Professional Documents
Culture Documents
A Amazônia ocupa uma área de mais de 6,5 milhões de km² na parte norte da América do Sul, passando por nove
países: o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
85% dessa região fica no Brasil (5 milhões de km², 7 vezes maior que a França) em 61% do território nacional e com
uma população que corresponde a menos de 10% do total de brasileiros. A chamada “Amazônia Legal” compreende
os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão perfazendo aproximadamente 5.217.423km².
Quando falamos em desmatamento na Amazônia é comum as pessoas confundirem a região citada acima com o
estado do Amazonas, o que limita a compreensão do verdadeiro problema que essa região enfrenta. Em toda a
região amazônica calcula-se que cerca de 26.000km são desmatados todos os anos.
No Brasil, só em 2005 foram 18.793km² de áreas desmatadas, sendo que uma das principais causas é a extração de
madeira, na maior parte ilegal. Segundo dados do Grupo Permanente de Trabalho Interministerial Sobre
Desmatamento na Amazônia, desde 2003 foram apreendidos cerca de 701mil m³ de madeira em tora provenientes
de extração ilegal. Devido à dificuldade de fiscalização e a pouca infra-estrutura na maior parte da região, alguns
moradores se vêem forçados a contribuir com a venda de madeira ilegal por não terem nenhum outro meio de renda
ou mesmo por se sentirem coibidos pelos madeireiros. Até mesmo alguns índios costumam trabalhar na atividade
ilegal de extração de madeira, vendendo a tora de mogno, por exemplo, a míseros R$30, quando na verdade, o
mogno chega a valer R$3 mil reais no mercado.
Outras causas apontadas são os crescimentos da população e da agricultura na região. Até 2004, cerca de 1,2
milhões de hectares de florestas foram convertidas em plantação de soja só no Brasil. Isso porque desmatar áreas de
florestas intactas custa bem mais barato para as empresas do que investir em novas estradas, silos e portos para
utilizar áreas já desmatadas.
Além de afetar a biodiversidade (a Amazônia possui mais de 30% da biodiversidade mundial), o desmatamento na
Amazônia afeta, e muito, a vida das populações locais que sem a grande variedade de recursos da maior bacia de
água doce do planeta se vêem sem possibilidade de garantir a própria sobrevivência, tornando-se dependentes da
ajuda do governo e de organizações não governamentais.
Nos últimos anos a Amazônia Brasileira vêm registrando a pior seca de sua história. Em 2005, alguns lagos e rios
tiveram sua vazão reduzida a tal ponto que não passavam de pequenos córregos de lama, alguns até chegaram a
secar completamente, ocasionando a morte dos peixes. O pior é que esse efeito tende a se agravar com o tempo.
Com os rios secando e a diminuição da cobertura vegetal, diminui a quantidade de evaporação necessária para a
formação de nuvens, tornando as florestas mais secas.
Contudo, diversas ações vêm sendo tomadas pra impedir que o pior aconteça e preservar toda a riqueza
proporcionada pela Amazônia. ONG’s como o Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF,IPAM (Instituto de Pesquisas
da Amazônia) e diversas outras entidades, realizam campanhas e estudos com o objetivo de divulgar e facilitar
o desenvolvimento sustentável e a recuperação das áreas degradadas da Amazônia no Brasil. Quanto às iniciativas
do governo, 19.440.402 hectares foram convertidos em Unidades de Conservação (UC) na Amazônia de 2002 a 2006,
totalizando 49.921.322ha, ou, 9,98% do território. Sem contar os 8.440.914ha de Flonas (Floresta Nacional) criadas
em territórios indígenas. Outro projeto que visa à consolidação de Unidades de Conservação na Amazônia é o
projeto ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) que tem como meta atingir um total de 50milhões de hectares de UC
até 2013 e conta com apoio e investimentos de instituições como o Banco Mundial e o WWF.
A Amazônia, que antes era um terreno florestal que abrigava inúmeras espécies de animais, aves e índios;
transformou-se em uma área destinada à agropecuária, produção de grãos e centro urbano. Estima-se que, se
nenhuma providência for tomada, em 40 anos a Amazônia estará totalmente desmatada.
