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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................................6
1 TUTELA PENAL DO AMBIENTE ...................................................................................................................................6
1.1 Competências dos entes federativos ................................................................................................................. 6
1.2 Competência privativa da União ........................................................................................................................6
1.3 Competência comum..........................................................................................................................................6
1.4 Competência concorrente ..................................................................................................................................7
1.5 Competência Supletiva .......................................................................................................................................7
1.6 Competência municipal ......................................................................................................................................7
1.7 A lei Complementar 140 de 08/12/2011 ............................................................................................................7
2. CONCEITO E PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................11
2.1 Conceitos Pertinentes.......................................................................................................................................11
2.2 Princípios Basilares ...........................................................................................................................................11
2.2.1 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana: .........11
2.2.2 Princípio da natureza pública da proteção ambiental:..................................................................................12
2.2.3 Princípio da participação comunitária: ..........................................................................................................12
2.2.4 Princípio do poluidor-pagador:......................................................................................................................12
2.2.5 Princípio da prevenção: .................................................................................................................................12
2.2.6 Princípio da função socioambiental da propriedade:....................................................................................12
3. TUTELA PENAL AMBIENTAL ....................................................................................................................................12
3.1 A responsabilidade ambiental: .........................................................................................................................12
3.2 Ação penal: .......................................................................................................................................................13
3.3 Competência nos crimes ambientais: jurisdição, inquérito policial e Termo Circunstanciado de Ocorrência –
TCO: ........................................................................................................................................................................13
3.4 Provas ...............................................................................................................................................................13
3.5 Apreensão e depósito do produto do crime e instrumentos utilizados na sua prática ...................................13
4. NORMA PENAL AMBIENTAL ...................................................................................................................................14
4.1 Bem jurídico protegido .....................................................................................................................................14
4.2 Sujeito ativo e passivo ......................................................................................................................................14
4.3 Norma Penal em Branco ...................................................................................................................................15
4.4 Elemento normativo do tipo ............................................................................................................................15
4.5 Crimes de dano e de perigo ..............................................................................................................................16
4.6 Elemento subjetivo ...........................................................................................................................................16
4.7 Concurso de pessoas ........................................................................................................................................16
4.8 Excludentes de antijuridicidade e de culpabilidade .........................................................................................16
5. O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO EXTRAORDINÁRIA .........................................17
5.1 Constituição Federal .........................................................................................................................................17
5.2 Principais legislações extravagantes.................................................................................................................18
6. CRIMES AMBIENTAIS E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS .........................................................................................21
6.1 Crimes Contra a Fauna......................................................................................................................................21
6.2 Crimes Contra a Flora ...................................................................................................................................22
6.3 Poluição e Outros Crimes Ambientais ..............................................................................................................23
6.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural .....................................................................23
6.5 Crimes Contra a Administração Ambiental ......................................................................................................23
6.6 Crimes e Outras Infrações Penais Ambientais ..................................................................................................24
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................25
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Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Praças
Policiais Militares do Ceará - CFPCPPM
FUNDAMENTOS DE DIREITO AMBIENTAL

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

CAMILO Sobreira de SANTANA


GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS

ANDRÉ Santos COSTA


SECRETÁRIO DA SSPDS

POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ - PMCE


Ronaldo Mota VIANA - Cel PM
COMANDANTE-GERAL DA PMCE

ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE

José Herlínio DUTRA – Cel PM


DIRETOR-GERAL DA AESP|CE

LUCIO Ponte Torres - DPC


SECRETÁRIO EXECUTIVO DA AESP|CE

Antônio CLAIRTON Alves de Abreu – Ten Cel PM


COORDENADOR GERAL DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE

Amarílio LOPES Rebouças – Cel BM


COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO

Everton MAVIGNIER Guimarães – Maj PM


CÉLULA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL AESP/CE

Francisca ADEIRLA MENESES da Silva – Cap PM


SECRETARIA ACADÊMICA DA AESP/CE

CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A CARREIRA DE PRAÇAS


POLICIAIS MILITARES DO CEARÁ – CFPCP/PM

DISCIPLINA
Fundamentos de Direito Ambiental

CONTEUDISTA(S)
Marcus Vinícius Costa Saraiva Ten Cel QOPM

REVISÃO DE COERÊNCIA DIDÁTICA


José Walter de Andrade Junior – CAD PM
LUCIANA Moreira - IPC
Francisco MATIAS Filho – ST PM
Leandro Gomes PIRES – SD PM

FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva –SGT PM

• 2017•
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APRESENTAÇÃO sobre matéria ambiental, apesar de não raro surgiram


os conflitos de competência, principalmente junto às
As questões que envolvem o tema de uso e Administrações Públicas.
conservação dos recursos naturais, da ocupação do Outro ponto tido como um divisor de águas no
solo, desastres e poluições ambientais e fiscalização de aspecto de competências relativas a meio ambiente no
atividades extrativistas, além da prevenção e a Brasil, foi a entrada em vigor da Lei Complementar N.º.
repressão a práticas tipificadas na legislação ambiental 140 de 08/12/2011 que fixa as normas, nos termos dos
específica, estão cada vez mais em pauta nos diversos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art.
veículos de comunicação. A atividade de polícia na 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a
fiscalização dos crimes ambientais se desenvolveu na União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
área específica do policiamento ambiental nas últimas nas ações administrativas decorrentes do exercício da
décadas, especialmente a partir de 1998 com o competência comum relativas à proteção das
advento da Lei N.º. 9.605/98. No ano de 2008 houve a paisagens naturais notáveis, à proteção do meio
regularização das infrações administrativas através do ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas
Decreto 6.514/08. O estudo dos Fundamentos de formas e à preservação das florestas, da fauna e da
Direito Ambiental servirá de embasamento para uma flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
melhor compreensão das legislações elaboradas em as quais verificaremos na citada Lei Complementar no
prol da proteção dos recursos ambientais. item 1.7 desta apostila.
Serão tratados os aspectos teóricos e práticos da
legislação referente aos delitos ambientais, com foco 1.2 Competência privativa da União
superficial nos aspectos tecnicistas e ênfase na
aplicação efetiva do arcabouço legal como instrumento No Art. 22 da Constituição Federal, somente
de aplicação para a atividade fim de polícia militar pode ser exercida a legislação pela União sobre
ambiental. Mostrando a doutrina e jurisprudência determinados bens, contudo, mediante edição de Lei
ambientais, visando proporcionar aos discentes uma Complementar que autorize os Estados a legislarem
visão elementar, porém, consistente, da legislação sobre as matérias relacionadas com as águas, energia,
ambiental em vigor, especialmente da Lei 9605/98 e o populações indígenas, jazidas e outros recursos
Decreto 6514/98, e outros dispositivos legais que minerais, além das atividades nucleares de qualquer
tipificam ações delituosas contra o meio ambiente. natureza, poderá haver uma exceção a tal medida.
A disciplina visa desenvolver nos discentes a Art. 22 (CF) Compete privativamente à União
identificação de variáveis, a capacidade de analisar legislar sobre:
situações-problema, relacionando informações e IV águas, energia, informática, telecomunicações
correlacionando fatos e soluções, além de poder e radiodifusão;
aplicar embasamento teórico nas situações práticas, ao XII jazidas, minas, outros recursos minerais e
elencar especificamente os principais delitos metalurgia;
ambientais, os quais poderão com maior XXVI atividades nucleares de qualquer natureza;
probabilidade, serem atendidos pelos discentes Parágrafo Único: Lei complementar poderá
quando estiverem exercendo a função para a qual autorizar os Estados a legislar sobre questões
buscam a formação. específicas das matérias relacionadas a este artigo.

1 TUTELA PENAL DO AMBIENTE 1.3 Competência comum

1.1 Competências dos entes federativos O Art. 23 concede à União, Estados, Municípios e
o Distrito Federal competência comum, pela qual os
A Constituição, além de consagrar a preservação entes integrantes da federação atuam em cooperação
do meio ambiente, anteriormente protegido somente administrativa recíproca, visando alcançar os objetivos
no nível infraconstitucional, procurou definir as descritos pela própria Constituição. Neste caso,
competências dos entes da federação, inovando na prevalecem as regras gerais estabelecidas pela União,
técnica legislativa, por incorporar ao seu texto salvo quando houver lacunas, as quais poderão ser
diferentes artigos disciplinando a competência para supridas, por exemplo, pelos Estados, no uso de sua
legislar e para administrar. Essa iniciativa teve como competência supletiva ou suplementar.
objetivo promover a descentralização da proteção Art. 23. É competência comum da União, dos
ambiental. Assim, União, Estados, Municípios e Distrito Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Federal possuem ampla competência para legislarem

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III - proteger os documentos, obras e outros normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
bens de valor histórico, artístico e cultural, os que lhe for contrário.
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueo lógicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a 1.5 Competência Supletiva
descaracterização de obras de arte e de outros bens de
valor histórico, artístico e cultural; Na ausência da União, o Estado abraçará a
VI - proteger o meio ambiente e combater a execução do ato a ser efetivado, como o licenciamento
poluição em qualquer de suas formas; ou a fiscalização, da mesma forma, caberá ao
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Município fazê-lo quando da ausência do Estado.
VIII - fomentar a produção agropecuária e
organizar o abastecimento alimentar; 1.6 Competência municipal
IX - promover programas de construção de
moradias e a melhoria das condições habitacionais e A Constituição estabelece que mediante a
de saneamento básico; observação da legislação federal e estadual, os
X - combater as causas da pobreza e os fatores Municípios podem editar normas que atendam à
de marginalização, promovendo a integração social dos realidade local ou até mesmo preencham lacunas das
setores desfavorecidos; legislações federal e estadual (Competência Municipal
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as Suplementar).
concessões de direitos de pesquisa e exploração de Art. 30 Compete aos Municípios:
recursos hídricos e minerais e m seus territórios; I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Parágrafo Único: Lei complementar fixará II - suplementar a legislação federal e a estadual
normas para a cooperação entre a União e os Estados, no que couber.
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em 1.7 A lei Complementar 140 de 08/12/2011
âmbito nacional.
Versa sobre a atividade suplementar, subsidiária
1.4 Competência concorrente e fiscalização pelos Órgãos Ambientais, onde em caso
de inexistência de órgão ambiental executor ou
Implica no estabelecimento de leis de maneira deliberativo ou ainda em caso de atraso injustificado
concorrente pela União, Estados e Distrito Federal, no procedimento de licenciamento imputável ao órgão
contudo devendo ser observada a competência ambiental licenciador, outro ente federativo de maior
suplementar dos Estados em relação as normas gerais abrangência atuará em caráter supletivo, através de
já realizadas pela União. seu respectivo órgão licenciador ou normativo (arts.
Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao 14, §3º e 15).
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: Foi estabelecida ainda a figura da atuação
VI florestas, caça, pesca, fauna, conservação da subsidiária, consistente na “ação do ente da Federação
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, que visa a auxiliar no desempenho das atribuições
proteção ao meio ambiente e controle da poluição; decorrentes das competências comuns, quando
VII proteção ao patrimônio histórico, artístico, solicitado pelo ente federativo originariamente
turístico e paisagístico; detentor das atribuições licenciatórias” e que se dará,
VIII responsabilidade por dano ao meio entre outras formas, através de apoio técnico,
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor científico, administrativo ou financeiro (art. 2º, III c/c
artístico, estético, turístico e paisagístico. art. 16).
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a A Lei Complementar referida estabelece
competência da União limitar-se-á a estabelecer também a competência fiscalizatória dos entes
normas gerais. federativos, permanecendo a atribuição comum de
§ 2º A competência da União para legislar sobre todos estes entes para a adoção de medidas urgentes
normas gerais não exclui a competência suplementar para se evitar o dano ambiental, embora a
dos Estados. competência para lavrar auto de infração e
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, procedimento administrativo seja do órgão licenciador.
os Estados exercerão competência legislativa plena, (art. 17);
para atender suas peculiaridades. A seguir observaremos parte do texto da Lei
§ 4º A superveniência de lei federal sobre Complementar 140, onde se definem as competências

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dos entes federativos: políticas governamentais.


