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APOSTILA
(teorias da comunicação)
Atualizada em 2010
ANTES DE TUDO: COMO LER E ESTUDAR
O quê estudar? Qual seu tema? Qual o problema que seu tema propõe?
- monte (ou tente montar) uma bibliografia que possa ser útil;
- pesquise bibliografias comentadas;
- procure referências e bibliografias comentadas sobre o assunto na
Internet em sites confiáveis (na dúvida, consulte o site www.allwhois.com);
- pesquise em livrarias e bibliotecas, livros e revistas acadêmicas;
- pesquise ementas e bibliografias de disciplinas de cursos de graduação e
pós-graduação da área que lhe interessa (para perceber as obras mais
recorrentes);
- perceba se há ou não obras que se refiram ao seu tema (atenção:
ausência de obras NÃO significa ausência de possibilidade de pesquisa).
Ponto de viragem:
3) por não ser, certamente, uma ciência exata, mesmas causas implicam
em diferentes conseqüências ou efeitos.
Ou simplesmente:
E -> R
( E = R)
R
MCM (E) R
R
E/R E/R
E/R E/R
E/R E/R
CO + MUNIS + TIO
Está em vantagem, portanto, quem dá, criando uma obrigação para quem
deve retribuir. Mesmo que o recebedor não queira “entrar no sistema”, ele
já está nele ao receber, e mesmo que se recuse a receber ou a retribuir.
Ou seja: o que está em jogo aqui são a honra e o prestígio (de dar ou de
retribuir).
DIFERENÇAS
Platão: trata de temas que ainda são recorrentes até os dias de hoje
1) do gênero do discurso:
Judiciário Juízes Passado Acusar/defender Justo/injusto Entinema Possível/
(dedutivo) impossível
2) do tipo de argumento:
“persuasão implica liberdade. Não faz sentido tentar persuadir alguém que
não pode escolher, que não pode exercitar um mínimo de livre-arbítrio. A
persuasão também implica diferença, pois tampouco há sentido em tentar
influenciar alguém que já pensa como você, a não ser talvez como um tipo
de suplemento ideológico. (...) não existe, portanto, nenhuma contradição
entre retórica ou democracia, ou entre retórica e conhecimento. Pelo
contrário, a retórica pressupõe e requer democracia; e na medida em que
a retórica é tanto prática como crítica ela também a sustenta. A retórica é
essencial tanto para o exercício do poder como para sua oposição”
(SILVERSTONE, 2002: 64-5. Grifos no original)
PARA LER MAIS:
FUNCIONALISMO NORTE-AMERICANO
(ruído)
{
fonte + codificador = comunicador
Percebe-se, aqui, que foco dos estudos sobre os MCM vai gradativamente
deixando de lado os conteúdos e os efeitos que eles provocam, e passam
a se dirigir para o lado dos receptores.
PARA LER MAIS:
1) falta de sistematização;
2) frouxidão dos conceitos (vide meios quentes e frios);
3) desinteresse pelos conteúdos midiáticos;
4) o meio não é a mensagem; o meio faz parte da mensagem.
Premissas:
Arte = sacralizada
Produto cultural = dessacralizado
Análise leva a Morin a dizer que indústria cultural se apóia numa dualidade:
burocracia-invenção x padrão-individualidade
Psicologia Geral
... Semiologia
SIGNO SAUSSURIANO:
SIGNIFICADO (sdo)
SIGNO
SIGNIFICANTE (ste)
sdo conceito
ste imagem acústica hexágono
Significante pode mudar conforme a língua (cão, dog, perro, chien, hund).
Simplificando: ste “=” nome; sdo “=” coisa/idéia denominada. Relação entre
sdo/ste no signo lingüístico é arbitrária (social, cultural); o significante é linear
(os sinais se desenvolvem linearmente no tempo e no espaço).
eu / vi / você
minha pessoa / vislumbrou / o senhor
Premissas importantes:
R = objeto perceptível
(signo);
O = referente, coisa;
I (interpretante) / R O I = efeito do signo, que
gera um novo signo
I/R O ATENÇÃO:
Interpretante não é o
intérprete
I
Pensamento peirciano:
Objetivos:
Fontes principais:
Assim:
“4a. fonte principal” dos Estudos Culturais: Stuart Hall, segundo diretor do
CCCS. Texto-chave: “Codificação/Decodificação” (1973). Nele, Hall faz uma
análise do processo comunicativo televisivo.
