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PSICOFILOSOFIA
O Deus Homem

“ Não há deserto sem oásis, nem caminho sem razão”

Bruno Sampaio de Sousa

16/02/2018 Lisboa, Sintra, Portugal - Poeta edições, 1ªedição


Autor: Bruno Sampaio de Sousa
₢ Direitos reservados
Edições Poeta, Bubok Publishing
Revisão: Tiago Rocha Sousa
16/03/2018 Mem Martins, Sintra, Portugal
Email: portal365dias@gmail.com
Rua Antonio Aleixo nº15 - CP. 2725 220 Mem Martins
Prefácio
A realização é alcançada com passadas firmes e não a
correr. O impulso é desprovido de razão, tal como as
ilusões das paixões pejorativas materiais e carnais que
semeiam expectativas insensatas e desilusão. As flores
mais robustas brotam nos desertos mais áridos. Assim
manifestando o milagre de Deus. Não há tempo que
apague o passado que nos edificou. Na construção do
caráter mais forte, preserverante e merecedor. Aquele
que não duvidou. Grandes castelos são construções
pesadas, duradouras e eternas. Enraizadas por valores
de merecimento, apanágio dos guerreiros mais fortes
cuja vida não derrubou. Assim nascem os reis, os poetas
e os heróis. A quem não faltará o respeito, poder e
admiração. Porque acreditaram, sempre!
Não há deserto sem oásis nem caminho sem seu razão.

Bruno Sousa 16 02 2018

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Agradecimentos
Os meus agradecimentos especiais aos meus
maravilhosos filhos Tiago e Hugo Rocha de Sousa, que
sempre me apoiaram, incondicionalmente, ao meu
irmão Miguel Sousa, a minha eterna amiga Lúcia
Furtado, Maria Noémia Cristina, Márcia Lucas, Gabriela
Correia, Susana Nunes Poetiza, Maria Álvares, Cátia
Wan Lobo escritora e colega, Michel Fouto cantor,
professor Paulo Silva Nunes linguística, Teresa Noronha,
filosofia, professora, e ao meu querido pai, José Manuel
Morais Mota de Sousa que sempre me ensinou que
querer é poder e, acima de tudo, acreditava em mim
deixando em vida o seu legado como guerreiro
inelutável.

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Nota do autor
Tudo na vida obedece a uma sequência lógica, a um
determinismo inevitável e a um pós-determinismo, ou
seja, a razão e o final desejado. Pela primeira vez resolvi
acrescentar um toque pessoal, como tantos autores o
fazem. Não faria sentido, para mim, nos primeiros
trabalhos, apresentar-me de modo algum. Apenas
pareceria procurar um protagonismo que não desejo.
Mas o leitor tem o direito de conhecer um pouco mais do
escritor, não muito, mas um pouco. A pretensão deste
livro é estabelecer um resumo de todas as investigações
feitas, uma elucubração abrangente que inclui o lado
filosófico das múltiplas correntes de pensamento, a alma
de cada filósofo que fica incrustada nas areias do tempo.
Não é um livro apenas de filosofia, isso seria demasiado
subjetivo, mecanizado. Há que compreender o lado
psicológico da natureza humana, desde os primórdios
textos das escrituras sagradas, historicamente
registados, até à crítica da razão pura contemporânea da
pós-modernidade. Enfatizando o lado divino do homem,
por isso o subtítulo é - O Deus Homem.
Depois do meu livro “ A Filosofia “, do “ Grande Texto “,
do “ Capítulo 53, A Partícula de Deus “ e de “ Akenaton
Fala “ este livro - Psicofilosofia - trará uma compilação
aprofundada da corrente de pensamento aqui divulgada,
o SELECIONISMO do século XXI. Para isso, faremos
uma viagem através da história do pensamento filosófico
até os dias de hoje.

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Se dissermos a um Deus que ele é um homem, e ele
acreditar, tornar-se-à homem. Se dissermos a um
homem que é um cão, tornar-se-à um cão. Se dissermos
ao cão que não é um cão, mas um rato, este ficará um
rato. E se dissermos a um rato que é uma ameba, ele
ficará ali a babar feito idiota, enquanto acreditar que é
uma ameba. Se vier uma outra pessoa e disser a uma
ameba que ela é um rato, ficará a ser um rato e começará
a agir como um rato. Se dissermos ao rato que ele é um
cão, ele vai começar a ladrar. E se dissermos a um cão
que ele é gente, ele vai se sentir com todos os direitos e
sentimentos de uma pessoa. Se a essa pessoa
chamarmos rei, tornar-se-à rei, porque acredita. E esse
rei um dia virá a ser um Deus. Essa é a influência que os
outros têm sobre nós, especialmente no casamento. Se
você for tratada como um nada, eventualmente ficará a
valer menos que nada. Somos aquilo que aceitamos,
consoante aqueles que escolhemos para as nossas vidas.
Você não é um nada, nem sequer uma mulher, é uma
Deusa mesmo. Enquanto você acreditar!

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A Lei da Causalidade
A lei da vida e explicação do universo na simbiose da
existência. Tudo provém de uma causa, essa causa
provém de outra causa. O princípio da causalidade de
David Hume (séc.XVIII- Empirismo lógico), filósofo
Britânico que criou o tratado sobre a natureza humana
afirma que as percepções particulares formam as ideias
gerais, generalizando.
Precisamos das palavras para provar a existência,
ignorando a metafísica. Hume divide o conhecimento
em duas partes, a dedução lógica não dependendo da
própria existência, pela lógica, uma rosa é rosa mas a
experiência mostra que pode ser branca. Une a lógica
com o empirismo, criando o empirismo lógico. As
percepções fazem parte da experiência, a ideia é a
generalização de conhecimentos individuais e o hábito
deve ser questionado. A causalidade de Leibniz (
séc.XVII ) apresentou um argumento cosmológico -
porque existe algo ao invés do nada?
Para o crente, a frase de Olavo de Carvalho “ a mentira
tem o privilégio de se poder expressar com muito mais
brevidade do que sua refutação ” é demonstrativa que é
muito mais fácil de contestar do que acreditar em algo. A
premissa de Leibniz perante a existência da divindade é

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a seguinte, - tudo que existe tem uma explicação para
existir. Se o universo tem uma explicação para existir,
essa explicação é Deus. Sabemos que o universo existe,
logo, Deus existe, não há causa sem origem. Estas três
premissas criam um axioma Dogmático.
Uma verdade incontestável. Porque para contestarem a
inescrutabilidade do divino, teria de haver uma fonte e
entidade superior a esse Uno, e essa entidade seria Deus.
Então, não seria possível contestar o incontestável. A
lógica e a razão, por mais aristotélica e pragmática que
seja, leva sempre à mesma conclusão, a lei da
causalidade de Leibniz.
Tudo o que existe tem uma explicação para existir,
Aristóteles o tinha constatado, muito antes de Cristo
aparecer. É claro que há sempre a possibilidade de
questionar o porquê da existência do universo, criar
obstáculos à própria razão, com perguntas como - se
Deus existe, quem criou Deus? E perguntas ainda mais
complexas como - se o universo é infinito, o que há para
lá do infinito? Aquele que nada sabe, facilmente
questiona tudo, até o mais ridículo. O importante é
estabelecer uma base lógica racional, como fez Leibniz.
Sabemos que existimos por uma causa e que essa causa
provém de outra causa. Se a minha mãe e o meu pai se
amaram, eu fui concebido. Mas para eles existirem,
foram precisos os meus avós…
Por aí adiante, até chegarmos a uma causa inicial,

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provavelmente a duas moléculas apaixonadas há alguns
milhares de anos, que se uniram.
Sabendo que todas as causas provêm da lei da
causalidade, existe uma causa criadora de todas as
outras coisas, para isso teria de ser a mais inteligente,
teria de ser Deus. O cálice é de vidro, o vidro provém da
areia. A areia é empurrada pelas ondas do mar salgado.
O vento empurra as ondas. A borboleta bate as asas ao
vento. A borboleta está viva, provém do crescimento
celular e da mutação biológica milenar. As células que a
compõem são vida, energia composta em DNA. Essa
energia são átomos. Esses átomos provieram de algum
tipo de emanação inteligente. Essa inteligência é Deus.
Nem tudo é permitido aos homens saber. Sempre
haverão perguntas atrás de outras perguntas. Se o
universo é infinito, onde ele acaba? Se Deus existe, quem
criou Deus? E se ninguém criou Deus, como existe
Deus? Seria possível Deus criar-se a si próprio? Os
homens adoram fazer perguntas impossíveis, o que
havia antes de não existir nada? A lógica diz-nos que se
temos uma consciência, uma noção de bem, essa noção
teria de provir de algum lado. Se existe vida, derivou de
algum tipo de inteligencia e essa inteligencia tem de ser
algo muito superior. Essa inteligencia criou-nos, e assim
sendo é, de facto, o nosso pai criador. Por ter a
capacidade de manifestação de tais maravilhas e
criações tão absolutas é somente magnânima a todos os
níveis. E até enviou o seu filho, Jesus, o homem mais

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inteligente e bom que já existiu, e isso ninguém pode
jamais negar. Com poucas palavras ensinou-nos tudo
que ninguém sabe. E toda nossa humanidade, moral e
valor provieram dele. Bem como toda razão, propósito e
felicidade.

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O mito e a História do Pensamento Filosófico

A passagem do mito ao logos remete à Teologia, o estudo


crítico da natureza do divino. O termo "teologia" aparece
em Platão, mas o conceito já existia nos pré-socráticos,
altura em que na Hélade ( Grécia antiga ) os poemas de
Homero ( séc.VIII ) apresentavam uma representação
teogónica das origens ( arqué ) do homem sendo estas
atribuídas a filiações de deuses e outras realidades
fantásticas.
Não havendo uma explicação para a origem das coisas, o
homem procurava na fantasia um propósito oculto para
a existência.
Recorrendo a um sistema de Teogonias ( genealogia dos
Deuses, poemas mitológicos em 1022 versos hexâmetros
escrito por Hesíodo no século VIII a.c., no qual o
narrador é o próprio poeta, Homero ).
Também recorrendo a cosmogonias, a especulação sobre
a origem e formação do mundo que se encontra em
muitos mitos religiosos.
Por volta do sec.VI alguns filósofos como Tales de
mileto, Anaximandro e Pitágoras, através do
pensamento objetivaram hipóteses lógicas para a arquê,
atribuindo a existência a elementos comuns na natureza,
tal como a água, o ar e os números.
Sendo que as explicações fantásticas do arquétipo

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humano começam a perder o seu sentido,
uma vez substituídas pela reflexão profunda de grandes
pensadores no intento de encontrar uma razão "logos". A
lógica obedece à constatação de uma verdade observável,
confirmando uma possibilidade implicitamente racional,
mas não observável.
Constatamos que o mito obedece a uma lógica não
material ( formal ) enquanto o logos obedecerá a uma
lógica material e observável naturalmente, apelidada
pelos primeiros filósofos de “ Physis ".
Elucubração clarificada pelos diversos pensadores
diacronicamente, com a criação de escolas ou correntes
de pensamento e academias.

As ideias “arqué” de fogo, ar, terra, água são


ultrapassadas pelo conceito de átomo e micro partículas
aglomeradas, sugestão do filósofo Demócrito de Mileto (
460 a.C.-370 a.C. ) com o apoio de Leucipo ( os
atomistas ). Concluímos que com uso do pensamento o
homem descobre a razão, constatando que somente
2400 anos depois é comprovada a existência científica
das moléculas, dos átomos e da física quântica de Niels
Bohr. Sendo que a filosofia comprova a sua utilidade
pelo uso das técnicas aprofundadas pelos antigos e
enraizadas pelo pensamento Aristotélico, sendo este
prática utilizada até os dias de hoje no discurso teórico
argumentativo. Diferentemente do mito, a filosofia
discursa argumentativamente e descobre a razão (logos)

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sobrepondo-se à fantasia inerente ao mito, a filiação dos
deuses e respectivas estórias, sendo que a dada altura as
quimeras mitológicas perdem o seu sentido por falta de
fundamentação.

O surgimento do logos como paradigma filosófico de


razão leva à origem de algumas escolas indagando na
natureza um elemento que justificasse a realidade com
base em algum princípio (gonos).
Estes são os primeiros passos para a racionalização
individual, a epistemologia nasce a partir do momento
que o homem deixa de explicar as coisas por meio de
mitos, deuses e demónios. Algumas crenças mitológicas
prevaleceram, no entanto, uma vez enraizadas na nossa
civilização sócio cultural.

O estudo do mito revela-se como uma pertinente


explicação da origem do mundo, o “Arquê”.
Os filósofos pré-socráticos apresentam as primeiras
teorias de arquétipo natural - filosofia da natureza-
tentando explanar a origem das coisas fundamentada
nos fenómenos naturais. Pitágoras, o matemático,
apresenta a fantástica proposta dos números, sendo o
homem um elemento primário que vai reencarnando
numericamente na ascensão até à divindade, processo
evolutivo que antecipa o princípio da espiritualidade.
Surge depois Sócrates, o primeiro filósofo humanista.

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Ao longo deste livro vamos abordando de uma forma
diacrónica a história de muitos dos principais
pensadores e influentes personagens históricas que de
certo modo foram condicionantes daquilo que hoje
somos, como humanidade, desde Sócrates até Nietzsche,
desde o primeiro faraó Menés passando por Akhenaton
e a queda dos deuses egípcios até às três pirâmides
sagradas cujo poder vem das estrelas místicas do
cinturão de orion. Compreendendo conceitos como a
astrologia de Ptolomeu e a origem dos signos, a
numerologia Pitagórica com o seu determinismo sobre
os seres, os condicionalismos constantes derivados do
marxismo resultantes em ideias neo-positivistas e o
estruturalismo de Lévi Strauss. Para isso vamos levar a
história aos primórdios, desde o ano 4004 a.C.
decretado pelo bispo escocês James Heusser como o
início da criação, de acordo com o calendário Juliano.
Não pretendendo fazer uma análise aborrecida mas
interessante, simplificada o suficiente para o mais
comum dos mortais conseguir estruturar uma base de
pensamento inteligente, servindo então de alicerce para
uma nova perspetiva da realidade. Porque se deu o
holocausto? O porquê do pensamento materialista do
homem unidimensional da pós-modernidade? Qual a
melhor religião, o Cristianismo, o Budismo ou o
Taoísmo? E onde fica o confucionismo? Seremos nós
objeto de algum tipo de causalidade ou já está tudo
predestinado no tipo de fatalismo inevitável, de que

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nada há a fazer? Estás e muitas mais perguntas terão as
suas respostas ao longo das próximas páginas.
Para já, vamos continuar com uma análise breve sobre
quem foi esse grande filósofo Sócrates, considerado
como o homem mais sábio de sempre, antes de Cristo,
claro!

Se queres prever o futuro, estuda o passado.

Confúcio

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Sócrates chega à conclusão que, a essência do homem é a
sua alma, vista por ele como a razão e defende que a
virtude do homem é cuidar da alma, alma enquanto
razão, ciência, enfatizando ainda um novo conceito de
felicidade, está onde a alma predomina, no corpo.

“Ainda não vi ninguém que ame a virtude tanto


quanto ama a beleza do corpo.”

Confúcio

Assim advogando o conhecimento como indispensável


para o bem, o autodomínio da alma sobre o corpo, o
discernimento absoluto. Sócrates,por meio de diálogos,
tentava ensinar as pessoas a pensar criticamente,
livrando-se dos preconceitos, ensinando em praça
pública através da ironia e da maiêutica - linha filosófica
que afirma o ideal de “Conhece-te a ti mesmo” antes de
tentar alcançar o todo, condicionando a prática das
virtudes e morais da humanidade.

Através da ironia, Sócrates iniciava um diálogo com


perguntas ao seu ouvinte, este ao responder a Sócrates
ele parecia aceitar. De seguida, Sócrates demonstrava as
contradições dessas reflexões, levando-o a admitir seus
próprios erros sem discussão mas por dedução. Estes
diálogos e manifestações levaram algumas pessoas
importantes de Atenas a declarar ignorância perante

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outras pessoas, dando-se o caso de jovens atenienses, de
famílias mais ricas, se entusiasmaram com tais feitos,
assim ridicularizando os mais poderosos. O que fez com
que Sócrates fosse acusado de corromper a juventude,
pelo seu método de pensamento crítico e de introduzir
novos ideais então censuráveis.

O que levou à sua condenação e morte por ingestão de


cicuta. Propuseram-lhe a libertação, o perdão e a fuga, se
prometesse calar-se, para sempre, impedindo-o de
ensinar. Sócrates preferiu morrer, a morte era uma
garantia, a vida não.

As suas ideias eram o seu pensamento, e no seu


pensamento a sua alma seria eterna. Somente seu corpo
velho e cansado morreria, ele não.

Seu discípulo Platão, deu continuidade às palavras de


Sócrates e narrou seu testemunho de vida bem como de
sua morte. Assim exemplificando como nos podemos
libertar da condição de escuridão que nos aprisiona
através da luz da verdade e do conhecimento, como
demonstrado no ​mito da caverna​.

Platão cria uma analogia entre a ignorância (escuridão) e


a verdade ( luz e sabedoria ). Defendendo a ideia que o -
conhecimento científico objetivo - é que leva o homem a

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vencer e crescer nas diferentes opiniões com consciência
e que o sentimento e emoção induzem em erro.

Temos, então, uma evolução no logos do mito à razão, da


razão à alma, da alma ao sentimento e do sentir ao
empírico, a ciência.

Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando


Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão
nos convida a imaginar que as coisas se passassem, na
existência humana, comparavelmente à situação da
caverna: ilusoriamente, com os homens acorrentados a
falsas crenças e ideias enganosas que os mantêm inertes
em suas limitações. Libertando o homem de falsos
dogmas e condicionamentos mentais que o deixam na
escuridão de ideais do passado, mitos e preconceitos.

Por sua vez, Aristóteles, aluno de Platão e professor de


Alexandre, o Grande, foi o primeiro a mostrar como
funciona o raciocínio através do estudo da lógica.

Para Platão a filosofia é uma libertação da alma para o


mundo da essência, conhecer é reconhecer.
A Teoria das ideias diz que existem dois mundos
distintos, o mundo sensível e o mundo inteligível, o que
remete à alegoria da caverna, onde o homem precisa
abrir os olhos ao encontro da realidade. A mudança não
passa de uma ilusão, há que procurar o mundo

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inteligível que fica fora da caverna. Sair do mundo
material rumo à iluminação, um princípio conotativo de
alma.

Aristóteles crítica a platão, discorda da teoria das ideias


criticando o seu próprio mestre. Para Aristóteles o
universo é um todo ordenado, precisamos pensar e
compreender os fenómenos globais com uma perspetiva
mais científica. Ele funda o “corpus aristotélico” para
tentar compreender a física, astronomia e as leis
universais.

Aristóteles e a teoria da abstração - Aluno de Platão e


conhecedor dos princípios arquétipos estudados pelos
filósofos pré-socráticos, como Tales de Mileto e
Heraclito, compreendia que existe uma “physis”, um
tipo de matéria e natureza interpretada pelo homem.

