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APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................................6
1 TUTELA PENAL DO AMBIENTE ...................................................................................................................................6
1.1 Competências dos entes federativos ................................................................................................................. 6
1.2 Competência privativa da União ........................................................................................................................6
1.3 Competência comum..........................................................................................................................................6
1.4 Competência concorrente ..................................................................................................................................7
1.5 Competência Supletiva .......................................................................................................................................7
1.6 Competência municipal ......................................................................................................................................7
1.7 A lei Complementar 140 de 08/12/2011 ............................................................................................................7
2. CONCEITO E PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................11
2.1 Conceitos Pertinentes.......................................................................................................................................11
2.2 Princípios Basilares ...........................................................................................................................................11
2.2.1 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana: .........11
2.2.2 Princípio da natureza pública da proteção ambiental:..................................................................................12
2.2.3 Princípio da participação comunitária: ..........................................................................................................12
2.2.4 Princípio do poluidor-pagador:......................................................................................................................12
2.2.5 Princípio da prevenção: .................................................................................................................................12
2.2.6 Princípio da função socioambiental da propriedade:....................................................................................12
3. TUTELA PENAL AMBIENTAL ....................................................................................................................................12
3.1 A responsabilidade ambiental: .........................................................................................................................12
3.2 Ação penal: .......................................................................................................................................................13
3.3 Competência nos crimes ambientais: jurisdição, inquérito policial e Termo Circunstanciado de Ocorrência –
TCO: ........................................................................................................................................................................13
3.4 Provas ...............................................................................................................................................................13
3.5 Apreensão e depósito do produto do crime e instrumentos utilizados na sua prática ...................................13
4. NORMA PENAL AMBIENTAL ...................................................................................................................................14
4.1 Bem jurídico protegido .....................................................................................................................................14
4.2 Sujeito ativo e passivo ......................................................................................................................................14
4.3 Norma Penal em Branco ...................................................................................................................................15
4.4 Elemento normativo do tipo ............................................................................................................................15
4.5 Crimes de dano e de perigo ..............................................................................................................................16
4.6 Elemento subjetivo ...........................................................................................................................................16
4.7 Concurso de pessoas ........................................................................................................................................16
4.8 Excludentes de antijuridicidade e de culpabilidade .........................................................................................16
5. O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO EXTRAORDINÁRIA .........................................17
5.1 Constituição Federal .........................................................................................................................................17
5.2 Principais legislações extravagantes.................................................................................................................18
6. CRIMES AMBIENTAIS E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS .........................................................................................21
6.1 Crimes Contra a Fauna......................................................................................................................................21
6.2 Crimes Contra a Flora ...................................................................................................................................22
6.3 Poluição e Outros Crimes Ambientais ..............................................................................................................23
6.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural .....................................................................23
6.5 Crimes Contra a Administração Ambiental ......................................................................................................23
6.6 Crimes e Outras Infrações Penais Ambientais ..................................................................................................24
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................25
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Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Praças
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FUNDAMENTOS DE DIREITO AMBIENTAL
DISCIPLINA
Fundamentos de Direito Ambiental
CONTEUDISTA(S)
Marcus Vinícius Costa Saraiva Ten Cel QOPM
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva –SGT PM
• 2017•
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1.1 Competências dos entes federativos O Art. 23 concede à União, Estados, Municípios e
o Distrito Federal competência comum, pela qual os
A Constituição, além de consagrar a preservação entes integrantes da federação atuam em cooperação
do meio ambiente, anteriormente protegido somente administrativa recíproca, visando alcançar os objetivos
no nível infraconstitucional, procurou definir as descritos pela própria Constituição. Neste caso,
competências dos entes da federação, inovando na prevalecem as regras gerais estabelecidas pela União,
técnica legislativa, por incorporar ao seu texto salvo quando houver lacunas, as quais poderão ser
diferentes artigos disciplinando a competência para supridas, por exemplo, pelos Estados, no uso de sua
legislar e para administrar. Essa iniciativa teve como competência supletiva ou suplementar.
objetivo promover a descentralização da proteção Art. 23. É competência comum da União, dos
ambiental. Assim, União, Estados, Municípios e Distrito Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Federal possuem ampla competência para legislarem
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III - proteger os documentos, obras e outros normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
bens de valor histórico, artístico e cultural, os que lhe for contrário.
