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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

IVAN DE FIGUEIREDO FERNANDES

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS, SEGUNDO O


36-ITEM SHORT FORM HEALTH SURVEY

CURITIBA
2018
IVAN DE FIGUEIREDO FERNANDES

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS, SEGUNDO O


36-ITEM SHORT FORM HEALTH SURVEY

Trabalho apresentado ao curso de Medicina, Setor


de Ciências da Saúde, Universidade Federal do
Paraná, como requisito parcial à aprovação do 8º
período do curso de Medicina.

Orientador: Prof. João Guilherme Fiorani Borgio

Coorientador: Prof. Dr. Fernando Mazzilli Louzada

CURITIBA
2018
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. João Guilherme Borgio, pelos inúmeros ensinamentos e paciência,


além do bom humor e boa vontade incomparáveis.
Ao Prof. Dr. Fernando Mazzilli Louzada, por me aceitar fazer parte de um
projeto tão importante e pela motivação constante durante todo o processo.
A todos os meus Colegas do Laboratório de Cronobiologia (Labcrono) da
UFPR, pela ajuda em todas as tarefas feitas semanalmente. Em especial, um
agradecimento aos meus colegas César Minoru Toita Koga e Amanda Simone
Rocco, pelo apoio conjunto durante esse longo período.
A todos os participantes, que doaram seu tempo e boa vontade para que
esse trabalho pudesse ter sido concluído.
RESUMO

Em tempos modernos, muito se discute sobre a qualidade de vida individual no


âmbito da saúde. A principal ferramenta disponível atualmente para avaliação da
qualidade de vida é o 36-Item Short Form Health Survey (SF-36). Entre os inúmeros
fatores que interferem na qualidade de vida, estão os fatores de personalidade,
avaliados principalmente pelo questionário Big-Five Inventory (BFI), e a qualidade de
sono, avaliada pelo questionário Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI). Estudantes
universitários parecem ser uma população, em particular, que tem sua qualidade de vida
diminuída com o passar dos anos, de acordo com a literatura. Portanto, o objetivo do
trabalho é analisar os principais fatores determinantes da qualidade de vida em
acadêmicos calouros, com base nos oito domínios do 36-Item Short Form Health
Survey. Um total de 1156 alunos, de 30 cursos ofertados pela Universidade Federal do
Paraná, responderam aos questionários SF-36, BFI e PSQI, além dos questionários
Munich Chronotype Questionnaire (MCTQ) e Morningness-Eveningness Questionnaire
(MEQ), que avaliam seu cronotipo. A partir do MCTQ, também foi criado o índice de
bimodalidade, a fim de melhor diferenciar os cronotipos intermediários. Oito modelos de
regressão múltipla linear foram criados segundo os oito domínios do SF-36, além de um
nono modelo que tinha como desfecho a pontuação da qualidade de vida total.
Neuroticismo e qualidade de sono foram fatores importantes para a determinação da
qualidade de vida em todos os domínios do SF-36. Extroversão não se correlacionou ao
domínio de aspectos sociais. Escrupulosidade foi preditor importante nos domínios de
saúde geral, vitalidade, saúde mental e na qualidade de vida total, e, principalmente, nos
aspectos emocionais. Os outros dois fatores do BFI (amabilidade e abertura a
experiências) tiveram resultados variados, de acordo com o domínio pesquisado. O
índice de bimodalidade se mostrou significante para cinco dos nove modelos do SF-36
(capacidade funcional, saúde geral, vitalidade, aspectos emocionais). Conclui-se que
indivíduos com maiores níveis de neuroticismo e pior qualidade de sono, independente
de outros fatores, têm pior qualidade de vida, no geral. Esses indivíduos merecem,
portanto, maior atenção de profissionais de saúde, tendo em vista os desfechos de
saúde desfavoráveis aos quais estão predispostos

Palavras-chave: Qualidade de vida. Neuroticismo. Qualidade de sono. Alunos


Universitários. Universidade Federal do Paraná.
ABSTRACT

During modern times, health-related quality of life is a very common topic. The
main instrument used to assess the quality of life is the 36-Item Short Form Health
Survey (SF-36). Among the many variables that may interfere in the quality of life, there
are the personality traits, mainly assessed by the Big-Five Inventory (BFI), and the
quality of sleep, assessed by the Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI). College
students are a particular population that have its quality of life decreased as they go
through graduation, according to many studies. Therefore, the main objective of this
research is to analyze determinant elements of quality of life in freshmen students, based
on the eight domains from the 36-Item Short Form Health Survey (SF-36). A total of 1156
students, from 30 different majors, from the Federal University of Paraná, Brazil,
answered to the SF-36, BFI and PSQI questionnaires, aside from the Munich
Chronotype Questionnaire (MCTQ) and Morningness-Eveningness Questionnaire
(MEQ), which assess individual chronotype. Based on the MCTQ, the bimodality index
was developed, in order to better differentiate intermediate chronotypes. Eight multiple
linear regression models were created according to the eight domains from the SF-36,
the ninth model was the quality of life total score. Neuroticism and quality of sleep were
important factors to determine the quality of life, in its eight domains. Consciousness was
an important predictor in the general health, vitality, mental health domains, aside from
the quality of life total score, and, most importantly, in the emotional aspects domain. The
other two personality traits from the BFI (agreeableness and openness to experience)
had varied results according to the many domains. The bimodality index was significant
in five out of nine SF-36 models (functional capacity, general health, vitality and
emotional aspects). We therefore conclude that individuals with higher levels of
neuroticism and worse quality of sleep, independently of any other factors, have worse
quality of life, in general. Consequently, these individuals should be better screened by
health professionals, since they are more likely to have worst health outcomes.

Keywords: Quality of Life. Quality of Sleep. College Students. Federal University of


Paraná.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - HISTOGRAMA DA PONTUAÇÃO DE QUALIDADE TOTAL DE SONO,


SEGUNDO O PSQI. .................................................................................................. 26
TABELA 2 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS DOIS FATORES SIGNIFICANTES
DO MODELO 1. ........................................................................................................ 28
FIGURA 2 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO
MÚLTIPLA (ERROS RESIDUAIS X VALORES PREDITORES DE CADA FATOR). 31
FIGURA 3 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE
REGRESSÃO MÚLTIPLA, USANDO APENAS NEUROTICISMO COMO FATOR
PREDITOR. ............................................................................................................... 31
FIGURA 4 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE
REGRESSÃO MÚLTIPLA USANDO APENAS QUALIDADE DE SONO COMO
FATOR PREDITOR. .................................................................................................. 32
FIGURA 5 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE
REGRESSÃO MÚLTIPLA USANDO APENAS O ÍNDICE DE BIMODALIDADE
COMO FATOR PREDITOR....................................................................................... 32
FIGURA 6 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE
REGRESSÃO MÚLTIPLA USANDO APENAS O JET LAG SOCIAL COMO FATOR
PREDITOR. ............................................................................................................... 33
FIGURA 7 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE
REGRESSÃO MÚLTIPLA USANDO APENAS EXTROVERSÃO COMO FATOR
PREDITOR. ............................................................................................................... 33
FIGURA 8 - HISTOGRAMA E CURVA DE NORMALIDADE DO MODELO 1 DE
REGRESSÃO MÚLTIPLA. ........................................................................................ 34
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – TABELA DE ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DOS 8 FATORES DA


QUALIDADE DE VIDA E DA QUALIDADE DE VIDA TOTAL.................................... 26
TABELA 2 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS DOIS FATORES SIGNIFICANTES
DO MODELO 1. ........................................................................................................ 28
TABELA 3 - RESUMO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA. .................... 29
LISTA DE ABREVIATURAS

BFI - Big-Five Inventory


MEQ - Morningness–Eveningness Questionnaire
PSQI - Pittbursgh Sleep Quality Index
SF-36 - 36-Item Short Form Health Survey
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
1.1 CONTEXTO DO TRABALHO .............................................................................. 16
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 20

2 MATERIAIS E METODOLOGIA ............................................................................ 21


2.1 AMOSTRA........................................................................................................... 21
2.2 INSTRUMENTOS ................................................................................................ 21
2.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................... 23
2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................... 24

3 RESULTADOS ....................................................................................................... 25
3.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS .......................................................................... 25
3.2 CORRELAÇÕES SIMPLES INICIAIS ................................................................. 27

