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UNIDADE 3

Metodologia
do ensino
de lutas
Unidade 3

LUTAS JAPONESAS
E CHINESAS

Mário Molari

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, você conhecerá as lutas


japonesas e chinesas que são a base da arte marcial. Também perceberá
que essas artes marciais, além de serem um modelo de luta, apresentam
uma questão cultural e filosófica de representação social de um povo.

Seção 1 | Jiu-Jutsu – a luta do contexto das alavancas


Nesta seção você vai conhecer o jiu-jitsu, caracterizado como a arte
suave que contém uma série de estratégias de neutralização do adversário
de forma eficiente. Essa arte marcial é muitas vezes encarada como um
jogo de xadrez, em que os seus praticantes utilizam toda sua eficácia
cognitiva para vencer a luta.

Seção 2 | Caminho das mãos vazias (Karatê-Do)


Aqui você estudará o karatê-do. Trata-se de uma arte marcial de
grande impacto na nossa sociedade, pois exige de seus praticantes muita
concentração e noção de espaço, para se adequar aos ataques precisos.
O karatê é muito respeitado devido a sua eficiência, tanto dos membros
inferiores como dos superiores.
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Seção 3 | Tai Chi Chuan: a descoberta da suavidade pelos


samurais
Nesta seção será apresentada a arte do tai chi chuan. Muitos estudiosos
dizem ser a arte mais antiga e que serviu de inspiração para que os
samurais treinassem a concentração antes dos combates.

Seção 4 | Kendô: o caminho da espada


Nesta seção você iniciará os estudos sobre o kendô, que nasceu do
rígido treinamento dos samurais. Além de toda a sua eficiência cognitiva,
há uma incessante característica de se treinar cinco golpes e, a partir
deles, se tornar implacável no ataque e defesa.

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Introdução à unidade

Olá! Nesta unidade vamos conhecer algumas das lutas mais importantes
advindas das regiões japonesas e chinesas. São artes que contemplam a
nomenclatura das artes marciais por serem focadas não somente nas questões
físicas, mas, principalmente, na filosofia e cultura dessas regiões.

Iremos dialogar sobre quatro tipos de artes marciais. São elas: jiu-jitsu, karatê, tai
chi chuan e kendô. Todas elas têm em sua essência a questão de sobrevivência de
seus povos, ou seja, em algum momento da história essas regiões foram proibidas
de utilizar o manejo das armas e, assim, tiveram que desenvolver algo para que
seus povos pudessem aprender e transformar o corpo numa arma, com o objetivo
de se defender de seus oponentes.

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Seção 1
Jiu-Jutsu: a luta do contexto das alavancas

Introdução à Seção
O jiu-jitsu foi muito empregado durante as guerras, transformou-se em uma
luta corporal que, além das quedas, “chaves” de articulações, estrangulamentos e
imobilizações, somou a si todo o tipo de golpe que pudesse levar uma vantagem
contra o adversário, como socos, chutes, armas e "golpes baixos" (FEDERAÇÃO
PAULISTA DE JIU-JITSU, 2010 apud PACHECO, 2010).

O jiu-jitsu, em japonês, significa “arte suave” ou “arte gentil”. Recebe este nome
devido a sua origem junto aos monges budistas que pregavam conceitos de paz e
não violência. No entanto, com o passar do tempo, esta arte marcial vai se tornando
uma arma de guerra, perdendo totalmente a característica de autodefesa, sendo
sua nomenclatura literal mal-empregada (FEDERAÇÃO PAULISTA DE JIU-JITSU,
2010 apud PACHECO, 2010).

1.1 O jiu-jitsu no Brasil


A partir do final do século XIX, alguns mestres migraram do Japão para outros
continentes, vivendo do ensino da arte marcial e das lutas que realizavam. Esai
Maeda Koma, conhecido como Conde Koma, foi um deles, que, depois de viajar
com sua equipe lutando em vários países da Europa e das Américas, chegou ao
Brasil em 1915 e se fixou em Belém do Pará, onde conheceu Gastão Gracie, que
tinha oito filhos (cinco homens e três mulheres). Gastão era um homem influente na
região e ajudou o Conde Koma na nova cidade e logo conquistou sua amizade. Em
1921, Conde Koma fundou sua primeira academia na cidade de Belém e lecionava
judô e jiu-jitsu (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JIU-JITSU, 2013; GRACIE, 2012).

Gastão tornou-se um entusiasta do jiu-jitsu e levou o filho mais velho, Carlos,


para aprender a luta com o japonês. Franzino por natureza, aos 15 anos, Carlos
Gracie encontrou no jiu-jitsu um meio de realização pessoal. Aos 19 anos de idade,
mudou-se para o Rio de Janeiro com a família e adotou a profissão de lutador e
professor dessa arte marcial. Viajou para Belo Horizonte e depois para São Paulo,
ministrando aulas e vencendo adversários bem mais fortes fisicamente. Em 1925,
voltou ao Rio de Janeiro e abriu a primeira Academia Gracie de Jiu-Jitsu. Convidou

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seus irmãos Oswaldo e Gastão para assessorá-lo e assumiu a criação dos menores,
George, com 14 anos, e Hélio, com 12 anos (GURGEL, 2003).

Carlos Gracie transmitiu seus conhecimentos aos irmãos, adequando e


aperfeiçoando a técnica ao biotipo físico (franzino) de sua família. Além das
técnicas, transmitiu também a sua filosofia de vida e conceitos de alimentação
natural, sendo um pioneiro na criação de uma dieta especial para atletas, a “Dieta
Gracie”, transformando o jiu-jitsu em sinônimo de saúde (CONFEDERAÇÃO
BRASILEIRA DE JIU-JITSU, 2013).

Detentor de uma eficiente técnica de defesa pessoal, Carlos Gracie viu no jiu-
jitsu um meio para se tornar um homem mais tolerante, respeitoso e autoconfiante.
Com objetivo de provar a superioridade do jiu-jitsu e formar uma tradição familiar,
Carlos Gracie lançou desafios aos grandes lutadores da época e passou a gerenciar
a carreira dos irmãos. Combatendo adversários com 20 e 30 quilos mais pesados,
os Gracie logo adquiriram fama e notoriedade nacional. Atraídos pelo novo
mercado que se abriu em torno do jiu-jitsu, muitos japoneses vieram para o Rio
de Janeiro, entretanto, nenhum deles formou uma escola tão sólida quanto à da
Academia Gracie, visto que o jiu-jitsu que praticavam privilegiava as quedas; e o
dos Gracie privilegiava o aprimoramento da luta no chão e os golpes de finalização
(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JIU-JITSU, 2013).

Claramente, a ênfase dos Gracie era na eficiência da luta em combate real.


Pensavam sempre no que era mais viável em uma luta real e não segundo métodos
institucionalizados como era o caso do judô. E por isso utilizavam a estratégia de
levar a luta para o chão sempre que assim quisessem. Essa forma de lutar no chão
era desconhecida para a maioria dos lutadores de outras artes marciais e era onde
os lutadores de jiu-jitsu mais se sobressaíam (GRACIE, 2012).

Carlos Gracie, ao modificar as regras internacionais do jiu-jitsu japonês nas


lutas que ele e os irmãos realizavam, iniciou o primeiro caso de mudança de
nacionalidade de uma luta, ou esporte, na história esportiva mundial. Anos depois,
a arte marcial japonesa passou a ser denominada de “jiu-jitsu brasileiro”, sendo
levada para o mundo todo, inclusive para o Japão (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA
DE JIU-JITSU, 2013).

Hélio Gracie, considerado o maior gênio de nosso esporte, desenvolveu técnicas


muito eficientes a ponto de serem reconhecidas como perfeitas. Porém, no início,
Hélio tinha restrições médicas que o impediam de praticar esportes devido ao seu
físico fraco. Ele não suportava atividades físicas muito intensas e desmaiava quando
tentava fazê-las. Por outro lado, assistia a todas as aulas do irmão e desejava muito
fazer aquilo. Um dia, seu irmão se atrasou e Hélio se transformou dali em diante
em “professor”, pois por meio da observação já sabia todo o programa das aulas
com extrema perfeição. Nascia então o mais perfeito lutador de todos os tempos

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(GURGEL, 2003).

Hélio Gracie, além de desbravar o árduo caminho para provar a superioridade do


jiu-jitsu perante as outras lutas, realizando combates de vale-tudo por todo o país,
ainda conseguia manter a família inteira sobre seu comando, treinando seus familiares
para que o jiu-jitsu jamais ficasse sem representantes. E foi o que aconteceu: Hélio
Gracie se despediu dos ringues aos 45 anos, dando lugar ao segundo fenômeno
da família, Carlson Gracie, que foi quem mais lutou em vale-tudo e, sem nunca
conhecer derrota, criou excelentes alunos, escrevendo uma importante fase do
jiu-jitsu. Entretanto, enquanto Carlson dominava os ringues, Hélio já preparava seu
sucessor. Rolls Gracie ganhou sua faixa preta com apenas 16 anos e, depois disso,
não ouviu nenhum comentário de que alguém tenha passado sua guarda. Era um
lutador completo, exímio em pé, e também praticava luta greco-romana, tornando-
se o maior finalizador da família em todos os tempos (GURGEL, 2003).

Como você imagina as estratégias de pontuações no jiu-jitsu?


Reflita sobre isso.

Para saber mais, leia o texto a seguir:

IBJJF. Livro de regras. Disponível em: <http://cbjj.com.br/wp-content/


uploads/2015/03/RegrasIBJJF_v4_pt-BR.pdf>. Acesso em: 5 maio 2016.

1.2 Fundamentos do jiu-jitsu


Os fundamentos do jiu-jitsu são muito importantes na iniciação do aluno nesta
arte marcial, pois fazem com que se habitue mais rápido ao tatame, ao quimono e
aos primeiros movimentos de luta. Os rolamentos são responsáveis pela segurança
do aluno, que aprende a cair sem se machucar. Já a técnica da fuga de quadril e a
levantada são movimentos educativos que serão muito utilizados na hora do combate.
Aprender estes movimentos de maneira correta é fundamental para a evolução das
técnicas seguintes e algo que jamais deve ser negligenciado (GURGEL, 2003).

