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editorial
Gláucia Viola, editora
'LÉUCIA6IOLA
psique@escala.com.br
www.facebook.com/RevistaPsiqueCienciaeVida
CAPA
DOSSIÊ: Habilidades na
1an0os
Psicologia e na Educação
O fenômeno Pokémon GO é
estudado como uma excelente
ferramenta terapêutica na avaliação
DARESILIÐNCIAPARAOSDESAlOS
: 123RF
15/09/16 19:21
ENTREOUTRASPRÉTICASBENÏlCAS
MATÉRIAS
08 TCC para idosos
4ERCEIRAIDADESEBENElCIACOMA
Terapia Cognitivo-comportamental,
principalmente em função de
seu rigor metodológico e teórico
24
ENTREVISTA
Peculiaridades dos
Flora Victoria defende
superdotados
coaching em crianças para que
conheçam melhor suas forças Pesquisas mostram que pessoas
e aprendam como usá-las com altas habilidades precisam 56
de apoio emocional, pois se
sentem sobrecarregadas pelas
SEÇÕES exigências de não poder falhar
05 EM CAMPO
14 IN FOCO Longo caminho a percorrer
16 SUPERVISÃO 72 Para conseguir uma vida a dois
18 PSICOPOSITIVA
saudável é importante prestar
20 PSICOPEDAGOGIA
atenção aos detalhes da relação,
22 UTILIDADE PÚBLICA
avaliar as necessidades do
32 COACHING
companheiro e de si próprio também
34 LIVROS
50 CYBERPSICOLOGIA
52 NEUROCIÊNCIA
54 RECURSOS HUMANOS
Sincronicidade
Fenômeno não pode ser controlado,
78
64 DIVÃ LITERÁRIO
previsto ou evitado, ocorre
66 CINEMA
frequentemente em todas as áreas
70 PERFIL
da vida humana e foi descrito em
80 EM CONTATO
grandes fatos históricos
82 PSIQUIATRIA FORENSE
em campo por Jussara Goyano
CUIDADO PARENTAL
CRIANÇAS BEM-SUCEDIDAS SÃO AQUELAS EM QUE
OS PAIS MAIS INVESTEM EMOCIONALMENTE
Um estudo envolvendo 27 crianças com idade entre quatro e seis anos ava-
liou a qualidade do vínculo emocional destas com seus pais e o desempenho
dos pequenos em atividades nas quais fatores predisponentes de sucesso na
vida são determinantes, tais como resistir à tentação, uma boa memória e ex-
troversão. Muito embora tais fatores sofram grande inf luência dos genes, a
pesquisa verif icou que crescer em um ambiente de carinho e atenção parental
pode mudar totalmente o jogo.
O trabalho, publicado na revista Frontiers in Human Neuroscience, levou em
conta a resposta das crianças a uma combinação de questionários, a perfor- HIPNOSE E FELICIDADE
mance em tarefas comportamentais e medidas eletrof isiológicas. Os resulta- Uma cooperação entre brasileiros
dos, de acordo com autores do estudo, reforçam as teorias que propõem que e portugueses, na Universidade de
uma alta qualidade emocional na interação mãe-f ilho promove um melhor de- Lisboa, vem utilizando, com sucesso,
senvolvimento cognitivo da criança. um protocolo de atendimento em
Mas não se trata, segundo a pesquisa, de manter os pequenos sob as asas coaching e psicoterapia que une
dos pais indiscriminadamente. Quando estes incentivam a independência em a hipnose e a Psicologia Positiva,
seus f ilhos, mas mantêm-se emocionalmente disponíveis, aumentam as chan- aproveitando-se do estado alterado de
ces de sucesso dessas crianças. consciência dos coachees e pacientes
não para fazê-los reviver traumas e
PARA SABER MAIS: circunstâncias complicadas, mas para
Henriette Schneider-Hassloff, Annabel Zwönitzer, Anne K. Künster, Carmen fazê-los vivenciar experiências mais
Mayer, Ute Ziegenhain, Markus Kiefer. Emotional Availability Modulates positivas. Antes e depois das sessões,
Electrophysiological Correlates of Executive Functions in Preschool Chil- diversos marcadores biológicos são
dren. Frontiers in Human Neuroscience, 2016; 10 DOI: 10.3389/fnhum.2016.00299 monitorados, de maneira que, no
momento após as vivências, uma
avaliação desses marcadores aponta
para a redução do stress, sugerindo
que a junção de ambas as abordagens
PODESERElCAZNOSTRATAMENTOSDE
transtornos de humor e ansiedade.
