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Desmatamento da Amazônia

A Amazônia ocupa uma área de mais de 6,5 milhões de km² na parte norte da América do Sul, passando por nove
países: o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.

85% dessa região fica no Brasil (5 milhões de km², 7 vezes maior que a França) em 61% do território nacional e com
uma população que corresponde a menos de 10% do total de brasileiros. A chamada “Amazônia Legal” compreende
os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão perfazendo aproximadamente 5.217.423km².

Quando falamos em desmatamento na Amazônia é comum as pessoas confundirem a região citada acima com o
estado do Amazonas, o que limita a compreensão do verdadeiro problema que essa região enfrenta. Em toda a
região amazônica calcula-se que cerca de 26.000km são desmatados todos os anos.

No Brasil, só em 2005 foram 18.793km² de áreas desmatadas, sendo que uma das principais causas é a extração de
madeira, na maior parte ilegal. Segundo dados do Grupo Permanente de Trabalho Interministerial Sobre
Desmatamento na Amazônia, desde 2003 foram apreendidos cerca de 701mil m³ de madeira em tora provenientes
de extração ilegal. Devido à dificuldade de fiscalização e a pouca infra-estrutura na maior parte da região, alguns
moradores se vêem forçados a contribuir com a venda de madeira ilegal por não terem nenhum outro meio de renda
ou mesmo por se sentirem coibidos pelos madeireiros. Até mesmo alguns índios costumam trabalhar na atividade
ilegal de extração de madeira, vendendo a tora de mogno, por exemplo, a míseros R$30, quando na verdade, o
mogno chega a valer R$3 mil reais no mercado.

Outras causas apontadas são os crescimentos da população e da agricultura na região. Até 2004, cerca de 1,2
milhões de hectares de florestas foram convertidas em plantação de soja só no Brasil. Isso porque desmatar áreas de
florestas intactas custa bem mais barato para as empresas do que investir em novas estradas, silos e portos para
utilizar áreas já desmatadas.

Além de afetar a biodiversidade (a Amazônia possui mais de 30% da biodiversidade mundial), o desmatamento na
Amazônia afeta, e muito, a vida das populações locais que sem a grande variedade de recursos da maior bacia de
água doce do planeta se vêem sem possibilidade de garantir a própria sobrevivência, tornando-se dependentes da
ajuda do governo e de organizações não governamentais.

Nos últimos anos a Amazônia Brasileira vêm registrando a pior seca de sua história. Em 2005, alguns lagos e rios
tiveram sua vazão reduzida a tal ponto que não passavam de pequenos córregos de lama, alguns até chegaram a
secar completamente, ocasionando a morte dos peixes. O pior é que esse efeito tende a se agravar com o tempo.
Com os rios secando e a diminuição da cobertura vegetal, diminui a quantidade de evaporação necessária para a
formação de nuvens, tornando as florestas mais secas.

Contudo, diversas ações vêm sendo tomadas pra impedir que o pior aconteça e preservar toda a riqueza
proporcionada pela Amazônia. ONG’s como o Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF,IPAM (Instituto de Pesquisas
da Amazônia) e diversas outras entidades, realizam campanhas e estudos com o objetivo de divulgar e facilitar
o desenvolvimento sustentável e a recuperação das áreas degradadas da Amazônia no Brasil. Quanto às iniciativas
do governo, 19.440.402 hectares foram convertidos em Unidades de Conservação (UC) na Amazônia de 2002 a 2006,
totalizando 49.921.322ha, ou, 9,98% do território. Sem contar os 8.440.914ha de Flonas (Floresta Nacional) criadas
em territórios indígenas. Outro projeto que visa à consolidação de Unidades de Conservação na Amazônia é o
projeto ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) que tem como meta atingir um total de 50milhões de hectares de UC
até 2013 e conta com apoio e investimentos de instituições como o Banco Mundial e o WWF.

