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Saúde em Debate

ISSN: 0103-1104
revista@saudeemdebate.org.br
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
Brasil

França da Silva, Elaine


Metodologia feminista e direitos reprodutivos no Centro de Saúde Santa Rosa, Niterói
(RJ)
Saúde em Debate, vol. 39, núm. 106, julio-septiembre, 2015, pp. 893-903
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
Rio de Janeiro, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=406342828027

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RELATO DE EXPERIÊNCIA | CASE STUDY 893

Metodologia feminista e direitos


reprodutivos no Centro de Saúde Santa Rosa,
Niterói (RJ)
Feminist methodology and reproductive rights in the Santa Rosa
Health Center, Niterói (RJ)

Elaine França da Silva1

RESUMO O presente trabalho tem por objetivo examinar práticas feministas e femininas, em
especial, aquelas presentes em uma pedagogia voltada para o processo de empoderamento
político das mulheres, a Linha da Vida, largamente utilizada nas lutas dos anos de 1980 por
direitos reprodutivos e, mais especificamente, pela instituição do Programa de Assistência
Integral à Saúde da Mulher. Essa pedagogia, propagada no Brasil, marca a segunda onda fe-
minista, estimulando o protagonismo das mulheres, favorecendo a tomada de consciência e
definindo orientações de lutas pelas transformações desejadas. Para tanto, este trabalho apre-
senta um estudo tomado da experiência do Centro de Saúde Santa Rosa, em Niterói (RJ), a
partir de 1984.

PALAVRAS-CHAVE Mulheres; Assistência integral à saúde; Feminismo.

ABSTRACT The present work aims to examine feminist and feminine practices, special, those
present in a education focusing on the process of political empowerment of women, the Life Line,
widely used in the fighting of the eighty´s for reproductive rights and, more specifically, for the
institution of the Integral Assistance Program to Women’s Health. This practice, propagated in
Brazil, sets the second feminist wave, stimulating the feminine prominence, fostering the aware-
ness and stablishing fighting orientations for the desired changes. Therefore, this work presents a
study based on the Santa Rosa Health Center, in Niterói (RJ), since 1984.

KEYWORDS Women; Comprehensive health care; Feminism.

1 Universidade Federal
Fluminense (UFF) – Niterói
(RJ), Brasil.
elainefranca_loc@yahoo.
com.br

DOI: 10.1590/0103-1104201510600030027 SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 39, N. 106, P. 893-903, JUL-SET 2015
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Introdução de Niterói (RJ), em particular, as efetivadas


no Centro de Saúde Santa Rosa.
Nos anos 1980, presenças femininas e fe-
ministas na construção do Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher Quando tensões definem
(PAISM) marcaram o árduo caminho per- rumos para políticas de
corrido pelas mulheres rumo ao seu reco-
nhecimento político, ao longo de sucessivas
saúde
décadas. Elas sugeriram processos de empo-
deramento e novos protagonismos políticos, Com anos de experiência em questões re-
todos de suma importância para a constru- lativas à Saúde da Mulher, a unidade de
ção das políticas sociais no Brasil. Através saúde, possuía um espaço privilegiado, que
de experiências de troca entre mulheres reunia profissionais interessados em mudar
desiguais, tensões políticas se avolumaram, o estado da saúde no município. Inaugurada
impulsionando a redefinição dos rumos das em 1953, localizava-se no chamado ‘velho
políticas de saúde para as mulheres no Brasil. casarão’, no bairro de Santa Rosa. Duas
Experimentando um importante acúmulo décadas depois, no ano de 1974, a unidade
de saberes, elas construíram um programa de saúde transferiu-se para sua sede própria,
afinado com seus anseios de liberdade repro- na Rua Ary Parreiras, no bairro Vital Brazil,
dutiva, tornando o PAISM um lugar comum Niterói (RJ). Espaço muito utilizado para
delas próprias. Nesse momento, uma nova a capacitação de profissionais, era um pólo
pedagogia feminista, vinda de fora do País, as de treinamento do Ministério da Saúde.
auxiliou, pavimentando novas vias rumo ao Médicos, enfermeiros, assistentes sociais e
empoderamento e ao conhecimento de suas psicólogos eram remanejados de diferen-
identidades. tes áreas da gestão pública, objetivando a
A pedagogia – em especial, a Linha da organização de equipes de excelência para
Vida – estimulou a superação do Programa integrarem o espaço da saúde reprodutiva.
Materno-Infantil e a implantação do PAISM, Naquela conjuntura, houve uma permissão
com base na perspectiva das mulheres como governamental para que profissionais do
sujeitos (COSTA, 2007A). Instituto Nacional de Assistência Médica
A prática pioneira realizada no Centro de da Previdência Social (Inamps) exercessem
Saúde Santa Rosa, no município de Niterói atividades nas redes básicas de saúde, nas
(RJ), iniciada em 1984 – hoje, Policlínica regiões periféricas da cidade. Essa experi-
Regional Dr. Sérgio Arouca – oferece o inte- ência foi o resultado de uma mobilização
ressante estudo de caso do tempo enunciado maior de diversas instituições e movimentos
aqui. Esse espaço fala de lutas pela saúde re- sociais, com destaque para os movimentos
produtiva, fala de protagonismos femininos sociais de mulheres.
e feministas e, em especial, de um masculino. Na esteira das transformações políticas
Este artigo, de caráter reflexivo, faz o que ocorreram nas consciências femininas
resgate de uma experiência pedagógica de e feministas no ocidente, a ‘segunda onda
vital importância histórica e política para do feminismo’ retomou força no Brasil nos
a atenção à saúde das mulheres pela pers- anos de 1970, e como resultado de profundas
pectiva crítica de gênero, da integralidade e transformações da vida em comum, também
das pedagogias reflexivas, iniciadas nos mo- foi responsável pelo afloramento das lutas
vimentos sociais de mulheres. O artigo tem por direitos reprodutivos. Tratando-se
por fontes registros documentais dessas ex- destes tempos, o movimento feminista
periências políticas ocorridas no município já possuía influência entre intelectuais