3.2.1 Primeiro modelo – Capacidade Funcional ........................................................ 27


3.2.2 Segundo modelo – Limitação Física ................................................................ 34
3.2.3 Terceiro Modelo – Dor Corporal ....................................................................... 34
3.2.4 Quarto Modelo – Saúde Geral.......................................................................... 35
3.2.5 Quinto Modelo – Vitalidade .............................................................................. 36
3.2.6 Sexto Modelo – Aspectos Sociais .................................................................... 36
3.2.7 Sétimo Modelo – Aspectos Emocionais ........................................................... 37
3.2.8 Oitavo Modelo – Saúde Mental ........................................................................ 37
3.2.9 Nono Modelo – Qualidade de Vida total ........................................................... 38
4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 39
4.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................ 43

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46
APÊNDICE 1 - GRÁFICO DE BARRAS DEMONSTRANDO O ÍNDICE DE
QUALIDADE DE VIDA DOS CURSOS DA AMOSTRA. .......................................... 53
APÊNDICE 2 - CORRELAÇÕES DE PEARSON ENTRE AS VARIÁVEIS
ESCALARES. ........................................................................................................... 54
ANEXO 1 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CONSELHO DE ÉTICA DO
PARANÁ. .................................................................................................................. 55
16

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO DO TRABALHO

Em tempos modernos, muito se discute a respeito do bem-estar individual e


qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHOQOL: Position
paper from the World Health Organization”, 1995), a qualidade de vida pode ser
definida como “percepção individual da posição de vida do indivíduo, em seu
contexto cultural e de sistema de valores vividos com relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”.
No âmbito da saúde, um dos principais métodos de se avaliar de maneira
quantitativa a qualidade de vida é pelo questionário 36-Item Short Form Health
Survey (SF-36) (WARE; SHERBOURNE, 1992). Este questionário auto avaliativo
traz 36 perguntas, divididas em 8 domínios (capacidade funcional, limitação física,
dor corporal, saúde geral, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde
mental e qualidade de vida), que geram uma pontuação para cada um destes em
dois âmbitos principais: saúde mental e física (LINS; CARVALHO, 2016).
Inúmeros trabalhos foram publicados mostrando associações de inúmeras
variáveis com a qualidade de vida em diferentes populações. Dentre os aspectos
psíquicos, os fatores de personalidade têm uma importância particular. Há muitas
formas de classificar os fatores de personalidade. Entre elas, um modelo de rede
hierárquica foi proposto por Costa e McCrae (1992), dividindo os fatores em duas
diferentes tradições: a psicolexical, que sustenta que as diferenças individuais mais
salientes e socialmente relevantes vêm codificadas nas várias línguas, e a de
medida, baseados em auto relato e posterior divisão em escalas.
O principal teste representante da vertente de medida, atualmente a mais
usada, é o questionário Big-Five Inventory (BFI) (JOHN; DONAHUE; L, 1991). Nele,
foram identificados cinco fatores de personalidade (Neuroticismo, Extroversão,
Abertura para experiências, Escrupulosidade e Amabilidade), com seis subfatores
para cada um dos mesmos. Cada indivíduo possui níveis variados desses cinco
fatores. Portanto, é um erro dizer, baseado nos resultados deste teste específico,
que um indivíduo é, por exemplo, “neurótico” ou “extrovertido”, mas sim, “mais
neurótico” ou “mais extrovertido”, quando comparado a outras pessoas.
17

Indivíduos com maiores níveis de neuroticismo possuem, em geral, maior


instabilidade emocional, o que é refletido no fato de ser o principal dos cinco fatores
relacionado a piores desfechos de saúde, não só de transtornos mentais, tal qual
ansiedade e depressão, mas também de outras comorbidades, como hipertensão e
obesidade (MAGEE; HEAVEN; MILLER, 2013).
Escrupulosidade, por outro lado, é o fator mais associado a desfechos
positivos de saúde, como menor risco a obesidade, depressão e ansiedade
(MAGEE; HEAVEN; MILLER, 2013). Esses achados geralmente se explicam pela
maior percepção individual da vida, presente e futura, encontrada nestas pessoas.
Os outros três fatores possuem resultados mais divergentes quanto aos seus
impactos na saúde. Extroversão, caracterizada por alta sociabilidade e maior
capacidade em oferecer apoio social, está relacionada, ainda que em significância
baixa, a menor risco de mortalidade (WILSON et al., 2005), e também a desfechos
negativos, como abuso de substâncias, por exemplo, álcool (VOLLRATH;
TORGERSEN, 2008).
Os efeitos dos outros dois fatores restantes são ainda menos claros. Há
evidência que abertura a experiências possa contribuir para mortalidade baixa e
melhor saúde (FERGUSON; BIBBY, 2012), mas não diretamente, e sim, por
covariância. Esta associação foi feita por aspectos comuns a indivíduos com índices
maiores deste fator, como intelecto e habilidade cognitiva. Por fim, amabilidade, ou
seja, a tendência a ser mais simpático, gentil, confiável e cooperativo, possui alguns
resultados positivos, reduzindo o índice de mortalidade em algumas amostras
(GIDRON, 2004), mesmo se mostrado insignificante em outras (GOODWIN;
FRIEDMAN, 2006).
Além dos fatores de personalidade, os aspectos do sono também se mostram
muito importantes para predizer a qualidade de vida. Pacientes com insônia, por
exemplo, têm uma correlação positiva com pior qualidade de vida, avaliada pelo SF-
36 (LÉGER et al., 2001). A explicação fisiológica mais aceita para o impacto de
alterações do sono na qualidade de vida é pelo fato de grande parte da população
viver sob um regime de trabalho com horário fixo, nem sempre de acordo com o seu
ritmo circadiano.
O ritmo circadiano, por sua vez, difere largamente entre indivíduos, mas pode
ser classificado por sua tipologia circadiana, ou seja, o horário de preferência de
atividades (ADAN et al., 2010). Entre os métodos comportamentais para determinar
18

a tipologia circadiana está o questionário quantitativo Morningness–Eveningness


Questionnaire (MEQ) (HORNE; OSTBERG, 1976). Este instrumento divide a
tipologia circadiana em três grandes grupos: matutinidade, ou seja, indivíduos com
maior preferência em acordar e dormir cedo, tendo seu pico de desempenho
cognitivo e físico no início do dia, vespertinidade, em que seus integrantes dormem e
acordam mais tarde, com melhor rendimento no final do dia, e os indivíduos
intermediários, que manifestam preferências em horários entre os dois grupos
anteriores.
Muitos trabalhos demonstraram uma associação entre vespertinidade e piores
desfechos de saúde, que obviamente alteram sua qualidade de vida. Transtornos
depressivos, binge-eating disorder e maior consumo de substância ilícitas (URBÁN;
MAGYARÓDI; RIGÓ, 2011) estão entre esses desfechos. Matutinidade, por outro
lado, possui fator protetor para muitos desses desfechos (ADAN et al., 2010;
URBÁN; MAGYARÓDI; RIGÓ, 2011), possivelmente pois tais pessoas têm menos
dificuldade para acordar durante a manhã e realizar suas tarefas diárias. Portanto, o
“relógio biológico natural” (ritmo circadiano) desses indivíduos estaria em melhor
conformidade com os horários sociais impostos a eles.
Usando outra abordagem para a determinação do cronotipo, existe o Munich
Chronotype Questionnaire (MCTQ) (ROENNEBERG et al., 2012). Seus autores
favorecem seu uso, em detrimento ao MEQ, pelo fato de esse requerer informações
relativas a predisposições genéticas, horários de dormir e de despertar específicos em
dias de trabalho e de descanso, além da exposição à luz. O que é gerado ao final é o
ponto médio de sono do indivíduo, corrigido pelo déficit de sono durante os dias da
semana.
A maior vantagem do uso desse questionário é a determinação do acúmulo de
sono nos dias de semana, que são compensados com o despertar mais tardio durante
os fins de semana, quando não há necessidade de se ter um horário fixo para acordar.
Tal conceito é chamado de “jet lag social” e é discutido posteriormente.
A fim de explicar melhor um dos três cronotipos do MEQ, Martynhak et al.
(2010) propuseram a teoria de bimodalidade, que tentaria explicar melhor o
cronotipo dos participantes com respostas predominantemente intermediárias pelo
MEQ. Haveria, assim, a necessidade de cálculo de um índice de bimodalidade, que
diferencia os intermediários dos chamados bimodais (que marcam as questões do
MEQ ora como vespertinos, ora como matutinos), indicando um padrão de
19