PERFORMANCE E
ASSERTIVIDADE
TER SEMPRE UM PLANO B NÃO É
BOM PARA SUAS METAS, DIZ ESTUDO
O que até então tem sido considerado uma maneira
sensata de planejar as coisas cai por terra, de acordo
com uma nova pesquisa Universidade de Wisconsin-
-Madison.
IMAGENS: 123RF
Quando se trata de estabelecer metas organizacionais
e pessoais, fazer um plano de backup, o famoso “plano B”
pode atrapalhar a conclusão do plano A.
No estudo, voluntários receberam uma tarefa após
a qual, se eles mos-
trassem alto desem-
penho, receberiam
lanche gratuito ou
poderiam sair mais
cedo. Alguns grupos
foram, então, instruí-
EFEITO GOOGLE dos sobre outras ma-
neiras de conseguir
USO DA INTERNET COMO EXTENSÃO comida de graça no
DE NOSSA MEMÓRIA JÁ É REALIDADE campus ou poupar
tempo no f inal do dia,
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Santa caso não se saíssem
Cruz e da Universidade de Illinois, Urbana Champaign bem o suf iciente para
descobriram que a tendência de usar a Internet como uma ganhar o lanche ou
espécie memória virtual, um HD externo a nossos cére- a folga. Aqueles nos
bros, aumenta após cada utilização. grupos que já tinham
Em um experimento, participantes foram divididos em mente planos de
primeiro em dois grupos para responder a algumas per- backup apresentaram
GUNTAS TRIVIAIS DESAlADORAS
UM GRUPO USOU APENAS SUA menor desempenho na tarefa, pois, nesses casos, houve
memória, o outro usou o Google. Na segunda bateria de diminuição no desejo de sucesso na meta.
perguntas, ainda mais fáceis, ambos os grupos poderiam Para ser mais assertivo nos objetivos, no entanto, os
usar o método de sua escolha para chegar às respostas. pesquisadores responsáveis pela experiência não reco-
Os resultados revelaram que os participantes que já mendam passar pela vida sem um plano B. A melhor
tinham usado a Internet para obter informações foram maneira de utilizar esse recurso seria esgotar as possi-
SIGNIlCATIVAMENTEMAISPROPENSOSAVOLTARAO'OOGLEPARA bilidades de execução do plano A, para, então, investir
responder as questões subsequentes, em relação àqueles em uma contingência. Principalmente nos casos em que
QUENAPRIMEIRAVEZCONlARAMEMSUAMEMØRIA/SPAR- o êxito da primeira opção depende exclusivamente do
ticipantes também passaram menos tempo tentando usar esforço do indivíduo.
sua própria memória antes de consultar a Internet. (Fonte: ScienceDaily.com)
A MÍDIA E
A POLÍTICA RENATO JANINE RIBEIR
O
a atuação de
aevida.com.br
ANO IX No 120 – www.portalcienci
AMOR FATI,
em Ciências Sociais da PUC-SP, Rosemary Seg ura- NIETZSCHE e a
experiência dionisíaca
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Expro e econômica
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Trabalho e espoliação da
Traba
análise
sobre
o seu
modo
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REFLEXÃO E PRÁTICA:
estaria em curso uma escalada conservadora com
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de Carolina A
7/14/16 12:56 PM
curadoria Perencini
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As conquistas
municação po- nossa visão tado conatus, compreendido como o esforço huma no pa ra
para as
questões locais
e Raúl Prebish
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1
DISCU TE POLÍT ICA E CONS
ERVA DORI SMO NO PAÍS perseverar em sua existência. Além disso, tendo em
muito no pa ís vista o para lelismo spinozano, a partir dos atributos
e possui excelentes pes- pensamento e extensão, conclui-se a relevância de
quisadores e pesquisas diversif icadas, inclusive com a na lisa r a s ideia s de a legria e de tristeza no corpo e
a criação da Associação Brasileira de Pesquisadores na mente. Para tanto, o autor, em texto publicado na
da Comunicação Política, que se reúne em congres- edição 121 da revista Filosof ia, segue a argumenta-
sos a cada dois anos para discutir as pesquisas do ção exposta na Ética, sobretudo o terceiro livro, em
campo. A entrevista completa está na edição 65 da que Spinoza inicia sua teoria dos afetos.
revista Sociologia.