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueo lógicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a 1.5 Competência Supletiva
descaracterização de obras de arte e de outros bens de
valor histórico, artístico e cultural; Na ausência da União, o Estado abraçará a
VI - proteger o meio ambiente e combater a execução do ato a ser efetivado, como o licenciamento
poluição em qualquer de suas formas; ou a fiscalização, da mesma forma, caberá ao
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Município fazê-lo quando da ausência do Estado.
VIII - fomentar a produção agropecuária e
organizar o abastecimento alimentar; 1.6 Competência municipal
IX - promover programas de construção de
moradias e a melhoria das condições habitacionais e A Constituição estabelece que mediante a
de saneamento básico; observação da legislação federal e estadual, os
X - combater as causas da pobreza e os fatores Municípios podem editar normas que atendam à
de marginalização, promovendo a integração social dos realidade local ou até mesmo preencham lacunas das
setores desfavorecidos; legislações federal e estadual (Competência Municipal
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as Suplementar).
concessões de direitos de pesquisa e exploração de Art. 30 Compete aos Municípios:
recursos hídricos e minerais e m seus territórios; I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Parágrafo Único: Lei complementar fixará II - suplementar a legislação federal e a estadual
normas para a cooperação entre a União e os Estados, no que couber.
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em 1.7 A lei Complementar 140 de 08/12/2011
âmbito nacional.
Versa sobre a atividade suplementar, subsidiária
1.4 Competência concorrente e fiscalização pelos Órgãos Ambientais, onde em caso
de inexistência de órgão ambiental executor ou
Implica no estabelecimento de leis de maneira deliberativo ou ainda em caso de atraso injustificado
concorrente pela União, Estados e Distrito Federal, no procedimento de licenciamento imputável ao órgão
contudo devendo ser observada a competência ambiental licenciador, outro ente federativo de maior
suplementar dos Estados em relação as normas gerais abrangência atuará em caráter supletivo, através de
já realizadas pela União. seu respectivo órgão licenciador ou normativo (arts.
Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao 14, §3º e 15).
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: Foi estabelecida ainda a figura da atuação
VI florestas, caça, pesca, fauna, conservação da subsidiária, consistente na “ação do ente da Federação
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, que visa a auxiliar no desempenho das atribuições
proteção ao meio ambiente e controle da poluição; decorrentes das competências comuns, quando
VII proteção ao patrimônio histórico, artístico, solicitado pelo ente federativo originariamente
turístico e paisagístico; detentor das atribuições licenciatórias” e que se dará,
VIII responsabilidade por dano ao meio entre outras formas, através de apoio técnico,
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor científico, administrativo ou financeiro (art. 2º, III c/c
artístico, estético, turístico e paisagístico. art. 16).
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a A Lei Complementar referida estabelece
competência da União limitar-se-á a estabelecer também a competência fiscalizatória dos entes
normas gerais. federativos, permanecendo a atribuição comum de
§ 2º A competência da União para legislar sobre todos estes entes para a adoção de medidas urgentes
normas gerais não exclui a competência suplementar para se evitar o dano ambiental, embora a
dos Estados. competência para lavrar auto de infração e
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, procedimento administrativo seja do órgão licenciador.
os Estados exercerão competência legislativa plena, (art. 17);
para atender suas peculiaridades. A seguir observaremos parte do texto da Lei
§ 4º A superveniência de lei federal sobre Complementar 140, onde se definem as competências
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espécies da flora ou da fauna ameaçadas de extinção. influências e interações de ordem física, química e
Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de biológica, que permite, abrigam e regem a vida em
atividades ou empreendimentos utilizadores de todas suas formas.
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar Desenvolvimento sustentável: Aquele que
degradação ambiental, e para autorização de procura satisfazer as necessidades da geração atual,
supressão e manejo de vegetação, o critério do ente sem comprometer a capacidade das gerações futuras
federativo instituidor da unidade de conservação não de satisfazerem as suas próprias necessidades.
será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Parágrafo único. A definição do ente federativo Poluição: Degradação da qualidade ambiental
responsável pelo licenciamento e autorização a que se resultante de atividades que direta ou indiretamente
refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da
previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso população; criem condições adversas às atividades
XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a
do inciso biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do
XIV do art. 9o. meio ambiente; lancem matérias ou energia em
(...) desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em
caráter supletivo nas ações administrativas de Poluidor: Pessoa física ou jurídica de direito
licenciamento e na autorização ambiental, nas público ou privado, responsável, direta ou
seguintes hipóteses: indiretamente, por atividade causadora de degradação
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou ambiental.
conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito
Federal, a União deve desempenhar as ações Recursos ambientais: A atmosfera, as águas
administrativas estaduais ou distritais até a sua interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o
criação; mar territorial, o solo, subsolo, os elementos da
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou biosfera, a fauna e a flora.
conselho de meio ambiente no Município, o Estado
deve desempenhar as ações administrativas municipais Espécie: Grupo de indivíduos com características
até a sua criação; e semelhantes.
