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VISÃO GERAL DA

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Parte 1
1 Introdução à
Administração Financeira

Sejam bem-vindos ao nosso estudo da Administração Finan-


ceira e Orçamentária. A Administração Financeira e Orçamentária é a
disciplina que trata dos assuntos relacionados à administração das
finanças tanto na sua vida pessoal como na vida de empresas e orga-
nizações, ou seja, é a área da administração que trata do planejamen-
to, da organização, da direção e do controle dos recursos financeiros
utilizados por determinadas empresas.
Nesse tema iremos abordar o papel da Administração financeira
na condução de uma empresa, as demonstrações financeiras, espe-
cialmente o balanço patrimonial, e a demonstração do resultado do
exercício. Vamos estudar também como elaborar um fluxo de caixa
visando o planejamento financeiro e o comportamento do valor do
dinheiro no tempo.
14 Administração Financeira e Orçamentária

1.1 O papel e o ambiente da Administração Fi-


nanceira

Diariamente, quando ligamos a televisão ou


abrimos o jornal, ouvimos e lemos referências a
taxas de juros, como anda o mercado de ações e
várias outras questões relacionadas à administra-
ção financeira. Todos os fatores financeiros exercem
enorme influência em nossa vida pessoal e profis-
sional, mas, na maioria das vezes, não entendemos
o significado de cada informação.
A administração financeira estuda o compor-
tamento das diversas operações financeiras e ativi-
dades da empresa, focando sempre o desenvolvi-
mento, os gastos desnecessários, os desperdícios,
de maneira mais eficiente possível.
Uma das principais atividades do administra-
dor financeiro é a análise e o planejamento finan-
ceiro, levando a tomar decisões de investimento e
financiamento.
Para compreender o uso da administração
financeira, vamos adquirir uma visão geral sobre
1 Devido ao aumen- Finanças1, porque um bom administrador deve co-
to na complexidade
dos negócios e nhecer profundamente as finanças da empresa.
operações do O termo finanças deve ser entendido como
mercado, o estudo
das finanças evoluiu a maneira de administrar o dinheiro, ao longo do
bastante,levando o tempo. Quando estudamos Finanças, o objetivo é o
administrador finan-
ceiro a buscar novas patrimônio líquido ou riqueza dos proprietários dos
formas de atuação recursos, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas.
no mercado.

2 O ativo financeiro Áreas básicas de Finanças


de uma empresa ou
de uma pessoa é o
conjunto de títulos 1 - Serviços Financeiros - Compreendem os
representativos de
parte patrimonial
investimentos, as instituições financeiras e as fi-
ou de dívida desta nanças internacionais
empresa ou desta Nos investimentos decidimos sobre o preço
pessoa
de um ativo financeiro2 como ações e obrigações,
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 15

bem como os riscos e retornos associados a um


investimento e qual a melhor composição de um
conjunto de ativos.
Nas instituições financeiras se concentram to-
dos os assuntos financeiros, como os Bancos e as
companhias de seguros.
Nas finanças internacionais estão todos os
aspectos internacionais, tanto de finanças corpo-
rativas quanto de investimentos ou instituições fi-
nanceiras.
2 - Administração Financeira está diretamen-
te ligada à função do administrador financeiro
nas empresas, abrangendo todas as decisões da
empresa que tenham implicações financeiras, não
importando que área funcional tenha responsabili-
dade sobre ela,ou seja,o administrador financeiro
é responsável por toda gestão de negócios finan-
ceiros da empresa.

Formas jurídicas de organização de uma em-


presa

As maneiras mais comuns de organização de


uma empresa são:

Firma individual - é uma empresa constituída


por apenas um proprietário. Só ele recebe os lucros
e assume também os prejuízos.

• Pontos fortes: Todo lucro da firma individu-


al é do proprietário e todo lucro é tributado
como rendimento da pessoa física.
• Pontos fracos: Limitação de explorar novas
oportunidades em vista da insuficiência de
capital e as dívidas da empresa levam o
proprietário a uma responsabilidade ilimi-
tada, ou seja, os credores podem acionar
16 Administração Financeira e Orçamentária

os bens particulares do proprietário para


pagamento das dívidas.

Sociedade de pessoas - sociedade formada


por dois ou mais indivíduos, sempre visando o lu-
cro. Para sua formação geralmente exige-se um do-
cumento chamado contrato social.

• Pontos fortes: O lucro é tributado como ren-


dimento da pessoa física dos sócios; quan-
to mais sócios, maior o poder de endivida-
mento e maior possibilidade de captação
de recursos do que as firmas individuais.

• Pontos fracos: responsabilidade ilimitada


dos sócios em relação às dívidas da empre-
sa; dissolução da sociedade e dificuldade
de transferência de propriedade

Sociedade por ações - entidade legal diferente.


Constituída por uma ou mais pessoas, ou entidades,
que concede vários direitos, várias obrigações e privi-
légios a uma pessoa dentro da sociedade, geralmente
o presidente ou diretor executivo, de maneira que ela
possa tomar dinheiro emprestado, possuir imóveis em
seu nome, pode processar e ser processado e firmar
contratos, etc. Para sua formação é necessária a ela-
boração de uma documentação com regras mais rígi-
das, que descrevam a sua existência, denominado de
estatuto. Os proprietários são chamados de acionistas
3 Distribuição e são remunerados através de dividendos3, ou por ga-
periódica de lucros.
nhos referentes a variações nos preços das ações.

• Pontos fortes: Os acionistas não podem


perder mais do que investiram; a vida da
empresa é ilimitada, tendo em vista que as
ações podem ser transferidas.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 17

• Pontos fracos: O lucro da empresa e os di-


videndos dos acionistas são tributados com
alíquotas geralmente altas. O custo para
formação da sociedade geralmente é alto.

Funções do administrador financeiro

O profissional de administração financeira


precisa ser uma pessoa de bom relacionamento
com os colegas, porque é necessária a interação
com as pessoas para desenvolver com mais con-
fiança os seus trabalhos. O administrador finan-
ceiro é responsável pela análise, planejamento e
controle financeiro tomadas de decisões de investi-
mentos e tomadas de decisões de financiamentos.
Em se tratando de análise, planejamento e
controle financeiro, o profissional vai coordenar,
monitorar e avaliar todas as atividades existentes
na empresa, através de relatórios financeiros ge-
rados por ele, além de participar ativamente das
decisões estratégicas, para alavancar as operações.
Nas decisões de investimentos, o profissional
destinará os recursos financeiros para aplicação em
ativos correntes e não correntes, sempre levando
em consideração a relação de risco e retorno dos
capitais investidos.
Nas decisões de financiamentos, o profissio-
nal irá captar recursos financeiros para o financia-
mento de ativos correntes não correntes, sempre
analisando o critérios de financiamento a curto e a
longo prazo.