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brasileiras. Ideias feministas –especialmen- Católica. Questões como sexualidade, aborto


te, o feminismo europeu – foram introdu- e planejamento familiar, entre outros assun-
zidas no País, dando substância ao início tos tidos como do âmbito privado, começa-
do movimento de mulheres contemporâ- ram a ser debatidos com mais fervor entre
neo (COSTA, 2004). Naquele tempo, mulheres um maior número de mulheres. A mobili-
engajadas politicamente acabaram por zação política da época permitiu a criação
envolver-se em questões para além das suas de ‘grupos de reflexão’, inicialmente nos
próprias, engrossando as lutas pelo fim da estados do Rio de Janeiro e de São Paulo
repressão militar. Estes novos protagonis- (SARTI, 2001). Sem ressonância pública e sem in-
tas do cenário político brasileiro se asso- terferência masculina, até aquele momento,
ciaram a outras militantes de esquerda, que esses grupos eram formados por mulheres
retornaram ao País, após a Lei de Anistia conhecidas, amigas (PEDRO, 2006).
ser aprovada, em 1979. Movimentações ad- Duas foram as vertentes feministas que in-
vindas de ‘lutas gerais e lutas específicas’ fluenciaram a formação desses grupos: uma
deram indícios das dicotomias existentes vinda da França e outra, dos Estados Unidos.
no interior dos movimentos (PEDRO, 2006). No que diz respeito à vertente europeia, ve-
Reunidos em torno de novas demandas, rifica-se sua contribuição teórica acentuada,
os movimentos sociais de mulheres eviden- voltada às discussões sobre a circulação de
ciaram a pluralidade das suas reivindicações mulheres no âmbito público/privado e seus
em tempos de ditadura. Naquele período, rebatimentos históricos: a servidão domés-
muitos movimentos passaram a reivindicar tica e a ‘dupla jornada de trabalho’. Naquele
a criação de direitos antes negligenciados período, os coletivos franceses já atuavam
pelo Estado, como, por exemplo, os direitos denunciando tais desigualdades, repensando
sociais, culturais e de gênero. Especialmente o caráter político da ‘divisão sexual do tra-
no Brasil, os feminismos tomaram um novo balho’, tensões que modificariam as relações
impulso, afirmando que o ‘pessoal era polí- sociais (HIRATA; KERGOAT, 2007). Em contraparti-
tico’. Surgiram, por esses anos, as primeiras da, a vertente americana teve como carac-
falas sobre direitos sexuais e reprodutivos, terística predominante a prática de ‘grupos
que, segundo Ávila (2003), dizem respeito à de reflexão’ voltados para a transformação
igualdade e à liberdade pessoais nas decisões pessoal e cultural (PEDRO, 2006).
relativas a essas esferas, e o reconhecimento No Brasil, um dos primeiros grupos surgiu
da sexualidade e da reprodução como di- no estado de São Paulo, no ano de 1972, e
mensões da cidadania. Nos anos seguintes, logo depois no estado do Rio de Janeiro, por
muitos foram os marcos que legalizaram conta de Branca Moreira Alves. Em sua pas-
esses direitos. sagem pelos Estados Unidos, Branca entrou
Os feminismos no Brasil se caracteriza- em contato com esses grupos de reflexão e,
ram por sua forma peculiar de organização, ao voltar ao Brasil, os formou. Inicialmente,
estruturados em bases locais; trocaram ex- ela uniu mulheres de diferentes idades em
periências com moradores das periferias um só grupo, mas, a diferença de geração as
(SARTI, 2001). Em Niterói (RJ), mesmo que na inibiu. Então, optou por dividir o grupo entre
invisibilidade, na maioria das vezes, houve as da geração de sua mãe e as de sua própria
registros de que as mulheres se envolveram geração. O grupo das mais jovens durou até
em lutas pela garantia de direitos básicos meados da década de 1970 (PEDRO, 2006).
de sobrevivência, pela redemocratização A fertilidade desses grupos desnudou um
do País. complexo processo de formação de iden-
Naquele período, ideologias feministas tidades coletivas, presentes nas iniciativas
seguiram disputando espaços com a Igreja dos coletivos SOS Corpo, no estado do Rio