UM ESTÍMULO À
INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
DA CRIANÇA
Para Flora Victoria, o trabalho desenvolvido
pelo coaching infantil não deve se limitar a resolver
problemas, mas, sim, contribuir para que indivíduos
que já obtêm bons resultados em sua vida possam
ampliar ainda mais suas conquistas
Por Lucas Vasques
D
esejos e intenções podem ser da às crianças, trabalhando o desenvol-
transformados em objetivos, vimento, a inteligência emocional, além
que têm todas as chances DOSTALENTOSINDIVIDUAIS/GRANDEDESAlO
de ser alcançados, por inter- enfrentado pelo coaching infantil é con-
médio da prática de determinadas ações, tribuir para que a criança ou adolescente
explicitando, assim, a relação entre es- perceba suas potencialidades e se conven-
forço consciente e resultado desejado. É ça de que deve investir nelas.
dessa forma que Flora Victoria, fundadora Mestre em Psicologia Positiva Aplicada
da Sociedade Brasileira de Coaching e presi- pela Universidade da Pensilvânia e master
dente da SBCoaching Training, explica o coach com vasta experiência na área, Flora
conceito do coaching e suas incontáveis é especialista em Governança Corporati-
possibilidades de ajuda. va, Gestão Empresarial e Comunicação
E essa prática não se limita a ajudar e Marketing. Fundou, também, o Institute
pessoas na vida pessoal ou no universo of Positive Coaching Research (IPCR). Atua
corporativo. Dentre os inúmeros nichos como diretora educacional no grupo SB-
nos quais o coaching é aplicado com re- Coaching e é editora-chefe da Revista
DIVULGAÇÃO
Q
uando fadas com suas educativos aplicados em 154 crianças – deixando um objeto cair para tes-
varinhas mágicas, mons- em idade pré-escolar. Aquelas que tar a gravidade, por exemplo. Para
tros e heróis invencíveis tinham contato com os novos con- Weisberg, pensar sobre possibilida-
decidem invadir as es- ceitos por meio de contos realísticos des irrealistas pode também ajudar
colas, eles provam que de fato têm mostraram desempenho mais fraco na criação de contrastes informati-
superpoderes: ajudam na aprendi- na hora de explicar os signif icados vos que levam à compreensão das
zagem. O papel das histórias fan- dos vocábulos aprendidos. estruturas do mundo real.
tásticas na infância não se limita Essa fascinação das crianças por A partir dessa perspectiva, as his-
ao entretenimento. Elas trabalham acontecimentos extraordinários é tórias ganham função fundamental
a ling uagem de forma mais ef icaz evidente já nos primeiros meses de na construção do senso de realidade
que narrativas realísticas, aumentan- vida. No ano passado, pesquisadores – que pode começar com a certif i-
do a possibilidade da criança f ixar da Universidade Johns Hopkings, em cação de que objetos não f lutuam e
o novo vocabulário. Pode parecer Baltimore, testaram o efeito de even- bichos não falam e seg uir por ques-
contraditório, mas, justamente por tos mágicos sobre a atenção e as brin- tionamentos bem mais sof isticados
conta da violação das expectativas, cadeiras de 110 bebês de onze meses. que necessitam de contrapontos para
são também fundamentais para a Perceberam que tendem a olhar mais serem formados e esclarecidos.
compreensão das inúmeras possi- atentamente e por muito mais tempo Partindo da simples constata-
bilidades que a realidade apresenta. para um objeto quando ele desaf ia ção da necessidade do contato com
Os efeitos do mundo do faz de as leis da f ísica. A chance de ocor- o absurdo para se reconhecer o real,
conta sobre a cognição infantil vêm rer algo inesperado, que fere suas ex- podemos transferir para os heróis e
sendo investigados pela Neurociên- pectativas, naturalmente mantém as vilões dos contos de fada uma nova
cia com resultados reveladores. No crianças mais atentas – o que explica, responsabilidade: a de ensinar às
ano passado, pesquisadores da Uni- em parte, o sucesso das histórias fan- crianças a administrar seus próprios
versidade da Pensilvânia constataram tásticas na aprendizagem. medos. Talvez isso explique a popu-
que as crianças assimilam melhor um Mas a experiência com bebês re- laridade milenar das histórias uni-
vocabulário novo quando as palavras velou que a ação da fantasia no ima- versais carregadas de tragédias, bru-
são introduzidas em meio a histó- ginário infantil vai além do aspecto xas malvadas e f iguras assustadoras.