Essa interpretação era subjetiva e indutível em erros de


discurso, uma vez que a realidade não podia ser
comprovada com uma lógica ( formal ).

Para contornar este problema, Aristóteles desenvolveu a


ideia de abstração, conceito que anula o processo lógico
de verdades, filtrando o mesmo com o - Silogismo.

O silogismo é um método que parte de uma premissa


principal universal e válida,para levar a um processo

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dedutivo de conclusão incontestável.
Se «A» é «B», e «B» é «C», então «A» tem de ser «C» e
este processo é o silogismo.

Este princípio lógico é a lógica material, sobrepõe-se à


lógica formal de Platão, que funciona por dialética , um
método de discussão de ideias opostas com o objetivo de
encontrar a verdade e chegar à razão.

A dúvida é o princípio da sabedoria.

Aristóteles

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Fazendo uma análise sincrónica a estes elementos
fundamentais do passado, o que concluímos? Para
sintetizar e compreender melhor, podemos dividir todos
eles em duas classes: Os pré-socráticos, ou seja, os
anteriores a Sócrates, cuja humanidade ainda não tinha
um caráter humanista mas já representavam um teor
filosófico, e os Socráticos, cuja linha de pensamento
provém de Sócrates. Os pré-socráticos eram um grupo
de filósofos da natureza, podemos associar a um grupo
de homens sentados em redor de uma mesa, indagando
uns com os outros o porquê da existência humana.

Sendo eles Tales de mileto, Anaxímenes, Anaximandro,


Heraclito, Parmênides e Pitágoras. Entre outros, claro.
Mas estes eram chamados de filósofos da natureza, pois
deduziram que se existimos por entre a natureza,
devemos de alguma forma provir dela. Eles não eram
ainda humanistas porque não olhavam o homem com
uma perspetiva interior, existencialista, mas apenas
viam o exterior. Princípio esse racionalista, pensante.
Então, um diz assim: - “Somos água.”
Outro diz - somos ar, pois tudo contém ar.
Um outro, mais arrojado no pensamento, Héraclito,
afirma que somos uma mistura de terra, ar, água e fogo.
Unificados por uma força externa chamada o amor, que
é edificante e nos une. E separados por outra força que é
o ódio, destruidor. Ora este pensamento tem um teor
metafísico, um princípio quântico. Uma vez que 2500

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anos mais tarde Niels Bohr descobre a inteligência do
átomo, um tipo de consciência ligado à vontade do
homem. Conivente com este tipo de raciocinio era
Demócrito, filósofo atomista do ano 500 a.C. Sendo o
primeiro a pressupor que provemos de micropartículas,
aglomeradas, os átomos. Provavelmente, de um ponto
de vista reencarnacionista, Demócrito viria a encarnar
como Max Planck, o pai da física quântica no século
XIX. Estando este grupo de senhores que pouco tinham
para se entreter, senão dialogar uns com os outros, uma
vez que naquela altura não havia propriamente Tv por
cabo, nem computadores, nem mesmo um quadro para
pendurarem nas suas paredes feitas de pedra e barro,
cujas casas não necessitavam de janelas, ou entraria o
frio, estando eles sentados a volta de uma mesa redonda
imaginária, para simplificar o entendimento, eles
dialogavam e indagavam dando início ao processo da
retórica. Onde estamos, quem somos, para onde vamos?
Da retórica surgem os sofistas, os especialistas na arte de
argumentar, mais tarde tornados políticos, professores,
advogados. Os “reis” do planeta. Os pais da maçonaria.
Os Gregos logo descobriram o poder da retórica, de
modo que a utilizavam como rituais obrigatórios,
discussões na Paideia, uma praça pública onde se uniam
para discutir os assuntos da cidade. Mais tarde
conhecida como parlamento italiano, onde andam todos
à pancadaria por um lugar no topo. O princípio da
corrupção, onde nasce o conhecimento mas o poder é

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rapidamente sobreposto à razão. Mas naquele tempo
não havia essas aspirações de poder, não haviam BMW
de luxo, porque também não haviam Stands de
automóveis, quanto muito, burros e cavalos para
locomoção. Os filósofos da grécia antiga eram sim
construtores de pensamento, eram democratas, tinham
uma ordem muito bem estabelecida. Essa ordem
permitiu que todo racionalismo se desenvolvesse, uma
vez que os mais sábios eram valorizados pelo seu
pensamento, não pela riqueza ou pela força.
De ressaltar a sabedoria de Pitágoras, o pai da
matemática e da numerologia, um astrónomo, um
cantor e um poeta. Um sábio de elevada sensibilidade,
alguém com caracteristicas mediúnicas, pois
apresentava ideias transcendentes. Acredita-se que foi o
primeiro a mencionar o processo reencarnatório, uma
vez que considerava que o homem era um número, um
número que crescia cada vez que o homem nascia.
Ele elaborou a famosa numerologia, somando as datas
de nascimento com o dia e mês de cada um, atribuindo
caracteristicas determinantes a cada indivíduo.
Hoje em dia prática comum dos cartomantes, contestada
por alguns, mas analisada por outros como
determinante da nossa própria existência.
Eu próprio fiz a análise, acusou o número 3,
caracterizando um escritor, poeta, pintor, cantor e ator.

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Portanto todos estes pensamentos já se tornavam
ciência, matemática, astronomia e até mesmo mecânica
quântica, ainda antes de Sócrates nascer.

“A melhor maneira que o homem dispõe para se


aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus.​”

Pitágoras

18 02 2018

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Chegando aos considerados - Filósofos - , os socráticos,
começamos por analisar o pensamento de Sócrates.
O princípio de “ conhece-te a ti mesmo “ de Sócrates
consiste numa interiorização, um olhar existencialista,
não ver apenas as aparências, ir mais longe…

Podemos mesmo afirmar que, tal como o grande filósofo


Norueguês Soren Kierkegaard , de 1850, considerado o
primeiro existencialista, Sócrates ensinava a maiêutica
através do processo de inflexão interior. Podemos
mesmo atribuir alguma semelhança com a meditação
budista, na essência encontramos a verdade sobre nós
mesmos, tal como Albert Einstein afirmava
constantemente, “ penso e nada descubro, paro de
pensar e é quando se faz luz”.

Ora o existencialismo foi a base de toda criação artística,


do renascimento, da iluminação divina, da
espiritualidade e até mesmo do espiritismo e conexão
com Deus. A escola de Frankfurt inspirou-se no
existencialismo para combater os ideais nazis e fascistas
do início do séc.XIX , refutando todo racionalismo que
percepciona a crise científica da modernidade. Sendo
que muito provávelmente Sócrates foi responsável pelo
desenvolver do nosso lado mais humano, contudo mais
sensível e menos racional. Aludindo a conceitos como
alma, espírito, Deus e imortalidade. A base de todo
conhecimento aceite como fundamentado no princípio

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de bem. Um Cristão que nasceu antes de Cristo, um
filósofo que inspirou Platão profundamente e
Aristóteles, consequentemente.

“Existe apenas um bem, o saber, e apenas um


mal, a ignorância.”

Sócrates

18 02 2018

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Platão
Platão é conhecido por nós pelo pensamento platónico, a
relação de amor puro, desprovido de interesses. O amor
pelos filhos, pelos pais e irmãos. Platão era muito
intenso, ele via em Sócrates um pai, um professor. Como
aluno do gênio, Platão adquiriu profunda sensibilidade.
De tal modo que deu continuidade ao trabalho do seu
mestre. Platão criou a teoria das ideias, a base para toda
mecânica quântica, o poder do pensamento. Ele dizia
que, se criássemos uma cidade mental e nos
colocássemos dentro dela, essa cidade já existia, porque
tinha um habitante. Origens do contemporâneo
biocentrismo, o pensamento como criador da realidade.
O que é a realidade, afinal, senão uma extensão do que
nela vemos e sentimos? A teoria das ideias era
maravilhosa, naquele tempo pode-se dizer até
inatingível, pois Platão já via a vida com um olhar
transcendente! A realidade, estava “do outro lado” dizia
ele. Nós somos apenas sombras dessa realidade. É muito
profundo e metafísico. Ele já compreendia o amor como
algo a ser examinado objetivamente, afastando as ideias
de paixões pejorativas, enganosas. A maioria das pessoas
ainda hoje não chegou lá, deixam-se levar pelas
tentações do corpo, as ilusões mentais que acreditam ser
amor. Pois para Platão tudo isso era muito claro.
Devemos amar, sim, mas sem perder a razão. Sem
perder a estrutura pensante. Ele enfatiza que os nossos

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sentimentos impulsionam o erro. É uma realidade,
muitas vezes agimos por impulso, por raiva, por amor,
os chamados crimes passionais ou atos irracionais
desprovidos de pensamento. Então, ele separava a lógica
em duas classes, a sensitiva e a material. Sendo a
sensitiva o que consideramos lógico, por impulso, e a
outra a objetividade. Teríamos então de ser mais
objetivos em relação aos sentimentos, e menos sensíveis
em relação ao amor e ao sexo. Para encontrarmos o
equilíbrio e a razão. Estás duas vertentes acabaram por
designar o existencialismo, na parte emocional e
artística, é o racionalismo na parte objetiva. O que mais
tarde seu aluno Aristóteles acabou por aprofundar.
Formando assim as bases estruturais da lógica que
estudamos hoje.

“A maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto


com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir
é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar
é viver e sentir não é mais que o alimento de
pensar.​”

Fernando Pessoa

18 02 2018

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Racionalismo nazi
Os homens são o produto da manipulação inteligente
social dos media. Sem se aperceberem, as redes sociais e
a televisão vão manipulando, aos poucos, as pessoas
todas, com um propósito comum para o bem da
sociedade. As pessoas vão sendo convencidas disso e
daquilo e logo dão os dados adquiridos como uma
verdade absoluta. O pensamento racional de massas é
vigente na Europa e no mundo desde a revolução
científica do século XIX. Porque nos trouxe a televisão e
a rádio. Os anúncios publicitários foram hipnotizando
toda gente. A escola de Frankfurt, na Alemanha, já tinha
percebido o efeito dessa manipulação. Antes disso,
Nietzsche já havia alertado as pessoas contra o problema
da crítica da razão pura. Basicamente, as pessoas olham
para um conceito de razão, e perdem a sua humanidade.
Tal como aconteceu na Alemanha, no ano 1939, quando
rebentou a segunda guerra mundial. A razão pura de
Hitler não era um ato irracional. Era um ato muito
racional. Estava instaurada a ideia de que os judeus
eram uma praga que devastou nações, pelo método
económico regente. Onde quer que se instalassem, tudo
em seu redor começava a falir, eles simplesmente
absorviam o dinheiro todo. E impunham a sua
comparência onde não eram solicitados. Esta era a
campanha nazi, não existia apenas na Alemanha, mas
no mundo. Uma campanha é um ideal de pensamento

31
que vai sendo colocado ano após ano, numa
determinada cultura. Como hoje temos a campanha
antitabaco, a campanha anticelulite, a campanha anti
idade, a campanha anti-sporting, dos milhares de
benfiquistas, a campanha antimachismo, das feministas,
a campanha anti-carne, dos vegetarianos e dos puristas.
Todas as campanhas ganham um poder gigantesco. Não
se ouve falar de nenhuma campanha anti-automóveis,
pois as pessoas gostam de andar de carro. No entanto,
um Kilómetro a conduzir produz muito mais monóxido
de carbono que os cigarros de um fumador, durante um
ano inteiro. Quem não conduz, facilmente pode censurar
os condutores, por mil razões óbvias anti-ambientais.
Mas os outros, os condutores, não se importam
minimamente. No entanto, se virem um fumador, olham
para ele como se fosse um assassino ou um agente
maléfico antisocial, nunca imaginando que o mesmo
simplesmente ganhou um vício, tão grave como ingerir
açúcar em demasia, ou comer muitos chocolates. Porque
os doces podem provocar inúmeras doenças graves,
diabetes, cegueira, obesidade, hipertensão, etc. O que
pode afetar muita gente, mas como não há uma
campanha anti-pasteis de nata, ninguém liga alguma.
Na Alemanha nazi, as campanhas adotadas por anos e
anos a fio, além de censurarem os judeus, quase tanto
como hoje é censurado um fumador comum, também
eram contra os doentes mentais, os ciganos, os Polacos,
os comunistas, os homossexuais, os Testemunhos de

32
Jeová e os negros. Se fosse hoje, certamente iriam
incluir nessa campanha todas as mulheres obesas, os
fumadores, os pensionistas e os emigrantes. Loucura?
Não, muito pelo contrário. O pensamento racional visa
estabelecer parâmetros de perfeição, parâmetros esses
impostos pela televisão, pela rádio, pelos anúncios que
promovem uma coisa e atacam outra. Com o tempo, as
pessoas de tanto ouvir falar mal dos Judeus, começaram
a acreditar, era inevitável. Em portugal, há 25 anos
atrás, podia-se fumar em qualquer lado que ninguém se
importava. Hoje a campanha é tanta que parece que ao
se acender um cigarro o país inteiro vai explodir. Os
objetivos são sempre os mais nobres, os ideais. Os nazis
tinham a campanha contra os deficientes. Isso era
lógico, um deficiente não é um contributo para uma
sociedade, mas um peso. Incomoda muita gente, é
alguém com defeito, se tiver filhos vai propagar a sua
doença e nascem mais deficientes, como asmáticos,
cegos, pessoas de inúmeras condições físicas penosas e
degradantes. Hitler considerava que mais valia fazer um
esforço e cortar o mal pela raiz. Como acabar com os
ciganos, uma vez que são uma praga social que polui é
não paga os impostos. Os ideais de Hitler eram acima de
racionais, simplesmente não eram humanos. Como hoje
não são. Se uma pessoa for um pouco mais gorda do que
estipulado, vai ser fortemente atacada, estigmatizada.
Porque todos os magros vão partir do principio que ela
não é boa pessoa, é burra, porque come mal, é

33
preguiçosa, trabalha pouco e não tem autoestima
nenhuma. É simplesmente desprezível. Seja homem ou
mulher, o marido está no seu direito de a rejeitar, tal
como o resto da sociedade. Os que não o dizem, pensam.
Esta é a realidade. Se a pessoa é de uma raça misturada,
que não é preto nem branco, vai ser condenada desde
que nasceu. Ela não tem uma raça, não é pura, se fosse
um cão, seria um rafeiro. As pessoas não dizem e
pensam, estas pessoas sofrem por não ter raça.
Depois vêm os toxicodependentes. Condenados em
primeira mão. Se se drogam, é porque não têm
personalidade, são idiotas suicidas que não merecem
consideração. Esta é a sociedade. Hitler acabaria com
todos, ninguém teria pena deles. Acabaria com os
obesos, são a vergonha social, ninguém os aceita, não
têm valor algum. Esta é a visão social, não adianta
querer usar de hipocrisia, ninguém gosta de gordos. Os
parâmetros de beleza estão cada vez mais elevados. Não
arranjam um emprego, uma namorada, nada, estão
condenados, ainda que seja por doença, ou por genética,
não importa, são gordos. Agora e os sportinguistas?
Alguém que não perceba de futebol imagina a raiva que
existe entre os clubes, em especial benfica-sporting?
Garantidamente, uns consideram os outros umas
aberrações, porque não são do seu clube. De alguma
forma, são pessoas absolutamente diferentes. Apenas
porque o pai ou a mãe eram do Sporting. Não importa,
Hitler não tolera aberrações, acabaria com todos eles.

34
E com todos os restantes, sobraria apenas um único
clube, os campeões, tal como os nazis, a raça suprema. É
assim tão difícil compreender que o racionalismo leva à
guerra? Como o outro não é tão magro, você vai criticar.
Como o outro fuma, e você não, toca a criticar, é para o
bem dele… como a mulher está a envelhecer, toca a
criticar, trocar por uma mais nova, é o melhor negócio,
quem mandou não se cuidar esses anos todos? Hitler
resolvia o assunto em 3 tempos, todas seriam modelos.
Se assim o fosse permitido, haveria mais um holocausto,
a sociedade está dividida entre multisetores, se eu sou
assim, todos terão de ser tão perfeitos como eu. Ou não
são gente! O pensamento racional de igualdade é um
absurdo, é ser idealista, idiota. Nunca vai haver
perfeição generalizada. Mesmo que haja, a nível
aparente, não haverá como alma. Os nazis não eram
loucos, nem más pessoas, eram pessoas que acreditavam
numa sociedade perfeita. Exatamente iguais a nós, na
nossa sociedade que critica tudo e todos. Não há
amizades, há interesses. Não há valores, há julgamentos.
O outro não é perfeito, vamos matar ele. Se não
podemos matar, vamos censurar ele. Se somos
vegetarianos, todos terão de ser vegetarianos. Ou são
uns devoradores de animaizinhos, uns bárbaros.
Toda sociedade está contaminada pelo poder das elites,
a perfeição é uma obrigação. E todos vivem infelizes,
porque ninguém é perfeito. E os que acham que são,
esses são os mais imperfeitos, os mais sectaristas, os

35
mais intolerantes com uma veia nazi bem profunda, pois
todos os outros terão defeito, menos eles.

“As grandes massas cairão mais facilmente


numa grande mentira do que numa
mentirinha.”

