O texto do filósofo prussiano Immanuel Kant, um dos principais
pensadores que marcaram o pensamento do período da filosofia que definiu a Modernidade, procura dar a resposta que sua filosofia apresenta à questão central do seu escrito: "O que é o Iluminismo?" A modernidade aparece então como uma tentativa de responder a essa pergunta. Para Kant, o homem deveria deixar a sua menoridade. Porém, afirma que sair da tutela e andar por si próprio, ao custo de algumas quedas, não tem sido um esforço coletivo, poucos são aqueles que se esforçam em deixar a menoridade que lhes parece tão normal. Assim, elenca as razões pelas quais o homem deve deixar sua menoridade e servir-se das suas próprias faculdades de entendimento. Para Kant, a exigência que se faz para se obter o ingresso da maioridade da razão é a mais autêntica possível liberdade de pensar. A liberdade de pensamento deve prevalecer, pois o uso privado da razão gera preconceitos e maneiras limitadas de pensar. O exame do raciocínio deve sempre permanecer público, apesar das funções assumidas por cada um, como por exemplo, um sacerdote que professa determinadas crenças, não deve se eximir da analise sem ressalvas de seus raciocínios e da coerência da crença.
O avanço do homem em relação a sua busca pela saída da tutela, não
pode ser negada. Em nome de qualquer verdade ulterior, o comodismo ou a sujeição não deve se impor sobre o homem a fim de não duvidar ou questionar o dogmatismo.
O que Kant chama de época do Iluminismo, ou Esclarecimento, é o
momento histórico em que o homem assume o papel de dominador da sua própria razão e por si próprio procura meios de se esclarecer. O homem do Iluminismo é, sem dúvida, aquele que põe todas as questões à prova da razão, e aquele que por si possui a capacidade de julgar: é nisto que consiste a maioridade do homem. Neste sentido é que para Kant, um governo onde as questões morais são deixadas ao exame da razão de cada um, é o governo onde a maioridade é dada, pelo menos por parte deste governo.
Deste modo, o Esclarecimento tem no homem o papel de libertá-lo das
amarras que o prendem e que foram amarradas por si próprio. O esforço em deixar a menoridade é um trabalho que tem como custo andar com as próprias pernas, isto é, poder julgar sob o crivo do entendimento sem a tutela de outrem.