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1.1 – Introdução
A observação de corpos celestes com um
teodolito e um cronômetro (medidas angulares e
de tempo) possibilita a determinação da posição
geográfica, ou seja, das coordenadas de um ponto
da superfície terrestre: Latitude e Longitude.
Além de tais coordenadas, ditas geográficas,
astronômicas ou naturais, também podem ser
determinadas direções que ligam a estação onde
se processam as observações a outras estações
terrestres.
Quando tais determinações se caracterizam por
uma precisão de aproximadamente um décimo de
segundo de arco (0,1" ), classificam-se como de
primeira ordem e são objeto da chamada
Astronomia Geodésica. Quando a precisão
diminue para um segundo de arco (1") as
determinações são ditas de segunda ordem e
constituem o objeto da tradicionalmente chamada
Astronomia de Campo. Convém salientar que a
Astronomia de Campo, também chamada de
Astronomia de Posição ou de Astronomia Esférica
é de fundamental importância…
para o engenheiro, mesmo que ele não se dedique a
utilizar as técnicas astronômicas para a
determinação da posição geográfica.
1.2 – Forma da Terra: Modelos
Em uma primeira aproximação as
irregularidades da superfície terrestre podem ser
negligenciadas, reduzindo-se o problema da
determinação da forma da Terra à determinação
das dimensões de um modelo que substitue a Terra
verdadeira. Em alguns casos pode-se adotar o
modelo esférico; noutros, quando os requisitos de
precisão são mais rigorosos, usamos o modelo
elipsoidal.
Para os dois modelos admite-se uma Terra
fictícia com homogênea distribuição de massas, o
que não ocorre com a Terra real.
1.3 – Coordenadas de um Ponto Sobre o Modelo
Esférico.
1.3.1 – Hipóteses Simplificativas
A adoção de um modelo já implica no
sacrifício da precisão. Isto justifica a adoção de
outras hipóteses simplificativas.
Assim, o modelo esférico, como a Terra real, gira
de oeste para leste completando uma rotação em 24
horas siderais;
mas admitiremos que sua velocidade angular seja
constante e que o eixo seja fixo no corpo do
modelo.
1.3.2 – Definições
Os extremos do eixo de
rotação são os polos terrestres.
A circunferência máxima
cujo plano é normal ao eixo é o
equador, o qual define dois
hemisférios. Uma circunferência menor cujo
plano é normal ao eixo denomina-se paralelo e as
semicircunferências máximas que vão de polo a
polo recebem o nome de meridianos.
1.3.3 – Coordenadas Esféricas
D R d sendo,
180º
D distância entre os dois pontos (km)
R 6370 km (raio da Terra)
d distância entre os dois pontos (graus)
EXERCÍCIO :
Calcular a distância entre Teresina e Brasília, supondo a Terra esférica com
raio R 6370 km e conhecendo as coordenadas geográfica s destas duas cidades :
a 5º05'22" S 15º46'48" S
b
Teresina Brasília
a 42º48'05" W 47º55'45" W
b
SOLUÇÃO :
b a
47º55'45" (42º48'05" ) 5º07'40"
cos d sena sen b cos a cos b cos
cos d sen (5º05'22" ) sen(15º46'48" ) cos(5º05'22" ) cos(15º46'48" ) cos(5º07'40" )
d 11º49'00.61"
D Rd
180º
D 6370 11º49'00.61"
180º
D 1313,766 km
2 – Sistemas de Coordenadas Celestes
2.1 – Astros
Astro é todo corpo luminoso ou não situado
no espaço.
Os astros podem ser fixos ou errantes.
• Astros fixos são as estrelas com exceção
do Sol. Características dos astros fixos:
a) Distância angular constante.
b) Cintilação cromática (variação na cor) e
dinâmica (variação na luminosidade).
c) Aparecem como pontos mesmo no
telescópio.
d) Espectro luminoso próprio.
• Astros errantes são o sol, lua, planetas, satélites, e
cometas. Características dos astros errantes:
a) Distância angular não fixa.
b) Luz fixa.
c) Não possuem espectro luminoso próprio.
d) Aparecem como disco ao telescópio.
3.1.1 – Magnitude e Brilho Absoluto
Chama-se magnitude ou grandeza aparente de
uma estrela ao brilho com que este astro se mostra
aos nossos olhos ou instrumentos óticos.