Relação com a economia

Como as empresas desempenham seu tra-


balho dentro de uma economia, o administrador
financeiro precisa entender os conceitos gerais de
18 Administração Financeira e Orçamentária

economia, bem como o seu funcionamento, e estar


sempre atento às mudanças da política econômica.

Relação com a contabilidade

A contabilidade coleta e apresenta os dados


financeiros e a administração financeira avalia os
dados apresentados através das demonstrações
contábeis e com dados adicionais tomam as deci-
sões, com base na análise marginal.
De acordo com Gitman,

Os administradores necessitam
de informações que lhes deem
suporte em todas as etapas
da gestão empresarial, seja
no planejamento, na execução
das atividades ou na avaliação
de desempenho dos gestores
e análise do resultado. Diante
disso, torna-se relevante o pa-
pel da Contabilidade, enquanto
provedora de informações para
o processo de tomada de de-
cisões dentro da empresa, bem
como aos usuários externos, o
que envolve, além dos procedi-
mentos tradicionais, a análise e
comunicação das informações,
por meio de relatórios, de
acordo com as necessidades
da organização (2010, p. 9-11).

O que é o Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é considerado um dos prin-


cipais instrumentos de análise e avaliação de uma
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 19

empresa, bastante usado pelo contabilista para


controlar as entradas e saídas de dinheiro e partin-
do daí preparar as demonstrações financeiras, reco-
nhecendo as receitas no momento da venda, indife-
rente de receber ou não o pagamento. É o princípio
aceito denominado regime de competência4. 4 Reconhece a
receita no momento
Já o administrador financeiro analisa os flu- da venda e as
xos de caixa, as entradas e saídas de dinheiro, com despesas quando
são incorridas
o objetivo de cumprimento das obrigações e ter
uma visão futura dos recursos financeiros da em-
presa. Então, para isso, utiliza o princípio denomi-
nado regime de caixa5. 5 Reconhece a
receita e a despesa
Os números de caixa podem ser, e geralmen- somente quando
te são, diferentes dos números de competência. ocorrem as efetivas
entradas e saídas
O fluxo de caixa representa a previsão de de caixa. As datas
entradas e saídas de recursos monetários por um de recebimentos
e pagamentos
determinado período, de acordo com os dados le- determinam os
vantados mediante projeções financeiras atuais da registros.
empresa, com o principal objetivo de fornecer infor-
mações para a tomada de decisões.

Objetivos da empresa

O objetivo econômico de qualquer empresa


é a maximização de seu valor de mercado, ou seja,
o aumento da riqueza de seus proprietários, sejam
eles acionistas de sociedades por ações ou sócios
de uma sociedade de pessoas.
Todo investidor aplica seus recursos na orga-
nização visando obter um retorno positivo e a fun-
ção do administrador financeiro é fazer o possível
para buscar recursos com custos bem mais baixos
do que a empresa propõe. 6 São grupos que
possuem ligação
Apesar da maximização da riqueza ser o prin- econômica direta
cipal objetivo, atualmente, algumas empresas estão com a empresa,
como fornecedores,
focando também os interesses em outros grupos credores, clientes,
chamados de stakeholders6. Esse relacionamento etc.
20 Administração Financeira e Orçamentária

positivo com os stakeholders proporciona a preser-


vação da empresa e consequentemente seu bem
estar. Isso faz parte da chamada responsabilidade
social da empresa.

Problema de agency ou conflito de interesses

A relação entre administradores e proprietários


é denominada relação de Agência, onde os adminis-
tradores são considerados agentes dos proprietários.
Nesta relação existe sempre a possibilidade de con-
flito de interesse entre o proprietário do capital e o
administrador, tendo em vista que o administrador foi
contratado para tomar decisões e administrar negó-
cios, no entanto, por outro lado, o administrador se
preocupa também com sua própria riqueza mediante
benefícios recebidos. E diante disso pensa muito an-
tes de assumir um risco maior, com medo de ameaçar
seu emprego. E consequentemente o retorno não é o
máximo que o acionista poderia adquirir. Tal conflito
é denominado problema de agency.

INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

No livro de GITMAN, Lawrence J. Princípios de ad-


ministração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson,
2010 nas páginas 1 a 36 existem bastantes infor-
mações a respeito da introdução à administração fi-
nanceira que poderão agregar mais conhecimentos
em relação ao assunto.

No livro NETO, Alexandre Assaf. Curso de adminis-


tração financeira. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009,
nas páginas 4 a 25 também existem muitas infor-
mações no tocante a todo o assunto.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 21

PARA REFLETIR

Você está pronto para entender os diversos con-


ceitos da administração financeira? Se você está
inseguro, deve reler cada item, buscando mais co-
nhecimentos através da bibliografia complemen-
tar indicada. Imagine você em uma empresa como
administrador financeiro. Já sabe que o objetivo
econômico de qualquer empresa é aumentar seu
valor de mercado e, consequentemente, aumentar
a riqueza de seus donos, sejam eles acionistas de
sociedades por ações ou sócios das demais socie-
dades. Em relação às sociedades por ações, como
você visualiza o sistema de lucro? E para outros
tipos de sociedades, de maneira que venha aumen-
tar a riqueza dos proprietários? Pense e discuta
com seus colegas.

1.2 Demonstrações financeiras e sua análise

A Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404)


determina a estrutura básica das quatro demons-
trações financeiras.
A legislação fiscal tornou essas determina-
ções obrigatórias também para os demais tipos de
sociedades. Por essa razão, todas as empresas, no
Brasil, divulgam suas demonstrações financeiras
sob a forma prevista na Lei das S.A.
22 Administração Financeira e Orçamentária

As quatro principais demonstrações financei-


ras são:

• Balanço patrimonial;
• Demonstração do resultado do exercício;
• Demonstração de lucros e prejuízos acumu-
lados ou demonstrações das mutações do
patrimônio líquido;
• Demonstração dos fluxos de caixa.

Para elaborar e manter registros dos relató-


rios financeiros são utilizados os princípios contá-
7 São diretrizes beis geralmente aceitos7.
para as práticas e
procedimentos a
serem adotados Vamos estudar o balanço Patrimonial e o De-
na elaboração e
manutenção de monstrativo do resultado do exercício.
registros e relatórios
financeiros
Balanço patrimonial - É constituído pelo Ati-
vo, pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido. Repre-
senta uma situação resumida da empresa em deter-
minado momento. A maioria das empresas encerra
o balanço em 31 de dezembro de cada ano, de
acordo com o encerramento do ano civil.
O Ativo é apresentado como: Circulante, Rea-
lizável a Longo Prazo e Permanente.