rias fantásticas. O estudo, liderado da atenção. Depois de assistirem a Podem ter cumprido um importante
pela professora Deena Weisberg, do uma cena em que algo desaparece papel no desenvolvimento das habi-
Instituto de Pesquisa em Ciências repentinamente ou f lutua, os be- lidades linguísticas das crianças, mas
Cognitivas, avaliou dois programas bês tendem a investigar a realidade dif icilmente foi essa a intenção dos
A
prática terapêutica envol- nesse último quesito que este artigo luto, como fazer quando o compor-
ve cuidado com o sigilo foca sua discussão. tamento do paciente indicar riscos
prof issional e ético. Para A garantia do sigilo de todas as iminentes?
aqueles que têm uma prá- informações trazidas ao consultório é Esse tópico é motivo de discus-
tica prof issional direcionada a pa- ANUNCIADA PELO PROlSSIONAL NO PRIMEI- sões e de importantes divergências
cientes com comportamentos antis- ro encontro da díade terapêutica, como entre organizações prof issionais que
sociais, então, é muito mais comum uma condição primordial para que o reg ulam o trabalho dos prof issionais
o enfrentamento de situações limi- paciente sinta que o ambiente terapêu- da saúde, e também dos departa-
tes, como a perspectiva do cliente tico é um espaço seguro para ele expor mentos de justiça mundo afora. Para
atentar contra a vida de outros ou SUASDIlCULDADESDAFORMAMAISHONES- se ter uma ideia das disparidades,
incorrer em outras práticas ilícitas. ta e despida de medos de qualquer tipo somente nos EUA cada estado tem
Os constituintes essenciais de de julgamentos morais possível. legislações distintas relativas a esse
qualquer psicoterapia são: o pa- No trabalho com pacientes com assunto.
ciente (ou cliente), o psicoterapeuta comportamentos, ou com tendên- De modo geral, as orientações
(devidamente autorizado e reg ula- cias de personalidade antissociais, quanto à postura dos prof issionais
mentado), o processo terapêutico nasce o dilema ético de como pro- nas situações de condutas ilícitas
(com suas distintas teorias e metas) ceder quando é anunciado para o de seus clientes têm dois princípios
e a relação terapêutica. É justamente psicólogo/psiquiatra alg um crime que são aceitos sem muitas contro-
pelos princípios intrínsecos da rela- ou contravenção. Se a relação tera- vérsias: 1) quando for anunciado ao
ção terapêutica que o encontro entre pêutica se baseia na total conf iança prof issional ou crime ou contraven-
psicoterapeuta e paciente(s) acaba do paciente de que tudo que ele dis- ção que já ocorreu (no passado), a in-
por se diferenciar de qualquer outra ser na sessão f icará em sigilo abso- formação deve se manter em sigilo,
forma de interação humana.
Independentemente da aborda-
gem teórica do prof issional, a rela- INDEPENDENTEMENTE DA ABORDAGEM
ção terapêutica se alicerça nos prin-
cípios do respeito pelo ser humano,
TEÓRICA DO PROFISSIONAL, A RELAÇÃO
pela empatia do psicoterapeuta pelo TERAPÊUTICA SE ALICERÇA NOS PRINCÍPIOS
sofrimento do paciente (evitando DO RESPEITO PELO SER HUMANO, PELA
julgamentos de ordem moral ou re-
ligiosa) e pelo sigilo absoluto dos
EMPATIA MÚTUA E PELO SIGILO ABSOLUTO
conteúdos trazidos em sessão. É DOS CONTEÚDOS TRAZIDOS EM SESSÃO
16 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
pois nada pode ser feito para rever- com pacientes antissociais, ou mes- tal anúncio levará o paciente a res-
ter o que foi cometido; 2) quando o mo aqueles com riscos de condutas tringir a informação. Isso pode até
paciente relatar a intenção/plano de parassuicidas e/ou suicidas, é anun- ocorrer, mas é imprescindível que o
cometer conduta antissocial, o tera- ciar ao cliente no estabelecimento paciente compreenda que o psicote-
peuta deve tentar dissuadi-lo do ato do contrato terapêutico (nas sessões rapeuta é um ser humano que está
(com todos os recursos e auxílios iniciais) que, caso ele (o prof issio- ali para ajudá-lo a evoluir e a apren-
possíveis); mesmo que para isso te- nal) perceba elevado risco de alg u- der estratégias mais adaptativas
nha que anunciar ao paciente que o ma ação contra a vida do paciente para lidar com o sofrimento inerente
sigilo prof issional será quebrado em ou a vida de outro(s), terá de utilizar ao viver. Mas que, ao mesmo tempo,
respeito ao direito natural (direito de todos os recursos para evitar isso, esse mesmo terapeuta tem direitos
à vida). Reparem que isso traz con- inclusive sendo a única situação em e deveres e não deve assumir uma
sequências de grande magnitude: o que o sigilo poderá ser quebrado. condição de cúmplice em comporta-
risco do paciente voltar-se contra o Há defensores e opositores a essa mentos que vão no sentido oposto à
terapeuta, ou ainda a possibilidade medida. Os opositores dizem que saúde mental.
