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Agrupamento de Escolas

Francisco de Holanda
Escola EB 2, 3 Egas Moniz

Ficha de avaliação de ______Português___________________________ Resultado


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Nome_____________________________________________________________ Professora
Ano __9º_ Turma _______ Nº _______ Data _____ / 05 / 2018 ___________________________
Encarregado de Educação
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GRUPO I
Leitura
Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.
Na solidão dos mosteiros procuravam os monges ficar
mais perto de Deus. Mas estas casas religiosas acabaram
por ter uma ação civilizadora no ocidente. Entre o trabalho
espiritual e manual, as comunidades monacais tiveram
5 um papel valioso no repovoamento, na transmissão da fé
e de um legado cultural e artístico, como a produção de
manuscritos. Vejamos o que se passava no Mosteiro do
Lorvão.

Desde o nascer ao pôr do sol, a vida interna dos mosteiros era ritmada pelo relógio
10 das horas canónicas1. Depois de louvar a Deus com cânticos e orações, os monges
dedicavam-se a tarefas mais terrenas. O trabalho no campo e nas variadas oficinas
era igualmente rigoroso, com regras e cargos definidos e distribuídos por todos.

Na comunidade do Lorvão, anterior à fundação do reino de Portugal, um grupo


especializado na arte da iluminura produziu manuscritos de rara beleza que ao
15 mosteiro trouxeram enorme prestígio cultural, como é exemplar o texto bíblico do
Apocalipse, cujas ilustrações são consideradas os primeiros vestígios da pintura
românica em Portugal.

Estas pinturas, que podiam ocupar uma página inteira ou cingir-se às letras iniciais
de capítulos ou parágrafos, revelavam não só perícia técnica como uma
20 extraordinária criatividade traduzida nas figuras e temas representados. Os textos
eram copiados em tinta preta, para as ilustrações e outros ornamentos usava-se uma
mistura de pigmentos, feita também no escritório.

No entanto, a produção dos manuscritos necessitava de todo um trabalho prévio que


acabava por envolver os poucos religiosos que residiam neste mosteiro fundado no

1
25 século IX: era preciso cuidar dos rebanhos, tratar a pele dos animais, cortar o
pergaminho, ajustá-lo ao tamanho do livro, coser e pautar as páginas. E, por fim, viria
a encadernação do valioso objeto.

Não tivesse sido o labor intenso destes e de outros monges escribas e copistas, muitas
obras antigas teriam ficado para sempre perdidas no tempo. Livros religiosos e
30 profanos eram copiados, comentados e iluminados cuidadosamente nos scriptorium
medievais, muitos deles encomendados e destinados a uma elite erudita, outros
guardados na biblioteca do mosteiro.

Porque todo este trabalho era encarado como um serviço a Deus, vital para “reproduzir
a palavra divina” e perpetuar os valores da Igreja, estes monges mantinham-se
35 discretamente sob anonimato. São estas histórias que nos conta aqui Maria Adelaide
Miranda, especialista portuguesa em iluminura.

http://ensina.rtp.pt/artigo/a-vida-nos-mosteiros-e-a-producao-de-manuscritos-medievais/

Notas
1 Antigas divisões do tempo que serviam como diretrizes para as orações religiosas a serem feitas durante o dia.

Para responderes a cada item (1. a 3.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

1. No primeiro parágrafo,
(A) descreve-se o Mosteiro do Lorvão e recorre-se a exemplos dos seus contributos para a
sociedade.
(B) dá-se a conhecer, de forma ampla, o contributo dos mosteiros para a sociedade.
(C) desvaloriza-se a função cultural das comunidades monacais existentes no país.
(D) reforça-se a dimensão exclusivamente espiritual das comunidades monacais.

2. No antepenúltimo parágrafo, os dois pontos introduzem


(A) uma explicitação do trabalho diário realizado pelos monges copistas.
(B) uma justificação para o valor monetário de um manuscrito.
(C) uma consequência das atividades realizadas pelos monges.
(D) uma enumeração das atividades realizadas até á produção final de um manuscrito.