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou
conselho de meio ambiente no Estado e no Município, Espécime: Uma unidade ou ser individual do
a União deve desempenhar as ações administrativas grupo de indivíduos considerado.
até a sua criação em um daqueles entes federativos.
Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos Habitat: Lugar onde um animal ou uma planta
entes federativos dar-se-á por meio de apoio técnico, vive normalmente.
científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo
de outras formas de cooperação. Ictiofauna: Totalidade das espécies de peixe de
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser uma dada região.
solicitada pelo ente originariamente detentor da
atribuição nos termos desta Lei Complementar. Antrópico: Relativo à ação do homem. Em
sentido restrito, diz-se dos impactos no meio ambiente
2. CONCEITO E PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL gerados por ações do homem.
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A par dos direitos e deveres individuais e imputar ao poluidor o custo social da poluição por ele
coletivos elencados no art. 5º, acrescentou o legislador gerada, imputando-o a responsabilidade por dano
constituinte, no caput do art. 225, um novo direito ecológico. O princípio não objetiva, por certo, tolerar a
fundamental do ser humano: “meio ambiente poluição mediante um preço, nem se limita apenas a
ecologicamente equilibrado e sadio”, configurando-se, compensar os danos causados, mas sim, precisamente,
na verdade, com extensão do direito à vida, é o evitar o dano ao ambiente. A Constituição Federal no
princípio metafísico de todo o ordenamento jurídico Art. 225, § 3º, informa que as condutas e atividades
ambiental, ostentando o status de verdadeira cláusula consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
pétrea. infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções
penais e administrativas, independentemente da
A leitura da Carta do índio Seattle no anexo II obrigação de reparar os danos causados.
nos faz refletir sobre a importância do meio ambiente
para os presentes e futuras gerações.
2.2.2 Princípio da natureza pública da proteção
2.2.5 Princípio da prevenção:
ambiental:
Também chamado de “princípio da precaução”,
Este princípio decorre da previsão legal que
baseia-se nos objetivos do direito ambiental que são
considera o meio ambiente como um valor a ser
fundamentalmente preventivos. Sua atenção está
necessariamente assegurado e protegido para uso de
voltada para momento anterior à da consumação do
todos. Assim, não é possível, em nome deste direito,
dano – o do mero risco. Como reparar o
apropriar-se individualmente de parcelas do meio
desaparecimento de uma espécie? Como trazer de
ambiente para o consumo privado. É esse princípio que
volta uma floresta de séculos que sucumbiu sob a
explica e justifica, por exemplo, a não indenização, por
violência do corte raso? Como purificar um lençol
parte do Estado, de certos limites impostos na
freático contaminado por agrotóxicos? O estudo de
exploração da propriedade privada. Portanto, o
impacto ambiental, previsto no art. 225, 1º, IV, da CF,
interesse na proteção do ambiente, por ser de
bem como a preocupação do legislador em “controlar
natureza pública, deve prevalecer sobre os direitos
a produção, a comercialização e o emprego de
individuais privados.
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco
para a vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente”,
2.2.3 Princípio da participação comunitária:
manifestada no mesmo artigo, inciso V, são exemplos
típicos deste direcionamento preventivo.
Expressa a ideia de que para a resolução dos
problemas do ambiente deve ser dada especial ênfase
2.2.6 Princípio da função socioambiental da
à cooperação entre Estado e a sociedade, através da
propriedade:
participação dos diferentes grupos sociais na
formulação e na execução da política ambiental. Esse
Concebida como direito fundamental, a
princípio vem contemplado no art. 225, caput, da
propriedade não é, contudo, aquele direito que se
Constituição Federal, quando ali se prescreve ao Poder
possa assentar à suprema condição de ilimitado e
Público e à coletividade o dever de defender e
inatingível. Daí o acerto do legislador em proclamar, de
preservar o meio ambiente para as presentes e futuras
maneira veemente, que o uso da propriedade será
gerações. Nesta linha, e ciente de que o monopólio da
condicionado ao bem-estar social. A função social e
gestão e do poder de polícia ambiental em mãos do
ambiental não constitui um simples limite ao exercício
Poder Público não tem evitado o abuso ecológico, a
de direito de propriedade, como aquela restrição
Constituição inscreveu em seu texto mecanismos
tradicional, por meio da qual se permite ao
capazes de assegurar à cidadania o pleno exercício
proprietário, no exercício de seu direito, fazer tudo que
desses direitos relativos à qualidade do meio e aos
não prejudique a coletividade e o meio ambiente. A
recursos ambientais. Exemplo concreto deste princípio
função social da propriedade urbana vem qualificada
são as audiências públicas em sede de estudo prévio
no art. 182, § 2º, da Constituição, ou seja, é cumprida
de impacto ambiental.
quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano direitor. A
2.2.4 Princípio do poluidor-pagador:
função social da propriedade rural, de sua parte,
encontra qualificação no art. 186 da mesma Carta,
Também chamado da responsabilidade. Visa a
quanto à utilização adequada dos recursos naturais
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Praticada uma infração penal, em hipóteses sempre se lavrando termo nos autos.
comuns, cabe à autoridade policial, de conformidade
com o disposto no art. 6º, inciso II, do CPP, apreender 4. NORMA PENAL AMBIENTAL
os instrumentos e todos os objetos que se relacionam
com o fato. Nos crimes ambientais aplicam-se as regras 4.1 Bem jurídico protegido
da Lei Processual Penal, só que com algumas
peculiaridades próprias a tais delitos e levando em Nos crimes ambientais o bem jurídico
conta o disposto no art. 25 da Lei 9.605/98. precipuamente protegido é o meio ambiente,
Inicialmente, cabe observar que a apreensão poderá entendendo-se também como a qualidade ambiental,
ocorrer antes da ação da autoridade policial, ou seja, em sua dimensão global. O ambiente, elevado à
por agentes da fiscalização. categoria de bem jurídico essencial à vida, à saúde e à
É o caso, por exemplo, do apresamento de felicidade do homem, integra-se em um conjunto de
embarcação (Código de Pesca, arts. 56 e 59, § 1º) ou elementos naturais, culturais e artificiais, de molde a
de produtos contaminados por agrotóxicos (Lei possibilitar o seguinte detalhamento: meio ambiente
7.802/89, art.17, caput). O funcionário de um órgão natural (constituído pelo solo, a água, o ar
ambiental, que pode ser federal, estadual ou atmosférico, a flora, a fauna, enfim, a biosfera); meio
municipal, poderá surpreender o infrator, lavrar o auto ambiente cultural (integrado pelo patrimônio artístico,
de infração e apreender o instrumento utilizado. Neste histórico, turístico, paisagístico, arqueológico,
caso, cumpre-lhe encaminhar cópia do respectivo auto espeleológico etc.); meio ambiente artificial (formado
à autoridade policial, para que ela tome as pelo espaço urbano construído, consubstanciado no
providências cabíveis. conjunto de edificações e pelos equipamentos
A Lei 9.605/98 só faz referência a depósito no públicos: ruas, praças, áreas verdes, enfim, todos os
art. 25, § 1° a 3º. Mas o Código Florestal e a Lei de logradouros, assentamentos e reflexos urbanísticos,
Proteção à Fauna estão englobando as questões de caracterizados como tal); e meio ambiente do
pesca, tratam de maneira específica da apreensão dos trabalho (conceituado como a ambiência na qual se
produtos e instrumentos utilizados na infração. desenvolvem as atividades do trabalho humano,
Estabelecem que, se os mesmos não puderem protegendo o homem em seu local de trabalho
acompanhar o inquérito, serão entregues ao mediante observância às normas de segurança).
depositário público local, se houver, e, na sua falta, ao Todos esses elementos estão definitivamente
depositário nomeado pelo juiz, são motos-serra, protegidos pelo Direito Ambiental, como se vê da nova
machados, toras de madeira, redes de pescaria, arquitetura tipológica da Lei 9.605/98. Nos crimes
espingardas e bens assemelhados. ambientais, podemos dizer que o bem jurídico
Como dificilmente há depositário público ou, protegido é o meio ambiente em toda sua amplitude,
quando há, está sem espaço disponível, acaba se na abrangência do conjunto. Assim, o bem ambiental é
tornando comum a nomeação de um particular. A falta consagrado como uma terceira espécie de bem que
de infraestrutura dos órgãos ambientais e da própria não é público nem, tampouco, particular, mas de uso
Polícia Civil acaba dificultando a apreensão e o comum do povo. Portanto, é um bem jurídico de todos
depósito dos bens apreendidos, assim, justifica-se a e está estreitamente vinculado às necessidades
nomeação do depositário por autoridade diversa da existenciais dos sujeitos, como a vida, a saúde, a
judiciária, e o suporte legal para tal atitude será o art. segurança e ainda o lazer.