Algumas empresas renomadas também participam da destruição da Amazônia, pois ao comprarem matéria-prima
ou qualquer tipo de material ilegal contribuem para que essa ação seja continuada e o ambiente altamente
prejudicado. Sem falar que a floresta ameniza o aquecimento global, retendo e absorvendo o dióxido de carbono,
limpa a atmosfera, traz circulações de águas, entre outros benefícios que estão sendo inibidos por pessoas sem
escrúpulos.
Área desmatada e queimada para conversão em pasto, em Rondônia, próximo à capital Porto Velho. Imagem de agosto de 2016 (©
Rogério Assis / Greenpeace)
O Acordo de Paris, que visa reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) em escala global e foi
recentemente ratificado pelo Brasil, já enfrenta uma grande ameaça com mais um aumento na taxa de
desmatamento na Amazônia. O índice foi divulgado nesta terça-feira (29) pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais. Desta vez, o desmatamento no período de agosto de 2015 à julho de 2016 foi de 7989 km², 29%
maior que o período anterior.
A estimativa é de que essa destruição tenha liberado na atmosfera 586 milhões de toneladas decarbono
equivalente – o mesmo que 8 anos de emissões por todos os automóveis no Brasil. Isso faz com que o país se
distancie das ações necessárias para limitar o aquecimento do planeta em no máximo 1.5ºC e evitar graves
consequências das mudanças climáticas. O aumento também coloca em risco o avanço obtido na redução do
desmatamento entre 2005 e 2012. É a primeira vez em 12 anos que o desmatamento na maior floresta tropical do
planeta apresenta aumento consecutivo. Essa perda de controle ilustra a falta de ambição do governo em lidar
com o desafio de cessar a perda de florestas.
“Dentre os fatores que justificam o aumento do desmatamento está, sobretudo, a sinalização do governo de que
irá tolerar a destruição. Quando o desmatamento começou a cair, em 2005, o recado apontava para outro sentido,
de que a devastação seria combatida, com grandes esforços dos setores públicos, privado e terceiro setor. Mas
nos últimos anos houve um intenso processo de enfraquecimento das políticas públicas de proteção ambiental”,
observa Cristiane Mazzetti, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
A sinalização, agora, é de que as portas estão abertas para a destruição. Além do enfraquecimento das medidas
de comando e controle, em 2012, alinhado aos interesses da bancada ruralista, foi aprovado no Congresso e
sancionado pela presidência um novo Código Florestal, que anistiou aqueles que desmataram ilegalmente até
2008. Até hoje, motivados por este processo, muitos ainda desmatam na expectativa de que uma nova anistia
seja aprovada. O prazo para a inscrição no Cadastro Ambiental Rural já foi adiado por duas vezes, e nada garante
que não ocorrerá novamente, mais um benefício para quem não cumpre a lei.
Nos últimos anos a criação de novas Unidades de Conservação e Terras Indígenas – instrumentos eficazes no
combate ao desmatamento – praticamente parou. Em 2014 foi eleito o Congresso mais conservador e ruralista
que já tivemos, que conduz uma agenda para minar mecanismos de proteção das florestas e seus povos. No ano
seguinte, o governo federal anunciou dentro das contribuições nacionais para a redução de emissões de GEE
o vergonhoso compromisso de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030 – o que significa, na
prática, tolerar a ilegalidade por mais 14 anos e não ter prazo para cessar a destruição em outros ecossistemas
naturais do Brasil - ignorando exemplos de sucesso e a necessidade urgente de zerar o desmatamento, seja legal
ou ilegal.
Além disso, está sendo discutido no Congresso Nacional um projeto autorizando a venda de terras para
estrangeiros, fato que já está estimulando a especulação fundiária e a grilagem. A crise econômica e política em
que o país mergulhou também não contribui para a defesa das florestas.
“Compromissos de mercado que visam o fim do desmatamento, como a Moratória da Soja e o Compromisso
Público da Pecuária, são agora mais necessários do que nunca para barrar a derrubada de florestas. Entretanto,
sem que o governo coloque o desafio de acabar com o desmatamento como prioridade e eleve sua ambição, será
muito difícil conter a destruição. Adiar o fim do desmatamento implicará em perdas para toda a sociedade”, afirma
Mazzetti.
zoom
Dessa maneira o governo recupera sua capacidade de conter a devastação da floresta e dá um passo eficaz na
redução das emissões de gases do efeito estufa. Tal posição estaria também alinhada ao desejo da sociedade
brasileira, que em 2015 levou ao CongressoNacional uma proposta de lei pelo fim do desmatamento, atualmente
aberta para consulta pública.