sono/vigília distinto daqueles altamente matutinos ou vespertinos. É importante


salientar que o índice é aplicado apenas naquelas pontuações que já se enquadram
como intermediárias, excluindo os vespertinos e matutinos de fato.
Para analisar a qualidade de sono, o questionário auto preenchido Pittsburgh
Sleep Quality Index (BUYSSE et al., 1989) é muito utilizado. Há um ponto de corte
na pontuação final, que divide os indivíduos em dois grupos: aqueles que dormem
bem (pontuação até 5) ou mal (maior que 5 pontos). Entre os componentes da
qualidade do sono, a duração parece ser um dos mais essenciais para avaliar o
impacto na qualidade de vida. Há, por exemplo, aumento de morbidades, como
doença coronariana, hipertensão e diabetes mellitus tipo 2, em pessoas que dormem
menos de 7 a 8 horas por noite. (FAUBEL et al., 2009; GUALLAR-CASTILLÓN et
al., 2014).
Em estudantes universitários, existe uma prevalência de pior qualidade de
sono e menor duração de sono (AMERICAN COLLEGE HEALTH ASSOCIATION,
2014; FORQUER et al., 2008; OGINSKA; POKORSKI, 2006). Não é incomum que
estudantes tenham queixas relacionadas à falta de sono, como sonolência diurna e
dificuldade de concentração durante as aulas (HERSHNER; CHERVIN, 2014). Seu
rendimento acadêmico, por consequência, sofre impacto. Não só a relação do
cronotipo inadequado com o horário de aulas (ROSE et al., 2015) explica tal
situação, mas a carga horária também pode ser outro fator que aumenta o estresse
e a pressão, afetando negativamente o sono.
Esse cenário propicia o acúmulo de déficit sono durante os dias da semana
(dias de atividade), que leva não só a mais horas dormidas durante o fim de
semana, como forma de compensação, mas também ao despertar e adormecer em
horários que pareçam mais adequados ao indivíduo. Tal processo é chamado de jet
lag social e reflete o desajuste entre os ritmos circadianos e o ambiente, de maneira
similar ao efeito sentido por passageiros de avião ao viajar para fusos horários mais
distantes, porém ocorrendo toda semana. Seus impactos são significativos na vida
dos indivíduos, repercutindo em piores desfechos de saúde (LEVANDOVSKI et al.,
2011; ROENNEBERG et al., 2012).
Todas essas situações danosas são exacerbadas pelo fato de que a
prevalência do uso de substâncias psicoativas durante a faculdade é alta
(SKIDMORE; KAUFMAN; CROWELL, 2016). Para os estudantes, é vantajoso usar
tais substâncias não só para aumentar a produtividade, mas também como maneira
20

de cooperar com a situação de estresse. Ademais, não é surpresa que a prevalência


de doenças mentais em estudantes universitários também seja alta (BLANCO et al.,
2008).
Tendo em vista que tantos fatores podem influenciar na qualidade de vida de
estudantes universitários, é evidente que se trata de uma população de risco não só
para situações de comprometimento físico, mas também psicológico.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo do estudo é analisar os principais fatores determinantes da


qualidade de vida em calouros acadêmicos, com base nos oito domínios do 36-Item
Short Form Health Survey.
21

2 MATERIAIS E METODOLOGIA

2.1 AMOSTRA

A amostra foi constituída de estudantes de primeiro ano (calouros) de cursos


ofertados pela Universidade Federal do Paraná, nos campi de Curitiba. Cursos
integrais, matutinos e noturnos faziam parte da população. A universidade contava,
na época, com oito campi em seis cidades e cerca de 30 mil alunos distribuídos em
14 setores.
A pesquisa foi iniciada depois de um período de 1 mês do início do semestre
letivo, pois os alunos já haviam passado por um período de adaptação ao início das
aulas, e, no caso das coletas do segundo semestre, antes do início do horário de
verão.

2.1.1 Critérios de Exclusão

Foram excluídos indivíduos portadores de transtornos mentais graves,


doenças clínicas graves, usuários atuais de medicamentos psicotrópicos e
dependentes de substâncias psicoativas. Outro critério de exclusão foi a idade fora
da faixa de 17 a 29 anos

2.2 INSTRUMENTOS

Questionários compostos por um total de 152 perguntas (incluindo questões


de outros questionários) foram aplicados em tablets Samsung Galaxy Tab E, com
um aplicativo especialmente desenvolvido para a pesquisa em questão. Neste
software, todos os questionários estavam disponíveis, sendo as respostas
armazenadas na memória do dispositivo até que fossem posteriormente retiradas
Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi desenvolvido, a
fim de explicar aos participantes o objetivo do estudo. O documento foi aprovado
pelo Comitê de Ética do Setor de Ciências da Saúde da UFPR, e continha a
descrição dos procedimentos do estudo, número da aprovação do projeto, além do
nome e endereço eletrônico dos pesquisadores. O nome, assinatura de cada
22

participante e o código do tablet usado foi anotado em cada termo, para posterior
tabelamento.
No aplicativo, cada aluno preenchia seus dados de identificação (sexo, idade,
data de nascimento, contatos telefônico e eletrônico, local de nascimento, tempo que
viveu neste local e tempo em que vive na região de Curitiba). Perguntas
epidemiológicas também constavam no programa (problemas de saúde,
medicamentos de uso contínuo, frequência e quantidade do uso de substâncias
psicoativas e estimulantes).
Os questionários usados, incluíam:
 Morningness-Eveningness Questionnaire (MEQ) – Questionário do tipo Likert,
composto por 19 questões relacionadas ao horário de dormir, de despertar,
horários preferidos para atividades físicas e mentais e nível subjetivo de
alerta. As questões possuíam de quatro a seis respostas possíveis, com
pontuação individual de zero a cinco e pontuação total de 16 a 86 (URBÁN;
MAGYARÓDI; RIGÓ, 2011). A versão utilizada era validada em português
brasileiro (BENEDITO-SILVA et al., 1990).
 Índice de Bimodalidade - Para o cálculo da bimodalidade, foi utilizado o
algoritmo formulado por Martynhak et al. (MARTYNHAK et al., 2010). Ele se
baseia nas respostas do questionário MEQ, sendo atribuídos códigos para
cada tipo de resposta: vespertinas (ou seja, respostas que pontuam menos no
MEQ) foram definidas como A1; matutinas (ou seja, respostas que pontuam
mais no MEQ) foram definidas como A4; respostas intermediárias, por fim,
foram definidas como A2 ou A3. A partir desses códigos, o número de cada
tipo de resposta foi somado, permitindo o cálculo do índice de bimodalidade
(IB) com a equação quadrática (IB) = (∑A2 X ∑A4)² - (∑A2 X ∑A3)². Assim,
indivíduos foram considerados como bimodais quando, pela pontuação final
do MEQ, eram classificados como intermediários e, pelo algoritmo,
apresentaram IB positivo (IB > 0).
 Munich Chronotype Questionnaire (MCTQ) – composto por questões relativas
ao horário de dormir, latência para o início do sono, horário de despertar e
exposição à luz solar, tanto em dias da semana quanto nos finais de semana.
Com esses dados, calcula-se o ponto médio do sono durante a semana,
ponto médio do sono durante o fim de semana e o ponto médio do sono
corrigido para o déficit de sono durante a semana (ROENNEBERG et al.,
23

2007). Os dados referentes a jet lag social e débito do sono (diferença entre o
ponto médio do sono em dias de trabalho e finais de semana) são derivadas
do MCTQ.
 Big Five Inventory (BFI) – Possui 44 questões do tipo Likert com pontuação
que varia de 1 a 5, avaliando os cinco domínios de personalidade (oito
questões para neuroticismo, oito para extroversão, dez para abertura para a
experiência, nove para escrupulosidade e nove para amabilidade) (JOHN;
DONAHUE; L, 1991). A versão utilizada era validada para português brasileiro
(SANTOS; PRIMI, 2014).
 36-Item Short Form Health Survey (SF-36) – Contém 36 questões divididas
em oito domínios: funcionamento físico, dor corporal, desempenho físico,
saúde em geral, vitalidade, funcionamento social, desempenho emocional e
saúde mental (WARE; SHERBOURNE, 1992). A pontuação varia de 0 a 100,
com maior pontuação correspondendo a melhor qualidade de vida. Pode ser
aplicado em indivíduos a partir de 14 anos e tem versões impressa, eletrônica
e via telefone. A versão utilizada era validada para português brasileiro
(CRUZ et al., 2013)

 Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) – A qualidade do sono no período do


último mês é avaliada por meio de 18 questões. As respostas são
categorizadas em sete componentes, com escores de zero a três cada um:
qualidade subjetiva do sono, latência para o sono, duração do sono, eficiência
habitual do sono, distúrbios do sono, uso de medicações para dormir e
disfunção diurna. A soma dos escores dos sete componentes gera um escore
global, de 0 a 21 pontos. A pontuação global a partir de 6 indica pior
qualidade do sono (BUYSSE et al., 1989). A versão utilizada era validada
para português do Brasil (BERTOLAZI et al., 2011).

