com a finalidade de introduzir o pesquisador – se ele possuir
persistência para tanto – à prática e os benefícios da “Meditação”.

É uma proposta técnica, como outras existentes, mas que já se mostrou


eficiente para inúmeros estudiosos, que ensinará um importante passo: a
concentração prolongada. E isto dentro da realidade do homem ocidental moderno.

São estágios que o interessado deve buscar progressivamente, sem pressa


ou ansiedade, galgando-os progressivamente, avançando à medida que se sinta
seguro e com perfeito domínio do momento que passa. Como em uma fórmula
química, onde cada elemento deve obedecer à dose e o momento certo de ser

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acrescentado, assim também na técnica da “Meditação” deve se proceder. Na


seqüência procurar-se-á justificar as razões.

Devemos nos lembrar que, alcançando a concentração ideal, com sua prática
constante e persistente, alcançaremos um automatismo e rapidez em ultrapassar
os limites materiais, com conseqüente contato com os planos da Vida Maior.

É imprescindível ao estudante a necessidade de possuir uma mente bem


treinada e provida, para a correta interpretação daquilo que verá. Existem
diferentes planos vibratórios a serem vencidos, vários deles apenas reflexos de
formas-pensamentos emitidas constante e milenarmente pelos homens, formando,
por assim dizer, uma “carapaça de vibrações” a serem ultrapassadas. A
permanência nestes planos pode acarretar desequilíbrios e enganos com apreciável
prejuízo ao iniciante.

“A lei fundamental que governa todo o trabalho de Meditação é a antiga,


formulada pelos videntes da Índia séculos atrás, que ensina que „a energia segue o
pensamento‟”. 3

“Torna-se evidente, portanto, que o homem que está aprendendo a meditar,


deve esforçar-se por fazer duas coisas:”

1. “Aprender a „trazer através de...‟ até a sua mente, e depois interpretar


corretamente o que viu e contatou e, mais tarde, transmiti-lo correta e
precisamente ao cérebro impressionável e atento. Assim, o homem no estado de
vigília física, torna-se consciente das coisas do Reino de Deus”.

2. “Deve aprender a natureza das energias que contata e treinar-se a


utilizá-las corretamente. Pode-se dar aqui uma ilustração prática e universalmente
reconhecida. Somos varridos pelo ódio ou irritação. Instintivamente começamos a
berrar. Por quê? Porque a natureza emocional tem-nos em suas garras. Aprendendo
a controlar a energia da palavra falada, começamos a dominar este tipo particular
de energia emocional”. 3

Segundo os relatos, é comum ao principiante vislumbrar


uma grande Luz, que pode ser interpretada como uma Grande
Alma de seu afeto estimulando-o a prosseguir; ou então, sentir
a presença de uma “grande força” informando-o “especial” e
com importante missão humanitária a cumprir. Ainda que a
possibilidade dos fatos acima seja verdadeira, com certeza na
sua quase totalidade são frutos de um Ego exaltado e
pretensioso, despreparado para empreender vôos mais altos.

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Estes fatos revelam que o verdadeiro Vitriol ainda não foi realizado, e cabe
ao estudante uma reforma íntima maior para que se faça merecedor de uma
abertura mais apropriada às finalidades a que se propõe.

É informação comum que as “companhias” espirituais que orbitam nossa


consciência são os “afins” aos nossos anseios e comportamento físico e mental. Se
nossos pensamentos, palavras e atitudes são o reflexo de aspirações elevadas e
nobres, é de se esperar que nossos assessores espirituais sejam de elevada estirpe
e preocupados com nosso desenvolvimento, auxiliando-nos em todas as empreitadas
que promovam nossa ascensão espiritual. Mas, o oposto também é verdadeiro.

Se alguma entidade aparecer ao estudante, enquanto medita, e informa-lhe


alguma obra grandiosa para cuja realização foi o escolhido, seja por ações ou
escrita; alguma mensagem mundial que deva dar e para a qual o mundo inteiro
precisa ouvir; ou então, que alguma grande invenção lhe será revelada para o
beneficio da humanidade, caso continue bom, ou mesmo qualquer outra visão menos
construtiva: CUIDADO.

Deve suspender imediatamente seu treino e rever seus princípios e conduta,


principalmente se sentir com tendências de aceitar tais insinuações. Pode-se abrir
espaço para o convívio de companheiros indesejáveis e de difícil afastamento.

*Isto também, simbolicamente, pode significar que os três trabalhos iniciais


de Hércules ainda não foram conquistados completamente pelo estudante e
candidato à Meditação:

1º. A “Captura das Éguas Antropófagas”: Todos os Maçons com


pretensões a um “Hércules” devem ficar profundamente atentos às suas “éguas
reprodutoras ou antropófagas”. Dedicar especial
atenção aos seus pensamentos, os promotores de
suas palavras e ações, cuidando para que o egoísmo, a
maldade, a pretensão, a calúnia ou a crítica
destrutiva não sejam os frutos de sua mente,
constantemente fertilizadas pelo egoísmo e pela
ilusão, aspectos inferiores da natureza humana. Os
pensamentos originados na Alma, no reino espiritual,
hão de ser, sempre, edificantes e fraternos.