Adolf Hitler

19 02 2018

36
Gatilhos mentais
Todas as pessoas estão condicionadas através de um
sistema de gatilhos mentais que foram instalados pela
ordem social e pelos media, cultura nacional, tradição
local, religião e sistema familiar. De um ponto de vista
externo, ou seja, multifocal, somos pequenos
supercomputadores cuja informação é dividida por dois
sistemas: - um sistema é o software inteligente, o
antivirus, o spyware, a seleção do que é útil e razoável
para o nosso bom funcionamento. O segundo sistema é o
que chamamos de base de dados reciclável, milhões de
fotografias, filmes, jogos, tudo aquilo que ocupa espaço
na nossa mente, não serve exatamente para nada senão
ocupar espaço. O tempo todo recebemos na nossa base -
antivirus - informações que vão ficar enraizadas,
informações que são estruturas culturais. Muitas delas
para nos defendermos, muitas adquirimos através da
nossa experiência. Se um dia somos atacados numa rua
escura, por um grupo de pequenas pessoas com
determinada característica, vamos desenvolver um
gatilho mental, um antivirus, para que não volte a
acontecer. Isso é uma formação inteligente. Outro tipo
de antivirus é a formação constante que é imposta e
reposta na nossa mente pelas grandes elites que
dominam as redes sociais e a televisão. Se estivermos
constantemente a ser bombardeados com a imagem de
uma mulher com 6o anos, poderosa, rica, que tem

37
múltiplos companheiros, todos eles jovens, atraentes e
isentos de um cérebro, iremos criar uma realidade
parcial que indicará que todos os homens têm defeito,
que não se deve procurar um companheiro velho, que a
realidade é uma perfeição idealizada. Por outro lado, no
ponto de vista masculino, toda propaganda, filmes e
conceitos comprovam que o ator principal, seja ele qual
for, bonito ou não, em todo filme que houver, vai ter
uma mulher ou amante com caracteristicas sempre
iguais. Ele tem, por exemplo, 55 anos, Tom Cruise, filme
“ A múmia “ , vai ter como companheira uma atriz com
26 anos, loira e perfeita, onde a história já se desenrola
posteriormente a um encontro no hotel, onde a tal loira
perfeita se oferece em 2 tempos a esse herói, que
tecnicamente, somos nós numa outra visão da realidade.
Ao longo do filme irá aparecer uma outra personagem,
igualmente nova, feminina, maravilhosa, que
obviamente surgirá muito interessada neste herói
homem, que apesar de já um pouco maduro, tem de
aparecer com abdominais à vista. Ora, este tipo de
propaganda, vai gerar o que? Todas as mulheres irão
querer ser a diva rica que vai ter como recompensa
muitos jovens atraentes, porque ela apresenta
caracteristicas dominantes. Pode fazer sexo imensas
vezes, a realidade é que ela é maravilhosa e os homens
todos uns objetos sexuais ignorantes, que obviamente
têm de ser novos e perfeitos. No caso dos homens, todo
cinquentão vai se identificar com a ideia de sex simbol,

38
as mulheres mais jovens e perfeitas vão implorar para
estar com ele, desde que seja magro e obedeça aos
critérios de individualismo puro, egocêntrico, indo
sempre ao ginásio para se manter em forma e , claro,
usando aquelas calças da marca tal. Partindo do
principio que quanto mais musculado for, mais
mulheres cairão a seus pés, e que todas elas são apenas
objetos de entretenimento. Ele vai abominar todas
aquelas que têm mais de 3o anos, serão demasiado
velhas e fora dos parâmetros, todas aquelas que têm o
mínimo de barriga que seja, todas aquelas que não o
satisfazem logo na primeira noite, e vai sair por aí
confiante que é o dono do planeta, porque essa é a nova
realidade que vende filmes. Ora, onde está o
contrasenso? As pessoas nitidamente estão a acreditar
que o único valor que existe é o poder. A beleza, o
dinheiro, as roupas de marca tal e o relógio tal.
Subdividindo a sociedade em multiclasses onde todos
são imperfeitos. Porque ninguém obedece a todos os
parâmetros estipulados. É um idealismo, aceitamos nas
nossas mentes um conjunto de ideias constantemente
injetadas que levam ao sectarismo. Quando observamos
alguém, já vamos fazer uma série de julgamentos, se
fuma, está fora de questão, não pode ser aceite. Se não é
novo, está fora de questão, passou do prazo. Se não é do
clube de futebol tal, está fora de questão, é uma pessoa
diferente. Se não tem um daqueles carros bonitos, não
obedece aos parâmetros de modernidade, é um ponto a

39
menos. Se é uma pessoa muito bela mas não guarda essa
beleza numa caixa, colocado suas fotos em exposição, é
uma pessoa fútil, não interessa. Se não tem muito
dinheiro, não é uma pessoa de sucesso. Se é demasiado
culta, o software não é compatível com o meu, pois só
procuro quem me ouça, não quem quer ser ouvido, o ego
é prioridade. Depois vamos passar aos parâmetros
sexuais. Se não fizer aquelas coisas todas, como se vê aos
filmes todos pornográficos, que já são tão triviais que já
todos conhecem, e se não o fizer com absoluto prazer,
não tem interesse. Só tem interesse o que nos foi
impingido. Ora nenhuma mulher pode nem consegue
obedecer a esses padrões. Nenhum homem consegue
igualmente ser tão perfeito. As pessoas não são um
padrão, são pessoas. Agora não existe casamento, está
fora de questão. Vivemos numa sociedade de culto de
censura, sexo imediato e perfeccionismo. A nível quase
nazi, mas subtilmente enraizado nos nossos padrões
mentais. Que fazem do ser humano um objeto
desprovido de razão. As últimas réstias de paixão, estão
no passado, nas últimas gerações, que ainda
acreditavam no amor. Porque tinham uma pureza inicial
que não existe mais. Na altura, havia uma busca por
uma essência interior. Agora, existe uma demanda por
um conceito exterior. Que nos foi incutido, tão simples
quanto isso. Esperemos que pelo menos algumas
pessoas consigam se livrar deste matrix, desta ilusão

40
separatista que fomenta somente uma coisa, a
discriminação geral.

“Adoramos a perfeição, porque não a podemos


ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O
perfeito é o desumano porque o humano é
imperfeito.”

Fernando Pessoa

19 02 2018

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Inconformismo crítico
A felicidade está nos nossos olhos. É ali que ela se
centra. O olhar crítico traz infelicidade. O
inconformismo traz infelicidade. Podemos sempre olhar
para outro lado, sentir de outra forma. Há pessoas que
procuram e encontram infelicidade o tempo todo.
Porque seus olhos assim buscam, sempre centradas no
ponto mais negativo que encontram. Naquilo que
poderia ser, e não é. Tentando moldar tudo e todos à sua
volta, começando na família e estendendo seus próprios
pareceres pelo mundo. O mundo já é perfeito, por entre
imperfeições e diversidade. Podemos encontrar flores
escondidas no meio de um pântano e observa-las. Como
podemos viver conspirando o excremento num prado de
rosas. Tudo é uma perspetiva. Uns agregam-se ao que é
bom, seja onde for, por piores que sejam as
circunstâncias. Outros encontram guerras nas planícies
mais perfeitas das esferas mais altas da vida. Sempre
julgando isto e aquilo. Vivendo no passado. Chorando o
futuro. Indagando o presente e protestando sempre. A
nossa visão do mundo é responsável pela nossa
felicidade. O céu continua azul, as nuvens não param de
passar, o sol a todos irradia e os pássaros não vão parar
de cantar. Independentemente de qualquer
circunstância. Todos temos desertos por percorrer,
todos temos oásis no fim. Se se sente infeliz, mude sua
forma de ver, olhando para onde interessa. Humilde

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requer a capacidade de nada interferir na realidade dos
outros. Não manipular, não opinar, não protestar.
Porque eventualmente, tudo vai passar. Infelizes aqueles
que vivem no olhar alheio, porque são impotentes e
nunca serão aceites. Que viva cada qual o seu próprio
caminho. Do mal dos outros, posso eu bem.
Quem tudo quer de perfeito, tudo verá imperfeito. Essa a
razão da infelicidade. A inconformidade com a vida, com
o todo.

“Não se preocupe com a perfeição - você nunca


irá consegui-la.​”

Salvador Dalí

19 02 2018

43
Selecionismo

Se você quer ser feliz, não pode viver num ambiente


contaminado. Alie-se àqueles que são seus semelhantes.
Em todos os sentidos. Muito mais importante que a
aparência é a sincronicidade dos semelhantes. Se você
não é fumador, não se alie a um fumante. Só vai gerar
uma discussão constante. Não importa quem tem razão.
Se não são semelhantes, afastem-se de uma relação
conjugal. O outro não vai mudar porque você quer. Se
você é desportista, porque preza uma relação de corpo
perfeito, não se alie a quem prefere curtir um bom jantar
e um bom vinho. Seguido de uma sessão de prazer, sexo
e relaxamento. Não vai dar bom resultado. O outro não
vai se tornar um ou uma desportista, não vai se tornar
vegetariano, você pode ser a pessoa mais bem
intencionada do mundo, só vai gerar discussão. Cada
qual escolhe o seu modo de ser feliz. As pessoas sempre
tentam moldar os outros, com um propósito superior. E
acabam feridas por idiotice. Ninguém vai mudar
absolutamente nada porque você quer. Isto aplica-se a
tudo e mais alguma coisa. Se você se aliar aos seus
semelhantes, nunca terá problemas. Se você gosta de
sair para se divertir, beber um pouco, libertar o stress,
dançar, não se alie a quem é puritano. São divergentes
perspectivas. Vai gerar confusão. O selecionismo é a
base para toda relação. Não se iluda convencido que o

44
outro vai emagrecer, parar de fumar, se tornar melhor
na cama, ficar mais romântico, não. Isso é pura ilusão.
Se não corresponde, não se alie. Irá sofrer a vida toda e
ainda colocará a culpa no outro. É lógico. Cada um é
exatamente aquilo que escolheu ser. Independente de
ser a pessoa mais simpática do planeta. Mas se por
alguma razão louca e inexplicável você resolver ficar com
aquela pessoa, então não caia no erro colossal de tentar
que o outro mude. Não vai mudar. Mude você, se quiser.
Ninguém muda por ninguém. Você só se alia a quem
quiser. Se você é apreciador de sexo bem taras
extravagante e louco, a outra pessoa nem tanto, esqueça!
Não vai dar certo. Nunca vai. Depois não adianta
reclamar. A realidade está a vista. Só não vê, quem não
quer!

“Não creio, no sentido filosófico do termo,


na liberdade do homem.
Todos agem não apenas sob um
constrangimento exterior mas também de
acordo com uma necessidade interior.”

Albert Einstein

19 02 2018

45
As escolas da decadência grega

As escolas da decadência grega surgem posteriormente a


Aristóteles, no período em que a conquista macedónica ,
a mudança da vida política e social do povo grego
encontra expressão no carácter fundamental da filosofia
pós-aristotélica.

Sendo assinalado pela prevalência do problema moral.


O estoicismo ensinava que a felicidade estava numa
relação de serenidade com com a natureza, sendo
que para uma boa vida, era preciso entender as leis
universais, uma vez que tudo provinha da natureza.

Os estóicos enfatizaram que a virtude é suficiente para a


felicidade, logo um sábio era imune ao infortúnio.
O fundador ( Zenão de Cítio, século III a.C.), teve como
mestre e como modelo de vida o cínico Crates. Isto
explica a orientação geral do Estoicismo o qual se
apresentou como continuação e o complemento da
doutrina cínica, procurando não a ciência, mas a
felicidade por meio da virtude, abandonando com um
desprezo total a ciência.

O ​cinismo , ( corrente fundada por Antístenes ),


defendia que o propósito da vida era viver na virtude,

46
por vezes levando este ideal ao extremo o que começou a
ser criticado.

Já o ​epicurismo defendia a procura dos prazeres


moderados para atingir um estado de tranquilidade e de
libertação do medo, visando encontrar um equilíbrio em
relação aos excessos pejorativos dos desejos exacerbados
do corpo.

A escola cirenaica de filosofia, tinha como característica


o ​hedonismo , defendendo que o prazer é o bem
supremo, assumindo a doutrina socrática de que o
objectivo principal da conduta é a felicidade, uma vez
que esta é adquirida pela produção de sensações que dão
prazer e evitando as sensações de dor.

As várias correntes de pensamento no período que vai de


Sócrates a Aristóteles dirigiam-se para a realização da
vida teorética, entendida pela unidade da ciência e da
virtude em que Sócrates unificava estes dois termos,
sendo eles inseparáveis um do outro. Platão e Aristóteles
defendiam também essa teoria.

A análise de premissas verdadeiras dentre outras leis


que permitiriam a conclusão é uma das caracteristicas
da lógica aristotélica. A metafísica de Aristóteles é
igualmente importante ao enfatizar que tudo muda
menos a sua essência, chegando a ser considerado como

47
o pai da zoologia, pelos estudos efetuados em centenas
de espécies e pelos métodos de análises comparativas,
aplicadas ainda nos dias de hoje.

Resumindo, a filosofia ao longo dos tempos deu origem


à dialética e também à escolástica, método de
pensamento crítico dominante no ensino nas
universidades medievais europeias de cerca dos séculos
IX ao XVI.

A escolástica nasceu nas escolas monásticas cristãs, de


modo a conciliar a fé cristã com um sistema de
pensamento racional, em especial a filosofia grega.

A escolástica fazia o uso da dialética para ampliar o


conhecimento por inferência e resolver contradições. A
obra-prima de ​Tomás de Aquino​, Summa Theologica,
é um bom exemplo do pensamento escolástico surgindo
da necessidade de responder às exigências da fé
ensinada pela igreja.

Uma vez que a igreja era assim considerada a mãe de


todos os valores morais e espirituais de toda a
Cristandade. Tendo em conta que toda Europa
comungava em uníssono por essa mesma fé até ao final
da idade média, tal era a importância da escolástica.

As artes ensinadas pelos académicos na escolástica

48
assim resultaram no aprofundar da filosofia com o
estudo da gramática, dialética e retórica. As influências
da cultura judaica e cristã do século V e posteriori foram
agregadas ao pensamento filosófico, germinando até à
actualidade.

Temáticas como a Providência, Revelação Divina e


Criação, passaram a fazer parte da filosofia. O que nos
leva a perguntar, onde começa o mito e onde acaba a
realidade?

Mais do que o estudo do pensamento, a filosofia é o


estudo das origens e a procura da constante e pertinente
razão, a natureza do homem, o princípio, o meio e o fim.

19 02 2018

49
Idealismo x Realismo

Platão ensina a lógica do pensamento pela arte de


analisar a sensibilidade emocional e tentar neutralizar
esses caracteres substituindo-os pelo processo dialético
racional. Definindo o pensamento com 4 propriedades:
espiritualidade, realidade, imutabilidade e pureza.

Para Platão, as ideias não são conceitos abstratos do


espírito, a realidade seria um método ilegível e passível
de erro ao passo que a espiritualidade é inteligente e
apreendida pela razão. Platão defendia que a realidade
era uma ilusão, um mundo de sombras que levavam a
uma percepção irreal da verdadeira realidade.

Então Platão defende a lógica da descoberta da razão


pelo pensamento racional contrapondo-se ao mundo
ilusório das sombras, sentimento e percepção apontando
para um princípio inteligível interior, a alma e o
pensamento.

Através do diálogo crítico chegamos ao conhecimento,


aprofundando as razões da existência.

Para Aristóteles, o idealismo de Platão é confuso e


insuficiente, não tem um sentido prático, nem realista ,
porque não é empírico.

50
O realismo de Aristóteles aponta para as leis da
causalidade. Tudo obedece a uma ordem universal e
científica, se uma pessoa usa uma cadeira para se sentar,
essa cadeira é feita de madeira, a madeira provém de
uma árvore e essa árvore tem uma origem natural, não
espiritual.

Descredibilizando o idealismo platônico que tem uma


vertente espiritual, o princípio do pensamento
fundamentado pela razão interior.

Para Aristóteles a aparência e a matéria estão


interligados, ele recusa o idealismo platónico definido
por escolhas de caráter moral e espiritual que
eventualmente levariam ao conhecimento.

Substituindo assim, Aristóteles, a lógica da razão


emocional de Platão pela lógica científica, prática e
objetiva. Tudo obedece uma causa natural e universal.

A lógica Aristotélica é aceite e utilizada até aos dias de


hoje, em várias disciplinas científicas, políticas e
filosóficas.

Concluindo que ambos deram o seu contributo para o


pensamento ocidental dos nossos dias, Platão como
precursor da metafísica espiritual, o estudo da alma, a

51
psicanálise e os estados sensitivos - perceptivos que
originaram o pensamento platónico em reflexão.

Tal como Aristóteles, com a teoria da abstração, lógica


fundamentada nos princípios da causalidade universal,
precursora de todas as ciências.

“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato


reflete.”

Aristóteles

19 02 2018

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Razão x Emoção

Fazendo uma breve análise comparativa entre a lógica


de Platão e a lógica aristotélica, de uma forma fictícia
atribuída aos dias de hoje, podemos dar três exemplos
distintos. Se usássemos a intervenção divina da
imaginação e colocássemos ambos os filósofos perdidos
no meio de uma floresta densa, como eles procederiam
para sobreviver, ao estilo MacGyver do século 21?
Platão iria usar a sua intuição. Tal como as tartarugas
sempre encontram a direção do mar, ele iria descobrir a
saída usando o método intuitivo sensível.
Já Aristóteles usaria um estudo, observaria as estrelas,
faria um cálculo e iria descobrir a melhor forma de
encontrar o caminho certo.
Numa segunda comparação, imaginemos que ambos
estavam no meio do deserto. Para um lado, havia um
imenso tesouro a ser encontrado. Para o outro lado,
havia uma criança pequena a precisar de ajuda imediata,
ou morria. Só poderiam fazer uma escolha, como seria?
Aristóteles é racional. Ele sabe que todos os dias morrem
milhares de crianças. Nem todos os dias se encontra um
tesouro. Ainda lamentando a escolha obrigatória, ele
seguiria em busca do tesouro. Posteriormente, iria
juntar-se ao exército de Alexandre Magno, onde daria
uso a esse tesouro com um propósito superior, que
permitiria salvar muitas crianças.

53
Já Platão usa de uma lógica emocional, profunda,
existencialista. Acredita que o mais importante é sentir a
sua verdade interior. Ele não poderia deixar uma criança
morrer, sabendo que a podia salvar. É uma questão de
consciência, não tem nada a ver com dinheiro. Ele
salvaria a criança e perdia a sua fortuna.
Numa última comparação, se ambos fossem um casal, ao
estilo moderno, sendo Platão uma mulher, e Aristóteles
um homem, como seria a relação?
Vamos chamar de “ Platina” a Platão, e de “Aramis” a
Aristóteles, o seu esposo. Ambos igualmente
inteligentes, um casal, a linda Platina e o espadaúdo
Aramis. Ora Platina é uma sonhadora, de profissão
artista, poeta, apaixonada e ardente. Daquelas mulheres
que amam, intensamente, muito apaixonada por
Aramis, seu esposo. Não pelo seu dinheiro, não pelo seu
corpo, mas por tudo, uma razão irracional, o amor.
Aramis, diferente de Platina, é um homem racional,
objetivo. Um empresário de sucesso. Gosta de Platina
sim, mas usa-a como um objeto para atender suas
necessidades. Se ela não corresponder, troca-a por
outra, é uma questão prática, racional. Como é
calculista, não ama apaixonadamente, na cama é
medíocre, sistemático, não tem imaginação porque essa
é uma propriedade sensível, não obedece a uma lógica
material.

54
Quem tem a razão? Não existe uma razão, existe a lógica,
uma é sensível, pertence ao existencialismo e obedece a
uma verdade superior. A outra, é apenas racional.

“Há sempre alguma loucura no amor.


Mas há sempre um pouco de razão na loucura.”

Friedrich Nietzsche

20 02 2018

55
Psicologia de autoanálise

Buda descobriu que a razão principal do sofrimento


humano estava nas falsas expectativas. Aquilo que a
pessoa nunca vai ter, mas que de alguma forma resolve
acreditar que um dia vai conseguir. Agarra-se a um ideal
absurdo e nunca mais o larga. Porque isso acontece?
Levando certas pessoas a sofrerem a vida inteira?
Sócrates dizia: "conhece-te a ti mesmo". Ele era um
sábio. Muitas pessoas não fazem a menor ideia de quem
são. Nunca se deram ao trabalho de fazer uma
introspecção profunda. Então, não sabendo quem são,
criam uma imagem de si mesmas com base naquilo que
eventualmente acham que podem ser. Uma pessoa é
baixa, de fraca aparência, pouco tem para oferecer no
geral, e mentaliza-se que pode de alguma forma
conseguir um parceiro alto, esbelto, modelo.
Agarrada a esse conceito, desprovido de lógica, ela
espera a vida toda e nunca aparece ninguém. Porque ela
não tem a menor concepção dela própria. Ela não é
milionária, não é modelo, não é famosa, não é nada que
se enquadre numa plataforma especial ao ponto de
atrair uma outra com o estatuto de celebridade. Nem
nada parecido. Se uma pessoa não faz a menor ideia de
quem é, vai andar perdida, condenada à desilusão.
Existem parâmetros para tudo. Mas muitos preferem
fechar os olhos a esses parâmetros, caindo no ridículo.

