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Puts Aeon cAdired 78 | Fexnanvo HerwAnoez a Jha Escola tem como referéncia as contribuigdes dos. saberes Cditurnimente constituidos e que podem ser reflexo ce diferentes ter: > _ Chegando a esse ponto, podemos dizer que os fazem parte de adicdora escolaridade favorecedors da pesquisa de r parte do io que, ca ativo por a GR CaaS 5-confindarse pareca set © mesmo que 0 que se pPersegue em outras modalidades de ensino como uma Unidade Didatica, | um Centro de Interesse ou um Estudo Ambiental. Ha uma série de ~ caracteristicas que podem set consideradas comuns e que identificamos no seguinte quadro: Quadro 3.1 - © que tém em comam os projetos de trabalho com outras estratégias de censino = ~ Vao além dos limites curriculares (tanto das dreas como dos contetidos). ~ Implicam a realizacio de atividades préticas. ines certs scree taro sd desenvolvimento dos alunos. r ~ Sio realizadas experiéncias de primeira mao como visitas, presenga de convidados na sala de aula, ete ~ Deve ser feito algum tipo de pesquisa har estratégias de busca, ordenagio e estudo de diferentes fontes de informagio. - ~ Implicam atividades individuais, grupais e de classe, em relacio com as diferentes habilidades e conceitos que sio aprendidos. <> ___Essas caracteristicas estio presentes, de uma maneira ou de outra, “Scessas_modalidades de ensino, porque se encontram numa tradigio ~educativa que recolhe propostas da Escola Nova relacionadas com 0 papel da atividade e do estudo do préximo. Vincula-se a Dewey e a sua aoe |@ "TRANSGRESSAO E MUDANGA NA EDUCACAO / 81 idéia da importancia da aprendizagem conceitual, Relaciona-se com Bruner e sua proposta de‘curriculo em espiral, a partir do ensino das ideias-chave. - Ensee 30 os antecedentes e as referéiicias ex comum de todas essas modalidades de ensino. Vem daf que, com freqiiéncia, os professo. — res comentem que os projetos nao sao nada novo, ou que sao’ simples. — mente uma moda para nomear o que jé se estd fazendo. Se alguém me pedisse uma caracterizagao mais especifica e diferencial dos projetos de trabalho, the daria uma resposta, em termos da seqiiéncia geral, do pos- sivel algoritmo que observo que seguem muitos décentes que divem realizar projetos. (Quadro 32 - Primera aracterzagfo de um projeto de trabalho. 6 ‘ ; SEGRE | ~ Parte-se de um tema ou de um problema negociado com a turma, | = Inicia-se um processo de pesquisa || ~ Buscam-see selecionam-se fontes de informacto. ~ Estabelecem-se crtérios de ordenagao e de interpretacdo das fontes, ~ Recolhem-se novas diividas e perguntas — Estabelecem-se relagGes com olitros problemas ~ Representa-seo processo de elaboracio do canhecimento que foi seguido. ~ Recapitula-se (avalia-se) 0 que se aprendeu. = Conecta-se com um nove tema ou problema. ee ee O que aparece como distintivo, nessa hipotética seqiiéncia, 6 que a — aprendizagem e o ensino se realizam mediante um percurso. fixo, mas serve de fio condutor para a atuagdo do docente em relagio aos aluinos. Té-lo presente serve de ajuda, de pista de referéncia sobre o que significa um projeto quanto a didlogo e negociagio com os alunos, atitude interpretativa do docente, criléries para a'selegdo dos temas, importancia do trabalho com diferentes fontes de informagao, relevincia da’ avaliagio como atitude de reconstrugio e transferéncia do aprendi i o que nao é um projeto. vez possa comecar por ai”. O que constitui um ponto de partida simi- lar a0 que nos acontece na vida didria: sabemos o que nao quere- ‘mos fazer, ndo 0 que queremos ser. De seus enunciados e dos de ‘outros, docentes, surgiram as seguintes caracteristicas sobre o que NAO E um projeto: 82 / Fexanvo Hamanoez {Quadro 33 - Nem tudo que parece ser € projeto x : 1. Um percurso descritive por um tema, ie fapresentagio do que sabe o professor, que & 0 protagonista das dec: © esses moma gues oun qe cia swede do me . Um percurso expositivo sem problemas e sem um fio condutor. {Unutapresertagt linsr deur tema, basen ma sequncnetével ‘etinica de passos, ¢ vinculada a uma tipologia de informagio (a que se fencontra nos livros-texto), x 5, Uma atividade na qual o docente das espostas sobre o que 6. Pensar que os alunos devam aprender o que queremos ensinar-lhes. 7. Uma apresentacio de matérias escolares ‘8. Converter em matéria de estudo o que nossos alunos gostam ¢ 0 que Ihes apetece. A llista poderia ser, sem diivida, mais extensa, e, do meu ponto de * 3 vista, eesti ‘as caracteristicas de algumas das modalidades de ensino ~_ apontadas. Mas nos serve como contrapartida para tentar responder 0 que PODERIA SER um projeto. Dizer “poderia” nao € uma estratégia « retdrica, e sim uma atitude que tenta manter uma certa coeréncia com a nogio de conhecimento, de ensino e de aprendizagem que “circula” pelo {que pretende servir sobretudo de marcos para orientar-se num itinerério S= que, inevitavelmente, ird sendo construfdo em cada contexto. De maneira expressa, evita-se cair nodecdlogo, para escapar desse ar fundamentalista << que impregna tantos “deveria ser” que circulam na educagio escolar. © Quadro 34-0 que podera ser um prjeto de trabalho im 5 um temarproblema que favoreee a andlise, a inter aiio a ic come cobste de ponce de vise cooperagio, e o professor é um aprenalz, Suda a aprender sobre temas que itd tabelecer conexdes e que questiona a idéia ‘4. Cada percurso ¢ singular, ese traballa com diferentes tipos de informacio. (5.0 docente ensina a escutar; do que os outros dizem, também podemos 6. Hi diferentes formas de senda silo aoe quaroneiue(e nto sabemos se aprenderio isso ou outras coisas). 2, Vina aproximagioatalizadn a8 poems das dscptina ¢ dos saber, na de aprenizagem na qual se leva em conta que todos os junos podem aprender, trarem o lugar para isso, For ob, nfo of eoquete que e aprndizagen vinculada 20 free 3 “atividade manual ea intaigao tamlém & uma forma de aprendizager, Hips = | | "TRANSGRESSAO E MUDANCA NA EDUCACKO 83 Vaesbs nos deter no que caragterizariam os projetos Um percurso por unt implica cada um desses aspectos que abalho, - ao que algum aluno apresente em aula, ou pode Es pda Banter een a cadeante contenha uma qui i i le ‘Tratar de buscar, de saida, a vinculagao com as matérias do pretender encontrar relagées forgadas com aquilo que 0 docente pensa | que 0s alunos devem aprender significa distanciar-se da finalidade do | processo de indagacio, que © que © como, a titulo de hipétese | ico (por exemplo, com um painel na entrada da Escola, ofde se apresentam os titulos de projetos que se realizam e o problema que se pesquisa), para que a comunidade educa- \ tiva ie do processo de pesquisa que o grupo estd empreendendo. GB predor titude de cooperagio e 0 professor é um aprendiz,e néo sum especialista ( fa a aprender sobre temas que iré estudar com os alunos). déncia, abordam-se questdes ibém sa0 ‘“novas’ para o professor (por que a Terra, sendo to grande e pesada, no ‘ai no espaco? perguntavam, como inicio de um projeto, um grupo de alu- nos da primeira série do Ensino Fundamental, diante da perplexidade da professora, que reconhecia néo se ter proposto est pergunta). Trabalhar na sala de aula por projetos implica uma mudanga de atitude do aduito. Essa altitude o converte em aprendiz, nao s6 frente aos temas objeto de estudo, ¢ sim diante do processo a seguir e das maneiras de abordé-lo, que nunca se ae ae repetem, que sempre adquirem dimenses novas em cada grupo. 9 Um percurso que busca estabelecer conexdes entre os fendmenos e que fona a idéia de wma versio tinica da realdade. A denominada pés- idade tem muitas Ie © evaliasées, mas ha uma as representagdes sobre a realidade fduos, nao de uma maneira neutrae im, como resposta ou conseqiiéncia da implantagéo de rmas_de saber-poder. Essa idéia, que pode parecer ser abordada nas salas de aula com os menores, pode adquirir matizes diferentes, segundo 0 problema objeto de estudo. De ovo numa turma da 1*.série do Ensino Fundamental, recolheram-se algumas das diferentes interpretagdes sobre a origem do universo realizadas por diferentes culturas. Em outra é ano, perguntou-se por que nao havia mulheres Tespostas alternativas, no 56 nos