de ele acusar o terapeuta de calúnia
e difamação (caso não venha a co- Ricardo Wainer é doutor em Psicologia, especialista em Terapia do Esquema,
meter o ilícito). com treinamento avançado pelo New York Schema Institute, e supervisor
123RF / ACERVO PESSOAL
Sobre a FELICIDADE
e a “barriga de tanquinho”
NÃO. DEFINITIVAMENTE QUERER NÃO É PODER. RESTA SABER ENTÃO
O QUE FAZER PARA CONSEGUIRMOS ATINGIR NOSSOS OBJETIVOS
P
ode pergunta r. Pelo menos muito provavelmente uma bela bar- diz a sa bedoria popula r, querer NÃO
na cultura ocidental, onze riga de tanquinho! é poder!
em cada dez pessoas gosta- Se essa é uma preferência de boa Quero tocar piano desde os 7 anos
ria m de ter ba rriga de ta n- pa rte da s pobres criatura s submeti- de idade e – adivinhe só – isso nunca
quinho. Brincadeiras à parte, é bem das, sim, aos padrões de beleza oci- fez com que eu fosse capaz de tocar
verdade que, se pudéssemos determi- dentais, ditadura da magreza, culto uma nota sequer. “É porque você não
na r nossa apa rência f ísica de ma nei- ao corpo e blá-blá-blá, por que não deseja de verdade!” – diriam as men-
ra tão simples qua nto cria mos hoje nos depa ra mos com uma legião de tes simplistas.
um avata r no videoga me, a gra nde beldades no metrô, na ruas, no tra- Quero, sim! O desejo é meu e so-
maioria de nós exibiria corpos es- balho etc.? Resposta: Em primeiro mente eu conheço a sua intensida-
beltos, musculatura def inida e, sim, lugar porque, ao contrário do que de (embora meus alunos, amigos e
Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão
123RF / ACERVO PESSOAL
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BILINGUISMO
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e aprendizagem
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A EXPERIÊNCIA BILÍNGUE É
EXTREMAMENTE RICA PARA CRIANÇAS JÁ
NA PRIMEIRA INFÂNCIA E SEUS BENEFÍCIOS
SE PERPETUAM AO LONGO DA VIDA, TAIS
COMO MAIOR FACILIDADE DE MONITORAR
MUDANÇAS E APRENDER NOVAS LÍNGUAS
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oje é perfeitamente aceito da Universidade McGill, no Canadá,
PELO MUNDO CIENTÓlCO E PELA descobriram por meio de testes ver-
sociedade em geral que o bais e não verbais que os bilíngues
multilinguismo seja, além de apresentavam rendimento superior em
uma condição natural, uma situação vários quesitos padronizados. Mas sua
muito proveitosa para o desenvolvi- descoberta logo caiu no esquecimento
mento geral da criança, mas nem sem- até que inovações tecnológicas permi-
pre foi assim. tiram analisar os cérebros de recém-
No século XIX, alguns estudiosos -nascidos em seus primeiros encontros
AlRMAVAMQUEESSAPRÉTICACONFUNDIAAS com a linguagem. fato ainda ajuda as crianças bilíngues a
crianças e poderia prejudicar seu apren- Constatou-se então que todos os aprenderem outros idiomas facilmente
dizado e desenvolvimento intelectual. bebês nascem com capacidade para pelo resto da vida.
