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CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CAPRINO E

OVINO NA REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO ESTADO DA PARAÍBA. BRASIL


CHARACTERIZATION OF THE GOAT AND SHEEP PRODUCTION SYSTEM IN THE
SEMI-ARID REGION OF THE STATE OF PARAÍBA. BRAZIL

Costa, R.G.1, C.C. Almeida2, E.C. Pimenta Filho2, E.V. Holanda Junior3 e N.M. Santos4

1
Universidade Federal da Paraíba. Centro de Formação de Tecnólogos. Departamento de Agropecuária.
Areia. PB. Brasil. betogermano@hotmail.com
2
Universidade Federal da Paraíba. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Zootecnia. Areia. PB.
Brasil.
3
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMPRAPA. Caprinos). Brasil.
4
Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia. Areia. PB. Brasil.

PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS ADDITIONAL KEYWORDS


Análise multivariada. Bovino. Caatinga. Caprinos. Multivariate analysis. Bovine. Caatinga. Goats.
Manejo nutricional. Ovinos. Feeding handle. Lambs.

RESUMO
Objetivou-se caracterizar o sistema de and scope. Information from 152 interviews,
produção caprino e ovino na região semi-árida do realized in ten countries of Cariri of Paraíba was
estado da Paraíba, quanto ao seu funcionamento used. Obtained data were grouped, through
e abrangência. Foram utilizadas informações de multivariate analysis (cluster), into five groups of
152 entrevistas realizadas em dez municípios do producers. The area of the properties varied from
Cariri Paraibano. Os dados obtidos foram agrupa- 4 to 1452 ha. About 94 to 98% of the land usage
dos, por meio de análise multivariada (cluster), em was destined to cattle. The goat and sheep cattle
cinco grupos de produtores. A área das were predominantly produced under extensive
propriedades variou de 4 a 1452 ha. Cerca de 94 regimen, using native vegetation (caatinga) as the
a 98% do uso da terra destinava-se a pecuária. Os base for feeding, being applied by 92 to 100% of
rebanhos caprinos e ovinos eram predominante- producers. No defined procedure was observed
mente produzidos em regime extensivo com o uso in feeding handle to the animals during periods of
da vegetação nativa (caatinga) como base para drought. The animal production system practiced
a alimentação, sendo praticada por 92 a 100% dos in the five groups was based in various
produtores. Não se observou um procedimento combinations between goat, sheep and bovine
definido de manejo alimentar para os animais no cattle's, standing out the exploration of goat and
período de seca. O sistema de produção animal sheep cattle destined to milk production, and sheep
praticado nos cinco grupos baseava-se em diver- cattle to meat production.
sas combinações entre caprinos, ovinos e bovi-
nos, com destaque para exploração de caprinos INTRODUÇÃO
e bovinos destinados a produção de leite, e ovinos
para a produção de carne. Ao longo de décadas, a caprinovino-
cultura foi considerada uma atividade mar-
SUMMARY ginal ou de subsistência na região Nordeste
We aimed at the characterization of goat and do Brasil, normalmente com baixa produtivi-
sheep productive systems in the semi-arid region dade e realizada por produtores desprovidos
of the state of Paraíba, analyzing their operation de capital financeiro e de recursos tecnoló-

Recibido: 4-9-06. Aceptado: 28-6-07. Arch. Zootec. 57 (218): 195-205. 2008.