textos, mas também entre as familias, com a escolha do problema objeto de | ~ 84 / Faranoo Hern Anoez. para poder organizar a compreensio que dé sentido a indagacio que promove o projeto de tral 4) Cada percurso inforMag. Essa ida j dlestacar o fato de que os a rentes tipos de agora, levarre a ila que possa ser lcada u lferente: a visita a uma exposicao, uma questo apresentada pela im- ensa ou pela televisdo, um debate na sala de aula, um tema que o pro- Ressor considere necessério estudar. A problematizagao do tema é ama contraste com evidéncias que questionam e pem em conflito seus pontos de vista. Dai a necessidade das escolas de contar com um centro de iiateca, que se converteria num dos “mticleos-chave” para facilitar a aprendizagem e onde o pessoal que nele trabalhasse neces- sitaria de uma qualificagéo que lhe permitisse contribuir para facilitar 0 trabalho de pesquisa dos alunos e professores. © O docente ensina a escutar: do que os outros dizem também podemos aprender, O.que que se produz na sala de aula, no trabalho do grupo (pois nao se deve esquecer que um projeto pode ser abordado por alunos de idades e nfveis diferentes) & material de primeira ordem para 0 desen- volvimento do projeto. A transcricéo das conversas, dos debates e sua analise, fazem parte do “contetido” do projeto.,Com isso, consegue-se {Que os alunos nao s6 se responsabilizem pelo que “dizem”, mas também que levem em conta os outros como faciitadores da prdpria aprendiza- ~ gem. Assim, 0 projeto contribu para a criagdo de atitudes de participagao —e reconhecimento do “outro” que transcendem o contedido tematico da pesquisa que se realiza Ha aiferentes formas de aprender aquilo que queremos ensinar (e nio mae ectios e rote cud Un wal ty ee educagio é que sua finalidade € que os alunos aprendem o que os pro- fessores Ihes ensinam. Precisamente, a avaliagio pretende garantir 0 re- colhimento de evidéncias sobre o cumprimento dessa premissa. No en- tanto, qualquer professor reconhece que, na sala de aula, os alunos apren- dem de maneiras diferentes, que alguns éstabelecem relages com al guns aspectos dos trabalhados em aula e outros se "conectam” » contetidos tes. A relagao em aula nao € unidirecional e univoca. Ao contrario, .reinterpretagio que cada estudan- tamente, deva aprender. Nos projetos, 840 essas , esas apropringdes 0 que se tenta fazer que aflore Nos projetos, infreqiientes, 0s pro” "TRANSGRESSAO E MUDANCA NA EOUCAGAO / 85 situagio que nio esté separada do préprio projeto e que permite a cada_ aluno reconstruir seu trajeto e transfericlo para outras siti 7.\Uma aproximagiio atualizada aos problemas das. Aselesio dos temas dos projetos se encontra, como zada pela cultura da organizagio do curriculo por matérias disciplinares. Por isso ndo ¢ de estranhar que propostas que tratam de ensinar por projetos tentem legitimar-se assinalando, em primeiro lugar, inclusive- antes de que o projeto se realize, os contetidos do curriculo oficial que serdo trabalhados. Isso converte 0 potencial e a abertura a indagagao oferecidos pelos projetos numa caricatura de si mesmos. O curriculo dis- iplinar é uma opgio entre as possiveis, mas nao a tinica. Disso jé trata- ‘mos no capitulo anterior. Por sua vez, o curriculo oficial é 0 reflexo de um campo dle interesses, poderes e influéncias, caracterizado quase sempre Por uma formulacao clos contetidos de caréter geral, que podem servir — como referéncia, mas nunca como freio e limite para o processo de apren--— dizagem. Portanto, o curriculo por matérias disciplinares pode servir como ponto de contraste, mas nao de guia. Entre outras raz6es, porque sua organizagao costuma significar um filtro, alguns limites diante dos problemas que as disciplinas e os saberes se estio propondo na atualida- de, a medida que se apresentam como um marco em que 0s contetidos se “atulham”. Na proposta de programagio que propomos (Heméndez, 1997), sempre tratamos de “esvaziar” os contetidos dos projetos, uma vez realizados, e, ao finalizar um periodo, sempre os alunos abordaram com amplitude os Contetidos oficiais. ema