245, § 6º, do CPP.
Em hipótese de ser produto perecível, ou seja, 4.2 Sujeito ativo e passivo
que há de perecer, de morrer, de deteriorar, ele
deverá ser avaliado e doado a instituição científica, O sujeito ativo das infrações penais ambientais
hospitalar, penal ou outras com fins beneficentes (art. pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica. Assim, os
25, § 2º, da Lei 9.605/98), a doação deverá ser feita, crimes contra o meio ambiente, como assinalado, via
salvo hipóteses excepcionalíssimas, após a remessa do de regra, podem ser praticados por qualquer pessoa.
material para exame pericial, sob pena de vir a ser Casos há, entretanto, que somente poderão ser
prejudicada a prova da materialidade da infração. Não cometidos por determinadas pessoas. São os
havendo dúvidas a respeito da propriedade dos bens denominados crimes próprios ou especiais, de mão
apreendidos, e não sendo eles da fabricação, porte e própria ou delitos de atuação pessoal. É o que ocorre
uso vedados, poderá ser deferida a restituição, desde com algumas das figuras dos crimes contra a
que não interessem mais ao processo. A devolução administração ambiental (Lei 9.605/98, arts. 66 e 67),
poderá ser feita pela autoridade policial ou judiciária, que se referem expressamente à figura do funcionário
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delituoso. Por isso mesmo, não se confunde com as tinha pegado alguma coisa, enquanto o outro, que
normas penais em branco, cuja complementação não praticou exatamente a mesma conduta e com o
deriva da valoração do fato concreto pelo julgador, mesmo dolo fica isento de crime.
mas de fonte normativa separada e emanada de
autoridade diversa Para Magalhães Noronha (2009), 4.6 Elemento subjetivo
em comentários ao Código Penal (CP), “os elementos
normativos dizem respeito à antijuridicidade e são A culpabilidade do agente é que dá o tom da sua
designados por expressões como ‘indevidamente ’, responsabilidade. Assim, nos crimes ambientais o
‘sem justa causa’, ‘sem consentimento de quem de elemento moral vem estereotipado tanto no dolo
direito’, ‘sem licença da autoridade competente’, como na culpa. Até a edição da lei 9.605/98,
‘fraudulentamente’ e outros”. Como se verifica, esse basicamente puniam-se só os crimes ambientais
elemento está nas expressões “sem licença”, “sem dolosos. Ao que se sabe, apenas nas Leis 7.802, de
autorização”, “sem permissão”, “em desacordo com a 11.07.1989 (agrotóxicos), e 8.974, de 05.01.1995
determinação legal obtida” e outras assemelhadas. (Biossegurança) foram previstas algumas modalidades
de crimes informados pela culpa. Com isso
permaneciam incólumes fatos da maior gravidade,
4.5 Crimes de dano e de perigo como, por exemplo, os constantes derramamentos de
óleo no mar, provocados por embarcações mal
Embora um dos princípios mais relevantes do conservadas, já que não se conseguia provar a
Direito Ambiental seja o da prevenção, até a entrada intenção do armador com vistas à deterioração do
em vigor da Lei 9.605/98 o que se observava era que a ambiente marinho. Assim, acertou o legislador ao
maior parte dos crimes ambientais estava incluída na formular, em vários passos, tipos penais passíveis de
espécie de crimes de dano, quais sejam aqueles que só consumação também sob a modalidade culposa,
se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. cassando, em boa medida, a impunidade que então era
Entretanto, como é evidente, a proteção penal a regra.
ambiental melhor se adapta à figura do crime de
perigo, que se consuma com a simples possibilidade de 4.7 Concurso de pessoas
dano. Por tal motivo a Lei 9.605/98 veio a consagrar tal
modalidade de crime. A legislação penal ambiental sempre revelou
Assim sendo, em face das peculiaridades preocupação com o concurso de pessoas. O Código
próprias ao tipo penal ambiental, bem como à Florestal (Lei 4.771/65), no art. 29, já dispunha sobre a
necessidade de adequar-se a legislação criminal aos responsabilidade de arrendatários, parceiros,
princípios gerais do Direito Ambiental, entre eles o da posseiros, gerentes, administradores, diretores,
prevenção, mostra-se de todo justificada a existência promitentes compradores ou proprietários, bem como
de dispositivos em que a punição independe do dano de autoridades omissas. Exatamente da mesma forma
efetivo, bastando o simples perigo ou a simples a Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197/67), no seu art.