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de Janeiro e no Recife (PE) (COSTA, 2002), e intimamente associados à sexualidade e a


na militância do grupo Ceres. Formado por luta por direitos reprodutivos:
Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy,
entre outras feministas, este último era pio- Questões relativas à vivência de uma sexuali-
neiro na formação dos ‘grupos de reflexão’, dade plena e livre de riscos, o controle do pró-
contando, inclusive, com a confecção de um prio corpo e o direito de decidir sobre como
livro: ‘O espelho de Vênus’ (COSTA, 2007B), pu- e quando ter filhos constituíram-se como te-
blicação coletiva que trouxe contribuições mas centrais de reflexão e de vivências. (FER-
importantes para o reconhecimento das ex- REIRA; MARQUES, 2008, P. 1).
periências corporais e da subjetividade femi-
nina no Brasil. O avanço se fez, notadamente, com a con-
Tais experiências se multiplicaram, quista de direitos em um campo de muitas in-
contudo, o caminho trilhado pelo trânsito terdições: o da sexualidade e da reprodução.
dessas práticas falava de conflitos e do surgi- Isso se moveu ainda na revisão dos progra-
mento de redes de solidariedade. mas vinculados à proteção materna. Alguns
Nessa perspectiva, Pedro (2006) indica que profissionais elevaram a voz nesse período,
militantes de esquerda, tidas como mais radi- defendendo o direito à saúde em sua integra-
cais, não se identificaram com os ‘grupos de lidade. Temas como prazer sexual sem gra-
reflexão’. Segundo elas, as lutas por autono- videz, uso de contraceptivos e esterilização
mia e controle do corpo seriam consideradas entraram para o elenco das questões que co-
‘ideias específicas’ e, portanto, divisionistas meçaram a mobilizar mulheres comuns em
da ‘luta geral’, pelo fim da ditadura, que con- torno dos direitos reprodutivos (COSTA, 2009).
sideravam prioritária. Obviamente, essa transformação da consci-
O fato de os grupos terem surgido nas ência feminina sobre a sexualidade e a vida
rodas feministas de classe média também foi reprodutiva não surgiu de forma isolada, ela
motivo para que muitos militantes apelidas- necessariamente incluiu, também, decisões
sem os círculos de ‘chá das cinco das ricas do sexo masculino. A tentativa de repensar
ociosas’ (PEDRO, 2006). o papel da mulher e a atenção que ela estava
Mas a resistência ao preconceito se for- recebendo, até então, por parte das políticas
taleceu e, posteriormente, os ‘grupos de re- públicas de saúde vieram acompanhadas de
flexão’ se espalharam, ganhando sucessivas uma série de transformações políticas e ide-
sistematizações como práticas educativas na ológicas da vida em comum e da intimidade.
área da saúde e em outras áreas. Na década de Desde meados da década de 1970, o campo
1980, deles se utilizaram programas de capa- da saúde torna-se espaço de intervenções
citação de recursos humanos do Ministério políticas de movimentos sociais de mulhe-
da Saúde, programas de saúde da mulher res, com ações dirigidas tanto ao exercício
das secretarias de estados e municípios, dos direitos sexuais e reprodutivos quanto à
congressos internacionais de saúde, grupos qualidade da atenção nos serviços de saúde
autônomos de mulheres e grupos internacio- (FERREIRA; MARQUES, 2008).
nais idealizadores de ações em favelas, entre
outros movimentos sociais e instituições no Espaços de sociabilidade e tomada
País (COSTA, 2009). Como saldo desses anos, de consciência: experiências que
essas práticas permitiram pequenas revolu- compõem o PAISM
ções individuais e coletivas possibilitando o
empoderamento político daquelas mulheres. O Centro de Saúde foi pioneiro na reali-
Protagonismos femininos, não neces- zação das oficinas de ‘reflexão e ação’ (ou
sariamente feministas, também estavam dos ‘grupos de reflexão’), posteriormente