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No fundamento “rolamento de frente” o atleta deve posicionar-se com uma


perna à frente e a mão oposta no chão. A mão do mesmo lado da perna que está
à frente deve ser colocada com os dedos voltados para trás e a cabeça deve virar
olhando por cima do ombro oposto à perna que está à frente. Deve-se concentrar
todo o peso na ponta do pé que está à frente, tirando do chão a perna de trás
e se desequilibrando para frente. Depois, deve-se iniciar o rolamento por cima
do ombro, protegendo a cabeça de qualquer contato com o solo. No meio do
rolamento, o lutador permanece com as pernas esticadas e separadas e recolhe as
mãos próximas ao peito. Ao final do movimento, deve cair com o braço totalmente
esticado a uma distância de aproximadamente um palmo da perna, que também
deverá estar esticada e paralela ao braço. Por fim, deve-se manter o queixo colado
no peito e a outra mão na altura da faixa (GURGEL, 2003).

Já para o fundamento “rolamento de costas”, o atleta deve iniciar na posição de


pé; agachar sentando nos calcanhares e colocando os braços esticados à frente;
sentar no chão colocando o queixo no peito e desequilibrando-se para trás; e bater
os braços no chão, mantendo o quadril no chão e as pernas esticadas, completando
o movimento que protege seu corpo em caso de queda para trás (GURGEL, 2003).

No fundamento “queda de costas”, partindo da posição natural, os membros


superiores são flexionados no plano frontal; a cabeça é levemente fletida para
frente e flexiona os membros inferiores e inicia um rolamento para trás; e no
momento em que a região dorsal tocar no solo, os braços e mãos executam a
batida no solo, estando os braços afastados do corpo em torno de 30 graus e os
membros inferiores são elevados no sentido do eixo longitudinal (SANTOS, 2007).

Para executar o fundamento “queda de costas”, partindo da posição em pé,


deve-se elevar os membros superiores (antebraço + braço) à altura dos ombros,
com as mãos unidas; flexionar os joelhos, como se fosse sentar; e, então, projetar
o corpo para trás, batendo as mãos no tatame ao mesmo tempo, formando um
só som. O pescoço deve estar fletido de forma que o queixo encoste na região do
tórax (PINTO, 2011).

A “queda frontal ou queda facial” é mais utilizada em competição do que em


treinamento, pois, quando o atleta cai no plano sagital no sentido anteroposterior,
não significa pontuação para quem projeta. A execução deste ukemi trata de
deixar o corpo projetar-se no sentido anteroposterior com flexão de ombros no
plano sagital anterior, com as mãos em pronação, fletidas em relação ao punho.
Conforme o corpo for se aproximando do solo, flexiona-se o membro superior e
o impacto será amortecido em função da batida das mãos e antebraços no solo.
Concomitantemente ocorre a elevação do quadril e, para isso, os pés devem estar
em hiperextensão dorsal em contato com o solo (SANTOS, 2007).

Na execução do fundamento “queda de frente”, na posição em pé, deve-se

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projetar o corpo para frente, de forma a apoiar os antebraços e as palmas das


mãos, assim como os dedos dos pés. As pernas devem se afastar enquanto o
corpo se projeta para frente. Na primeira fase de aprendizagem, os alunos devem
partir da posição ajoelhada (PINTO, 2011).

A execução do fundamento “queda lateral” pode ser direita ou esquerda. Para a


queda lateral direita, na posição fundamental, flexiona-se o membro superior direito
à frente do corpo, desliza o membro inferior direito na mesma direção e sentido,
flexiona o membro inferior esquerdo até o calcanhar ficar próximo ao glúteo e a
perna esquerda estará deslizando e estendida à frente. O corpo cai para o lado e,
no momento de tocar o solo, é realizada a batida da mão e antebraço, que devem
formar com o corpo um ângulo aproximado de 30 graus (SANTOS, 2007).

No fundamento “queda de lado”, partindo da posição em pé, o lutador deve


abduzir um membro superior (braço + antebraço) na altura dos ombros e projetar
o membro inferior (coxa + perna) do mesmo lado para frente, flexionando o joelho
oposto, para, assim, deitar-se lateralmente. Os membros inferiores e superiores –
antes estendidos – devem se manter assim, e a mão deve bater no tatame. A outra
mão deve ser posicionada sobre a faixa e a outra perna fletida. Na primeira fase de
aprendizagem, os alunos devem partir da posição agachada (PINTO, 2011).

A execução do fundamento “queda com rolamento para frente” pode ser feita
pela direita ou pela esquerda. Esta técnica é a mais utilizada, tanto em treinamento
como em competições, pois grande parte das técnicas de projeção do grupo tati-
waza (técnica em pé) é finalizada com este tipo de amortecimento de queda. O
zempô-kaiten-ukemi-hidari, partindo da posição fundamental, avança a perna direita
no plano sagital, flexionando os membros inferiores e apoiando a mão direita no
tatame ao lado do pé direito com os dedos um pouco voltados para trás. A mão
esquerda, da mesma forma, é apoiada no tatame, porém com os dedos voltados
para o lado direito do executante. O corpo é inclinado no sentido anteroposterior,
rolando sobre o ombro esquerdo, sendo que o membro superior permanece
semifletido em arco, com as costas encurvadas e a cabeça colocada entre os
ombros. Após o rolamento, quando as costas tocarem o tatame, o braço e a mão
esquerda executam a batida, finalizando o movimento com toda a lateral esquerda
do corpo tocando o tatame, sendo que o membro inferior esquerdo semiflexionado
toca no solo com a lateral e o membro inferior direito permanece semiflexionado no
sentido longitudinal, apenas com a planta do pé tocando o tatame (SANTOS, 2007).

O fundamento “Levantada Técnica” deve ser iniciado na posição deitada, com


as plantas dos pés voltadas para frente. O lutador deve sentar-se na posição de
defesa, com uma perna esticada e a outra flexionada, com o braço apoiado em
cima da mesma e a mão de trás esticada no chão; dar impulso com o pé que está
apoiado, puxando a perna esticada por entre o braço e a outra perna, tirando os
dois pés do chão e se apoiando só no braço; apoiar o pé da frente primeiro na

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mesma linha da mão, jogando a outra perna para trás; e, por fim, levantar em base
numa distância segura do seu oponente (GURGEL, 2003).

Na “fuga de quadril” o fundamento deve ser iniciado com os dois pés no chão
e as pernas flexionadas; elevar o quadril, ficando apoiado somente nos dois pés e
num ombro; apoiar o pé oposto ao lado em que virou o corpo e estique (extensão)
a outra perna; escorregar o quadril para trás, de forma que o pé da perna “esticada”
(estendida) venha de encontro às mãos; e, por fim, esticar o corpo e recomeçar
para o outro lado (GURGEL, 2003).

Qual a sua concepção sobre os desafios da arte do jiu-jitsu na


atualidade? Reflita sobre isso.

Para saber mais, leia o texto a seguir:

GUIMARÃES, Fernando de Melo. Jiu-jitsu brasileiro. In: DACOSTA,


Lamartine (Org.). Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: CONFEF,
2006. Disponível em: <http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/75.
pdf>. Acesso em: 5 maio 2016.

1.3 Principais técnicas do jiu-jitsu


A aplicação de determinada técnica depende da postura de combate do
adversário, pois é a partir das suas reações que aplicamos a técnica que melhor se
encaixa para determinado momento do combate (GURGEL, 2003).

Uma das principais técnicas é a “montada”, quando o atleta está “por cima”, com
a guarda passada. Ele “monta” em seu adversário com os joelhos e pés no solo,
podendo este estar de frente, de lado ou até mesmo de costas (DOMINGUES, 2010).

Na “montada” (Figura 3.1), com o adversário deitado de costas no solo, o lutador


monta sobre ele como que ajoelhado. Assim, mantém os dois joelhos no chão,
bem como o dorso dos dois pés. Depois, pressiona os joelhos contra o corpo

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do adversário, para dominá-lo melhor. Poderá também colocar os pés embaixo


dele. No caso de o adversário ser muito pesado ou muito maior, esta “montada” é
desconfortável e impraticável, pois não será possível alcançar o solo com os dois
joelhos. O lutador deverá, então, utilizar a “montada” clássica, com uma das pernas
flexionada e o joelho da perna oposta no chão (MOREIRA, 2012).

Figura 3.1 | Técnica montada

Fonte: Moreira (2012, p. 10).

A técnica “passagem de guarda” (Figura 3.2) é caracterizada quando o lutador


está “por cima”, entre as pernas do oponente, preso ou não, estando o adversário
em decúbito ventral. Vale dizer que o lutador pode estar “por cima” de uma das
pernas, mas preso pela outra perna. É aplicada “passagem de guarda”, quando o
adversário está deitado no solo com as pernas abertas. Inicia-se a passagem de
guarda colocando uma das mãos por dentro das pernas, mantendo o cotovelo do
outro braço voltado para dentro; coloca-se a mão na gola com o dedo polegar para
dentro, levando a perna do oponente para cima do ombro; coloca-se o joelho por
um breve momento no chão para facilitar a entrada do ombro embaixo da perna
do adversário; depois, é necessário transferir todo o peso para frente, ficando na
ponta dos pés e puxando o quadril do adversário para cima pelo fundilho da calça.
Ao baixar o quadril, deve-se levantar a cabeça para que as pernas do oponente
passem pela frente do rosto do lutador e empurrar a mão do fundilho para baixo,
colocando o quadril dele novamente no chão; por fim, deve-se passar o cotovelo
para o lado da orelha do oponente e colocar a outra mão do lado oposto no chão,
ao lado do quadril (GURGEL, 2003; DOMINGUES, 2010).