Art. 1º - Esta Lei Complementar fixa normas, nos Art. 7º - São ações administrativas da União:
termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito
único do art. 23 da Constituição Federal, para a nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente;
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito II - exercer a gestão dos recursos ambientais no
Federal e os Municípios nas ações administrativas âmbito de suas atribuições;
decorrentes do exercício da competência comum III - promover ações relacionadas à Política
relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e
proteção do meio ambiente, ao combate à poluição internacional;
em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas, da fauna e da flora. IV - promover a integração de programas e ações
Art. 2º - Para os fins desta Lei Complementar, de órgãos e entidades da administração pública da
consideram-se: União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
I - licenciamento ambiental: o procedimento Municípios, relacionados à proteção e à gestão
administrativo destinado a licenciar atividades ou ambiental; V - articular a cooperação técnica, científica
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, e financeira, em apoio à Política Nacional do Meio
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob Ambiente;
qualquer forma, de causar degradação ambiental; VI - promover o desenvolvimento de estudos e
II - atuação supletiva: ação do ente da Federação pesquisas direcionados à proteção e à gestão
que se substitui ao ente federativo originariamente ambiental, divulgando os resultados obtidos;
detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta VII - promover a articulação da Política Nacional
Lei Complementar; do Meio Ambiente com as de Recursos Hídricos,
III - atuação subsidiária: ação do ente da Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e
Federação que visa a auxiliar no desempenho das outras;
atribuições decorrentes das competências comuns, VIII - organizar e manter, com a colaboração dos
quando solicitado pelo ente federativo originariamente órgãos e entidades da administração pública dos
detentor das atribuições definidas nesta Lei Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o
Complementar. Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente
Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da (Sinima);
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito
Municípios, no exercício da competência comum a que nacional e regional;
se refere esta Lei Complementar: X - definir espaços territoriais e seus
I - proteger, defender e conservar o meio componentes a serem especialmente protegidos;
ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo XI - promover e orientar a educação ambiental
gestão descentralizada, democrática e eficiente; em todos os níveis de ensino e a conscientização
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento pública para a proteção do meio ambiente;
socioeconômico com a proteção do meio ambiente, XII - controlar a produção, a comercialização e o
observando a dignidade da pessoa humana, a emprego de técnicas, métodos e substâncias que
erradicação da pobreza e a redução das comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
desigualdades sociais e regionais; meio ambiente, na forma da lei;
III - harmonizar as políticas e ações XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades
administrativas para evitar a sobreposição de atuação e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou
entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos autorizar, ambientalmente, for cometida à União;
de atribuições e garantir uma atuação administrativa XIV - promover o licenciamento ambiental de
eficiente; empreendimentos e atividades:
IV - garantir a uniformidade da política a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente
ambiental para todo o País, respeitadas as no Brasil e em país limítrofe;
peculiaridades regionais e locais. b) localizados ou desenvolvidos no mar
(...) territorial, na plataforma continental ou na zona
Art. 6º - As ações de cooperação entre a União, econômica exclusiva;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão c) localizados ou desenvolvidos em terras
ser desenvolvidas de modo a atingir os objetivos indígenas;
previstos no art. 3º e a garantir o desenvolvimento d) localizados ou desenvolvidos em unidades de
sustentável, harmonizando e integrando todas as conservação instituídas pela União, exceto em Áreas

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de Proteção Ambiental (APAs); transporte marítimo de produtos perigosos; e XXV -


e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou exercer o controle ambiental sobre o transporte
mais Estados; interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos
f) de caráter militar, excetuando-se do perigosos.
licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Parágrafo único. O licenciamento dos
Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das empreendimentos cuja localização compreenda
Forças Armadas, conforme disposto na Lei concomitantemente áreas das faixas terrestre e
Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; marítima da zona costeira será de atribuição da União
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, exclusivamente nos casos previstos em tipologia
beneficiar, transportar, armazenar e dispor material estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de
radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem proposição da Comissão Tripartite Nacional,
energia nuclear em qualquer de suas formas e assegurada a participação de um membro do Conselho
aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados
Energia Nuclear (Cnen); ou h) que atendam tipologia os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da
estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de atividade ou empreendimento.
proposição da Comissão Tripartite Nacional, Art. 8º - São ações administrativas dos Estados:
assegurada a participação de um membro do Conselho I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual,
Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados a Política Nacional do Meio Ambiente e demais
os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental;
atividade ou empreendimento; II - exercer a gestão dos recursos ambientais no
XV - aprovar o manejo e a supressão de âmbito de suas atribuições;
vegetação, de florestas e formações sucessoras em: III - formular, executar e fazer cumprir, em
a) florestas públicas federais, terras devolutas âmbito estadual, a Política Estadual de Meio Ambiente;
federais ou unidades de conservação instituídas pela IV - promover, no âmbito estadual, a integração
União, exceto em APAs; e de programas e ações de órgãos e entidades da
b) atividades ou empreendimentos licenciados administração pública da União, dos Estados, do
ou autorizados, ambientalmente, pela Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à
União; proteção e à gestão ambiental;
XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e V - articular a cooperação técnica, científica e
da flora ameaçadas de extinção e de financeira, em apoio às Políticas Nacional e Estadual de
Espécies sobre-explotadas no território nacional, Meio Ambiente;
mediante laudos e estudos técnico-científicos, VI - promover o desenvolvimento de estudos e
fomentando as atividades que conservem essas pesquisas direcionados à proteção e à gestão
espécies in situ; ambiental, divulgando os resultados obtidos;
XVII - controlar a introdução no País de espécies VII - organizar e manter, com a colaboração dos
exóticas potencialmente invasoras que possam órgãos municipais competentes, o Sistema Estadual de
ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas; Informações sobre Meio Ambiente;
XVIII - aprovar a liberação de exemplares de VIII - prestar informações à União para a
espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas formação e atualização do SINIMA (Sistema
naturais frágeis ou protegidos; Nacional de Informação Sobre o Meio
XIX - controlar a exportação de componentes da Ambiente);
biodiversidade brasileira na forma de espécimes IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito
silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes estadual, em conformidade com os zoneamentos de
ou produtos deles derivados; âmbito nacional e regional;
XX - controlar a apanha de espécimes da fauna X - definir espaços territoriais e seus
silvestre, ovos e larvas; componentes a serem especialmente protegidos;
XXI - proteger a fauna migratória e as espécies XI - promover e orientar a educação ambiental
inseridas na relação prevista no inciso XVI; em todos os níveis de ensino e a conscientização
XXII - exercer o controle ambiental da pesca em pública para a proteção do meio ambiente;
âmbito nacional ou regional; XII - controlar a produção, a comercialização e o
XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao emprego de técnicas, métodos e substâncias que
conhecimento tradicional associado, respeitadas as comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
atribuições setoriais; meio ambiente, na forma da lei;
XXIV - exercer o controle ambiental sobre o XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades

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e empreendimentos cuja atribuição para financeira, em apoio às Políticas Nacional, Estadual e


licenciar ou autorizar, ambientalmente, for Municipal de Meio Ambiente;
cometida aos Estados; VI - promover o desenvolvimento de estudos e
XIV - promover o licenciamento ambiental de pesquisas direcionados à proteção e à gestão
atividades ou empreendimentos utilizadores de ambiental, divulgando os resultados obtidos;
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente VII - organizar e manter o Sistema Municipal de
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar Informações sobre Meio Ambiente;
degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. VIII - prestar informações aos Estados e à União
7o e 9o; para a formação e atualização dos Sistemas Estadual e
XV - promover o licenciamento ambiental de Nacional de Informações sobre Meio Ambiente;
atividades ou empreendimentos localizados ou IX - elaborar o Plano Direitor, observando os
desenvolvidos em unidades de conservação instituídas zoneamentos ambientais;
pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental X - definir espaços territoriais e seus
(APAs); componentes a serem especialmente protegidos;
XVI - aprovar o manejo e a supressão de XI - promover e orientar a educação ambiental
vegetação, de florestas e formações sucessoras em: em todos os níveis de ensino e a conscientização
a) florestas públicas estaduais ou unidades de pública para a proteção do meio ambiente;
conservação do Estado, exceto em Áreas de Proteção XII - controlar a produção, a comercialização e o
Ambiental (APAs); emprego de técnicas, métodos e substâncias que
b) imóveis rurais, observadas as atribuições comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
previstas no inciso XV do art. 7o; e meio ambiente, na forma da lei;
c) atividades ou empreendimentos licenciados XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades
ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado; e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou
XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município;
da flora ameaçadas de extinção no respectivo XIV - observadas as atribuições dos demais entes
território, mediante laudos e estudos técnico- federativos previstas nesta Lei Complementar,
científicos, fomentando as atividades que conservem promover o licenciamento ambiental das atividades ou
essas espécies in situ; empreendimentos:
XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna a) que causem ou possam causar impacto
silvestre, ovos e larvas destinadas à implantação de ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida
criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio
disposto no inciso XX do art. 7o; Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial
XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da poluidor e natureza da atividade; ou
fauna silvestre; b) localizados em unidades de conservação
XX - exercer o controle ambiental da pesca em instituídas pelo Município, exceto em Áreas de
âmbito estadual; e Proteção Ambiental (APAs);
XXI - exercer o controle ambiental do transporte XV - observadas as atribuições dos demais entes
fluvial e terrestre de produtos perigosos, ressalvado o federativos previstas nesta Lei Complementar, aprovar:
disposto no inciso XXV do art. 7o. a) a supressão e o manejo de vegetação, de
Art. 9º - São ações administrativas dos florestas e formações sucessoras em florestas públicas
Municípios: municipais e unidades de conservação instituídas pelo
I - executar e fazer cumprir, em âmbito Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental
municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio (APAs); e
Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais b) a supressão e o manejo de vegetação, de
relacionadas à proteção do meio ambiente; florestas e formações sucessoras em
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no empreendimentos licenciados ou autorizados,
âmbito de suas atribuições; ambientalmente, pelo Município.
III - formular, executar e fazer cumprir a Política Art. 10. São ações administrativas do Distrito
Municipal de Meio Ambiente; Federal as previstas nos arts. 8o e 9o. Art. 11. A lei
IV - promover, no Município, a integração de poderá estabelecer regras próprias para atribuições
programas e ações de órgãos e entidades da relativas à autorização de manejo e supressão de
administração pública federal, estadual e municipal, vegetação, considerada a sua caracterização como
relacionados à proteção e à gestão ambiental; vegetação primária ou secundária em diferentes
V - articular a cooperação técnica, científica e estágios de regeneração, assim como a existência de