Quanto à sua magnitude as estrelas podem ser
classificadas em:
• 1a grandeza: as 20 estrelas mais brilhantes.
• 2a a 6a grandeza: aproximadamente 5000 vistas
a olho nu.
• Menor que 6a grandeza: vistas com telescópio.
• Até 22a grandeza: vistas em fotografias celestes
Brilho absoluto é o brilho aparente que
apresentaria um astro se estivesse colocado a uma
distância de 10 parsecs, ou seja, 32.6 anos-luz.
A chamada Lei de Pogson relaciona as
magnitudes M e m de dois astros:
log n = 0,4 (M-m) sendo n a razão entre as
intensidades do brilho aparente dos dois astros.
Exemplo: A crucis é a estrela mais brilhante do
cruzeiro do sul: tem magnitude de 1,05. A sírius é
a estrela mais brilhante do firmamento e tem
magnitude de -1,58. Aplicando a equação teremos:
log n = 0,4(1,05+1,58) =1,052 → n =11,27.
Portanto a estrela sírius é cerca de 11 vezes mais
brilhante que a crucis .
3.1.2 – Constelação
Constelações são agrupamentos de estrelas
batizados com os mais variados nomes, desde os
mitológicos aos de animais e coisas.
As constelações são designadas pelo seu
nome latino, abreviado com três letras.
As estrelas são designadas pelas letras do
alfabeto grego (as primeiras letras representam as
estrelas mais brilhantes) seguido do nome da
constelação no genitivo. Assim, a estrela da
constelação CRUX (cruzeiro do sul) será
representada por CRUCIS.
2.1.3 – Sistema Solar
Chama-se de sistema solar ao conjunto dos
corpos celestes sujeitos à atração gravitacional do
sol (planetas, satélites, asteróides e cometas).
2.2 – Esfera Celeste
Os problemas de Astronomia de Campo não
envolvem a consideração da distância dos astros;
ao engenheiro interessa apenas a direção segundo
a qual os mesmos são vistos. Nada nos impede,
portanto, de supô-los a igual distância da Terra, ou
seja, projetados sobre a superfície de uma esfera
de raio arbitrário, cujo centro coincida com o
centro da Terra. Tal esfera é chamada de esfera
celeste.
Esfera celeste (EC) é a esfera ideal de raio
arbitrário cujo centro é o centro da Terra e sobre a
superfície da qual supomos projetados todos os
astros; com um movimento aparente (decorrência
do movimento de rotação da Terra) gira de leste
para oeste arrastando consigo todos os corpos
celestes.
Pura criação da imaginação humana, temos
dela uma impressão quase real quando, nas noites
estreladas, assistimos ao espetáculo deslumbrante
de uma abóbada negra, salpicada de pontos
brilhantes, deslocar-se, como um todo, do nascente
para o poente.
2.2.1 – Elementos da Esfera Celeste
5h46m30s (1h29m19,67s )
7h15m49,67s
Observação : Se o ângulo horário H tiver sinal diferente do azimute A,
então devemos somar ou subtrair 180º ao valor de H para torná - los ambos
positivos ou ambos negativos. Vale lembrar que um azimute A 180º é
o mesmo que A 0.
Exercício
Calcular as coordenadas horizontais de uma estrela
às 5h 46m30 s (hora sideral), em um local de latitude
5º 03'14" S , conhecendo - se suas coordenadas uranográfi cas :
7 h15m49,67 s e 22º 09'41,5".