COSTA, ALMEIDA, PIMENTA FILHO, HOLANDA JUNIOR E SANTOS

gicos. Entretanto, atualmente, a produção coletar informações sobre tamanho das


destes pequenos ruminantes vem se carac- propriedades, uso da terra, raças caprinas e
terizando como uma atividade de grande ovinas, estrutura dos rebanhos, estratégias
importância cultural, social e econômica para utilizadas para enfrentar a seca, sistemas de
a região, desempenhando um papel crucial exploração e de produção animal.
no desenvolvimento do Nordeste.
De acordo com Moraes Neto et al. (2003), DESCRIÇÃO DA ÁREA AMOSTRADA
a caprinovinocultura representa uma boa Localizada no centro do estado da
alternativa de trabalho e renda, visto a Paraíba, a região do Cariri ocupa uma área de
produção de alimentos de alto valor bioló- 11235 km2, distribuídos em trinta municípios,
gico (leite, carne e vísceras), bem como de e apresenta a maior densidade de caprinos
pele de excelente qualidade, além da (19,19 cabeças/km2) e ovinos (14,79 cabeças/
adaptabilidade dos animais aos ecossis- km 2) do continente americano (FIBGE,
temas locais. Embora, segundo os autores, 2000). Ressalta-se que os dez municípios
em virtude do elevado grau de incertezas e selecionados para a pesquisa concentram
riscos, a pecuária nordestina torna-se em torno de 50% do rebanho caprino e ovino
dependente de uma reformulação dos mo- da região. O Cariri está inserido no Semi-
delos tradicionais de planejamento e árido brasileiro, com clima quente e seco,
administração. temperatura média acima de 26ºC à sombra
Ao iniciar as investigações partindo dos e pluviosidade irregular entre os anos e
sistemas de produção existentes se percebe entre os meses do ano, com valores varian-
suas possibilidades de expansão, a partir da do de 250 até 700 mm/ano. Os solos são em
identificação dos pontos de estrangula- geral, rasos, pedregosos e secos (Guimarães
mento tecnológico, dos recursos subutili- Filho et al., 2000). A vegetação natural pre-
zados e das inter-relações que podem ser dominante é a caatinga, rica em espécies
melhoradas (Abramovay, 1985). Logo, tor- forrageiras nos seus três estratos, herbá-
na-se necessário, inicialmente, um conhe- ceo, arbustivo e arbóreo, com estudos reve-
cimento prévio dos sistemas de produção, lando que acima de 70% das espécies
atualmente utilizados no Semi-Árido nordes- botânicas da caatinga participam significa-
tino, de maneira a verificar os principais tivamente da composição da dieta dos
problemas existentes, e numa etapa poste- ruminantes (Araújo Filho et al., 2002).
rior solucioná-los, permitindo um desen-
volvimento sustentável da atividade na AMOSTRAGEM E COLETA DOS DADOS
região (Castel et al., 2003). As informações quantitativas primárias
Objetivou-se com o estudo, caracterizar foram obtidas a partir de questionários re-
os sistemas de produção de caprinos e sultantes de entrevistas conduzidas em 159
ovinos na região semi-árida do estado da propriedades, escolhidas de forma aleatória
Paraíba, identificando os tipos de unidades nos 10 municípios citados. Os 159 proprie-
de produção encontradas. tários visitados representaram 30% dos
produtores de caprinos e ovinos da região.
Após os testes de consistência e eliminação
MATERIAL E MÉTODOS
de questionários, a amostra foi constituída
A pesquisa foi realizada na região do por 152 entrevistas. Embora priorizasse a
Cariri paraibano, abrangendo 10 municípios: pecuária caprina, ovina e bovina, o questio-
Boa Vista, Cabaceiras, Gurjão, Monteiro, nário, com 1556 questões fechadas e 13
Prata, São Sebastião do Umbuzeiro, Santo abertas, continha informações sobre outras
André, Sumé, Taperoá e Zabelê, por meio da atividades agropecuárias desenvolvidas nas
aplicação de questionários que objetivaram propriedades. O tempo das entrevistas

