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PLANO DE AÇÃO

CRIAÇÃO DO GRÊMIO ESTUDANTIL

PROPOSTA DE AÇÃO
Incentivar os alunos a participarem da vida escolar e buscarem uma educação de qualidade a partir da
criação de um Grêmio Estudantil.

CONTEXTUALIZAÇÃO
O Grêmio Estudantil é um importante canal no processo de gestão democrática, pois permite aos estudantes
exercitarem a cidadania desde a infância participando ativamente das ações e decisões da escola. Ao
participarem desse processo, os alunos passam a valorizar mais a educação, desenvolvem o sentimento de
pertencimento à escola e fortalecem os vínculos com a comunidade.
Os grêmios chegaram a ser proibidos durante a ditadura militar. Mas voltaram a existir em 1985, com a Lei
7.398 (Lei do Grêmio Livre). Essa conquista foi ratificada em 1990 pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), que prevê o direito da criança e do adolescente à livre organização e participação em
entidades estudantis.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB -1996), por sua vez, também prevê a criação dos grêmios e coloca para a
direção da escola a responsabilidade de criar condições para que eles sejam organizados.

COMO EXECUTAR
 Fazer um levantamento das escolas com menor IDEB e, a partir de conversas com a direção, os
educadores, a Associação de Pais e Mestres (APM) e, caso exista, o Conselho Escolar, para
identificar em quais unidades escolares é maior a demanda por iniciativas de motivação aos
estudantes.
 Apresentar a proposta à direção da escola identificada, discutindo o prazo, as datas e os horários
em que o grupo de agentes-chave estará presente na escola para a realização da atividade.
 Constituir um Grupo de Trabalho (GT) para a execução da ação, convidando os membros do
Conselho de Escola ou outros interessados da comunidade escolar a participarem.
 Pesquisar sobre a história e a atuação dos grêmios nas escolas e compartilhar com o GT textos
sobre o assunto. O Instituto Sou da Paz, por exemplo, elaborou a cartilha “Grêmio Estudantil – é
hora de participar” que traz várias orientações. Acesse:
http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/cartilha_gr%c3%aamio_04_2008.pdf.
No site da entidade, também há outras discussões a respeito dos Grêmios:
http://www.soudapaz.org/Default.aspx?alias=www.soudapaz.org/formacaodegremios
 Reunir-se com o GT para elaborar um plano de trabalho.
QUEM PODE EXECUTAR
Mobilizadores, agentes-chave, representantes da comunidade ou do Conselho Escolar.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
Obs: a atividade pode ser adaptada conforme a realidade local e os conhecimentos prévios do mobilizador
sobre o assunto.

Encontro 1: Sensibilização
 O GT convida os estudantes da escola para uma primeira conversa onde irão refletir conjuntamente
sobre a proposta do Grêmio Estudantil. Calcule cerca de 3 horas para a reunião, fora do horário das
aulas.
 Comece o diálogo propondo algumas perguntas para conhecer a visão que os estudantes têm sobre
o grêmio. Algumas sugestões de questões para direcionar a conversa (duração de 1 hora):
- Por que é importante termos um grêmio?
- Como imaginamos o grêmio da nossa escola?
- Como seria sua estrutura e funcionamento?
- Que tipo de atividade ele vai desenvolver?
 Converse com o grupo sobre a história da organização estudantil no Brasil e compartilhe trechos das
leis que a regulamentam. Após a leitura coletiva, o grupo pode discutir essa legislação e debater
sobre a importância dos grêmios na luta pela educação de qualidade. (duração de 1 hora)
 O encontro pode terminar com a elaboração coletiva da missão e dos objetivos do grêmio na escola
em questão. Isso pode ser primeiro trabalhado em grupos menores, e depois consensuado no grupo
com todos os participantes. (duração de 1 hora)
 Ao final, peça que os alunos reflitam se gostariam ou não de participar do grêmio e comecem a
discutir propostas com os colegas.

Encontro 2: Preparação para a eleição


 Organize um encontro para dialogar sobre participação cidadã, democracia representativa e
participativa e o ato de votar e fiscalizar os representantes eleitos. A partir daí, promova uma
discussão sobre a organização do processo eleitoral de um grêmio estudantil.
 Nessa mesma reunião, os alunos interessados em fazer parte do grêmio poderão se organizar em
chapas e trabalhar na elaboração de suas propostas e plano de trabalho. Devem pensar também em
estratégias de comunicação para divulgar essas ideias aos eleitores. Provavelmente não haverá
tempo para concluírem as propostas, mas é importante avançar ao máximo o trabalho nesse
momento em que podem contar com o apoio presencial dos representantes do GT.
 Uma comissão eleitoral deverá então ser formada (número de integrantes e composição a definir
com o grupo), com a função de organizar o pleito, definir as regras, promover debates entre as
chapas e sensibilizar a comunidade escolar para participar. Outra responsabilidade desta comissão
é estipular o período da campanha das chapas e a data das eleições, que
deverá ser aprovada pela direção da escola para encaixar-se no calendário
escolar.
 A comissão eleitoral, junto do GT e de outros representantes da comunidade escolar que se
interessem, deverá elaborar uma proposta de estatuto para o grêmio a ser criado, com base na
missão, nos objetivos e nas outras ideias discutidas no encontro de sensibilização. O documento
deve definir os princípios básicos do grêmio, sua estrutura administrativa e funções. O ideal é que
seja aprovado em assembléia pela comunidade escolar.