2º. “A captura do Touro de Creta”: A difícil tarefa do correto uso das


forças sexuais é representada nesta segunda tarefa. Para Hércules, o Touro
representava o desejo animal.

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O uso correto da função sexual, permitindo a troca energética entre dois


seres que as amam, a continuidade da família humana e a provisão de corpos por
meio dos quais as Almas alcançam os veículos necessários para seu progresso,
permitirão eliminar a paixão, a luxúria, a auto-satisfação, a doença e inúmeros
problemas psíquicos de nosso planeta.

A matéria não será mais prostituída pelo desejo egoísta, e o relacionamento


entre os sexos será governado pela compreensão dos propósitos divinos e pela
habilidade em sua utilização. Por outro lado, de nada vale um controle sexual físico
com uma mente deturpada ativa, constantemente envolta em sonhos e imagens de
uma vida desregrada de sensualidade e volúpia.

Os textos esotéricos e espiritualistas em geral,


são claros em definir que o Homem pode ser puro, no
verdadeiro aspecto espiritual e, ao mesmo tempo,
casar e constituir família. São contrários, sim, às
práticas que levam às orgias sexuais, ou mesmo às
práticas egoísticas individuais que levam o Homem ao
orgasmo espúrio e irresponsável, fruto do domínio e
exigência do seu “eu inferior”, senhor da forma e da
ilusão.

3º. “Os pomos de ouro de Hespérides”: A grande lição resume-se no fato


de que os candidatos não podem se esquecer, que não basta mais ser um visionário
místico, mas há que somar à realização mística o conhecimento oculto da realidade.

O conhecimento adquirido que lhe permite compreender melhor a Criação,


um sincero desejo do Bem, o caráter refinado e uma pureza de intenções, sem o
serviço ao próximo, com o esquecimento de si próprio, de nada valem no progresso
espiritual do iniciado.

Corpo, Alma e Espírito; Inteligência, Amor e Vontade, visualizados e


contatados pelo aspirante desprendido por meio do SERVIÇO ao próximo, a
verdadeira FRATERNIDADE.

*As entidades capazes de auxiliar o Homem em desenvolvimento, que busca


um contato maior com a espiritualidade, sempre acompanham o aspirante que está
ocupado com o trabalho a ser feito em autodisciplina, fiel e consciencioso em seu
esforço, e procuram verificar no candidato se sua luz interna atingiu o ponto de
“brilhar mais”. Se encontrarem alguém que não está à procura de contato
fenomenal para si próprio, nem interessado em receber elogios e manifestações de
exaltação pessoais, mas verdadeiramente ansioso em melhor servir à Humanidade,

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sua irmã, aí então poderão revelar-lhe o trabalho que pode fazer em sua própria
esfera de influência para avançar o Plano Divino.

Mas deverá começar onde está, e iniciar em sua casa, emprego, nos
ambientes de seu convívio, e provar-se capaz nas coisas pequenas e corriqueiras,
até alcançar o merecimento de aberturas maiores.

Outro detalhe a se destacar, é que o primeiro plano que se contata é o


Psíquico, e este é o mundo da Ilusão. É um Plano que tem seus usos e nele penetrar
permite experiências valiosas e educativas, desde que se mantenham as regras do
amor e da humildade, com contatos feitos com a mente sem preconceitos e bom-
senso. Devem-se evitar manifestações pessoais e de orgulho, manifestações estas
que não têm lugar na vida da Alma.

*Diferentes dificuldades são relatadas com freqüência, habitualmente


definida em termos de “energia”.

Treinos em excessos, com períodos mais longos do que os indicados, são


causas freqüentes de hiper-estimulações energéticas de difícil controle, como
choros incoercíveis e inquietação. Os estudiosos podem apresentar períodos de
intensa atividade, perambulando de um lado para
outro, falando continuamente, escrevendo, lendo
excessivamente, de tal modo que podem chegar a
uma reação mais violenta de humor, às vezes até
colapso nervoso. Cefaléias ou enxaquecas são comuns
imediatamente após a Meditação, ou então
sensações desagradáveis nos chakras laríngeo ou
frontal. A insônia é outro fenômeno comum ao
excesso de estímulos.

Estas perturbações relativamente freqüentes nos iniciantes requerem


cuidados e cautela, pois, uma vez negligenciados, podem acarretar problemas
sérios. Por esta razão, existem regras que não devem ser preteridas.

Basta interromper a prática ou diminuir o tempo, ou espaçar os dias de


Meditação para estes fenômenos desapareçam. Com o tempo e domínio da técnica,
pode-se voltar a uma freqüência maior.

As cefaléias são mais comuns nos indivíduos do tipo “mental”, ou “centrado


na consciência”, que utilizam o Chakra Frontal (Ajna) ou Laríngeo (Vishuddi), devido
à estimulação das células nervosas.