Criminosos mudaram a metodologia do desmatamento ilegal da Amazônia


Os números foram particularmente ruins para o Pará. O estado foi responsável pela metade do
desmatamento registrado, o que preocupou as autoridades locais, já que o Pará vinha reduzindo a derrubada
nos últimos anos. Justiniano Netto, secretário executivo do Programa Municípios Verdes, do governo do Pará,
conversou com ÉPOCA sobre as novas medidas que serão adotadas para tentar reverter a tendência do
desmate.
Para Justiniano, os dados do Imazon relevam uma mudança de metodologia de quem desmata ilegalmente a
Amazônia. Os desmatadores estão aproveitando o período chuvoso, quando as nuvens impedem a
fiscalização por satélite, para derrubar a floresta sem ser detectados
No Pará, o desmatamento ocorre sobretudo na parte oeste. São áreas de jurisdição federal, geralmente
glebas devolutas, de florestas que ainda não foram destinadas e existe ali uma ocupação de grilagem,
especulação fundiária. É necessário uma ação conjunta. A Secretaria de Meio Ambiente está agindo, mas a
área é muito grande, é preciso somar esforços com Ibama, forças federais para que não aumente
Os anos em que a seca é muito intensa propiciam o desmatamento. Porque muitas vezes os produtores, de
forma oportunista, aproveitam o fogo por causas naturais para desmatar. Muitas vezes o fogo é acidental.
Se ele tomar cuidado, deixar a floresta se regenerar, recupera. Mas se ele aproveita a queima para em
seguida fazer o desmatamento, aí o acidental se torna criminoso

ÉPOCA – Como coibir esse desmatamento sem o apoio dos satélites?


Justiniano Netto – Nossa expectativa é rever a estratégia e intensificar as operações. Equipes que estavam
em outras atividades estão sendo acionadas, pelo menos por enquanto, para colocar a maioria de fiscais e do
corpo do batalhão ambiental focada no desmatamento. Vamos sentar na semana que vem com o Ministério
do Meio Ambiente [a reunião estava marcada para terça-feira (26)]. Então o objetivo é reforçar e ver o
resultado disso nos dados de julho. Nossa expectativa é reverter a tendência. Se a tendência for mantida, aí
teremos de ver quais outras medidas, mais enérgicas, poderão ser adotadas. O que vamos fazer também é
um encontro com a sociedade civil. Uma roda de conversa. Vamos ouvir outros especialistas, trazer as
pessoas de campo. O governo não pode achar que sabe tudo sozinho, então é bom ouvir que novas ideias
podem ser aplicadas. Em 2008 e 2009 houve um repique do desmatamento na Amazônia, e naquela ocasião
saiu uma série de medidas inovadoras

A Amazônia, que antes era um terreno florestal que abrigava inúmeras espécies de animais, aves e índios;
transformou-se em uma área destinada à agropecuária, produção de grãos e centro urbano. Estima-se que, se
nenhuma providência for tomada, em 40 anos a Amazônia estará totalmente desmatada.

Algumas empresas renomadas também participam da destruição da Amazônia, pois ao comprarem matéria-prima
ou qualquer tipo de material ilegal contribuem para que essa ação seja continuada e o ambiente altamente
prejudicado. Sem falar que a floresta ameniza o aquecimento global, retendo e absorvendo o dióxido de carbono,
limpa a atmosfera, traz circulações de águas, entre outros benefícios que estão sendo inibidos por pessoas sem
escrúpulos.

Desmatamento dispara na Amazônia


Notícia - 30 - nov - 2016
Péssima notícia para o clima e para o Brasil: governo revela crescimento de 29% no desmatamento na
Amazônia, é o segundo aumento consecutivo
zoom

Área desmatada e queimada para conversão em pasto, em Rondônia, próximo à capital Porto Velho. Imagem de agosto de 2016 (©
Rogério Assis / Greenpeace)

O Acordo de Paris, que visa reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) em escala global e foi
recentemente ratificado pelo Brasil, já enfrenta uma grande ameaça com mais um aumento na taxa de
desmatamento na Amazônia. O índice foi divulgado nesta terça-feira (29) pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais. Desta vez, o desmatamento no período de agosto de 2015 à julho de 2016 foi de 7989 km², 29%
maior que o período anterior.