Produção Circulação
Reprodução Distribuição/consumo
Hall defende que instâncias se articulam entre si, não podem ser
analisadas independentemente. Assim, por exemplo, diz Hall, audiência é
tanto a fonte quanto o receptor da mensagem (aqui, Hall retoma Marx: “o
consumo determina a produção, a produção determina o consumo”).
dominante - hegemônica
Consumo = processo de decodificação
que se dá de três modos
possíveis, em relação à
ideologia dominante
{ oposicional - contestária
negociada - mesclada ou
“contraditória”
Exemplos de naturalização:
Conseqüências:
Problemas do newsmaking:
1) o going native (assemelhamento do estrangeiro ao pesquisado);
2) o “não estranhamento” (como jornalista se “afasta” de colegas
/ realidade?);
3) após conhecer rotinas, difícil não pensar na mesma lógica do jornalista.
CULTURA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA
- acesso aos MCM (por parte das fontes) - para Pierre Bourdieu, há três
mecanismos de acessibilidade aos meios, que são a obediência e a
adaptação a:
Para Dominique Wolton, essa relação é mais profunda, uma vez que TV
“aproxima” as realidades (culturas de elite e de massa). Relações entre
mídia e fontes (intelectuais) se dão de cinco modos:
Para entender o que se quer dizer com “efeitos a longo prazo”, é preciso
entender antes como podem ser classificados os efeitos da mídia em geral.
Denis McQuail propõe uma tipologia desses efeitos, a partir de estudos de
Peter Golding (1980).
Intencionalidade
voluntária
involuntária
Fatores condicionantes:
Críticas ao agenda-setting:
ESPIRAL DO SILÊNCIO
silêncio tendencial
Receptor “acuado” tende a:
mudança de opinião tendencial
Outro fator inibidor: medo de opinar por falta de competência específica
sobre um assunto (quanto mais conhecedor de algo, mais à vontade se
sente a pessoa e vice-versa) = hipótese do knowledge gap (intervalo, hiato
ou diferença de conhecimento), proposta por Philip. J. Tichenor, George
A. Donohue & Clarice N. Olien (1970).
entrevistado bem-preparado
AI
knowledge gap
entrevistado malpreparado
____________________
0
(zero) AI = absorção de informação
1) de que todos têm uma opinião, algo a dizer, sobre tema pesquisado;
2) de que todas as opiniões têm o mesmo peso, que se equivalem;
3) de que as mesmas perguntas sejam relevantes para todos;
4) entrevistado sempre diz a verdade.
A ESCOLA LATINO-AMERICANA
Há embates entre:
tradição x inovação
grande arte x cultura popular
alta cultura x baixa cultura
cultura de elite x cultura de massas
- horizontalidade (E = R)
- dialogia (E e R = opções do indivíduo)
- participatividade (E e R = agentes em total interatividade).
Premissa de Paulo Freire = inter-relação entre palavra e ação, onde ambas são
nulas se uma não está de algum modo ligada à outra. O aprendizado da língua
deve equivaler à liberação da palavra própria (do outro). Assim, o verdadeiro
processo pedagógico é aquele que “quebra” aquilo que Freire chama de cultura
do silêncio, a qual foi imposta pelos colonizadores aos moradores originais da
América Latina.
Barbero se opõe a:
Esses três níveis implicam nos usos possíveis, por parte dos receptores,
para os processos de decodificação e ressignificação.
Usos - dizem respeito a três aspectos
1) habitus de classe:
2) competência cultural:
- dentro de um mesmo universo discursivo (filmes entre si, livros entre si)
- entre universos discursivos distintos (cinema → TV, charge → jornal)
- discursos que não aparecem na superfície textual (manuais de redação,
roteiros cinematográficos, croquis arquitetônicos etc.)
Verón chama a essa instância de operações de investimento do sentido ou
operações produtivas de significação em matérias significantes, as quais geram
textos (objetos textuais). Só que essas operações são (também) práticas sociais
específicas (pois Verón pensa a linguagem como uma forma de ação).