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O choro é mais comum nos indivíduos do tipo


“emocional”, decorrente de sua predominância do Plexo
Solar, ou Chakra Gástrico (Manipura). Náuseas, ou até
mesmo vômitos podem ocorrer, além de momentos de medo
ou emoção intensa.

Outro sintoma próprio da estimulação conseqüente à


Meditação é o aumento da sensibilidade dos demais
sentidos, que levam ao estudioso à percepção das condições
físicas e psíquicas daqueles com quem vive ou trabalha,
inclusive com acesso aos pensamentos ou emoções de outras
pessoas.

Em algumas pessoas pode ocorrer uma estimulação


sexual acentuada, mais comum nas pessoas dominadas pelos
Chakras mais inferiores, com uma sensualidade promíscua,
ou com uma fixação mental no assunto ocupando a grande
parte de seus pensamentos. É algo importante a se trabalhar, antes de se dedicar à
Meditação. Do contrário, é melhor se abster da mesma.

Importante destacar que, em momento algum encontramos orientações


contrárias ao sexo nos textos esotéricos para a prática da Meditação. O que se
observa, sempre, são indicações contrárias ao sexo expúrio, irresponsável e
pervertido, à sensualidade animalesca, à volúpia e condutas que nos levam abaixo
dos animais; a uma relação baseada na atração material e na gratificação da
natureza sexual que tenha por objetivo primário a prostituição da natureza física,
ao desejo animal.

Tampouco exigem o celibato, entendendo que o aspirante à espiritualidade


deve se adequar às leis espirituais, como também aos costumes legais de sua era e
época. “Será que o verdadeiro celibato não se refere a abstermo-nos de todas as
aparências do mal?” 3 – Item 258

Em resumo, deve o estudante procurar modificar seus objetivos de


“expansão” espiritual. “Meditar num centro baseia-se na lei que „a energia segue o
pensamento‟ e conduz a uma estimulação direta das características particulares
pelas quais estes pontos focais – espalhados através do corpo humano – são
responsáveis. Como a maioria das pessoas funciona, principalmente, através das
energias coletadas que se encontram abaixo do diafragma (as energias sexuais e
emocionais) a sua estimulação é perigosa. À vista disto, por que arriscar? Por que
não nos previrmos pela experiência dos outros? Por que não aprender a funcionar
como homem espiritual, do ponto tantas vezes descrito pelos escritores orientais,
como o „trono entre as sobrancelhas‟ e, deste lugar, controlar todos os aspectos
da natureza inferior e guiar a vida diária nos caminhos de Deus? 3-item 262

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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A Prática da Meditação

O objetivo principal do presente estudo é definir uma técnica de Meditação


que se adéqüe às realidades do Homem Ocidental, com sua vida comum dividida
entre as obrigações familiares, profissionais e sociais.

Indiscutivelmente, coube aos antigos Mestres Orientais o desenvolvimento


da “Meditação”, conquistada na reclusão e renúncia aos hábitos comuns dos homens
de sua época; aos antigos Orientadores da Humanidade, que por sua dedicação e
altruísmo humanitário, abriram as portas da espiritualidade, assim como os meios
para ela alcançarmos, à custa de seu próprio esforço e sacrifício.

No entanto, deve o Iniciado Maçom, para alcançar o contato com sua Alma e
conseqüente Iluminação, renunciar à família e às diferentes responsabilidades que
possui, e desaparecer do mundo que conhece para meditar? Será este caminho,
factível com a realidade e hábitos do Homem Ocidental da era moderna?
Seguramente não...

Mas, como fazê-lo, então?

Neste sentido, temos que prestar um tributo a Alice A. Bailey que, por sua
visão e maturidade espiritual, conseguiu harmonizar as realidades do Oriente e
Ocidente, e propor um caminho para a iluminação interior, harmônico e efetivo,
através da “Meditação”, para aqueles que “buscam” dentro de nossa realidade
atual.

“Malgrado a tensão e a agitação moderna, na selva de nossas grandes


cidades, no clamor e na azáfama da existência cotidiana e dos contatos humanos,
por toda a parte os homens e mulheres podem e por certo descobrem o centro de
paz em seu próprio íntimo e consegue, realmente, penetrar naquele estado de
concentração positiva e silenciosa que lhes permite alcançar o mesmo objetivo,
obter o mesmo conhecimento, e entrar na mesma Luz como outrora testemunharam
grandes Seres da Humanidade”. 3 - item 210

I. Os primeiros passos, e proposta de todos os grandes Orientadores, são a


persistência e a perseverança, particularmente nos estágios iniciais.

A todos é possível o exercício desta técnica de auto-elevação, dede que se


revista, realmente, do desejo de empreendê-lo.

“Todos podemos começar imediatamente a concentrar-nos, se de imediato


nos decidir a isso”. (...)