A estimativa é de que essa destruição tenha liberado na atmosfera 586 milhões de toneladas decarbono
equivalente – o mesmo que 8 anos de emissões por todos os automóveis no Brasil. Isso faz com que o país se
distancie das ações necessárias para limitar o aquecimento do planeta em no máximo 1.5ºC e evitar graves
consequências das mudanças climáticas. O aumento também coloca em risco o avanço obtido na redução do
desmatamento entre 2005 e 2012. É a primeira vez em 12 anos que o desmatamento na maior floresta tropical do
planeta apresenta aumento consecutivo. Essa perda de controle ilustra a falta de ambição do governo em lidar
com o desafio de cessar a perda de florestas.

Devastação em números: Quanto significa o desmatamento de 7989 km²?

“Dentre os fatores que justificam o aumento do desmatamento está, sobretudo, a sinalização do governo de que
irá tolerar a destruição. Quando o desmatamento começou a cair, em 2005, o recado apontava para outro sentido,
de que a devastação seria combatida, com grandes esforços dos setores públicos, privado e terceiro setor. Mas
nos últimos anos houve um intenso processo de enfraquecimento das políticas públicas de proteção ambiental”,
observa Cristiane Mazzetti, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

A sinalização, agora, é de que as portas estão abertas para a destruição. Além do enfraquecimento das medidas
de comando e controle, em 2012, alinhado aos interesses da bancada ruralista, foi aprovado no Congresso e
sancionado pela presidência um novo Código Florestal, que anistiou aqueles que desmataram ilegalmente até
2008. Até hoje, motivados por este processo, muitos ainda desmatam na expectativa de que uma nova anistia
seja aprovada. O prazo para a inscrição no Cadastro Ambiental Rural já foi adiado por duas vezes, e nada garante
que não ocorrerá novamente, mais um benefício para quem não cumpre a lei.

Nos últimos anos a criação de novas Unidades de Conservação e Terras Indígenas – instrumentos eficazes no
combate ao desmatamento – praticamente parou. Em 2014 foi eleito o Congresso mais conservador e ruralista
que já tivemos, que conduz uma agenda para minar mecanismos de proteção das florestas e seus povos. No ano
seguinte, o governo federal anunciou dentro das contribuições nacionais para a redução de emissões de GEE
o vergonhoso compromisso de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030 – o que significa, na
prática, tolerar a ilegalidade por mais 14 anos e não ter prazo para cessar a destruição em outros ecossistemas
naturais do Brasil - ignorando exemplos de sucesso e a necessidade urgente de zerar o desmatamento, seja legal
ou ilegal.

Além disso, está sendo discutido no Congresso Nacional um projeto autorizando a venda de terras para
estrangeiros, fato que já está estimulando a especulação fundiária e a grilagem. A crise econômica e política em
que o país mergulhou também não contribui para a defesa das florestas.

“Compromissos de mercado que visam o fim do desmatamento, como a Moratória da Soja e o Compromisso
Público da Pecuária, são agora mais necessários do que nunca para barrar a derrubada de florestas. Entretanto,
sem que o governo coloque o desafio de acabar com o desmatamento como prioridade e eleve sua ambição, será
muito difícil conter a destruição. Adiar o fim do desmatamento implicará em perdas para toda a sociedade”, afirma
Mazzetti.

zoom

Queimada em Lábrea (AM). (© Rogério Assis / Greenpeace)


Ainda há tempo de reverter esse quadro, assumindo um compromisso definitivo pelo Desmatamento Zero. O
Brasil precisa rever a meta de desmatamento apontada na NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas) e
adotar medidas estruturantes, como fortalecimento da fiscalização, criação de áreas protegidas, além de retomar
a relevância do PPCDAM (Programa de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia).

- Veja outras medidas aqui.

Dessa maneira o governo recupera sua capacidade de conter a devastação da floresta e dá um passo eficaz na
redução das emissões de gases do efeito estufa. Tal posição estaria também alinhada ao desejo da sociedade
brasileira, que em 2015 levou ao CongressoNacional uma proposta de lei pelo fim do desmatamento, atualmente
aberta para consulta pública.