O Ativo Circulante compreende:


• Disponibilidades: As disponibilidades são
os recursos que podem ser utilizados ime-
diatamente. Como por exemplo: conta cai-
xa, conta bancos, fundos de curto prazo;
• Direitos realizáveis a curto prazo: represen-
tam os recursos aplicados e direitos que po-
derão ser convertidos em dinheiro no prazo
de um ano. Como exemplo temos: contas a
receber de seus clientes por venda a prazo;
• Estoques: mercadorias para revenda, maté-
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 23

rias-primas, produtos acabados e materiais


de consumo em geral;
• Despesas antecipadas ou aplicações de re-
cursos em despesas do exercício seguinte
- representam recursos aplicados anteci-
padamente, mas que só geram benefícios
ou serviços no exercício seguinte. Exemplo:
prêmios de seguros a apropriar, comissões
pagas antecipadamente, etc.

O Ativo Realizável a Longo Prazo - Abrange


mesmo grupo do ativo circulante, sendo que os
direitos são realizáveis após o término do exercício
seguinte. Direitos derivados de adiantamentos ou
empréstimos a sociedades coligadas ou controla-
das, diretores, acionistas.

O Ativo Permanente compreende:

• Investimentos: São os direitos de qualquer


natureza, que não são contemplados no Ati-
vo Circulante, ou Realizável a Longo Prazo e
que não estão diretamente ligados à manu-
tenção das atividades operacionais da em-
presa, como terrenos e imóveis para futura
utilização, incentivos fiscais, obras de arte,
etc. e participações permanentes em outras
sociedades
• Imobilizado: Representam os bens que es-
tão diretamente destinados à manutenção
das atividades normais da empresa, ou
exercidos com esta finalidade, como insta-
lações, veículos, móveis e utensílios, Má-
quinas e equipamentos, etc., inclusive os
de propriedade comercial ou industrial.
• Diferido: Aplicações de recursos em despe-
sas que contribuirão para a formação do re-
24 Administração Financeira e Orçamentária

sultado de mais um exercício social, inclusi-


ve juros pagos ou creditados aos acionistas
durante o período que anteceder o início
das operações sociais.

O Passivo é apresentado como: Circulante,


Passível Exigível a Longo Prazo e Resultado de
Exercícios Futuros.

• Passivo circulante - Obrigações da compa-


nhia, inclusive financiamentos para a aqui-
sição de direitos do Ativo Permanente quan-
do vencerem no exercício seguinte;
• Passivo exigível a longo prazo - Obrigações
vencíveis em prazo maior do que o exercício
seguinte;
• Resultado de exercícios futuros - Receitas
de exercícios futuros diminuídas dos custos
e despesas correspondentes.

O Patrimônio Líquido compreende:

• Capital Social - Montante do capital subs-


crito e, por dedução, parcela não realizada;
• Reservas de Capital - Ágio na emissão de
ações ou conversão de debêntures e par-
tes beneficiárias. Produto da alienação de
partes beneficiárias e bônus de subscrição,
prêmios recebidos na emissão de debêntu-
res, doações e subvenções para investimen-
tos e correção monetária do capital realiza-
do, enquanto não capitalizada;
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 25

• Reservas de Reavaliações: Contrapartida do


aumento de elementos do Ativo em virtu-
de de novas avaliações, documentadas por
laudo técnico;
• Reservas de Lucros: Contas constituídas a
partir de lucros gerados pela companhia;
• Lucros ou Prejuízos Acumulados: Lucros ge-
rados pela companhia, que ainda não rece-
beram destinação específica.

As contas são apresentadas no balanço em


ordem crescente do grau de liquidez para o ativo e
de exigibilidade para o passivo.

Tabela I

Estrutura do Balanço Patrimonial

BALANÇO PATRIMONIAL DE UMA EMPRESA


EM 31/12/XX, DE ACORDO COM A L LEI 6.404 E AS
ALTERAÇÕES PELA LEI 11.638/07
26 Administração Financeira e Orçamentária

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

-Disponível -Obrigações comerciais


Caixa Títulos a pagar
Banco conta movimento Fornecedores
Duplicatas a pagar
-Créditos Fretes a pagar
ICMS a recuperar
Duplicatas a receber -Obrigações fiscais
Outras contas a receber ICMS a recolher
(-)duplicatas descontadas PIS a recolher
(-)provisão para devedores duvidosos Cofins a recolher
Provisão para contribuição fiscal
-Estoques Provisão para Imposto de Renda
Mercadorias
Produtos em elaboração -Obrigações trabalhistas
Salários a pagar
-Despesas do exercício seguinte Provisão para o 13º salário
Prêmios de seguros a apropriar FGTS a recolher
Comissões pagas antecipadamente INSS a recolher

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO -outras obrigações


Financiamentos bancários
-Créditos Aluguéis a pagar
Duplicatas a receber
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
PERMANENTE Financiamentos a longo prazo
-Investimentos Duplicatas a pagar
Ações de outras companhias
Obras de arte RESULTADO DO EXERCÍCIO FUTURO
Receitas antecipadas
-Imobilizado Receita de exercícios Futuros
Veículos (-) Custos
Móveis
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Máquinas Capital Social
(-) depreciação acumulada Reservas de capital
(-) exaustão acumulada (+/-) ajustes de avaliação patrimonial
Reservas de lucros
-Intangível (-) ações em tesouraria
Bens incorpóreos (-) prejuízos acumulados
Fundo de comércio adquirido

-Diferido
Despesas pré-operacionais
(-) amortização acumulada
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 27

Demonstração do resultado do exercício - é


uma demonstração que mostra o fluxo de receitas e
despesas, que resultam em aumentos ou reduções
do Patrimônio Líquido. Ela retrata apenas o fluxo
econômico e não o fluxo de dinheiro, ou seja, as
despesas são apuradas segundo regime de com-
petência

Tabela II

Estrutura da demonstração do resultado do


exercício

Receita Bruta de Vendas e Serviços


(-) Vendas canceladas
(-) Abatimentos
(-) Impostos
(=) Receita Líquida das Vendas e Serviços
(-) Custo das Mercadorias e Serviços Vendi-
dos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas com Vendas
(-) Despesas Financeiras Líquidas
(-) Despesas Gerais e Administrativas
(-) Outras receitas e despesas operacionais
(+) Outras Receitas Operacionais
(=) Lucro ou Prejuízo Operacional
(+) Receitas não Operacionais
(-) Despesas não Operacionais
(+) Saldo da Correção Monetária
(=) Resultado do Exercício antes do Imposto
de Renda
(-) Provisão para o Imposto de Renda
(-) Participações de Debêntures
(-) Participação dos Empregados
(-) Participação dos Administradores e Partes
Beneficiárias
28 Administração Financeira e Orçamentária

(-) Contribuições p/ Instituições, Fundo de As-


sist. ou Previdência de Empregados
(=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício
(=) Lucro ou Prejuízo por Ação

Aplicação de índices financeiros

A técnica que envolve análise financeira por


meio de índices abrange as contas e grupos de
contas, relacionando cada uma delas, demonstran-
do diversas conclusões sobre as tendências finan-
ceiras da empresa.
A análise dos índices é efetuada com base no
balanço patrimonial e nas demonstrações do resul-
tado. Será utilizado o ano civil quando se referir ao
período de um ano.
Existem vários índices para analisar as ten-
dências da empresa. Eles podem ser classificados
em índice de liquidez, de atividade, de endivida-
mento, de lucratividade e de valor e mercado. Sen-
do que os três primeiros medem os riscos, os de
lucratividade medem o retorno e o de valor de mer-
cado mede risco e retorno.