2.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os pesquisadores entraram em contato com os professores de todos os


cursos ofertados no primeiro período da universidade, perguntando se haveria
disponibilidade para aplicar o questionário durante o horário de suas aulas. Com a
confirmação com o professor, uma data era marcada e o projeto exposto a todos. Os
24

alunos preenchiam um termo de consentimento de duas vias, impresso, atestando o


seu interesse em participar da pesquisa. Uma via era devolvida ao pesquisador e
outra ficava com o aluno. Após isso, os participantes recebiam o tablet com o
aplicativo já inicializado.
A seguir, todos os participantes eram pesados, sem seus calçados, por meio
de uma balança devidamente calibrada e sua estatura medida, sendo estes dois
valores anotados manualmente na vida do pesquisador do TCLE, e tabelados
posteriormente junto ao restante dos dados retirados dos tablets.
Todos os questionários entregues pelos alunos após o preenchimento
estavam completos, uma vez que o aplicativo indicava ao final se havia algum item
não respondido e o aplicador também o conferia. Os dados armazenados eram
retirados de cada um dos tablets e devidamente tabelados, para posterior análise.

2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Modelos de correlação simples (de Pearson) foram inicialmente feitos entre


todos os dados que preenchiam os critérios de inclusão do estudo. Após isso, um
modelo de regressão linear múltipla foi criado com os fatores correlacionados
positivamente, a fim de determinar qual o impacto de cada um dos fatores estudados
em cada um dos oito domínios do SF-36, além do escore total da qualidade de vida.
Todas as análises estatísticas foram feitas usando o programa SPSS (IBM) versão
25. Um teste de Durbin-Watson testando as hipóteses a respeito dos erros
independentes também foi feito. O nível de significância de p < 0.05 foi considerado.
25

3 RESULTADOS

3.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS

Foram entrevistados 1352 alunos de 30 cursos. Foram excluídos, conforme


critério pré-estabelecidos, 226 participantes (idade menor que 17 anos ou maior que
29 anos, abuso de substâncias, doença mental ou clinica grave referidas, não-
calouros ou que não haviam preenchido corretamente o questionário). Na amostra,
havia 562 mulheres (49,9%) e 564 homens (50,1%). A mediana da idade dos
estudantes foi de 19,00 anos.
Ademais, a amostra do fator “jet lag social” possuía 1107 participantes no
total, uma vez que alguns participantes responderam a seção do questionário
relacionada aos horários de sono (MCTQ) de maneira inapropriada. A amostra total
do fator IMC também foi menor (1120 participantes) que a do restante dos fatores
analisados, pois 6 participantes não quiseram ser pesados por meio da balança.
Com relação aos os cinco fatores do Big Five, a pontuação média foi maior no
fator Abertura a Experiências (𝑋̅ = 3,65, s = 0,63), seguido de Amabilidade (𝑋
̅ = 3,61,

= 0,64), Escrupulosidade (𝑋̅ = 3,24, s = 0,74), Extroversão (𝑋


̅ = 3,14, s = 0,90) e
̅ = 3,03, s = 0,92).
Neuroticismo (𝑋
Os fatores do SF-36 têm seus valores demonstrados na tabela 1. A
pontuação média total da qualidade de vida, determinada pela soma dos oito fatores,
foi de 63,74. O curso com pior qualidade de vida foi fisioterapia (𝑋 = 52,83, s =
14,55), enquanto Engenharia Madeireira possuía a melhor qualidade de vida (𝑋 =
72,41, s = 14,40), como demonstrado no gráfico do apêndice 1.
26

TABELA 1 – TABELA DE ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DOS 8 FATORES DA QUALIDADE DE


VIDA E DA QUALIDADE DE VIDA TOTAL.
Capacidade Limitação Dor Saúde Vitalidade Aspectos Aspectos Saúde Qualidade
Funcional Física Corporal Geral Sociais Emocionais Mental vida total
N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
Média 87,97 61,79 73,55 56,81 49,10 70,45 46,03 64,22 63,74
Mediana 90,00 75,00 74,00 57,00 50,00 75,00 33,34 68,00 64,47
Desvio 13,15 36,78 21,37 17,45 20,15 24,70 40,56 20,03 16,90
Padrão
Mínimo 30 0,0 0,0 10 0,0 0,0 0,0 0,0 17,70

Máximo 100 100 100 100 100 100 100 100 97,30

FONTE: o autor.

A qualidade de sono, segundo a escala de Pittsburgh, teve uma média de


6,27 (s = 2,73), com 43,3% da amostra tendo um escore de até 5 pontos e 56,7% de
6 a 17 pontos (figura 1).

FIGURA 1 - HISTOGRAMA DA PONTUAÇÃO DE QUALIDADE TOTAL DE SONO, SEGUNDO O


PSQI.

FONTE: o autor.
NOTA: A linha negra vertical demonstra o limite entre os escores de boa qualidade de sono
(pontuação menor que 5) e ruim (pontuação maior que 5).
27

3.2 CORRELAÇÕES SIMPLES INICIAIS

A seguir, uma correlação de Pearson entre os dados quantitativos foi feita,


com enfoque nos 8 fatores do questionário SF-36, além do escore total qualidade de
vida. Os resultados são mostrados no apêndice 2. Os preditores não-significantes (p
> 0,05) foram descartados, mantendo-se apenas aqueles significantes. Análises de
regressão múltipla.
A partir dos fatores significantes iniciais anteriormente encontrados, oito
modelos de regressão linear múltipla foram criados, cada um tendo como o desfecho
final um dos fatores do SF-36 (capacidade funcional, limitação física, dor corporal,
saúde geral, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde mental e
qualidade de vida). Um nono modelo também foi criado somando a pontuação de
cada um dos oito fatores, gerando assim a pontuação total da qualidade de vida.
Para melhor compreensão deste trabalho, a análise estatística do primeiro
modelo de regressão será apresentada com detalhes. Os modelos subsequentes
terão apenas seus dados citados. Suas interpretações poderão ser feitas seguindo a
lógica do primeiro modelo.

3.2.1 Primeiro modelo – Capacidade Funcional

O primeiro modelo criado teve como desfecho a capacidade funcional. Dos


fatores significativos iniciais da correlação simples, neuroticismo, qualidade do sono,
extroversão, índice de bimodalidade e jet lag social foram os significantes. A média,
desvio padrão e o número da amostra destes cinco fatores são demonstrados na
tabela 2.
28

TABELA 2 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS DOIS FATORES SIGNIFICANTES DO MODELO 1.

Média Desvio Padrão N


Capacidade 87,95 13,19 1107
Funcional
Neuroticismo 3,03 0,92 1107

Extroversão 3,13 0,90 1107

Qualidade de Sono 6,25 2,71 1107

Índice de -671,84 1023,28 1107


Bimodalidade

Jet lag social 0,93 0,06 1107

FONTE: o autor.

No Resumo do Modelo 1 (tabela 3), pode-se ver, primeiramente, que o R²


demonstra que 16,0% da variabilidade do desfecho (capacidade funcional) pode ser
explicada pelos cinco preditores, sendo o R² ajustado (15,6%) muito próximo ao R²
real. Isso significa que, se os dados fossem obtidos da população como um todo, ao
invés da amostra, ela teria apenas 0,4% menos variância (nesse caso, seria feito
uma investigação adicional usando a fórmula de Stein para determinar a validade
cruzada do modelo, algo prescindível para o trabalho).
A significância do R² é testada pelo F. Nesse caso, a mudança na variância é
de 41,895, significante, pois p < 0.01. O teste de Durbin-Watson testa hipóteses a
respeito dos erros independentes (devendo ser o mais perto possível de 2). Nesse
caso, o valor de 2,13 é muito próximo de 2, sendo favorável para o modelo.
29

TABELA 3 - RESUMO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA.

Estatísticas de Mudança
Modelo R R² R² Desvio Mudança Mudança Sig. Durbin-
(Pearson) ajustado padrão de R² F Mudança F Watson

1 0,400 0,16 0,156 12,1167 0,160 41,895 0,00 2,13

FONTE: o autor.