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(...) “Um dos primeiros efeitos do trabalho da Meditação é o aumento da


eficiência na vida diária, seja em casa, no escritório ou em qualquer outro domínio
da atividade humana. A aplicação mental nas coisas da vida é, em si, um exercício
de concentração que conduz a notáveis resultados. Quer um homem alcance, ou não,
a iluminação final pela prática da concentração e da Meditação, ele terá, pelo
menos, aprendido muito e enriquecido grandemente a sua vida, e a sua utilidade e
poder serão enormemente acrescidos e a sua esfera de influência expandida”.

“Do ponto de vista mundano é útil, portanto, aprender a meditar”. 3 – item 200

Há que se lembrar uma vez mais, no entanto, que os degraus iniciais são
penosos, porque exigem modificar velhos hábitos e ritmos de muitos anos. Erguer
templos às virtudes e cavar masmorras aos vícios. Sempre o Vitriol.

A velha ciência da Meditação, também conhecida como “A Estrada Real para


a União”, deverá ser compreendida como também como a “Ciência da Coordenação”,
pois, o controle dos desejos físicos, emocionais e mentais, desta trindade emergirá
um quarto fator: a Alma.

II. A etapa seguinte é a concentração.

“A organização da vida mental, sempre e em qualquer lugar, a prática


regular da concentração a cada dia, se possível à mesma hora, contribui para a
atitude unidirecionada, e estes dois elementos reunidos significam o sucesso”. 3 –
item 207

É fundamental organizarmos nossos pensamentos. Impondo nossa vontade,


os guiaremos com firmeza a todo instante, segundo certas linhas escolhidas,
sujeitando-nos a pensar o que escolhemos para pensar, refutando firmemente a
entrada de outros pensamentos que determinamos excluir.

Recusar terminantemente que nossas mentes divaguem segundo sua


vontade, evitando sentimentos ou emoções não pertinentes, ou mesmo pensamentos
provenientes de problemas do mundo exterior.

É importante lembrar que o momento é específico de nossa “interiorização”,


da busca de nossa Alma, e nada, absolutamente nada, deve se interpor a isto.

A capacidade de concentração desenvolvida na Meditação, com certeza


deverá ser útil em outros departamentos de nossa vida quotidiana, porém, na busca
do elemento quaternário do Homem, nos minutos dedicado a ela, este deve ser seu
único objetivo.

“A verdadeira concentração decorre de uma vida governada pelo


pensamento e, para o aspirante, o primeiro passo consiste em organizar a sua vida
cotidiana, em regular as suas atividades e em tornar-se localizada e unidirecionado

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na sua maneira de viver. Isto é possível para todos os que se ocuparem o suficiente
para fazer o esforço necessário e mantê-lo com perseverança”. 3 – Item 207

É preciso compreender que, ao se buscar a elevação interior e espiritual que


a Meditação nos faculta, há que se promover, obrigatoriamente, uma natural
mudança nos hábitos de viver e se relacionar com o mundo e época em que vivemos.

O contato com o Plano Maior da Vida, com a realidade


da Espiritualidade Superior, o desejo de construir a ponte
que nos permitirá o constante e livre acesso a este
aprendizado, nos obrigará, naturalmente, a nos adequarmos a
uma conduta e forma de viver compatível, vibratoriamente
falando, com as exigências desta realidade. É a alquimia da
Transmutação.

“Os seus deveres para com a família, os amigos e os


negócios ou o trabalho, serão mais perfeita e eficientemente
cumpridos, e ele encontrará tempo para os deveres
acrescidos que a sua aspiração espiritual lhe confere, porque
começa a eliminar as coisas não essenciais da sua vida”. 3 – Item 207

III. Não há necessidade obrigatória de se buscar um retiro para a


prática da Meditação.

Ainda que se entenda que o ideal para a prática da Meditação seja um lugar
tranqüilo, diante da natureza, afastado das atribulações da vida, diante do homem
moderno isto nem sempre é possível. Tampouco obrigatório.

Como veremos mais adiante, os primeiros passos do aprendizado podem ser


alcançados dentro de nossa realidade e exigirá pequeno isolamento, porém, depois
de dominado a técnica, esta poderá ser utilizada em qualquer outro ambiente que
nos propicie os minutos necessários para a introspecção.

“O lugar retirado, para o qual um homem se recolhe, ele descobre estar


dentro dele próprio; o lugar silencioso onde tomamos contato com a vida da Alma é
aquele ponto interior onde a Alma e o Corpo se encontra; trata-se daquela mesma
região a que anteriormente nos referimos, onde a Luz da Alma e a Vida do Corpo se
misturam e se fundem. O que Homem pode treinar-se para ficar suficientemente
unidirecionado pode, a qualquer momento e em qualquer lugar, retirar o seu
pensamento para um centro onde é no interior da cabeça conduzindo o grande
trabalho de unificação”. 3 – Item 210

Isto significa que os cinco sentidos do Homem – audição, visão, paladar e


olfato – estão dominados pelo sexto – a Mente. Isto é perfeitamente factível após

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algum tempo de treino. Quando isto ocorre, a Mente é chamada de “Fator de


Coordenação”.