Vamos estudar alguns índices:


Índices de liquidez: Os índices desse grupo
mostram a base da situação financeira da empresa.
São muito utilizados por credores para confrontar
os ativos circulantes com as dívidas. Quanto maior
o índice melhor.

a) Liquidez Geral (ILG) - Mede se a empresa


conseguirá fazer frente a todas as suas obrigações.
Serve para verificar quanto de reais a empresa pos-
sui para cada R$ 1,00 de dívida geral.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 29

ILG =
Ativocirculante + ativorealizavelalongoprazo
Passivocirculante + Passivoexigivelalongoprazo

Por exemplo, se o índice for igual a 1,35, sig-


nifica que a empresa conseguirá a longo prazo pa-
gar todas as suas dívidas e ainda sobrará R$0,35 a
cada R$ 1,00 pago.

b) Liquidez corrente (ILC) - É um dos mais


usados. Indica se o Ativo Circulante é suficiente
para cobrir as dívidas de curto prazo. Serve para
verificar quanto de reais a empresa possui de curto
prazo, para cada R$ 1,00 de suas dívidas de curto
prazo.
Ativocirculante
ILC =
Passivocirculante
Por exemplo, se o índice for igual a 0,95, sig-
nifica que a empresa poderá não conseguir pagar
todas as suas dívidas, se nada for feito, pois para
cada R$ 1,00 a empresa só possui R$ 0,95, faltando
R$ 0,05 para o cumprimento da obrigação.

Índices de Atividade – são índices que indi-


cam a velocidade com que as contas se transfor-
mam em vendas ou caixas. São calculados relacio-
nando os elementos patrimoniais com os itens da
demonstração de resultados.

a) Giro de estoque (GE): Mede a liquidez do


estoque de uma empresa. Só tem sentido se for
comparado com o giro da empresa no passado, ou
com outras empresas do mesmo setor. Se dividirmos
365 dias pelo valor do giro do estoque, temos a ida-
de média do estoque, ou seja, significa a quantidade
de dias que os estoques completam o giro.
30 Administração Financeira e Orçamentária

Custodasmercadoriasvendidas
EEs=
GA
G
Estoques
b) Giro do Ativo Total (GAT) - Mostra como a
empresa administra seus ativos para gerar vendas.
Quanto maior o giro de ativo total de um negó-
cio realizado, maior a eficiência na utilização dos
ativos, ou seja, depende do bom desempenho da
área comercial.
Vendas
GAT =
AtivoTotal
Se o índice for R$ 1,22, significa que para
cada R$ 1,00 investido no Ativo a empresa conse-
guiu vender R$ 1,22, isto é, o volume de vendas
atingiu 1,22 vezes o volume de investimentos.

Índices de Endividamento (IE) - medem o


rendimento dos capitais investidos na empresa. As
empresas que usam capital de terceiros ou outras
formas de financiamento com o fim de aumentar a
taxa de lucros sobre o capital próprio, esquecendo
que aumenta o lucro, mas existem os juros e en-
cargos que são fixos. Esse processo é chamado de
8 É quando, dentro alavancagem financeira8.
da estrutura de
capital da empresa,
existe a presença de a) Índice de endividamento em geral (IEG)
capitais de terceiros
que deva remunerar - Avalia a proporção de ativos totais da empresa
o uso através financiada pelos credores. Quanto maior for este ín-
dos encargos
financeiros.
dice, significa que maior será o montante de capital
de terceiros dentro da empresa.
Passivototaal
l
IEG =
Ativototal
b) Índice de cobertura de Juros (ICJ): Avalia a
capacidade da empresa de gerar lucro operacional
suficiente de maneira que possa cobrir suas despe-
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 31

sas com o pagamento de juros. Em geral, quanto


maior seu valor, implicará em maior capacidade da
empresa de honrar o pagamento de juros. É traba-
lhado para que seja superior a 1.
Lucroantesdejuroseimpostoderenda (LAJIR )
ICJ −
Despesasfinanceiras
Índices de rentabilidade- Estes índices são
utilizados para medir a capacidade econômica da
empresa, ou seja, mostram o grau de sucesso eco-
nômico obtido diante do capital investido na em-
presa.

a) Margem de Lucro Bruto (MLB9) - Mostra 9 Esse índice é


bastante utilizado
a porcentagem de cada valor monetário de venda para os pequenos
que ficou após a empresa ter pago suas mercado- comerciantes. Na
época de inflação
rias. Quanto maior essa margem, melhor será o re- alta,se ele não
sultado, porque o custo das mercadorias vendidas aumentar os seus
preços, mediante o
será menor. aumento dos custos
o seu lucro ficará
LucroBruto
MLB = reduzido
Re
R
e ceitadeVendas
b) Margem de Lucro Operacional (MLO) – re-
presenta o retorno que a empresa adquiriu diante
do que conseguiu gerar de receitas. Geralmente é
denominado de “lucro puro, porque é o lucro obti-
do em cada real de venda da mercadoria, sem levar
em consideração os juros, os impostos, etc.
LucroOperacional
MLO =
R
e ceitadeVendas
Re
Se, por exemplo,o índice é de 1,21, represen-
ta que para cada R$1,00 vendido a empresa conse-
guiu um retorno de R$ 1,21.

Índices de valor de mercado - Mede o valor


de mercado de uma empresa através do preço cor-
32 Administração Financeira e Orçamentária

rente de suas ações e determinados valores con-


tábeis.

a) Índice preço/lucro ou simplesmente índice


P/L – Representa o montante que os investidores
estão dispostos a pagar por real de lucro da empre-
sa. Quanto mais alto o P/L maior a confiança.
P
r ecodomercadoporaçãoordinária
Pr
IndiceP / L =
Lucroporaç ão
Lucroporação
Por exemplo, um P/L igual a 12 significa para
o investidor que o mesmo está pagando R$ 12,00
para cada R$ 1,00 de lucro. Informação essa que
não terá sentido se for efetuada de maneira isola-
da, ou seja, o índice P/L é mais informativo quando
comparado a empresas semelhantes.

INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

No livro de GITMAN, Lawrence J. Princípios de ad-


ministração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson,
2010 nas páginas 38 a 93 existem bastantes infor-
mações a respeito das demonstrações financeiras,
que poderão agregar mais conhecimentos em rela-
ção ao assunto.

No livro NETO, Hoji Masakazu. Administração Finan-


ceira e Orçamentária. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2009
nas páginas 260 a 299 também estão dispostos
todo assunto.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 33

PARA REFLETIR

Imagine que você chegou em uma empresa para


trabalhar como administrador financeiro e o pro-
prietário querendo lhe avaliar, apresenta as se-
guintes contas patrimoniais, com seus respecti-
vos saldos: Disponível (1.100), estoques (15.000),
despesas antecipadas (1.500), Clientes (20.000),
Realizável a Longo prazo(8.500), Ativo Permanen-
te (36.400), Patrimônio Líquido (16.500), Passivo
circulante (36.000) e Passivo exigível a longo Prazo
(30.000) e lhe pergunta se a empresa vai conseguir
pagar as suas dívidas a curto prazo. O que você
faria? Monte o balanço patrimonial da empresa e
discuta com seus colegas.

1.3 Fluxo de Caixa e Planejamento Financeiro

Já sabemos que o fluxo de caixa é conside-


rado um dos principais instrumentos de análise e
avaliação de uma empresa, levando ao administra-
dor uma visão futura dos recursos financeiros da
empresa.
A elaboração de um fluxo de caixa permite
avaliar a capacidade de uma empresa de gerar
seus recursos de maneira que venha suprir o au-
mento das necessidades de capital de giro ge-
radas de acordo com o nível da atividade, bem
como remunerar os proprietários da empresa, pa-
gar impostos, etc.
Para elaborar um fluxo de caixa da empresa,
não é tão difícil como parece. Com certeza depen-
derá do tamanho da mesma. A primeira atitude é
montar uma planilha mensal para demonstrar dia-
riamente quanto a empresa tem a receber de seus
34 Administração Financeira e Orçamentária

clientes e quanto vai pagar a seus fornecedores,


funcionários, impostos e demais compromissos. No
final de cada mês, diante da importante ferramen-
ta, o empresário analisará e começará a perceber
alguns erros que poderiam ser evitados.
No ponto de vista contábil o fluxo de caixa
é resumido na demonstração de fluxos de caixa da
empresa. No ponto de vista financeiro, as empresas
se preocupam tanto com fluxo de caixa operacio-
10 O fluxo de caixa nal, como o fluxo de caixa livre10.
livre corresponde
à quantidade de Um fator importante na determinação do flu-
fluxo de caixa que xo de caixa é a Depreciação.
se encontra com
os investidores, A Depreciação de bens do ativo imobilizado
em títulos da corresponde à diminuição do valor, resultante do
empresa depois
cobrir todas as desgaste pelo uso, ação da natureza ou obsoles-
necessidades ope- cência normal. É a perda de valor dos ativos.Corres-
racionais e pagar os
investimentos em
ponde ao lançamento sistemático de uma parcela
ativos permanentes dos custos do ativo imobilizado contra as receitas
líquidos e ativos
circulantes líquidos.
de cada exercício, e é determinado para fins fiscais
de acordo com a legislação do imposto de renda.
De acordo com a legislação o valor depreci-
ável de um ativo é seu custo integral, incluindo os
gastos de instalação.
O tempo de vida útil de um bem é calculado
de acordo com o prazo durante o qual é possível
a sua utilização nas operações da empresa (e a
produção de seus rendimentos). Isto é, o valor de-
preciável é sempre o valor de aquisição do bem
e todos os gastos necessários para colocá-lo em
funcionamento, se for o caso, menos o seu valor
residual (valor a ser recuperado no final de sua
vida útil).
Para fins fiscais a vida útil de um ativo tem
seu prazo de recuperação predeterminado. Veja
prazo de algumas categorias de ativos.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 35

Tabela III

TABELA DE PRAZO DE DEPRECIAÇÃO

Tipos de bens Prazo Taxa anual

1 - Computadores, copiadoras 5 anos 20%a.a

2 - Móveis e utensílios, instalações, etc. Automóveis, ca- 5 anos 20%a.a


minhões leves e ativos semelhantes

3 - Edifícios e Construções 25 anos 4% a,a

4 - Refrigeradores, congeladores (“freezers”) e outros ma- 10 anos 10% a.a


teriais, máquinas e aparelhos para a produção de frio.
com equipamento elétrico ou outro, etc. Equipamentos,
ferramentas, máquinas

As taxas poderão ser superiores se a empre-


sa comprovar, por laudo pericial, a diminuição da
vida útil do bem.
Métodos de depreciação - Existem diversos
métodos de depreciação. Vamos estudar dois deles.

1) Método Linear ou das quotas constantes -


contabiliza como despesa ou custo uma parcela do
bem em cada período.

Exemplo: Determinada empresa comprou, no


início de janeiro, um veículo com vida útil estimada
de 5 anos pelo valor de R$ 54.000,00, sem va-
lor residual estimado. Qual o valor da depreciação,
considerando a)não existir valor residual estimado
e b) Valor residual de R$ 5.400,00?

a) No final do primeiro ano, reconhecemos a


despesa de depreciação de R$ 54.000,00
: 5= R$10.800,00 por ano.
36 Administração Financeira e Orçamentária

Para efeito de apuração de resultados men-


sais calculamos o valor da depreciação mensal:
R$10.800,00 / 12 =R$ 900,00 por mês.

b) Considerando um valor residual de R$


5.400,00, correspondente a 10% do
bem, o valor anual da depreciação será
(R$54.000,00 - R$ 5.400,00) / 5 = R$
9.720,00 por ano.
Para efeito de apuração de resultados men-
sais calculamos o valor da depreciação mensal:
R$ 9.720,00 / 12 = R$ 810,00 por mês.