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CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CAPRINO E OVINO NO BRASIL

variou de uma hora e vinte minutos a quatro propriedade destinada à pecuária, em


horas e cinqüenta minutos. As entrevistas hectares.
foram realizadas por uma única pessoa e Para a formação dos grupos utilizou-se
com igual sistemática, evitando, assim, erros um método multivariado não hierárquico
de interpretação. Aplicados os questio- com base no método k-means (proc fastclus).
nários, uma revisão foi efetuada por técni- A partir das variáveis selecionadas, realizou-
cos que não participaram das entrevistas, se a análise de cluster, tomando por base o
com o intuito de direcionar normativas às exposto por Khattree e Naik (2000). Após o
informações obtidas. agrupamento, foi realizada uma análise dis-
criminante canônica visando caracterizar
BANCO DE DADOS E ANÁLISE (FORMAÇÃO DOS os grupos obtidos. Foi utilizado o Pacote
GRUPOS HOMOGÊNEOS DE PRODUTORES) Estatístico SAS System for Windows V8.
Os dados foram digitados utilizando-se
o módulo FSP do SAS (1999). O sistema RESULTADOS E DISCUSSÃO
constituiu-se de 15 arquivos, relacionados
entre si através de variáveis chaves. Um CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS E
segundo programa reuniu todos os 15 USO DA TERRA
arquivos em um único arquivo, contendo Foram identificados cinco grupos
1569 variáveis (com 1556 questões fecha- homogêneos representativos das atividades
das e 13 abertas), que possibilitaram a agropecuárias desenvolvidas na região
elaboração de variáveis não obtidas (tabela II). A metodologia adotada permitiu
diretamente do questionário (tabela I). explicar que a variável, número de ovinos
Utilizou-se a análise de agrupamento teve 79,24% de sua variância explicada, a
(Duran e Odell, 1974) para proceder à variável, número de caprinos teve 68,52%, a
formação dos grupos homogêneos. Foram variável área com pecuária 67,83% e a
selecionadas para a formação dos grupos, variável, número de bovinos 34,52%.
as variáveis; número de caprinos, ovinos e A análise discriminante indica que os
bovinos, em unidade animal (UA), e área da grupos formados se diferenciam quanto ao

Tabela I. Estrutura do questionário de campo. (Structure of the field questionnaire).


Respostas
Nº fechadas abertas
Tipos de perguntas
1. Indicadores físicos da propriedade rural 197 194 3
2. Indicadores sociais do proprietário e família 34 27 7
3. Indicadores do financiamento rural 12 11 1
4. Lavouras praticadas 10 10 -
5. Atividades de pecuária
5.1. Manejo alimentar 697 695 2
5.2. Manejo reprodutivo 116 116 -
5.3. Manejo produtivo 81 81 -
5.4. Manejo sanitário 154 154 -
5.5. Manejo genético 37 37 -
5.6. Rentabilidade da exploração 220 220 -
6. Fatores mais importantes 11 11 -

Total 1569 1556 13

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Tabela II. Características gerais dos grupos pesquisados. (General characteristics of the
searched groups).

Grupos I II III IV V

Porcentagem de produtores 47 22 18 9 4
Área média das propriedades (ha) 57 116 314 407 1141
Proprietário das terras (% de produtores) 90 94 93 100 100
Recebeu assistência técnica (% de produtores) 39 41 43 62 60
Disponibilidade de água nas propriedades (meses) 9 9 11 12 20
Disponibilidade de energia elétrica
Monofásica (% de produtores) 72 62 46 31 20
Trifásica (% de produtores) 18 38 50 69 60
Mão-de-obra familiar (%) 84 65 64 51 34
Mão-de-obra permanente contratada (homens) 0 1 1 1 2
Número de caprinos (cabeças) 59 88 208 202 432
Número de ovinos (cabeças) 26 64 50 216 86
Renda bruta anualdos produtores (R$)
Caprinos 2060 3657 7335 7117 12234
Ovinos 369 1496 679 5979 1370
Bovinos 2699 3037 5607 5821 5610
Outras atividades
Dentro* 14 7 0 800 2740
Fora** 3650 3955 11300 6777 22080
Total 8792 12152 24921 26494 44034

*Outras atividades dentro da propriedade (venda de esterco e lenha); **Outras atividades fora da
propriedade (prestação de serviços com pecuária, prestação de serviço em outras atividades,
aposentadoria e outras).