Detalhe (polêmico): para Verón, sujeito é “apenas” um suporte dessas
operações, nas quais não se considera a sua “intencionalidade” em
transmitir uma mensagem, pois ele é considerado apenas em termos de
sua posição social. Esse aspecto vai determinar o segundo processo:
Verón reconhece que textos não admitem uma leitura única, o que o leva a
considerar a existência do que ele chama de gramáticas, as quais
raramente são idênticas entre elas mesmas:
Para Verón, discursos tendem a ser marcados pela luta de classes, como o
científico, porque são em essência ideológicos. Ideológico, aqui, significa:
Mas Verón procura saber depois outra coisa: como se dão as escolhas do
receptor diante da oferta de sentido midiática, uma vez que dois jornais, A e B,
tendem a oferecer os mesmos conteúdos? Diz ele que a igualdade existe, em
tese, apenas no âmbito dos enunciados (conteúdos), mas que existem também
diferenças no âmbito da enunciação. Exemplos de igualdade de conteúdo do
enunciado e de diferença na enunciação:
objetivo cúmplice: “56 atitudes infalíveis para fortalecer sua carreira (quando
está tudo de pernas para o ar) (Você S/A)
Segundo Verón, isso se aplica aos demais códigos usados pelo sistema midiático
(diagramação de primeira página, chamadas, fotos etc.). Por exemplo:
revistas ditas “sofisticadas” (como as de decoração) tendem a ter poucas
chamadas de capa, em oposição clara às revistas ditas “populares” (como as de
novelas e receitas culinárias). Porém, contrato de leitura deve ser verificado
conforme sua regularidade (pelo menos dois anos), diferenciação (para verificar
o que é específico de cada suporte) e sistematicidade das propriedades exibidas
por cada veículo, detectando também incoerências ocasionais.
Mídia = gera “caos”, pois sociedade não se vê/crê mais “iluminada” (no
sentido moderno do termo), mas diante de cadeia de diferenças múltiplas.
Tudo tem de se tornar comunicação + minorias viram “público” midiático.
Não se distingue mais entre o que é e o que finge ser. Para Baudrillard,
porém, isso deixa de ser problema (vide crítica dele a Matrix).
1 - refletem a realidade;
2 - mascaram e pervertem a realidade;
3 - mascaram a ausência de uma realidade básica;
4 - não têm mais relação alguma com a realidade
(signo se torna seu próprio simulacro puro).
entradas saídas
dados resultados
input SISTEMAS output
tempo
antes retroação depois
SISTEMAS
Axiomas principais:
Ou seja:
x = indivíduos
abc = relações que indivíduos de um grupo mantêm entre si
xyz = modelos de comportamento com os quais indivíduos de um grupo se
relacionam com o outro (nesse caso, simétrico, e vice-versa).
Ou seja:
1 2 3
No caso acima, mãe solicita atenção do filho (1); quando este responde,
ela se “desliga” dele (2). Troca comunicativa não se “fecha” de modo
afetivo. Ambos parecem “aborrecidos” ao final (3).
Conceito pode ser levado para outras esferas do relacionamento humano.
Exemplo: mãe acha que filho não gosta dela e pede a ele para que a ame.
minhas minhas
frases frases
mentirosas mentirosas
Premissas de Watzlawick:
comunicação se dá em 3 níveis:
1) confusão e/ou percepção entre níveis: como fazer com que, sem tirar o
.. .. ..
lápis do papel, quatro retas possam ligar todos os nove pontos abaixo?
. . .
2) nível meta: é possível inserir apenas números como dados num
computador ou calculadora para fazê-lo funcionar plenamente?
comportamento de esposa = + a
comportamento de marido = - a
1) confirmação (A aceita B)
2) rejeição (A não aceita B)
3) desconfirmação (A desconsidera a existência de B).
A<-[]->B
Variáveis do tempo:
Tudo isso faz parte daquilo que Lorenzo Vilches chama de “migração
digital” ou seja, a “migração de uma nova economia dos meios na
sociedade da informação, que poderemos ver nos próximos anos. Nesse
sentido, somos todos emigrantes de uma nova economia criada pelas
tecnologias do conhecimento, que supõe o deslocamento para um
planeta altamente tecnificado” (VILCHES, 2003: 10).
- verticalizados - horizontalizadas
- conexão - metamorfose
- heterogeneidade - heterogeneidade
- cartografia - topologia
e onde oposição real x virtual é falsa / falseada pelo senso comum e pelos
discursos midiáticos.
Lévy enxerga (de certo modo, influenciado por McLuhan) três grandes mo-
mentos na história da Humanidade (ou “os três tempos do espírito”):
1) sociedades orais (oralidade + grandes narrativas + memória)
2) Circularidade (realidade não é uma só, mas pode ser duas, três,
dependendo das possibilidades do(s) movimento(s) circular(es) no
processo comunicacional).
1) o Pós-Estruturalismo (interpretação).
O PÓS-ESTRUTURALISMO
Derrida propõe conceitos que têm uma dupla estrutura: pharmakon (que
tanto significa “veneno” quanto “remédio”), hímen (tanto “dentro” quanto
“fora”) e suplemento (que é excesso e adição necessária). Esses conceitos
se inscrevem naquilo que ele chama de différance, aquilo que é diferido
(traduz-se no Brasil por diferança ou diferência). Segundo Derrida,
différance tem um elemento gráfico que não pode ser representado pela
voz (ou seja, palavra não pode ser 100% representada vocalmente).