A contabilização do valor da depreciação


mensal será efetuada da seguinte forma: débito de
despesa de depreciação e crédito da conta Depre-
ciação Acumulada. Portanto, o lançamento será:
Débito – Despesa de Depreciação R$ 810,00
Crédito – Depreciação Acumulada R$ 810,00

Para que conheçamos o valor aproximado do


ativo imobilizado da empresa, no final do primeiro
ano, deve ser apresentado no Balanço Patrimonial
da seguinte forma:

Veículos R$ 54.000,00
(-) Depreciação Acumulada (R$ 10.800,00)
R$ 43.200,00

2) Método da soma dos dígitos - consiste em


somar os algarismos desde a unidade até o algaris-
mo que representa o número de anos da vida útil
do bem. No exemplo do item anterior, sem conside-
rar o valor residual, teríamos:

1+ 2+ 3+ 4+ 5 = 15
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 37

Quota do 1º ano = 5/15 x 54.000,00 = 18.000,00


Quota do 2º ano = 4/15 x 54.000,00 = 14.400,00
Quota do 3º ano = 3/15 x 54.000,00 = 10.800,00
Quota do 4º ano = 2/15 x 54.000,00 = 7.200,00
Quota do 5º ano = 1/15 x 54.000,00 = 3.600,00
TOTAL: R$ 54.000,00

Partindo daí, teremos o valor mensal da de-


preciação:
1º ano: 18.000,00 / 12 = 1.500,00
2º ano: 14.400,00 / 12 =1.200,00
3º ano: 10.800,00 / 12 = 900,00
4º ano: 7.200,00 / 12 = 600,00
5º ano: 3.600,00 / 12 = 300,00

Elaboração da demonstração de fluxos de caixa

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou


a ser obrigatória pela contabilidade em 01.01.2008,
com base na Lei 11.638/2007 para todas as socie-
dades de capital aberto ou com patrimônio líquido
superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).
A demonstração dos fluxos de caixa mostra
os fluxos financeiros relacionados com os paga-
mentos e recebimentos da empresa, mediante o
disposto em caixa, como também os investimentos
e financiamentos. Ela resume as entradas e saídas
de caixa num certo período.
Existem os métodos direto e o indireto para
elaboração do DFC. No método direto, a demonstra-
ção é elaborada a partir de toda movimentação do
caixa da empresa, os recebimentos, os pagamentos,
ou seja, os fluxos operacionais são evidenciados
pela análise direta das entradas e saídas de caixa.
No método indireto, a demonstração é ela-
borada a partir do resultado, ou seja, do lucro ou
prejuízo.
38 Administração Financeira e Orçamentária

Diante de nossa realidade, a maioria das em-


presas brasileiras utiliza método direto, devido à
possibilidade de trazer mais benefícios, principal-
mente para a redução dos custos financeiros.
Tanto pelo método direto, como pelo méto-
do indireto, as demonstrações dos fluxos de caixa
são elaboradas levando em consideração três im-
portantes áreas de atividades: Atividades Operacio-
nais; Atividades de Investimento e Atividades de
Financiamento.
As Atividades Operacionais são as receitas e
os gastos advindos da industrialização, comerciali-
zação ou prestação de serviços da empresa e estão
ligadas ao capital circulante líquido da empresa.
As Atividades de Investimento são os gastos efe-
tuados no Realizável a Longo Prazo ou no Ativo Per-
manente, bem como as entradas por venda de ativos
imobilizados, que são utilizados na produção de
bens e serviços, de investimentos em outras socie-
dades, bem como os recebimentos na alienação
desses ativos. Incluem, ainda, os desembolsos rela-
tivos à concessão de empréstimos a terceiros e os
recebimentos na amortização desses empréstimos.
As Atividades de Financiamento são os re-
cursos obtidos do Exigível a Longo Prazo e do
Patrimônio Líquido. Devem ser incluídos aqui os
empréstimos e financiamentos de curto prazo. Aqui
se incluem os recursos recebidos dos sócios (inte-
gralizações de capital em dinheiro) e os dividendos
pagos aos acionistas e distribuição de lucros.
A maneira como é evidenciada os fluxos de
atividades operacionais é que faz a diferença dos
dois métodos, enquanto que os fluxos das ativi-
dades de financiamento e das atividades de
investimento são demonstrados de igual maneira
nos dois métodos.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 39

Exemplo: A Franca Veículos Ltda. é uma con-


cessionária de veículos importados constituída re-
centemente. No primeiro mês de atividade, foram
registradas as seguintes ocorrências, em relação
aos pagamentos e recebimentos:
Os sócios da empresa integralizam o capital
no valor de R$ 500.000,00;
A empresa adquire à vista móveis e utensílios
no valor de R$ 100.000,00 e máquinas e ferramen-
tas no valor de R$ 200.000,00
Pagamento à montadora pela compra de veí-
culos no valor de R$ 600.000,00
Recebimento de clientes pela venda de veícu-
los no valor de R$ 560.000,00
Pagamento do aluguel da loja no valor de R$
40.000,00
Pagamento de salários a funcionários no va-
lor de R$ 50.000,00

Obs. Pelos dados fornecidos no problema, o


método que devemos utilizar é o método direto.

Observe que no primeiro mês de atividades a


empresa pagou mais do que recebeu no Operacio-
nal. Isso é considerado normal, em virtude de ter
iniciado a atividade. Para que a empresa sobreviva
e ganhe dinheiro, em regra geral, é necessário que
os recebimentos operacionais superem os paga-
mentos operacionais.
As Atividades de Investimentos consumiram
R$ 300.000,00. Esse dinheiro precisa ser investido
para que a empresa possa operar.
As atividades de Financiamentos geraram en-
tradas de R$ 500.000,00. O comportamento deste
grupo varia ao longo do tempo. Há períodos em que
gera caixa, como na integralização de capital por
parte dos sócios, ou na obtenção de empréstimos
40 Administração Financeira e Orçamentária

e financiamentos, e há períodos em que consome


caixa, como na amortização de empréstimos e finan-
ciamentos ou nos pagamentos de dividendos.
O caixa líquido da empresa é a composição
do operacional mais Investimentos, mais Financia-
mentos. Observe que no exemplo citado é igual a
R$ 70.000,00, isto é, entrou mais do que saiu do
Caixa.
Observe que é possível, através desse de-
monstrativo, saber onde está a origem do proble-
ma financeiro, se é no operacional, no investimen-
to, no financiamento ou numa combinação dos três
grupos.

Indicadores financeiros baseados em fluxo de


caixa

Esses indicadores servem para analisar o de-


sempenho operacional da empresa. Podem ser cal-
culados para médio e longo prazos, pois conside-
ram que tudo que foi realizado na demonstração de
resultado, menos as contas excluídas, obedecem o
regime de caixa.
Os principais indicadores são:

Fluxo de Caixa Operacional (FCO) - Represen-


ta todo dinheiro gerado de uma atividade de ne-
gócio normal da empresa, ou seja, mostra se os
ativos operacionais estão gerando caixa.
Para alguns analistas financeiros é um dos
melhores índices para avaliar a geração de caixa
operacional, em virtude de considerar apenas os
resultados operacionais que afetam o caixa.