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Figura 3.2 | Técnica passagem de guarda

Fonte: Gurgel (2003, p. 19).

A técnica “raspagem” (Figura 3.3) é a inversão de posições durante a luta, quando


o atleta está “por baixo”, com o adversário dentro da guarda (entre as pernas), ou até
mesmo na meia guarda (prendendo uma das pernas do adversário com suas pernas),
e consegue inverter a posição por meio de técnicas indo para cima do adversário,
isto é, desequilibrando para o lado, para cima ou para trás (DOMINGUES, 2010).

Figura 3.3 | Técnica raspagem

Fonte: Moreira (2012, p. 24).

Para a aplicação da técnica “raspagem tesourada” (Figura 3.4), o adversário faz


postura, porém coloca em pé primeiro a perna oposta ao braço que está na frente;

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abre a perna apoiando a panturrilha em cima da coxa do oponente e fugindo o quadril


para o mesmo lado; entra com canela inteira na barriga do oponente, deixando
apenas o pé para fora e, colocando a outra perna deitada no chão, mantém a mão
na gola durante todo o movimento; faz o movimento como se estivesse chutando
uma bola com a perna que estava dobrada na barriga do adversário e dobra a outra
perna para fazer o movimento como se fosse uma tesoura; depois, acompanha o
desequilíbrio e vai para cima do adversário, utilizando a montada, permanecendo
com a mão na gola até o fim do movimento (GURGEL, 2003).

Figura 3.4 | Técnica raspagem tesourada

Fonte: Gurgel (2003, p. 23).

A técnica "raspagem com queda" é melhor representada na Figura 3.5. Você


perceberá que o lutador mostra uma espécie de ataque sucessivo, tentando
aplicar uma raspagem que é muito bem defendida pelo adversário, que apoiou
a sua mão no lado certo para não “capotar”. Aproveitando a posição que foi
defendida, o lutador inverte a posição, aplicando uma queda e acabando nos cem
quilos. Fazendo guarda, ele domina logo o adversário pela faixa e coloca a perna
do mesmo lado do braço que dominou a faixa, entre as pernas do adversário.
Para raspar, o lutador usa seu braço direito para laçar a perna esquerda de seu
oponente e, em seguida, com o apoio conseguido na laçada de perna, suspende
sua perna esquerda usando o gancho para desequilibrar e raspar o adversário.
Como o adversário apoia a mão no chão, defendendo-se da raspagem, o lutador
leva o braço que está envolvendo a perna mais para cima e aproveita o apoio
para fugir o quadril. Depois de fugir o quadril para o lado, mantém a pegada na
perna, mas solta a faixa do adversário. Na sequência, apoia rapidamente seu braço
esquerdo no tatame para, em seguida, recuar o gancho que mantinha na perna do
oponente, apoiando seu joelho esquerdo no chão. Ao se levantar, o lutador pega
o braço esquerdo do adversário e, em seguida, avança o corpo para derrubá-lo. O

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domínio da perna é importante desde o começo. Veja que o lutador raspou, levou
o adversário à queda e estabilizou nos cem quilos, sempre mantendo a perna do
oponente envolvida pelo seu braço (SHAOLIN, 2003).

Figura 3.5 | Técnica raspagem com queda

Fonte: Shaolin (2003, p. 18).

Na técnica "Cem Kilos" (Figura 3.6), com o adversário deitado de costas sobre
o solo, o lutador posiciona-se por cima dele, atravessado, peito contra peito,
formando uma cruz. Ele pode agarrar com os dois braços o braço do adversário
para impedi-lo de movimentar-se (MOREIRA, 2012).

Figura 3.6 | Técnica cem kilos

Fonte: Moreira (2012, p. 12).

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1.4 Considerações finais


O jiu-jitsu é uma modalidade que, além da competição, visa o condicionamento
e a saúde do praticante, ou seja, não é somente um esporte de contato ou violência.
Pode ser praticado tanto por indivíduos que pretendem ter uma melhor qualidade
de vida ou aqueles que almejam melhor condição física para desenvolvimento da
imagem pessoal, visto que atividades esportivas beneficiam em diversos aspectos
na qualidade de vida de seus praticantes.

A partir do conteúdo exposto nesta seção, responda as


questões a seguir:

1. A finalidade da criação do jiu-jitsu se deu pelo fato de que,


no campo de batalha ou durante qualquer enfrentamento,
um samurai poderia acabar sem suas espadas ou lanças,
necessitando, então, de um método de defesa sem armas.
Como os golpes traumáticos não se mostravam suficientes
nesse ambiente de luta, já que os samurais vestiam
armaduras, as quedas e torções começaram a ganhar espaço
pela sua eficiência. Dessa forma, foram criadas estratégias
de lutas muito peculiares e de grande impacto nas lutas que
envolvessem dois adversários. Como o jiu-jitsu se tornou
um grande esporte que apresenta campeonatos no mundo
todo, essa questão deseja refletir sobre suas pontuações.
Associe corretamente as informações da coluna 1 com as
da coluna 2, referente ao valor de pontos, conforme as
técnicas do jiu-jitsu:
Coluna 1
I. 2 pontos.
II. 3 pontos.
III. 4 pontos.

Coluna 2
( ) Montada, montada pelas costas e pegada pelas costas.
( ) Queda, raspagem e joelho na barriga.

Lutas japonesas e chinesas 111


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( ) Passagem de guarda.

Marque a opção correta:


a) III, I, II.
b) I, II, III.
c) III, II, I.
d) II, I, III.
e) I, III, II.

2. Qual o significado de jiu-jitsu?


a) Arte suave.
b) Caminho das alavancas.
c) Caminho suave.
d) Arte do caminho.
e) Arte e alavanca suave.

112 Lutas japonesas e chinesas


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Seção 2
Caminho das mãos vazias (Karatê-Do)

Introdução à Seção
O karatê é um esporte que vem se transformando nas últimas décadas em
termos técnicos, de logística e de construção de um estilo único para contemplar
os jogos olímpicos. Um dos principais motivos para que o mesmo não esteja nas
olimpíadas é o fato de se ter vários estilos de karatê com federações e regras
diferentes. O desafio é encontrar um caminho em que os seus fundamentos se
tornem mais fáceis de serem entendidos pela maioria das pessoas.

2.1 As origens do karatê


A teoria mais aceita é realmente que o karatê se desenvolveu na ilha de Okinawa,
pela mistura de artes marciais vindas dos continentes chineses e ramificadas aos
estilos existentes na ilha, como no caso do shuri-te, naha-te e tomari-te.

Funakoshi (1988) afirma que há pouco conhecimento sobre quem inicialmente


criou o karatê e como foi divulgado em Okinawa e que isso ocorreu devido ao
sigilo que cercava a arte marcial num contexto geral.

O grande salto do karatê ocorreu no século XX, quando Gichin Funakoshi levou
as técnicas de Okinawa para o Japão em uma apresentação (BARREIRA; MASSINI,
2003). Neste momento, o karatê parou de representar uma arte secreta, pois
começou a ser introduzido nas escolas de Okinawa, possibilitando, também, que
outros mestres do Japão fossem até a ilha aprender as técnicas que há anos eram
guardadas.

O trabalho de Funakoshi foi fundamental para a expansão do karatê moderno


pelo mundo. Ele era professor da rede de ensino de Okinawa e considerava o
karatê uma forma de aperfeiçoamento de personalidade (MARTINS; KANASHIRO,
2010). Promoveu uma mudança no ideograma da palavra, para que o significado
passasse de ‘mãos da China’ para ‘mãos vazias’, a fim de que o vínculo da arte com o
país rival fosse anulado. Além disso, incluiu no ideograma a palavra “Do” (caminho),
buscando alcançar o reconhecimento da luta como arte marcial (MOLARI, 2003).

Lutas japonesas e chinesas 113


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Funakoshi, com a intenção de popularizar a arte, fez alterações nos caracteres Kanji,
que tinham como representação a escrita da palavra karatê. Esta alteração procurou
mudar as palavras “mãos chinesas” para “mãos vazias” (funakoshi, 1975). “Depois de
perceber que obteria sucesso no empreendimento de alterar mãos 'chinesas' para mãos
'vazias', dei início a outras tarefas de revisão e simplificação” (FUNAKOSHI, 1975, p. 47).

Além das mudanças nos caracteres Kanji, Funakoshi iniciou um trabalho de


revisão e de reforma nos nomes dos katas. Por exemplo: os katas da série Naihanchi
(shodan, nidan e sandan) tiveram seus nomes mudados para Tekki (shodan, nidan
e sandan) e os katas da série Pinan (shodan, nidan, sandan, yondan, godan) tiveram
seus nomes mudados para Heian (shodan, nidan, sandan, yondan, godan), com a
intenção de facilitar ao povo japonês a aprendizagem da arte do karatê.

Outra reforma a que dediquei minha atenção foi a da


nomenclatura. Pouco tempo depois que cheguei a Tóquio, em
1922, a editora de Bukyosha publicou um livro escrito por mim,
intitulado Ryukyu Kempo: Karate. Naquela época, a palavra ainda
estava sendo escrita como “mãos chinesas”, e quase todos os
nomes dos katas que descrevia em meu livro tinham sua origem
em Okinawa: Pinan, Naifanchi, Chinto, Bassai, Seishan, Jitte, Jion,
Sanchin, e assim por diante. De fato, esses eram os nomes que eu
havia aprendido há muito tempo de meus próprios professores.
A essas alturas, ninguém tinha a mínima ideia de como eles
surgiram, e as pessoas tinham dificuldades em aprendê-los. Em
consequência disso, depois de ter transformado “mãos chinesas”
em “mãos vazias”, comecei a dar aos katas nomes mais fáceis
para uso do povo japonês e que agora são conhecidos em todo
o mundo (FUNAKOSHI, 1975, p. 48).