O coeficiente não-padronizado “B”, na tabela 4, dá a contribuição de cada


fator para o modelo (quanto maior o B, maior a relação entre o fator e o desfecho).
Neste caso, os cinco preditores possuem uma relação negativa com a capacidade
funcional. Porém, a qualidade de sono, medida pelo questionário de Pittsburgh, é
inversa (valores maiores demonstram pior qualidade de sono), então deve-se
interpretar esse valor ao contrário.

TABELA 4 - RESUMO DOS COEFICIENTES DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA.


Coeficientes

Coeficientes Coeficientes
não-padronizados padronizados
B Beta t Significância (p)
Neuroticismo -3,01 -0,21 -6,90 0,00
Extroversão 1,80 0,12 4,36 0,00
Qualidade do Sono -0,93 -0,19 -6,26 0,00
Índice de Bimodalidade -0,001 -0,08 -2,73 0,01
Jet lag social 12,76 0,06 2,08 0,04
FONTE: o autor.

Além disso, analisando cada fator isoladamente, podemos dizer que, pela
tabela 4, ao diminuir 3,01 do escore do neuroticismo, 0,93 na qualidade de sono e
0,001 do índice de bimodalidade, além de aumentar em 1,80 do escore de
extroversão e 12,76 de jet lag social, 1 ponto é adicionado ao escore da capacidade
funcional.
30

O valor do t mostra a inclinação (slope) da linha de regressão, sendo


significante em valores de significância (p) menores que 0,05. Neste caso, o preditor
mais significante foi o neuroticismo, com um “t”, em módulo, maior.
O coeficiente padronizado Beta é medido em valores de desvio padrão, e,
portanto, diretamente comparáveis, sendo assim preferíveis. Ou seja, ao analisar-se,
por exemplo, o neuroticismo isoladamente, a cada aumento de 1 desvio padrão
(0,92, aproximadamente, pela tabela 2 de estatística descritiva), o desfecho
(pontuação da capacidade funcional) diminui em 0,210. Multiplicando agora o desvio
padrão do desfecho (13,19) por esse valor (0,210), chega-se ao valor final de
mudança (13,19 X 0,210 = 2,699) – valor não mostrado na tabela, tendo que ser
calculado manualmente. Então, para cada aumento de 0.92 na pontuação do
neuroticismo, há uma diminuição de 2,699 na pontuação da capacidade funcional.
O mesmo pode ser feito para os outros fatores isoladamente, como a
qualidade de sono. Ao aumentar em 1 desvio padrão a qualidade do sono (2,71),
que, neste caso específico, é inversa, há uma diminuição de 0,19 em 1 desvio
padrão da capacidade funcional. Portanto, a cada aumento de 2,71 na qualidade de
sono, há uma diminuição de aproximadamente 0,051 na capacidade funcional.
O gráfico dos plots de regressão com todos os fatores (figura 2) representa os
erros residuais versus os valores preditores de cada fator. Estes valores são usados
porque eles indicam se erros aleatórios possuem homocedasticidade (ou seja, se a
variância entre os termos residuais é constante).
Os erros residuais (aqueles que se situam fora do intervalo de confiança)
devem estar relativamente próximos, dado que se trabalhou com a hipótese em uma
curva gaussiana. A hipótese é confirmada quando os padrões de dispersão estão
aleatoriamente dispostos e simetricamente espaçados, como no modelo da figura 3.
Caso houvesse um gráfico em forma de funil, haveria uma heterocedasticidade (a
variância entre os casos residuais não é constante).
31

FIGURA 2 - GRÁFICO DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA (ERROS


RESIDUAIS X VALORES PREDITORES DE CADA FATOR).

FONTE: o autor.

O gráfico da figura 2 mostra um modelo com todos os seus preditores, mas é


possível analisar da mesma forma cada preditor separadamente (figuras 3 a 7).

FIGURA 3 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA,


USANDO APENAS NEUROTICISMO COMO FATOR PREDITOR.

FONTE: o autor.
32

FIGURA 4 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA


USANDO APENAS QUALIDADE DE SONO COMO FATOR PREDITOR.

FONTE: o autor.

FIGURA 5 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA


USANDO APENAS O ÍNDICE DE BIMODALIDADE COMO FATOR PREDITOR.

FONTE: o autor.
33

FIGURA 6 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA


USANDO APENAS O JET LAG SOCIAL COMO FATOR PREDITOR.

FONTE: o autor.

FIGURA 7 - GRÁFICO PARCIAL DE DISPERSÃO DO MODELO 1 DE REGRESSÃO MÚLTIPLA


USANDO APENAS EXTROVERSÃO COMO FATOR PREDITOR.

FONTE: o autor.

Em todos os cinco casos acima (figuras 3 a 7), os residuais estão bem


espaçados e aleatoriamente dispostos, ou seja, a hipótese de associação entre os
fatores, agora analisados individualmente, foi confirmada.
Por fim, há o histograma do modelo (Figura 8), além da curva amostral normal
(gaussiana) acrescentada a este.
34

FIGURA 8 - HISTOGRAMA E CURVA DE NORMALIDADE DO MODELO 1 DE REGRESSÃO


MÚLTIPLA.

FONTE: o autor.

3.2.2 Segundo modelo – Limitação Física

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo e idade. O modelo criado por esses dois fatores explicou 16,5%
do desfecho (R² = 0,165, F = 0.00). O teste de Durbin-Watson se mostrou positivo
para o modelo (Dw = 2,031).
Neuroticismo teve a maior contribuição para o modelo (B = -4,715), sendo
levemente mais significante, em módulo, que a qualidade do sono (B = -4,529), que,
por sua vez, era maior que a idade (B = -1,223). O intervalo de confiança da idade
(Limite inferior: -2,020; Limite Superior: -0,427) foi menor que a qualidade do sono
(Limite inferior: -5,314; Limite Superior: -3,744) e o neuroticismo (Limite inferior: -
7,047; Limite Superior: -2,384).
Os plots de regressão e o histograma (não anexados) mostraram curva
normal, assim como os plots de cada fator, com os erros residuais aleatoriamente
espaçados e com variância constante.

3.2.3 Terceiro Modelo – Dor Corporal


35

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo, quantidade diária de cafeína ingerida e horas trabalhadas por
dia. O modelo criado apenas por esses fatores explicou 18,1% do desfecho (R² =
0,181, F = 0.00). O teste de Durbin-Watson se mostrou positivo para o modelo (Dw =
2,088).
Neuroticismo, novamente, teve a maior contribuição para o modelo (B = -
4,235), seguido da qualidade do sono (B = -2,251), quantidade diária de cafeína
ingerida (B = -0,868) e horas trabalhadas por dia (B = -0,626). Os intervalos de
confiança foram: qualidade de sono (Limite inferior: -2,707; Limite Superior: -1,795),
quantidade diária de cafeína ingerida (Limite inferior: -1,431; Limite Superior: -0,305),
neuroticismo (Limite inferior: -5,579; Limite Superior: -2,891), horas diárias
trabalhadas (Limite inferior: -1,078; Limite Superior: -0,174).
Os plots de regressão e o histograma do modelo (não anexados) mostraram
curva normal, com os erros residuais aleatoriamente espaçados e com variância
constante.

3.2.4 Quarto Modelo – Saúde Geral

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo, extroversão, escrupulosidade, índice de bimodalidade e IMC. O
modelo criado apenas por esses fatores explicou 24,9% do desfecho (R² = 0,249, F
= 0.00). O teste de Durbin-Watson se mostrou positivo para o modelo (Dw = 2,003).
Neuroticismo teve a maior contribuição, em módulo, para o modelo (B = -
3,966), seguido da extroversão (B = 3,671), qualidade do sono (B = -1,619),
escrupulosidade (B = -1,854), IMC (B = -0,203) e o índice de bimodalidade (B = -
0,01). Os intervalos de confiança foram: qualidade de sono (Limite inferior: -1,981;
Limite Superior: -1,257), extroversão (Limite inferior: 2,665; Limite Superior: 4,677),
neuroticismo (Limite inferior: -5,030; Limite Superior: -2,902), escrupulosidade (Limite
inferior: 0,623; Limite Superior: -3,086), índice de bimodalidade (Limite inferior: -0,02;
Limite Superior: 0,00) e IMC (Limite inferior: -0,425; Limite Superior: 0,19).
Os plots de regressão e o histograma do modelo (não anexados) mostraram
curva normal, com os erros residuais aleatoriamente espaçados e com variância
constante. Entretanto, ao se analisar os gráficos de regressão de cada fator
separadamente, contata-se que o gráfico de regressão do índice de bimodalidade
36

mostrou que os resíduos violaram a homocedasticidade, mantendo, porém, a


linearidade.