FCO = LAJIR – Imposto de renda + Deprecia-


ção.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 41

Onde LAJIR é Lucro antes dos juros e Imposto


de Renda.

Quando o Fluxo de caixa operacional é posi-


tivo significa que as operações da empresa estão
gerando caixa. Se for negativo, por vários anos a
situação da empresa é complicada e com certeza a
situação é de insolvência.

Fluxo de Caixa Livre (FCL) - Indica o mon-


tante disponível aos investidores (proprietários e
credores) depois de cumprir todas as necessidades
operacionais para garantir a manutenção e o cres-
cimento da empresa.
Para o cálculo do fluxo de caixa livre dedu-
zimos do Fluxo de caixa operacional os valores lí-
quidos investidos em ativo permanente e o ativo
circulante.

FCL = FCO – IAPL – IACL

Sendo:
FCO =Fluxo de caixa operacional;
IACL = Investimento no ativo circulante líqui-
do;
IAPL = Investimento no ativo permanente lí-
quido.

Quando o FCL é negativo significa que o cai-


xa gerado pelas operações da empresa não é sufi-
ciente para distribuir lucros, mas é suficiente para
remunerar o capital de terceiros.
42 Administração Financeira e Orçamentária

INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

No livro de GITMAN, Lawrence J. Princípios de ad-


ministração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson,
2010 nas páginas 94 a 105 existem bastantes infor-
mações a respeito das demonstrações financeiras,
que poderão agregar mais conhecimentos em rela-
ção ao assunto.

No livro NETO, Alexandre Assaf. Curso de adminis-


tração financeira. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009, nas
páginas 244 a 254 você também pode complemen-
tar seus estudos, resolvendo exercícios que irão fa-
cilitar sua aprendizagem.

PARA REFLETIR

Espero que você tenha percebido a importância de


um fluxo de caixa em um planejamento financeiro
de uma organização, seja ela empresarial ou fami-
liar. Aproveite a oportunidade dos conhecimentos
adquiridos e elabore um fluxo de caixa financeira
para sua vida particular. Discuta com seus colegas.

1.4 Valor do Dinheiro no Tempo

O valor do dinheiro no tempo é um dos pi-


lares mais importante das finanças. Qualquer deci-
são financeira possui custos e benefícios que são
sempre analisados ao longo do tempo, seja na vida
empresarial ou na vida pessoal.
Afinal, sempre convivemos com alguma infla-
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 43

ção. Nesse caso, depois de algum tempo, a quanti-


dade de bens e serviços que determinada soma em
dinheiro pode comprar diminui.
A maneira como se deve calcular o valor do
dinheiro no passado, no presente ou no futuro, está
baseada em comparar os valores em tempos diferen-
tes, ou seja, não podemos somar ou subtrair quantias
em dinheiro que não estejam na mesma data.
Para determinar o valor do dinheiro no tem-
po vamos estudar o valor presente, que é o valor
do dinheiro na data zero, ou seja, no início, e o
valor futuro, que é o valor do dinheiro no tempo
esperado.
Vamos usar a linha do tempo para represen-
tar um fluxo de caixa. A linha do tempo é uma reta
horizontal, em que a data zero se encontra no ini-
cio e as datas futuras estão no decorrer da linha.
Dado um valor hoje, esse valor é chamado
valor presente. Quando é acrescido de uma taxa de
juros num prazo qualquer, cujo valor gerado pelos
juros, somado ao próprio valor, nos dá o montante,
ou o valor futuro.

Cálculo do valor futuro


Quando você abre uma caderneta de poupan-
ça, você deposita o dinheiro hoje e, no final do
mês, a sua conta já possui o dinheiro que você
depositou mais a remuneração do dinheiro, que é
o juro, ou seja, você possui um montante, ou um
valor futuro. 11 É o mais utilizado
no sistema financei-
Observe que é um problema de juros com- ro do Brasil. O valor
postos11, onde os juros são adicionados ao valor do juro é crescente,
se comporta como
aplicado por período gerando um novo valor, que uma progressão
é o valor futuro. geométrica (PG),
ou seja, os juros se
Para calcular o valor futuro usamos a seguin- juntam ao capital
te fórmula: aplicado para o
cálculo dos juros do
período posterior
44 Administração Financeira e Orçamentária

VF = VP (1+ i)n, onde: VF é o valor futuro, VP


é o Valor presente, i é a taxa de juros (unitária) e
n é o tempo.
Exemplo: Quanto terei no fim de dois anos,
numa caderneta de poupança, que remunera a 6%
ao ano, se depositei hoje, R$ 750,00?

VF = 750 (1 +0,06)2
VF = 750(1,06)2 = 750 x 1,1236 = 842,70

Cálculo do valor presente


O valor presente representa o valor atual em
dinheiro do valor futuro, ou seja, enquanto no va-
lor futuro o juro é capitalizado, no valor presente
o juro é descapitalizado. Para o cálculo do valor
presente partimos da equação do valor futuro e
encontramos a equação.
Como VF = VP (1+i)n,
VF
V
F
temos que V P =
VP
(1 + i )
n

Exemplo: Quanto você deve depositar hoje,


numa conta de poupança a 6% ao ano para obter
no fim de 2 anos o valor de R$ 842,70?

Anuidades

Uma anuidade é um fluxo de caixa constante


que ocorre em intervalos regulares por um período
fixo de tempo.
Uma anuidade pode ocorrer no final de cada
período (postecipada ou ordinária) ou no início de
cada período (antecipada).
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 45

Equações para o cálculo de anuidades


1) Cálculo do valor presente de uma anuida-
de, conhecendo o valor da prestação:

Onde VP é o valor presente, VF o valor futuro,


i a taxa unitária de juros, n quantidade de períodos
e PMT o valor da anuidade.

Exemplo: Você está precisando comprar uma


copiadora para colocar na sua empresa e tem que
escolher entre comprar por R$ 10.000,00 à vista
ou pagar R$ 3.000,00 por mês em 5 meses pela
mesma copiadora,sendo a primeira prestação de
hoje a 30 dias.Se a taxa da operação ou o custo
de oportunidade é 12% ao mês qual opção você
escolheria?
⎡ (1 + 0,1 2 ) −1 ⎤
5
V
P = 3.000 ⎢ ⎥
⎣ (1 + 0,1
2 ) × 0,1
5
2 ⎦

⎡ 1,7623 − 1 ⎤
VP = 3.000 ⎢
2 ⎥
⎣1,7623 × 0,1 ⎦
⎡ 0,7623 ⎤
VP = 3.000 ⎢ ⎥ =1
0 .812,7
⎣ 0,2115 ⎦
O valor presente das prestações é maior que
o preço à vista. Portanto, se você tem o dinheiro, é
melhor pagar a vista.