“A personalidade altamente
desenvolvida intelectualmente, em que o
foco de atenção está na região do corpo
pituitário, começa a vibrar em uníssono
com o centro superior, na vizinhança da
glândula pineal. Então se estabelece um
campo magnético entre o aspecto
positivo da Alma e a Personalidade
expectante, tornada receptiva pelo processo de focalização da atenção. Então, é-
nos dito, irrompe a Luz, e encontramo-nos em presença de um Homem iluminado, e
do aparecimento da Luz na cabeça”. 3 – Item 215

Tudo isto resulta de uma vida disciplinada e da concentração da consciência


na cabeça. Isto, por seu turno, é realizado à custa do esforço da concentração na
vida cotidiana, e também através de exercícios de concentração definidos. Estes
são seguidos pelo esforço da Meditação e, mais tarde – bem mais tarde – faze-se
sentir o poder da Contemplação.

Temos que, inicialmente, obter o tempo para o trabalho de Meditação.


Sugere-se o período da manhã, bem cedo, ainda que não obrigatoriamente. É o
melhor período porque a rotina da vida de cada mantém nossa mente em um estado
violento de vibrações, o que não é o caso quando levantamos pela manhã. Mas
também pode se eleger outro período, desde que após algum tempo de repouso, a
fim de serenarmos nossos pensamentos.

Em seguida, devemos buscar um lugar realmente tranqüilo (isto para quem


não domina a técnica ainda), ao abrigo de qualquer chamado. Isto não significa um
lugar “livre de qualquer ruído”, impossível em um mundo de “sons” como o nosso,
mas livre da aproximação de pessoas ou do chamado de outrem. “É a atitude de
guardar silêncio”.

O período matutino, onde familiares e amigos ainda repousam, permite a


prática com discrição e privacidade, evitando-se reações hostis, sempre comuns
para aquele que anuncia seus objetivos meditatórios. Sugere-se que tal prática
ocorra com bastante descrição e que seja de conhecimento de reduzido número de
pessoas.

Com a prática e domínio da técnica, poderá, então, ser a Meditação


realizada em diferentes locais, no trabalho, em uma viagem, ou em qualquer
ambiente que leve o estudioso a afastar-se de seu domicílio habitual, sem qualquer
dificuldade. Basta alcançar o isolamento mental.

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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Meditação – Sua Natureza, Finalidade e Prática

IV. Tempo de Meditação – são indicados 15 (quinze) minutos a cada dia,


durante 01 (um) ano pelo menos. Há uma forte informação de não se exceder este
tempo durante o primeiro ano. Várias das razões já foram relatadas
anteriormente.

“Se, no decurso de mil quatrocentos e quarenta minutos que compõem um


dia, alguém clamar que é incapaz de encontrar quinze minutos, não se pode dizer
com certeza que não está interessado?” 3 - Item 216

Podemos encontrar quinze minutos se assim o desejarmos. Por que não


levantarmos quinze minutos mais cedo? Ou adiarmos a leitura do jornal por alguns
minutos, de um jogo de futebol ou novela televisionada, ou mesmo para falarmos da
vida alheia?

“O pretexto „não tenho tempo‟ é absolutamente fútil; indica simplesmente


falta de interesse”. 3 – Ibidem

Após o período sugerido, havendo progressos e aberturas, seguramente


caberá à espiritualidade a indicação de um tempo maior, caso seja necessário e útil.

V. Posição para a Meditação – Estamos acostumados à idéia de que, para


meditarmos, devemos assumir a posição Ioga do Lótus, conforme os ensinos antigos
dos textos orientais. Mero engano...

É suficiente a posição que nos permita esquecer


mais facilmente que temos um corpo físico. Para o
ocidental, é sentada a posição mais adequada.

As exigências que se faz, é a de estar ereto,


com a coluna dorsal formando uma linha reta; sentar
relaxado, sem nos afundarmos, para evitar tensão em
qualquer posterior do pescoço. As mãos devem estar
enlaçadas sobre o colo e os pés cruzados, para
fecharmos o circuito vibratório.

“A Meditação é um ato interior que só pode ser


realizado com sucesso se o corpo estiver relaxado, em
correto equilíbrio e, portanto, esquecido”. 3 - Item 219

VI. Respiração – basta estar calma, regular e rítmica... É o suficiente e


necessário para a técnica aqui proposta.

Em várias oportunidades, diferentes autores sugerem grande cautela no uso


de algumas técnicas de respiração, devido ao prejuízo que podem acarretar ao
praticante.

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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Meditação – Sua Natureza, Finalidade e Prática

“Gostaria de fazer aqui uma advertência no que diz respeito à prática de


exercícios respiratórios, exceto por aqueles que durante anos se entregaram a uma
meditação correta e purificaram a sua natureza corporal. Estes exercícios são
muito perigosos quando faltam a experiência e a pureza”. (...)