Foi em 1960 que os psicólogos falar qualquer língua humana e são Além de uma necessidade social e
Elizabeth Peal e Wallace Lambert, capazes de diferenciar sons de todos acadêmica, o domínio de mais de um
os idiomas. idioma hoje está se tornando impor-
Mas perto dos 12 meses de vida, tante do ponto de vista educacional
a maioria perde essa capacidade: a por um novo motivo: comprovada-
exceção justamente está nos bebês mente os bilíngues demonstram, em
de famílias bilíngues, os quais ainda estudos internacionais, possuírem
mostram um aumento de atividade maior atividade neuronal nas áreas
neurológica quando ouvem línguas pré-frontais do cérebro, relacionadas
totalmente desconhecidas ao f inal de às funções executivas, indispensáveis
seu primeiro ano. para o aprendizado acadêmico (Ellen
A neurocientista norte-americana Bialystok, Universidade York de To-
Laura Ann Petitto, da Gallaudet Uni- ronto, 2003).
VERSITYAlRMAQUEAEXPERIÐNCIABI- Tal sistema é fundamental para
q r s t u v x z
língue impede que a criança praticamente tudo que fazemos, é pró-
n o p abcdefghij
perca a capacidade de enten- prio do cérebro humano e nos con-
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der sons de outras línguas. O fere principalmente três importantes
20 psique ciência&vida
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ESTUDOS COMPROVAM QUE OS
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BILÍNGUES POSSUEM MAIOR ATIVIDADE
NEURONAL NAS ÁREAS PRÉ-FRONTAIS
klm n o
DO CÉREBRO, RELACIONADAS ÀS FUNÇÕES
EXECUTIVAS, INDISPENSÁVEIS PARA
O APRENDIZADO ACADÊMICO
habilidades: a memória operacional, gem e no desenvolvimento cognitivo
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A mEXIBILIDADE E A INIBI¥ÎO COGNITIVA geral, até porque a necessidade diá-
fe g
De modo geral, podemos dizer que ria de alterar o uso de idiomas
memória operacional ou de trabalho permite melhorar as habilida-
é aquela responsável de sustentar e des de função executiva de for-
c d
ab
manipular informações mentalmente ma rotineira.
pelo espaço de tempo necessário para Ao se comparar a resposta cerebral Saber falar em duas ou mais línguas
compreendermos e elaborarmos um
trecho de leitura, um texto, um diálo-
em estudos com imagem computado-
rizada, percebeu-se que os bebês de
v x z
traz vantagens de muitas ordens: a ca-
pacidade de monitorar melhor as mu-
go, o enunciado de um problema etc.
Flexibilidade cognitiva é a habili-
dade que facilita a adaptação do indi-
famílias monolíngues e de famílias bi-
língues apresentavam diferenças per-
ceptíveis em seu córtex pré-frontal e
opqrs t u danças do ambiente ao seu redor, por
exemplo, é uma delas. Outra vantagem
de dominar idiomas diferentes, espe-
víduo a diferentes contextos, e a inibi- orbitofrontal, sendo que nos bebês bi- cialmente dentro de uma família bilín-
ção, também chamada de autocontrole, língues a atividade neural era superior, gue, é a facilidade para conhecer várias
corresponde à capacidade de bloque- mais preparada para aprender sons de culturas de uma maneira natural.
ar um comportamento inadequado, vários idiomas. Perceberam que até os As vantagens do bilinguismo po-
que nos permite inibir a atenção a seis meses as crianças diferenciam sem dem alcançar as habilidades sociais:
detratores, estando assim relacionada problemas sons de um idioma estran- Paula Rubio-Fernández e Sam Glu-
k lm n
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vezes do que os monolíngues e são PROlCIÐNCIAEMCADAIDIOMAERAMMAIS
x
capazes de trabalhar melhor em situ- resistentes do que os outros idosos para
v
ações de tomada de decisão e em situ- o aparecimento de demência e outros
u
ações de distração: o bilinguismo sintomas da doença de Alzheimer
incrementa a memória e desenvol- (Tamar Gollan, da Universidade da
r s
ve a atenção, além de aumentar o Califórnia, San Diego).
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autocontrole.