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espécies da flora ou da fauna ameaçadas de extinção. influências e interações de ordem física, química e
Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de biológica, que permite, abrigam e regem a vida em
atividades ou empreendimentos utilizadores de todas suas formas.
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar Desenvolvimento sustentável: Aquele que
degradação ambiental, e para autorização de procura satisfazer as necessidades da geração atual,
supressão e manejo de vegetação, o critério do ente sem comprometer a capacidade das gerações futuras
federativo instituidor da unidade de conservação não de satisfazerem as suas próprias necessidades.
será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Parágrafo único. A definição do ente federativo Poluição: Degradação da qualidade ambiental
responsável pelo licenciamento e autorização a que se resultante de atividades que direta ou indiretamente
refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da
previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso população; criem condições adversas às atividades
XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a
do inciso biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do
XIV do art. 9o. meio ambiente; lancem matérias ou energia em
(...) desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em
caráter supletivo nas ações administrativas de Poluidor: Pessoa física ou jurídica de direito
licenciamento e na autorização ambiental, nas público ou privado, responsável, direta ou
seguintes hipóteses: indiretamente, por atividade causadora de degradação
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou ambiental.
conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito
Federal, a União deve desempenhar as ações Recursos ambientais: A atmosfera, as águas
administrativas estaduais ou distritais até a sua interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o
criação; mar territorial, o solo, subsolo, os elementos da
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou biosfera, a fauna e a flora.
conselho de meio ambiente no Município, o Estado
deve desempenhar as ações administrativas municipais Espécie: Grupo de indivíduos com características
até a sua criação; e semelhantes.
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou
conselho de meio ambiente no Estado e no Município, Espécime: Uma unidade ou ser individual do
a União deve desempenhar as ações administrativas grupo de indivíduos considerado.
até a sua criação em um daqueles entes federativos.
Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos Habitat: Lugar onde um animal ou uma planta
entes federativos dar-se-á por meio de apoio técnico, vive normalmente.
científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo
de outras formas de cooperação. Ictiofauna: Totalidade das espécies de peixe de
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser uma dada região.
solicitada pelo ente originariamente detentor da
atribuição nos termos desta Lei Complementar. Antrópico: Relativo à ação do homem. Em
sentido restrito, diz-se dos impactos no meio ambiente
2. CONCEITO E PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL gerados por ações do homem.

2.1 Conceitos Pertinentes Conservação: Existe a possibilidade da


exploração racional dos recursos, com base na
Direito Ambiental: “O complexo de princípios e sustentabilidade.
normas reguladores das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do 2.2 Princípios Basilares
ambiente em sua dimensão global, visando a sua
sustentabilidade para os presentes e futuras gerações” 2.2.1 Princípio do ambiente ecologicamente
(Edis Milaré). equilibrado como direito fundamental da pessoa
humana:
Meio ambiente: Conjunto de condições, leis,

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A par dos direitos e deveres individuais e imputar ao poluidor o custo social da poluição por ele
coletivos elencados no art. 5º, acrescentou o legislador gerada, imputando-o a responsabilidade por dano
constituinte, no caput do art. 225, um novo direito ecológico. O princípio não objetiva, por certo, tolerar a
fundamental do ser humano: “meio ambiente poluição mediante um preço, nem se limita apenas a
ecologicamente equilibrado e sadio”, configurando-se, compensar os danos causados, mas sim, precisamente,
na verdade, com extensão do direito à vida, é o evitar o dano ao ambiente. A Constituição Federal no
princípio metafísico de todo o ordenamento jurídico Art. 225, § 3º, informa que as condutas e atividades
ambiental, ostentando o status de verdadeira cláusula consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
pétrea. infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções
penais e administrativas, independentemente da
A leitura da Carta do índio Seattle no anexo II obrigação de reparar os danos causados.
nos faz refletir sobre a importância do meio ambiente
para os presentes e futuras gerações.
2.2.2 Princípio da natureza pública da proteção
2.2.5 Princípio da prevenção:
ambiental:
Também chamado de “princípio da precaução”,
Este princípio decorre da previsão legal que
baseia-se nos objetivos do direito ambiental que são
considera o meio ambiente como um valor a ser
fundamentalmente preventivos. Sua atenção está
necessariamente assegurado e protegido para uso de
voltada para momento anterior à da consumação do
todos. Assim, não é possível, em nome deste direito,
dano – o do mero risco. Como reparar o
apropriar-se individualmente de parcelas do meio
desaparecimento de uma espécie? Como trazer de
ambiente para o consumo privado. É esse princípio que
volta uma floresta de séculos que sucumbiu sob a
explica e justifica, por exemplo, a não indenização, por
violência do corte raso? Como purificar um lençol
parte do Estado, de certos limites impostos na
freático contaminado por agrotóxicos? O estudo de
exploração da propriedade privada. Portanto, o
impacto ambiental, previsto no art. 225, 1º, IV, da CF,
interesse na proteção do ambiente, por ser de
bem como a preocupação do legislador em “controlar
natureza pública, deve prevalecer sobre os direitos
a produção, a comercialização e o emprego de
individuais privados.
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco
para a vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente”,
2.2.3 Princípio da participação comunitária:
manifestada no mesmo artigo, inciso V, são exemplos
típicos deste direcionamento preventivo.
Expressa a ideia de que para a resolução dos
problemas do ambiente deve ser dada especial ênfase
2.2.6 Princípio da função socioambiental da
à cooperação entre Estado e a sociedade, através da
propriedade:
participação dos diferentes grupos sociais na
formulação e na execução da política ambiental. Esse
Concebida como direito fundamental, a
princípio vem contemplado no art. 225, caput, da
propriedade não é, contudo, aquele direito que se
Constituição Federal, quando ali se prescreve ao Poder
possa assentar à suprema condição de ilimitado e
Público e à coletividade o dever de defender e
inatingível. Daí o acerto do legislador em proclamar, de
preservar o meio ambiente para as presentes e futuras
maneira veemente, que o uso da propriedade será
gerações. Nesta linha, e ciente de que o monopólio da
condicionado ao bem-estar social. A função social e
gestão e do poder de polícia ambiental em mãos do
ambiental não constitui um simples limite ao exercício
Poder Público não tem evitado o abuso ecológico, a
de direito de propriedade, como aquela restrição
Constituição inscreveu em seu texto mecanismos
tradicional, por meio da qual se permite ao
capazes de assegurar à cidadania o pleno exercício
proprietário, no exercício de seu direito, fazer tudo que
desses direitos relativos à qualidade do meio e aos
não prejudique a coletividade e o meio ambiente. A
recursos ambientais. Exemplo concreto deste princípio
função social da propriedade urbana vem qualificada
são as audiências públicas em sede de estudo prévio
no art. 182, § 2º, da Constituição, ou seja, é cumprida
de impacto ambiental.
quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano direitor. A
2.2.4 Princípio do poluidor-pagador:
função social da propriedade rural, de sua parte,
encontra qualificação no art. 186 da mesma Carta,
Também chamado da responsabilidade. Visa a
quanto à utilização adequada dos recursos naturais

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disponíveis e à preservação do meio ambiente. ordinário, federal ou estadual.


Quanto à prisão em flagrante, cumpre assinalar
3. TUTELA PENAL AMBIENTAL que o condutor deverá se dirigir à autoridade policial
competente da localidade onde a prisão foi efetuada
3.1 A responsabilidade ambiental: levando o preso, as testemunhas e os objetos
relacionados com o delito. Por exemplo, em se
Nossa Lei Maior, em seu art. 225, § 3º, tratando de crime contra a caça, a autoridade policial
estabeleceu que as condutas e atividades consideradas competente será a estadual (Delegado de Polícia Civil)
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, e, excepcionalmente, a federal nos casos de infração
pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e praticada em unidade de conservação federal ou no
administrativas, independentemente da obrigação de caso de tráfico internacional de espécimes.
reparar os danos causados. O inquérito policial só pode ser instaurado pela
Nesses termos, a danosidade ambiental tem autoridade policial, ou seja, delegado de polícia federal
repercussão jurídica tripla, já que o poluidor, por um ou delegado de polícia civil, conforme a natureza do
mesmo ato, pode ser responsabilizado, alternativa ou delito. Contudo, a Polícia Militar pode lavrar Termo
cumulativamente, nas esferas penal, administrativa e Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e enviá-lo a juízo,
civil. porém, não pode proceder as investigações, como
ouvir as testemunhas ou realizar prova pericial,
3.2 Ação penal: excetuando-se o Inquérito Policial Militar (IPM) e os
procedimentos administrativos afetos. No Estado do
Nos crimes ambientais previstos na Lei 9.605/98 Ceará a Polícia Militar já lavrou TCO, contudo, um
a ação penal é sempre pública incondicionada, de parecer da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) e
iniciativa exclusiva do Ministério Público, impondo a Procuradoria Geral do Estado (PGE), suspendeu esta
autoridade policial o dever de agir de ofício na sua prática, ficando privativa da Polícia Civil.
prevenção e/ou repressão.
3.4 Provas
3.3 Competência nos crimes ambientais:
jurisdição, inquérito policial e Termo As provas no crime ambiental, via regra geral,
Circunstanciado de Ocorrência – TCO: são feitas por meio do auto de apreensão ou ainda do
auto de constatação, os quais deverão corresponder a
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) assentou o perícia, a fim de que a materialidade fique
entendimento de que, após a revogação do enunciado comprovada, como exige a lei (Código de Processo
da Súmula nº. 91, na qual competia à Justiça Federal Penal - CPP, art. 158). Testemunhas são normalmente
processar e julgar os crimes contra a fauna, compete à arroladas entre os policiais que participam da
Justiça Estadual, de regra, o processamento e o diligência. No entanto, outras provas podem ser
julgamento dos feitos que visem à apuração de crimes produzidas.
ambientais. A competência será da Justiça Federal Podem ser necessárias outras ações in loco,
apenas naqueles casos em que se evidenciar a principalmente nos casos mais complexos, em que a
existência de qualquer lesão a bens, serviços ou demonstração da ocorrência pode revelar-se mais
interesses da União, constituindo-se em exceção. difícil. Por exemplo, na apuração de lançamentos de
Entretanto, compete a Justiça Estadual comum, na resíduos industriais em rio, na utilização de agrotóxicos
vigência da Constituição de 1988, o processo por de forma proibida ou na existência de dejetos
contravenção penal, ainda que praticada em industriais no subsolo.
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou Se houver possibilidade de ser realizado exame
de suas entidades. de forma direta, não deverá ser admitida a perícia
A Lei 9.099/95, que regula os Juizados Especiais indireta (RT 208/71). De outra parte, conforme
Criminais, no art. 69, parágrafo único, dispõe que, se o massacrante jurisprudência, a falta de laudo pericial
autor do fato for encaminhado ao juizado ou assumir não impede a lavratura do auto de prisão em flagrante
compromisso de a ele comparecer, não será submetido (RT 264/128, 265/109, 276/102, 278/90, 316/47,
à prisão em flagrante e dele não se exigirá fiança. 383/173, 397/60, 413/39, 416/329).
Assim, há crimes ambientais que se sujeitaram ao
Juizado Especial Criminal e outros possuem sanção 3.5 Apreensão e depósito do produto do crime
máxima superior ao disposto na Lei 9.099/95 e, e instrumentos utilizados na sua prática
consequentemente, devem ser submetidos ao juízo