Para calcular a prestação conhecendo o valor


presente é só isolar PMT na equação anterior e
teremos:
46 Administração Financeira e Orçamentária

2)Cálculo do valor futuro de uma anuidade,


conhecendo o valor da prestação:
Se depositarmos uma anuidade fixa em cada
período por vários períodos e queremos saber
quanto teremos no final do período, calculamos o
valor futuro. O valor futuro de uma anuidade no
final do período pode ser calculado como segue:

Quando uma empresa tem uma prestação fixa


a pagar, calcula-se esse valor partindo da equação
do valor futuro e teremos que:

Anuidades vencidas ou antecipadas:

As anuidades consideradas até aqui são flu-


xos de caixa no final do período (postecipadas).
Mas, o valor presente e o valor futuro sofrerão alte-
rações se os fluxos de caixa ocorrerem no início de
cada período (antecipadas) ao invés do fim.

1)Cálculo do valor presente de uma anuidade


antecipada:

2)Cálculo da prestação conhecendo o valor


presente
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 47

3)Cálculo do valor futuro, conhecendo o va-


lor da prestação

4)Cálculo da prestação, conhecendo o valor


futuro

Obs.: Uma anuidade antecipada sempre valerá


mais do que uma anuidade postecipada, porque os
juros serão compostos por um período adicional.

Sistema de Amortização de empréstimos

É uma maneira de determinar os pagamen-


tos futuros ao longo do empréstimo. Geralmente
é usada uma planilha de amortização de emprés-
timos para verificar o comportamento dos juros e
da amortização (pagamento do principal). Sendo a
soma do juro e da amortização o valor da presta-
ção.
Para calcularmos o valor da prestação, usa-
mos a equação de anuidade em que:

Exemplo: um empréstimo no valor de R$


10.000,00 deve ser amortizado em cinco anos a
taxa de 5% ao ano. Construir uma planilha de
amortização de empréstimo.
48 Administração Financeira e Orçamentária

Tabela IV

Planilha de amortização

Ano Prestação(a) Saldo Juros(c) Amortização Saldo


devedor (0,05xb) (a-c)= d devedor
inicial(b) final(b-d)=e

1 2.310 10.000 500,00 1.810 8.190

2 2.310 8.190 409,50 1.900,50 6289,50

3 2.310 6.289,50 314,48 1.955,52 4.293,98

4 2.310 4.293,98 214,70 2.095,30 2.198,20

5 2.310 2.198,20 108,91 2.200,09 -

Por causa do arredondamento, houve uma


pequena diferença (2.200,09 – 2.198,2 = 1,89)

Calculo da prestação:

Taxas nominais e efetivas

Em geral, nos contratos de financiamento


aparece a taxa de juros nominal. Mas, a taxa que é
utilizada para o cálculo das parcelas é a taxa efeti-
va, que é sempre maior do que a nominal.
Dada uma taxa nominal a taxa efetiva de juros
i a
é obtida a partir de: taxa efetiva = ( 1 + ) −1,
a
onde i= taxa unitária e a = nº de períodos da com-
posição da taxa.
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 49

Considere a taxa de 12% a.a capitalizada tri-


mestralmente, então teremos i=0,12 a = 4 (o ano
possui 4 trimestres), logo i/a = 0,12/4 = 0,03

Taxa efetiva = (1 + 0,03)4 – 1


Taxa efetiva = (1,03)4 – 1= 1,1255 – 1
Taxa efetiva = 0,1255 x 100= 12,55%
A taxa nominal de 12% ao ano com capitali-
zação trimestral corresponde a uma taxa efetiva de
12,55% ao ano.

INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

No livro de GITMAN, Lawrence J. Princípios de ad-


ministração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson,
2010 nas páginas 147 a 170 você encontrará de
maneira mais detalhada bastantes informações a
respeito do assunto.

No livro NETO, Alexandre Assaf. Curso de adminis-


tração financeira. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009,
nas páginas 62 a 76 você também pode comple-
mentar seus estudos, resolvendo exercícios que
irão facilitar sua aprendizagem.

PARA REFLETIR

Foram apresentadas bastantes informações mos-


trando que o dinheiro possui valor no tempo, mas
ao mesmo tempo vimos que para avaliar um flu-
xo de caixa é necessário levar todos os elementos
para uma mesma data. Imagine que você tenha ga-
nhado um prêmio com uma oferta de pagamento
50 Administração Financeira e Orçamentária

futuro de R$ 5.000,00 daqui a 3 anos. Se o custo


de oportunidade for de 7% compostos anualmente,
que valor você deve atribuir hoje a esse prêmio?
Reflita e discuta com seus colegas.

RESUMO

O item I estudado apresentou como a administra-


ção financeira está envolvida tanto com o proble-
ma da escassez de dinheiro, como com a realidade
operacional e prática da gestão financeira das em-
presas. Nesse contexto, vimos que, o administrador
financeiro, para ser bem sucedido, deve visualizar
toda a empresa e ter consciência de que a falta da
administração pode acarretar prejuízo e até “que-
bra” da empresas, pois a falta de organização aca-
ba não dando condições para direcionar o cresci-
mento de um empreendimento.

No item II foi abordado como as demonstrações


financeiras nos ajudam a compreender a situação
operacional e financeira da empresa, sob diversos
aspectos como liquidez, rentabilidade e alavanca-
gem. Partindo das informações sobre passado e
presente da empresa poderemos chegar mais perto
das perspectivas potenciais do futuro. O balanço
patrimonial, a demonstração do resultado do exer-
cício e o fluxo de caixa compõem a base que sus-
tenta a avaliação da empresa. No Brasil, a demons-
tração dos fluxos de caixa passou a ser obrigatória
após a Lei 11.638/07.

No item III foi apresentado o planejamento de caixa


que representa um demonstrativo dos fluxos das
Tema 1 | Introdução à Administração Financeira 51

entradas e saídas projetadas de caixa da empre-


sa, usado para estimar suas necessidades de caixa
para curto prazo. Este processo é importante para
que a empresa saiba o que acontecerá com suas
contas no futuro. Quando a previsão indica um cai-
xa positivo, pode-se planejar qualquer investimen-
to de curto prazo. Quando indica um caixa negati-
vo, deve-se antecipar uma ação corretiva.

E, por fim, no último item, vimos que o dinheiro


possui valor no tempo e, para seu melhor enten-
dimento, mostramos que uma das mais simples e
poderosas técnica financeiras é o valor presente, o
valor hoje,que nos fornece uma grande variedade
de aplicações nas decisões pessoais e de negócios.
O fluxo de caixa pode ser trazido para o valor pre-
sente descontando e levado para adiante compon-
do, ou seja, adicionando os juros.

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