Solução :
S H H S
H 5h 46m30 s 7 h15m49,67 s 1h 29m19,67 s
Multiplicando por 15,
H -22º 19' 55,1"
sen h sen sen cos cos cos H
sen h sen (5º 03'14") sen(22º 09'41,5")
cos( 5º 03'14") cos( 22º 09'41,5") cos(-22º 19' 55,1" )
sen h 0,886 562 533
h sen 1(0,886 562 533)
h 62º 26'39,9"
sen H
tgA
sen cos H cos tg
sen(22º19'55,1")
tgA
sen(5º03'14") cos(22º19'55,1") cos(5º03'14")tg (22º 09'41,1")
Dia 06/02:
Arco Diurno: 13h02m19s - 11h31m59s = 1h30m20s (foi tabelado 1h30m21s)
b) Passagempelo primeirovertical
b1) Condição para que o fenômenoocorra
| || | | 0º17'28,9"|| 5º 03'30"| OK
b2) Altura no primeiro vertical
sen(0º17'28,9")
senh sen senh
sen sen(5º 03'30")
senh 0,057 674863 h 3º18'22,9"
b3) Azimute
Aw 90º (passagem a oeste)
Ae 90º (passagem a leste)
b4) Ângulo horário
tg tg (0º17'28,9")
cos H cos H cos H 0,057 450988
tg tg (5º 03'30")
| H | 86º 42'23,35" dividindo por 15, | H | 5h 46m 49,56s
b5) Hora sideral
S w | H | S w 5h 46m 49 ,56 s 5h32m35,59 s
S w 11h19m 25,15s (hora da passagem a oeste)
b5) Hora sideral no primeiro vertical (continuação)
Se | H | Se 5 46 49,56 5 32 35,59
h m s h m s
d2)Altura
h 0º
d3) Azimute no horizonte
sen sen(0º17'28,9")
cos A cos A
cos cos(5º 03'30")
cos A 0,005105070 749 | A | 89º 42'27"
Aw 89º 42'27" (azimute do ocultar)
Ae 89º 42'27" (azimute do nascer)
e) Elongação
e1) Condição para que o fenômeno ocorra
| || |
Como temos | 0º17'28,9"|| 5º 03'30"| então o fenômeno
não ocorre.
Exercício
Pede-se as coordenadas horizontais e a hora
sideral da elongação da estrela ERIDANI,
no dia 02/07/2011, em um local de latitude
= 5º03'30" S:
Dados: = 1h38m08,51s
= 57º10'43,9"
Solução :
a) Condição para que o fenômeno ocorra
| || |
Como temos | -57º10'43,4"|| -5º03'30"| então o fenômeno ocorre
b) Altura na elongação
sen sen (5º 03'30")
sen h sen h sen h 0,104918568
sen sen (57 º10'43,4")
h 6º 01'20,9"
c) Azimute
cos (57 º10'43,4")
sen A cos sen A sen A 0,544139511
cos cos (5º 03'30")
A1 32º57'57,2"
A2 180 A1 147 º 02'02,8"
Das duas soluções trigonomé tricas escolhemos
a primeira, porque 0º. Portanto,
| A | 32º57'57,2"
Aw 32º57'57,2" (azimute da elongação a oeste)
Ae 32º57'57,2" (azimute da elongação a leste)
d) Ângulo horário na elongação
tg tg (5º 03'30")
cos H cos H cos H 0,057 090338
tg tg (57 º10'43,4")
| H | 86º 43'37,87" e dividindo por 15, teremos:
|H| 5h 46m54,52 s
e) Hora sideral
S w | H | 5h 46m54,52 s 1h38m08,51s
S w 7 h 25m03,03s (hora da elongação a oeste)
Se | H | 5h 46m54,52 s 1h38m08,51s
Se 4h08m 46,01s
como resultou negativo devemos somar 24h :
Se 19h51m13,99 s (hora da elongação a leste)
4 – Tempo em Astronomia
4.1 – Introdução
Antes de abordar os diversos sistemas de tempo é
necessário distinguir intervalo e instante.
Intervalo é a quantidade de tempo decorrido entre
dois acontecimentos. Por exemplo, se uma aula durou 2
horas, então 2 horas é o intervalo de tempo decorrido
entre o início e o fim da aula.
Instante ou, traduzido literalmente do inglês
(epoch) época, é o intervalo de tempo decorrido desde
uma origem até um certo momento. Por exemplo, quando
dizemos que são 9 horas queremos dizer que decorreram
9 horas desde o início do dia até o presente momento.
4.2 Sistemas de Tempo
Podemos dividir os sistemas de tempo em
duas grandes categorias:
Tempo atômico
Tempo astronômico
4.2.1 Tempo Atômico
O Tempo Atômico é uma escala de tempo
uniforme e de alta acurácia (10-13 a 10-15 segundos),
regulado pelo número de períodos de radiação de
um átomo.
A unidade fundamental de tempo atômico
é o Segundo Internacional (SI).
4.2.1.1 Segundo Internacional (SI)
O Segundo Internacional (SI) é a duração
de 9 192 631 770 períodos da radiação
correspondente à transição entre dois níveis
hiperfinos do estado fundamental do átomo de
césio 133.