3.2.5 Quinto Modelo – Vitalidade

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo, extroversão, escrupulosidade, índice de bimodalidade e débito
de sono. O modelo criado por esses fatores explicou 41,9% do desfecho (R² = 0,419,
F = 0.00). O teste de Durbin-Watson se mostrou positivo para o modelo (Dw =
1,953).
Débito de sono teve a maior contribuição, em módulo, para o modelo, (B = -
18,246), seguido do neuroticismo (B = -6,486), escrupulosidade (B = 3,412),
extroversão (B = 3,029) e qualidade do sono (B = -2,500). O menor intervalo de
confiança foi do índice de bimodalidade (Limite inferior: -0,03; Limite Superior: -0,01),
seguido da qualidade de sono (Limite inferior: -2,868; Limite Superior: -2,131),
extroversão (Limite inferior: 2,011; Limite Superior: 4,048), neuroticismo (Limite
inferior: -7,564; Limite Superior: -5,407), escrupulosidade (Limite inferior: 2,170;
Limite Superior: 4,655) e o índice de bimodalidade (Limite inferior: -28,132; Limite
Superior: -8,361).
Os plots de regressão e o histograma do modelo (não anexados) mostraram
curva normal, com os erros residuais aleatoriamente espaçados e com variância
constante. Entretanto, ao se analisar os gráficos de regressão de cada fator
separadamente, o gráfico de regressão da qualidade de sono mostra que os
resíduos violaram a homocedasticidade, mantendo, porém, a linearidade.

3.2.6 Sexto Modelo – Aspectos Sociais

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo, idade e abertura a experiências. O modelo criado por esses
fatores explicou 32,9% do desfecho (R² = 0,329, F = 0.00). O teste de Durbin-
Watson se mostrou positivo para o modelo (Dw = 1,981).
Neuroticismo teve a maior contribuição, em módulo, para o modelo (B = -
9,824), seguido da qualidade do sono (B = -2,823), abertura a experiências (B= -
2,339) e da idade (B = -0,918). Os intervalos de confiança foram: qualidade de sono
37

(Limite inferior: -3,298; Limite Superior: -2,349), da idade (Limite inferior: -1,398;
Limite Superior: -0,438), neuroticismo (Limite inferior: -11,239; Limite Superior: -
8,409) e abertura a experiências (Limite inferior: -4,231; Limite Superior: -0,447).
Os plots de regressão e o histograma do modelo (não anexados), mostraram
curva normal, com os erros residuais aleatoriamente espaçados e com variância
constante. Entretanto, ao se analisar os gráficos de regressão de cada fator
separadamente, contata-se que o gráfico de regressão da qualidade de sono
mostrou que os resíduos violaram a homocedasticidade, mantendo, porém, a
linearidade.

3.2.7 Sétimo Modelo – Aspectos Emocionais

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo, escrupulosidade, índice de bimodalidade e abertura a
experiências. O modelo criado por esses fatores explicou 22,5% do desfecho (R² =
0,225, F = 0.00). O teste de Durbin-Watson se mostrou positivo para o modelo (Dw =
1,932).
Neuroticismo teve a maior contribuição, em módulo, para o modelo (B = -
12,438), seguido da abertura a experiências (B = -6,350), escrupulosidade (B =
4,159), qualidade do sono (B = -3,561) e do índice de bimodalidade (B = -0,02). O
menor intervalo de confiança foi do índice de bimodalidade (Limite inferior: -0,05;
Limite Superior: 0,00), seguido da qualidade de sono (Limite inferior: -4,414; Limite
Superior: -2,707), do neuroticismo (Limite inferior: -14,939; Limite Superior: -9,937) e
da escrupulosidade (Limite inferior: -9,691; Limite Superior: -3,009).
Os plots de regressão e o histograma do modelo (não anexados), assim como
os plots de cada fator, mostraram curva normal, com os erros residuais
aleatoriamente espaçados e com variância constante.

3.2.8 Oitavo Modelo – Saúde Mental

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo, idade, extroversão, amabilidade e escrupulosidade. O modelo
criado por esses fatores explicou 60,6% do desfecho (R² = 0,606, F = 0.00). O teste
de Durbin-Watson se mostrou positivo para o modelo (Dw = 2,034).
38

Neuroticismo teve a maior contribuição, em módulo, para o modelo (B = -


11,870), seguido da extroversão (B = 2,632), escrupulosidade (B = 2,481),
amabilidade (B = 2,154), qualidade do sono (B = -1,943) e da idade (B = -0,545). Os
intervalos de confiança foram: neuroticismo (Limite inferior: -12,797; Limite Superior:
-10,943), qualidade de sono (Limite inferior: -2,242; Limite Superior: -1,644), idade
(Limite inferior: -0,844; Limite Superior: -0,246) e escrupulosidade (Limite inferior:
1,461; Limite Superior: 3,501).
Os plots de regressão e o histograma do modelo (não anexados), assim como
os plots de cada fator, mostraram curva normal, com os erros residuais
aleatoriamente espaçados e com variância constante.

3.2.9 Nono Modelo – Qualidade de Vida total

Os fatores considerados significantes para este modelo foram: qualidade do


sono, neuroticismo, idade, extroversão, amabilidade, escrupulosidade e índice de
bimodalidade. O modelo criado por esses fatores explicou 50,8% do desfecho (R² =
0,508, F = 0.00). O teste de Durbin-Watson se mostrou positivo para o modelo (Dw =
2,007).
Neuroticismo teve a maior contribuição, em módulo, para o modelo (B = -
7,209), seguido da qualidade do sono (B = -2,564), escrupulosidade (B = 1,425),
extroversão (B = 1,340), amabilidade (B = -0,681), idade (B = -0,467) e índice de
bimodalidade (B = -0,01). Os intervalos de confiança foram: neuroticismo (Limite
inferior: -8,804; Limite Superior: -6,334), qualidade de sono (Limite inferior: -2,847;
Limite Superior: -2,281), idade (Limite inferior: -0,748; Limite Superior: -0,185) e
escrupulosidade (Limite inferior: 0,463; Limite Superior: 2,388), extroversão (Limite
inferior: 0,548; Limite Superior: 2,132), índice de bimodalidade (Limite inferior: -00,2;
Limite Superior: 0,00).
Os plots de regressão e o histograma do modelo (não anexados), com os
erros residuais aleatoriamente espaçados e com variância constante. Entretanto, ao
se analisar os gráficos de regressão de cada fator separadamente, contata-se que o
gráfico do índice de bimodalidade mostrou que os resíduos violaram a
homocedasticidade, mantendo, porém, a linearidade.
39

4 DISCUSSÃO

O estudo demonstrou que neuroticismo e qualidade de sono foram fatores


importantes para a determinação da qualidade de vida em todos os seus domínios.
Os outros fatores de personalidade tiveram pouca ou nenhuma associação, de
acordo com o domínio analisado, com os elementos da qualidade de vida. O índice
de bimodalidade também se mostrou uma ferramenta significante para cinco dos
nove modelos do SF-36.
Uma amostra válida de 1156 participantes foi coletada para o estudo, número
expressivo para a discussão dos resultados. Além disso, foram coletados um total de
30 cursos, que torna a amostra ainda mais abrangente. A distribuição entre homens
e mulheres também foi equilibrada.
A qualidade de vida total da amostra infelizmente não pode ser generalizada,
tendo em vista que, segundo os próprios criadores do SF-36, os resultados obtidos
pelos 8 domínios podem apenas gerar escores de dois domínios maiores: físico e
mental. Portanto, uma maneira mais prática de análise da pontuação da qualidade
de vida total gerada é apenas para interpretar se os fatores são preditores válidos ou
não, e, assim, compará-los com o restante da literatura científica.
Neuroticismo esteve presente, e geralmente com escores elevados, em todos
os nove modelos, incluindo na pontuação final da qualidade de vida, assim como
esperado. A literatura indica que o neuroticismo está ligado a vários problemas de
saúde (LAHEY, 2009), sendo o fator do Big Five Inventory mais associado a
transtornos mentais, como depressão (MAGEE; HEAVEN; MILLER, 2013). Por isso,
indivíduos mais neuróticos tendem a ter a qualidade de vida diminuída (BOBIĆ,
2012; OZER; BENET-MARTÍNEZ, 2006).
Essa situação parece ser ainda pior no ambiente universitário. Nele, há
pressão significante para manter bom desempenhando, culminando em alto nível de
estresse, que tende a aumentar com o decorrer dos anos acadêmicos. Tal estresse
tem associação significante com a síndrome de burnout (descrita a seguir), também
relacionada a maiores níveis de neuroticismo (CAÑADAS-DE LA FUENTE et al.,
2015). Tendo em vista que a média dos escores de neuroticismo na amostra foi de
3,03, valor considerado alto, e que os dados foram coletados em estudantes
calouros que estavam há ao menos 1 mês na faculdade, é possível que, até a
40