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Praticada uma infração penal, em hipóteses sempre se lavrando termo nos autos.
comuns, cabe à autoridade policial, de conformidade
com o disposto no art. 6º, inciso II, do CPP, apreender 4. NORMA PENAL AMBIENTAL
os instrumentos e todos os objetos que se relacionam
com o fato. Nos crimes ambientais aplicam-se as regras 4.1 Bem jurídico protegido
da Lei Processual Penal, só que com algumas
peculiaridades próprias a tais delitos e levando em Nos crimes ambientais o bem jurídico
conta o disposto no art. 25 da Lei 9.605/98. precipuamente protegido é o meio ambiente,
Inicialmente, cabe observar que a apreensão poderá entendendo-se também como a qualidade ambiental,
ocorrer antes da ação da autoridade policial, ou seja, em sua dimensão global. O ambiente, elevado à
por agentes da fiscalização. categoria de bem jurídico essencial à vida, à saúde e à
É o caso, por exemplo, do apresamento de felicidade do homem, integra-se em um conjunto de
embarcação (Código de Pesca, arts. 56 e 59, § 1º) ou elementos naturais, culturais e artificiais, de molde a
de produtos contaminados por agrotóxicos (Lei possibilitar o seguinte detalhamento: meio ambiente
7.802/89, art.17, caput). O funcionário de um órgão natural (constituído pelo solo, a água, o ar
ambiental, que pode ser federal, estadual ou atmosférico, a flora, a fauna, enfim, a biosfera); meio
municipal, poderá surpreender o infrator, lavrar o auto ambiente cultural (integrado pelo patrimônio artístico,
de infração e apreender o instrumento utilizado. Neste histórico, turístico, paisagístico, arqueológico,
caso, cumpre-lhe encaminhar cópia do respectivo auto espeleológico etc.); meio ambiente artificial (formado
à autoridade policial, para que ela tome as pelo espaço urbano construído, consubstanciado no
providências cabíveis. conjunto de edificações e pelos equipamentos
A Lei 9.605/98 só faz referência a depósito no públicos: ruas, praças, áreas verdes, enfim, todos os
art. 25, § 1° a 3º. Mas o Código Florestal e a Lei de logradouros, assentamentos e reflexos urbanísticos,
Proteção à Fauna estão englobando as questões de caracterizados como tal); e meio ambiente do
pesca, tratam de maneira específica da apreensão dos trabalho (conceituado como a ambiência na qual se
produtos e instrumentos utilizados na infração. desenvolvem as atividades do trabalho humano,
Estabelecem que, se os mesmos não puderem protegendo o homem em seu local de trabalho
acompanhar o inquérito, serão entregues ao mediante observância às normas de segurança).
depositário público local, se houver, e, na sua falta, ao Todos esses elementos estão definitivamente
depositário nomeado pelo juiz, são motos-serra, protegidos pelo Direito Ambiental, como se vê da nova
machados, toras de madeira, redes de pescaria, arquitetura tipológica da Lei 9.605/98. Nos crimes
espingardas e bens assemelhados. ambientais, podemos dizer que o bem jurídico
Como dificilmente há depositário público ou, protegido é o meio ambiente em toda sua amplitude,
quando há, está sem espaço disponível, acaba se na abrangência do conjunto. Assim, o bem ambiental é
tornando comum a nomeação de um particular. A falta consagrado como uma terceira espécie de bem que
de infraestrutura dos órgãos ambientais e da própria não é público nem, tampouco, particular, mas de uso
Polícia Civil acaba dificultando a apreensão e o comum do povo. Portanto, é um bem jurídico de todos
depósito dos bens apreendidos, assim, justifica-se a e está estreitamente vinculado às necessidades
nomeação do depositário por autoridade diversa da existenciais dos sujeitos, como a vida, a saúde, a
judiciária, e o suporte legal para tal atitude será o art. segurança e ainda o lazer.
245, § 6º, do CPP.
Em hipótese de ser produto perecível, ou seja, 4.2 Sujeito ativo e passivo
que há de perecer, de morrer, de deteriorar, ele
deverá ser avaliado e doado a instituição científica, O sujeito ativo das infrações penais ambientais
hospitalar, penal ou outras com fins beneficentes (art. pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica. Assim, os
25, § 2º, da Lei 9.605/98), a doação deverá ser feita, crimes contra o meio ambiente, como assinalado, via
salvo hipóteses excepcionalíssimas, após a remessa do de regra, podem ser praticados por qualquer pessoa.
material para exame pericial, sob pena de vir a ser Casos há, entretanto, que somente poderão ser
prejudicada a prova da materialidade da infração. Não cometidos por determinadas pessoas. São os
havendo dúvidas a respeito da propriedade dos bens denominados crimes próprios ou especiais, de mão
apreendidos, e não sendo eles da fabricação, porte e própria ou delitos de atuação pessoal. É o que ocorre
uso vedados, poderá ser deferida a restituição, desde com algumas das figuras dos crimes contra a
que não interessem mais ao processo. A devolução administração ambiental (Lei 9.605/98, arts. 66 e 67),
poderá ser feita pela autoridade policial ou judiciária, que se referem expressamente à figura do funcionário

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público. as espécies raras ou consideradas ameaçadas de


Na maioria das vezes, os delitos ambientais são extinção; por igual, não estão definidos os métodos ou
cometidos por pessoas que não oferecem nenhuma instrumentos capazes de provocar destruição em
periculosidade social e cometeram a infração penal massa;
levada por circunstâncias dos costumes do meio em b) Art. 34, caput, e parágrafo único, I e II – Não
que vivem ou em razão de uma ambição desmedida. há menção aos períodos de pesca proibida, nem se
Isto faz com que esta espécie de delinquente conviva e sabe os lugares interditados; não se diz quais são as
seja normalmente aceita pela sociedade, resultando a espécies aquáticas que devam ser preservadas ou
sua punição, por vezes, em certa incompreensão do tamanho dos espécimes cuja pesca é proibida; não se
meio social. Tal fato, evidentemente, não justifica estabelece a quantidade de pescado permitida nem
qualquer tolerância dos aplicadores da lei. quais sejam os aparelhos, petrechos, técnicas e
O sujeito passivo do crime é o detentor do bem métodos não permitidos;
jurídico que a conduta delituosa lesou ou ameaçou. c) Art. 35, I e II – Não se definem o que vem a ser
Nos crimes ambientais é, em princípio, a coletividade. explosivos, nem tampouco substâncias tóxicas
Com efeito, nesses crimes há ofensa a interesse de proibidas;
todos os cidadãos, motivo pelo qual o sujeito passivo é
a coletividade, e não o Estado. Uma vez que o bem d) Art. 36 – As listas oficiais da fauna e da flora
jurídico-ambiental, regra geral, não pertence a uma devem ser buscadas junto aos órgãos oficiais de gestão
pessoa ou a pessoas determinadas, mas a toda a ambiental integrantes do Sistema Nacional do Meio
coletividade, que se vê prejudicada pela degradação Ambiente – SISNAMA;
ambiental. e) Art. 37 – Animal nocivo passível de abate deve
No entanto, nada impede que um delito tenha ser caracterizado e declarado pelo órgão competente,
dois ou mais sujeitos passivos. Em um crime ambiental, no caso o IBAMA;
muitas vezes isto acontecerá. Por exemplo, se o f) Art. 38 – Não se define o que seja floresta de
infrator picha o edifício do fórum de uma comarca, preservação permanente;
dois serão os ofendidos: a comunidade, pela lesão a g) Art. 45 – A definição de madeira de lei
patrimônio cultural, e o Estado-membro (Poder depende do poder público;
Público), em razão do dano sofrido. Outro exemplo: o h) Art. 50 – Não se esclarece que se deva
agente ingressa em um parque nacional, derruba e entender por vegetação fixadora de duna e protetora
subtrai árvores – serão sujeitos passivos a coletividade de mangue;
e a União Federal, por tratar-se de Unidade e i) Art. 52 – Não se define que venha ser
Conservação Federal. substância ou instrumentos próprios para a caça ou
para exploração de produtos ou subprodutos
4.3 Norma Penal em Branco florestais;
j) Art. 56 – Fica por conta de atos normativos
Nos crimes contra o meio ambiente, a detalhada extravagantes o conceito de produto ou substância
e exaustiva descrição do comportamento do agente tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio
mostra-se, na maioria das vezes, bastante difícil ou ambiente;
quase impossível. Com certa frequência é necessário Em todos esses casos, como se percebe, o
que a lei faça remissão a disposições externas, as comportamento proibido vem enunciado de forma
normas e a conceitos técnicos. Algumas, entretanto, vaga, clamando por complementação ou integração
para que possam ser aplicadas, necessitam de através de outros dispositivos legais ou atos
complementação de outra disposição normativa. São o normativos extravagantes. E nem poderia ser
que a ciência penal denomina norma penal em branco. diferente, em matéria regulada predominantemente
Essa complementação, que não ofende princípio da por normas e instituições de Direito Administrativo.
reserva legal, pode ser realizada de três maneiras:
a) por disposição prevista na mesma lei; b) por 4.4 Elemento normativo do tipo
disposição contida em outra lei; c) por disposição
emanada de outro poder, ou seja, de um ato A Lei 9.605/98, em vários de seus dispositivos
administrativo. penais (arts. 29, 30, 44, 45, 46, parágrafo único, 51, 52,
A Lei 9.605/98 – base do ordenamento 55, 56, 60, 63 e 64), traz elemento normativo do tipo,
ambiental penal – foi pródiga no emprego desse tipo que configura técnica legislativa que transfere para o
de norma. Citem-se, a título de exemplo: aplicador da norma o exercício do juízo de valor sobre
a) Art. 29, § 4º, I e VI – Não estão discriminadas determinada circunstância que orbita o fato em tese