Desmatamento em detalhes
Todos os estados da Amazônia, com exceção do Mato Grosso e Amapá, tiveram aumento expressivo na taxa de
desmatamento em relação ao ano anterior. Amazonas, Acre e Pará tiveram os maiores aumentos em relação à
taxa de 2015: 54, 47 e 41% respectivamente. Estados como Amazonas e Acre, que um dia se destacaram pelas
políticas de conservação, agora deixam a peteca cair.
O Pará, como de costume, liderou em disparado o ranking da destruição, onde 3025 km² de florestas foram
tiradas do mapa, 37% do total. As florestas do estado sofrem com diversas pressões: o Pará é um grande
produtor de madeira contaminada pela ilegalidade, detém o terceiro maior rebanho bovino do Brasil e é também
alvo da ampliação de infraestrutura, que provoca especulação de terras e grilagem, a exemplo do Município de
Altamira onde houve expressivo aumento no desmatamento após a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Segundo os dados do Prodes, foi o município com a maior área desmatada no período. O local também sofre com
a atuação de quadrilhas especializadas na grilagem de terras e no desmatamento, casos como os de Ezequiel
Castanha e Jotinha - o grileiro dos Jardins.
O Mato Grosso, embora tenha diminuído em 6% o desmatamento em relação ao período anterior, ainda é o
segundo estado que mais desmata a Amazônia, com 1508km² derrubados. O estado detém o maior rebanho de
bovinos do país (29 milhões de cabeças em 2015) e é o maior produtor de soja. A demanda crescente por esses
produtos vem estimulando a expansão das áreas de cultivo sobre a floresta. Recentemente o banco Santander foi
multado pelo IBAMA em ação conjunta com o MPF por financiar o plantio de soja em áreas embargadas no estado.
O Amazonas continua chamando atenção, pois vem aumentando significativamente o desmatamento nos últimos
anos. Apenas de 2014 para 2015, o crescimento foi de 42%, e de 2015 para 2016, de 54%. O estado passou por
uma reforma administrativa em 2015 que enfraqueceu a gestão ambiental. O sul do Amazonas tornou-se alvo de
expansão pecuária, com intensa conversão de floresta em pastos. O estado ainda detém uma grande porção de
florestas públicas não destinadas, que no momento estão à mercê de grileiros. O Sistema de Alertas de
Desmatamento (SAD) do Imazon já vinha indicando uma explosão no desmatamento no município de Lábrea, que
também apresentou grande número de focos de queimadas- como verificado em campo pelo Greenpeace em
agosto.
1.
2.
GEE associadas.
3.
COMBATE AO DESMATAMENTO
Pág. 01
2 - Fonseca, A., Justino, M., Souza Jr., C., & Veríssimo, A. 2016. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (junho
de 2016) SAD (p. 9). Belém: Imazon.
4 - SFB & IPAM 2011. Florestas Nativas de Produção Brasileiras. (Relatório). Serviço Florestal Brasileiro (SFB) &
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Brasília, DF
4.
5.
de emissões de GEE.
6.
ou desafateção de UCs.
8.
9.
Pág. 02
5 - INPE, 2012, Projeto Terra Class – Mapeamento do Uso e Cobertura da Terra na Amazônia Legal Brasileira.
Apresentação disponível em: http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/
TerraClass_2012.pdf
6 - Silva, D., & Barreto, P. 2014. O potencial do Imposto Teritorial Rural contra o desmatamento especulativo na
Amazônia (p. 48). Belém: Imazon.
destruído9
10.
11.
comunitário.
12.
13.
14.
ntrodução
A desmatamento da Floresta Amazônica é um dos principais problemas ambientais do mundo atual, em função de sua
grande importância para o meio ambiente. Este desmatamento causa extinção de espécies vegetais e animais, trazendo
danos irreparáveis para o ecossistema amazônico.
Principais causas:
- Degradação provocada pelo corte ilegal de árvores, destinadas ao comércio ilegal de madeira;
- Queimadas ilegais para abertura de pastagens para o gado ou áreas agrícolas (principalmente para a cultura de soja);
Principais consequências:
Problemas de fiscalização
Em função da gigantesca extensão territorial da Floresta Amazônica, a fiscalização é extremamente complicada. Além
disso, o governo brasileiro coloca poucos fiscais atuando na região, fato que dificulta ainda mais a fiscalização.