(...) “Ela nada tem a ver com o desenvolvimento espiritual. Tem isso sim,
muito a ver com o desenvolvimento psíquico, e a sua prática pode conduzir a
grandes dificuldades e perigos. Por exemplo,
é possível tornar-se clariaudiente ou
clarividente pela prática de certos
exercícios respiratórios, mas quando não
houver compreensão verdadeira do processo
ou correto controle pela mente da versátil
„natureza psíquica‟, o praticante consegue
apenas forçar a entrada em novos campos de
fenômenos. Desenvolveu faculdades que é
totalmente incapaz de controlar e, muitas
vezes, é-lhe impossível por fim às visões e sons que aprendeu a registrar; é assim,
incapaz de escapar aos contatos, quer do mundo físico, quer do psíquico, é
arrastado para as duas direções e não encontra paz”. 3 – Item 221

A prática de exercícios respiratórios exige uma condição de elevação moral,


pureza interior e física, ainda distante do homem comum ocidental, salvo exceções
que a própria espiritualidade se incumbirá de orientar.

Por estas e outras razões, cuidaremos simplesmente para que nossa


respiração seja calma e regular, e desviaremos, então, o nosso pensamento de todo
o conjunto do corpo, para começarmos o trabalho de Concentração já descrita
acima.

VII. Imaginação é o passo seguinte. “Temos de imaginar o Homem triplo


inferior alinhado ou em comunicação com sua própria Alma”. Esse passo é
também chamado de Trabalho de Visualização. A visualização, a imaginação e a
vontade, são três poderosos fatores em todos os processos criativos.

Para os iniciantes, a visualização é, principalmente, uma questão de fé


experimental. O tempo se encarregara de modificar, adequar e premiar o
pesquisador persistente e regular quanto a este conceito.

Plasmando uma poderosa forma-pensamento de nossos objetivos, ele irá


pouco a pouco se revestindo das substâncias do Plano Divino a ser contato, e nos
auxiliará a ultrapassá-los e abrir os portais da espiritualidade.

Será ela, esta forma-pensamento, que nos auxiliará a alinhar o corpo dos
desejos e a natureza emocional com nossa Alma.

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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Meditação – Sua Natureza, Finalidade e Prática

“É precisamente aqui que nos confrontamos com o nosso problema. A mente


se recusa moldar-se aos pensamentos que escolhemos para pensar, e vagabundeia
pelo mundo, na sua habitual busca de substância. Pensamos no que hoje vamos fazer
e não o nosso „pensamento-semente‟; recordamo-nos de alguém que temos de
conseguir ver, ou de qualquer linha de ação que nos chama a atenção; começamos a
pensar em um ser a quem amamos e voltamos a mergulhar, de imediato, no mundo
das emoções, sendo necessário recomeçar todo o trabalho. Assim, tornamos a
reunir os nossos pensamentos e recomeçamos de novo com muito êxito durante
meio minuto, mas, depois, lembramo-nos de
um encontro combinado ou de outro negócio
que alguém está fazendo para nós, e eis que
estamos de volta ao mundo das reações
mentais, esquecendo a nossa linha de
pensamento escolhida. Mais uma vez
reagrupamos nossas idéias dispersas e
recomeçamos a faina de subjugar a nossa
caprichosa mente”. 3 – Item 226

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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Técnica de Meditação – Para o Desenvolvimento da Concentração


(Transcrição Literal – Técnica Alice A. Bailey)

Estágios:

1. Obtenção de conforto e controle físico;

2. Estabelecimento de uma respiração regular e rítmica;

3. Visualização de “eu inferior triplo” (físico, astral e menta) como estando:

A. Em contato com a Alma;


B. Como um canal de energia da Alma, que vai direto ao Cérebro por
intermédio da Mente. A partir daqui pode ser controlado o mecanismo
físico.
4. Estabelecimento de um ato definido de concentração, apelando para a vontade.
Isto envolve esforço para conservar a mente imóvel sobre certos tipos de
palavras, de maneira que seu significado fique claro em nossa consciência, e não
as palavras em si, ou o fato de que estamos tentando meditar;

5. Dizer, em seguida, com a atenção firme:

“Mais radioso que o sol, mais puro que a neve, mais sutil que o éter, é o
Eu, o Espírito que dentro de mim está. Eu sou o Eu. Esse Eu, Eu sou”.

6. Concentrar-se depois nas palavras: “O Deus, Tu me Vês”. A mente não deve


vacilar ao concentrar-se no seu significado, intenção e aplicação.

7. Então, com determinação, concluir o trabalho de concentração e dizer – outra


vez com a mente focada nas idéias subjacentes - a seguinte afirmação
conclusiva:

“Existe uma paz que ultrapassa toda a compreensão; ela habita nos
corações daqueles que vivem no Eterno. Existe um poder que renova todas
as coisas; ele vive e move-se naqueles que conhecem o Eu como uno”.

