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HOMICÍDIO

Olívio Zanetti Junior


Graduando do 4º semestre matutino do
Curso de Direito do CEUNSP - Salto.

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo tratar do homicídio, um tema


muito importante ao Direito Penal e que também produz grandes
repercussões civis. Visamos então demonstrar no homicídio sua
história, bem como, conceitos, tipos e modalidades pelos quais
são praticados em que haja intenção ou mera culpa na ação ou
na omissão do ato em pese considerar uma fato típico e
antijurídico.

Palavra Chave: Homicídio, Morte, Culpa e Dolo.

INTRODUÇÃO

É na bíblia em que surge o primeiro relato


do homicídio na Terra, em que Caim mata seu irmão
Abel por ciúmes, uma vez que Abel oferecia o de
melhor ao Senhor Deus. No direito romano,
germânico e canônico foi que o homicídio foi mais
influenciado. Em Roma o escravo representava uma
coisa (res), ou seja, era um patrimônio, portanto não
era protegido de igual maneira pela lei, se ocorrera
uma morte de um escravo, isso significava um dano
patrimonial e não um homicídio. Com a vinda de
Justiniano os servos tiveram um tratamento mais
reconhecido. No direito germânico puniam-se
igualmente o homicídio doloso e culposo, no
canônico, distinguia-se o homicídio doloso casual e
qualificava-se o cometido com relação de parentesco.
Portanto, até hoje são mantidas as
distinções dos homicídios, como neste presente artigo
estudaremos algumas delas.

Conceito
Temos a clássica definição de Carmignani que o homicídio é a “violenta
coedes ab homini injuste patrata”, ou seja, o homicídio é a violenta ocisão de um homem
injustamente praticada por outro. (NORONHA, 1999:16).
Damásio de Jesus conceitua o homicídio como “a destruição da vida de
um homem praticada por outro”.
Os conceitos são de fácil compreensão assim como o caput do artigo 121
do Código Penal “matar alguém”, portanto o requisito essencial do fato típico é morte, e
não a violência do agente condutor da ação, pois para haver morte não precisa violência,
como é o caso do venefício.
A morte só pode ser dada por outro homem: só este é sujeito ativo. É o que
leva Von Liszt a definir o homicídio como a destruição da vida humana. Não há dizer que
a morte pode ser dada, v.g., por um animal, pois, nos dias em que vivemos, ninguém por
certo, achará ser isso crime, devendo punir-se o irracional. (NORONHA, 1999:16)

Objeto Jurídico e Sujeitos

É claramente notório que o bem a ser tutelado neste crime é a vida, em


pese o próprio nome capítulo do Código Penal – Dos crimes contra a vida. Assim como
descreve Noronha o conceito de vida realmente não é pacifico, pois há opiniões distintas,
por um lado diz que a respiração é a prova da vida, ou seja, se o indivíduo respirou viveu,
se não há a respiração não em que se falar de vida, a outra corrente afirma que a vida pode
ser provada por outros meio como: os batimentos cardíacos, movimento circulatório etc.
A vida é um bem jurídico individual e social. Cada indivíduo tem o direito
de gozá-la e desfruta-la, incumbindo ao Estado assegurar as condições de sua existência.
Cabe-lhe a tutela desse bem, como lhe compete a de outros: a honra, a liberdade, o
patrimônio etc. É ela o bem supremo da pessoa e tanto basta para assegurar-se sua defesa
e proteção. (NORONHA, 1999:17)
Assim como todos os crimes há o sujeito ativo e passivo, portanto temos
o agente que pratica o ato delituoso e o agente recepcionador, aquele contra quem o ato é
praticado.
O tipo do homicídio não contém exigência de nenhuma qualidade pessoal
do sujeito ativo ou passivo. Não é crime próprio, a exigir uma legitimidade ativa ou
passiva especial. Diante disso, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo. (JESUS,
1999:19). Porém devo frisar que ocuparão o pólo ativo e passivo do homicídio as pessoas
físicas e não pessoas jurídicas, pois não há possibilidade de cooperativa matar alguém, ou
vice-versa.