56
Primeiramente é necessário fazer uma introspecção. Não
é muito difícil. Você é tão belo quanto as pessoas que
você atrai. Não tem de ser rico, mas se for rico vai
nitidamente atrair muito mais pessoas. As pessoas são
atraídas por vários fatores. Um deles é a imagem.
Uma pessoa extremamente elegante e bela, vai atrair
multidões. Ela não precisa se esforçar muito. Basta saber
escolher, se souber. A beleza paga-se por si própria. Isso
é incontestável. Os outros nem vão exigir que seja muito
inteligente. Se não for assim tão bela, pode ser muito
rica. Irá igualmente atrair muita gente. Porque toda
gente gosta de dinheiro. É outra verdade absoluta. Pode
até ser feia, não importa, o dinheiro compra as pessoas,
muitas delas. Não todas. Outra coisa que é um fator de
atração é a juventude. As pessoas mais jovens parecem
sempre mais belas. Se você não é assim tão jovem não
irá provavelmente atrair a juventude, a elite da beleza e
do sexo, e nem um milionário. Mas você pode não ser
bela, nem rica, nem jovem e ser muito inteligente. Se
assim for, é possível que conquiste a admiração e
respeito de muita gente. O que eventualmente se irá
converter em amor. Amor de alma, admiração profunda.
Pode levar a uma linda paixão. Mas há pessoas que não
são jovens, não são altas, não são magras, não são ricas e
nem sequer inteligentes ao ponto de impressionar
ninguém. Simplesmente, nunca se olharam no espelho
com uma visão realista de si mesmas. Desenquadradas
da sua mediocridade, esperando alcançar o impossível, o

57
altamente improvável. Desvalorizando aqueles que estão
à sua altura. A pessoa é velha, de aparência normal
mediana. Todas as que são suas equivalentes, irão ser
atraidas por ela. Mas ela não se enquadra na sua própria
plataforma. Jamais irá ser feliz. Da mesma maneira que
um pobre se ficar a olhar para um stand de Ferraris a
vida toda, não os poderá comprar. É muito natural que
uma pessoa mesmo linda se apaixone por uma mais
velha, que de alguma forma é cativante pela sua
inteligência, ou maturidade, ou riqueza, ou mesmo
charme e carisma sexual. Mas não é natural uma pessoa
que não é apelativa, de forma nenhuma, ficar a aspirar
amores impossíveis que estão fora do seu alcance.
Olhem para si mesmas… começando com um espelho!
Em frente ao espelho, analisem se são uma beldade.
Analisem se são muito jovens, homem ou mulher, é
igual. Analisem as suas roupas. As suas amizades, o seu
grau cultural. As suas possibilidades. Se têm uma nota
no bolso que dá para comprar um chocolate, não
queiram ir jantar ao melhor restaurante da cidade. Nem
sequer pensem nisso. Só irão sofrer. Mas se do outro
lado do espelho está uma celebridade, uma beleza
espampanante, alguém cobiçado por muita gente, então
olhem para quem vos ama. Não para quem vos ignora,
quem vos despreza. Porque há plataformas para tudo.
Menos para o impensável. Infelizmente, há muitas
mulheres apaixonadas pelo Cristiano Ronaldo, uma

58
estrela, um homem que pode ter a mulher que quiser,
porque tem uma série de características únicas.
Se ele é um atleta, vai conseguir uma atleta. Se é rico, vai
conseguir milhões de interesseiras, lindas. Se é famoso e
poderoso, vai atrair milhões, bilhões. Você é uma das
pessoas prováveis de ele se apaixonar? Pois eu diria que
poucas o são. Mas tanto homens como mulheres, muitos
não aceitam olhar no espelho, olhar no bolso, olhar no
meio onde se encontram. Acabando por desperdiçar
muitas hipóteses de felicidade. Por superespetativa.
Tal como os frustrados financeiros. Pessoas com poucas
capacidades, pouca cultura, pouca imaginação e até
mesmo pouca determinação. No entanto, resolvem
acreditar que aquela mulher que têm lá em casa para os
aturar, não é o suficiente. Porque a outra lá na televisão
é mais apelativa. Criando uma situação de ridículo para
eles próprios, muitas vezes gerando em divórcio. Se você
é uma pessoa, tem um cérebro. Espelhos não faltam por
aí. Se não anda uma multidão de modelos atrás de si, é
porque você não tem propriedades atrativas para essa
classe específica de pessoas. Mas pode muito bem atrair
pessoas maravilhosas, com caráter, com coração que o
farão com certeza muito feliz. Aceite-se como é, com o
que tem e a quem atrai. O prazer e o sexo satisfazem a
todos por igual. Um automóvel não tem de ser um
Ferrari para o levar onde você quiser. Mas uma coisa é
certa, se você for um idiota, não irá mesmo a lugar
nenhum. Idiota é aquele que não tem humildade para se

59
conhecer e integrar no meio onde é amado. Se é amado,
agradeça, agradeça porque alguém gosta de você. A
beleza tem muitas faces. A ignorância só tem uma - o
orgulho.

“Os infinitamente pequenos têm um orgulho


infinitamente grande.”

Voltaire

21 02 2018

60
O Dogma e a Ortodoxia

O Dogma é uma verdade de fé, uma realidade absoluta e


incontestável. É uma verdade afirmada pela igreja, que é
irrevogável. A eucaristia é o corpo e o sangue de Jesus,
isso é um dogma de fé.

O Dogma obriga o Cristão a uma verdade irrevogável de


fé, ou não haveria um princípio crente e a igreja seria
contestada e descredibilizada.
O termo ortodoxia ( doutrina correta ) é utilizado pelos
protestantes para se referir ao sumário das doutrinas
defendidas pela reforma, o ortodoxo é aquele que se
harmoniza com os princípios defendidos na reforma
protestante. A ortodoxia baseia-se nos seguintes
pressupostos do campo de pensamento:

1-o ser humano pode conhecer a verdade


2-a verdade é conhecida
3-o que a comunidade professa corresponde à verdade

O século.XVII foi o período conhecido como ortodoxia


protestante, porque houve a sistematização das
doutrinas da reforma. O objetivo dos teólogos era
preservar as doutrinas das heresias - principalmente das
romanas, que tentava converter os protestantes - nesse
período foram criadas confissões, manuais da igreja que

61
esclarecem a fé dos crentes. As principais confissões
foram as seguintes:

A ​confissão gaulesa (1559)​; a ​confissão escocesa 1560)​;


a ​confissão belga​, os ​artigos de Inglaterra (1563)​;
A ​confissão de Heidelberg (1563)​; a ​2ªconfissão
helvética; os ​cânones de Dort​; a ​confissão e catecismo
de westminster​; a ​confissão de fé batista​.

Estas condições de fé não são infalíveis ainda que


abordando fontes da escritura sagrada, somente esta é
infalível, inerrante e inspirada nas palavras de Deus.

“Não posso acreditar num Deus que quer ser


louvado o tempo todo.”

Friedrich Nietzsche

21 02 2018

62
PNL

A mente é uma biblioteca de livros que precisa de ser


estruturada, ou você não conseguirá seguir em frente.
Você não é o seu passado. Não é a pessoa que enganou,
roubou, prejudicou, traiu... Não é o que bebeu, drogou,
alucinou e engordou. Não é também o que foi enganado,
traído e maltratado pelo pai, mãe, irmão ou esposa. Isso
são apenas cascas de limão. Cascas do sumo que você
extraiu de uma longa e penosa aprendizagem. Você é um
homem novo, porque vive no presente. Livre-se do peso
das correntes distópicas do passado, que nada edificam.
Redesenhando um futuro de riqueza e prosperidade.
Todas as lições já foram dadas. Você só vive em
sofrimento se quiser. Ninguém nasce ensinado. Todos
atravessamos desertos compridos arenosos. No final,
sempre tem um oásis de frescura. Enquanto você quiser
seguir em frente. Acreditando. Acreditar leva a
determinação. Um homem determinado consegue tudo.
Deus não da ponta sem senão. Tudo tinha de acontecer
exatamente como aconteceu, para formar a pessoa
maravilhosa que é hoje, ou não estaria a ler este texto.
Somos a causa de uma causa superior que nos
transcende. Quem vai ser atropelado duas vezes na
mesma passadeira? Ninguém. Se tiver de sofrer mais um
pouco, aceite como uma lição divina. Sem ela você seria
apenas mais um idiota sem propósito. A luta é

63
propriedade dos guerreiros de Deus. Cuja recompensa é
infinita. Porque atravessaram esse penoso deserto. Sem
nunca desistir. Somente os mais fortes conseguem. Os
outros nem aparecem para contar a história. Vivem na
ilusão dum hedonismo inglório. Do qual ninguém jamais
se lembrará. Evite amizades contaminantes. Há pessoas
obesas cujas companhias adoram abusar de uma má
alimentação. Outras bebem porque as suas amizades
também bebem. Roubam porque são incentivadas a
roubar. Crie o seu leque de amizades purificantes. Nao
sofra por quem nao o ama, por quem o despreza. É estar
apegado a uma doença. O que não é bom, não interessa.
Se uma o ama, junte-se a ela. Se tres o admiram, que
sejam seus companheiros. Isso você merece. Somente
isso. Fazendo da sua vida um apanágio de prazer. Ouça,
sinta, acredite.
Você já não é o mesmo. É um diamante lapidado por
Deus. Seja feliz e partilhe dessa lição. Que é o seu maior
tesouro. Você mesmo!

“Grandes castelos são erguidos


as pedras mais pesadas levarão.
Eternos pilares assim construídos
pelo homem com fé no coração.”

Bruno Sousa

21 02 2018

64
Segredos do universo

O que aconteceria se um dia fosse dada às pessoas uma


explicação perfeita sobre todas as coisas?
Se houvesse uma explicação científica, lógica e ao
mesmo tempo transcendental sobre o início do universo
e a sua continuidade? Tudo aquilo que as pessoas não
compreendem é tomado como loucura. Como as pessoas
viam o sol a andar às voltas sobre a terra, Galileu foi
considerado louco e exilado em casa pela santa
inquisição. No entanto, ele não era louco mas o que ele
ganhou com isso?...nada!
Então e se alguém soubesse os segredos mais profundos
da humanidade? Reparem que isto são apenas perguntas
retóricas… Já alguém reparou que existem muito mais
estrelas do que pessoas? Já alguém perguntou se essas
estrelas vivas? E se as pessoas soubessem que cada uma
dessas estrelas com mais de cinquenta anos-luz é um
Deus individual? Que não existe apenas um Deus uno,
mas vários? Que cada um desses Deuses já haviam sido
homens há milhares de anos atrás? E que antes de serem
homens já haviam sido animais, antes disso plantas,
antes disso moscas, antes disso formigas, antes disso
apenas pequenas moléculas? Será que ninguém reparou
que estamos todos em evolução constante no processo
de crescimento interior? Que evoluímos de uma forma
impressionante, somos inteligências auto sustentáveis

65
que vivem numa ordem circular, como todas as células,
moléculas, átomos e planetas? Todas as formas giram
em torno de um eixo. O próprio átomo que é biliões de
vezes mais pequeno que uma molécula já tem uma
consciência, já tem pensamento. E gira à volta de uma
influência externa, nós. Para um átomo, nós somos
Deuses porque o nosso pensamento sobrepõe-se a ele.
Para um cão, seremos quase Deuses, porque depende da
nossa inteligência. Mas em relação ao sol, ao nosso sol,
nós somos apenas átomos. Dependemos absolutamente
dele somente para viver. Se o nosso sol resolvesse emitir
um bocadinho mais de energia, desapareciamos todos
bem rápido. Se ele resolvesse tirar um pouco de sua luz,
congelávamos feito idiotas.
Então estamos absolutamente dependentes do sol. Ele
manipula a vida, o tempo, os dias e as noites. E ainda
colocou uma lua a emitir o seu reflexo com toda energia
lunar proveniente do reflexo solar para aos despertar as
marés. Nesta perspetiva todos nós um dia seremos seres
de luz, cada um com o seu sistema solar, cada um uma
estrela luminosa que somente emite amor. Então de um
estranho ponto de vista a menor das criaturas é um Deus
em ascenção. Em um bilião de anos será mais uma
estrela e terá o conhecimento de muitos milhares de
exércitos. Não estamos nada mal, pelo menos já
compreendemos a diferença entre o bem e o mal. Agora
resta aguardar...
22 02 2018

66
O Pensamento medieval do séc.IX

O papel da Igreja na formação da sociedade e


pensamento medieval . A partir do séc.IX a ideologia
religiosa predominou no pensamento ocidental,
indagando a existência em relação com o divino.

O homem procurava uma explicação para a criação de


todas as coisas, a qual se atribui a Deus uma vez que do
nada, nada se faz. A criação era impossível, sem a
intervenção de algo. Fundamentou-se no Cristianismo
como base para o estudo filosófico da origem do homem.

Toda a idade média desenvolveu a espiritualidade,


havendo descobertas revelações através do estudo da
consciência e da psique humana. Defende-se o conceito
de nominalismo, as coisas existem porque o ser é capaz
de as nomear.

A escolástica é o segundo período da filosofia cristã, que


vai do séc.VIII ao séc.XIV iniciada durante o império de
Carlos Magno​. A ideia de Carlos Magno era trazer para
a Europa a cultura greco-romana e para isso ele
construiu várias escolas. A filosofia cristã difundiu-se
dentro dessas escolas, dando origem à escolástica.
Disciplinas como a dialética, retórica e gramática são
inseridas.

67
Todas estas artes, incluindo astronomia eram ensinadas
pelos intelectuais da igreja no contexto da teologia e
filosofia cristã.

Novos métodos de orientação da razão levaram a


descobertas revolucionárias, pelo uso de investigação
dos paradigmas religiosos cristãos.
Erasmo de Roterdão apresenta uma nova perspectiva
de fé e de prática religiosa, fazendo uso do pensamento,
experiência é especulação lógica.

A sua revolta contra os procedimentos da igreja não


resultou de alguma hostilidade para com a organização
da Igreja, mas na necessidade de aplicar os seus
conhecimentos na liberalização das instituições do
cristianismo.

Tendo influenciado umas centenas de personalidades,


no mundo da política e do pensamento e o seu conselho
era procurado avidamente.

A separação entre a fé e a ciência começa a aferir dentro


da própria igreja, libertando-se da lógica dedutiva do
pensamento religioso.
Desenvolvendo assim um novo compromisso com a
ética, a lógica e uma outra concepção do universo.

68
Transcendência neoplatónica

Conceitos de transcendência neoplatónica eram


transmitidos e estudados, o Um é a origem e
necessariamente a existência de tudo e, portanto, a
causalidade na hierarquia, o máximo.

Remetendo para a doutrina da Espeusipo (sucessor de


Platão) o Um é absolutamente transcendente e "além do
ser" e que a díade é o princípio de todas as coisas.

O Um é Deus e age para produzir um cosmos ou a ordem


espiritual, gerador de si mesmo, um poder que é ao
mesmo tempo o intelecto e o objeto de contemplação do
Intelecto.

O neoplatonismo (filosofia metafísica e epistemológica )


é uma transmigração das ideias de Platão, formatada ao
longo dos séculos, sofrendo alguma mutação por
interpretação de Plotino, considerado o pai do
neoplatonismo.

Plotino optou pelo monismo, existe um só Deus, a


realidade suprema de todas as coisas. O que para a igreja
é um Dogma, uma verdade absoluta incontestável. Este
conceito é hoje o princípio do catolicismo e do
cristianismo.

69
A influência aristotélica na filosofia medieval

Procura-se descobrir a hierarquia por entre os seres, a


relação entre Deus e o homem, a razão e a fé, o corpo e a
alma. A Escolástica debate ainda o poder papal e o poder
real, ensinando os limites desses poderes. Sendo que a
argumentação funcionava de acordo com o princípio de
autoridade dos mais sábios.

Começam a ressurgir as teorias de alguns filósofos do


passado, Ptolomeu, Arquimedes,Euclides e Aristóteles.

A filosofia aristotélica traduzida pelos árabes começa a


contestar as principais teses do cristianismo, o que
preocupa a igreja. Sendo necessária a intervenção de
S.Tomás de Aquino ( séc.XIII ), ele vai traduzir o
pensamento aristotélico a favor da igreja, adequando o
aristotelismo à fé cristã.

Surge então uma nova filosofia baseada nos estudos


aristotélicos de S.Tomás de Aquino tornando-se o centro
da escolástica. Começando a haver uma racionalização
da fé, uma compreensão do evangelho e das sagradas
escrituras.

A "suma teológica" de S.Tomás de Aquino ganha


reconhecimento promovendo-o a conselheiro real. Uma
vez que as suas obras estabelecem uma relação

70
inteligente entre a filosofia e os estudos sagrados do
catolicismo, priorizando o lema "entender para crer".
S.Tomás de Aquino diz que para entendermos o homem
e o mundo temos que primeiramente nos voltarmos para
Deus, utilizando a razão como entendimento da fé.

“A humildade é o primeiro degrau para a


sabedoria”

Tomás de Aquino

22 02 2018

71
Uma breve retrospecção
Até aqui já abordámos diversos paradigmas e conceitos.
Começando pelo determinismo e observando as
múltiplas correntes de pensamento, diacronicamente.
Enfatizando o Deus que cada um tem, dentro de si,
reflexionando sobre todas as influências externas,
aqueles que nos edificam ou destroem. A crença que nos
empurra, a descrença e a dúvida, a questão da
causalidade abordada desde os primórdios por Tales e
Aristóteles, os pré-socráticos e Sócrates, o pai do
pensamento filosófico. O empirismo lógico aristotélico e
o existencialismo platónico. A lei da causalidade de
Leibniz e os argumentos cosmológicos. O mito e o logos.
O dogmatismo e o cepticismo, o ateísmo do não crente.
A consciência atómica de Max Planck e o poder da
mente, o pensamento passivo e ativo. A genealogia dos
Deuses e os poemas de Homero. A matemática
pitagórica, a Physis e os filósofos na natureza. A ironia e
a maiêutica utilizada para chegar à razão, sem
manipulação. A história do pensamento na Grécia
antiga. Confúcio, Einstein, a escola de Frankfurt, o
racionalismo nazi, a crítica da razão de Nietzsche. A
hipocrisia das grandes massas, as elites e os
estereótipos. Os falsos conceitos que parecem verdades.
As escolas da decadência grega, Hitler e a discriminação,
o sectarismo. O inconformismo crítico e o idealismo
platónico. A psicologia analítica e o pensamento

72
medieval. Parece muito, mas são apenas as primeiras
páginas de toda uma história que leva a uma única
razão, o entendimento. Que lá mais para a frente, será
encontrado, inevitavelmente. Esse é o propósito.