probabilidade de que ele possa desencadear-se. Assim, 30. Todavia, exame dos precedentes judiciais revela
o momento consumativo do crime se transfere da que isto jamais se tornou uma realidade. Na prática
lesão para ameaça no instante em que o bem tutelado forense apenas os autores direitos foram
encontrar-se numa condição objetiva de possível ou responsabilizados. A Lei 9.605/98, no seu art. 2º,
provável dano. repetindo parte do art. 29 do Código Penal, houve por
Não é necessário um pescador fisgar um peixe bem enumerar certas atividades, estabelecendo que “o
com pesca proibida no período de defeso em diretor, o administrador, o membro de conselho e de
determinado local, o fato de estar com seu anzol na órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou o
água, já se considera a tipificação (crime de mandatário da pessoa jurídica, que, sabendo da
consumação antecipada). Ademais, a aplicação da lei conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
penal na hipótese de crime de "pesca sem peixes" prática, quando podia agir para evitá-la” responderá da
chega a ser uma questão de equidade, haja vista a mesma forma pelo crime.
possibilidade absurda de dois amigos estarem
"pescando" em barcos diferentes, durante a 4.8 Excludentes de antijuridicidade e de
"Piracema" ou a menos de 200 metros de uma culpabilidade
barragem (local proibido), quando chega ao local uma
equipe da Polícia Militar Ambiental e autua apenas Fato típico não é ilícito ou antijurídico se existir
aquele mais "sortudo", por exemplo, aquele que já causa excludente da antijuridicidade. As causas
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VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,
função ecológica, provoque a extinção de espécies ou Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso
submetam os animais a crueldade. e as regiões situadas ao norte do paralelo 13°. S, dos
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de de 44° W, do Estado do Maranhão;
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público II - Área de Preservação Permanente - APP: área
competente, na forma da lei. protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a
§ 3º - As condutas e atividades consideradas função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, paisagem, a estabilidade geológica e a
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
administrativas, independentemente da obrigação de proteger o solo e assegurar o bem-estar das
reparar os danos causados. populações humanas;
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata III - Reserva Legal: área localizada no interior de
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense uma propriedade ou posse rural, delimitada nos
e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua termos do art. 12, com a função de assegurar o uso
utilização far-se-á, na formada lei, dentro de condições econômico de modo sustentável dos recursos naturais
que assegurem a preservação do meio ambiente, do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. dos processos ecológicos e promover a conservação da
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, fauna silvestre e da flora nativa;
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. IV - área rural consolidada: área de imóvel rural
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de
deverão ter busca localização definida em lei federal, 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades
sem o que não poderão ser instaladas. agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a
Artigos Constitucionais dedicados ao meio adoção do regime de pousio*;
ambiente ou a ele vinculados: Art. 5º: XXIII; LXXI; LXXIII; V - pequena propriedade ou posse rural familiar:
Art. 20: I; II; III; IV; V; VI; VII; IX; X; XI e § § 1º e 2º; Art. aquela explorada mediante o trabalho pessoal do
21: XIX; XX; XXIII a, b e c; XXV; Art. 22: IV; XII; XXVI; Art. agricultor familiar e empreendedor familiar rural,
23: I; III; IV; VI; VII; IX; XI; Art. 24: VI; VII; VIII; Art. 43: § incluindo os assentamentos e projetos de reforma
2º, IV e § 3º; Art. 49: XIV; XVI; Art. 91: § 1º, III; Art. 129: agrária, e que atenda ao disposto no art. 3o da Lei no
III; Art. 170: IV; Art. 174: § § 3º e 4º; Art. 176 e § §; Art 11.326, de 24 de julho de 2006;
182 e § §; Art. 186; Art. 200: VII; VIII; Art. 216: V e § § VI - uso alternativo do solo: substituição de
1º, 3º e 4º; Art. 225; Art. 231; Art. 232; Arts. 43 e 44 do vegetação nativa e formações sucessoras por outras
ADCT. coberturas do solo, como atividades agropecuárias,
industriais, de geração e transmissão de energia, de
5.2 Principais legislações extravagantes mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou
outras formas de ocupação humana;
Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de VII - manejo sustentável: administração da
2012) – vide texto compilado em: vegetação natural para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do
2014/2012/Lei/L12651.htm. manejo e considerando-se, cumulativa ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies
Este dispositivo legal depois de vários meses em madeireiras ou não, de múltiplos produtos e
discussão no Congresso Nacional para a relatoria do subprodutos da flora, bem como a utilização de outros
texto, depois para aprovação em plenário e finalmente bens e serviços;
quanto aos vetos presidenciais. Mesmo após aprovado * - Regime de Pousio consiste na rotação de
e sancionado ainda suscita alguma polêmica, pois culturas, duas ou três culturas, que se revezam, com
segundo alguns entendimentos não promoveram uma um descanso da terra entre cada uma delas.