Participe da consulta pública e ajude a tornar o Desmatamento Zero realidade.

Desmatamento em detalhes

Todos os estados da Amazônia, com exceção do Mato Grosso e Amapá, tiveram aumento expressivo na taxa de
desmatamento em relação ao ano anterior. Amazonas, Acre e Pará tiveram os maiores aumentos em relação à
taxa de 2015: 54, 47 e 41% respectivamente. Estados como Amazonas e Acre, que um dia se destacaram pelas
políticas de conservação, agora deixam a peteca cair.

O Pará, como de costume, liderou em disparado o ranking da destruição, onde 3025 km² de florestas foram
tiradas do mapa, 37% do total. As florestas do estado sofrem com diversas pressões: o Pará é um grande
produtor de madeira contaminada pela ilegalidade, detém o terceiro maior rebanho bovino do Brasil e é também
alvo da ampliação de infraestrutura, que provoca especulação de terras e grilagem, a exemplo do Município de
Altamira onde houve expressivo aumento no desmatamento após a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Segundo os dados do Prodes, foi o município com a maior área desmatada no período. O local também sofre com
a atuação de quadrilhas especializadas na grilagem de terras e no desmatamento, casos como os de Ezequiel
Castanha e Jotinha - o grileiro dos Jardins.

O Mato Grosso, embora tenha diminuído em 6% o desmatamento em relação ao período anterior, ainda é o
segundo estado que mais desmata a Amazônia, com 1508km² derrubados. O estado detém o maior rebanho de
bovinos do país (29 milhões de cabeças em 2015) e é o maior produtor de soja. A demanda crescente por esses
produtos vem estimulando a expansão das áreas de cultivo sobre a floresta. Recentemente o banco Santander foi
multado pelo IBAMA em ação conjunta com o MPF por financiar o plantio de soja em áreas embargadas no estado.

O Amazonas continua chamando atenção, pois vem aumentando significativamente o desmatamento nos últimos
anos. Apenas de 2014 para 2015, o crescimento foi de 42%, e de 2015 para 2016, de 54%. O estado passou por
uma reforma administrativa em 2015 que enfraqueceu a gestão ambiental. O sul do Amazonas tornou-se alvo de
expansão pecuária, com intensa conversão de floresta em pastos. O estado ainda detém uma grande porção de
florestas públicas não destinadas, que no momento estão à mercê de grileiros. O Sistema de Alertas de
Desmatamento (SAD) do Imazon já vinha indicando uma explosão no desmatamento no município de Lábrea, que
também apresentou grande número de focos de queimadas- como verificado em campo pelo Greenpeace em
agosto.

AGENDA DE AÇÃO PARA O COMBATE AO DESMATAMENTO

1.

Revisão imediata da meta de desmatamento apontada

no INDC3, assumindo em seu lugar o conceito de

desmatamento zero: A meta de zerar o desmatamento

ilegal apenas em 2030 valida a crença na impunidade e

reduz a credibilidade do compromisso brasileiro. A meta

deveria buscar zerar definitivamente o desmatamento

em menos de uma década, em todos os biomas.

2.

Destinar para proteção ou uso sustentável as

florestas públicas não destinadas. Os governos federal

e estaduais, em especial na Amazônia, ainda detêm uma

enorme área de florestas públicas “não destinadas”. Na

Amazônia, são quase 80 milhões de hectares4 à mercê de

grileiros e do desmatamento ilegal. Destes, pelo menos

10 milhões de florestas públicas federais poderiam ser

imediatamente destinadas para fins de homologação de

Terras Indígenas e para o estabelecimento de Unidades

de Conservação. Já está provado que a criação de


áreas protegidas é o meio mais rápido de reduzir o

desmatamento e, consequentemente, as emissões de

GEE associadas.

3.