tamanho da exploração, crescendo do gru- Espanha (Acero de la Cruz et al., 2003).


po I ao V, e quanto a relação número de Sabe-se que o tamanho das propriedades
caprinos/número de ovinos, sendo maior representa um fator importante quanto a
nos grupos V e III e menor nos grupos II e, decisão do que e como explorar, além de ser
principalmente, IV. As propriedades foram um limitante que precisa ser adequadamente
plotadas em função dos dois primeiros estudado, sobretudo no que tange a pecu-
vetores canônicos. O primeiro vetor (CAN1) liar zona semi-árida nordestina.
representa o tamanho da exploração e o Constataram-se nos cinco grupos a
segundo (CAN2), a relação caprinos/ovinos utilização de lavoura entre dois e seis por
(figura 1). Quanto maior o valor de CAN1, cento, com a pecuária entre 94 a 98% da área
maior é o tamanho da exploração. Já em total. A lavoura praticada compreendeu o
termos de relação caprinos/ovinos, quanto plantio de feijão (Phaseolus vulgaris L.),
maior o valor de CAN2 maior o número de milho (Zea mays L.) e algodão (Gossypium
caprinos em relação ao de ovinos. Valores barbadense L.), caracterizando-se como de
inferiores a zero indicam que o rebanho subsistência, com índices de comercialização
ovino é maior que o caprino. muito baixos (0-11%), normalmente em pe-
A área média das propriedades variou de ríodo de chuvas e quando produzido exce-
57 (grupo I) a 1141 hectares (grupo V), sendo dentes.
esta ultima semelhante a área média de A área composta pela caatinga bruta
exploração de caprinos no Norte e Leste da predominou nos cinco grupos, variando de

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CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CAPRINO E OVINO NO BRASIL

Figura 1. Gráfico dos grupos plotados segundo os coeficientes das propriedades para os dois
primeiros vetores canônicos: CAN1 - tamanho da exploração e CAN2 - relação caprinos -
ovinos. (Graph of the located groups according to coefficients of the properties for the two first canonic
vectors: CAN1 - size of the exploration and CAN2 - relation goats lambs).

63 a 77%; seguida pelas áreas de capoeira, silagem. Nos demais grupos aproveitam-se
7 a 19%; palma (Opuntia sp.), 2 a 10%; caa- outras plantas nativas para tal finalidade ou
tinga trabalhada, 3 a 10%; e pastagens arti- simplesmente não se utiliza procedimento
ficiais de buffel (Cenchrus ciliaris L.) e bra- de ensilagem.
chiaria (Brachiaria decumbens), de 0 a 5%. Procede-se no grupo IV o plantio de
Para o capim de corte a área foi de 0 a 2% algaroba (Prosopis juliflora) em 6% da área.
em todos os grupos, sendo que as varieda- Nos demais grupos a presença dessa plan-
des mais usuais foram o capim elefante ta, decorre de plantios não planejados, por
(variedade Napier, Penisetum purpureum invasão de sementes de propriedades
Schum.) e o capim andrequiçé ou marre- vizinhas ou de sementes presentes nas fezes
quinha (Paspalum conjugatum), com dos próprios animais.
ausência de pastejo direto pelos animais.
No grupo I, 2% da área se destinava ao ESTRUTURA DOS REBANHOS
plantio de capim elefante e sorgo (Sorghum O sistema associativo, com produção de
vulgare), objetivando a confecção de caprinos, ovinos e bovinos, caracterizou-

Tabela III. Efetivos médios dos rebanhos. (Average cash of the flocks).