“A paz não pode ser mantida à força. Somente


pode ser atingida pelo entendimento​.”

Albert Einstein

23 02 2018

73
A ética de al-Khwārizmī

A ética é o pilar de todos os castelos.


Mūsā al-Khwārizmī, foi uma das mentes fascinantes da
Idade Média, nascido no ano 780 d.C. na região ao sul
do Mar de Aral, hoje Uzbequistão e faleceu em Bagdá,
capital do então Império Persa, em 850.
Quando perguntaram a Al-Khwārizmī sobre o ser
humano e ele respondeu:

“ Se tiver Ética, é 1 ; se também for Inteligente,


acrescente 0 e será 10; se também for Rico, acrescente
mais um 0 e será 100. Se também for Belo, acrescente
mais um 0 e será 1000.
Mas se perder o 1 da Ética, perderá todo o seu valor e
restarão apenas os zeros!”

A palavra ​ética vem do grego ethos e significa "portador


de caráter". Princípios universais, ações que acreditamos
diferenciadas da moral pois busca fundamentar as ações
morais exclusivamente pela razão.

O homem que constrói a sua vida sem esse pilar


fundamental, está a construir um castelo na areia. Como
um casamento por interesse, e um negócio tentador cuja
ética inicial não existe. É uma forma de desperdiçar

74
muito tempo e semear desapontamento. A ética é o
principio vital de todas as escolhas.
Para ​Oscar Wilde​, ​chamamos de ética o conjunto de
coisas que as pessoas fazem quando todos estão
olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem
quando ninguém está olhando chamamos de caráter.
Albert Schweitzer​, teólogo e filósofo alemão
(1875/1965) afirmava que um homem é
verdadeiramente ético apenas quando obedece sua
compulsão para ajudar toda a vida que ele é capaz de
assistir, e evita ferir toda a coisa que vive​. ​Para
Aristóteles​, o nosso caráter é o resultado da nossa
conduta.

“Não tentes ser bem sucedido,


tenta antes ser um homem de valor.”

Albert Einstein

23 02 2018

75
A querela dos universais

A filosofia dá-nos um conhecimento imperfeito sobre as


coisas, ao passo que a teologia traz esclarecimento.
A nossa natureza racional só funciona se deixarmos a fé
conduzir a nossa vida, pelo que a teologia corrige a
filosofia.
S.Tomás de Aquino afirma que a fé e a razão são
conciliáveis. A filosofia medieval é dividida em duas
vertentes, a filosofia Patrística (séc III-VIII) e a
Escolástica (séc.IX-XIV) tendo esta última a tentativa de
conciliar a fé e a razão. A dialética na Escolástica impõe
a exaltação da razão e o rigor na investigação. A questão
da relação dos nomes e conceitos de linguagem e a
própria realidade leva-nos ao problema dos universais.
Sendo o problema entre a linguagem e a realidade e o
valor dos conceitos em termos universais. A esta questão
foi atribuída a sigla - querela dos universais.
Em última análise, é o problema da ligação entre as
palavras e as coisas, entre o pensamento e o ser.
A solução nominalista diz que os universais não têm
valor algum, sendo apenas vocábulos.
A solução realista afirma que os universais são entidades
metafísicas subsistentes, havendo uma ligação entre os
conceitos universais e a própria realidade. Estando
presentes em todos os indivíduos. Relembrando a teoria
das ideias de Platão, que afirmava que a verdadeira

76
realidade são as ideias dos homens. Surgiu ainda a
solução conceitualista que afirmava que os universais
são conceitos abstratos e que o pensamento conseguia
distinguir os elementos que subsistem unidos na
realidade. Resumindo, cada palavra ( conceito ) é uma
realidade diferente mas a mente humana consegue
separar essas realidades, sendo que os indivíduos
compartilham de uma razão peculiar de interpretação de
conceitos. Isto atribui-se apenas a conceitos universais,
como o conceito de "animal" ou o conceito de "homem",
pois aos conceitos singulares a interpretação já é livre de
subjetividade.
A solução Tomista , proposta por Tomás de Aquino para
os universais diz que estes existem - tanto na mente de
Deus - como arquétipo, como também existem na forma
estruturada das coisas e ainda como conceitos mentais
da interpretação humana.
Ainda surgiu outra definição nominalista de universais,
proposta pelo filósofo inglês ​Guilherme de Ockham​,
que diz que os universais são somente nomes, não
correlacionados com nenhum tipo de realidade.
Afirmando ainda que a realidade do universal é
contraditória em relação à própria realidade.
Esta problemática dos universais dará recurso ao estudo
da linguagem e da lógica no século seguinte.
Persistindo a questão e a dúvida filosófica - a realidade
existente entre as palavras, os termos e conceitos e a
própria realidade.

77
O Renascimento

O Renascimento foi um movimento cultural e artístico


que rompeu com o padrão de pensamento vigente no
mundo medieval, introduzindo a cultura laica durante os
séculos XIV e XV.

Itália foi o berço do Renascimento iniciado pelo


desenvolvimento comercial, urbano, contato com árabes
e bizantinos, pela retomada das obras clássicas perdidas
na Idade Média e pelo brotar do Mecenato.

Em substituição aos valores dominantes da Idade


Média, a mentalidade moderna formulou novos
princípios cujas principais caracteristicas foram:

O ​humanismo - valorização do ser humano, em vez de


um mundo centrado em Deus, teocêntrico, inferindo um
mundo centrado no homem, antropocêntrico.

Também assentes o ​individualismo​, conceito político


moral e social que exprime a afirmação e a liberdade do
indivíduo, e o ​racionalismo (em vez de explicar o
mundo pela fé, era preciso explicá-lo pela razão,
principalmente na ciência).

78
Surge o naturalismo , o ​hedonismo e o cientificismo,
Doutrina que apenas admite a verdade na ciência
positiva.

E ainda o ​empirismo​, sistema filosófico que atribui


exclusivamente à experiência dos sentidos a origem dos
conhecimentos, o ​experimentalismo ( Doutrina que
defende a fundamentação na experiência em todos os
ramos de actividade) e a volta ao mundo Greco-Romano.

De ressaltar a Transição da cultura teocêntrica para a


antropocêntrica e no conceito artístico-cultural o
aparecer de obras renascentistas, como a Divina
Comédia , de Dante.

O surgir de artistas e criadores marcantes, tais como


Leonardo Da Vinci​, na pintura , ​Michelangelo (
pintura e escultura ), ​Nicolau Maquiavel na literatura
, ​Giotto​, pintura e representações de São Francisco de
Assis, entre muitos outros.

Além dos temas religiosos, a arte passou a explorar


outros temas, como mitologia, cenas do cotidiano etc. O
corpo humano era exaltado na escultura e na pintura.
Em Inglaterra surgem as obras de ​William
Shakespeare​ ( Romeu e Julieta, Hamlet,etc ).

79
Na França surgem os ensaios de ​Montaigne e em
Portugal, ​Luís Vaz de Camões ( Os Lusíadas ) e o
teatro de Gil Vicente .

Em Espanha a contribuição renascentista é na literatura


de Cervantes com a obra prima ( Dom Quixote de la
Mancha ).

De destacar o ​Erasmo de Roterdam , literatura,


Elogio da Loucura ( países baixos ).

No renascimento científico, ​Nicolau Copérnico cria a


teoria heliocêntrica e a mesma é confirmada por
Galileu Galilei​ .

Johan Kepler comprova as órbitas elípticas dos


planetas e ​Giordano Bruno afirma que o universo não
era estático e a Terra não era o centro dele, tendo sido
queimado na fogueira a mando da Inquisição.

A cultura renascentista era leiga e humanista, e


opunha-se à cultura religiosa e teocêntrica do mundo
medieval. O Renascimento afastou da Igreja a
explanação das coisas do mundo. Gradualmente o
método experimental passou a ser a forma se alcançar o
saber científico da realidade, passando a ser comprovada
empiricamente. O Renascimento representou um novo
entusiasmo pela literatura clássica e aprendizado no

80
final da Idade Média, trazendo uma nova cultura para a
Europa.
Sendo essencialmente um movimento intelectual, o que
lhe confere um lugar de destaque na história universal.
Podemos definir a Renascença como o brotar do mundo
secular, questionador e auto-suficiente representando a
vida e a cultura da antiguidade clássica.

Sob a influência do renascimento intelectual dos homens


da Europa Ocidental chegou a reflexão de um olhar para
a vida inovador, os homens deixaram de pensar e sentir
como os medievais e começaram a pensar como homens
modernos.

O Renascimento como movimento cultural começou na


Itália - Idade Média - se difundindo pelo resto da
Europa, afetando a literatura, filosofia, arte, política,
ciência, religião e outros aspectos da investigação
intelectual.

Podemos considerar o Renascimento como um dos


marcos iniciais da Modernidade , ao refletir o conjunto
de mudanças vivenciadas pela sociedade urbana da
Europa Ocidental. caracterizado pelo retomar de valores
da cultura greco-romana, a cultura clássica. As bases
desse movimento eram a filosofia, o humanismo , que
descartava a Escolástica medieval - até então
predominante - propondo o retorno às virtudes da

81
antiguidade. Platão, Aristóteles, Virgílio e outros
pensadores começam a ser traduzidos e difundidos.
Envolveu uma nova sociedade e novas relações sociais
em seu cotidiano.

Consequentemente, o Renascimento foi uma nova


concepção de vida adotada por uma parcela da
sociedade, exaltada e difundida nas obras de arte.

Como os gregos, os homens modernos valorizaram o


antropocentrismo - O homem como medida de todas as
coisas - a concepção do mundo a partir da importância
do ser humano, o trabalho, as guerras, os amores e as
contradições tornaram-se objetos de preocupação,
compreendidos como produto da ação do homem.

De ressaltar o ​racionalismo , - a convicção de que tudo


pode ser explicado pela razão do homem e pela ciência -
negando qualquer coisa que não tenha sido provada;
dessa maneira o ​experimentalismo na ciência,
conheceram grande desenvolvimento.

Igualmente o ​Individualismo como um dos valores


renascentistas trazendo a idéia de que cada um é
responsável pela sua vida, com a possibilidade de fazer
as suas opções e de se manifestar sobre diversos
assuntos. Acentuada a importância do ​naturalismo
que aguçou o espírito de observação do homem com a

82
natureza exterior. O ​hedonismo representando o culto
ao prazer, a idéia de que o homem pode gerar uma obra
de arte apenas pelo prazer, acabando com o
pragmatismo anterior.

O ​Universalismo foi principal característica do


Renascimento, promove o desenvolver todas as áreas do
saber - Leonardo da Vinci - é o modelo de “ homem
universal ” como matemático, físico, pintor, escultor, e
pesquisador na área da ciência e biologia.

“Pouco conhecimento faz


com que as pessoas se sintam orgulhosas.
Muito conhecimento, que se sintam humildes.
É assim que as espigas sem grãos
erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu,
enquanto que as cheias as baixam
para a terra, sua mãe.”

Leonardo da Vinci

24 02 2018

83
O Iluminismo- Descartes, Bacon, Newton

O iluminismo foi um movimento cultural, científico e


filosófico que gerou o pensamento liberal iniciado em
frança e inglaterra (séc.XVIII), precursor do pensamento
político de liberdade e representatividade da
actualidade. Os principais pensadores e filósofos a
desencadear este movimento foram ​John Locke​,
Voltaire​, ​Kant e ​J.J.Rousseau​, apresentando uma
visão e uns ideais absolutamente inovadores para a
época.

As caracteristicas principais do iluminismo são o


racionalismo ( aponta para o estudo ),
antiabsolutismo ( contra o poder absoluto do rei ),
anticlericalismo e a liberdade.

Sendo o iluminismo a maneira burguesa de pensar o


mundo uma vez abrindo portas para outro tipo de
liberdade e igualdade ( não democrática ).
A filosofia do século XVII inaugura as principais
vertentes do pensamento moderno: o racionalismo de
Descartes ( reduzir o conhecimento científico a idéias
claras e distintas), o empirismo inglês de ​Bacon ( todas
as idéias provêm da experiência sensível). Remontando
que a verdade é obra do homem e colocava-se em seu
lugar a noção de problema como algo que poderia ser
resolvido mediante o método adequado.

84
O avanço da ciência afastaria as sombras e traria a
claridade da compreensão, e seja, o reino das luzes, “
iluminismo” caracterizado pelo otimismo que pairava na
sociedade, o fim da ignorância, superstição e
desigualdade.

Descartes aponta para a razão, mas razão dedutiva de


Descartes é substituída pela razão operativa do
Iluminismo. ​Newton buscava a explicação dos
fenómenos naturais na análise, afastando por completo
as deduções racionais e coloca em questão justamente os
princípios - “os princípios é que devem ser descobertos”.
Sendo um dos pioneiros a perceber que os fenómenos
naturais possuem explicações acessíveis ao homem
racional, sintetizando a natureza.

Assim ele descobriu o princípio da gravidade universal,


fundamentando que o universo é governado por leis
físicas e não de cunho divino. Assim, a razão não é mais
concebida uma verdade absoluta, mas antes como fonte
do intelecto.

Os filósofos do Iluminismo renunciam ao sistemismo do


século XVII e inovam com o conceito de verdade e de
filosofia, como construções livres e concretas e, no
objetivar da razão como um caminho e propósito de
todos os homens. Fez-se imprescindível a significação da
razão (mediante as idéias de Descartes) e no século das

85
Luzes (mediante as idéias de Voltaire, de Kant e do
pensamento de Rousseau). Descartes converte a dúvida
em método, baseia-se na dúvida de absolutamente tudo,
questionando a própria existência, a que derivou o
axioma “penso, logo existo”, cogito que demonstra o
caráter absoluto e universal da razão.

Do pensamento ao “ser que pensa” ele separa a


subjetividade da objetividade. O racionalismo cartesiano
opera dedutivamente a partir de princípios como “idéias
inatas” ao próprio sujeito.

A física cartesiana resulta, assim, de construções


abstratas, regidas pela razão.comprova a existência de
Deus com o princípio da causalidade e da metafísica.
Somente a existência de Deus pode conceber um ser
finito e imperfeito, pensante, dotado da idéia de infinito
e de perfeição. Descartes usou a ideia da dúvida para
combater a própria dúvida.

Voltaire (1694–1778 Paris) da pequena nobreza, de


espírito sátiro e pretensioso, mudou-se para Inglaterra,
difundindo a teoria empirista de ​John Locke​, suas
críticas pelos ideais da razão e da liberdade em defesa
das idéias liberais e contra a Igreja Católica o tornaram
reconhecido publicamente, defendendo sempre o ideal
de pensamento correto, tecendo críticas às teorias
especulativas.

86
Também demonstrou sua crença a um ser supremo
criador do universo, apresentando-se contra a Igreja,
mas não contra Deus, buscando incessantemente o seu
valor primordial - a justiça.
Para Voltaire, Locke foi aquele que verdadeiramente
escreveu a história da alma.a negação da existência de
idéias inatas e a afirmação das limitações da mente para
o conhecimento de todo o universo.

J.J.Rousseau​(1712-1778) de imaginação exacerbada,


personalidade romântica é profundamente dramática,
.desenvolveu a antítese fundamental nas obras “Sobre as
ciências e as artes” e “Sobre as origens da desigualdade”.
Apontando a degeneração das exigências morais mais
profundas da natureza humana e promovendo a cultura
intelectual. Na sociedade ideal de Rousseau, a vontade
do povo e o consenso de voto era imprescindível,
valorizando o sentimento e o conhecimento como raiz da
felicidade humana. Via a liberdade do espírito livre de
pressões como bem supremo do homem, associando a
relação da natureza com o sentimento, através do
aperfeiçoamento humano e da educação.
Criticando os filósofos por estudar a natureza humana
para falar sabiamente dela, não para se conhecerem a si
mesmos, idéias que foram aceitas pelas camadas
populares, pois atendia às expectativas da democracia.

87
Immanuel ​Kant (1724-1804), filósofo extremamente
metódico, tinha como seu princípio o universo espiritual
do homem, o qual compunha-se do conhecimento, suas
limitadas possibilidades e da ação humana, a moral.
Ele é o pai do criticismo, referindo a existência de uma
“razão pura”, o qual consta na obra ​Crítica da razão
pura​. Kant contorna o racionalismo-empirismo do
século XVII, objetivando que o conhecimento é matéria
composta de nós mesmos - espírito e matéria adquirida
pela experiência sensível. Para Kant a realidade não é
um elemento exterior ao homem, sendo que mundo só
existe à medida que aparece nos indivíduos então
intervenientes de sua constituição. Nos dias de hoje, este
pensamento é estudado no ​Biocentrismo​, o homem
como criador do universo à sua volta.

Sendo o pensamento imperativo do homem - por Kant -


a única verdade universal constituída pela vontade e
pela razão. Superando todas as leis e condições,
indeterminadamente às imposições naturais.

Pensamento que fica conhecido como idealismo


transcendental kantiano, o pensamento transcende a
experiência como fonte de toda a razão. Verifica-se,
então, que no Iluminismo há a pretensão do uso do
poder da razão, como forma de reorganização.
Apresenta-se a razão emancipatória, a partir desse

88
momento, é o sujeito que passa a determinar a
organização do poder, assim encarando a sociedade.
Fundamentando as reflexões e regulamentando a vida
social, pelo que podemos considerar o Iluminismo é o
ápice das potencialidades reconhecidas no homem pelo
poder da razão .

“O interesse que tenho em acreditar numa coisa


não é a prova da existência dessa coisa.”

Voltaire

25 02 2018

89
O racionalismo de Descartes

René Descartes era um matemático, considerado o pai


da filosofia moderna renascentista, ( frança séc,17 )
escolástica , contemporâneo de ​Galileu com uma visão
racionalista, ( o indivíduo conhece o mundo através da
razão, os sentidos enganam).
Educado pela escolástica de ​S.Tomás de Aquino e
Aristóteles, Descartes conclui que a filosofia contém
verdades contestáveis mas a ciência encontra o
progresso. Ele cria a árvore do conhecimento - que
ensina que o conhecimento começa pela metafísica,
passando para a física, mecânica, medicina e moral,
respectivamente.
Logo Descartes cria a filosofia mecanicista, o mundo é
corpo e movimento. A teologia não faz parte dessa
árvore do conhecimento.
O universo está escrito em linguagem matemática de
verdades incontestáveis ( Galileu Galilei )
diferentemente da filosofia escolástica. Assim ele
apresenta o discurso do método, possibilitando as ideias
claras e distintas, estipulando as regras do pensamento
estruturado. Outra grande obra de Descartes,
“meditações metafísicas, como chegar às verdades
fundamentais” , raiz da dúvida metódica, fundar um
novo conhecimento com novas ideias, o filtro da -
Dúvida metódica - " penso, logo existo " questionando
assim, a própria existência.

90
Não dá para acreditar nos sentidos nem nas verdades
matemáticas, se eu duvido eu penso, se eu penso, eu
existo. Principio da árvore do conhecimento - intuição
mental inata - duvido de tudo menos da própria dúvida.
As meditações metafísicas vão mostrar as outras
verdades de Descartes.