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conhecidas como Linha da Vida, por conta da expectativa de envelhecimento. Em tais


de Martha Zanetti. Disseminada em vários etapas, recordavam acontecimentos marcan-
países do mundo, recebeu nomes como tes de suas vidas; em seguida, eram contadas
Herstories ou Bitch sessions (COSTA, 2009). A as experiências enquanto uma coordenadora
pedagogia feminista facilitou o trabalho da registrava as falas em um grande papel colo-
integralidade no campo da saúde. Ela se or- cado no chão. Com a sucessão de registros,
ganizou por iniciativa de algumas feministas de memórias vividas, eram realizadas refle-
que as teriam vivido no exterior. Algumas xões sobre as semelhanças e diferenças entre
promoveram, nos estados do Rio de Janeiro as experiências. E, dentro desse universo de
e também de São Paulo, reuniões de mulhe- subjetividades, ocorriam as trocas de saberes,
res próximas e em diferentes casas. Essas momentos de interação entre mulheres to-
experiências foram deslocadas, por algumas talmente diferentes, que se viam nas experi-
profissionais de saúde, para seus ambientes ências de outras mulheres, em um contínuo
de trabalho. Forjou-se, assim, uma pedagogia processo de empoderamento, que perpassava
experimental de reflexão e ação, de nature- traumas, dores, prazeres, preconceitos. Em
za informal, ao alcance de apenas mulheres outra etapa, elas definiam, em grupos, rumos
próximas, conhecidas, mas que se multipli- para as lutas relativas às questões de direito
cou, em sucessivas formalizações por profis- reprodutivo, estabelecendo metas a serem
sionais da área de saúde. Desvendou-se um alcançadas e responsabilidades pessoais,
processo contínuo de politização. visando demarcar pautas para o PAISM a
É interessante relacionar a importân- serem conduzidas pela unidade de saúde.
cia desses grupos no desenvolvimento do No Brasil, as oficinas se multiplicaram, al-
PAISM. Esses espaços foram de extrema cançando vários estados, desde meados dos
importância para que mulheres, homens anos 1970. Em Niterói, município do Rio de
e profissionais da saúde pudessem pensar Janeiro, essa metodologia levou mulheres a
que tipo de política gostariam de construir. darem depoimentos sobre suas vidas e a se
Os grupos de reflexão se propagaram nas engajarem em lutas sucessivas no âmbito da
unidades de atenção primária no estado do saúde reprodutiva. No Centro de Saúde, a in-
Rio de Janeiro, houve uma intensa capa- trodução dessa pedagogia feminista foi feita
citação de profissionais, inclusive, com o pela Profª. Suely Gomes Costa, da Escola
treinamento de Agentes Comunitários de de Serviço Social da Universidade Federal
Saúde (COSTA, 2007A). Fluminense (UFF), em 1984 e nos anos se-
Buscando promover a afirmação da guintes, na condição de orientadora de estágio
mulher como sujeito de direitos com vistas ao discente da unidade. Ela viveu a experiência
reconhecimento de sua cidadania, as práticas da Linha da Vida, em um evento promovido
educativas inovadoras foram criadas através pela Comissão dos Direitos Reprodutivos,
das experiências dos movimentos de mulhe- criada na Assembleia Legislativa do Estado
res em seus diversos momentos. Algumas do Rio de Janeiro, por Lucia Arruda, depu-
variações puderam ser verificadas na meto- tada estadual e militante feminista (PT).
dologia de desenvolvimento dessas oficinas, Isso se deu por um convite ocasional feito a
embora, na maioria das vezes, elas seguissem ela pela Profª. Hildete Pereira de Mello, da
uma mesma sistematização. Eram propos- Faculdade de Economia (UFF), militante
tas etapas de produção coletiva, em que as feminista, quando de uma ida ao Centro de
mulheres reunidas, em sequência, falavam Saúde para uma palestra. Vivida a experiên-
de suas existências, segundo etapas de vida: cia, a Profª. Suely a introduziu entre profis-
do nascimento, da infância, da adolescência, sionais do Centro de Saúde, buscando obter
da juventude, da maturidade, da velhice ou estímulos à implementação do PAISM, sob o