Consumação e Tentativa

Como já visto anteriormente para que o ocorra o homicídio precisamente


terá o resultado morte, pois não homicídio se não ocorrer à morte. Para então caracterizar
o homicídio terá consumado o resultado, ou seja, o agente ativo praticou todos os atos
levando à vítima a morte. Na tentativa não pune como homicídio, e sim uma mera
tentativa. Mesmo os atos preparatórios não configuram a tentativa, pois esta só existirá
quando começar o ato de execução e não o de preparação.
Também o homicídio é delito que freqüentemente ilustra os casos de crime
impossível ou tentativa inadequada: um indivíduo esfaqueia o inimigo acreditando que
está dormindo, quando, entretanto, faleceu horas antes (impropriedade absoluta do
objeto); certa pessoa ministra a outra açúcar, pensando dar-lhe arsênico (ineficácia
absoluta de meio). (NORONHA, 1999:21)

Homicídio privilegiado e qualificado

O Código Penal prevê também o Homicídio privilegiado e qualificado,


sendo que o primeiro visa atenuar a pena e o segundo aumenta a pena.
O homicídio privilegiado está previsto no § 1º do artigo 121 do Código
Penal nas seguintes figuras típicas: matar alguém impelido por motivo de relevante valor
social e moral[1]; matar alguém sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta
provocação da vítima.
Vislumbro prestar uma breve dissertação sobre as figuras típicas assim
previstas no Código Penal.
Motivo de relevante valor social ocorre quando a causa do delito diz
respeito a um interesse coletivo. A movimentação, então, é ditada em face de um interesse
que diz respeito a todos os cidadãos de uma coletividade. Ex.: o sujeito mata o vil traidor
da pátria. O valor de relevante valor moral diz respeito a um interesse particular. Ex: o
sujeito mata o estuprador de sua filha. Emoção é um estado súbito e passageiro de
instabilidade psíquica. É perturbação transitória da afetividade (Luiz Vicente
Cernicchiaro). Abrange a paixão, que constitui um estado emocional intenso e
permanente. É necessário que a vítima somente tenha provocado o sujeito ativo. O Código
Penal exige imediatidade entre a provocação injusta e a conduta do sujeito. Um homicídio
cometido horas ou dias depois da provocação injusta não é privilegiado. (JESUS,
1999:64)
O homicídio qualificado está previsto no § 2º do artigo 121 do Código
Penal nas seguintes figuras típicas: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe; por motivo fútil; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; à traição,
de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido; para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
ou vantagem de outro crime.
Vejamos um pouco sobre cada caso qualificador previsto no código penal.
Torpe é o motivo abjeto, desprezível; Paga ou promessa de recompensa
são também motivos torpes. O que difere a promessa de recompensa da paga é o fato do
prévio pagamento, ou seja, primeiro o individuo recebe e depois executa a ação, nem
sempre a paga e a promessa de recompensa precisa ser em dinheiro podendo ser
empregado outra coisa. Fútil é o motivo que se refere a algo insignificante, de pouco
importância. Ex.: matar o garçom porque encontrou uma mosca na sopa. Para caracterizar
o motivo fútil não poderá haver ausência de motivo. O emprego de veneno é um meio
insidioso, ocorre com a introdução da substância através de ação biológica ou química,
ocasionando lesão ou até mesmo a morte, se a vítima ingerir veneno com emprego de
violência, incide em meio cruel, assim defendido por Damásio de Jesus, que conceitua o
meio cruel como aquele que causa sofrimentos a vítima, não incidindo se empregado após
a morte. Dependendo das circunstâncias o fogo também é um meio cruel. A asfixia visa
impedir a respiração da vítima causando carência de oxigênio. Tortura também é
classificada como um meio cruel podendo ser moral ou física. Temos também a traição
que pode ser física ou moral, a emboscada quando o agente ativo “arma uma tocaia” para
atrair a vítima, para que se torne difícil ou dificultoso a defesa deverão estar presentes as
qualificadoras acima mencionada. Também ocorrem crimes para assegurar outros crimes
como é o caso do individuo que mata a empregada para seqüestrar a criança, há uma
conexão de crimes, pois o agente pratica um crime para obter o resultado final desejado.