Além disso, Funakoshi também formalizou os graus, criando classe acima da faixa
preta (dan e kyu). “Com o término do novo dojo, uma de minhas primeiras tarefas
foi elaborar um conjunto de normas a ser seguido e um horário de aulas. Também
formalizei as exigências para os graus e classe (dan e kyu)” (FUNAKOSHI, 1975, p. 94).

Como você faria para adaptar o karatê no contexto da escola?


Reflita sobre isso.

114 Lutas japonesas e chinesas


U3

Para saber mais, leia o texto a seguir:

SILVA, Lucas Henrique da; FRANCO, Elisângela Carvalho. A influência na


prática do karatê no benefício do processo de ensino-aprendizagem.
Disponível em: <http://www.listasconfef.org.br/comunicacao/banco_
de_ideias/LUCAS_SILVA.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

2.2 Os primeiros estilos de karatê


Na visão de Borsari e Facca (1978), conforme a difusão da arte, cada mestre
seguiu uma linha de raciocínio, transmitindo a seus alunos modificações e dando
origem a diferentes estilos de karatê, que hoje se propagaram.

Entre os estilos mais conhecidos mundialmente estão: shorin-ryu, goju-ryu,


shotokan, wado-ryu, shito-ryu e kiokushinkai.

Figura 3.7 | Choshin Chibana

Fonte: Liu Chiuan. Disponível em: <https://liuchiuan.files.wordpress.


com/2013/08/cfachibana.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

O shorin-ryu é considerado um dos estilos mais antigos e tradicionais de Okinawa.


Este sistema de luta tem influência do templo Shaolin. Em destaque na figura anterior,
você pôde ver o mestre Choshin Chibana, que foi aluno direto de Anko Itosu. Este
estilo preza a base anatômica de cada indivíduo, dando ênfase em um corpo forte e
mente equilibrada com movimentos rápidos e potentes (SHINZATO, 2004).

Lutas japonesas e chinesas 115


U3

Figura 3.8 | Chogum Myagi

Fonte: Seiken Ryu. Disponível em: <http://www.seikenryu.com/The_History_


of_Karate1.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

O goju-ryu teve sua origem devido ao grande mestre Chogum Myagi, que, por
meio, de treinos em outros estilos, fez suas adaptações próprias. Concentrou-se
no estudo de diferentes sistemas internos e técnicas de respiração, cujo resultado
deu forma à arte suave e dura, fazendo do goju-ryu um dos mais praticados na
atualidade (TOO, 1985).

Figura 3.9 | Ginchin Funakoshi

Fonte: Seiken Ryu. Disponível em: <http://www.seikenryu.com/The_History_


of_Karate1.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

O fundador do karatê moderno, Ginchin Funakoshi, treinou extensamente os


estilos de karatê shorin-ryu e shorei-ryu e, quando se mudou para Tóquio, em

116 Lutas japonesas e chinesas


U3

1930, fundou o estilo Shoto Kan. Este sistema preza as posições baixas, rotação
do quadril e destaca-se por privilegiar uma filosofia de vida pacifica e disciplinar,
exigindo comportamento ético dos adeptos. Os treinos enfatizam movimentos
mais fortes e mais pesados e creditam a potência dos golpes (NAKAIAMA, 1978).

Figura 3.10 | Hironori Otsuka

Fonte: Seiken Ryu. Disponível em: <http://www.seikenryu.com/The_


History_of_Karate1.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

O estilo wado-ryu é considerado o sistema mais suave de todos os estilos de


karatê. Seus treinamentos têm ênfase na perfeição da mente, sendo que a perfeição
técnica fica em segundo plano. O wado-ryu foi criado por Hironori Otsuka, teve a
sua solidez com a abertura do primeiro “dojo”, em 1911, e estabeleceu-se como o
estilo mais popular do mundo (SMIT, 2003).

Figura 3.11 – Kenwa Mabuni

Fonte: Seiken Ryu. Disponível em: <http://www.seikenryu.com/The_


History_of_Karate1.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

Lutas japonesas e chinesas 117


U3

Este estilo tem como mestre Kenwa Mabuni, que era amigo e companheiro
de aula de Funakoshi. Ele treinou diferentes estilos de karatê até conseguir seus
objetivos, que era criar sua própria escola e difundir sua arte. Mabuni ensinava
uma combinação do estilo puro e linear de itossu com o estilo suave e circular de
Higashionna. O nome “Shito” vem da união dos nomes destes dois mestres que
foram fundamentais na criação desta nova escola (SMIT, 2003).

Figura 3.12 | Kyo Kushinkai

Fonte: Seiken Ryu. Disponível em: <http://www.seikenryu.com/The_History_


of_Karate1.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

O Kyokushinkai dá prioridade ao combate descontrolado para ajudar os alunos


a vencer o medo. Os competidores não usam equipamentos de proteção nos
campeonatos e a maioria dos combates acabava com um nocaute. Outra característica
importante do Kyokushinkai são os exercícios de rompimento, que significam quebra
de telhas, gelo, entre outros, considerado por muitos como o estilo mais duro do
karatê. Constantemente, os alunos são testados em quebra de materiais.

O seu fundador, o mestre Masutatsu Oyama, era coreano e se naturalizou


japonês. Tornou-se imbatível nos confrontos corpo a corpo. Ficou conhecido pela
habilidade de matar touros com apenas um golpe de mão (SMIT, 2003).

A verdade é que não existe uma maneira satisfatória de provar qual karatê
é melhor, simplesmente porque nenhum dos estilos é melhor para todos os
estudantes. Cada aluno, de acordo com a sua personalidade e com o uso, pretende
fazer dos ensinamentos recebidos e das adaptações um determinado estilo que
pode variar de aluno para aluno (TEGNER, 2002).

118 Lutas japonesas e chinesas


U3

As características do karatê demonstram ser muito próximas às


do taekwondo? Reflita sobre isso.

Para saber mais, leia o texto a seguir:

LAGE, Victor; GONÇALVES JÚNIOR, Luiz; NAGAMINE, Kazuo Kawano. O


karatê-do enquanto conteúdo da educação física escolar In: III Colóquio de
Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana: o lazer em uma perspectiva
latino-americana, 2007, São Carlos. Anais... São Carlos: SPQMH/UFSCar,
2007, p.116-133. Disponível em: <http://www.ufscar.br/~defmh/spqmh/
pdf/2007/3coloq_karate.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

2.3 Fundamentos do karatê


O karatê, para ser desenvolvido, deve nortear três princípios básicos que são:
kihon, kata e kumite. Cada um deles contribui para o bom desempenho do atleta.

2.3.1 Kihon
Trazido do Japão, a palavra significa “base”. É constituído por exercícios básicos
para capacitar e enxergar as nossas deficiências de movimentação e postura, o
que permitirá uma melhor coordenação do corpo, unindo com a mente. O kihon
é a principal base para alcançar um bom nível técnico (SHINZATO, 2004).

A base do karatê-do é formada por kihons. É por meio deste treinamento que
inicia a prática dos katas (formas) e kumite (luta). A princípio, são movimentos
básicos, que, com o passar do tempo, vão se tornando completos. É no kihon que
se trabalha os movimentos dos golpes, as bases especificamente em busca da
perfeição (SHINZATO, 2004).

Para Shinzato (2004), os kihons iniciam a prática do karatê, que é a sustentação

Lutas japonesas e chinesas 119


U3

para uma melhor execução dos componentes da arte. Somente com um


treinamento rigoroso e constante será possível aperfeiçoar o kihon, fundamento
essencial para o karatê-do e kobu-do.

Segundo Shinzato (2004), este caminho do aperfeiçoamento, que tem como base
a repetição dos movimentos, dota-se de uma potência muito forte e, também, de
reflexo de velocidade com que executamos os golpes. Enfatiza os níveis gedan (baixo),
shudan (meio) e jodan (alto). Mesmo sem ter oponente, focaliza e executa a técnica.

2.3.2 Katas
São formas estabelecidas e conhecidas como lutas imaginárias, que preparam
o praticante para o combate real. Seus movimentos são ritmados e organizados
em busca da perfeição.

De acordo com Shinzato (2004), kata é a harmonia do corpo com o ambiente


em que se encontra, na forma de defesa pessoal, denominando uma luta sem
adversário, cujos movimentos determinados de ataque, defesa e esquiva são
executados como se os oponentes existissem.

Segundo Too (1995), o kata fortalecerá todo o corpo, que será utilizado
para melhorar o golpe de mão e a defesa, ensinando técnicas de contração da
musculatura geral.

Na opinião de Funakoshi (1975), o karatê contém inúmeros katas, mas


não devemos só praticar e, sim, compreender cada um deles, suas técnicas e
habilidades. Vale lembrar que isso não se aprende em curto prazo.

Para Funakoshi (1988, p. 78), “os katas são movimentos individuais que
combinados tornam-se mais do que sua totalidade. A prática dos katas tem por
objetivos levar a uma compreensão do verdadeiro valor dos movimentos como
técnicas de autodefesa”.

Segundo Too (1995, p. 98), “são os movimentos que seguem exatamente uma
série de ataques e defesas simuladas e que desenvolvem no praticante agilidade e
potência nos golpes treinados. Os ‘katas’ iniciam num ponto, saem para o ataque
e a defesa e terminam no mesmo local que iniciaram”.

Os katas do karatê envolvem movimentos em todas as direções e, assim, não


tendem a nenhuma direção. Os pés são usados tanto quanto as mãos, além de
uma variedade de movimentos, incluindo giros e saltos que são empregados de
maneira que os membros inferiores e superiores se desenvolvem igualmente
(FUNAKOSHI, 1988).

120 Lutas japonesas e chinesas


U3

Nakaiama (1978) diz que os exercícios formais do treinamento da prática, em


Okinawa e na China, são o centro do método do treinamento atual.

As técnicas dos katas levam o praticante ao extremo do preparo físico, técnico


e psicológico. Portanto, sem a prática dos katas, o karatê não aprimora todos os
fundamentos marciais.