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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Meditação – Sua Natureza, Finalidade e Prática

Recomendações da Autora:

* Esta é, em definitivo, uma Meditação de principiantes. (...) Só uma forma


de Meditação geral e sem perigo pode ser comunicada. Em todos os casos,
entretanto, a primeira coisa a reter é que a mente deve estar ativamente ocupada
com idéias, e não com o esforço para ficar concentrada.

* No sexto estágio, onde é realizado um esforço para meditar


definitivamente sobre um conjunto de palavras que velam uma verdade (Mantra),
nada de automático deve haver no processo. (...) O transe, ou condição
automática, é perigoso (o grifo é nosso). A maneira segura é a de uma atividade
mental intensa, confinada nos limites das idéias, aberta por qualquer particular
“pensamento-semente” ou objeto de meditação. Esta atividade exclui todos os
pensamentos estranhos, à exceção dos nascidos nas palavras consideradas.

* É evidente que cada pessoa seguirá a tendência de sua própria mente –


artística, científica ou filosófica – que constituirá para ela a linha de menor
resistência. Cada um formulará os seus próprios conceitos à sua própria maneira.
Mas, a atitude “ficai em silêncio” não é uma atitude para nós. Inibimos outras
atividades mentais por um interesse profundo, não por um atordoamento mental de
nós próprios no silêncio, ou pela adoção de um método que induz ao transe ou à
total supressão do pensamento. Nós estamos decididamente pensando (os grifos
são nossos).

* Todo aquele que tenha ensinado a meditação, sabe quanto é difícil induzir
o místico a deixar sua atitude passiva (que resulta de um esforço para tornar a
natureza emocional unidirecionada), e forçá-lo a começar a empregar a mente.

* Concluindo esta tentativa de indicar o trabalho inicial que o aspirante a


esse caminho deve empreender, é bom notar que a chave do sucesso reside na
prática constante e ininterrupta. (...) Os esforços esporádicos não conduzem o
aspirante a parte alguma; com efeito, são definitivamente prejudiciais, visto que
engendram um sentimento de fracasso constante. (...) Alguns minutos de
concentração e de meditação feitos com regularidade, levarão o aspirante muito
mais longe do que várias horas de trabalho realizados três ou quatro vezes por
mês.

* Para obter sucesso, é preciso um desejo sincero e persistente, uma visão


precisa do valor dos resultados, uma compreensão de que o objetivo pode ser
alcançado e um conhecimento exato da técnica do método. Isto, juntamente com
uma pressão incessante da vontade, é tudo de que se necessita (...) e isto é
possível para qualquer maçom que assim o deseje (grifo e palavras nossas).

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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*Palavras Finais*

Para a ideal formação da cultura e do pensamento maçônico, é o estudo indispensável,


uma determinação constante nas Instruções de AApr, CComp e MM. E por quê?

Há que se lembrar que as instruções dos Rituais, ainda que


importantes e profundas, não são suficientes, por si só, para
oferecer aos OObrtodos os elementos necessários para o seu
desenvolvimento cultural e iniciático. Elas representam os pontos
principais que devem orientar suas pesquisas, o que lhe permitirá, de
uma forma mais ampla, desenvolver os temas de seu interesse na
farta literatura existente.

É no grau de Comp que o maçom começa a conhecer e


desenvolver o lado espiritual, o lado oculto ou esotérico da Maçonaria. Destacamos dois
tópicos da 3º e 4º instrução deste grau que, no nosso entender, definem o caminho do
desenvolvimento transcendental. Há um lado oculto na maçonaria, assim como também em
todo ato da vida cotidiana. Se o conhecemos, podemos cumprir de uma forma mais perfeita e
útil esses atos diários, como um reflexo de nosso aprendizado maçônico.

Ensinam-nos os tratados esotéricos, que um livro cuidadosamente escrito, com o


objetivo de ensinar algo, traz em seus parágrafos a exposição clara de uma idéia definida.
Esta idéia irá se expressar como uma “forma-pensamento”, cujos contornos ou dimensões
variam com o assunto. Seja ela simples ou complexa, pequena ou grande, deve ser nítida e
precisa quanto ao seu objetivo. Em geral é rodeada de várias outras formas subsidiárias, que
são as expressões ou deduções necessárias daquilo que se expõe. Esta forma-pensamento que
representa o autor deve construir-se na mente do leitor, dependendo, aqui, da forma pelo
qual ele se dedica ao estudo.

Perfeitamente visível a um clarividente, em um bom estudante, a imagem da idéia


central reproduzir-se-á com muita exatidão, e as imagens subsidiárias lhe surgirão à medida
que sobre ela medite.

Ela pode se apresentar, no entanto, deformada, incompleta, ou em uma forma amorfa,


dependendo da capacidade e/ou atenção do leitor. Por essa razão, também, ela não se fixa
completa e corretamente na memória do estudante.

É o que solicitamos aos IIr.‟. leitores deste trabalho: leitura atenta e reflexiva.