conclusão de seus respectivos cursos, um número considerável de estudantes


possa desenvolver transtornos mentais graves.
Lahey (LAHEY, 2009) postulou que tais indivíduos possuem atividade mais
exacerbada do sistema nervoso simpático e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o
que poderia levar à maior incidência de problemas no sistema cardiovascular, como
hipertensão e infartos. Incidentemente, neuroticismo foi o principal fator preditor no
modelo 2 (desfecho: limitação física), mostrando que os problemas desse grupo
superam, de fato, o âmbito psicológico.
Analisando o impacto econômico do neuroticismo, é sabido que é um preditor
da síndrome de burnout (VAN DER PLOEG, 2003), caracterizada pela presença de
sintomas como exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização
de trabalho em populações economicamente ativas. Assim, maiores níveis de
neuroticismo em qualquer ambiente constituem um problema não só de saúde
pública, mas também grave empecilho econômico. Isso pois não há só a
possibilidade de tais indivíduos estarem mais ausentes do trabalho por sintomas
relacionados ao burnout, mas também porque a população afetada tem a tendência
de usar mais os serviços de saúde fornecidos pelo governo, além de gastar mais em
medicações (GOUBERT; CROMBEZ; VAN DAMME, 2004; JYLHÄ; ISOMETSÄ,
2006).
O segundo fator que possuiu um impacto muito relevante nos oito domínios
do SF-36 foi a qualidade do sono. Em todos os parâmetros medidos, a qualidade do
sono foi um preditor da qualidade de vida. Entretanto, a grande maioria dos outros
estudos que relacionam esses dois fatores geralmente avalia o impacto de vida de
indivíduos com alguma doença subjacente (ALBAYRAK GEZER et al., 2017;
AZEVEDO et al., 2015). Portanto, é necessário cautela ao comparar os resultados
aos outros estudos disponíveis.
Na amostra estudada, a qualidade do sono foi o principal fator de um modelo
que predisse 60,6% da saúde mental, demonstrando que o impacto da qualidade de
sono é muito significante. O impacto do sono fica ainda mais evidenciado ao notar-
se que o principal fator negativo do modelo 5 (vitalidade) foi o débito de sono.
A má qualidade de sono é problema clínico que tem o potencial de exacerbar
várias comorbidades diferentes, desde o simples refluxo gástrico até transtornos
neurológicos graves, como epilepsia (BARTHLEN; STACY, 1994). Além disso, o
estilo de vida sedentário, já consolidado como diminuidor da qualidade de vida como
41

um todo (WU et al., 2017), também está associado a pior qualidade de sono
(EDWARDS; LOPRINZI, 2017). Portanto, os achados do quarto modelo (desfecho:
saúde geral) parecem corroborar o restante da literatura.
O modelo número 1 (capacidade funcional) também teve a qualidade de sono
como preditor importante. Isso se deve ao fato de que a esta é importante para a
restituição corporal, termorregulação, conservação de energia e, principalmente,
para a performance cognitiva (STICKGOLD, 2005). Isso fica ainda mais claro ao
notar-se que indivíduos privados de sono possuem habilidades motoras e de
memória prejudicadas, quando comparados ao seu estado basal (ALHOLA; POLO-
KANTOLA, 2007).
Profissionais que possuem longas horas de trabalho, e principalmente
irregulares, como enfermeiras, profissionais de segurança e, como é o caso da
nossa amostra, estudantes universitários, estão sujeitos a todas as alterações
descritas anteriormente. Obviamente, a situação pode ser ainda mais abrangente,
tendo em vista que problemas de sono são altamente frequentes na população
mundial, com até 30% sofrendo deste problema (ROTH, 2007).
Outro fator importante relacionado ao sono foi o jet lag social. Este foi o mais
importante dos cinco fatores significantes para o desfecho do modelo 1 (capacidade
funcional), demonstrando que o acúmulo de sono causa uma diminuição na
capacidade de manter suas tarefas cotidianas de maneira satisfatória. A percepção
alterada do horário e a sonolência causada pela inabilidade de ter um ritmo de sono
constante durante a semana, principalmente em uma amostra de pessoas jovens,
pode ser o principal predisponente para a pontuação mais elevada nesse quesito.
Mesmo assim, esperava-se que o jet lag social fosse um preditor significante
para os desfechos dos modelos 2, 5, 7, 8 (limitação física, vitalidade, aspectos
emocionais e saúde mental, respectivamente). Isso porque há evidências que
indivíduos vespertinos, que geralmente possuem maiores níveis de jet lag social,
possuem maiores queixas de sonolência diurna, má-rendimento escolar e humor
diminuído (GIANNOTTI et al., 2002; MECACCI; ROCCHETTI, 1998).
Com relação aos fatores que predisseram somente alguns dos modelos,
extroversão teve uma associação positiva com os modelos 1, 4, 5, 8 e 9 (capacidade
funcional, saúde geral, vitalidade, saúde mental e qualidade de vida total,
respectivamente). De maneira contrária àqueles com níveis maiores de
neuroticismo, extrovertidos tendem a ser menos responsivos ao feedback negativo
42

de situações do dia-a-dia, tendo maior autoestima e sendo, de maneira geral, mais


positivos (MAGEE; HEAVEN; MILLER, 2013).
Assim, comorbidades mais prevalentes em indivíduos mais neuróticos, como
depressão e transtornos de abuso de substâncias, costumam ter índices menores
nos mais extrovertidos (TRULL; SHER, 1994). Além disso, estes indivíduos possuem
maiores laços de amizade, componente correlacionado positivamente a melhores
desfechos de saúde (BERKMAN et al., 2000).
Contudo, extroversão não foi preditor do modelo 6 (aspectos sociais). Esse
achado foi, de certa forma, surpreendente, tendo em vista que, dos cinco fatores do
Big Five Inventory, extroversão é o mais associado a vários fatores de popularidade,
como aceitação de seus colegas e atratividade, de modo geral (DENEVE; COOPER,
1998). Isso se dá porque tais indivíduos possuem, usualmente, maior motivação e
mais habilidades para manter relações sociais satisfatórias em seus círculos sociais.
Em vista disso, era esperado que a amostra revelasse uma associação positiva
significante entre extroversão e os aspectos sociais, o que não foi observado.
Amabilidade, se mostrou fator preditor positivo da saúde mental, corroborado
por estudos anteriores (LAMERS et al., 2012). Isso pode ser explicado pelo fato de
que indivíduos amáveis, assim como aqueles extrovertidos, no geral, têm boas
relações interpessoais, altos níveis de autoestima subjetiva e melhor humor
(MAGEE; HEAVEN; MILLER, 2013). Dessa forma, tais indivíduos possuem mais
habilidade em se relacionar com outras pessoas, o que parece ser um fator protetor
para sua saúde mental, conforme o modelo 8.
Outra associação positiva esperada e confirmada se deu entre
escrupulosidade e os modelos 4, 5, 8 e 9 (saúde geral, vitalidade, saúde mental e
qualidade de vida total). Tais indivíduos, que possuem maior percepção de seus
comportamentos e são mais responsáveis, costumam ter menos hábitos ruins, como
tabagismo e alcoolismo (BOGG; ROBERTS, 2004), além de poderem atingir com
mais facilidade objetivos de vida e terem, no geral, melhor funcionalidade social.
Portanto, costumam ter melhor autoestima (MAGEE; HEAVEN; MILLER, 2013),
refletida nos modelos em questão.
O modelo 6 (aspectos emocionais) também teve associação positiva com
escrupulosidade. Este é um fator de personalidade que não tem, por sua definição,
nenhum conteúdo puramente emocional. Ainda assim, há discordâncias na literatura
sobre sua associação com desfechos relacionados a aspectos emocionais, havendo
43

correlação positiva (DENEVE; COOPER, 1998) e negativa (KOTOV et al., 2010)