recomposição da cobertura vegetal degradada No Artigo 4º do novo Código Florestal Brasileiro,
anteriormente, e teria dado muito mais espaço para os encontramos as situações definidas como Área de
produtores rurais. Vejamos alguns pontos importantes Preservação Permanente (APP), em zonas rurais ou
desta Lei Ordinária: urbanas, conforme veremos a seguir:
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I - as faixas marginais de qualquer curso d’água X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e
natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;
desde a borda da calha do leito regular, em largura XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção
mínima de: (Incluído pela Lei nº. 12.727, de 2012).; horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta)
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de metros, a partir do espaço permanentemente brejoso
menos de 10 (dez) metros de largura; e encharcado. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água 2012).
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de § 1o Não será exigida Área de Preservação
largura; Permanente no entorno de reservatórios artificiais de
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que água que não decorram de barramento ou
tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de represamento de cursos d’água naturais. (Redação
largura; dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água Quanto ao Regime de Proteção das Áreas de
que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) Preservação Permanente, o Código Florestal que
metros de largura; entrou em vigor recentemente exprime o seguinte:
Art. 7º A vegetação situada em Área de
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos Preservação Permanente deverá ser mantida pelo
d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) proprietário da área, possuidor ou ocupante a
metros; qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas público ou privado.
naturais, em faixa com largura mínima de: § 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto situada em Área de Preservação Permanente, o
para o corpo d’água com até 20 (vinte) proprietário da área, possuidor ou ocupante a
hectares de superfície, cuja faixa marginal será qualquer título é obrigado a promover a recomposição
de 50 (cinquenta) metros; da vegetação, ressalvados os usos autorizados
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; previstos nesta Lei.
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água § 2º A obrigação prevista no § 1º tem natureza
artificiais, decorrentes de barramento ou real e é transmitida ao sucessor no caso de
represamento de cursos d’água naturais, na faixa transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
definida na licença ambiental do empreendimento; § 3º No caso de supressão não autorizada de
(Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). vegetação realizada após 22 de julho de 2008, é
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos vedada a concessão de novas autorizações de
olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação supressão de vegetação enquanto não cumpridas as
topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; obrigações previstas no § 1o.
(Redação dada pela Lei nº Art. 8º A intervenção ou a supressão de
12.727, de 2012). vegetação nativa em Área de Preservação Permanente
V - as encostas ou partes destas com declividade somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública,
superior a 45°, equivalente a 100% (cem de interesse social ou de baixo impacto ambiental
por cento) na linha de maior declive; previstas nesta Lei.
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou § 1º A supressão de vegetação nativa protetora
estabilizadoras de mangues; de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser
VII - os manguezais, em toda a sua extensão; autorizada em caso de utilidade pública.
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a § 2º A intervenção ou a supressão de vegetação
linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a nativa em Área de Preservação Permanente de que
100 (cem) metros em projeções horizontais; tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4º poderá ser
IX - no topo de morros, montes, montanhas e autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função
serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e ecológica do manguezal esteja comprometida, para
inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a execução de obras habitacionais e de urbanização,
partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois inseridas em projetos de regularização fundiária de
terços) da altura mínima da elevação sempre em interesse social, em áreas urbanas consolidadas
relação à base, sendo esta definida pelo plano ocupadas por população de baixa renda.
horizontal determinado por planície ou espelho d’água § 3º É dispensada a autorização do órgão
adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ambiental competente para a execução, em caráter de
ponto de sela mais próximo da elevação; urgência, de atividades de segurança nacional e obras
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de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e 6.938, de 31 de agosto de 1981 (vide texto compilado
mitigação de acidentes em áreas urbanas. em:
§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938compi
regularização de futuras intervenções ou supressões de lada.htm).