f forma de aprendizagemi em que se leva em conta que todos os alunos ‘podem aprender, se encontram um lugar para isso. Em nossa experiéncia, uma das possibilidades apresentadas. pelos projetos é que todos os alunos ‘Bodem encontrar seu papel. Por isso, nos projetos,levar em conta a diver- —~ sidade do ribo, ss Conteibibes que lean pode dar, e nos déficits e ~ nas limitagSes, converte-ce numa constante. Mas, além disso, o> projetos permitem aprender. o nao previsto pelos especialistas, que costumam ter ‘uma concepgio de ensino mais pendente da organizacio sequiencial das didaticas especificas do que das possibilidades de aprender dos alunos. Dai ncia, quando explicamos o desenvolvimento de um | Soe ee | rneguem que seja possivel trabalhar com um grupo o que estio vendo. que faz pensar que uma das fungées da Escola é por freio na aprendi zagem dos alunos, propondo-lhes tarefas simples que deverao ser repeti das até 0 fastio, enquanto que se evita o complexo por consideré-lo diffcl ou inadequado. Nos projetos, por principio, trata-se de enfrentar a com- — plexidade, abrindo portas que expandam o desejo dos aTunos por seguir aprendeido ao longo de sua vida. Nessa expansio do conhecimento, cada um dos alunos pode ter um lugar. 186 / FenaNbo HeawANDEZ G) Nido se esquece de que a aprendizagem vinculada ao fazer, & atividade ‘marital ¢ a intuigao também € uma forma de aprendizagem. Esse tltimo aspecto trata de ser uma chamada de atengao frente @ corrente que, infiuendada pela Psicologia cogoitive, impera na, atusidads ¢ que destaca como prioritéria a aprendizagem conceitual, de “ordem supe- rior”, mas que deixa de lado a atividade manual e artesanal. Por isso, nos jetos, presta-se atencio a forma, ao modo em que se apresenta o trajeto ado por um tema ou um problema. E, inclusive, pode ser tema de uum projeto a realizagio do planejamento material de um “objeto” (reconstruindo sua histéria e seu valor simbélico). Dai que a “apresen- ago” de um projeto implique recuperar toda uma série de habilidades que nossa cultura tende a menosprezar, mas que ¢ indubitavel que dotam 05 alunos de novas estratégias e possibilidades para dar resposta as necessidades que vao encontrando em suas vidas. A lista podia nao acabar aqui. E provavel que, numa préxima publicacio, modifiquem-se esses pontos, que agora nao constituem um dever ser inventado na mesa de um escrit6rio; foram recolhidos e elabo- rados com os estudantes na universidade e em experigncias com docentes que trabalham na Escola Infantil, Fundamental ou Média. O que pretendi foi oferecer pistas que mostrem que nao se esté falando de um “método” > ou de “uma estratégia”. Esté-se sugerindo uma maneira de refletir sobre a Escola e sua funcao, que abre um caminho para reposicionar o saber \escolar e a fungao da prépria Escola. Favorecer 0 ensino para a compreensio como finalidade dos projetos de trabalho Para insistir em que nfo se trata de uma metodologia didatica,e sim de uma maneira de entender o sentido da escolaridade baseado no ensino ra a compreensio, gostaria de apontar algumas de suas implicagBes, fessa maneira de coneeber a Educagio, os estudaites: «) participam num processo de pesquisa que tem sentido para eles ¢ elas (ndo porque seja facil ou porque gostem dele) e em que utilizam diferentes estratégias de pesquisa; b) podem participar no proceso de planejamento da propria aprendizagem e ©) slo ajudados a serem flexiveis, reconhecer 0 “outro” e compre- ender seu proprio entomo pessoal e cultural . A finalidade do ensino ¢ promaver, nos alunos, a compreensio dos \probemas que investigam. Compreender é ser capaz de it além da in- _ € poder reconhecer as diferentes verses de um fato e Ges além de propor hipsteses sobre as conseqiiéncias lade ce pontos de vista. _____Transorassio & MuDANCA Na RDUCAGKO / 87 Compreender & uma atividade cognoscitiva e experiencial, de tradu- «fo-relagao entre tem original, ou seja, uma informagio, um problema, eo conhecimento pessoal e grupal que se relaciona com ela. Essa relagao | supe estabelecer caminhos entre 0 paseado eo cados que