Segundo Naja F. Ramirez, da
o
Maria Irene Maluf é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e
n
123RF/ ARQUIVO PESSOAL
klm
ra principal do estudo publicado no Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É editora da revista Psicopedagogia da
j Developmental Science, o bilinguismo ABPp e autora de artigos em publicações nacionais e internacionais. Coordena curso
de especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br
inf lui no desenvolvimento da lingua-
DELÍRIOS da PAIXÃO
O
psiquiatra francês De 0OR OUTRO LADO OS OBJETOS DE AMOR Há casos em que o amor fantasioso
Clèrambault descreveu o pro- delirante (na realidade ou em fantasia), se desenvolve a partir de um único e es-
blema como uma síndrome SÎO SEMPRE SUPERIORES EM INTELIGÐNCIA PECÓlCOINCIDENTEnOQUEJÉÏSUlCIENTE
de emoções doentias que pas- POSI¥ÎO SOCIAL APARÐNCIA FÓSICA AUTORI- para que a pessoa se convença do amor
sa pelos estágios de esperança, despeito DADE OU UMA COMBINA¥ÎO DESSAS QUA- QUESENTEPORSEUOBJETO!LIMENTA
SEA
e rancor. A fase de rancor seria a mais lidades. Quase sempre o amor doentio crença de que ele iniciou o caso de amor
importante delas. Após sofrer diversos si- pode ser visto como um meio de prote- a partir de olhares, mensagens cifradas,
NAISDEREJEI¥ÎOAPESSOABUSCASEVINGAR GEROSUJEITOQUEOSENTECONTRAUMPRO- MENSAGENSDEJORNALDETELEVISÎOOUATÏ
DOOBJETODESEUAMORPODENDOTRANSFE- FUNDOEDOLOROSOESTADODESOLIDÎO mesmo telepáticas.
rir suas retaliações para terceiros. %MBORAATOSFÓSICOSOUSEXUAISSEJAM ! PESSOA PODE ATÏ REJEITAR O OBJETO
Pessoas que alimentam esse tipo de incomuns, essas pessoas podem trazer DOSEUAMORPORÏMOACEITAESEAPAI-
FANTASIASÎORESERVADASSOCIALMENTEINEX- grandes conturbações às suas vítimas. O xona por ele de maneira obsessiva. A
PRESSIVAS SOLITÉRIAS MUITAS SÎO PRIVADAS inconveniente varia de chamadas telefô- despeito de vigorosas negações da outra
de contato sexual por anos, a maioria ocu- nicas no meio da noite a declarações de pessoa, a fantasia de estar sendo amado
pa cargos subalternos, e, em muitos casos, amor em ambientes públicos. A pessoa persiste por anos, havendo necessidade
SÎOPOUCOATRAENTES%SSEPERlLPODERE- PODE DESEJAR TER RELA¥ÜES SEXUAIS COM de hospitalizações ou de ações legais
sultar numa personalidade hipersensível, O OBJETO DE SEU AMOR DELIRANTE /S HO- QUE IMPE¥AM A PERSEGUI¥ÎO DA VÓTIMA
SHUTTERSTOCK
estudo
a outra pessoa tem por ele, ao mesmo meio poderiam ser causadas por anorma-
tempo em que preserva certo senso de LIDADES LÓMBICAS / CONTEÞDO ESPECÓlCO
INOCÐNCIA AO CONSIDERAR QUE O OBJETO do delírio, entretanto, seria determinado
DESEUAMORJAMAISSERÉFELIZSEMASUA pela cultura e pelas experiências pessoais
companhia. de cada paciente.
Quem sofre com esse amor geral- O desenvolvimento dos delírios pode
mente racionaliza a conduta da pessoa ORIGINAR
SEDEPERCEP¥ÎOOUINTERPRETA-
QUEELEGEINTERPRETAASREJEI¥ÜESQUESO- ¥ÎOANORMAISDOMEIOMASAMANUTEN-
FRE COMO AlRMA¥ÜES SECRETAS DE AMOR ¥ÎO DE UMA CREN¥A DELIRANTE EM FACE
TESTESDElDELIDADEOUTENTATIVASDEDES- de informações distorcidas, tem sido
pistar outras pessoas de seu “romance”. ATRIBUÓDAAUMFUNCIONAMENTODElCIEN-
0ENSAM QUE SÎO AMADOS POR UM BOM TEDOSISTEMAFRONTAL/LOBOPRÏ
FRONTAL
TEMPO QUANDO ENTÎO RENUNCIAM A ESSE desempenha um importante papel nos
amor para reiniciar suas fantasias com testes de realidade.
outra pessoa. Um fator que pode contribuir para a
Existe um potencial para comporta- MANUTEN¥ÎODOSDELÓRIOSÏARIGIDEZCOG-
mento violento e vingativo, com taxas de NITIVA SURGIDA DE DISFUN¥ÎO FRONTAL SUB-
comportamento agressivo chegando a CORTICALAQUEPODERESULTARNUMADIlCUL-
57% em amostras de homens que foram dade em alterar determinado sistema de
diagnosticados com esse tipo de pro- crenças. Disfunções nessas mesmas áre-
blema. Apesar de haver poucos estudos as têm sido associadas a outros tipos de
sobre o tema, alguns pesquisadores su- DELÓRIOS 4AMBÏM lCOU CONSTATADO QUE
GEREMQUEASUAFREQUÐNCIANÎODEVASER pessoas que sofriam com esse problema
PREPARE-SE!