vegetação nativa, além das previstas nesta Lei. Que, entre outros tantos méritos: a) teve o de
Art. 9º É permitido o acesso de pessoas e trazer para o mundo do direito o conceito de meio
animais às Áreas de Preservação Permanente para ambiente como objeto específico de proteção em seus
obtenção de água e para realização de atividades de múltiplos aspectos, sobretudo tratando o bem
baixo impacto ambiental. Código de Proteção à Fauna ambiental com uma visão holística e sistematizada; b)
- Lei N° 5.197, de 3 de janeiro de 1967 (vide texto de instituir Sistema Nacional de Meio Ambiente
compilado em: (SISNAMA), apto a propiciar o planejamento de ação
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5197compi integrada de diversos órgãos governamentais através
lado.htm). de uma política nacional para o setor; c) de
Tal norma foi recepcionada pela Constituição de estabelecer, no art. 14, § 1º, a obrigação do poluidor
1988, tornando-se a norma geral federal sobre a fauna. de reparar os danos causados, de acordo com o
Os princípios que informam tal corpo normativo são: 1) princípio da responsabilidade objetiva. d) previu o
Os animais da fauna silvestre são propriedades do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo
Estado, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA);
naturais, sendo proibida a sua utilização, perseguição, e) previu a Avaliação de Impacto Ambiental;f) criou o
destruição, caça ou apanha (art. 1°); 2) É proibida a Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos
caça profissional e, por conseguinte, é proibido o seu de Defesa Ambiental; g) estabeleceu normas e padrões
comércio e de objetos e produtos que impliquem na de qualidade ambiental etc.
sua caça, perseguição, destruição ou apanha. 3) A caça
amadora é permitida excepcionalmente, autorizada Ação Civil Pública - Lei nº. 7.347, de 24 de julho
previamente; 4) A criação em cativeiro, previamente de 1985 (vide texto compilado em:
autorizada pelo poder público, para fins econômicos e http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347compi
industriais é permitida. 5) Há uma lista de lada.htm): a) que disciplinou a Ação Civil Pública como
instrumentos não permitidos nos atos de caça, por instrumento processual específico para a reparação
implicarem crueldade contra os animais, em civil do dano ambiental e a defesa do ambiente e de
concordância com art. 225, §1º, inc.VII da Constituição outros interesses difusos e coletivos, e que possibilitou
Federal de 1988. Os atos infracionais ao Código eram que a agressão ambiental finalmente viesse a tornar-se
considerados contravenções e hoje foram quase todos um caso de justiça; b) Prevê Inquérito Civil Público; c)
erigidos à categoria de crimes contra a fauna (Lei Cria Termo de Ajustamento de Conduta (TAC.); d) Cria
9.605/98). o Fundo de Interesses Difusos etc.
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Cortar ou Reclusão, de
Madeira de transformar em 1 a 2 anos, e
45 ---------
6.2 Crimes Contra a Flora lei carvão madeira multa
de lei
Cortar árvores
Floresta de
em floresta Detenção, de R$
Preservaçã
considerada de 1 a 3 anos, ou 500,00
39 o Art Bem
preservação multa, ou p/árvore, Conduta Pena Multa
permanent 3 . jurídico
permanente ambas m ou
e
sem permissão fração
R$
R$ 500,00
Causar dano Reclusão de 1 por
200,00 a
direto ou a5 hectare.
R$ Impedir ou
40 Biota indireto às anos.Culposa R$
100.000, dificultar a
Unidades de metade da 5.000,00
00 regeneração Detenção, de
Conservação pena (área de
48 Flora natural de 6 meses a 1
reserva
florestas e ano, e multa
Reclusão, de legal ou
demais formas
2 a 4 anos, e de
de vegetação
multa. preserva
Provocar ção
41 Detenção, de ---------
Mata ou incêndio em permane
6 meses a 1
floresta mata ou nte)
ano, e multa
floresta
(culposa)
Destruir, Detenção, de R$
Flora
Florestas e Fabricar, Detenção, de R$ 49 danificar, lesar 3 meses a 1 100,00 a
42 urbana
vegetações vender, 1 a 3 anos,ou 1.000,00 ou maltratar ano, ou R$
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Disseminar doença
ou praga ou
Reclusão, R$ 5.000,00
espécies que
de 1 a 4 a R$
possam causar
61 Biota anos, e 5.000.000,0
dano à agricultura,
multa 0
à pecuária, à fauna,
à flora ou aos
ecossistemas
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REFERÊNCIAS
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