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delituoso. Por isso mesmo, não se confunde com as tinha pegado alguma coisa, enquanto o outro, que
normas penais em branco, cuja complementação não praticou exatamente a mesma conduta e com o
deriva da valoração do fato concreto pelo julgador, mesmo dolo fica isento de crime.
mas de fonte normativa separada e emanada de
autoridade diversa Para Magalhães Noronha (2009), 4.6 Elemento subjetivo
em comentários ao Código Penal (CP), “os elementos
normativos dizem respeito à antijuridicidade e são A culpabilidade do agente é que dá o tom da sua
designados por expressões como ‘indevidamente ’, responsabilidade. Assim, nos crimes ambientais o
‘sem justa causa’, ‘sem consentimento de quem de elemento moral vem estereotipado tanto no dolo
direito’, ‘sem licença da autoridade competente’, como na culpa. Até a edição da lei 9.605/98,
‘fraudulentamente’ e outros”. Como se verifica, esse basicamente puniam-se só os crimes ambientais
elemento está nas expressões “sem licença”, “sem dolosos. Ao que se sabe, apenas nas Leis 7.802, de
autorização”, “sem permissão”, “em desacordo com a 11.07.1989 (agrotóxicos), e 8.974, de 05.01.1995
determinação legal obtida” e outras assemelhadas. (Biossegurança) foram previstas algumas modalidades
de crimes informados pela culpa. Com isso
permaneciam incólumes fatos da maior gravidade,
4.5 Crimes de dano e de perigo como, por exemplo, os constantes derramamentos de
óleo no mar, provocados por embarcações mal
Embora um dos princípios mais relevantes do conservadas, já que não se conseguia provar a
Direito Ambiental seja o da prevenção, até a entrada intenção do armador com vistas à deterioração do
em vigor da Lei 9.605/98 o que se observava era que a ambiente marinho. Assim, acertou o legislador ao
maior parte dos crimes ambientais estava incluída na formular, em vários passos, tipos penais passíveis de
espécie de crimes de dano, quais sejam aqueles que só consumação também sob a modalidade culposa,
se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. cassando, em boa medida, a impunidade que então era
Entretanto, como é evidente, a proteção penal a regra.
ambiental melhor se adapta à figura do crime de
perigo, que se consuma com a simples possibilidade de 4.7 Concurso de pessoas
dano. Por tal motivo a Lei 9.605/98 veio a consagrar tal
modalidade de crime. A legislação penal ambiental sempre revelou
Assim sendo, em face das peculiaridades preocupação com o concurso de pessoas. O Código
próprias ao tipo penal ambiental, bem como à Florestal (Lei 4.771/65), no art. 29, já dispunha sobre a
necessidade de adequar-se a legislação criminal aos responsabilidade de arrendatários, parceiros,
princípios gerais do Direito Ambiental, entre eles o da posseiros, gerentes, administradores, diretores,
prevenção, mostra-se de todo justificada a existência promitentes compradores ou proprietários, bem como
de dispositivos em que a punição independe do dano de autoridades omissas. Exatamente da mesma forma
efetivo, bastando o simples perigo ou a simples a Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197/67), no seu art.
probabilidade de que ele possa desencadear-se. Assim, 30. Todavia, exame dos precedentes judiciais revela
o momento consumativo do crime se transfere da que isto jamais se tornou uma realidade. Na prática
lesão para ameaça no instante em que o bem tutelado forense apenas os autores direitos foram
encontrar-se numa condição objetiva de possível ou responsabilizados. A Lei 9.605/98, no seu art. 2º,
provável dano. repetindo parte do art. 29 do Código Penal, houve por
Não é necessário um pescador fisgar um peixe bem enumerar certas atividades, estabelecendo que “o
com pesca proibida no período de defeso em diretor, o administrador, o membro de conselho e de
determinado local, o fato de estar com seu anzol na órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou o
água, já se considera a tipificação (crime de mandatário da pessoa jurídica, que, sabendo da
consumação antecipada). Ademais, a aplicação da lei conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
penal na hipótese de crime de "pesca sem peixes" prática, quando podia agir para evitá-la” responderá da
chega a ser uma questão de equidade, haja vista a mesma forma pelo crime.
possibilidade absurda de dois amigos estarem
"pescando" em barcos diferentes, durante a 4.8 Excludentes de antijuridicidade e de
"Piracema" ou a menos de 200 metros de uma culpabilidade
barragem (local proibido), quando chega ao local uma
equipe da Polícia Militar Ambiental e autua apenas Fato típico não é ilícito ou antijurídico se existir
aquele mais "sortudo", por exemplo, aquele que já causa excludente da antijuridicidade. As causas

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excludentes de criminalidade são previstas no art. 23 5. O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA


do Código Penal: “Não há crime quando o agente E LEGISLAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
pratica o fato: I – em estado de necessidade; II – em
legítima defesa; III – em estrito cumprimento de dever 5.1 Constituição Federal
legal ou no exercício regular de direito”. Dessas causas,
também denominadas causas de exclusão da ilicitude Em 1988 nossa Lei Fundamental, pela primeira
ou ainda causas de justificação do comportamento vez na história, abordou o tema meio ambiente,
típico, a que mais nos interessa é a do estado de dedicando a este um capítulo, que contempla não
necessidade. Em conformidade com o que dispõe art. somente seu conceito normativo, ligado ao meio
24 do CP, “considera-se em estado de necessidade ambiente natural, como também reconhece suas
quem pratica fato para salvar de perigo atual, que não outras faces: o meio ambiente artificial, o meio
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo ambiente do trabalho, o meio ambiente cultural e o
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas patrimônio genético, também tratado em diversos
circunstâncias, não era razoável exigir-se”. outros artigos da Constituição.
Assim, se o agente mata um animal da fauna O Art. 225 exerce na Constituição o papel de
silvestre que o está ameaçando, age sob amparo da principal norteador do meio ambiente, devido a seu
referida excludente. A Lei 9.605/98, no inciso I do art. complexo teor de direitos, mensurado pela obrigação
37, estabeleceu que “não é crime o abate de animal, do Estado e da Sociedade na garantia de um meio
quando realizado: I – em estado de necessidade, para ambiente ecologicamente equilibrado, já que se trata
saciar a fome do agente ou de sua família”. De outra de um bem de uso comum do povo que deve ser
parte, no que concernem às demais causas excludentes preservado e mantido para os presentes e futuras
previstas nos incisos II e IV do mencionado artigo, há gerações:
evidência que, se houver autorização competente ou Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
estiver o animal caracterizado com nocivo, o crime não ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
se configurará. povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
Das causas que podem resultar em excludentes ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
de antijuridicidade e de culpabilidade, a que mais lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.
frequentemente pode ocorrer nos crimes ambientais é § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito,
o erro de proibição: “O erro sobre a ilicitude do fato, incumbe ao Poder Público:
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá I - preservar e restaurar os processos ecológicos
diminuí-la de um sexto a um terço”. A alegação do erro essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
de proibição deve ser vista com cautela. É que a ecossistemas;
proteção ambiental é do conhecimento de toda a II - preservar a diversidade e a integridade do
população brasileira, em face da permanente patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades
divulgação dada pelos meios de comunicação. Por tal dedicadas à pesquisa e manipulação de material
razão, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região genético;
decidiu, em caso em que o infrator, pescador III - definir, em todas as unidades da Federação,
profissional, matou uma capivara, que “o apelante, espaços territoriais e seus componentes a serem
embora alegando desconhecer texto formal da lei, não especialmente protegidos, sendo a alteração e a
pode eximir-se de seu cumprimento, já que a regra é a supressão permitidas somente através de lei, vedada
inescusabilidade”. qualquer utilização que comprometa a integridade dos
“O agente não pode alegar o erro, se lhe era atributos que justifiquem sua proteção;
possível a consciência da ilicitude”. Mas é preciso não IV - exigir, na forma da lei, para instalação de
esquecer que é grande o número de figuras penais que obra ou atividade potencialmente causadora de
dependem da aplicação de norma complementar, ou significativa degradação do meio ambiente, estudo
seja, as normas penais em branco. Posto que tais prévio de impacto ambiental, a que se dará
normas complementares possam ser originárias de publicidade;
outro poder ou emanadas de ato administrativo nem V - controlar a produção, a comercialização e o
sempre muito divulgadas ou, ainda, sofrer frequentes emprego de técnicas, métodos e substâncias que
alterações, pode o agente ser levado a erro. Assim, comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
desde que as circunstâncias revelem que ele pode ter- meio ambiente;
se equivocado por desconhecer a proibição legal, é de VI - promover a educação ambiental em todos os
se reconhecer o erro de proibição. níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;

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VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,
função ecológica, provoque a extinção de espécies ou Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso
submetam os animais a crueldade. e as regiões situadas ao norte do paralelo 13°. S, dos
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de de 44° W, do Estado do Maranhão;
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público II - Área de Preservação Permanente - APP: área
competente, na forma da lei. protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a
§ 3º - As condutas e atividades consideradas função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, paisagem, a estabilidade geológica e a
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
administrativas, independentemente da obrigação de proteger o solo e assegurar o bem-estar das
reparar os danos causados. populações humanas;
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata III - Reserva Legal: área localizada no interior de
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense uma propriedade ou posse rural, delimitada nos
e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua termos do art. 12, com a função de assegurar o uso
utilização far-se-á, na formada lei, dentro de condições econômico de modo sustentável dos recursos naturais
que assegurem a preservação do meio ambiente, do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. dos processos ecológicos e promover a conservação da
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, fauna silvestre e da flora nativa;
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. IV - área rural consolidada: área de imóvel rural
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de
deverão ter busca localização definida em lei federal, 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades
sem o que não poderão ser instaladas. agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a
Artigos Constitucionais dedicados ao meio adoção do regime de pousio*;
ambiente ou a ele vinculados: Art. 5º: XXIII; LXXI; LXXIII; V - pequena propriedade ou posse rural familiar:
Art. 20: I; II; III; IV; V; VI; VII; IX; X; XI e § § 1º e 2º; Art. aquela explorada mediante o trabalho pessoal do
21: XIX; XX; XXIII a, b e c; XXV; Art. 22: IV; XII; XXVI; Art. agricultor familiar e empreendedor familiar rural,
23: I; III; IV; VI; VII; IX; XI; Art. 24: VI; VII; VIII; Art. 43: § incluindo os assentamentos e projetos de reforma
2º, IV e § 3º; Art. 49: XIV; XVI; Art. 91: § 1º, III; Art. 129: agrária, e que atenda ao disposto no art. 3o da Lei no
III; Art. 170: IV; Art. 174: § § 3º e 4º; Art. 176 e § §; Art 11.326, de 24 de julho de 2006;
182 e § §; Art. 186; Art. 200: VII; VIII; Art. 216: V e § § VI - uso alternativo do solo: substituição de
1º, 3º e 4º; Art. 225; Art. 231; Art. 232; Arts. 43 e 44 do vegetação nativa e formações sucessoras por outras
ADCT. coberturas do solo, como atividades agropecuárias,
industriais, de geração e transmissão de energia, de
5.2 Principais legislações extravagantes mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou
outras formas de ocupação humana;
Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de VII - manejo sustentável: administração da
2012) – vide texto compilado em: vegetação natural para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do
2014/2012/Lei/L12651.htm. manejo e considerando-se, cumulativa ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies
Este dispositivo legal depois de vários meses em madeireiras ou não, de múltiplos produtos e
discussão no Congresso Nacional para a relatoria do subprodutos da flora, bem como a utilização de outros
texto, depois para aprovação em plenário e finalmente bens e serviços;
quanto aos vetos presidenciais. Mesmo após aprovado * - Regime de Pousio consiste na rotação de
e sancionado ainda suscita alguma polêmica, pois culturas, duas ou três culturas, que se revezam, com
segundo alguns entendimentos não promoveram uma um descanso da terra entre cada uma delas.
recomposição da cobertura vegetal degradada No Artigo 4º do novo Código Florestal Brasileiro,
anteriormente, e teria dado muito mais espaço para os encontramos as situações definidas como Área de
produtores rurais. Vejamos alguns pontos importantes Preservação Permanente (APP), em zonas rurais ou
desta Lei Ordinária: urbanas, conforme veremos a seguir:

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I - as faixas marginais de qualquer curso d’água X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e
natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;
desde a borda da calha do leito regular, em largura XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção
mínima de: (Incluído pela Lei nº. 12.727, de 2012).; horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta)
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de metros, a partir do espaço permanentemente brejoso
menos de 10 (dez) metros de largura; e encharcado. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água 2012).
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de § 1o Não será exigida Área de Preservação
largura; Permanente no entorno de reservatórios artificiais de
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que água que não decorram de barramento ou
tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de represamento de cursos d’água naturais. (Redação
largura; dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água Quanto ao Regime de Proteção das Áreas de
que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) Preservação Permanente, o Código Florestal que
metros de largura; entrou em vigor recentemente exprime o seguinte:
Art. 7º A vegetação situada em Área de
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos Preservação Permanente deverá ser mantida pelo
d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) proprietário da área, possuidor ou ocupante a
metros; qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas público ou privado.
naturais, em faixa com largura mínima de: § 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto situada em Área de Preservação Permanente, o
para o corpo d’água com até 20 (vinte) proprietário da área, possuidor ou ocupante a
hectares de superfície, cuja faixa marginal será qualquer título é obrigado a promover a recomposição
de 50 (cinquenta) metros; da vegetação, ressalvados os usos autorizados
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; previstos nesta Lei.
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água § 2º A obrigação prevista no § 1º tem natureza
artificiais, decorrentes de barramento ou real e é transmitida ao sucessor no caso de
represamento de cursos d’água naturais, na faixa transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
definida na licença ambiental do empreendimento; § 3º No caso de supressão não autorizada de
(Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). vegetação realizada após 22 de julho de 2008, é
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos vedada a concessão de novas autorizações de
olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação supressão de vegetação enquanto não cumpridas as
topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; obrigações previstas no § 1o.
(Redação dada pela Lei nº Art. 8º A intervenção ou a supressão de
12.727, de 2012). vegetação nativa em Área de Preservação Permanente
V - as encostas ou partes destas com declividade somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública,
superior a 45°, equivalente a 100% (cem de interesse social ou de baixo impacto ambiental
por cento) na linha de maior declive; previstas nesta Lei.
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou § 1º A supressão de vegetação nativa protetora
estabilizadoras de mangues; de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser
VII - os manguezais, em toda a sua extensão; autorizada em caso de utilidade pública.
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a § 2º A intervenção ou a supressão de vegetação
linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a nativa em Área de Preservação Permanente de que
100 (cem) metros em projeções horizontais; tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4º poderá ser
IX - no topo de morros, montes, montanhas e autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função
serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e ecológica do manguezal esteja comprometida, para
inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a execução de obras habitacionais e de urbanização,
partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois inseridas em projetos de regularização fundiária de
terços) da altura mínima da elevação sempre em interesse social, em áreas urbanas consolidadas
relação à base, sendo esta definida pelo plano ocupadas por população de baixa renda.
horizontal determinado por planície ou espelho d’água § 3º É dispensada a autorização do órgão
adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ambiental competente para a execução, em caráter de
ponto de sela mais próximo da elevação; urgência, de atividades de segurança nacional e obras

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de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e 6.938, de 31 de agosto de 1981 (vide texto compilado
mitigação de acidentes em áreas urbanas. em:
§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938compi
regularização de futuras intervenções ou supressões de lada.htm).
vegetação nativa, além das previstas nesta Lei. Que, entre outros tantos méritos: a) teve o de
Art. 9º É permitido o acesso de pessoas e trazer para o mundo do direito o conceito de meio
animais às Áreas de Preservação Permanente para ambiente como objeto específico de proteção em seus
obtenção de água e para realização de atividades de múltiplos aspectos, sobretudo tratando o bem
baixo impacto ambiental. Código de Proteção à Fauna ambiental com uma visão holística e sistematizada; b)
- Lei N° 5.197, de 3 de janeiro de 1967 (vide texto de instituir Sistema Nacional de Meio Ambiente
compilado em: (SISNAMA), apto a propiciar o planejamento de ação
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5197compi integrada de diversos órgãos governamentais através
lado.htm). de uma política nacional para o setor; c) de
Tal norma foi recepcionada pela Constituição de estabelecer, no art. 14, § 1º, a obrigação do poluidor
1988, tornando-se a norma geral federal sobre a fauna. de reparar os danos causados, de acordo com o
Os princípios que informam tal corpo normativo são: 1) princípio da responsabilidade objetiva. d) previu o
Os animais da fauna silvestre são propriedades do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo
Estado, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA);
naturais, sendo proibida a sua utilização, perseguição, e) previu a Avaliação de Impacto Ambiental;f) criou o
destruição, caça ou apanha (art. 1°); 2) É proibida a Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos
caça profissional e, por conseguinte, é proibido o seu de Defesa Ambiental; g) estabeleceu normas e padrões
comércio e de objetos e produtos que impliquem na de qualidade ambiental etc.
sua caça, perseguição, destruição ou apanha. 3) A caça
amadora é permitida excepcionalmente, autorizada Ação Civil Pública - Lei nº. 7.347, de 24 de julho
previamente; 4) A criação em cativeiro, previamente de 1985 (vide texto compilado em:
autorizada pelo poder público, para fins econômicos e http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347compi
industriais é permitida. 5) Há uma lista de lada.htm): a) que disciplinou a Ação Civil Pública como
instrumentos não permitidos nos atos de caça, por instrumento processual específico para a reparação
implicarem crueldade contra os animais, em civil do dano ambiental e a defesa do ambiente e de
concordância com art. 225, §1º, inc.VII da Constituição outros interesses difusos e coletivos, e que possibilitou
Federal de 1988. Os atos infracionais ao Código eram que a agressão ambiental finalmente viesse a tornar-se
considerados contravenções e hoje foram quase todos um caso de justiça; b) Prevê Inquérito Civil Público; c)
erigidos à categoria de crimes contra a fauna (Lei Cria Termo de Ajustamento de Conduta (TAC.); d) Cria
9.605/98). o Fundo de Interesses Difusos etc.

Código de Proteção à Pesca - Decreto-Lei nº Lei de Crimes Ambientais - Lei n º 9.605, de 12


221, de 28 de fevereiro de 1967 (videtexto compilado de fevereiro de 1998 (vide texto em:
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm).
Lei/Del0221.htm). Tal corpo de normas também foi Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
recepcionado pela atual Constituição brasileira, aplicáveis às condutas lesivas ao meio ambiente, tanto
tornando-se a norma geral federal sobre o tema. São pessoa física como jurídica. É conhecida como a Lei dos
de domínio público todos os animais e vegetais que se Crimes Ambientais e representa um significativo
encontrem nas águas dominiais. Há a previsão do avanço na tutela do ambiente, por inaugurar uma
defeso que é a proibição da pesca no período de sistematização das sanções administrativas e por
procriação e proliferação que, no caso dos rios, tipificar organicamente os crimes ambientais.
coincide com as migrações de reprodução (piracema).
Assim como no caso do Código de Fauna, no Código de Infrações e Sanções Administrativas - Decreto
Pesca proíbe-se a utilização de certos instrumentos. Há nº. 6.514, de 22 de julho de 2008 (vide texto em:
a pesca profissional e a pesca amadora. Para qualquer http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
caso, exige-se a autorização do órgão ambiental. É 2010/2008/Decret/D6514.htm). Regulamenta Capítulo
proibida a pesca de CETÁCEOS em águas jurisdicionais VI da Lei de Crimes Ambientais, dispondo sobre
brasileiras (Lei 7643/87). infrações e sanções administrativas ambientais e,
ainda, estabelece o processo administrativo federal
Política Nacional do Meio Ambiente - Lei nº. para a apuração de tais infrações. O novo Decreto

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revogou expressamente o Decreto 3.179 de 1999, que Abusar, maltratar,


regulamentava as sanções aplicáveis às condutas e Detenção,
ferir, mutilar ou
de 3 R$ 500,00 a
atividades lesivas ao meio ambiente, e as reformulou, 32 Fauna
realizar
meses a 1 R$ 3.000,00
majorando multas a serem aplicadas e tipificando experiências
ano,e p/animal
dolorosas ou
novas condutas, antes não consideradas infrações cruéis em animais
multa
administrativas.
Provocar, pela
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de emissão de
Detenção,
efluentes ou
Conservação - Lei N 9.985, de 18 de julho de 2000 de 1 a 3 R$ 5.000,00
Fauna carreamento de
(vide texto em: 33
aquática materiais, o
anos, ou a R$
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9985.htm). multa, ou 500.000,00
perecimento de
ambas
Instituiu o Sistema Nacional de Unidades de espécimes da
Conservação. Regulamentada pelo Decreto 4.340 de fauna aquática
22/03/2002. R$ 700,00 a
Prevê dois grandes grupos de Unidades de R$
Conservação: a) Unidades de Conservação de Proteção Detenção, 100.000,00
Integral, onde se situam: Parques Nacionais, Reservas Pescar em período de 1 a 3 acrescida de
Fauna
proibido ou em anos, ou R$20,00
Biológicas, Estações Ecológicas; Monumento Natural e 34 ictiológi
lugares multa, ou p/kg ou
Refúgio de Vida Silvestre, dando-lhes a definição e os ca
interditados ambas fração ou
objetivos. b) Unidades de Conservação de Uso p/espécime
Sustentável, onde se situam: as Áreas de Proteção de uso
Ambiental (A.P.A.), Área de Relevante Interesse ornamental
Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista; R$ 700,00 a
Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Pescar com
R$
explosivos ou
Sustentável; Reserva Particular do Patrimônio Natural. Fauna Reclusão 100.000,00
substâncias
35 ictiológi de 1 a 5 acrescida de
semelhantes,
ca anos R$20,00
6. CRIMES AMBIENTAIS E INFRAÇÕES tóxicas ou outro
p/kg ou
ADMINISTRATIVAS meio proibido
fração