2.3.3 Kumite
Todos os kihons e katas têm exclusiva participação nesta parte do karatê, sendo
que dois adversários se confrontam em busca da vitória ou buscam se aperfeiçoar
com a derrota.

O kumite refere-se ao encontro de mãos; é a própria luta corporal. Engloba


formas básicas e combina com movimentos pré-determinados no início, para
posteriormente chegar ao combate livre com ausência de regras.

Segundo Smit (2003), o kumite tem a ver com o autocontrole de golpes letais
que derrotariam o oponente ou o adversário, mas, por meio de práticas, força de
caráter, dignidade e coragem, o praticante evita transgredir e desfigurar o rosto do
adversário.

Nakaiama (1978) relata que, na sua opinião, as técnicas do kumite são


melhoradas, saindo do básico para o complexo e aperfeiçoando o distanciamento
por meio da prática. O controle do golpe só é possível por meio dos treinos, que
aprimoram os fundamentos específicos.

A verdade é que kumite (luta) testa os conhecimentos adquiridos ao longo do


tempo, sendo que o aspecto físico e mental deve estar em plena harmonia com
o corpo.

No fundamento do karatê, na categoria kumite, existem quatro formas de


desenvolver e praticar. São elas:

• Kihon kumite: combate básico. Inclui:

Ippon kumite, ataque e defesa em um passo.

Sambon kumite: ataque e defesa em três passos.

Gohon kumite: ataque defesa em cinco passos.

Todos os golpes têm zona de ataques definidas.

Lutas japonesas e chinesas 121


U3

• Jyu kumite: combate livre sem utilização de regras.

Uso livre de todo o tipo de técnica, tanto de braços como de pernas, luxações,
projeções, estrangulamentos, entre outros.

• Jyu ippon kumite: combate básico com liberdade de movimentos.

Os movimentos são livres, mas apenas com zonas de ataque definidas.

• Shiai kumite.

Afirma Bastos (SD) que o shiai kumite é o momento de combate em que os


karatecas fazem a prova de seus conhecimentos num tatame esportivo. Na prática
do desporto, é uma modalidade de competição de karatê em que dois adversários
se enfrentam com o intuito de tocar o corpo do oponente, seguindo determinadas
regras e combinações. Dependendo do local em que é efetuado o toque e a sua
forma da execução, será atribuída a pontuação correspondente.

Segundo Shinzato (2004), é a luta propriamente dita, disputada por dois atletas
da modalidade, em tatames de 8m2, e o karateca utilizará regulamentos oficiais do
karatê esportivo.

Além do que foi descrito no parágrafo anterior, existem algumas normas para
organizar o kumite, ou seja, organizar as lutas na categoria shiai kumite, são elas:

a) Kihon kumite: combate básico que inclui ippon kumite - ataque e defesa em
um passo; sambon kumite - ataque e defesa em três passos; gohon kumite
- ataque defesa em cinco passos.

b) Jyu kumite: jyu kumite - combate livre sem utilização de regras. Uso livre de
todo o tipo de técnica, tanto de braços como de pernas, luxações, projeções
e estrangulamentos.

c)Jyu ippon kumite - combate básico com liberdade de movimentos, porém


apenas com zonas de ataque definidas.

d)Shiai kumite - combate em que os karatecas fazem a prova de seus


conhecimentos dentro de um tatame esportivo.

122 Lutas japonesas e chinesas


U3

2.4 Sugestão de ensino do karatê nas aulas de educação física


Na busca por encontrar maneiras adequadas de inserir o karatê nas aulas de
Educação Física, temos a proposta sugerida por Ramos (2006), propondo como a
aula de lutas pode estar presente na Educação Física escolar. Veja no quadro a seguir:

Quadro 3.1 | Desenvolvimento de lutas na Educação Física escolar

Fonte: Gabriel (2012). Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd167/karate-da-educacao-fisica-


escolar.htm>. Acesso em: 6 maio 2016.

A partir do conteúdo exposto nesta seção, responda as


questões a seguir:

1. Leia as afirmativas sobre a evolução histórica do karatê:


I. Em Okinawa existiam três aldeias: Naha, Shuri e Tomari.
Essas aldeias, com o passar do tempo, tornaram-se nomes
de lutas, devido ao fato de seus mestres atribuírem a palavra
“TE” junto ao nome.
II. A Índia não teve influência sobre a história do karatê.
Mesmo com a viagem do príncipe da Índia para China, os
monges poderiam ter absorvido tais técnicas por meio da
leitura ou até mesmo por outro mestre daquele período.

Lutas japonesas e chinesas 123


U3

III. Os estilos de karatê do passado (naha-te / shuri-te /


tomari-te) existem até os dias atuais, como: nata-te-do,
shuri-te-do e tomari-te-do.
IV. Os estilos de karatê do passado tiveram a origem na Coreia.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Apenas a afirmativa I está correta.
e) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

2. Em 520 a.C., na Índia, um príncipe desenvolveu um estilo


de luta intitulado “Vajramushti”. Os objetivos desta arte eram
a meditação, o aprimoramento físico e a defesa pessoal. Em
viagens por outras partes do mundo, incluindo a China, levou
seus ensinamentos para os monges nos templos de Shaolin.
Em um intercâmbio cultural, um dos monges migrou para as
Ilhas de Okinawa levando sua luta. A mistura de lutas entre o
príncipe Hindu, os monges e as lutas existentes em Okinawa
contribuiu para a história do karatê em qual aspecto?
a) Se não tivesse existido essa mistura de luta entre a Índia,
a China e Okinawa, os katas do karatê nos dias atuais seriam
compostos apenas por movimentos de socos, ou seja,
não teriam movimentos de mão aberta ou técnicas com
harmonia entre movimentos suaves e fortes.
b) O karatê teria as mesmas técnicas, pois a literatura não
relata a influência dos monges com o mestre Funakoshi (o
pai do karatê moderno).
c) O karatê não tem em sua origem os movimentos do kung
fu, da yoga e do tai chi chuam, ou seja, não faz uma ligação
direta com a Índia e a China.
d) A Índia foi um dos pontos fundamentais para o
desenvolvimento do judô, mas não do karatê.
e) Não houve relação entre as lutas criadas na China com as
da Ilha de Okinawa, ou seja, é impossível relacionar a arte do
karatê com as questões culturais da China.

124 Lutas japonesas e chinesas


U3

Seção 3
Tai Chi Chuan: a descoberta da suavidade pelos
samurais

Introdução à Seção
Podemos entender o tai chi chuan como uma arte milenar chinesa que, por
meio de movimentos flexíveis e lentos, intercala a coordenação da consciência
com a respiração e promove uma harmonia entre as energias do yin e yang,
liberando as tensões corporais de seus praticantes (OLIVEIRA; MATSUDO;
ANDRADE; MATSUDO, 2001).

O tai chi chuan se organizou em meados dos séculos VIII e XIII d. C., sendo que
o mesmo foi derivado da arte marcial kung fu, que era prática no templo budista
de Shaolin. Esta arte de luta e filosofia, tendo como origem o kung fu, foi primeiro
originada como tai chi chuan wudang, pelo fato da mesma ter sido sistematizada
do templo budista de origem Wudang (GOMES; PEREIRA; ASSUMPÇÃO, 2004b).

Após estas mudanças terminológicas, o tai chi chuan evoluiu como arte marcial
em competições de luta de tai chi chuan, em Cingapura e Hong Kong, sendo
depois aprimorada para uma linha mais próxima da saúde (GOMES; PEREIRA;
ASSUMPÇÃO, 2004a).

O tai chi chuan é compreendido como uma arte marcial? Reflita


sobre isso.

Lutas japonesas e chinesas 125


U3

Para saber mais, leia o texto a seguir:

INSTITUTO MATRI. Tai chi chuan para melhorar a saúde e aumentar a


autoestima. 2010. Disponível em: <http://www.institutomaitri.com.br/
site/docs/b1.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

3.1 Características do tai chi chuan


Segundo Chuen (1999, p. 10), o tai chi chuan consiste numa série de exercícios
com movimentos lentos e contínuos destinados a relaxar e desenvolver todo o corpo
do praticante e que pode ser praticado por todo indivíduo, independentemente da
faixa etária.

Segundo a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan, seus os principais objetivos


são: desenvolver as técnicas respiratórias, posturas corporais e movimentos, além
da disciplina mental. O tai chi chuan tem a finalidade de estimular e promover
uma melhor circulação de energia e, assim, canalizar e ativar essas energias por
todo o corpo. Trabalha em conjunto os movimentos corporais e as técnicas
de respiração, conciliando, também, a mentalização. Além da flexibilidade e
resistência, a concentração é muito focada.

A Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan também afirma que seus praticantes
aprendem a posicionar seu corpo nas mais variadas situações, executando
movimentos simples, tanto com os membros superiores como com os inferiores.
As possibilidades de movimentos são inúmeras e tudo é trabalhado, exigindo a
visualização dos movimentos, para acelerar a melhora da concentração, que
também ajuda muito na prevenção de lesões.

Os exercícios do tai chi chuan contribuem para a concentração mental e para o


controle de movimentos de todo o corpo, além de ser prático em sua realização,
pois não são necessários grandes espaços e nem equipamentos (OLIVEIRA;
MATSUDO; ANDRADE; MATSUDO, 2001).

No treinamento do tai chi chuan são desenvolvidos alguns pontos cognitivos


e respiratórios que contribuem para o aperfeiçoamento intelectual do indivíduo.
São eles: a mente, o corpo ou a postura, a energia vital ou chi, a força interior e o
espírito ou shen.

126 Lutas japonesas e chinesas


U3

Segundo Kit (1996), estes pontos contribuem para:

• Mente: estar atento aos movimentos do oponente.

• Corpo ou postura: fluir de acordo com a postura do adversário.

• Energia vital ou chi: difundida por todo o corpo.

• Força interior: controlada na cintura.

• Espírito ou shen: preparação geral para os quatro pontos acima.