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governo Brizola, nos termos definidos pela regras de atendimento em geral e no nascente
Comissão Legislativa (COSTA, 2007A). A Linha PAISM, depois espraiadas para outras unida-
da Vida, como pedagogia emancipatória, foi des de saúde do município e do Estado. (COSTA,
empregada e propagada por alunos e profis- 2010, P. 2).
sionais do Centro de Saúde, e engendrou um
efeito multiplicador de muitas iniciativas, Naquele instante, novos atores somaram
tendo sido totalmente abraçada por César forças, fazendo circular, tanto no ambiente
Macedo, diretor da unidade à época. acadêmico quanto no das práticas cotidia-
O profissional responsável por buscar nas de saúde, novas perspectivas para a
novos rumos para a saúde do município de tomada de consciência política, de autoco-
Niterói (RJ), em especial, no período em que nhecimento e de ações focadas em deman-
esteve à frente do Centro de Saúde Santa das sociais reconhecíveis. Com o encontro
Rosa, na década de 1980, possibilitou que de muitos mundos, até então, distintos, as
uma série de atividades de cunho feminista questões postas no dia-a-dia dos profissio-
ocorresse na unidade. Médico sanitarista, nais e usuários eram percebidas como ques-
Dr. César Roberto Braga Macedo objetivou a tões que também estavam presentes nos
desconstrução de toda e qualquer forma ins- debates e nas pautas de luta travadas pelos
titucionalizada e ‘engessada’ de fazer saúde. movimentos de mulheres.
Além de colaborar para o desenvolvimento
de novas práticas reflexivas entre usuários Lembro-me [...] de muitas tensões vividas
e profissionais da área, foi um dos primeiros por mulheres, profissionais de saúde que, ao
homens, na unidade, a estar em um ambiente contrário desse médico, negaram-se a par-
ocupado por mulheres, estimulando iniciati- ticipar, por exemplo, de dinâmicas de grupo
vas e sucessivos eventos com o uso da Linha [...] centradas na linha da vida de cada um.
da Vida. Também a seu convite, Martha (COSTA, 2010, P. 3).
Zanetti, a organizadora de um texto de sis-
tematização da Linha da Vida ao Centro de Ainda segundo Suely Gomes Costa, muitos
Saúde, fez um debate sobre essa metodologia profissionais se negariam a participar das
para um auditório lotado por quadros dessa oficinas, alegando não terem sido treinados
unidade e de outras, tornando públicas as a falar de si, apenas a ouvir e falar do outro.
orientações em marcha. César Macedo se Mesmo assim, a pedagogia foi capaz
apropriou de tal pedagogia, reconhecendo- de formar grandes grupos de reflexão em
-a como um importante instrumento de torno de assuntos que outrora eram man-
sensibilização para mudanças de práticas tidos em segredo pelas mulheres, como
médicas e divulgando-a entre os mais diver- ainda é o caso do aborto. Tivemos ainda,
sos sujeitos. discussões que, infelizmente, pouco avan-
A pesquisadora Suely Gomes Costa defen- çaram em matéria de ações concretas, como
dia a importância de valorizar a experiência também é o caso da cultura da reprodução
ocorrida no Centro de Saúde através dos enquanto ‘assunto de mulher’, o que reite-
olhos do médico, em especial. Segundo ela, radamente colabora para o afastamento dos
o nome de César Macedo deve ser lembra- homens das responsabilidades reproduti-
do como de extrema relevância na condução vas. “A ausência masculina nos assuntos da
das ações ali desencadeadas (COSTA, 2010). reprodução e o quanto isso é familiar aos
Suely Gomes Costa informa: profissionais de saúde, nos reporta a noção
de estranhamento nos assuntos da reprodu-
Compúnhamos uma equipe que, então intro- ção” (SANTOS, 2006, P. 33). Isso tem se movido
duzia, nessa unidade, inovações cruciais nas lentamente ao longo das décadas, mas o