“Não existem métodos fáceis para resolver


problemas difíceis.”

René Descartes

25 02 2018

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David Hume - séc.XVIII

David Hume - Iluminismo escocês, Empirismo lógico.


Hume foi um filósofo Britânico que criou o tratado sobre
a natureza humana. Para Hume O tempo influencia os
resultados da ciência, a força do hábito - o sol nasce
todos os dias..
As percepções particulares formam as ideias gerais,
generalizando. Precisamos das palavras para provar a
existência, ignorando a metafísica. Hume divide o
conhecimento em duas partes, a dedução lógica não
dependendo da própria existência. Pela lógica, uma rosa
é rosa mas a experiência mostra que ela pode ser branca.
Une a lógica com o empirismo, criando o empirismo
lógico. As percepções fazem parte da experiência, a ideia
é a generalização de conhecimentos individuais e o
hábito deve ser questionado.

“Se nos cai nas mãos um volume, por exemplo, de teologia ou


de metafísica escolástica, perguntamo-nos: contém alguma
argumentação abstracta sobre a quantidade ou os números?
Não. Contém alguma argumentação experimental sobre
questões de fato e existência? Não. Então, que seja jogado ao
fogo, pois contém apenas sofismas e ilusões.”

David Hume

25 02 2018

92
A causalidade de Leibniz (séc.XVII)

Leibniz foi um polímata, filósofo, cientista e matemático


que demonstrou genialidade nos campos da religião,
política, história, literatura, lógica, metafísica e filosofia.
Leibniz apresentou um argumento cosmológico - porque
existe algo ao invés do nada?

Para o crente, a frase de Olavo de Carvalho “ a mentira


tem o privilégio de poder se expressar com muito mais
brevidade do que sua refutação ” é demonstrativa que é
muito mais fácil contestar, que acreditar em algo.
A premissa de Leibniz perante a existência da divindade
é a seguinte, - tudo que existe tem uma explicação para
existir. Se o universo tem uma explicação para existir,
essa explicação é Deus. Sabemos que o universo existe,
logo, Deus existe, não há causa sem origem.

Estas três premissas criam um Dogma. Uma verdade


incontestável.
Porque para contestarem a inescrutabilidade do divino,
teria de haver uma fonte e entidade superior a esse Uno,
e essa entidade seria Deus. Então, não seria possível
contestar o incontestável. A lógica e a razão, por mais
aristotélica e pragmática, leva sempre à mesma
conclusão, a lei da causalidade de Leibniz. Tudo o que
existe tem uma explicação para existir. É claro que há
sempre a possibilidade de questionar o porquê da

93
existência do universo, criar obstáculos à própria razão,
com perguntas como - se Deus existe, quem criou Deus?
E perguntas ainda mais complexas como - se o universo
é infinito, o que há para lá do infinito?
Aquele que nada sabe, facilmente questiona tudo, até o
mais ridículo. O importante é estabelecer uma base
lógica, como fez Leibniz. Todos sabemos que existimos
por uma causa, e que essa causa provinha de outra
causa. Se a minha mãe e o meu pai se amaram, eu fui
concebido. Mas para eles existirem, foram precisos os
meus avós… E por aí adiante, até chegarmos a uma
causa inicial, provavelmente duas moléculas
apaixonadas há alguns milhares de anos, que se uniram.
Sabendo que todas as causas provêm da lei da
causalidade, existe uma causa criadora de todas as
outras coisas, para isso teria de ser a mais inteligente,
teria de ser Deus.

“Entendo por razão, não a faculdade de


raciocinar, que pode ser bem ou mal utilizada,
mas o encadeamento das verdades que só pode
produzir verdades, e uma verdade não pode ser
contrária a outra.”

Wilhelm Leibniz

25 02 2018

94
Espaço-tempo

Para Einstein, o tempo era relativo, o espaço


determinante, a velocidade, imperativa. Mas como isso
interfere no nosso pensamento, na nossa vida?
No eclodir da alma, na essência de quem somos, do que
edificamos?
Numa boa leitura, com conteúdo, vamos selecionando os
ingredientes da alma. É muito interessante alimentar a
alma, um crescer interno e a expansão da consciência.
O ser humano tem a impressionante capacidade de se
auto-alimentar como inteligencia autosuficiente.
Tiramos as dúvidas às nossas dúvidas, atendemos ao
nosso propósito. Conscientes que todos os dias
morremos, renascemos e voltamos a viver, sempre com
uma visão diferente, superior, amplificada pelo tempo.
Observamos o que os grandes sábios legaram,
absorvemos essa mesma sabedoria, com a delicadeza de
um colibrí de shangai. Acalmando as nossas ânsias,
apaziguando as nossas turbulências. Assim caminhamos
gradativamente para o despertar de uma nova
consciência universal, a ligação com o absoluto, com
Deus. Eventualmente, as águas mais turvas mostram-se
límpidas, como a fonte mais pura das montanhas. Cada
frase, palavra e pensamento passa a ser parte integral do
nosso ser, porque temos a célula de Divina em cada
partícula nossa, a potestade.
Ainda que parados, estamos sempre em movimento,

95
esse movimento é a força das estrelas que se distanciam,
gradativamente, na expansão cósmica infinita que vem
de dentro de cada um de nós. Em cada segundo de
pensamento, a terra gira a uma velocidade orbital de
108.000kms por hora, em torno do sol.
Concomitante movimento acrescentado à velocidade do
sol, que completa uma órbita na Via Láctea a cada 225
milhões de anos — viajando a mais de 777 mil de km/h.
Fazendo com que a nossa velocidade real em torno da
galáxia seja algo equivalente a 870.000 km por hora.
Como a nossa galáxia também se desloca, percebemos
que a esta velocidade temos de multiplicar pela
velocidade do movimento intergalático expansivo, uns
impressionantes 581 kilómetros por segundo. O
equivalente a atravessarmos o oceano atlântico em
apenas 10 segundos, isto sem sequer nos apercebermos.
Agora imagine a velocidade da lua, que além de
percorrer toda esta velocidade, ainda aos contorna numa
velocidade orbital de 1000 kms por segundo. No
entanto, o seu pensamento consegue contê-la , fazer com
que pare, para que a possa observar pelo tempo que
quiser, refletindo como um espelho toda aquela luz solar
magnetizada pela noite, força que levanta as marés,
revolta os mares e até mesmo as baleias uivam em
temor.
Nós somos o centro, somos porque temos o pensamento,
esta capacidade de compreender e refletir, sobre todas
estas maravilhas circundantes!

96
E aí vamos crescendo, sabiamente, entendendo que, de
uma forma ou outra, todo este movimento cósmico faz
parte da nossa existência. Se não houvesse movimento,
não haveria vida, nem pensamento.
Em cada fração de pensamento, emanamos luz, vida e
esperança. Essa mesma luz, é o que faz de você, uma
pessoa única, maravilhosa!

“O homem não teria alcançado o possível


se, repetidas vezes,
não tivesse tentado o impossível.”

Max Weber

25 02 2018

97
Conceitos universais

Uma análise conceitual filosófica - Volta não volta temos


de parar para fazer uma breve reflexão sobre a matéria.
Não adianta ler muito, estudar, se não se sorver o
substrato. O amor é a base de todas as coisas e o fruto da
existência. Somos tão importantes quanto o amor que
recebemos, as nossas amizades verdadeiras. Todos os
sábios sabiam isso. Jesus , enfatizou isso, múltiplas
vezes, com o amor ao próximo. O Cristianismo declama
o amor, o Budismo e o Taoísmo, também.

Platão afirmava “ A amizade é uma predisposição


recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da
felicidade um do outro.”
Oscar Wilde dizia que a melhor maneira de começar
uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar
com ela, também.
Francis Bacon , político, filósofo, ensaísta inglês,
barão de Verulam e visconde de Saint Alban,
considerado como o fundador da ciência moderna dizia
que a amizade duplica as alegrias e divide as tristezas.
William Shakespeare defendia que, quem
negligencia as manifestações de amizade, acaba por
perder esse sentimento.
Jean Cocteau​ , poeta e romancista, cineasta, designer e
dramaturgo, actor, e encenador de teatro francês do
Séc.XX afirmava que a felicidade de um amigo

98
deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a
amizade sofra com isso, é porque não existe.
Confúcio imperava que, entre amigos, as frequentes
censuras afastam a amizade.
Para ​Aristóteles​, a amizade é uma alma com dois
corpos.
Johann Goethe​ , uma das mais importantes figuras da
literatura alemã e do Romantismo europeu, insistia que
não se pode ir longe na amizade sem se estar disposto a
perdoar os pequenos defeitos um ao outro, e para
Pitágoras , os amigos têm tudo em comum, e a amizade
é a igualdade.
Epicuro de Samos ( 270 a.C., Atenas) filósofo grego
do período helenístico, tinha a consciência que a
amizade e a lealdade residem numa identidade de almas
raramente encontrada.
A própria Madre Teresa de Calcutá ensinava que Temos
de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de
pão ou de amizade.
Giovanni Boccaccio , Poeta humanista Italiano, o
primeiro grande realista da literatura universal,
afirmava que as ligações de amizade são mais fortes que
as do sangue da família.
E ​Demócrito , o “pai” do átomo, filósofo presocrático
responsável pela escola dos atomistas, enfatizava que a
amizade de um único ser humano inteligente é melhor
do que a amizade de todos os insensatos.

99
O homem vive para amar é o amor mais puro e o da
amizade, porque não pede nada em troca, nem mesmo a
carne.

“ Não deixes crescer a erva no caminho da


amizade. ”
*Platão

“ Ame seus inimigos, faça o bem


para aqueles que te odeiam,
abençoe aqueles que te amaldiçoam,
reze por aqueles que te maltratam.
Se alguém te bater no rosto,
ofereça a outra face. ”

Jesus Cristo

25 02 2018

100
Determinismo, fatalismo e acidentalismo

Nós somos a dimensão dos que nos rodeiam, somos


aqueles que nos acompanham, sendo cada qual à nossa
volta um magneto em coesão com a nossa vida e
existência. Se estamos mal, provavelmente estamos mal
acompanhados, se bem acompanhados é improvável
sofrer privações, críticas e desilusões. Mister delinear os
determinantes para a nossa vida depurando as
qualidades maiores de cada um, à medida dos nossos
critérios e necessidades.

O nosso desempenho é então determinado, não por nós


mas pelos outros e pela sua influência no mesmo, em
cada dia, a cada passo - o determinismo. A seleção de
amizades e influências externas é o pilar do sucesso, da
plenitude e concretização pessoal. Não é o dinheiro que
nos constrói, o mesmo pode ser pejorativo, até, o nosso
bem maior são as pessoas predominantes no nosso
espaço, as mesmas vão predestinar a nossa vida,
reconhecendo o nosso desempenho, edificando com
palavras e atos.

De pouco serve ter dinheiro se estivermos mal


relacionados na vida, o que leva a uma crise existencial.
A nossa energia são os outros, segregando força vital,
eles são a fonte da felicidade, saúde e desempenho
pessoal. Ao constatar que não somos apenas uma

101
consciência isolada mas uma consciência grupal, tudo
ganha uma outra perspetiva. De facto, os outros brilham
com a nossa luz, é vice-versa. Toda nossa luz é um
substrato do que recebemos, somos espelhos humanos.
Se uma raposa capturar um coelho para comer e os seus
companheiros forem lobos, irão devorar o coelho todo e
maltratar a raposa. Na exiguidade da natureza, pequenas
verdades dão grandes lições.

O reino das formigas tende a proliferar. Uma formiga


sozinha é esmagada, não pode sequer existir. Mas no
formigueiro toda formiga come, são soldados
implacáveis, não precisam de um cérebro para reinar e
singrar na vida. Jesus disse - “ olhai os passarinhos, não
se preocupam com nada e têm sempre o seu sustento ”.

De facto, isto é real mas pássaros vivem por entre os


pássaros, não por entre ratos. Se somos leões devemos
procurar outros leões, se tartarugas, outras tartarugas e
estaremos integrados, protegidos. A integração é o
princípio do selecionismo. Para encontrar os nossos
semelhantes precisamos de sabedoria. Não se deve
mesclar o bom vinho ao mau vinho, nem o mau vinho ao
bom vinho, ou todo ele será contaminado. Precisamos de
aprender a ver com a alma, gradativamente
consolidando os nossos relacionamentos, analisando
cautelosamente atitudes, palavras e respostas.

102
Com o tempo, separa-se o trigo do joio e um novo grupo
de elite eclode na sua vida. Não é relevante aparências,
idades, status ou raça, mas atos, pessoas maravilhosas
podem estar escondidas na simplicidade, outras
mefíticas se afidalgam em lindas vestes. O homem sábio
aprende a reconhecer o seu semelhante ignorando essas
vestes, o incauto deixa-se persuadir.

Para atrairmos boas amizades, devemos ser bons


espelhos, aprender a refletir a luz dos outros, aprender a
dar mais do que recebemos. Nada do que damos é
realmente nosso, pois já o recebemos de algum lado.
Tudo é reflexo de tudo, nada nasce do nada. A partilha é
a base da frutificação e da proliferação, até mesmo os
bancos subsistem da partilha e têm sempre abundancia.

Sejamos cofres sólidos sempre cheios, protegidos pelas


pessoas certas, as quais amamos e tudo damos com
prazer e segurança, jamais ignorando que não somos
um, mas o todo à nossa volta. Somos formigas guerreiras
em perfeita idiossincrasia, uma raça inacabável, cujo
princípio vital é o amor inelutável que nos une.

A união de pais e de filhos, de homem e mulher, do mais


velho e do novo, almas unidas pela eternidade, jamais
irão sofrer sozinhas e como tal, triunfarão sempre pois
este é o nosso propósito, a partilha, o amor, Deus. Muito
ou pouco, teremos sempre três coisas: As palavras, o céu

103
e a terra. Como determinar o destino, estará tudo
predestinado? Porque uns já nascem ricos e sadios,
outros pobres e doentes?
Será que podemos mesmo fazer alguma coisa para
mudar a inevitabilidade do nosso destino ou isso seria
remar contra a maré?
O ​teísmo atribui o nosso destino ao poder de Deus,
portanto tudo o que acontece de bom e de mau na nossa
vida é vontade de Deus. Teríamos então que confiar em
Deus para mudar o nosso destino e utilizar orações
,suplicando misericórdia, tudo mais seria perda de
tempo, isto é uma perspetiva. Já o ​fatalismo diz que
tudo já está determinado, cada um já tem o seu destino
traçado, o mesmo nasce rico e pobre conforme assim o
fora traçado, só nos restando aceitar tudo com
otimismo, uma vez que também o futuro já está
estabelecido.

Tanto na primeira como na segunda opção, não há nada


a fazer, mas também não há motivo para se estar
preocupado, mediante a inevitabilidade da realidade de
cada um. Já o ​acidentalismo atribui tudo o que
acontece ao acaso, se uma folha cai de uma árvore, tanto
pode ser levada pelo vento, atravessando florestas e rios,
como cair na lama e ali ficar eternamente. Isto é o ponto
de vista mais provável do ateu comum e do céptico.

104
Não há um poder superior, não há uma força
predominante, tudo acontece por aleatoriedade. Mais
uma vez, não há motivos para nos preocuparmos, não
podemos fazer nada para alterar o nosso destino. Sendo
assim, que razão temos para fazer qualquer esforço para
alterar o rumo da nossa vida? O budismo oferece uma
perspetiva razoável. Não atribui o nosso destino a Deus,
nem ao fatalismo da inevitável predestinação, nem ao
acidental acaso.

Atribui sim, o destino a nós mesmos e à lei do karma.


Uma vez incumpridores no passado, passamos hoje
dificuldades no presente retificando os nossos erros,
uma vez cumpridores com zelo no presente já estamos a
desenhar um novo futuro, mais promissor alterando
assim o nosso destino.

Isto não invalida a existência de Deus e nem a sua


magnificência, mas permite-aos, pelo menos, edificar
qualquer coisa e sim, vale a pena ficar preocupado.
Todos os atos e palavras contam na tabuada final agora
por nós semeada com cautela e empenho.

É imperativo que haja sempre respostas para as nossas


perguntas, o ​fanatismo atribui todas as causas a uma
só, tudo é culpa de Deus e tudo é um ridículo acaso, não
é um pensamento coerente. Existe sempre uma terceira
e quarta resposta, uma possibilidade mais concreta e

105
mais razoável, uma forma de limar arestas,
aprofundando cada vez mais quem somos, onde estamos
e para onde vamos. Não somos macacos, mas seres
pensantes, racionais, inteligentes, providos de alma e
consciência. Ignorância não é desculpa, podemos
sempre aprender mais e muito mais, somente assim
daremos passos favoráveis em coesão com tudo aquilo
que desejamos prorrogar à nossa existência, delineando
escorreitamente uma nova e esplendorosa cadeia de
probabilidades.

Objetivando satisfazer os nossos desejos e concretizar


todos os nossos sonhos, traçando um ideal de destino
efervescente aos nossos olhos.

“Temos o destino que merecemos. O nosso


destino está de acordo com os nossos méritos.”

Albert Einstein

25 02 2018

106
Determinismo radical

O determinismo radical diz que todos nós somos vítimas


da nossa hereditariedade e do ambiente em que
crescemos.
Somos, então, o fruto de fatores e condicionantes
externos, responsáveis pelo nosso caráter e todos os
nossos atos. Como tal, qualquer controle que possamos
ter sobre as nossas vidas e atos é puramente ilusório.
Seguindo esta linha de raciocínio, somos tão
responsáveis pelos nossos crimes, como pela cor de
nossos olhos, ou tamanho do nosso nariz. Somos levados
a pensar que existe uma grande diferença entre Hitler e
Dalai Lama, mas será que existe mesmo? Se ambos
tivessem sido trocados à nascença, no mesmo
espaço-tempo, provavelmente Dalai Lama seria hoje
considerado um carrasco, e Hitler, um santo. Porque
afinal, todos os atos derivam de fatores externos, até
mesmo o nosso pensamento aqui e agora.
Então o que tinha um pai e um avô advogado, é hoje um
advogado famoso, e o que foi educado por monges é hoje
uma santidade, e por ai adiante.
Agora resta-nos perguntar... Podemos realmente julgar,
teremos nós esse direito?
Será que nós com aquele pai, aquela mãe e aquela
mulher não iríamos fazer exatamente a mesma coisa?
E se o outro tiver no nosso lugar, e nós no dele, seremos
também julgados?