Segundo Chuen (1999, p. 10), as sequências de movimentos do tai chi chuan


são realizadas conforme uma cuidadosa estrutura corporal, para que, com isso, o
indivíduo consiga desenvolver a força interna, a flexibilidade e o vigor físico.

O treinamento básico do tai chi chuan é constituído de duas formas: movimentos


longos e lentos de padrão individual e em exercícios em dupla, que desenvolvem
equilíbrio e a concentração.

A série de movimentos do tai chi chuan compreende o abrir e o fechar dos


braços e pernas, os passos vazios e substanciais, a continuidade das ações e
a maciez das posturas. Tudo isso obedece à definição contida na teoria do tai
chi chuan. O rígido se parte enquanto o flexível sobrevive. Também possui dois
significados: o ganho de saúde, que pertence a Yin, enquanto nossa autoproteção
pertence a Yang.

A prática lenta e a não utilização de muita força é necessária para a melhoria da


nossa saúde, desde que isso transforme as ações em movimentos mais macios.
Com isso, os músculos de todo o corpo e o sistema nervoso relaxam mais
facilmente, tornando as emoções mais estáveis. Sob o prisma da autodefesa do
tai chi chuan existem dois tipos de força: a força flexível e a força inflexível. A força
flexível pertence ao Yin e a força inflexível pertence a Yang.

A mudança de forças de flexíveis para inflexíveis, ou vice-versa, é atingida em


forma de círculo. Contudo, o padrão principal do círculo contém outros círculos,
formando uma espiral contínua sem fim. A principal característica desse círculo
é a utilização de meio círculo como força flexível para contra-atacar o ataque do
oponente, e a outra metade do círculo como força inflexível para contra-atacar o
oponente.

Para fazer estes círculos, é possível utilizar uma única mão ou as duas juntas para
agir perante o adversário, diretamente ou indiretamente, em ângulos horizontais,
inclinados ou verticais, dependendo da circunstância.

Lutas japonesas e chinesas 127


U3

Existem três vantagens do estilo do tai chi chuan quando utilizado como
autodefesa:

• É possível utilizar menos força para contra-atacar um ataque dotado de força


e então concentrar a atenção no contra-ataque do adversário, de modo a dar
fim ao combate.

• Na medida em que se reduz a força utilizada e a energia consumida, é possível


manter o corpo em boa forma, lutando por mais tempo e derrotando, assim,
o adversário.

• Preparar pessoas que possam utilizar estes princípios para se proteger contra
oponentes mais fortes.

A correta aplicação destes estilos depende principalmente da boa técnica e da


prática. A partir do momento em que a prática pode promover a técnica, é possível
melhorar de acordo com que o aprendizado torne o praticante mais criterioso na
execução das técnicas.

Reflita sobre as questões do tai chi chuan relacionadas à saúde!

Para saber mais, leia o texto a seguir:

OLIVEIRA, Rosana Fernandes de et al. Efeitos do treinamento de tai chi


chuan na aptidão física de mulheres adultas e sedentárias. Rev. Bras.
Ciên. e Mov., v. 9, n. 3, p. 15-22, Brasília, jul. 2001. Disponível em: <http://
portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/389/442>.
Acesso em: 6 maio 2016.

128 Lutas japonesas e chinesas


U3

3.2 Os benefícios do tai chi chuan


O tai chi chuan contribui para as pessoas (idosos e deficientes físicos)
numa variedade de benefícios físicos e psicológicos, como no caso da aptidão
cardiovascular, no controle motor, além da redução do estresse, da ansiedade e
da depressão (OLIVEIRA; MATSUDO; ANDRADE; MATSUDO, 2001).

Segundo Oliveira, Matsudo, Andrade e Matsudo (2001), esta arte chinesa


contribui para a saúde e a qualidade de vida de pessoas idosas por ser praticada
individualizada, por não ser cansativa e nem de natureza competitiva.

O tai chi chuan é um dos melhores exercícios para todas as idades. Aqueles que
o praticam ganham um corpo saudável assim como, um estado de alerta cerebral.
Com a melhoria da saúde, são capazes de se concentrar melhor em suas rotinas
e tarefas e tomar decisões com mais eficiência. Certamente isso terá reflexos na
carreira profissional.

Oferece também aumento da força muscular e nas articulações das várias partes
do corpo. Os movimentos são regulados entre a respiração e o movimento do
diafragma. O estado tranquilo da mente e a dedicação completa da concentração
espiritual em todos os movimentos são requeridos durante os exercícios. A
eficiência dos vários órgãos do corpo depende dos impulsos do sistema nervoso
central. Em outras palavras, um sistema nervoso central forte é a base para um
corpo saudável.

Para os órgãos internos, tanto do sistema circulatório quanto do respiratório,


o tai chi chuan trará os mesmos benefícios. Além de exercitar os músculos e as
articulações, como dito anteriormente, é possível adquirir harmonia e respiração
uniformes, especialmente no movimento do diafragma. Além de tudo, melhora a
circulação do sangue e a glândula linfática.

As evidências científicas relatam que o desenvolvimento da aptidão


física relacionada à saúde (cardiorrespiratória, força muscular, flexibilidade e
composição corporal) aumenta a longevidade, afastando os fatores de riscos,
como a hipertensão, a obesidade e o sedentarismo, gerando saúde e uma melhor
qualidade de vida.

Com a prática do tai chi chuan de 3 a 5 vezes por semana, os indivíduos


conseguem melhorar seus níveis de aptidão física e sua classificação em relação à
atividade física habitual, mudando a categoria de inativo para moderadamente ativo,
ativo ou até muito ativo. Segundo Nahas (2001), a faixa ideal serial o nível ativo.

Outra perspectiva de saúde que a prática das atividades relacionadas aos


esportes marciais (tai chi chuan, karatê) proporciona é a contribuição para as

Lutas japonesas e chinesas 129


U3

atividades da vida diária em grupos de terceira idade, ou até mesmo em qualquer


faixa etária, ou mesmo em pessoas com qualquer tipo de deficiência (física,
mental, sensorial). Além disso, a prática das artes marciais de 3 a 5 vezes por
semana desenvolve hábitos posturais e auxilia no fortalecimento da musculatura.
Em idosos, o fortalecimento muscular contribui para a prevenção da osteoporose
e riscos de queda, gerando bem-estar geral e autonomia.

A prática dos exercícios marciais desenvolve a flexibilidade em todas as partes


do corpo humano e, com isso, o indivíduo terá maior mobilidade e se moverá com
maior facilidade. Segundo Nahas (2013), todos os indivíduos necessitam de uma
boa mobilidade para a execução das atividades da vida diária, para contemplar uma
boa saúde e para manter o seu bem-estar.

3.3 Considerações finais


Podemos dizer que o tai chi chuan é uma excelente forma de se prevenir
doenças e promover boa forma física e psíquica. Os movimentos são fluidos como
a água corrente, enquanto a mente é tranquila e as ações graciosas, assim como
vemos na prática do taoismo.

Não é nenhuma surpresa saber que após a prática do tai chi chuan por um
período de tempo razoável, um homem de temperamento agitado se transforme
em um homem gentil.

Outro fator relevante que deve ser observado é a necessidade de serem


explorados os projetos sociais em parceria entre universidades e outras instituições,
tendo como foco principal a atividade física do tai chi chuan.

Portanto, podemos concluir que os estudos e as práticas do tai chi chuan podem
desenvolver novas estratégias para a prevenção de doenças ou para proporcionar
mais saúde e qualidade de vida para grupos especiais ou até mesmo para pessoas
sem nenhuma dificuldade psíquica ou física.

A partir do conteúdo exposto nesta seção, responda as


questões a seguir:

1. Quais são as formas de treinamento do tai chi chuan?

130 Lutas japonesas e chinesas


U3

2. Ao ver o tai chi chuan como um esporte de luta, quais são


os pontos importantes que caracterizam isso?

Lutas japonesas e chinesas 131


U3

132 Lutas japonesas e chinesas


U3

Seção 4
Kendô: o caminho da espada

Introdução à Seção
O kendô é um esporte treinado por um grupo de pessoas com condições
socioeconômicas mais elevas. Um dos motivos para que isso ocorra é que se trata
de uma modalidade que exige maior concentração e cognição para o entendimento
de suas técnicas. Também é importante entender que esta modalidade explora
poucas opções de golpes, tendo apenas quatro pontos (na parte superior do
crânio; no tronco; nos lados direito e esquerdo; e nos antebraços) para aplicar
suas técnicas, tornando-se menos atrativa para a sociedade.

4.1 A Origem do kendô


Kendô significa "caminho da espada", sendo “KEN” espada e, “DÔ”, caminho.
Tem como tradição a arte da esgrima japonesa que foi desenvolvida pelos samurais,
originada das diversas técnicas de luta com espada, refinadas por centenas de anos
de combate e estudo.

A origem do kendô foi escrita pelos nossos antepassados há mais de 657 anos
a.C. (TAKIZAWA, 1995, p. 2). Para Musashi (2000, p. 16), as primeiras escolas foram
criadas no início do período de Muromachi – aproximadamente de 1390 a 1600.

O kendô está sendo ministrado por meio de vários estilos, aperfeiçoando-


se, assim, o ensino da arte marcial. Sua finalidade principal é contribuir para o
autoaperfeiçoamento de seu praticante. Por muito tempo este tipo de luta foi
considerado sinônimo de nobreza no Japão e, desde a fundação da classe dos
samurais, no século VIII, as artes militares haviam se tornado a mais alta forma de
estudo (MUSASHI, 2000, p. 15).

O kendô é considerado uma prática de vida que ocorre para o


autoaperfeiçoamento mediante treinamentos disciplinares básicos que reagem a
arte de manejo da espada e tem como objetivo disciplinar o caráter humano e
desenvolver a questão física vigorosa por meio de domínio corporal.