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quanto dessa cultura persiste? Os atuais sem legitimidade, que nada sabem sobre a
Programas de Planejamento Familiar têm sociedade e as violências, sempre fracas de-
se caracterizado como ‘espaço de mulheres’ mais, sem agência.
e comprovado a quase inevitável feminiliza-
ção do PAISM. Mulheres são sempre vítimas? Terrenos
Não há como contestar que todas essas pouco explorados indicam relações entre
experiências ocasionariam redefinições no mulheres desiguais. Logo, atento para a com-
limite do privado e do público; elas acabaram plexidade dos sistemas de poder e subordi-
por moldar novas relações sociais, inclusive nação que perpassam relações de classes,
e principalmente, no interior das famílias. étnicas e geracionais, entre tantas outras, em
Ao perceberem-se sujeitos de uma ‘opressão’ suas muitas interseções. No que diz respeito
específica, as mulheres passaram a refletir às desigualdades entre as mulheres, isso é
sobre seus papéis sociais, verificando que patente (COSTA, 2004).
um enorme volume de trabalho era realizado Em princípio, a romantização construída
gratuitamente por elas, trabalho socialmente em torno da igualdade, conceito em que as
desvalorizado, invisibilizado cotidianamente mulheres se percebem como ‘irmãs’, ofusca-
(HIRATA; KERGOAT, 2007). Logo, o trabalho domés- va as tensões nas relações, que estavam longe
tico e, com ele, o papel materno, passaram a de serem equacionadas. A Linha da Vida,
ser questionados. muito embora tenha sido uma pedagogia ino-
Para uma mudança dessa magnitude, vadora para a época, reunia as mulheres ao
admite-se, teria ocorrido um importante redor dessa suposição de irmandade, reafir-
acúmulo de saberes e de experiências. Ele mando características biológicas (COSTA, 2009).
se expressou, com maior nitidez, nos anos Ao defender que mulheres são iguais porque
1980, quando, então, buscou-se evidenciar e menstruam, porque engravidam, a Linha da
debater a forma pela qual as mulheres viven- Vida acabava por invisibilizar problemas que
ciavam, no isolamento de seus lares, muitas perpassavam os debates de gênero, como a
das suas questões existenciais. Sobretudo, pouca participação de usuários homens nas
muitas vezes, sofrendo distintas formas de oficinas e as homossexualidades.
violência de gênero, violência doméstica, Ainda assim, essas experiências peda-
intrafamiliar. gógicas foram um importante passo, re-
Heleieth Saffioti (2002), pioneira na sultado de movimentações públicas das
análise da condição da mulher sob uma mulheres, momento em que produziram
perspectiva de classes, me faz atentar para cultura, através de peças, jornais, revistas e
a complexidade dessas relações violentas congressos. Aqueles foram tempos de orga-
entre homens e mulheres, relações envoltas nização de diversos grupos autônomos de
em uma realidade multifacetada, ideologi- mulheres em torno de questões específicas.
camente sustentada. Percebo, ainda, que Um exemplo e ‘produto’ dessa movimenta-
mulheres também oprimem e, no âmbito ção política foi a construção do PAISM, no
das relações privadas, aceitam o papel de início da década de 1980, tempos de ‘rebel-
‘rainhas-do-lar’ porque ganham compensa- dia’ e contestação.
ções com a fragilidade, como também resis- Assim, em 1983, surge o PAISM, em res-
tem e transgridem (COSTA, 2004). posta à Comissão Parlamentar de Inquérito
Segundo Andrade (2014), a sobre problemas populacionais, a pedido
do Presidente João Baptista de Oliveira
história da mulher sempre vítima e jamais Figueiredo (COSTA, 2004). Naqueles anos,
motor de qualquer opressão trata as mulhe- as questões sobre o crescimento popula-
res todas como se fossem seres sem vontade, cional já afloravam no mundo, e o tema