V M E0 (M L) E
V M E0 M E L E
V M (1 E) E0 L E
M (1 E) V E0 L E
V E0 L E
M
1 E
Portanto,
1 ano trópico = 365,242 198 79 dias médios
1 ano trópico = 366,242 198 79 dias siderais
4.17 Transformação de Intervalos de Tempo Médio em Sideral.
I M 365,242198 79
0,997 269 566
I S 366 ,242198 79
I M 0,997 269 566 I S
I M (1 0 ,002 730 434) I S
IM IS IS
sendo,
0,002 730 434 (constante)
Observação : (leia LAM DA) e (leia M I).
4.19 Transformação de Hora Média em Hora
Sideral
O problema consiste em calcular a hora
sideral S em um local de longitude L no instante
em que são M horas médias neste local.
Se no local de longitude L são M horas
médias, serão em Greenwich, neste mesmo
instante, M-L horas médias.
Portanto, terá decorrido em Greenwich, desde
o instante 0h(TU) até o instante considerado, o
intervalo de tempo médio IM = M-L.
4.20 Transformação de Hora Sideral em Hora Média
O problema consiste em calcular a hora sideral M em um
local de longitude L no instante em que são S horas siderais neste
local.
Parte da página 8F do Anuário do Observatório Nacional
Exercício :
Calcular a hora legal da passagem no SMS de uma estrela num local
de longitude L 2 h 51m10s W e fuso horário F 3h , no dia 26/07/2011,
conhecendo - se a sua ascensão reta neste dia : 11h 17 m14,702 s.
Solução :
1) Cálculo da hora média
Na passagem meridiana temos S 11h17 m14,702 s.
L 2 h 51m10s 0,002737909 28,12 s
S0 20 h13m 23,161s (retirado do Anuário ...)
L 28,12 s
( S0 L ) 20 h13m51,281s
S 11h17 m14 ,702 s
( S0 L ) 20 h13m51,281s
S ( S 0 L ) 8h56 m36,579 s
24 h (porque resultou
S ( S 0 L ) 15h 03m 23,421s negativo)
M 0,997269566 ( S ( S0 L ))
M 0,997269566 15h 03m 23,421s
M 15h 00 m55,42 s
Ctp P 273
760 253 T
R R m Ctp p 8,78senz
z z R p
2) Cálculo da declinação do Sol
0 : declinação do Sol a 0h (TU) para o dia da observação
0 : declinação do Sol a 0h (TU) para o dia seguinte
F : fuso horário
δ0 δ0 HL HL
Δδ HL 0 (HL - F) Δδ
24 2
3) Cálculo do azimute do Sol
sen cos z sen
cosAa : latitude (deve ser conhecida)
cos sen z
4) Cálculo da leitura da mira
Dm Im
Lm h h 90º Dm
h Im
h
2
Dmh Im
h
5) Cálculo da leitura do astro
Dah Iah
La 90º Dah Iah
2
a a
Dh Ih
6) Cálculo do azimute da mira
Am Aa Lm La
Exercício:
Calcular o azimute da mira com os dados da caderneta abaixo.
Solução :
1) Cálculo da distância zenital
z 360º 52º 45'16,4"-303º 25' 46,8" z 54º 39' 44,8"
2
Rm 55,797 tg 54º 39' 44,8" 0,0636 tg 54º 39' 44,8"
3
5
0,0000952 tg 54º 39' 44,8"
Rm 78,5
Ctp 673 273 Ctp 0,879
760 253 22
R 78,5 0,879 R 69,0
p 8,78 sen 54º 39' 44,8" p 7,1
z 54º 39' 44,8" 69,0 - 7,1 z 54º4046,7
2) Cálculo da declinação do Sol
0 19º3825,0 (declinação a 0h TU retirada para o dia da observação)
0 19º51 27,4 (declinação a 0h TU retirada para o dia seguinte)
19 º5 1 27,4 19º3825,0
/h
h
32,6
24
h m h m
HL 14 22 14 26 14h 24m
2
h
F -3 (fuso horário conhecido)
h m h h m
HL F 14 24 (3 ) 17 24
19º3825,0 17h24m 32,6/h 19º4752,2
Reda, Ibrahim; Andreas , Afshin. Solar Position Algorithm for Solar Radiation Applications