O kendô, no Japão, é matéria fundamental da Educação Física escolar e está


inserido no ensino fundamental e médio e, com isso, vem se difundindo cada

Lutas japonesas e chinesas 133


U3

vez mais em todo o mundo (CRAIG, 2005, p. 16). A seguir estão destacados os
continentes e os países que apresentam de forma impactante a prática do kendô.

Quadro 3.2 | Países registrados no IFK (International Kendo Federation)


Argentina, Aruba, Brasil, Canadá, Chile, Havaí, México, República
Continente Americano
Dominicana, USA e Venezuela.
Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França,
Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Islândia, Itália, Luxemburgo,
Continente Europeu
Países Baixos, Noruega, Suíça, Polônia, România, Rússia, Espanha,
Suécia, Portugal, Iugoslávia, Irlanda, Andorra, Bulgária e Grécia.

Continente Africano África do Sul.

Hong Kong, Japão, Coreia, Macao, Malásia, China, Singapura e


Continente Asiático
Tailândia.
Continente Oceania Austrália e Nova Zelândia.
Fonte: Disponível em: Federação Internacional de Kendô. Disponível em: <www.kendo-fik.org/index.html>. Acesso
em: 6 maio 2016.

Reflita: o kendô é a arte marcial mais antiga do mundo? Como


ele surgiu?

Para saber mais, leia o texto a seguir:

LOURENÇÃO, Gil Vicente. Kendo: devir samuraico, mitológicas e ritológicas


nipônicas. adentrando a ‘casa japonesa’. Revista de Antropologia Social
dos Alunos do PPGAS-UFSCar, v. 1, n. 2, p. 64-93, São Carlos, jul./dez. 2009.
Disponível em: <http://www.rau.ufscar.br/wp-content/uploads/2015/05/
rau2edicao-artigo-4.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

4.2 As origens da espada


Segundo Baptista (1986, p. 38), a espada teve a evolução conforme a necessidade

134 Lutas japonesas e chinesas


U3

do homem, pois, desde as primeiras armas de madeira, osso, pedra – e mais tarde
de metal –, as armas têm evoluído e, com elas, a forma de utilizá-las. Passou-se
de técnicas puramente instintivas a movimentos complicados e estudados que
permitem mais sucesso e precisão nos ataques.

Figura 3.13 | Katana: espada de aço-carbono e sua bainha para guardar a espada

Fonte: Kendô Online. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=Katana:+Espada+de+a%


C3%A7o-carbono+e+sua+bainha+para+guardar+a+espada&biw=948&bih=516&source=lnms&tbm=i
sch&sa=X&ved=0ahUKEwiCrYq-oN3MAhXHgZAKHW0yAsUQ_AUIBigB#imgrc=YZ3n4cYY7disvM%3A>.
Acesso em: 14 maio 2016.

Até aproximadamente o ano 1850, os aprendizes utilizavam espadas de


madeira maciças para aprender o estilo ou manejo desta arma (TAKIZAWA, 1995,
p. 3). Naquela época surgiu a ideia de substituí-las por espadas de bambu e adotar
vestimenta de defesa, costume que continua até o presente momento.

O bokuto é uma espada feita normalmente de madeira de carvalho, muito


semelhante a uma katana real. É utilizada em várias artes marciais (kenjutsu, aikido,
kendô) como substituta da espada real para segurança dos praticantes. No kendô,
o bokuto é utilizado para praticar os exercícios básicos e a kata (formas), que são
simulações de duelos. O uso do bokuto permite aos praticantes habituarem-se à
curvatura e ao tamanho da lâmina de uma espada, já que a "lâmina" do shinai é
ligeiramente maior e direita (reto).

Figura 3.14 | Bokuto: espada de madeira maciça para treinamento de kata

Fonte: Kendô Online. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=Bokuto&biw=948&bih=5


16&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwj3tLiyod3MAhVGhpAKHUZPA4IQ_AUIBigB#imgrc=7Y
TYV6jy4Hp8WM%3A>. Acesso em: 14 maio 2016.

4.2.1 Os aspectos da espada shinai


Uma vez que a prática com espada de combate em aço ou em madeira maciça
provocava tantas vítimas desnecessárias, criou-se, por volta de 1710, a prática com
espada de bambu (menos perigosa), que permanece até hoje (TAKIZAWA, 1995).

As espadas de treinamento em bambu originais eram grosseiramente primitivas e


de simples confecção. Com o passar dos séculos, foram ficando mais elaboradas até
chegar ao formato funcional e artístico que o equipamento assegura hoje (Figura 3.15).

Lutas japonesas e chinesas 135


U3

Figura 3.15 | Shinai: espada de bambu para competições

Fonte: Kendô Online. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=Shinai:+Espada


+de+Bambu+para+Competi%C3%A7%C3%B5es&biw=948&bih=516&source=lnms&tbm=isch
&sa=X&ved=0ahUKEwjzs4Xnod3MAhWEH5AKHZh8DW8Q_AUIBigB#imgrc=26qOrCueNHRL
7M%3A>. Acesso em: 14 maio 2016.

4.3 As técnicas do kendô


Só se consegue uma absoluta harmonia de movimentos físicos e de reações
mentais em kendô por meio de treinamentos exaustivos, sendo que os ataques são
realizados de duas maneiras: batidas e estocadas.

Qualquer ação de ataque tem que ser seguida de outra defensiva em prontidão,
além de avançar ou recuar, que chega mesmo a acontecer em fração de segundos.

No kendô só são permitidos golpes em quatro partes do corpo: na parte


superior do crânio, no tronco, lados direito e esquerdo e nos antebraços; também
é permitido estocar apenas o pescoço. Em competição, não basta que o próprio
bambu apenas esbarre no adversário. Só se ganha ponto se os golpes de ataque
forem aplicados conforme a técnica no alvo com precisão, com controle adequado
e um brado ou kiai (grito em voz alta e forte expelido do interior da barriga). O
primeiro que somar dois pontos ganha a luta. Se nenhum dos competidores obtiver
dois pontos, aquele que tiver mais pontos será considerado vencedor.

4.4 Vestimentas do kendô


Denominado “yoroi”, a armadura dos samurais era formada de pequenas chapas
de metal unidas com cordões de seda ou couro (Figura 3.16). No início, foram
desenhadas para ser usadas só a cavalo e pesavam, em média, 30 kg. Quase todo
seu peso se repousava sobre os ombros do soldado. Algum tempo depois, foi
desenvolvido outro e seu peso se concentrou mais no peito (CRAIG, 2005, p. 12).

136 Lutas japonesas e chinesas


U3

Figura 3.16 | Yoroi: Armadura utilizada pelos samurais em suas


batalhas (guerra)

Fonte: Kendô Online. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?


q=Yoroi:+Armadura+utilizada+pelos+samurais&biw=948&bih=516&source
=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi3t-3Xot3MAhWMlZAKHaM4AqEQ_
AUIBigB#imgrc=r66mMt8fFm_B7M%3A>. Acesso em: 14 maio 2016.

Por volta de 1740, inspirados nas armaduras dos samurais, os mestres em


espadas improvisaram protetores de tórax e de crânio, bem como grossas luvas
(TAKIZAWA, 1995, p. 5). O equipamento de kendô consistia em uma armadura, que
em japonês é chamada bogu (Figura 3.17), uma espada de bambu chamada de
“shinai” e as roupas: hakama e keiko gi.

Figura 3.17 | Bogu: Equipamento de proteção para competições

O bogu é dividido em:

• Men: espécie de capacete feito em tecido e couro e


metal (aço, duralumínio ou titânio).

• Do: protetor de peito feito de bambu ou resina


plástica.

• Kote: luvas feitas em tecido reforçado por costuras e


couro.

• Tare: protetor de cintura feito com tecido reforçado


e couro.

Fonte: Kendô Online. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=Bogu:+Equipamento+de+prote%C3


%A7%C3%A3o&biw=948&bih=516&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwje0L77ot3MAhWGD5AKHR1zAS
UQ_AUIBygC>. Acesso em: 6 maio 2016.

Lutas japonesas e chinesas 137


U3

Figura 3.18 | Keiko Gi

A roupa da imagem, trata-se de uma veste superior da


indumentária de muitas artes marciais. Pode ser feito em
algodão liso ou trançado, como no judô, ou de brim. As
cores mais usadas são: preto, azul marinho e branco.

Fonte: Kendô Online. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=Keiko+Gi&biw=948&bih=516&sourc


e=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjhxruVo93MAhULfZAKHdESAaEQ_AUIBygC#tbm=isch&q=Keiko+Gi+KEN
DO>. Acesso em: 6 maio 2016.

Figura 3.19 | Hakama

A roupa da imagem parece uma saia, sendo na verdade um tipo


de calça pregueada, usado por cima de um kimono ou um tipo de
vestimenta. Hakama é usado hoje em ocasiões formais e, também,
na prática de artes marciais tradicionais, como: aikido, kendô,
kenjutsu e nas artes do arco e flecha. Frequentemente é usado nas
cores azul marinho, preto ou branco (geralmente por mulheres).

Fonte: Kendô Online. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=Keiko+Gi&biw=948&bih=516&sourc


e=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjhxruVo93MAhULfZAKHdESAaEQ_AUIBygC#tbm=isch&q=Hakama+KEN
DO>. Acesso em: 14 maio 2016.

Diz-se que as sete pregas de um hakama, conforme mostrado na figura anterior,


representam as sete virtudes do bushido. No quadro a seguir, estão as nomenclaturas:

Quadro 3.3 | Nomenclatura das sete pregas do hakama


GI A decisão certa.
YU Bravura.
JIN Amor universal; benevolência com a humanidade; compaixão.
REI Ação correta; cortesia.
MAKOTO Sinceridade; veracidade.
MEYO Honra.
CHUNGI Devoção; lealdade.
Fonte: Takizawa (1995, p. 13).