107
Teria ele os nossos direitos, a nossa família, o nosso
amor?
Teremos então algum mérito pelo que fazemos, pelo que
escolhemos, ou devemos apenas agradecer a todos os
condicionantes da nossa vida?
Há realmente a possibilidade de que todos os
acontecimentos e em especial todas as ações humanas
sejam simples elos de uma cadeia causal.
Se assim for, a ideia de alma, de karma e de
responsabilidade fica completamente obsoleta, não
seriamos nada mais que andromedas sociais, máquinas
programadas pelas circunstâncias e acaso.
Até mesmo Deus seria apenas mais um conceito como os
contos de fadas.
Cabe somente a nós medir as nossas escolhas,
consequências e erros, abraçando assim a nossa
humanidade, a nossa consciência e o nosso valor.
Então um vai considerar o ser humano como um
pequeno Deus, com um propósito específico na vida…
E outro que somos o que nos ensinaram a ser, o produto
de uma determinada educação.
Se nos desviarmos desse caminho, cairemos num mar de
descrença e ideologias contrárias às que nos foram
ensinadas à nascença, influenciados por uma sociedade
onde os valores são coisa do passado. Será que
escolhemos o que fazemos ou as nossas ações são
causadas por fatores que não controlamos?
Se o determinismo é uma consequência inevitável de

108
algo que contraria a nossa liberdade de escolha, é
horrível porque fecha nossa mente para novas ideias.
Se passamos a acreditar no que nos é imposto, onde fica
nosso livre arbítrio?
Tudo isto são pontos de vista diversos, é um tema
interessante que leva a alguma especulação, mas o mais
interessante é que nem a ciência, com a teoria quântica
do acaso e nem a filosofia determinista observam a
hipótese mais equilibrada, de que tudo tem um princípio
inteligente e nada é aleatório, o acaso simplesmente não
existe. Apenas as espiritualidades e os estudos esotéricos
apontam esta visão dos acontecimentos. Não existe o
-acaso- precisamente porque o acaso anula-se a si
mesmo, pela ausência de inteligencia, então tudo é uma
obra consequente. Tudo se dá, porque tem de ser, na
altura que tem de acontecer. O filho do médico não vai
ser médico necessariamente, aquele que nasce pobre não
vai ser pobre obrigatoriamente, e nem todas as pessoas
cuja vida maltratou se tornam criminosas. Por outro
lado, nem todos os criminosos foram condicionados a
ser assim, muitos tiveram mesmo vidas largas e
educação. Os homens procuram uma fórmula para tudo,
uma explicação, uma matemática que determine tudo.
Mas a verdadeira fórmula é que nada está determinado,
a única verdade é que realmente desconhecemos a nossa
razão e não há forma de decifrar os desígnios da
existência por Deus determinados. Somos apenas
curiosos ignorantes, pretendendo decifrar os enigmas

109
para lá do universo e de suas biliões de galáxias. E todos
os dias ficamos surpreendidos com os atos da nossa
própria natureza humana, tantas vezes desumana.

26 02 2018

110
O Deus Homem

O homem é o centro de todas as coisas. Ele sabe disso,


confia nisso, acredita nisso e conquistou esse direito. A
inquisição encarregou-se de o afastar de Deus, o governo
perdeu seu poder para o povo, o povo é a democracia, é o
indivíduo, é o homem. Ele sente-se poderoso porque é
um homem. O centro de todas as coisas. Só o momento
importa, o prazer, o sexo, a ostentação. A mulher agora
também é o centro de todas as coisas. Então, ela procura
exatamente o mesmo. O problema é que ambos se
acham o centro de todas as coisas. Ambos têm esse
direito. Para haver equilíbrio, procura-se um ideal de
igualdade. Um falso ideal demagógico, pois na realidade
ambos querem ser o centro… O interesse é
predominante. Nada funciona sem interesse. Ele quer o
corpo da mulher perfeita. Ele quer a subserviência da
mulher. E também quer ser amado. Quer tudo, quer ser
o centro, o pilar, o único. Um Deus vivo, praticamente.
Mas ela é mulher, ela também quer ter aquilo a que tem
direito. Ela quer um homem poderoso, um homem que
transmita confiança, estabilidade. Que tenha capacidade
para a realizar sexualmente. Que a consiga dominar
emocionalmente. Que a considere o centro, que lhe dê
tudo. Porque os direitos são iguais. Um dia,
eventualmente, haverá uma disputa inevitável. Se ele
não cumprir com os seus requisitos, se falhar

111
financeiramente, se a submeter a algum tipo de
inferioridade. Porque ela merece o melhor, somente o
melhor, ou aquele não é o homem perfeito, assim sendo,
mais vale procurar outro. Ela sofre, mas vai superar, o
sonho ainda não acabou, ainda está viva… Ele também
vai disputar. Se ela não obedecer aos parâmetros, se não
se submeter, se não o servir, se não o levar à loucura…
Pois ele sente que essa é a obrigação da mulher. Servir o
Deus - Homem. Ele tem o carro, o dinheiro, o poder. Ele
tem a força e o desejo sexual. Ele não vai largar essa
posição imperial. Antes do casamento, ele até se
submete, quer a mais bela das rainhas, vai beijar seus
pés, faz parte do processo. Vai oferecer flores, levar a
jantar fora, fazer mil sacrifícios. Vale a pena, aquela
parece boa para o servir de mil maneiras diferentes. Ela
antes do casamento, também faz um sacrifício. Ele é um
homem poderoso, amável, inteligente. Dará um bom pai,
só tem de ser satisfeito umas quantas vezes, sem
reclamar. Ela é então a mulher perfeita. Que sorri
enquanto o vê fazer idiotices, falar alto, beber cerveja.
Ela pensa: - é apenas um homem. Domino-o com uma
mão. Fará de mim tudo o que eu quiser. Porque sou
mulher. Ela tem razão, ela domina-o com o olhar, com o
corpo, com a boca… Não há como evitar. Eventualmente,
ambos acham que amam um ao outro. A fantasia supera
a realidade. Somos condicionados a acreditar no que
vemos o tempo todo. Se o tempo todo aquela mulher dá
prazer, beija, chupa, engole, leva à loucura… Ele fica

112
apaixonado. Se o tempo todo o homem faz a mulher
sentir segura, protegida, livre de necessidades e ainda a
satisfaz, ela vai amá-lo. Ela vai acreditar que ele é o
príncipe. Na realidade é tudo uma soma de interesses. A
alma só aparece depois. Por vezes anos depois. Quando
uma pessoa resolve olhar para a outra, e pensar, quem é
esse aí ao meu lado? Como fui casar com um idiota
assim? Fui certamente enganada… coisas da juventude.
Agora será diferente, embora esteja um pouco mais
velha, tenho mais inteligencia e maturidade, meus
parâmetros são outros. Muito mais exigentes. E ela sai
em busca da sua nova paixão. Mas essa nova paixão terá
de ser, novamente, um príncipe. Ou mais vale ficar
sozinha a aturar um gordo idiota, ou um magro
frustrado. Tem de ser um príncipe, tem de ter dinheiro,
não compensa passar dificuldades. Ele, por sua vez,
pensa : - Quem é essa interesseira manipuladora com
quem eu casei? Quem é essa gorda que já não me
satisfaz faz tempo? Porque tenho de aturar uma chata,
que não faz outra coisa que recamar? Fui enganado,
certamente, nunca me amou, fui levado a acreditar,
porque era jovem. Serei amado novamente, mas desta
vez será diferente. Desta vez será uma princesa perfeita.
Alguém que me ame pelo que eu sou, um Deus-homem.
O centro do universo. Alguém que tenha absoluto prazer
em me satisfazer. Diferente daquela idiota frigida, sem
graça, que eu tinha lá em casa.

113
Ambos querem ser servidos, ambos são o centro do
mundo, não querem pouco, querem tudo. Querem ser
amados por um escravo. Ela quer ser bajulada,
sustentada, premiada pela sua existência. Porque é a
única mulher. Somente ela sabe amar, somente ela sabe
chupar, e somente ela tem aquele olhar. Merece o maior
dos reis, não um qualquer. Ele quer uma empregada,
uma mulher que o sirva, que o admire, que tenha
orgasmos só de pensar nele. Porque ele é o
Deus-homem, capaz de satisfazer qualquer mulher de
mil formas diferentes. Ele não quer uma mulher para
disputar território, isso seria como ter um homem. Ele
só quer ser amado, realmente.
Amado incondicionalmente. O que nunca vai acontecer.
Porque nenhum ser humano aceita uma posição inferior,
que é amar sem pedir nada em troca. Sempre tem de
haver uma paga. Uma paga pelos serviços. Pelo dinheiro,
pelos jantares, pelos passeios, pelos orgasmos. O outro
sempre terá de pagar. Como ambos vivem numa ilusão,
procurando o que nunca vai existir, criam um cogito - o
amor não existe. Nunca existiu.

O amor existe, mas existe para quem compreende a vida,


para quem aprende os benefícios da humildade. De dar,
sem pedir nada em troca. De não esperar bajulação. De
ser simplesmente pessoa, não um Deus-homem. De
aceitar que não vai ser o único, a única. É um sonho
irreal, o amor existe livre de condicionantes. Existe na

114
amizade, no desejo, no sexo. Sem medidas nem
comparações. Existe por entre a guerra interna de duas
pessoas. Porque sempre haverá alguma guerra. Mas
sempre pode haver conciliação. O amor existe acima de
tudo na própria ilusão dos poetas, uma ilusão real.
Porque nela acreditamos. Mas não existe como
queríamos todos que existisse, o amor pelo
Deus-homem. Somente a Deus será entregue esse tipo
de amor. Nunca, a um homem.

26 02 2018

115
Carlos Magno

Carlos Magno no ano 800 d.C. é nomeado o primeiro


imperador romano. É coroado imperador do Sacro
Império Romano pelo Papa Leão III, em Roma, Pelas
suas conquistas no estrangeiro e de suas reformas
internas, ajudou a definir a Europa Ocidental e a Idade
Média na Europa. Monarca guerreiro, expandiu o Reino
Franco contra os saxões pagãos cuja submissão foi
bastante violenta, também contra os lombardos em
Itália e os muçulmanos de Espanha, até que este se
tornou o Império Carolíngio, que incorporou a maior
parte da Europa Ocidental e Central. Durante o seu
reinado, ele conquistou o Reino Itálico.

Posteriormente, o exército de Carlos sofreu a sua pior


derrota nas mãos dos bascos na Batalha de Roncesvalles
no ano 778. Ele também realizou campanhas contra os
povos a leste, principalmente os saxões e, após uma
longa guerra, subjugou-os ao seu comando. Ao
cristianizar à força os saxões e banindo, sob pena de
morte, o paganismo germânico, integrou-os ao seu reino
,iniciando o que levaria à futura dinastia Otoniana.

Soberano reformador, preocupado com a ortodoxia


religiosa e cultura, ele protegeu as artes e as letras.
através do renascimento das artes, religião e cultura por

116
meio da Igreja Católica. Sendo o responsável pela
criação da Escolástica, as primeiras universidades na
europa, cujos professores eram, essencialmente, padres
e filósofos. Desta forma, o Cristianismo foi difundido e
enraizado nas nossas tradições culturais, os princípios
de Deus, fundamentados pela lógica Aristotélica que
defendia o conceito universal de ​Deus Uno​.
Isto faz parte da nossa cultura, base dos nossos
pensamentos condicionante dos nossos princípios, como
ocidentais. Depois, esta cultura migrou para o Brasil,
onde se propagou, vindo a desenvolver os maiores
cérebros metafísicos, pessoas de elevada potencialidade
espiritual, o princípio do espiritismo.

Tudo obedeceu a uma lógica divina, independentemente


das guerras e do sofrimento subjacente ao homem.
Somos todos moléculas, mas cada molécula tem o seu
Deus interior, como veremos mais tarde, através do
processo científico da mecânica quântica de Niels Bohr.

“Alexandre, César, Carlos Magno e eu mesmo


fundamos impérios, mas à base de que
firmamos as criações do nosso gênio? À base da
força. Só Jesus Cristo fundou seu reino à base do
amor, e até hoje milhões de homens morreriam
por ele.”*
*Napoleão Bonaparte
26 02 2018

117
John Stuart Mill

A ética da felicidade - De acordo com o filósofo inglês


John Stuart Mill, nenhuma felicidade humana é
verdadeiramente possível sem um sentido de dignidade
pessoal. Nem todos os prazeres se equivalem, há
prazeres superiores e prazeres inferiores, não devemos
simplificar a felicidade atribuindo-a apenas a prazeres
físicos. Os prazeres de espírito e intelectuais são
superiores e qualitativamente distintos. Não devemos
ter cegueira moral para nossa própria satisfação, nem
aprovar atos moralmente repugnantes. Devemos ser
então, felizes qualificando os nossos atos e decisões em
defesa de um bem maior, a felicidade coletiva.Este é um
princípio imprescindivel a ser adotado, somente assim
conseguiremos encontrar a plenitude. Não se justifica
obter qualquer tipo de prazer inferior, às custas do
sofrimento de alguém, tudo deve ser medido
cautelosamente para que todos os nossos benefícios
sejam merecidos, justos e verdadeiros. Esta é a
verdadeira felicidade, o sentimento altruísta e
responsável em todas as nossas escolhas, em todos os
nossos prazeres. Se cada um compreender esta máxima,
utilizá-la com respeito e consciência, poderá usufruir de
um tipo de completude interior, realização e felicidade
genuína. Seguir um ideal de -não mentir - é respeitar a
experiência de séculos da humanidade. Mas devemos ter

118
o bom senso de avaliar todas as regras morais
criticamente. A nossa consciência moral ajuda-nos a
deliberar e tomar as decisões mais corretas e sensatas,
de acordo com a nossa educação e princípios, somente
assim poderemos ser realmente felizes. Por vezes,
mediante um conflito e dilema moral, temos que violar
uma norma para respeitar uma outra. O absolutismo
moral pode induzir-nos em erro, em certas situações um
dever pode ser suplantado por outro muito mais
importante. Para salvar uma vida podemos ter de
mentir, roubar, até mesmo matar… Não há normas
morais absolutas que tenham de ser sempre cumpridas.
E por vezes temos mesmo de escolher entre um mal
maior e outro menor, obedecendo sempre aos nossos
princípios, ética e consciência. A vida é um aqueduto de
dilemas dentro de dilemas, perguntas e respostas, não
existe preto no branco. Temos constantemente que
tomar decisões, escolhas. Essas escolhas devem sempre
obedecer a um critério superior, a felicidade coletiva, o
bem maior. Somos dotados de muitas competências,
pensamento, sentimento, moral. Somos os responsáveis
pela segurança do navio, pela felicidade dos passageiros,
dos nossos companheiros e irmãos. Somos heróis e
todos aguardam que tomemos sempre a melhor decisão.
Temos consciência desse poder, dessa responsabilidade
e tomaremos sempre as melhores decisões. Cada um de
nós é o seu capitão, e o navio somos todos. Jamais
aceitaremos crueldade nem cair em tentações inferiores,

119
temos caráter, nobreza, humanidade! Todo homem
precisa de um centro, uma razão de viver, um ideal.
Tanto os homens como as mulheres podem escolher
qual o seu centro. Uma pessoa que desconheça o seu
centro vai andar perdida, cai em desespero, em
desequilíbrio. Este é o terceiro tipo, os indecisos. Os
outros dois são o homem ético e o homem estético. Os
indecisos precisam escolher entre a ética e a estética.
Falamos absolutamente de ideais, escolhas e objetivos
de vida. O homem estético vive para o prazer, para a
procura constante por novas sensações, centra-se numa
experiência de vida alucinante. Procurará alcançar
sempre experiências novas para satisfazer o seu prazer,
viagens, hoteis, sexo, muitas vezes álcool e drogas. O
homem estético não é compatível com um casamento,
lealdade está fora de questão uma vez que vai contra os
princípios da procura do prazer, sacrifícios são
dispensáveis. No caso do ideal da estética, a procura
constante por prazeres maiores acaba por terminar, após
mergulhar em todo tipo de sensações sempre na busca
por algo melhor, embora passando por um percurso
divertido o homem estético chega à conclusão que
passou uma vida fútil, os prazeres acabam e entra numa
solidão interior. Tanto os bens materiais como as
viagens, mulheres, sexo e drogas perdem o seu efeito,
não alcançou nada na sua vida de valor, sobra apenas o
vazio. A constante busca pela felicidade leva ao encontro
da infelicidade. O homem ético é o que escolhe uma vida

120
centrada no ideal superior. É o homem que acredita no
casamento, entregando-se de corpo e alma a uma
relação com ideais de eternidade. É um homem virado
para Deus, alguém que prefere suportar alguns
sacrifícios na sua vida sendo fiel aos seus ideais
superiores, a um sentido. Tendencialmente as pessoas
éticas não são centradas nelas mesmas, não investem
tanto na aparência física em contradição com os homens
e mulheres estéticos. Não vivem primeiramente para os
prazeres carnais, preferem seguir os prazeres superiores
espirituais. Também não valorizam tanto a matéria, o
dinheiro, sexo e viagens, preferem uma vida moderada e
nobre. Embora façam mais sacrifícios, encontram a
felicidade no seu objetivo primário, o casamento, a
segurança, a boa moral e Deus. Não há uma regra para a
felicidade, cada um escolhe qual o seu sentido, cada um
decide se quer o prazer constante, a aventura e uma vida
regrada, com um amor estável mas abdicando de tudo o
resto. Ninguém pode censurar as escolhas de cada um,
mas cada um terá que viver com essas escolhas,
colhendo assim tudo aquilo que semeou. Não é possível
agradar a Deus e a Mamon (dinheiro).

26 02 2018

121
Teoria do pensamento circular

Deus criou a esfera...o homem criou o quadrado. A vida


é um espaço entre dois pontos. toda a existência provém
da inteligência, cujo princípio fundamental é o amor,
potenciador do elemento. Deus é o pai de todas as coisas
vivas, na emanação pura residente em tudo que existe, é
a inteligência absoluta, a potestade imutável na criação,
como um círculo perfeito numa abstração circular.

O amor, é uma roda viva. Se oferecermos um beijo,


criamos meio círculo, ao receber o beijo de volta,
completa-se esse círculo. Todas as obras de Deus são
absolutas, perfeitas, circulares, desde o microcosmos ao
universo infinito, tudo é circular, as células são
circulares, o sol e a terra também, até ao átomo e seus
microcomponentes. O que edifica é circular, entretanto a
concepção humana desenvolveu o conceito
matemático... um mais um, dois.

Princípio que a soma de muitos pontos origina a reta, o


homem usou esse conceito como uma máxima, não
avaliando esta propriedade. A reta foi o primeiro erro do
homem, é o oposto radical da criação inteligente, é o
princípio e fim, o início projectado de um erro contínuo.

122
Somente na concepção humana existe o conceito de reta,
nada é reto, tudo é circular, assim o homem concretizou
o erro. Ao seguir essa recta, o seu pensamento vai atrás
da imperfeição, sendo agir ou pensar em linha recta, sem
errar, dando origem à morte, pois toda a recta tem um
pressuposto final.

Todo o pensamento linear é um pensamento difuso,


incorreto, começa sempre por errar, antes de acertar. Se
tentarmos seguir em linha reta, não será possível, pois o
mundo é circular. Um mais um não são dois, pois não
existem duas coisas iguais, tudo circula, até mesmo a
nível celular, a energia, a vida. O mesmo princípio deve
aplicar-se às pessoas. temos de andar em círculos, se
debatermos com alguém, estamos a agir em linha recta.