Grupos I II III IV V

Total de caprinos, ovinos e bovinos (nº) 78 161 290 439 560


Propriedades sem caprinos (%) 8 6 0 0 0
Propriedades sem ovinos (%) 19 0 18 0 0
Propriedades sem bovinos (%) 25 24 14 15 40
Relação caprina/ovina 3,32 1,28 4,18 0,94 5
Relação caprino + ovino/ bovino 10 11,31 7,87 19,92 12,34

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se como o esquema mais utilizado pelos Os únicos rebanhos formados exclusi-


produtores. Considera-se este tipo de vamente com raças puras foram a Parda
pecuária integrada uma vantagem, visto que Alpina (1%) e Anglonubiana (8%), com
representa uma diversificação positiva para muitos dos criadores realizando, inclusive,
efeito de oportunidades de mercado. registro genealógico na Associação Brasi-
Os efetivos médios dos rebanhos leira dos Criadores de Caprinos.
consistiram de valores crescentes em relação O uso de reprodutores e fêmeas de origem
a área total das propriedades, observadas Alpina predominou nos rebanhos onde se
pela variação do grupo I ao grupo V (tabela queria renovar a função leiteira, uma vez que
III). A variação de 78 (grupo I) a 560 animais ao longo de séculos, estes animais passaram
(grupo V) se deve, possivelmente, a por um processo de seleção natural,
diferença encontrada na área média das possivelmente negativo do ponto de vista
propriedades, que variou de 57 a 1141 ha. produtivo. Além disso, dos dez municípios
A maioria dos rebanhos apresentou uma pesquisados apenas Taperoá não estava
quantidade de reprodutores inferior a ligado a algum programa do leite, quer seja
necessária para cobrir o número de fêmeas. de âmbito municipal, estadual ou federal.
Quanto as matrizes, observou-se que a sua A utilização de reprodutores e fêmeas
reposição praticamente não era feita, com Anglo-Nubianos ocorreu com maior
animais ultrapassando o momento de serem intensidade onde os rebanhos eram mais
descartados (seja por idade, baixa produção, voltados para a produção de carne, embora,
etc.), talvez em decorrência da elevada taxa alguns produtores também os utilizem vi-
de mortalidade dos animais jovens. sando um incremento na produção leiteira,
tendo em vista que a raça é considerada
MANEJO REPRODUTIVO DOS ANIMAIS como de dupla aptidão, carne e leite.
Foi observada uma grande variedade de Steinbach (1987) afirma que, em geral,
raças caprinas e ovinas, como também uma importam-se raças em decorrência do
miscigenação entre estas raças, principal- desconhecimento do potencial produtivo
mente em caprinos. dos animais autóctones e que na maioria
Verificou-se uma falta de direcionamento dos casos, as raças nativas têm seu desem-
produtivo, não havendo distinção quanto penho produtivo mascarado por práticas
às aptidões de cada raça (leite, carne, ou inadequadas de manejo, sendo prejudicadas
leite e carne), nem qual a mais indicada para pela ausência de uma análise econômica
a referida produção, confirmando as global. Segundo Camacho Vallejo et al.
observações de Arias e Alonso (2002). Pode- (2002), o bom nível de formação dos
se citar como exemplo, um rebanho formado produtores de leite de cabra no norte de
por fêmeas com padrão racial bem caracte- Córdoba, Espanha, em geral decorre do
rizado como Alpino e utilizado por três conhecimento adquirido com a produção
reprodutores: um Saanen, um Pardo Alpino bovina, porém informações específicas so-
e um Boer. bre o manejo caprino seriam necessárias
Não foi observado em nenhum dos gru- para que os produtores pudessem superar
pos, métodos de seleção e de manejo as deficiências existentes no setor.
reprodutivo visando a melhoria da produção Embora com menor expressão, os méto-
ou mesmo no sentido de padronização do dos de seleção e de manejo reprodutivo com
rebanho. De acordo com as afirmações de raças ovinas, também não representam
Camacho Vallejo et al. (2002), sistemas de práticas comuns na região. A raça ovina
manejo inadequados ou deficientes repre- predominante foi a Santa Inês (51%), inclu-
sentam uma das principias razões da baixa sive, sendo utilizada no cruzamento com as
produtividade. demais raças. Ficou evidenciado o preva-