138 Lutas japonesas e chinesas


U3

4.5 As graduações
No kendô, a graduação é feita seguindo as normas da Associação Internacional
de Kendô (International Kendo Federation), conforme mostra o quadro a seguir:

Quadro 3.4 | Regulamento para exame de graduação


GRAU PRETENDIDO TEMPO DE EXERCÍCIO IDADE
1º KYU +1 de um ano Acima de 13 anos
1º DAN + de 6 meses após classificação à 1º KYU Acima de 14 anos
2º DAN + de 1 ano após 1º DAN Acima de 15
3º DAN + de 1 ano após 2º DAN Acima de 18
4º DAN + de 2 anos após 3º DAN Acima de 20
5º DAN + de 3 anos após 4º DAN Acima de 23
6º DAN + de 4 anos após 5º DAN Acima de 27
7º DAN + de 5 anos após 6º DAN Acima de 32
8º DAN + de 6 anos após 7º DAN Acima de 48
9º DAN Após 8º DAN -
10º DAN Após 9º DAN -
Fonte: Takizawa (1995, p. 15).

Reflita sobre a relação entre o kendô e as artes dos samurais!

Para saber mais, leia o texto a seguir:

AJKP. Bushido – o caminho do guerreiro. Disponível em: <http://www.


ajkp.pt/imgs/downloads/bushido.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016.

4.6 As regras
O equipamento usado na prática do kendô é a espada de bambu (shinai) e um
conjunto de proteções cuja principal parte é a armadura (bogu). A espada de bambu

Lutas japonesas e chinesas 139


U3

é feita de quatro pedaços modelados que são amarrados em ambas as pontas por
um pedaço de couro e uma linha especial que representa o lado não afiado da
espada. O equipamento de proteção consiste em quatro diferentes partes: men, do,
tare e um par de Kote. Men é o capacete que protege o rosto, a garganta e a cabeça.
O do é similar a um gibão, e cobre o peito e o estômago. O tare protege a cintura e
os kote são como luvas que protegem as mãos e o pulso (TAKIZAWA, 1995, p. 13).

Em kendô, existem quatro áreas que podem ser atacadas, subdividas em lado
esquerdo e direito do corpo. Cada parte valendo um ponto, dependendo da precisão
do golpe para ser validado o ponto. Estes podem ser na cabeça, no pulso, no tórax
e uma estocada na garganta. Para ser considerado válido, o ataque tem que ser
executado com completa harmonia entre o espírito, o uso adequado da espada e o
movimento correto do corpo, para, assim, resultar em um ataque limpo e perfeito,
como se tivesse sido realizado com uma espada de verdade (CRAIG, 2005, p. 13). 

Uma luta oficial de kendô é desenvolvida com uma disputa de melhor de três
pontos, com um tempo limite de cinco minutos (podendo variar para menos,
dependendo dos organizadores de cada campeonato). Se o praticante conseguir
dois pontos é considerado vitorioso e se nenhum dos lutadores conseguir dois
pontos antes do término do tempo, aquele que tiver mais pontos é considerado
vencedor. Se a pontuação estiver empatada após o tempo regulamentar, um round
de morte súbita sem limite de tempo é realizado.

Três juízes em conjunto observam a luta, avaliando os ataques e indicando


os pontos válidos. E para ser considerado ponto, dois dos três juízes, no mínimo,
devem indicar o ponto válido. Normalmente um torneio é realizado na forma de
eliminação direta (mata-mata).

Nas lutas de kendô em competições, devem ser seguidas as seguintes normas


do shinai (espada):

Quadro 3.5 | Regulamentação do shinai


CLASSE COMPRIMENTO PESO

Mirim 111 cm. Máximo 330 gr. min. masculino/ feminino


440 gr. min. masculino
Infantil 114 cm. Máximo
400 gr. min feminino
480 gr. min. masculino
Juvenil 117 cm. Máximo
420 gr. min. feminino
510 gr. min. masculino
Adulto 120 cm. Máximo
440 gr. min. feminino
Obs: o tamanho máximo do tsuba é de 9 cm de diâmetro.
Fonte: Takizawa (1995, p. 16).

140 Lutas japonesas e chinesas


U3

A partir do conteúdo exposto nesta seção, responda as


questões a seguir:

1. Assinale a opção correta referente ao local de ataque do


kendô com a espada:
a) Na parte superior do crânio; nos membros inferiores; nos
lados direito e esquerdo; nos antebraços.
b) Na parte superior do crânio; no tronco; no lado direito do
corpo; nos antebraços.
c) Na parte superior do crânio; no tronco; no lado esquerdo
do corpo; nos antebraços.
d) Na parte superior do crânio; no tronco; nos lados direito
e esquerdo; nos antebraços.
e) Nos membros inferiores.

2. Qual é a filosofia do kendô?

Cabe ressaltar que as lutas estudadas aqui apresentam uma


particularidade, que é a disciplina e estratégia de luta.

Percebemos que o jiu-jitsu, por meio de suas técnicas, trabalha


a busca pelo desenvolvimento cognitivo de seus praticantes,
pois as lutas, para serem vencidas, devem ser carregadas de
estratégias cautelosas e de espantosa calma para encontrar
o melhor momento de fechar o espaço entre o oponente e,
assim, ganhar a luta.

No karatê buscou-se compreender os seus fundamentos, que


são: kihon, kata e o kumite. Por mais que sejam treinados
separadamente, um depende do outro. Enquanto o kihon

Lutas japonesas e chinesas 141


U3

desenvolve as técnicas isoladamente, o kata caracteriza uma


luta imaginária por meio das técnicas utilizadas no kihon. Já
o kumite é a luta livre caracterizada por todo fundamento
explorado no kihon e kata.

Com o tai chi chuan, compreendemos a leveza que a


arte marcial apresenta. Por mais que a mesma tenha um
treinamento com característica lenta, torna-se eficaz quando
levada para uma questão de aprendizagem de golpes a serem
utilizados em combates.

O kendô, por fim, foi abordado como a luta de elite que se


tornou na dinâmica dos séculos, a luta mais explorável pelos
grandes guerreiros japoneses e chineses. Conhecendo um
pouco mais sobre essa luta, descobrimos que a espada é o
símbolo de um modelo marcial milenar.

As lutas japonesas e chinesas são, na concepção de mundo, as


bases para todas as demais lutas, pelo fato de explorarem não só
o movimento corporal, mas, também, a arte no desenvolvimento
da técnica. Podemos compreender que são lutas que dialogam
com a cultura de seus povos, apresentando seus segredos por
meio das movimentações suaves ou rápidas, agressivas ou não,
ou seja, essas lutas são entendidas como o próprio segredo do
bushido (o código do guerreiro).

1. Nesta unidade conhecemos os mestres e suas influências


no desenvolvimento do karatê por meio dos estilos de lutas
que os mesmos criaram, gerando uma representação social e
política em seu período. Assim, para ficar clara a relação entre
os mestres e seus estilos de karatê, relacione a coluna I com a

142 Lutas japonesas e chinesas


U3

coluna II, apontando corretamente o nome do mestre do karatê


com o estilo que o mesmo representa:

COLUNA 1 COLUNA 2
I. Shorin-ryu ( ) Chogum Myagi
II. Goju-ryu ( ) Ginchin Funakoshi
III. Shotokan ( ) Hironri Otsuka
IV. Wado-ryu ( ) Choshin Chibana
V. Shito-ryu ( ) Kenwa Mabuni
VI. Kyo Kushinkai ( ) Masutatsu Oyama

Assinale a alternativa que representa a sequência da relação


correta:

a) VI, III, IV, I, V, II.


b) V, III, IV, I, II, VI.
c) II, III, IV, I, V, VI.
d) II, III, IV, V, I, VI.
e) II, IV, III, I, V, VI.

2. O kendô exige alguns equipamentos na sua prática, buscando


proteger os seus praticantes. A seguir, relacione a coluna I com
a II sobre o nome do equipamento e sua descrição:

I. Men ( ) Protetor de cintura feito com tecido reforçado


e couro.

II. Do ( ) Luvas feitas de tecido reforçado por costuras


e couro.

III. Kote ( ) Espécie de capacete feito em tecido de couro


e metal.

IV. Tare ( ) Protetor de peito feito de bambu ou resina


plástica.

Assinale a alternativa que representa a sequência correta:

a) IV, III, II, I.


b) IV, III, I, II.
c) II, III, IV, I.
d) III, IV, I, II.
e) IV, I, II, III.

Lutas japonesas e chinesas 143


U3

3. Leia as afirmativas a seguir sobre a técnica cem kilos do jiu-


jitsu e assinale a opção correta:

I. A técnica de “cem kilos” é caracterizada por um rolamento.


II. A técnica de “cem kilos” é usada ainda em pé, antes de ir ao
solo.
III. A técnica de “cem kilos” é um golpe que se dá ficando por
baixo do adversário.
IV. A técnica de “cem kilos” é quando se caracteriza peito
contra peito, formando uma cruz.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.


b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Apenas a afirmativa IV está correta.
e) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

4. Leia as afirmativas a seguir sobre as características do tai chi


chuan e assinale a opção correta:

I. Uma das características do tai chi chuan é a concentração.


II. O país de origem do tai chi chuan é a Coreia.
III. No tai chi chuan predomina técnicas de imobilização.
IV. O tai chi chuan é uma arte marcial criada no século XXI.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.


b) Apenas a afirmativa I está correta.
c) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Apenas a afirmativa IV está correta.
e) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

5. Leia as afirmativas a seguir e assinale a opção correta sobre


a origem da espada:

I. A espada teve uma evolução conforme a necessidade do


homem.
II. A espada surgiu em meados do século XX.

144 Lutas japonesas e chinesas


U3

III. As primeiras espadas foram feitas de madeira, osso e pedra.


IV. A espada foi utilizada no início da humanidade e era feita
de aço.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.


b) Apenas a afirmativa I está correta.
c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
d) Apenas a afirmativa IV está correta.
e) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

Lutas japonesas e chinesas 145


U3

146 Lutas japonesas e chinesas


U3

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Lutas japonesas e chinesas 149

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