diferentes culturas outorgam as verses dos fatos objetos de estudo. Implica também niveis de compreensio, pois, ainda que, em termos gerais, tudo seja vélido, nem tudo tem 0 mesmo valor. A compreensio, segundo Perkins e Blythe (1994), “relaciona-se com a capacidade de in- vestigar um tema mediante estratégias como explicas, encontrar evidén- cias e exemplos, generalizar, aplicar, estabelecer analogias, e representar um tema por meio de uma nova forma’. A compreensio consiste em poder levar adiante uma variedade de “atuagdes de compreensio” que ‘mostram uma interpretagio do tema e, ao mesmo tempo, um avanco sobre o mesmo. sent, entre os signifi- tages simbélicas e as asa atte ante, do conkecimento favorece a interpreta Z Esta é, talvez, a conclusio de~ educagao escolar tem que enfrentar na atual tentei responder abrindo o tema a outras rel contemporiinea, a revisio dos saberes escolares, a mudanga na ges- tao do tempo e do espago... O que néo € pouco para esses tempos de mudanga Algumas dtividas que surgem quando se fala de projetos de trabalho Como acontecia em épocas anteriores, 0s projetos nao so uma f6rmula perfeita que se adapta a todas as ideologias, necessidades ¢ trajetdrias profissionais, Vou apontar algumas das eriticas ou duividas que surgem quando, em seminérios de formagao ou em assessorias a escolas, permitam coi ‘Com freqiigncia, os docentes perguntam se tudo se pode ensinar por eo de projetos, Isso nag deixa de ser uma questao com algo de arma iar aprendendo. porque nunca a Escola ensina. “tudo” (entre outras razies porque 0 docente nao pode ou nao sal r trds dessa critica continua latente a visao enciclopédica ¢ lo). Ninguém poe em drivida que 0s alunos devem aprender a ler e escrever, calcular e resolver A 1 88 / Femanoo HisexAnoez as, identificar fatos hist6ricos ¢ artisticos, acidentes geogréticos ¢ pee i Mas também devem® aprender ¢ rma enciclopédia (em "papel ‘ou pulador. Deverdo saber inerpretar dados,apre aes jentos a favor e contra e aprender sobre a natureza do conhecimento do qual se aproximam. O dilema nao esté s6 em 0 que vio a mas também em como 0 aprendem e contextualizam. Por isso, “sO estabelecer que nifo é necessério que tudo o que é necessério aprender na Escola possa ser organizado como um projeto, mas sim possa ser ensinado como um projeto de trabalho. > Critica-se também a incoeréncia dos projetos no momento do planeja- ‘mento curricular. Nao se explica como se pode passar de um projeto de © Geologia a outro de Nutrigao, quando, entre os dois, ndo pareca existir uum nexo condutor légico. No entanto, as atuais praticas escolares Tepetem ligdes ou temas sem que se estabeleca sua vinculagéo com o desenvolvimento conceitual, a pertinéncia de seu estudo ou a coeréncia de sua seqiienciolidade, além da seqiiéncia temporal apresentada pelas circunstancias ou pelo livro-texto. No caso dos projetos de trabalho, a Telagao entre os temas se estabelece a partir das idéias-chave que se vinculam entre eles e as estratégias de aprendizagem que permitem © desenvolvimento do aluno. Outra das criticas € que os projetos requerem um longo periodo de tempo para sua realizagao, se pretendermos organizar um’ processo coerente de aprendizagem. Esse argumento implica se enfrentar a tensao entre a extensdo (quantos temas) ¢ a profundidade (que temas e como se aprendem), Essa tensio, que também aparece em qualquer outra forma de articulagao de curriculo, implica duas concepg6es sobre o ensino/ aprendizagem e duas visdes sobre o papel da Escola, que, ainda que nao ‘opostas, sao dificeis de conciliar. ‘Todas essas eriticas devem ser associadas & atitude diante da aprendizagem de muitos docentes e familias e ao peso de uma cultura lucativa para a qual tudo 0 que no seja uma forma de ensino reconhecivel e tradicional seja considerado uma experiéncia. Os projetos de trabalho implicam um olhar diferente do docente sobre aluno, sobre seu préprio trabalho e sobre o rendimento escolar. Olhar que tenta, como 1), colocar o saber-em-ciclo em posigio de favorecer um ber enciclopédico e compartimentado. Algumas