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‘planejamento familiar’ mostrava-se recor- educativos voltados para a formação de mães


rente nas conferências sobre população, em mental e fisicamente ‘saudáveis’ (FREIRE, 2006).
1974, em Bucareste; em 1984, no México; e Ainda segundo Freire (2006), o estabe-
em 1994, no Cairo. lecimento da maternidade científica nas
Os movimentos sociais, militantes dessa primeiras décadas do século XX, no Brasil,
área, avaliaram os resultados da Conferência instituiu decisiva influência sobre a constru-
do Cairo como um grande avanço no que ção das políticas relativas à saúde da mulher.
diz respeito à formalização do conceito de Considerada como o exercício da materni-
saúde reprodutiva. Nessa perspectiva, o dade embasada nos saberes academicamen-
direito das pessoas decidirem se querem ou te legitimados, a maternidade científica foi
não ter filhos e o direito à livre reprodução objeto de práticas educativas próprias e de
sem discriminação, por exemplo, passa- supervisão médica. Essa ideologia direcio-
ram a ser garantidos e defendidos (BRASIL, nou todas as demais políticas de saúde de-
2010). Em relação à saúde reprodutiva, a senvolvidas para a mulher, evidenciando o
Conferência Internacional sobre População poder normatizador de instituições médicas
e Desenvolvimento (CIPD) ratificou o con- e do Estado. Nas décadas de 1930 a 1970, os
ceito definido em 1988 pela Organização programas materno-infantis traduziram o
Mundial da Saúde (OMS). espírito da ‘nova mulher-mãe’, baseado em
A saúde reprodutiva, se bem posso definir, sua especificidade biológica.
é parte de um movimento mais amplo da Se as ações do Estado em relação a ques-
saúde, que traduz um estado de luta e rebel- tões de saúde estavam intimamente ligadas
dia não necessariamente advindo de femi- ao ambiente familiar e ao papel de cuida-
nistas, mas de atores sociais comprometidos dora exercido pela mulher, por outro lado,
– incluindo protagonismos masculinos – em a extensão da prole definia a intensidade
mudar o estado das coisas. dos encargos diários, regulando o tempo
A pedagogia Linha da Vida orienta a su- doméstico. Foram (e ainda são) muitos os
peração do Programa Materno-Infantil e a impedimentos aos deslocamentos das mu-
implantação do PAISM com base na pers- lheres para a esfera pública, ressalvados
pectiva das mulheres como sujeitos, siste- alguns clássicos exemplos de exercício de
matizando a noção de integralidade (COSTA, poder de ‘mulheres notáveis’. Mudanças
2007A). Mas, de fato, com que tipo de cultura de regulação do tempo feminino levaram
o PAISM tentaria romper? Quais teriam sido a constantes negociações e rearranjos das
as expectativas sobre o programa? relações de gênero, atualizações de tantas
Ao observar as árduas movimentações po- desigualdades (COSTA, 2002).
líticas femininas e feministas em defesa dos Não há como tratar das movimentações
direitos reprodutivos, me detenho à comple- políticas femininas e feministas nos espaços
xa relação entre ciência, cultura e medicina públicos sem considerar os sistemas de
que moldaria as primeiras políticas de saúde proteção social primários, estratégias infor-
para mulheres. mais utilizadas para compensar as precárias
Antes, na década de 1920, a preocupação redes de proteção estatal. São essas relações
com a higiene de ambientes e com o perigo cotidianas do cuidar que atualizam desi-
de doenças relacionadas a bactérias e insetos gualdades seculares entre mulheres no que
era grande. Ações de saúde e prevenção concerne ao acesso a direitos sociais (COSTA,
estavam diretamente ligadas a práticas fe- 2002). Constata-se que, tanto a questão re-
mininas. A preocupação demográfica e o produtiva quanto os cuidados com os filhos
medo do alastramento de doenças venéreas continuam sob responsabilidade das mulhe-
provocariam a intensificação de processos res. Ainda que alguns avanços tenham sido

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verificados, no que concerne à divisão de da população feminina, sobretudo no âmbito