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3. Os monges escribas e copistas

(A) contribuíram para a divulgação e preservação de escritos quer religiosos quer profanos.
(B) copiavam e ilustravam textos sem emitir qualquer comentário.
(C) visavam o enriquecimento próprio, através da venda dos seus manuscritos.
(D) eram amplamente conhecidos e divulgados entre os diferentes grupos sociais.

4. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do
texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

(A) Os monges do Lorvão foram pioneiros na arte da pintura românica em Portugal.


(B) Ao longo do dia, os monges cumpriam escrupulosamente um conjunto de tarefas espirituais
e terrenas.
(C) O valor documental do texto bíblico do Apocalipse é pouco significativo, apesar da ilustração
de rara beleza que o acompanha.
(D) A produção de manuscritos era um trabalho exigente, rigoroso e obedecia a diferentes
etapas.

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GRUPO II

PARTE A

Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.

Dia. Que é isso, padre? Que vai lá? Fra. Ah, Corpo de Deos consagrado!
Fra. Deo gratias! Som cortesão. Pela fé de Jesu Cristo,
Dia. Sabês também o tordião1? 395 que eu nom posso entender isto!
Fra. Porque não? Como ora sei! Eu hei de ser condenado?
375 Dia. Pois entrai! Eu tangerei2 Um padre tão namorado
e faremos um serão. e tanto dado a virtude?
Assi Deos me dê saúde,
Essa dama, é ela vossa? 400 Que eu estou maravilhado!
Fra. Por minha la3 tenho eu,
e sempre a tive de meu. Dia. Não curês de mais detença.
380 Dia. Fezestes bem, que é fermosa! Embarcai e partiremos:
E não vos punham lá grosa4 tomareis um par de remos.
no vosso convento santo? Fra. Nom ficou isso n’avença6.
Fra. E eles fazem outro tanto! 405 Dia. Pois dada está já a sentença!
Dia. Que cousa tão preciosa… Fra. Par Deos! Essa seri’ela7!
Não vai em tal caravela
385 Entrai, padre reverendo! Minha senhora Florença.
Fra. Para onde levais gente?
Dia. Pera aquele fogo ardente Como? Por ser namorado
que nom temestes vivendo. 410 e folgar com ũa mulher
Fra. Juro a Deos que nom t’entendo! se há um frade de perder,
390 E este hábito nom me val? com tanto salmo rezado?
Dia. Gentil padre mundanal5, Dia. Ora estás bem aviado!
a Berzabu vos encomendo! Fra. Mais estás bem corregido!
415 Dia. Devoto padre marido,
haveis de ser cá pingado…
Notas
1 tordião - dança.
2 tangerei - tocarei.
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno,
3 la - a.
António José Saraiva (organização
4 punham grosa - censuravam.
e fixação do texto), Teatro Gil Vicente,
5 mundanal - dado aos prazeres do mundo.
Manuscrito Editores, 1984.
6 avença - contrato.
7 Era o que faltava.

1. Ao longo do excerto, o Frade faz a sua autocaracterização.


1.1. Indica duas características da personagem e justifica cada uma com uma expressão
textual.

2. Explicita a ironia contida na exclamação do Diabo “Gentil padre mundanal” (verso 391).

3. Explica de que modo a defesa do Frade (versos 390, 404, 412) encerra uma crítica do
dramaturgo ao clero.

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PARTE B

Lê o poema de Nuno Júdice. Caso necessário, consulta o vocabulário.

Escola

O que significa o rio,


a pedra, os lábios da terra
que murmuram, de manhã,
o acordar da respiração?

5 O que significa a medida


das margens, a cor que
desaparece das folhas no
lodo de um charco1?

O dourado dos ramos na


10 estação seca, as gotas
de água na ponta dos
cabelos, os muros de hera?