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CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CAPRINO E OVINO NO BRASIL

lecimento das raças deslanadas, prova- I para caprinos e ovinos, provavelmente em


velmente em decorrência de sua rusticidade, decorrência da falta de conhecimento técni-
prolificidade, adaptabilidade aos ecossiste- co e da baixa condição financeira dos
mas e excelente qualidade de carne e peles. produtores.
Os produtores utilizaram feno para os
MANEJO NUTRICIONAL DOS REBANHOS CA- caprinos entre 8-20% e ovinos entre 9-20%,
PRINO E OVINO embora não tenha sido utilizada por
De um modo geral, o manejo alimentar produtores do grupo IV. A silagem, não
das espécies caprina e ovina foram usada nos grupos IV e V, apresentou um uso
semelhantes. No inverno, com a incidência máximo de 11% no grupo III para caprinos e
de chuvas e abundância de pasto, os animais de 4% para ovinos. Silva et al. (2004)
são normalmente produzidos em regime ex- afirmaram que as técnicas de conservação
clusivamente extensivo. de forragem apresentam um baixo índice de
Constatou-se que a base alimentar dos adoção na região, sendo a fenação mais
animais era a caatinga (em seus estados: utilizada que a ensilagem, talvez pela apa-
bruta, trabalhada e capoeira), utilizada por rente simplicidade do processo.
92-100% dos produtores, e em regime de O sistema de produção extensivo voltado
pastoreio conjunto para todos os rumi- à exploração da caatinga se fundamenta em
nantes, sendo em algumas propriedades processos meramente extrativistas, embora
praticamente a única fonte alimentar ao a manipulação desse ecossistema, baseado
longo de todo o ano. No período de estiagem, em práticas de conservação dos recursos
como afirmaram Mesquita et al. (1988), a naturais, pode aumentar a disponibilidade
produção de fitomassa é reduzida a valores de forragem.
muito baixos, com perdas que podem O concentrado utilizado pelos produ-
alcançar os 60% da produção da área. Neste tores para caprinos e ovinos na realidade
período, as folhas secas que caem das consistiu no fornecimento de concentrados
árvores, disponíveis para os animais no prontos e de farelos de milho, trigo, soja,
solo, representam importante componente, algodão e torta de algodão, sendo, geral-
tanto na proteção do solo quando ocorrem mente, cada ingrediente desses fornecido
as primeiras chuvas, como também na isoladamente, sem maiores preocupações
alimentação dos animais, quando oriundas com o atendimento das exigências nutri-
de plantas forrageiras. cionais por categoria (animais em fases de
Associada ao uso da caatinga, a palma, crescimento, lactação, reprodução, etc.).
representa um recurso forrageiro largamen- Ocorre o fornecimento de concentrado pron-
te utilizado no período seco. A cultura do to apenas nos grupos I e II (ambos com 3%
milho, feijão e algodão como suplemento para caprinos), e apenas no grupo I (2% para
alimentar para o rebanho, embora citado ovinos). O uso de concentrado nas
pela maioria dos produtores (50-79% para produções de caprinos e ovinos ocorre
caprinos e 41-78% para ovinos) é totalmen- normalmente quando os animais estão em
te dependente das chuvas, e quando fase de lactação ou nos períodos de
produzidas, normalmente são utilizados estiagem, numa tentativa de salvar os
primeiramente para bovinos (basicamente rebanhos da morte por desnutrição.
as vacas em lactação), chegando apenas O fornecimento de vagens de algaroba
para os caprinos e ovinos quando normal- para a produção de caprinos, variou de 15 a
mente existe capacidade para absorver to- 60% em todos os grupos, enquanto para
das as espécies animais produzidas. ovinos foi de 15 a 40%, caracterizando como
O bagaço de cana hidrolisado foi utiliza- uma importante fonte nutricional para os
do por apenas 2% dos produtores do grupo animais na época seca (período de fruti-

