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Aprender Fazendo

Pode parecer estranho chegar ao trabalho e receber um convite para um


treinamento onde é necessário levar roupas confortáveis e tênis, passar dois
dias fora da cidade junto com toda a equipe. Começam as perguntas, dúvidas e
receios: o que farão conosco? Por que dois dias fora? Como vou organizar
meu dia a dia com filhos e marido? Tudo isso é necessário para sairmos da
nossa “zona de conforto”, ficarmos atentos ao ainda não-conhecido e expandir
nosso conhecimento. Chamamos isso de processo educativo para adultos,
androgogia ou coorporativamente falando, treinamento experiencial ao ar livre.

A princípio a “mulherada” pira, até parece tortura para muitas que não
conseguem se imaginar sem salto, brincos, colares, pulseiras, celulares, mas
segundo Marco Vidon, facilitador dessa metodologia há dezessete anos e sócio
da Experiencial Outdoor Training já é o início do processo de se despir das
suas vaidades e começar a fazer diferente. “Essa é uma das idéias do
treinamento, fazer coisas, aparentemente diversas da nossa realidade, com a
equipe com a qual passamos tanto tempo juntos, para aprender a nos ver
novamente, sem ego ou “saltos altos” já tão costumeiros”, brinca Vidon.

Pode-se dizer que esse processo de aprendizagem funciona como um colírio.


São atividades ao ar livre, com cordas, tocos de madeira, calhas, bolinhas
coloridas e até tirolesas e saltos de árvores, com objetivos, tempo e regras
claras. No final de cada etapa é que entra uma figura importantíssima nesse
cenário, o facilitador. Ele conduzirá o processamento da atividade e ajudará os
participantes a tirar a areia que o dia a dia, as cobranças, prazos, problemas na
comunicação vão instalando nos nossos olhos e fazendo nossas relações no
ambiente de trabalho ficarem tensas, indelicadas e o pior, desmotivantes.

Os atores dessa experiência

Para Cristina Olival, consultora da Dinsmore Associates esse método


realmente é eficaz desde que não haja amadorismo na aplicação. “A condução
de uma atividade experiencial é o grande diferencial para as empresas que
contratam. A qualidade conceitual e a administração dos riscos também são
itens valiosos na avaliação”, explica Cristina e compara que a diferença de um
processo de aprendizado e uma simples recreação depende “dos facilitadores
experienciais”, os verdadeiros profissionais deste mercado, afinal, a reflexão e
a sua transferência para o dia-a-dia nas organizações com certeza faz toda a
diferença no resultado do treinamento”, explica Cris, como é conhecida.
Entender o adulto com todos os componentes humanos: psicológico, biológico,
social, somados o físico, o psíquico, o mental, não é pra qualquer um. “A maior
vantagem de um treinamento como esse é que se vivencia a situação, deixa-se
as emoções, conceitos e preconceitos muito aflorados, ao ponto de você
mesmo não “ouvir” sua voz interior”, declara Carla Coelho, supervisora de RH
da Nasajon Sistemas, que gostou muito da sua experiência e não quis deixar
de dar seu depoimento pra a matéria, mesmo ocupadíssima. Para ela é uma
experiência única, mesmo que se faça mais de uma vez.
Ajudar os participantes a superarem seus medos, limites e barreiras pessoais
são alguns dos objetivos. Para Neyse Ferreira, analista sênior do grupo Acergy,
o que ficou claro é o resultado potencializado da confiança mútua, reforçado
pelos laços do trabalho em equipe durante as atividades. “Gostei bastante da
experiência. Achei que não participaria de nada, pois sou medrosa, tenho
receio de altura e não tenho muito "espírito aventureiro", mas lá acabamos nos
envolvendo no clima e quando vi fiz coisas que nunca imaginava capaz de
fazer”, conta Neyse.

Atualmente há muitos tipos de atividades experienciais no mercado: os


modelos mais clássicos com dois dias de duração e saltos de árvores ou
circuitos de arvorismo em hotéis ou até um pouco mais ousados; “podemos
fazer intervenções, como um grande jogo, utilizando os recursos da própria
cidade para pequenos circuitos de aventura com atividades de canoa
hawaiana, rapel, ciclismo, caminhada e escalada”, descreve Marco Vidon que
já teve a oportunidade de fazer evento nas lagoas dos Lençóis Maranhenses.
Mas segundo Marco, o mais importante de tudo é entender a necessidade do
cliente e formatar um programa de acordo com o objetivo somado ao perfil dos
participantes. “Não adianta pegar 30 executivos sedentários e levá-los para
fazer aventuras. Por mais que o facilitador seja bom, os participantes ficam
muito cansados e traumatizados com a metodologia”, explica.

Experiencial x Aventura

Pode-se trabalhar de forma global e coletiva, compartilhando conhecimentos


prévios, dividindo recursos, estimulando o trabalho em equipe de forma
desafiante, divertida e muito agradável, exatamente como deve ser o ambiente
de trabalho produtivo. No Projeto Balsa, os participantes recebem canos de
PVC, câmaras de ar, sisal entre outros equipamentos e precisam montar uma
balsa que seja navegável por até quatro participantes. “Não é competição, mas
acaba sendo inevitável eles competirem, torcerem para que as balsas dos
outros afundem. O melhor é que eles precisam planejar, desenhar, fazer o
projeto bem explicado e quando acaba essa primeira etapa, nós mudamos os
projetos e eles têm que construir a idéia do outro”, esclarece Vidon que se
diverte com a surpresa dos participantes. “Na realidade o mercado é assim,
nem sempre temos todas as certezas do que acontecerá conosco, mas
precisamos estar preparados para adversidades a todos os momentos”,
conclui.
Outro modelo “light”, mas muito eficaz é o Jantar Compartilhado, onde os
participantes, separados em grupos por funções, precisam fazer o próprio
jantar do grupo. Entrada, prato principal, sobremesa e decoração do ambiente,
são alguns desafios que se não forem bem planejados e realizados, vão faze-
los “provar” o resultado na hora. “Dentro de uma cozinha tem muita coisa para
administrar: pessoas, tempo, recursos, processos, qualidade etc. E dessa
forma divertida, os participantes literalmente colocam a mão na massa e
aprendem, na prática conceitos da sua rotina”, esclarece Marco Vidon.

Não tem mágica, mas cuidados para que as experiências sejam agradáveis e
proporcionem crescimento. “Possibilita trabalhar o espírito de equipe, interação,
integração e superação, ou seja, uma excelente fórmula para o sucesso”,
indica Neyse Ferreira. Partilhar o que se aprende com outras pessoas, leva de
forma implícita, assumir um compromisso de viver aquilo que se aprendeu. E
esse é o grande legado desse tipo de treinamento. Então meninas, não se
assustem, nesses ambientes ninguém é obrigado a fazer o que não queira,
mas não percam a oportunidade de fazer diferente, crescerem e se superarem.

Temas relacionados:

http://www.bolsademulher.com/mulherinvest/treinamento-experiencial-
2468.html

www.experiencial.com.br

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