6.1 Crimes Contra a Fauna Ressalte-se que os crimes contra a fauna


ictiológica, trazem legislação complementar, que,
Ar Bem especialmente para a região nordeste do país, é de
Conduta Pena Multa
t. jurídico importância inquestionável, seu conhecimento pelo
policial militar. São elas:
Matar, perseguir,
Detenção,
caçar, apanhar, R$ 500,00
utilizar, vender,
de 6
p/animal. R$
Portaria N.º. 04- IBAMA de 19/03/2009
Fauna meses a 1
29 expor à venda, 5.000,00 se
Silvestre ano, e
adquirir, guardar,
multa
em extinção Art.4° - Fica proibido ao pescador amador o uso
ter em cativeiro de quaisquer petrechos de pesca que não estejam
fauna silvestre
especificados no art. 3º.
R$ 2.000,00 Art.5° A Licença para Pesca Amadora é válida em
acrescida de todo o território nacional, por um ano, a partir da data
Reclusão,
Anfíbios
Exportar peles e
de 1 a 3
R$ 200,00 de recolhimento da taxa especificada, e em
30 couros de anfíbios por animal. conformidade com a modalidade escolhida.
e répteis anos, e
e répteis em bruto R$5.000,00
multa
se em
Art.6º O limite de captura e transporte por
extinção pescador amador é de 10 kg (dez quilos) mais 01 (um)
exemplar para pesca em águas continentais, e 15 kg
R$ 2.000,00 (quinze quilos) mais um exemplar, para pesca em
Detenção, acrescida de
águas marinhas e estuarinas.
Introduzir animal de 3 R$ 200,00
31 Biota no país sem meses a 1 por animal.
autorização ano, e R$5.000,00 Instrução Normativa N.º 03 – MMA de
multa se em 21/02/2005
extinção
Art. 3º - É proibido o emprego dos seguintes

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apetrechos, equipamentos e métodos de pesca: transportar ou multa, ou a R$


I - rede elétrica ou quaisquer aparelhos que, soltar balões ambas 10.000,0
através de impulsos elétricos, possam impedir a livre que possam 0, por
movimentação dos peixes, possibilitando sua captura; provocar unidade
incêndios nas
II - rede de arrasto e de lance, de qualquer florestas e
natureza; demais formas
III - fisga, arpão, flecha e espingarda de de vegetação
mergulho;
Extrair de
IV - armadilha do tipo tapagem e/ou quaisquer
florestas
outros aparelhos fixos com a função de bloqueio; públicas ou R$
V - qualquer aparelho de pesca, cujo consideradas 5.000,00
comprimento seja superior a 1/3 (um terço) da largura de preservação Detenção, de a R$
do ambiente aquático; Florestas permanente, 6 meses a 1 50.000,0
44
públicas sem prévia ano, e multa 0 por
VI - equipamento de respiração artificial na autorização, hectare
prática de pesca com mergulho; pedra, areia, cal ou fração
VII - métodos de pesca que utilizem (...) tóxicos e ou qualquer
explosivos. espécie de
minerais

Cortar ou Reclusão, de
Madeira de transformar em 1 a 2 anos, e
45 ---------
6.2 Crimes Contra a Flora lei carvão madeira multa
de lei

Art Bem Receber,


Conduta Pena Multa
. jurídico adquirir,
vender, expor à R$
Destruir ou venda, ter em 300,00
danificar depósito, por
R$ Detenção, de
floresta transportar ou unidade,
Floresta de 5.000,00 46 Flora 6 meses a 1
considerada de Detenção, de guardar estéreo,
preservaçã a R$ ano, e multa
preservação 1 a 3 anos, ou madeira, lenha, quilo,
38 o 50.000,0
permanente, multa, ou carvão e outros mdc ou
permanent 0 por 3
mesmo que em ambas produtos de m
e hectare
formação, ou origem vegetal,
ou fração
utilizá-la sem licença
indevidamente

Cortar árvores
Floresta de
em floresta Detenção, de R$
Preservaçã
considerada de 1 a 3 anos, ou 500,00
39 o Art Bem
preservação multa, ou p/árvore, Conduta Pena Multa
permanent 3 . jurídico
permanente ambas m ou
e
sem permissão fração
R$
R$ 500,00
Causar dano Reclusão de 1 por
200,00 a
direto ou a5 hectare.
R$ Impedir ou
40 Biota indireto às anos.Culposa R$
100.000, dificultar a
Unidades de metade da 5.000,00
00 regeneração Detenção, de
Conservação pena (área de
48 Flora natural de 6 meses a 1
reserva
florestas e ano, e multa
Reclusão, de legal ou
demais formas
2 a 4 anos, e de
de vegetação
multa. preserva
Provocar ção
41 Detenção, de ---------
Mata ou incêndio em permane
6 meses a 1
floresta mata ou nte)
ano, e multa
floresta
(culposa)
Destruir, Detenção, de R$
Flora
Florestas e Fabricar, Detenção, de R$ 49 danificar, lesar 3 meses a 1 100,00 a
42 urbana
vegetações vender, 1 a 3 anos,ou 1.000,00 ou maltratar ano, ou R$

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plantas de multa, ou 1.000,00 6.3 Poluição e Outros Crimes Ambientais


ornamentação ambas. por
de logradouros Culposa de 1 unidade
Art Bem
públicos ou em a 6 meses, ou ou metro Conduta Pena Multa
. jurídico
propriedade multa quadrad
privada alheia o
Causar poluição de
qualquer natureza Reclusão,
em níveis tais que de 1 a 4
Destruir ou
resultem ou anos,e
danificar R$ 5.000,00
possam resultar em multa.
florestas ou Meio a R$
Detenção, de danos à saúde Detenção
vegetação 54 ambien 50.000.000,
50 Biota 3 meses a 1 ----------- humana, ou que , de 6
fixadora de te 00
ano, e multa provoquem a meses a 1
dunas,
mortandade de ano, e
protetora de
animais ou a multa
mangues
destruição (culposa)
significativa da flora
Comercializar
motosserra ou
R$ Executar pesquisa,
utilizá-la em
Detenção, de 1.000,00 lavra ou extração Detenção R$ 1.500,00
florestas e nas Recurs
51 Florestas 3 meses a 1 por de recursos , de 6 a R$
demais formas os
ano, e multa unidade 55 minerais sem meses a 1 3.000,00 por
de vegetação, minerai
autorização ou ano, e hectare ou
sem licença ou s
deixar de recuperar multa fração
registro
a área
Penetrar em
Produzir, processar,
Unidades de
embalar, importar, Reclusão,
Conservação
R$ exportar, de 1 a 4
com
Detenção, de 1.000,00 comercializar, anos,e
substâncias ou
6 meses a 1 a R$ Saúde fornecer, multa. R$ 500,00 a
52 Biota instrumentos
ano, e multa 10.000,0 pública transportar, Detenção R$
para caça ou
0 56 e meio armazenar, , de 6 2.000.000,0
para exploração
ambien guardar, ter em meses a 1 0
de produtos ou
te depósito ou usar ano,e
subprodutos
produto ou multa
florestais
substância tóxica, (culposa)
perigosa ou nociva
à saúde ou ao meio

Construir, reformar, Detenção


ampliar, instalar ou , de 6
R$ 500,00 a
Meio fazer funcionar meses a 1
R$
60 ambien estabelecimentos, ano,ou
10.000.000,
te obras ou serviços multa, ou
00
potencialmente ambas
poluidores

Disseminar doença
ou praga ou
Reclusão, R$ 5.000,00
espécies que
de 1 a 4 a R$
possam causar
61 Biota anos, e 5.000.000,0
dano à agricultura,
multa 0
à pecuária, à fauna,
à flora ou aos
ecossistemas

Vale detalhar entre os crimes de poluição, a


emissão sonora abusiva, um dos delitos com o qual o
policial militar, no exercício de sua missão, mais se
depara, com as situações que apresentamos no quadro
abaixo:

PARÂMETROS HORÁRIOS ENQUADRAMENTOS*

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Maior que 60 até 85 dB(A) 22h às 6h Arts. 42 ou 65 ou 60


Detençã
Maior que 70 até 85 dB(A) 6h às 22h Arts. 42 ou 65 ou 60**
o, de 1 a
Maior que 85 dB(A) 6h às 6h Arts. 54 ou 60*** Conceder o
3 anos,e
funcionário público
*com uso de decibelímetro. Quando não, far-se-á pela norma multa.
Administ licença, autorização
contravencional. Detençã
ração ou permissão em
** atividades que exijam permissão, concessão, autorização ou 67 o, de 3 -------------
ambienta desacordo com as
licença. meses a
l normas ambientais,
*** auto de prisão em flagrante. Para os demais T.C.O. 1 ano, e
para as atividades,
Obs.: Estados e Municípios podem legislar sobre o tema, sempre multa
obras ou serviços
com superveniência da Lei federal. (culposa
6.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o )
Patrimônio Cultural Detençã
Deixar, aquele que
o, de 1 a
tiver dever legal ou
Ar Bem Administ 3 anos,
Conduta Pena Multa contratual de fazê- ---------------
t. jurídico ração e multa.
68 lo, de cumprir -
ambienta Culposo
obrigação de
Reclusão l 3 meses
relevante interesse
, de 1 a 3 a 1 ano
Destruir, inutilizar ou ambiental
anos, e e multa
deteriorar bem
multa. R$
especialmente Obstar ou dificultar Detençã
Detençã 10.000,00 a Administ
Patrimô protegido por lei, ato a ação fiscalizadora o, de 1 a R$ 500,00
62 o, de 6 R$ ração
nio administrativo ou 69 do Poder Público no 3 anos,e a R$
meses a 500.000,00 ambienta
cultural decisão judicial trato de questões multa 100.000,00
1 ano, e l
(arquivos, registro, ambientais
multa
museu, biblioteca...)
(culposa
) Elaborar ou
apresentar, no
Alterar o aspecto ou licenciamento,
estrutura de Reclusão R$ concessão florestal Reclusã
edificação ou local , de 1 a 3 10.000,00 a ou qualquer outro o, de 3 a R$
Patrimô Administ procedimento 6 anos, 1.500,00 a
63 especialmente anos, e R$
nio ração administrativo, e multa. R$
protegido por lei, ato multa 200.000,00 70
cultural ambienta estudo, laudo ou Detençã 1.000.000,
administrativo ou
decisão judicial l relatório ambiental o de 1 a 00
total ou 3 anos
Detençã R$ parcialmente falso
Promover construção ou enganoso,
o, de 6 10.000,00 a
Patrimô em solo não inclusive por
64 meses a R$
nio edificável, ou no seu omissão
1 ano, e 100.000,00
cultural entorno
multa

Monum Pichar, grafitar ou por Detençã


6.6 Crimes e Outras Infrações Penais
R$ 1.000,00 Ambientais
ento outro meio o, de 3
a R$
65 patrimô conspurcar edificação meses a
50.000,00
nio ou monumento 1 ano, e
Bem
cultural urbano multa Art. Conduta Pena Multa
jurídico