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ficação das algarobeiras). nos e aumento no número de caprinos, com


Em virtude da baixa produção de grãos o rebanho ovino praticamente não se alte-
na região Nordeste (Ferreira et al., 2004) o rando.
uso de subprodutos da agroindústria, Embora os bovinos pareçam importan-
constitui uma importante alternativa para tes para a renda e produção global da fazenda
alimentação dos rebanhos em sistemas in- na região, a produção de ovinos e princi-
tensivos e semi-intensivos. Representando palmente de caprinos provavelmente ga-
uma fonte alternativa de nutrientes, o uso rantem a renda e a sobrevivência dos pro-
de subprodutos industriais na alimentação dutores.
animal também promove à redução da
contaminação ambiental e barateia os custos SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO
de produção, devido ao seu preço ser, nor- Verificou-se predominância das explo-
malmente, inferior aos suplementos con- rações extensivas, sem uso de técnicas de
vencionais. manejo e praticamente sem nenhuma
escrituração zootécnica. Hernández (2000),
ESTRATÉGIAS PARA ENFRENTAR A SECA afirma que os sistemas de exploração caprina
As estratégias utilizadas para enfrentar no México são baseados predominantemen-
a seca na realidade consistem em práticas te no pastoreio extensivo, tendo como prin-
realizadas de forma não técnica e sem cipal finalidade a produção de carne. Na
procedimento definido (28%), com venda Espanha, a produção de ovinos de corte
de animais na maioria das vezes (21 a 25% em baseia-se no sistema de exploração pura-
todos os grupos), aquisição de alimentos, mente extensivo, principalmente em virtude
uso do mandacaru (Cereus jamacaru P. das características de rusticidade e adap-
DC.) ou associação entre dois ou mais mé- tabilidade dos animais nativos as condições
todos citados anteriormente. Deve-se climáticas características da região (Martín
ressaltar que todas as estratégias postas em Bellido et al., 2001). Os autores também
prática são iniciativas dos produtores, sem afirmaram que esse sistema tradicional de
nenhuma participação ou esforço de produção a pasto promove a obtenção de
racionalização por parte de instituições de produtos de melhor qualidade quando com-
política agrícola, ensino e pesquisa, e de parados com os produtos obtidos com a
fomento. De acordo com as observações de produção intensiva.
Acero de la Cruz et al. (2003) o principal Os sistemas de exploração com caprinos
problema das explorações caprinas anali- leiteiros na área analisada foram muito va-
sadas no Norte e Este da Espanha consistia riados, incluindo desde sistemas intensi-
na gestão deficiência que os produtores vos (não muito freqüentes) até os extensi-
desenvolviam em suas propriedades. Nor- vos, sem suplementação alimentar, levando
malmente uma gestão inadequada decorre a produções estacionais que se limitam ao
do baixo nível educacional dos produtores período de inverno. Para os caprinos e ovinos
(Bedotti et al., 2005). de corte prevalecem os sistemas extensivos.
Queiroz et al. (1986), em trabalho sobre O sistema intensivo é utilizado apenas
ecologia e manejo do sistema de produção nos grupos I (3%) e III (8%), o que retrata a
de pequenos ruminantes no Sertão do Ceará sua baixa utilização pelos caprinocultores.
no Nordeste do Brasil, encontraram que no No caso do grupo I, provavelmente em
período de seca, os produtores administra- decorrência do tamanho das propriedades
vam seus estoques de forragens reduzindo (área máxima de 57 ha). O sistema semi-
o número de animais e mudando a composi- intensivo com 33% decorre da necessidade
ção das espécies na propriedade, ocorrendo de suplementação dos rebanhos no período
assim principalmente a redução dos bovi- de seca. Por fim, o sistema extensivo (65%)

Archivos de zootecnia vol. 57, núm. 218, p. 202.


CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CAPRINO E OVINO NO BRASIL

caracterizando-se como o método de dos bovinos leiteiros, caracterizando-se


produção mais usual na região, evidencian- como uma atividade tradicional decorrente
do, um direcionamento para a exploração da da maior disponibilidade de terras.
carne e pele. Monroy et al. (2003), avaliando Detendo a maior área das propriedades,
a situação da produção de cabras na com disponibilidade de água e área cons-
Califórnia do Sul, encontraram que 93% dos truída, o grupo V caracteriza-se como o que
seus produtores utilizaram também o siste- mais sub-utiliza os recursos das proprie-
ma de exploração extensivo. dades e seus respectivos potenciais. Pre-
Embora muito semelhantes aos dos domina a exploração de leite caprino e carne
caprinos, os sistemas de exploração dos ovina, seguida pela produção de leite bovi-
ovinos apresentam pequenas variações, com no. Dados similares aos encontrados neste
uma média total de 29% no sistema semi- estudo foram reportados por Holanda Júnior
intensivo e 69% no extensivo. Pode-se infe- (2004), trabalhando com caracterização
rir de tal informação, que mesmo os ovinos zootécnica e de renda nos sistemas de
manejados a maior parte do tempo junta- produção de caprinos e ovinos praticados
mente com os caprinos, o fato de se explorar no Sertão da Bahia.
nas cabras também o leite, faz com que estas Verificou-se com a pesquisa que muitos
sejam privilegiadas no momento da racio- fatores têm contribuído para a baixa
nalização do manejo. produtividade de caprinos e ovinos na
região, destacando-se entre eles, a utilização
CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE de técnicas inadequadas de manejo alimen-
PRODUÇÃO tar e reprodutivo, o uso de métodos exten-
Verificou-se um sistema de produção sivos de produção com baixa inversão de
associativo; com caprinos, ovinos e bovi- capital e com a idéia de que estes pequenos
nos, produzidos em 65% das propriedades ruminantes podem assegurar na pastagem
pesquisadas. A criação de caprinos estava nativa sua nutrição.
presente em 96% das propriedades, onde
47% dos animais eram destinados a pro- CONCLUSÕES
dução de leite e 49% para carne. Os ovinos
estavam presentes em 81% das propriedades O sistema extensivo caracterizou-se
e os bovinos em 79%, com 61% para a como o mais usual em todos os grupos
produção de leite e 18% para o corte. avaliados, com o ecossistema da caatinga
Propriedades com produção apenas de utilizado de maneira extrativista.
caprinos representaram 10% e apenas A falta de manejo alimentar adequado,
ovinos 1%. A criação exclusiva de bovinos necessário para atender as exigências
não foi encontrada em nenhuma das nutricionais dos animais, e o sistema de
propriedades pesquisadas. produção associativo, com a utilização de
Existe uma tendência de substituição no caprinos, ovinos e bovinos, caracterizaram-
grupo I das demais atividades pela produção se como fatores dominantes.
de leite de cabra, visto que a demanda pelo A ausência no grupo IV de práticas de
produto está se consolidando com relativa conservação de forragens, como fenação
rapidez na região. O grupo II destacou-se ou ensilagem, para fornecimento aos animais
pela maior representação no sistema de no período de escassez de chuvas, repre-
criação de caprinos e ovinos (18%). senta um ponto crítico da atividade pecuária
Observou-se no grupo III uma grande neste grupo.
concentração de atividades destinadas a Promover o cultivo de forrageiras nati-
produção de leite caprino e bovino. O grupo vas, para a confecção de silagem e feno
IV concentra suas atividades na exploração deve ser priorizada no grupo I. A maior

Archivos de zootecnia vol. 57, núm. 218, p. 203.


COSTA, ALMEIDA, PIMENTA FILHO, HOLANDA JUNIOR E SANTOS

disponibilidade territorial para o plantio de mentos para os animais no período de


variedades nativas, em todos os demais estiagem e garantiriam a sustentabilidade
grupos, viabilizaria uma maior oferta de ali- do sistema produtivo na região.

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