A linha envolve os objetos


com a nitidez abstrata
15 dos dedos; traça o sentido
que a memória não guardou;

e um fio de versos e verbos


canta, no fundo do pátio,
no coro de arbustos que
20 o vento confunde com crianças. VOCABULÁRIO
1 pântano; lodaçal;
lameiro.
A chave das coisas está 2 mal-entendido; erro;

confusão; engano.
no equívoco2 da idade, na 3 aquilo que apresenta

sombria abóbada3 dos meses, a forma de uma


superfície côncava.
no rosto cego das nuvens.

In Meditação sobre Ruínas, Nuno Júdice.

1. Delimita os dois momentos que constituem o poema.


Justifica a tua resposta.

5
2. Demonstra que a Natureza é o tema comum às questões das três primeiras estrofes.

3. Transcreve da quinta estrofe uma personificação e comenta o seu valor expressivo.

4. Atenta na última quadra.


4.1. Comprova que o sujeito poético não obtém uma resposta objetiva para a “chave das
coisas”.

5. Relaciona o título do poema com o seu conteúdo temático.

GRUPO III

Gramática

1. Associa cada palavra sublinhada nas frases da coluna A à classe e subclasse que lhe
corresponde na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
(A) O terror é um tipo de literatura que já não (1) Conjunção subordinativa completiva.

fascina Nuno Júdice.


(2) Conjunção subordinativa comparativa.
(B) O poeta admitiu que a ditadura influenciou as
suas leituras na adolescência. (3) Conjunção subordinativa consecutiva.
(C) Portugal é menos opressivo que na
adolescência do poeta. (4) Conjunção subordinativa causal.

(D) Ele optou por escrever poesia que era mais


(5) Pronome relativo.
do seu agrado.

2. Classifica a forma verbal sublinhada na frase seguinte, indicando pessoa, número,


tempo e modo.
O sujeito poético tinha ouvido com nitidez o canto das crianças no pátio.

3. Para responderes a cada item (3.1. a 3.3.), seleciona a opção que completa cada
afirmação.
3.1. A palavra “ramo” estabelece com a palavra “árvore” a mesma relação semântica que
(A) “janela” estabelece com “casa”.
(B) “hera” estabelece com “planta”.
(C) “felino” estabelece com “gato”.
(D) “esposa” estabelece com “mulher”.

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3.2. A frase que contém uma oração subordinada adverbial temporal é
(A) Durante a adolescência, Nuno Júdice passava férias com os avós.
(B) Nuno Júdice ia ao Algarve sempre que havia férias.
(C) Desde que tivesse férias, Nuno Júdice ia ao Algarve.
(D) Dado que os avós viviam no Algarve, Nuno Júdice passava lá as férias.

3.3. A frase em que a palavra “mal” é um advérbio é


(A) Nuno Júdice ia ter com os avós no Algarve mal ficava de férias.
(B) Não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe.
(C) Nuno Júdice mostra-nos como se vivia mal durante a ditadura.
(D) Na ditadura, há uma luta constante entre as forças do bem e do mal.

4. Reescreve as frases a seguir apresentadas, substituindo a expressão sublinhada por


um pronome pessoal adequado.
a) Nuno Júdice escreveria histórias de terror se gostasse do género de terror.
b) “Líamos coisas muito recentes” (linha 34).

5. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões sublinhadas nos versos


a seguir transcritos.
a) “traça o sentido / que a memória não guardou” (versos 15-16).
b) “A chave das coisas está / no equívoco da idade” (versos 21-22).

GRUPO IV

Vários séculos depois da primeira representação do Auto da Barca do Inferno,


muitos dos “vícios” apresentados na peça ainda se mantém na sociedade atual.
Escreve um texto argumentativo bem estruturado, com um mínimo de 160 e um máximo de
200 palavras, que confirme a afirmação anterior, baseando-te na peça e nos acontecimentos
da atualidade.

O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte
de conclusão.

FIM
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