6.5 Crimes Contra a Administração Ambiental Deixar em


Revogados
liberdade; confiar á
artigos 28,
guarda ou não Prisão
38 e 64,
Art Bem guardar; simples,
Conduta Pena Multa 31 todos da
. jurídico abandonar; excitar de 10
da Seguranç LCP
ou irritar; ou dias a 2
LCP a alheia (Decreto-
Fazer funcionário conduzir animal meses,
Lei 3.688,
público afirmação R$ perigoso, de tiro, ou
Reclusã de
Moralida falsa ou enganosa, 1.500,00 a carga ou corrida multa
o, de 1 a 03.10.1941
de omitir a verdade, R$ expondo a perigo a
66 3 anos, )
ambienta sonegar 1.000.000, segurança alheia
e multa
l informações ou 00
dados técnico-
científicos

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Perturbar alguém, o Soltar animais ou Prisão


trabalho ou o não tomar as simples,
sossego alheios com precauções de 3
26,
gritaria ou Florestas necessárias para meses a
m
algazarra; Prisão que não penetre em 1 ano,
exercendo profissão simples, florestas sujeitas a ou
42
incômoda ou de 15 regime especial multa
da Sossego
ruidosa; abusando dias a 3
LCP alheios
de instrumentos meses,
sonoros ou sinais ou Fica proibido pescar
acústicos; ou multa ou molestar toda Reclusã
Lei 7.643,
provocando ou não espécie de cetáceo o, de 2 a
2º Cetáceos de
procurando impedir nas águas 5 anos,e
18.12.87
barulho produzido jurisdicionais multa
por animal brasileiras

Prisão Produzir bens,


Molestar alguém ou simples, explorar, adquirir,
65 Tranqüili perturbar-lhe a de 15 transportar,
da dade tranquilidade, por dias a 2 industrializar, tiver
LCP alheia acinte ou por meses, consigo, consumir
motivo reprovável ou ou comercializar Lei nº
multa Detençã
produtos ou 8.176, de 8
Recursos o, de 1 a
2º matéria-prima de
minerais 5 anos,
pertencentes à fevereiro
e multa
Associarem-se mais União, sem de 1991
Reclusã CP – Códig
288 Quadrilh de três pessoas, em autorização legal ou
o de um Penal
do a ou quadrilha ou bando, em desacordo com
a três (Dec.-Lei
CP bando para fim o de as obrigações
anos 2.848)
cometer crimes impostas pelo título
autorizativo

Fazer fogo, por


Prisão
qualquer modo, em
simples,
Florestas florestas e demais
de 3
26, e formas de
meses a
e vegetaçõ vegetação,sem
1 ano,
es tomar as
ou
precauções Lei 4.771,
multa
adequadas de 15 de
setembro
Deixar de restituir à de 1965
Prisão
autoridade, licenças (Código
simples,
extintas pelo Florestal)
de 3
decurso do praz ou
meses a
26,j Florestas pela entrega a
1 ano,
consumidor dos
ou
produtos
multa
procedentes de
floresta

Empregar, como Prisão


combustível, simples,
produtos florestais de 3
26,l Florestas ou hulha, sem uso meses a
de dispositivos que 1 ano,
impeçam a difusão ou
de fagulhas multa

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REFERÊNCIAS

• CONSTANTINO, Carlos Ernani. Delitos ecológicos: a


lei ambiental comentada artigo por artigo. São
Paulo: Atlas, 2001.
• COSTA NETO, Nicolau Dino de Castro e. Crimes e
infrações administrativas ambientais. Brasília:
Brasília Jurídica, 2000.
• DELMANTO, Celso. Código penal comentado. São
Paulo: Editora Renovar, 1991.
• FREITAS, Vladimir Passos de. A polícia na proteção
ao meio ambiente. Revista de Direito Ambiental.
São Paulo: RT, ano 7, v. 28, 2002.
• FREITAS, Vladimir Passos de. Crimes contra a
natureza. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2006.
• FREITAS, Vladimir Passos de. A contribuição da Lei
dos Crimes Ambientais na defesa do meio
ambiente. Revista CEJ. Brasília, n. 33, p. 05-15, abr./
jun. 2006.
• FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo. Resumo de
Direito Penal. São Paulo: Malheiros Editores, 7 ed.,
1995.
• IBAMA. Manual de Fiscalização. Brasília: CGFIS,
2002.
• MEDAUAR, Odete (org.). Constituição Federal e
Coletânea de legislação de direito ambiental. São
Paulo: RT, 3 ed., 2004.
• MILARE, Edis. A nova tutela penal do meio
ambiente. Revista de direito ambiental. São Paulo,
v. 04, n. 16, p. 90-134, out./ dez. 1999.
• SILVA, José Geraldo da. Leis penais especiais
anotadas. Campinas: Millennium, 2004. NORONHA,
Edgar Magalhães. Direito Penal. Editora Rideel, v. 1,
ed. 38. 2009.

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festiva, que pertence à cultura do povo, portanto há de


Anexo I ser preservada”, disse. Segundo o ministro, na
vaquejada há técnica, regramento e treinamento
diferenciados, o que torna a atuação exclusiva de
STF julga inconstitucional lei cearense que vaqueiros profissionais.
regulamenta vaquejada Na sessão de hoje, também votaram os ministros
Ricardo Lewandowski, e a presidente da Corte,
ministra Cármen Lúcia, ambos pela procedência da
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou ação.
procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade Dessa forma, seguiram o relator os ministros Luís
(ADI) 4983, ajuizada pelo procurador-geral da Roberto Barroso, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski,
República contra a Lei 15.299/2013, do Estado do Celso de Mello e a presidente da Corte, ministra
Ceará, que regulamenta a vaquejada como prática Cármen Lúcia. Ficaram vencidos os ministros Edson
desportiva e cultural no estado. A maioria dos Fachin, Teori Zavascki, Luiz Fux, Dias Toffoli e Gilmar
ministros acompanhou o voto do relator, ministro Mendes.
Marco Aurélio, que considerou haver “crueldade
intrínseca” aplicada aos animais na vaquejada.
O julgamento da matéria teve início em agosto de Fonte:http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDet
2015, quando o relator, ao votar pela procedência da alhe.asp?idConteudo=326838
ação, afirmou que o dever de proteção ao meio
ambiente (artigo 225 da Constituição Federal)
sobrepõe-se aos valores culturais da atividade
desportiva.
Em seu voto, o ministro Marco Aurélio afirmou que
laudos técnicos contidos no processo demonstram
consequências nocivas à saúde dos animais: fraturas
nas patas e rabo, ruptura de ligamentos e vasos
sanguíneos, eventual arrancamento do rabo e
comprometimento da medula óssea. Também os
cavalos, de acordo com os laudos, sofrem lesões.
Para o relator, o sentido da expressão “crueldade”
constante no inciso VII do parágrafo 1º do artigo 225
da Constituição Federal alcança a tortura e os maus-
tratos infringidos aos bois durante a prática da
vaquejada. Assim, para ele, revela-se “intolerável a
conduta humana autorizada pela norma estadual
atacada”.
Na mesma ocasião, o ministro Edson Fachin divergiu
do relator e votou pela improcedência da ação. Para
ele, a vaquejada consiste em manifestação cultural, o
que foi reconhecido pela própria Procuradoria Geral da
República na petição inicial. Esse entendimento foi
seguido, também naquela sessão, pelo ministro Gilmar
Mendes. Na sessão de 2 de junho deste ano, os
ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Celso de
Mello seguiram o relator. Já os ministros Teori Zavascki
e Luiz Fux seguiram a divergência, no sentido da
validade da lei estadual.
O julgamento foi retomado na sessão desta quinta-
feira (6) com a apresentação do voto-vista do ministro
Dias Toffoli, favorável à constitucionalidade da lei
cearense. Ele entendeu que a norma não atenta contra
nenhum dispositivo da Constituição Federal. “Vejo com
clareza solar que essa é uma atividade esportiva e

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canoas enquanto a margem esta tomada por uma


Anexo II morena e movimentada massa humana. Quando o
timbre de trombeta da voz do velho cacique espalhou-
A Carta do Cacique Seattle, em 1855 se sobre a imensa multidão como o rufar de um
tambor, formou-se um silêncio tão instantâneo e
perfeito como aquele que segue o crack do trovão em
Em 1854, o presidente dos Estados Unidos propôs um céu limpo.
comprar uma grande área de terra dos índios peles-
Sendo então apresentado à multidão nativa pelo Dr.
vermelhas, prometendo uma reserva para que nela eles
Maynard, em um tom conversacional, direto e objetivo,
pudessem viver. A resposta do Cacique Seattle é tida
o Governador deu imediatamente início a uma
como uma profunda declaração de amor ao Meio
explanação sobre sua missão, que é conhecida demais
Ambiente, brotada do coração puro e simples de um
para que requeira recapitulação.
índio cheio de reconhecimento à Natureza por tudo de
bom que ela dá ao homem. Eis a resposta: Quando ele se sentou, o cacique Seattle levantou-se
"O velho cacique Seattle era o maior índio que eu com a dignidade de um senador que carrega em seus
jamais havia visto. E o que tinha aparência mais nobre. ombros a responsabilidade sobre uma grande nação.
Em seus mocassins, ele media mais de 1,80m, ombros Colocando uma mão sobre a cabeça do Governador, e
largos, tórax amplo e traços finos. Seus olhos eram lentamente apontando para o céu com o dedo
grandes, inteligentes, expressemos e amigáveis quando indicador da outra, em tom solene e impressionante,
em repouso, e espelhavam fielmente os variados começou seu memorável pronunciamento.
estados de espírito da grande alma que olhava através
deles. Normalmente ele era solene, calado e digno, Fonte:
porém nas grandes ocasiões movia-se na multidão http://www.ufpa.br/permacultura/carta_cacique.htm
como um Titã entre Liliputianos, e o que dissesse era
lei.
Quando se levantava para falar, em reuniões, ou para
oferecer conselho, todos os olhos se voltavam para ele,
e então frases profundas, sonoras e eloqüentes fluíam
de seus lábios assim como trovões de cataratas fluindo
continuamente de fontes inexauríveis. Suas diretrizes
soavam tão nobres como teriam soado aquelas do
mais cultivado chefe militar que estivesse no comando
das forças de todo o continente. Nem sua eloqüência,
nem sua dignidade ou sua graça haviam sido
adquiridas. Elas eram tão próprias da sua
personalidade quanto as folhas e as flores o são em um
pessegueiro em flor.
Sua influência era maravilhosa. Ele poderia ter sido um
imperador, mas todos os seus instintos eram
democráticos, e ele comandava os seus leais cidadãos
com suavidade e com paternal benignidade.
Ele sempre era alvo de especial atenção pelo homem
branco, principalmente quando sentado à sua mesa.
Era nessas ocasiões que ele demonstrava, mais do que
em qualquer outro lugar, o cavalheirismo que lhe era
genuíno.
Assim que o Governador Stevens chegou em Seattle e
disse aos nativos que tinha sido indicado com
comissário para assuntos indígenas para o território de
Washington, estes lhe prepararam recepção frente dos
escritórios do Dr. Maynard's, na margem próxima da
Rua Principal - Main Street. A baía enxameava de

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