Aumentar a eficácia da fiscalização. O Brasil

deve ampliar o uso de medidas mais eficazes e

diferenciadas contra o desmatamento. Entre elas (1)

o confisco de bens associados à crimes ambientais,

(2) o combate à grilagem de terras, sendo passível de

punições mais rigorosas, tais como a de associação

criminosa, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro,

AGENDA DE AÇÃO PARA O

COMBATE AO DESMATAMENTO

Carta de Organizações da Sociedade Civil ao Ministério do Meio Ambiente

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1 - Sistema de Alerta de Desmatamento

2 - Fonseca, A., Justino, M., Souza Jr., C., & Veríssimo, A. 2016. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (junho
de 2016) SAD (p. 9). Belém: Imazon.

3 - Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada (Intended Nationally Determined Contribution – INDC)


para consecução do objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas

sobre Mudança do Clima.

4 - SFB & IPAM 2011. Florestas Nativas de Produção Brasileiras. (Relatório). Serviço Florestal Brasileiro (SFB) &
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Brasília, DF

(3) o estabelecimento de estratégias de vigilância

e fiscalização do território em conjunto com povos

indígenas e comunidades tradicionais, (4) o uso de

sistemas de informação geográfica que permitam

autuações remotas e com alta precisão. O exemplo

recente da Operação Rios Voadores, da Polícia Federal,

revela a sofisticação das redes de crime organizado que


se articulam para dilapidar o patrimônio público florestal

através da exploração ilegal de madeira e a invasão de

florestas públicas. Adicionalmente, deve-se fiscalizar,

através de imagens de satélites, as áreas embargadas

que vêm se mantendo produtivas por meio de artifícios

de dissimulação, tal como o arrendamento.

4.

Usar a tributação vigente para o estímulo à

conservação. O combate à sonegação do Imposto

Territorial Rural (ITR) deve ser utilizado como meio

para reduzir o desmatamento especulativo. Por falhas

na cobrança, quem desmata para fins de especulação

consegue manter extensas áreas improdutivas pagando

um imposto de valor ínfimo. Para se ter uma ideia, em

2012 havia na Amazônia 10 milhões de hectares de

pastos improdutivos5. O imposto devidamente aplicado

a este montante geraria um benefício tributário na

casa dos bilhões de reais6. Um recurso que poderia ser

empregado na manutenção de áreas protegidas, ou

mesmo para investimentos no aumento da produtividade

agropecuária, maior capacitação e extensão rural,

especialmente para os pequenos produtores.

5.

Convocar empresas para ampliarem e consolidarem

seus compromissos contra o desmatamento. Os

Ministros de Meio Ambiente, Agricultura e do Itamaraty

deveriam convocar os líderes das grandes empresas

que compram produtos oriundos de áreas sujeitas ao

desmatamento para reforçarem seus compromissos


pelo Desmatamento Zero. A comercialização de gado

de origem ilegal, por exemplo, deve ser combatida

fiscalizando-se as fazendas de cria que fornecem os

bezerros (fornecedores indiretos dos frigoríficos) às

fazendas de engorda. A transparência dos dados de

transporte animal (GTA) também auxiliariam o controle

social neste processo. A Moratória da Soja, que ajudou

a reduzir o desmatamento na Amazônia, deve ser

mantida nesse bioma e expandida para o Cerrado. O

reforço destas ações ajudaria o agronegócio a manter e

ampliar o acesso aos mercados que estão se tornando

mais restritivos por causa de compromissos de redução

de emissões de GEE.

6.

Ampliar a proteção no Cerrado. Apenas cerca de 3%

deste bioma está alocado em Unidades de Conservação7

(excluindo as Áreas de Proteção Ambiental), é importante

cumprir imediatamente as metas de criação de

Unidades de Conservação estabelecidas na Convenção

de Diversidade Biológica, ou seja 17% do bioma em

áreas protegidas. Não aceitando-se neste cálculo as

Reservas Legais e as Áreas de Preservação Permanente

por não se enquadrarem nas categorias de áreas

protegidas reconhecidas internacionalmente (UICN8) -

o que demanda revisão da Meta 11 de Biodiversidade do

Brasil. Também é necessário e urgente a consolidação

dos sistemas de monitoramento do desmatamento no

Cerrado, incluindo a publicação dos dados (Prodes e

Deter), o que facilitaria o estabelecimento compromissos

públicos e privados nessa região.