entre esses dois fatores. Análises mais profundas explorando as facetas deste fator
são discutidas em outros trabalhos para tentar explicar tais resultados (BOGG;
ROBERTS, 2004), porém excedem o escopo deste estudo.
Interessantemente, os escores do questionário MEQ não se correlacionaram
com nenhum dos nove modelos pesquisados, mesmo havendo crescente número de
evidências científicas indicando associação entre os cronotipos e a qualidade de
vida. Por exemplo, há associação negativa entre vespertinidade e alguns fatores do
SF-36, como nos aspectos emocionais (GAINA et al., 2006) e na saúde mental
(LANGE; RANDLER, 2011).
Os achados do presente estudo podem, portanto, ser condizentes à teoria de
Martynhak et al. (MARTYNHAK et al., 2010), que talvez haja necessidade de aplicar
o algoritmo de bimodalidade em resultados “intermediários” gerados pelo MEQ, a fim
de ter uma análise mais detalhada dos cronotipos. Isso porque foi demonstrado que,
diferentemente dos resultados do MEQ, houve associação negativa entre o índice de
bimodalidade em vários desfechos, tais como os modelos 1, 4, 5, 7 e 9 (capacidade
funcional, saúde geral, vitalidade, aspectos emocionais e qualidade de vida total).
Assim, na amostra avaliada, os extremos determinados pelo MEQ não foram os
correlacionados a pior ou melhor qualidade de vida, mas sim os ditos “bimodais”.
Tendo em vista que a proposta da teoria dos bimodais é recente e pouco
difundida na literatura, os resultados obtidos poderão servir para motivar futuros
estudos semelhantes, ou a trabalhos de revisão de outras pesquisas que tenham
relacionando somente o MEQ aos desfechos dos modelos do SF-36.
Por fim, a idade também se mostrou, ainda que com menor impacto, fator
preditor significante da limitação física. Isso parece ser lógico e já bem estabelecido,
uma vez que um grande número de doenças tem sua prevalência aumentada com o
acréscimo de idade, indicando também a associação com o modelo 9 (qualidade de
vida total).

4.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A maior limitação do estudo talvez seja o fato de que todos as variáveis, com
exceção de peso e altura, são avaliadas por questionários auto preenchidos,
havendo margem para falhas de validade de construto, algo inerente a qualquer
44

avaliação psicométrica. Além disso, o número de total de perguntas disponíveis no


questionário geral é bem elevado (152, no total), o que poderia ter limitado o
empenho de alguns indivíduos em pensar corretamente nas respostas dadas
conforme se aproximavam do fim do exame.
A nossa amostra se limitou também a apenas grupos de adultos jovens (17 a
29 anos), portanto nossos resultados poderão ser diferentes em estudos que
extrapolem essa faixa de idade. Ainda que não mostrado nos resultados, o número
de participantes variou significantemente entre os cursos, impactando também a
coerência interna do trabalho.
Mais recentemente, um trabalho (LINS; CARVALHO, 2016) critica o método
empregado de cálculo da pontuação da qualidade de vida, argumentando que não
pode haver um escore global ou total da qualidade de vida. Segundo os autores, os
resultados obtidos pelos 8 domínios do SF-36 apenas podem ser usados para
explicar dois aspectos: a dimensão física e mental, necessitando-se de algoritmos
especiais pagos, protegidos por direitos autorais, para o cálculo a pontuação final de
cada um dos aspectos, algo não feito em nosso estudo.
Sabendo previamente desta crítica, que nós julgamos válida, a discussão não
se aprofundou no modelo 9, já que o cálculo da pontuação final da qualidade de vida
varia largamente entre publicações.
45

5 CONCLUSÃO

Neuroticismo e qualidade de sono são fatores importantes para a determinação


da qualidade de vida. Tendo em vista que maiores níveis de neuroticismo e pior
qualidade do sono estão correlacionados a piores desfechos de saúde, trabalhos
como este são importantes como alerta a profissionais de saúde, visando a uma
prevenção de futuras complicações que tais indivíduos possam vir a ter. Isso passa
a ser ainda mais importante num ambiente universitário, onde já há alta carga de
estresse, fator predisponente por si só ao desenvolvimento de transtornos físicos e
mentais. Portanto, é de vital importância que os responsáveis das instituições
acadêmicas estejam alertas quanto a situações de risco às quais seus estudantes
possam estar submetidos.
Ademais, a nova ferramenta utilizada no estudo (índice de bimodalidade)
também se mostrou muito útil como preditor de vários desfechos. Portanto, deve ser
encorajada a ser utilizada em trabalhos similares no futuro.
46

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53

APÊNDICE 1 - GRÁFICO DE BARRAS DEMONSTRANDO O ÍNDICE DE


QUALIDADE DE VIDA DOS CURSOS DA AMOSTRA.

Nota: A linha negra horizontal demonstra o valor de 50,0.


54

APÊNDICE 2 - CORRELAÇÕES DE PEARSON ENTRE AS VARIÁVEIS


ESCALARES.
Correlações
Qualidade
de Vida Capacidade Limitação Saúde Aspectos Aspectos Saúde
Total Funcional Física Dor Corporal Geral Vitalidade Sociais Emocionais Mental
Idade (anos) N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) -0,063 0,046 -0,081 -0,034 -0,006 -0,032 -0,084 -0,036 -0,053
Sig. 0,036 0,121 0,007 0,255 0,837 0,284 0,005 0,221 0,074
Horas trabalhadas por N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
Dia r (Pearson) -0,012 0,015 -0,042 -0,077 0,019 -0,031 -0,020 0,040 0,025
Sig. 0,679 0,625 0,159 0,009 0,532 0,299 0,500 0,178 0,397
Soma total de cafeína N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) -0,133 -0,057 -0,072 -0,152 -0,094 -0,074 -0,086 -0,089 -0,123
Sig. 0,000 0,055 0,015 0,000 0,002 0,013 0,004 0,003 0,000
Extroversão N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) 0,212 0,194 0,028 0,041 0,278 0,264 0,140 0,119 0,286
Sig. 0,000 0,000 0,351 0,174 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Amabilidade N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) 0,217 0,130 0,065 0,052 0,139 0,237 0,190 0,130 0,348
Sig. 0,000 0,000 0,029 0,082 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Escrupulosidade N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) 0,191 0,089 0,052 0,057 0,180 0,242 0,113 0,151 0,228
Sig. 0,000 0,003 0,081 0,057 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Neuroticismo N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) -0,570 -0,318 -0,247 -0,302 -0,357 -0,482 -0,480 -0,381 -0,703
Sig. 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Abertura a Exp. N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) -0,010 0,087 -0,034 -0,024 0,096 0,062 -0,044 -0,086 0,044
Sig. 0,729 0,003 0,254 0,416 0,001 0,039 0,143 0,004 0,141
Jetlag Social N 1107 1107 1107 1107 1107 1107 1107 1107 1107
r (Pearson) 0,005 0,065 -0,052 0,042 0,020 -0,021 0,013 0,009 0,014
Sig. 0,859 0,030 0,085 0,166 0,512 0,483 0,669 0,769 0,632
Escala de Munich N 1107 1107 1107 1107 1107 1107 1107 1107 1107
r (Pearson) 0,020 0,032 -0,011 0,027 0,041 0,023 0,033 0,005 -0,007
Sig. 0,516 0,294 0,712 0,377 0,168 0,444 0,275 0,863 0,805
Débito de Sono (MUSF - N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
MUSW) r (Pearson) -0,119 -0,008 -0,075 -0,053 -0,095 -0,157 -0,094 -0,081 -0,082
Sig. 0,000 0,779 0,012 0,076 0,001 0,000 0,002 0,007 0,006
MEQ N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) 0,146 0,072 0,060 0,055 0,157 0,186 0,074 0,098 0,155
Sig. 0,000 0,016 0,043 0,065 0,000 0,000 0,013 0,001 0,000
Índice de Bimodalidade N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) -0,156 -0,117 -0,092 -0,039 -0,103 -0,179 -0,118 -0,118 -0,110
Sig. 0,000 0,000 0,002 0,186 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000
Qualidade de Sono N 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126 1126
r (Pearson) -0,596 -0,297 -0,383 -0,374 -0,387 -0,522 -0,460 -0,378 -0,528
Sig. 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
IMC N 1120 1120 1120 1120 1120 1120 1120 1120 1120
r (Pearson) -0,038 0,018 -0,009 -0,046 -0,070 -0,058 -0,019 -0,003 -0,052
Sig. 0,208 0,543 0,756 0,125 0,019 0,054 0,520 0,925 0,083

NOTA: Correlações significantes em negrito. Significância: p < 0,05.


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ANEXO 1 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CONSELHO DE ÉTICA DO


PARANÁ.
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