A violência é igualmente reta, a destruição face à criação,


que é circular. O homem circular vive com cristo, pois
sua vida não acaba nunca. Quando o círculo acaba,
continua. E dá voltas e voltas, pela eternidade. A morte é
apenas o fim do primeiro ciclo, e o início imediato do
segundo. Já o homem linear, acredita no plano, age de
forma direta , frontal, acreditando que no final da reta,
ele morre. Se tudo o que deus criou é perfeito, a
imperfeição é obra do homem.

Todos os erros derivam do mau pensamento, destrutivo,


e da reta. Como pode o homem ir contra Deus,

123
inventando o absoluto erro?
Visualize o ciclo perfeito da vida… Deus criou a
perfeição, e o homem, a imperfeição. Como podemos
criar algo, se acreditamos exactamente no seu oposto?
Então, para criar algo, temos primeiramente de
compreender a noção de círculo, a noção do certo. Se
iniciarmos algo com uma base sólida, correta, toda a
base errada é apagada, e então estamos no sentido certo.

Faça tudo de forma circular, tenha uma visão circular,


assim conseguirá ver para além das montanhas. Aja
sempre com amor e circularidade. O amor é o início do
ciclo perfeito, de uma vida perfeita, eterno e imutável,
como Deus. Se você tiver problemas com alguém no seu
trabalho, use o pensamento circular, evite essa pessoa,
tudo o que não é bem feito, é deletério. Imagine-se como
uma célula, sempre em movimento, multiplicando-se
sem no entanto tocar nunca em nada. é essa a base para
uma vida perfeita, imaculada, como um círculo perfeito
de felicidade inacabável.

26 02 2018

124
Análise da teoria da cultura

Diálogo com a filosofia e psicanálise, que aprofunda


problemas e questões brilhantes relacionadas com os
diferentes modos culturais. Tendo como referência a
ciência política e a comunicação social, objetivando
refletir sobre os problemas sócio-culturais.

É feita uma revisão diacrónica dos ciclos irregulares da


história clarificando os pontos cruciais, a genealogia das
palavras, os movimentos de confronto e crítica
relacionados com esta área de estudo. De ressaltar os
debates filosóficos, a ausência de clarificação das
questões mais pertinentes e as discussões teóricas, por
vezes vagas e ambíguas apresentando pouca
credibilidade. A análise e interpretação das estratégias
contraditórias - com intenções e objetivos práticos - no
desenrolar da evolução do homem, bem como sua
eventual ineficácia na pretensão dos objetivos
pretendidos.

Permitindo perspectivar o caráter inovador da corrente


de pensamento dos teóricos relevantes, objetivando
clarificar a panorâmica das suas obras, e princípios
gerais na multiplicidade das opiniões pertinentes para a
construção de uma sociedade melhor, com foco na
educação e desenvolvimento cultural, político e social.

125
De ressaltar o Iluminismo , França e Inglaterra, séc.
XVIII ( John Locke, Isaac Newton, Voltaire, Immanuel
Kant ), movimento cultural científico e filosófico que
procurou mobilizar o poder da razão através do
conhecimento da natureza, incentivando o progressismo
e promovendo o intercâmbio intelectual, em dicotomia
com a intolerância da igreja e do estado. Sendo o
movimento precursor do pensamento político de
liberdade e representatividade da atualidade, os
iluministas admitiam que os homens podiam melhorar
este mundo com a introspecção, fazendo uso da razão, a
fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado
da tradição medieval.

Os estudos culturais estabelecem uma dicotomia entre a


actualidade, a pós-modernidade e o Iluminismo,
perspectivando aprender com as épocas passadas e
instruir-nos para a construção do futuro. A modernidade
é um paradigma de pensamento (filosófico), e
desenvolve a ideia do estudo sistemático do homem e da
sociedade na natureza e no seu contexto
histórico-cultural.

Sendo que a pós-modernidade não é um movimento, é a


crise do próprio movimento moderno. O estudo da
dialética dos pensadores revela opressão oculta nas
promessas de libertação e contribui para a disseminação
da arte moderna, secularização e industrialização sendo

126
que a educação é a melhor ferramenta para promover a
paz e a justiça, debates e teorias são objetivados
analisando inclusive a arte moderna e suas repercussões.
A modernidade apresenta uma Sociedade em mudança,
de acordo com as leis imutáveis da natureza.
Presentemente vemos uma evolução progressiva da
sociedade, consequência do racionalismo científico.

A perspectiva diacrônica dos antigo mostra que as


civilizações clássicas ( Grécia, Roma ) eram a base dos
padrões culturais. O ponto de vista moderno sugere a
procura por novos modelos de expressão, a fascinação
pelo passado é apenas representativa pelas diferenças
culturais observadas. No passado, ser romântico era ser
moderno, agora é modelo de expressão de obras
literárias.

A noção de beleza era apenas representativa, muitas


vezes incluindo o grotesco como forma de arte. A
modernidade nasce no final do Romantismo como forma
de reação ao classicismo censurado. Na américa, séc.19 o
termo "modernismo" significava independência cultural
e nos restantes países significava progresso e mudança
revolucionária.

A poesia moderna sofre uma mutação em relação à


tradicional e no final do séc.19 aparece a expressão
"avant-garde" que significa -futurista. As novas escolas

127
rejeitam o passado e avançam para os movimentos
extremistas, seguindo ideias de -destruir é criar. Um
homem vanguardista era o que se opunha ao tradicional
e o termo enraizou-se no mito dos anos 60 do séc.20.
Chegou a moda dos hippies e da liberdade, aparece
também o surrealismo, impressionismo e arte moderna.
A modernidade atravessa um longo período de transição
histórica, alimentado pelo desenvolvimento tecnológico.
Com a mudança no pensamento, tudo muda à nossa
volta e o passado torna-se história.

É uma revolução de espírito e força que se manifesta na


economia capitalista e no mercado. A mudança contínua
e a liberdade ganha cada vez mais expressão, todos
pensam de modo diferente e as novas ideias vão se
difundindo em concomitância com o progresso.

“O descontentamento é o primeiro passo na


evolução de um homem ou de uma nação.”

Oscar Wilde

26 02 2018

128
O paradigma da supermodernidade

O homem sempre procurou encontrar algum equilíbrio


entre a relação Deus-homem, o que deixava implícito
uma relação de preocupação com o próximo,
nomeadamente, alocentrismo Cristão. Seguindo essa
linha de raciocínio, existiam instituições como a igreja
que impunham regras e criaram tradições, tradições
essas que ficaram enraizadas na nossa cultura, como
uma noção de valores. Havia então alguma repressão, o
homem não era livre para agir e pensar, absolutamente.

Mas os valores permaneciam, ainda que por obrigação,


valores esses que se perderam para a
supermodernidade. Esta nova configuração teve início
no século XVIII, o princípio do ​liberalismo​. Pela
primeira vez, as regras da vida social historicamente
aplicadas como lei e o saber, deixaram de ser recebidos
pela religião e tradição, passando a ser instauradas pelo
humano, o sujeito. Defendendo a livre escolha de cada
um, ninguém era mais obrigado a adotar esta ou aquela
doutrina, nem as regras ditadas pela tradição.

As tradições de caráter holístico, sagrado, que eram uma


referência - padrão tornaram-se obsoletas. Criando uma
nova cultura de economia de mercado, onde os valores e
idealogias dos nossos precedentes são ignorados,

129
esquecidos e substituídos pelo hiperconsumismo
individualista. O individualismo é um sistema que dá
prioridade à liberdade do indivíduo, instaurando uma
centralização de poder no sujeito como valor central de
toda cultura. Não importa a ética, não importa o
sagrado, apenas o hedonismo absoluto do indivíduo,
esse é o valor praticado, o início da decadência de
pensamento, anulando séculos de história e de tradição.

As características hedonistas, a idolatria ao consumo


exacerbado de bens materiais, e o hiperindividualismo
são os traços da pós-modernidade. Houve uma mutação,
os valores tradicionais morreram, pressupondo que o
pós-modernismo é o movimento decadente do próprio
pós-modernismo. Esta sociedade vivencia uma crise de
caráter ambiental que clama por um consumo
consciente, um ideal decente coletivo e uma cidadania
solidária. Em dicotomia para com o liberalismo
egocêntrico da atualidade, que relembra as palavras de
Protágoras, o filósofo pré-socrático que estabelece “ o
homem como medida de todas as coisas”.

Estamos, claramente a navegar para o passado, as


prioridades não existem, somente o prazer imediato
centralizado única e exclusivamente no homem, não no
todo. Precisamos de refazer o nosso sistema de valores
éticos, filosóficos e mesmo espirituais, visando encontrar
uma relação de equilíbrio entre o que queremos, o que

130
devemos e o que podemos fazer para restabelecer a
nossa própria humanidade.

“A humanidade não se divide em heróis e


tiranos. As suas paixões, boas e más, foram-lhe
dadas pela sociedade, não pela natureza.”

Charles Chaplin

26 02 2018

131
Inconformismo e realização

As pessoas vivem centradas Nos seus próprios


problemas, todas elas. Porque desconhecem que os seus
problemas não são importantes. Não, não são. Se tiver
consciência disso eles realmente desaparecem. Nós
estamos inseridos no mundo. O mundo não está nem aí
para os seus problemas… E você também não quer saber
dos problemas dos outros. Só no tempo de ler este texto
já morreram provavelmente várias criancinhas. E o
mundo não quer saber, sabe porquê?

Porque não é importante, o que é importante é a sua


interligação com os outros, isso sim o mundo vai ver. E
quando essa comunicação apresenta qualquer tipo de
problema, ninguém vai gostar, ninguém vai mesmo
compreender, simplesmente porque já há problemas a
mais a contaminar o mundo todo. Qualquer tipo de
tentativa para criar mais um, seja pelo motivo que for
será sempre mal interpretado.

A consciência humana global fiscaliza toda e qualquer


interação e obriga mesmo a cada um fazer a célebre
pergunta - está tudo bem?
Ao menor sinal de problemas e queixas, nem que seja
uma simples dor de cabeça, pronto, o sujeito cai em
descrédito. Até há quem se mostre semi-interessado nos

132
seus problemas, por motivos óbvios de amizade, mas o
que as pessoas querem realmente ouvir é que no seu
universo pessoal, tudo é perfeito. Inconscientemente,
você vai se tornar uma mais valia numa sociedade
incrivelmente problemática, e você será amado e
admirado, pois será dos poucos a manter a postura, sem
cair do cavalo. Quando der por ela, aquilo que você
chamava de problemas já não vai existir e será
substituído por soluções, amigos e uma vida melhor.

Sabe o que todos gostam? De boa disposição…


Repare neste pensamento…
-Eu não preciso de nada nem de ninguém para me
completar, o que vier, que seja sempre para acrescentar.
Uma pessoa que consiga sentir assim, facilmente se
torna um mestre do universo. Pode ir parar ao alto de
uma montanha sem mais nada senão as árvores e o céu,
que não precisa de um carro novo, uma namorada, de
uma casa paga registrada em seu nome, para ser feliz.

Porque os outros, uma companheira, não devem vir


para nos completar nunca, se uma pessoa for completa e
se sentir completa, não é um carro novo que vai
completar nada, quanto muito pode vir como acréscimo,
como um extra de conforto.

Muitos andam por aí infelizes a contrair empréstimos


para comprar uma dívida de anos, esperando conseguir

133
apagar aquela sensação de incompletude. Nunca o vão
conseguir, não vão apagar nada, nem com 1000
namoradas, nem com 20 automóveis, pois sentem-se
incompletos por dentro. Agora veja o quão agradável é
não precisar de nada...
Não preciso de um corpo lindo e perfeito para eu
contemplar e amar, já tenho o meu.
Não preciso de um carro novo, existem milhões de
carros espalhados por aí e sou convidado a entrar neles o
tempo todo sem sequer ter de conduzir. Se vier um, é
apenas um extra, um acréscimo…
Nem ficaria mais feliz, apenas agradecido como
agradeço tudo que já tenho.
Não preciso que me completem com amor e sexo, já me
amo bastante e melhor que ninguém. Se vier, agradeço o
acréscimo, porque é bom.
Não preciso de alguém inteligente para me ensinar
coisas o tempo todo, já sou inteligente e comunico com
muita gente. Se vier, será bem vindo, se for para trazer
algo, de outra forma, dispenso.
Também não preciso de ouvir uma voz bonita, adoro a
minha e ouço muitas vozes agradáveis.
Não preciso observar um sorriso bonito, o meu é uma
delícia e vejo o tempo que quiser. Se vier um sorriso,
será para fazer companhia ao meu.
Não preciso de muitas roupas novas e bonitas, as que
tenho servem muito bem e as que vierem a mais, bem, já
são a mais, mas agradeço.

134
Joias, moedas, notas, nada disso vai me completar, pois
já sou completo, no entanto receberei tudo com apreço.
Gosto de bens materiais para meu conforto, mas para
me sentir rico já tenho o céu azul inteirinho só para
mim, com uma beleza constante superior a tudo, tenho
mil milhões de flores que brotam para mim diariamente,
de todas as cores, sou dono de todas as árvores, de todas
as montanhas, o oceano é meu para usar e contemplar e
as ondas não vão parar de bater para me agradar.

Até a lua é minha pelo que a vejo sempre a minha volta e


o sol que me acorda de madrugada para que eu não
precise de despertador. E se tiver de agradecer a alguém,
então agradeço a Deus, pois ele colocou os meus pais
aqui na terra para me criarem, e amarem, e todos os
meus amigos também, ainda me deu um corpo e dois
olhos que muito têm para amar e contemplar.

Ainda me deu uma consciência, com inteligencia para


pensar e bons livros à disposição para eu me cultivar,
paciência para me conter, tolerância para não me
enervar e milhões de pessoas para socializar, assim
estarei sempre contente. Como tenho tanto, ainda darei
a quem precisar pois a minha maior riqueza está dentro
de mim e nunca, nunca vai acabar!
Se me chamarem imperfeito, direi que ninguém é
perfeito, pelo menos sou completo é isso ninguém vai
retirar. Nunca vão faltar companhias de todos os sexos e

135
idades, de todos os tamanhos e raças, até mesmo os
animais, os gatos e cães se aproximam para os festejar.
Depois de tudo isto, não serei um homem rico?
A infelicidade é uma ilusão dos sentidos manifestada
pelas as escolhas e condicionantes de cada um.
Ninguém é infeliz, senão por opção própria. A forma
subjetiva de olhar a vida e o mundo como fator
determinante da realização de cada um.

26 02 2018-

136
A escola de Frankfurt

A filosofia moderna obedecia a parâmetros de


racionalidade. O conhecimento científico passou a ser
propriedade imutável, ignorando toda singularidade
humana. O grande filósofo dinamarquês Soren
Kierkegaard disse que se apenas o observar a razão, tira
a possibilidade do indivíduo. Propondo que a razão
devia se conectar com a religião e a geografia. Para que
cada um fosse livre para tirar as suas próprias
conclusões sobre tudo que se encontrava ao seu redor. A
subjetividade é uma produção contínua que acontece a
partir de encontros exercidos com a sociedade e também
com a natureza, os acontecimentos e as invenções de
tudo que produz efeito nos nossos corpos,
condicionando a nossa maneira de viver.

Segundo o alemão Nietzsche, o indivíduo deve usar da


interpretação dos seus sentidos, para construir o seu ser.
Portanto a filosofia deve se dedicar a interpretar além da
escrita, sobrepondo expressões e gestos humanos.

Ao decifrar algo, Nietzsche propõe descobrir aspectos


que podem ter sido abandonados que teriam como
ajudar a entender melhor as coisas através de uma
unificação de saberes. No final do século XIX é quando
aparece a fenomenologia. Um contraponto ao

137
pensamento moderno afirmando que toda consciência é
intencional. Filósofos como Martin Heidegger e Jean
Paul Sartre afirmam que todo indivíduo tem a sua
própria verdade baseada no seu aprendizado adquirido.
A fenomenologia indica os objetos do conhecimento tal
como se apresentam na consciência. Assim apresenta a
realidade a partir de diferentes perfis e multiplicidade de
perspectivas. É o princípio da subjetividade.

Em 1923 os pesquisadores da escola de Frankfurt


desenvolveram o conceito de razão experimental. Esta
demonstra que todo tipo de concepção da natureza
humana teria um propósito fundamental materialista de
lucro e poder. Nessa época o nazismo e o fascismo
ganham muita força na Europa. Na Alemanha Hitler usa
na comunicação um sistema de métodos repressivos
para dominar toda uma nação.

Contra esse movimento, que critica a razão como arma


de poder e repressão, procurando o benefício da
liberdade humana, devemos procurar um impulso
crítico nascido com ilustração. Ensinando ao homem a
possibilidade de reconstruir racionalmente o seu
destino, livre de condicionamentos e repressões.
O exercício da razão plena é a tarefa do novo
iluminismo, e deve demonstrar aos defensores do
irracionalismo que a crítica não racional leva ao
conformismo.

138
Os principais integrantes da escola de Frankfurt eram
Theodor Adorno e Max Horkheimer. Estes
intelectuais cultivavam a conhecida teoria crítica da
sociedade, porque consumimos o que não precisamos
condicionados pela manipulação da sociedade de
consumo. Sendo incentivados pela televisão e pelas
médias de massa a consumir. A comprar e ficar cada vez
mais ligados a determinadas marcas. Tornando-se o
homem o principal objeto de consumo e a publicidade, o
consumidor.
É o que chamamos de crise de referencialização. A
construção de um homem cujos valores são as marcas de
consumo e não a sua própria individualidade pessoal.
Sendo este um dos flagelos da pós-modernidade. A
descentralização do sujeito.

“A tarefa atual da arte é introduzir o caos na


ordem.”

Theodore Adorno

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139
140
Nota final:

Todos os dias aprendo algo. Uma iluminação, uma


revelação. O que me permite tentar motivar aqueles que
encontram uma razão. Porque desconhecem a história.
O sentido da vida. Pois vivemos numa sociedade
puramente material. De valores inversos. Todos
acreditando que vão pelo caminho mais certo, não vão.
Não vão, desconhecendo o porquê. A resposta é simples,
está escrito " não se pode amar a Deus e a Mamon".
Mamon, era o dinheiro, a matéria. Deus é amor.
Ninguém ama ninguém sem ser pela matéria. Esse é o
pilar e o flagelo da modernidade. A que poucos
conseguem fugir. Querem ser amados, mas não querem
realmente amar. Até um dia perceberem que essa
mesma matéria, é efêmera, passa, morre. O sentimento
não. Nessa altura, já é tarde para procurar o amor.
Porque já se tem a matéria, que era a prioridade e
continuará a ser. À excepção de alguns, aqueles que
escolhem a Deus. Encontrando o amor, a matéria passa
para segundo plano, porque já têm o que de maior valor.
Os artistas, poetas, cantores, românticos, são mais
sensíveis e inteligentes. Ganham a matéria sem a
procurarem, porque já são abençoados por Deus. Que e
o amor divino. Para que quero eu alguém cujo centro e
material? Antes não ter ninguém, a própria matéria vale

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mais que essa pessoa, que tanto a procura. Platão sabia
disto, Buda também... eis a razão do sofrimento
humano. O mundo das sombras... se a alma é material,
jamais será eterna. Porque acaba.

Bruno Sampaio de Sousa, 26 02 2018

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