coisas que aprendemos com 08 projetos de trabalho Os projetos de trabalho constituem um planejamento de ensino ¢ aprendizagem vinculado a uma concepeio da escolaridade em que se dé TRANSGRISSAO f MUDANGA NA SBUCACHO /'89 importincia nao $6 @ aquisicao de estratégias cognitivas de ordem) superior, mas também ao papel do estudante como responsdvel por sua sizagem. Significa enfrentar o planejamento e a soltigao de problemas reais oferece a possibi investigar um tema partindo de um enfoque relacional que vin as-chave e metodologias de diferentes disciplinas. Em conseqiiéncia, costuma ser um planejamento motivador para 0 aluno, pois este se sente envolvido no processo de aprendizagem. Geralmente, permite ao estudante escolher o tema ou envolver-se em stia escolha. Isso faz com que ele leve adiante a busca, na qual hé de recolher, selecionar, ordenar, analisar e interpretar informagao. Essa tarefa pode ser realizada de maneira individual ou grupal, e seus resultados deverdo ser puiblicos, para favorecer um conhecimento compartilhado. A aprendizagem baseada em projetos de trabalho se utiliza, na atualidade, em todos os niveis de ensino: Fundamental e Médio, Ensino Superior, formacio inicial, permanente... Apesar de que, entre nés, costii- ‘me ser realizada nos niveis infantil e fundamental. Pela historia da formagao dos docentes do Ensino Médio e a articulacéo departamental dessas Escolas, salvo propostas como a dos créditos de sintese e algumas experiéncias pontuais, nao costumam ser realizados, quando seriam ume interessante altemativa para enfrentar os problemas gerados pela diversidade dos alunos dessa etapa. Por tiltimo, néo se deve esquecer 0 contetido das duas referéncias que confluem na nogio de projetos de trabalho. Como assinalei no comego, em algumas profissées um “projeto” implica situar-se num processo ‘nio acabado, em que um tema, uma proposta, um desenho esboca-se, refaz-se, relaciona-se, explora-se e se realiza. A nogio de “trabalho” provém de Dewey e Freinet ede sua idéia de conectar a Escola com o mundo fora dela. Ambos conceitos unidos colocam o aluno e o docente na busca da “rede de interagoes que conecta o género humano consigo mesmo e com o resto da biosfera”, tarefa que nao esquece, como assinaia que todos os aspectos tm influéncia miitua em grau relacional ao qual, em tiltima instancia, se tenta f aproximem mediante os projetos de trabalho. om que os alunos se Uma recapitulacao para continuar aprendendo )= a Os projetos de trabalho se apresentam nao como um método ou uma ~), edagogia, mas sim como uma concepgao da educacao e da Escola que leva em conta: * A abertura para os conhecimentos e problemas que circulam fora da sala de aula e que vio além do curriculo basico. ot 90 / Femnanoo HisnwANDEZ TRANSGRESSAO 6 MUDANGA NA EDUCAGKO / 91 © outros saberes nao disciplinares vio elaborando. favorecer 0 desenvolvim que vivem. Aocente atua como aprendiz. + Aimportancia da atitude de escuta; o professor como base para construir com os alunos i ub i liza- . Uma experiéncia substantiva é aqu ‘nao tem um tinico Sereinan, petite lesersvolver bee eecsas tivesteaaoce gotta (0s estudantes a dar sentido a suas vidas (aprender deles mesmos) eas situagdes do mundo que os rodeia. Nesse sentido, 0 didlogo ‘com a génese dos fendmenos desde uma perspectiva de reconstru- Gao histdrica aparece como fundamental. + ‘A fungao dos registros sobre o didlogo pedagégico que acontecem Gisela de onln'¢ om diteentcs gaaien ves egal > coke: ‘dmento dos alunos e responsabilizé-los pela importancia que tem aprender dos outros e com 0s outros. ‘+ Aorganizagao do currculo nao por disciplinas e baseada nos con- teiidos como algo fixo e estavel, mas sim a partir de uma concep- 40 do curriculo integrado, que leve em conta um horizonte Educative (planejado nio como metas, mas, sim, como objetivos dde processo) para o final da escolaridade bésica, Esse horizonte Os projetos assim entendidos apontam outra maneira de re- presentar 0 conhecimento escolar baseado na aprendizagem da in-

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