7.

Assegurar a proteção efetiva das Unidades de

Conservação (UC’s). Ampliar os esforços nas UCs

consideradas críticas (aquelas com maiores taxas

de desmatamento recente), incluindo a demarcação,

reforço de fiscalização e a regularização fundiária e

melhorias na gestão, como a elaboração de planos de

gestão, turismo e de produção (nas unidades de uso

sustentável), contribuindo com um melhor planejamento

territorial. Para tanto, devem ser usados os recursos

disponíveis de compensação ambiental ( financeiras e

ambientais) e de arrecadação de multas. Ainda, os ritos

legais que regem o estabelecimento inicial das UCs,

incluindo consulta pública e estudos técnicos, deveriam

ser seguidos para discussão das propostas de redução

ou desafateção de UCs.

8.

Implementar as necessárias condições de

transparência e acesso aos dados do SICAR

(Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural).

Com a transparência dos dados a sociedade poderia

exercer o controle social sobre os desmatamentos e

o monitoramento dos acordos de desmatamento zero

pelas empresas compradoras e interessados. Para isso,

é necessário reformular a Instrução Normativa Nº3 de

2014 do MMA, suprimindo os artigos 4º e 11º que limitam

o acesso à informações imprescindíveis, inclusive em

contradição com a Lei Federal de Acesso à Informação

(Nº12.527/2011). É urgente também promover o quanto

antes a análise e validação dos registros já realizados


no CAR para garantir sua acurácia, respeitabilidade e

seu uso no combate ao desmatamento.

9.

Incentivar a produção agropecuária sem desmate.

Para tanto, é preciso aumentar a produtividade nas

áreas já desmatadas. Por exemplo, o aumento de 50%

na produtividade da pecuária bovina na Amazônia

(de 1 para 1,5 cabeça/ha) seria suficiente para atender

a demanda por produtos agropecuários até 2040,

sem que um único hectare de floresta tenha que ser

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5 - INPE, 2012, Projeto Terra Class – Mapeamento do Uso e Cobertura da Terra na Amazônia Legal Brasileira.
Apresentação disponível em: http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/

TerraClass_2012.pdf

6 - Silva, D., & Barreto, P. 2014. O potencial do Imposto Teritorial Rural contra o desmatamento especulativo na
Amazônia (p. 48). Belém: Imazon.

7 - Cadastro Nacional de Unidades de Conservação e Ministério do Meio Ambiente. Disponível em:


http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80112/CNUC_PorBiomaFev16.pdf

8 - União Internacional para a Conservação da Natureza

destruído9

. O crédito rural subsidiado oferecido pelo

governo federal deveria ser o maior acelerador desta

transformação. Para a safra 2015- 2016 foram R$ 212

bilhões, dos quais R$ 187,7 bilhões são do Plano Safra e

R$ 24,1 bilhões do Programa Nacional de Fortalecimento

da Agricultura Familiar. Para acelerar a adoção da

agricultura de baixo carbono (ABC), o governo poderia

estabelecer a meta de alocar todo crédito rural para

estas técnicas em uma década, sendo que a cada ano

10% de todo o crédito seria destinado ao Programa

ABC. Esta transição seria apoiada por outras medidas,


como a capacitação massiva de produtores rurais,

estudantes e profissionais que atuam na área, como

tem sido feito em outros países em desenvolvimento.

Além da regularização fundiária e ambiental.

10.

Criar incentivos financeiros para conservação.

Governos e empresas devem usar incentivos financeiros

para eliminar o desmatamento e estimular a produção

agropecuária sem desmate. O novo Código Florestal,

por exemplo, autoriza a criação de incentivos para a

restauração e conservação, que podem ser estabelecidos

a partir de vários mecanismos (um deles é a ainda não

regulamentada CRA – Cota de Reserva Ambiental). O

poder público deve alocar recursos para incentivos e

vencer a pressão para adiar a implementação do CAR

(Cadastro Ambiental Rural) que é o primeiro passo para

aplicar o novo Código.