Encontro 3: Campanha eleitoral


 O processo eleitoral é tão importante quanto a própria eleição dos representantes, pois é o momento
em que toda a comunidade escolar vai discutir e refletir sobre projetos e visões da escola e da
educação. Os momentos de debate devem, portanto, ser valorizados e organizados pela comissão
eleitoral, com apoio do GT.
 Para montar a pauta do debate, vocês podem fazer uma pesquisa rápida com os alunos para
conhecer os assuntos que eles gostariam de discutir. Alguns pontos que não devem ser deixados de
fora:
◦ A dinâmica da escola: quais as propostas de cada chapa para a organização dos espaços, a
estrutura, as relações de poder, o aprendizado em sala de aula etc?.
◦ A relação entre escola e comunidade: como elas se relacionam? O que o grêmio pretende fazer
para estreitar essa relação?
◦ Os caminhos para uma educação de qualidade: o que precisa ser mudado nas aulas? Qual a
relação do que é trabalhado em sala com a vida dos estudantes? Como são e/ou deveriam ser
trabalhadas as questões ambientais, os desafios educacionais e a construção da cultura da
paz?
 A comissão eleitoral deve ficar responsável pela sistematização das principais ideias discutidas nos
debates, para que possam depois serem levadas em conta (e cobradas) pelo grêmio eleito.

Encontro 4: Eleição
 A comissão eleitoral organiza a eleição em dia e hora acordados pela direção da escola. O voto é
secreto e a contagem pode feita pelos representantes de classe, acompanhados de dois delegados
de cada chapa e, caso o grupo deseje, dois educadores.
 Os resultados devem ser anunciados logo ao final da apuração. Uma foto dos integrantes da chapa
vencedora pode ser exposta nos murais da escola, para que se tornem conhecidos por todos.
 É interessante reservar também um momento para que a comissão eleitora, junto do GT e dos
representantes das chapas que participaram do pleito, avalie e reflita sobre todo o processo,
registrando os principais aprendizados para orientar eleições futuras.

Encontro 6: Elaboração do plano de trabalho


 Após a eleição do grêmio, o GT pode apoiar o grupo eleito na elaboração de um plano de trabalho
anual. As possibilidades de atuação do grêmio são muito amplas: organização de eventos
esportivos, atividades culturais, palestras, projetos sociais, debates, participação no Conselho
Escolar etc. Mas não se esqueça de que o plano de trabalho deve ser baseado
naquilo que foi discutido nos debates pré-eleição.

RECOMENDAÇÕES
 Um grêmio estudantil pressupõe um trabalho essencialmente coletivo. Procure manter esse espírito na
execução de todas as atividades, valorizando o trabalho em grupo, a tomada de decisões no coletivo e
a diversidade de opiniões e experiências.

 Organize os encontros fora dos horários de aula, dando chance para a participação do maior número
possível de pessoas.

 O estatuto do Grêmio Estudantil não precisa ser registrado em cartório, mas deve ser encaminhado
para a direção da escola, o Conselho Escolar e a APM. Em alguns casos, a Secretaria de Educação
também recebe uma cópia. Para ver um modelo de estatuto, acesse o site:
http://www.revistamundojovem.com.br/subsidios-gremio_estudantil-12.php

 É importante que representantes do grêmio participem das reuniões do Conselho de Escola, da APM e
de outros espaços de tomada de decisão na unidade escolar (como os encontros de representantes de
classe), pois aí são discutidos muitos assuntos de interesse dos estudantes. Lembre-se de prever isso
no estatuto.

 Apesar de defender em primeiro lugar os interesses dos alunos, o Grêmio Estudantil deve ver os
representantes dos demais segmentos da comunidade escolar como importantes parceiros do seu
trabalho. Para iniciar essa aproximação, o grêmio pode convidar a direção, a coordenação, os
professores e demais funcionários para uma reunião de apresentação das suas idéias e projetos.

 O grêmio está dentro de uma escola que possui regras. É importante conhecê-las para planejar bem as
atividades.

 O grêmio deve se manter distante da política partidária, respeitando a pluralidade ideológica de cada
estudante.

OBSERVAÇÃO

A atividade aqui apresentada foi elaborada pelo Instituto Paulo Freire.

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