Homicídio Culposo

Magalhães Noronha conceitua crime culposo quando o agente, deixando


de empregar a atenção ou diligência de que era capaz, em face das circunstâncias, não
previu o caráter delituoso de sua ação ou o resultado desta, ou, tendo-o previsto, supôs
levianamente que se não realizaria.
É culposo, portanto, a ação ou omissão casual voluntária do agente, pois
este não quis ocasionar um resultado gravoso, de tal forma até previsto, mas que o agente
devido a sua habilidade ou não, acreditou que não ocorreria.
Há também o homicídio culposo que ocorra por culpa consciente ou
inconsciente do agente ativo. A culpa consciente se resulta quando o agente prevê o
resultado, mas, que não a aconteça, já na culpa inconsciente o resultado é previsível, mas
o agente assim não o prevê.
A culpa se divide em três modalidades: a imprudência, a negligência e a
imperícia. Imprudência é o agir do agente, quando alguma ação é praticada sem a devida
cautela. Negligência é a abstenção do agente, quando alguma ação é deixada de praticar,
não há uma prevenção por parte do agente. Imperícia está relacionada à falta de
capacidade, conhecimentos ou habilitação para exercê-las, podendo ser por falta de
prática ou da ausência de conhecimentos técnicos específicos, diz respeito a arte ou a
profissão.
De modo geral, no homicídio culposo, destacam-se os elementos: ação ou
omissão voluntária; evento morte, não querido; relação de causalidade entre aquelas e
este. Não é possível a tentativa de homicídio culposo: culpa e tentativa são noções
antitéticas: naquela o agente vai além do que queria, nesta fica aquém do que desejava.
Carrara dizia ser a tentativa de crime culposo monstruosidade lógica. (NORONHA,
1999:32)

Homicídio Doloso
Diz-se doloso quando o agente tem a intenção de praticar um ato delituoso,
age com sua vontade de concretizar o fato típico, como aqui estudado, o homicídio.
Para que realmente possa configurar o homicídio doloso não somente
basta a morte da vítima, mas que fique demonstrado a consciência da conduta e do
resultado morte; a consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado
morte; e a vontade de realizar a conduta e produzir a morte da vítima.
Há espécies de dolo: o dolo determinado e o indeterminado, o primeiro o
sujeito visa causar o resultado morte, o segundo se divide em dolo alternativo e dolo
eventual, quando se refere ao alternativo, possivelmente o agente divide a sua vontade
v.g. matar ou ferir a vítima, no dolo eventual o agente não quer causar a morte da vítima,
mas prevê o resultado e assume o risco de assim produzi-lo.
A quantidade da sanção penal (pena abstrata) não varia segundo a espécie
de dolo ou a intensidade dolosa. A pena cominada é a mesma. Assim, no crime de
homicídio simples, a pena é de reclusão de 6 a 20 anos, seja o dolo direto ou eventual.
(JESUS, 1999:38)

CONCLUSÃO

O homicídio é algo que está ao redor do ser humano, pois se desde a


formação do mundo ocorreu, quanto mais agora, em que pese o aumento da ganância, do
querer sempre mais de cada individuo, querer demonstrar a sua capacidade de força e
poder, não enxergando limites e nem barreiras e sim passando a frente de tudo e de todos.
Nem mesmo as crianças estão a salvo deste ato de crueldade, pois praticam a sangue frio,
não temendo a lei de Deus, quanto mais temer a lei dos homens? São realmente
inexplicáveis tais acontecimentos, desejos e anseios da sociedade tomando conta de sua
mente e alma, que até brigam pela validação da pena de morte, ou seja, também buscando
ser um homicida, portanto resta dizer que a sociedade de um modo geral carrega um
anseio pelo sangue da destruição.

Referências bibliográficas

NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal – São Paulo: Saraiva, 1999.


JESUS, Damásio E. Direito Penal - São Paulo: Saraiva,1999.
SERRA, Teresa. Homicídio Qualificado – Coimbra, 1994.
HOMICÍDIO. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Homic%C3%ADdio.
Acesso 08/11/2008.

[1] Também previsto no artigo 65, III, a, do Código Penal.

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