tarefas domésticas com homens, as respon- das práticas médicas centradas nas mulhe-
sabilidades referentes à saúde reprodutiva res como reprodutoras. O PAISM inovou ao
permaneceram como ‘assunto de mulher’. propor a implantação do programa de plane-
Não obstante, ao longo de sucessivas jamento familiar em nível nacional, rompen-
décadas, homens e mulheres buscam o con- do com a lógica que, até então, nortearia as
trole da prole, mesmo que de forma clandes- intervenções sobre os corpos das mulheres
tina (SANTOS, 2006). (COSTA, 2004).
No campo da saúde, evidenciam-se mu- Na década de 1980, o movimento pela
danças nas relações sociais. Ao longo do saúde já acumulava experiências, debatendo
tempo, novas tendências comportamentais o controle populacional e o descontrolado
surgiram. Alguns intelectuais também re- uso de métodos contraceptivos, principal-
fletem sobre o modelo hegemônico de aten- mente o procedimento de esterilização. No
dimento médico, de tantos silêncios sobre processo de questionamento, as mulheres
a sexualidade e as questões do corpo, indi- também debateram o exercício da medicina
cando que, desde aquela época, as brasileiras e da ginecologia, em particular.
vêm rompendo com o clássico papel social Todavia, constatados avanços no âmbito
que lhes é atribuído pela maternidade. O dos direitos reprodutivos, os feminismos
controle da fecundidade passa a ser aspira- perderam muito de sua força de persuasão
ção das mulheres, que colocam em debate diante dos precários serviços públicos de
novos padrões de comportamento sexual, saúde (COSTA, 2002). Os planos privados de
desvinculados da maternidade. Essa conjun- saúde tornaram-se saídas comumente utili-
tura favorece discussões sobre a criação de zadas por mulheres interessadas no procedi-
novas políticas de saúde (COSTA, 2004). mento de esterilização, tentativas de impedir
Diversas correntes de saber e práticas o crescimento da prole e de garantir a parti-
sociais tiveram influência na formulação cipação no mercado de trabalho.
do PAISM: desde atores que defendiam a Vejo que parte dos insucessos verificados
proposta da reforma sanitária até os mo- na implementação do PAISM – que não se
vimentos de mulheres e feministas – estes restringem a essa experiência localizada que
últimos marcaram participação através das narro, mas se estendem a outros casos com-
propostas educativas. O programa inovou ao partilhados – estão associados à complexa
tentar abordar questões como as relações de articulação de interesses políticos antagô-
poder no interior dos serviços de saúde e ao nicos que marcam a gênese do programa.
estimular a inserção dos movimentos sociais, Como bem examina Giffin (2002, P. 109):
representando os interesses dos sujeitos en-
volvidos (COSTA, 2004). Tanto a situação de saúde reprodutiva das
O PAISM surgiu apresentando em seus mulheres brasileiras como a condição orça-
pressupostos a ideia de que a saúde não mentária do PAISM indicam, atualmente, os
se restringe à mera oferta de assistência reais limites da luta política restrita ao setor
médica, mas abrange a execução de outras saúde, seja no plano nacional ou no palco dos
políticas sociais, que ampliam a qualidade de discursos internacionais,
vida dos sujeitos. Nesse contexto, uma abor-
dagem diferenciada da saúde da mulher foi fortemente influenciados pelas políticas
defendida baseada no conceito de atenção populacionais focais de cunho controlista.
integral à saúde das mulheres. Esse ‘novo Tendo em vista os impasses, equívocos e
espírito’ marcou a tentativa de ruptura com frustrações diante da não concretização do
a visão tradicional acerca das necessidades PAISM ‘idealizado’, muitos coletivos foram

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capazes de repensar suas formas de atuação. relação à descriminalização do aborto e do


Mary Garcia Castro (2001) defende que os atendimento às demandas por laqueadura de
feminismos puderam, a partir das novas trompas (COSTA, 2002). Os frutos gerados pela
conjunturas, reorganizar-se de forma a re- experiência localizada no Centro de Saúde
pensarem paradigmas e a reconceituarem Santa Rosa foram uma tentativa audaciosa
práticas políticas. Muitas militantes, que nos de reverter o estado da saúde reprodutiva,
anos de 1970/1980 participaram dos movi- desconstruindo a cultura de que reprodução
mentos sociais de mulheres, inserem-se hoje é ‘assunto de mulher’. As práticas possibi-
em outras frentes de luta, não necessaria- litaram a produção de conhecimento a res-
mente em organizações de base comunitária. peito do próprio planejamento familiar e seu
Elas ocupam meios de comunicação, funda- papel. A pedagogia atingiu usuários e pro-
ram e fundam ONGs, integram partidos po- fissionais de saúde de várias localidades de
líticos, fazem carreiras na academia ou em Niterói (RJ), incluindo os bairros de Ititioca
outras áreas profissionais. e Viradouro. Além disso, alcançou militan-
No final dos anos 1980, as lutas por di- tes do Partido dos Trabalhadores (PT), do
reitos reprodutivos e por políticas sociais Partido Democrático Trabalhista (PDT)
avançaram, mesmo sob sérias divergên- e do Partido do Movimento Democrático
cias entre feministas e não feministas com Brasileiro (PMDB) (COSTA, 2009). s

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