Posteriormente, Derrida falará em “disseminação” (que se refere a “sema” -
sentido - e também a “sêmen”, ejaculação de sentido), ou seja, as relações
possíveis entre os signos, de modo a que não haja mais uma significação
fixa junto ao signo, mas uma série de possíveis oscilações de sentido.
2) a escrita não pode ser vista como uma simples “transcrição da fala”;
3) a escrita, por sua vez, não é puramente gráfica (depende, por exemplo,
da tipia usada e que modifica o sentido de um significante);
Barthes deixa de lado o significado da obra (o que ela pretende dizer) para
se deter nas possíveis interpretações dos significantes do texto. Divide os
textos (literários) em duas categorias:
Texto escrevível não tem significação fixa, é difuso, permite entradas não
previstas, é “aberto” e intertextual (feito de pedaços de outras obras ou
textos).
Método de Barthes:
Em suma: texto não é uma estrutura (vide Greimas, por exemplo, e suas
estruturas actanciais), mas um processo aberto de estruturação, o qual
permite diferentes interpretações pelo leitor. Posteriormente, em outro
quadro teórico, Pierre Bourdieu falará em estruturas estruturantes.
4) consciência não é algo individual, pois ela resulta de fatores que são
sócio-ideológicos e translingüísticos;
Atenção: noção de polifonia será retomada nos anos 70/80 por Osvald
Ducrot em quadro teórico parecido, mas não igual. Vozes bakhtinianas dão
lugar a “personagens”.
LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
Linguagens digitais (de digitus, “dedo”): são aquelas que usam códigos
simbólicos (culturais, apreendidos) para transmitir uma mensagem que, em
tese, não se assemelha àquilo que pretende representar (palavras, escritas
ou orais). São simbólicas (no sentido dado por Peirce) ou se constituem de
signos arbitrários (no sentido dado por Saussure).
gato x inflação
Freud vai dizer que a negação aparece nos sonhos; alguns autores vão
concordar com a idéia, outros discordar, comentando que a negação não
faz parte do âmbito das imagens.
Leitura e textualidade.
- neurofisiológico (mente)
- cognitivo (compreensão)
- afetivo (emoção)
- argumentativo (lógica)
- simbólico (cultura)
AGUIAR, Vera Teixeira de. O Verbal e o Não Verbal. São Paulo, Unesp,
2004.
BARTHES, Roland. “A Mensagem Fotográfica”. In: BARTHES, Roland. O
Óbvio e o Obtuso. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.
CHAPPÉ, Jean-Marie. L’Infographie de Presse. 2. ed., Paris, Victoires
Éditions, 2005.
DUBOIS, Philippe. El Acto Fotográfico - de la representación a la recepción.
Barcelona, Paidós,1986.
ECO, Umberto. Lector in Fabula - a cooperação interpretativa nos textos
narrativos. São Paulo, Perspectiva, 1986.
GAUDREAULT, André & JOST, François. Le Récit Cinématographique.
Paris, Éditions Nathan, 1990.
GAUTHIER, Guy. Veinte Lecciones Sobre la Imagen y el Sentido. 3. ed.,
Madri, Cátedra, 1996.
GENETTE, Gérard. Palimpsestes - la littérature au second degré. Paris,
Seuil, 1992.
:
GENETTE, Gérard. Paratexts - thresholds of interpretation. Cambridge,
Cambridge University Press, 1997.
JAKOBSON, Roman. Lingüística e Comunicação. São Paulo, Cultrix, 1969.
JOUVE, Vincent. La Lecture. Paris, Hachette, 1993.
KRISTEVA, Julia. Introdução à Semanálise. São Paulo, Perspectiva, 1974.
McCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. São Paulo, M.Books, 2005.
PANOFSKY, Erwin. Estudos de Iconologia - temas humanísticos na arte
do renascimento. Lisboa, Editorial Estampa, 1986.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo, Perspectiva, 1995.
PELTZER, Gonzalo. Jornalismo Iconográfico. Lisboa, Planeta Editora, 1992.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo, Cultrix,
1969.
SCHAEFFER, Jean-Marie. A Imagem Precária. Campinas, Papirus, 1996.
VERÓN, Eliseo. Ideologia, Estrutura e Comunicação. 2. ed., São Paulo,
Cultrix, 1977.
BIBLIOGRAFIA CITADA
AUSTIN, J.L. Quando Dizer é Fazer - palavras e ação. Porto Alegre, Artes
Médicas, 1990.
SILVERSTONE, Roger. Por Que Estudar a Mídia? São Paulo, Loyola, 2002.