Para tanto, sugerimos em seu estudo, esvaziar a mente de todos os pensamentos que
não pertençam ao momento, não permitindo que eles retornem até completá-lo; libertar a

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mente de todas as preocupações ou afazeres outros, concentrando-se apenas no assunto em


pauta; ler cada parágrafo lenta e atentamente, fazendo uma pausa para ver se a imagem está
clara em sua mente; prosseguir na leitura com o mesmo cuidado, vendo se as linhas adicionais
se uniram à sua imagem mental; repetir a leitura até sentir que dominou completamente o
assunto, e que nenhuma idéia nova foi sugerida.

A princípio, é de se esperar dificuldades e um grande número de outros pensamentos


insistirão em estar presente, porém, com persistência e dedicação o hábito será conquistado
com facilidade. Desta maneira, a forma-pensamento original do autor se formará firme e
segura, permitindo ao estudante a absorção dos ensinamentos e o aprendizado que busca.

O verdadeiro iniciado sabe que seu estudo deve ser regular e metódico, sendo este um
de seus mais importantes deveres. Assim como se exercita o corpo, o iniciado tem de fazer
exercícios para o desenvolvimento dos seus veículos astral e mental.

É a Meditação, sem dúvidas, o exercício da Alma. Inúmeras são as escolas a propor


diferentes métodos para tanto, cabendo a cada um buscar aquela que melhor fala ao seu
Espírito. Trouxemos aqui a forma mais simples e eficiente que tivemos contato. Se sentir seu
coração tocado pela mesma, que faça bom uso. Ela dispensa a presença de um Mestre ou Guru
que possa nos iniciar nos segredos da espiritualidade, ainda que eles existam.

Como este estudo é um resumo, recomenda-se a leitura do livro que o inspirou - “Do
Intelecto à Intuição” – Alice A. Bailey – Fundação Cultural Avatar (fcavatar@nitnet.com.br),
onde se encontrará uma rica explanação e fundamentação sobre todos os tópicos aqui
abordados.

Temos a convicção de que, com o tempo, e alcançado o merecimento para tal, a


espiritualidade acolherá os esforços do candidato, permitindo-lhe as aberturas necessárias
para sua evolução e contatos com a espiritualidade, incumbindo-se de conduzi-lo ao que lhe é
necessário e específico ao seu aprendizado.

Simples em sua execução é este hábito fundamental para o desenvolvimento dos


sentidos transcendentais. Habituar-se a pensar em temas que, no final de algum tempo,
estejam sempre presentes no fundo de sua mente, como segundo plano de sua vida diária,
algo a que seu espírito retorne com prazer, quando estiver livre das questões imediatas do
dia-a-dia.

Não o escrevemos para o místico ou religioso, mas, sim, para todo Ir.‟. desejoso de
encontrar as respostas que seu “Ego” solicita, livre de rótulos ou sistemas doutrinários. Está
em si própria a chave da conquista, em seu interesse e busca.

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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A regularidade é fundamental, pois representa uma espécie de “ginástica“ astral e


mental, que permitirá manter a corrente da Vida Divina e o desenvolvimento destes corpos.

É por esse caminho que o iniciado será conduzido a um desenvolvimento superior e a


um conhecimento mais amplo e, conseqüentemente, à abertura dos portais da sensibilidade
que lhe permitirá chegar aos planos mais elevados deste mundo.

Ainda que a princípio, na sua meditação diária, não perceba o estudioso senão pequeno
progresso, sugerindo que seus esforços são insatisfatórios e improfícuos, isto não
representa a verdade. A conquista é lenta, porém progressiva, uma vez que, para organizar-
se e responder às vibrações superiores faz-se necessário tempo e constância. Nada no mundo
espiritual acorre fora de um ritmo natural, e a sensibilidade é uma conquista. A disciplina e a
constância devem ser seus instrumentos, a dedicação e a paciência suas companheiras.

Quando o Plano Maior é compreendido, quando a mente e as emoções corretamente


coordenadas o alcançam, toda a natureza do Homem fica a ele integrada de tal modo que não
é mais possível dele se afastar, salvo se predominarem a presunção e a vaidade.

Nesse momento, inverte-se a situação do estudante: a vida espiritual passa a ser a


forma-pensamento dominante, ficando as demais da vida comum, como formas secundárias a
ocupar sua razão. Isto em nada prejudicará sua vida material, pois os hábitos nocivos ou
pensamentos comuns não lhe terão mais acesso, e seu comportamento será sempre exemplar
em todos os segmentos de sua condição humana. Tornar-se-á um verdadeiro Maçom.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos abençoe, e nos conduza à Luz.

Bibliografia:

1. Ritual do Simbolismo Aprendiz Maçom – REAA – Quinta instrução.

2. Ritual do Simbolismo Companheiro Maçom – REAA – Terceira Instrução.

3. Ritual do Simbolismo Companheiro Maçom – REAA - Quarta Instrução.

4. Do Intelecto à Intuição – Alice A. Bailey

5. Os Doze Trabalhos de Hércules – Alice A. Bailey.

M.’.M.’. Alfredo Roberto Netto


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