11.

Intervir no problema da extração ilegal de madeira

imediatamente, a fim de garantir que a madeira

retirada da Amazônia seja produzida de maneira

legal e que não contribua para o desmatamento,

degradação florestal, perda de biodiversidade ou

gere impactos sociais negativos. Algumas ações

sugeridas são: (a) tornar transparente e acessível

para a sociedade os dados relativos ao licenciamento,

transporte e comercialização de madeira; (b) revisar

imediatamente todos os os Planos de Manejo Florestal

Sustentável (PMFS) aprovados na Amazônia desde

2006, com vistorias sistemáticas durante o período de


exploração; (c) revisar e implementar um sistema de

controle mais robusto, transparente e nacionalmente

padronizado - incluindo monitoramento e aplicação

da lei com a obrigação do rastreamento da exploração

na origem e ampliação das ações de fiscalização nas

indústrias processadoras localizadas em áreas críticas

de exploração ilegal; (d) elaborar e implementar regras

mais rigorosas para análise e aprovação dos PMFS;

(e) rever todas as licenças de operação das serrarias

e criar um novo sistema para regular sua aprovação e

atividade; (f) aumentar a capacidade de ação dos órgãos

ambientais estaduais e federais, através de melhorias

em infraestrutura e investimento em monitoramento

e fiscalização; (g) aplicar as devidas penalidades

impostas para os condenados por crimes florestais;

(h) priorizar o desenvolvimento e a implementação de

um plano ambicioso de promoção do manejo florestal

comunitário.

12.

Publicação dos dados do DETER10 com maior

frequência (mensal), incluindo nestas a publicação

dos dados geográficos, o que auxiliaria no bloqueio

imediato e temporário (até que o Prodes11 confirme a

conversão de vegetação) a fornecedores de empresas

comprometidas com Desmatamento Zero.

13.

Assinar e ratificar acordos internacionais que levem

à redução ou fim do desmatamento, retomando

a posição de liderança global do Brasil na agenda

ambiental perdida no governo anterior. Um desses


acordos é a Declaração de Nova Iorque, assinada em

2014 por 36 países, 20 estados (incluindo estados

brasileiros), 54 empresas de atuação global, dentre

outros, totalizando 179 signatários.

14.

Atentar para a adequação ambiental dos

assentamentos. Considerando que o desmatamento

em assentamentos está, gradativamente, avançando

na paisagem amazônica, é fundamental assegurar a

execução de políticas que garantam aos assentados

uma assistência técnica e incentivos creditícios

diferenciados que levem à uma produção sem

dependência do desmatamento. A atividade agrícola

deve ser combinada com os planos de preservação e

uso sustentável de recursos florestais, bem como com

as ações de recuperação ambiental.

Desmatamento da Floresta Amazônica


Principais causas, riscos ao ecossistema, dificuldades de fiscalização, consequências, resumo

ntrodução

A desmatamento da Floresta Amazônica é um dos principais problemas ambientais do mundo atual, em função de sua
grande importância para o meio ambiente. Este desmatamento causa extinção de espécies vegetais e animais, trazendo
danos irreparáveis para o ecossistema amazônico.

Principais causas:

- Degradação provocada pelo corte ilegal de árvores, destinadas ao comércio ilegal de madeira;

- Queimadas ilegais para abertura de pastagens para o gado ou áreas agrícolas (principalmente para a cultura de soja);

- Assentamentos humanos em função do crescimento populacional na região.

Principais consequências:

- Extinção de espécies vegetais e animais;


- Desequilíbrio no ecossistema da região;

- Aumento da poluição do ar nos casos de queimadas;

- Aumento de casos de erosão do solo.

Problemas de fiscalização

Em função da gigantesca extensão territorial da Floresta Amazônica, a fiscalização é extremamente complicada. Além
disso, o governo brasileiro coloca poucos fiscais atuando na região, fato que dificulta ainda mais a fiscalização.

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