CONSIDERADATÎOBAIXAQUANTOSEACREDITA tinham um comprometimento maior do
!S CAUSAS PODEM VARIAR $ÏlCITS NO HEMISFÏRIOCEREBRALDIREITO
FUNCIONAMENTO DA VISÎO ESPACIAL OU LE- ! INTEGRIDADE DESSAS FUN¥ÜES Ï CRÓ-
sões no sistema límbico, particularmen- tica para o reconhecimento das inter-
TE NOS LOBOS TEMPORAIS EM COMBINA¥ÎO pretações delirantes, que ocorrem, com Planejado por docentes
com experiências amorosas ambivalentes maior probabilidade, em pacientes priva- especializados na produção
e de isolamento afetivo, poderiam contri- DOSDERELACIONAMENTOSÓNTIMOSPORÏM
de exames vestibulares,
buir com as interpretações delirantes. E a altamente motivados a tais experiências.
FALTADEmEXIBILIDADECOGNITIVAFARIACOM %SSE DESEJO POR RELACIONAMENTO PODE o INTENSIVÃO traz uma
que esses delírios persistissem. ser contrabalançado por temores de re- seleção de questões
O sistema límbico medeia a interpre- JEI¥ÎOEDEINTIMIDADE atualizadas, além de dicas
TA¥ÎO DO AMBIENTE AO ACRESCENTAR UMA / AMOR PATOLØGICO Ï PERIGOSO E NE-
resposta afetiva aos estímulos externos. cessita de tratamento psicológico e muitas
infalíveis para se dar bem
Assim, interpretações inadequadas do vezes medicamentoso. Fique alerta. na redação.
TCC descobrindo
os IDOSOS
A terapia
terapia cognitivo-
cognitivo-
-comportamental
-comportamental (TCC) (TCC)
para
para a tterceira
erceira iidade
dade
necessita
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maior
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no futuro
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parcela
parcela da
da p população
opulação
nas
nas pesquisas
pesquisas
e eestudos
studos
A
terapia cognitivo-com- pesquisas empíricas, caracterizado
portamental (TCC) é pela exigência de controles rigorosos,
uma modalidade tera- análises estatísticas, integridade e cre-
pêutica com duração dibilidade no tratamento de dados e as-
limitada, focada no pro- sim por diante, dos behavioristas. Por
blema e que tem sido aplicada – com outro lado, adotou muitos conceitos
sucesso – a uma extensa variedade profícuos dos cognitivistas (Rachman,
de problemas (Becker, Sanchez, Cur- 2015). Tornou-se, desse modo, uma
ry & Tonev, 2008; Thoma, Pilecki & das formas mais extensivamente pes- Literatura
McKay, 2015). Apesar de sua breve quisadas de terapia (Butler, Chapman, Recentemente foi publicada pela Sinopsys
Editora a obra Terapias Cognitivo-Com-
história, a TCC é amplamente prati- Forman & Beck, 2006) e que é capaz
portamentais com Idosos (Freitas, Barbosa
cada no planeta (Thoma et al., 2015), de ser bem-sucedida para uma ampla & Neufeld, 2016). Ela é composta por tex-
consolidando-se na América do Nor- gama de demandas, como transtornos tos que contribuem para a formação inicial
te, em vários países da Europa, espe- do humor (depressão, por exemplo), e continuada de terapeutas, uma vez que,
cialmente na Grã-Bretanha, na Aus- transtornos de ansiedade (como sín- preocupantemente, parte significativa dos
cursos brasileiros de graduação e pós-
trália (Rachman, 2015) e no Brasil. drome do pânico), transtornos de per-
-graduação das áreas “psi” negligencia ou,
Parte do sucesso dessa abordagem sonalidade, transtornos alimentares, até mesmo, não inclui temas sobre a ve-
integradora, isto é, que combina técni- abuso de substâncias, esquizofrenia, lhice em seus currículos, formando, desse
cas de psicoterapia cognitiva e terapia insônia e distúrbios comportamen- modo, profissionais que não estão efetiva-
comportamental, pode ser atribuída ao tais de adolescentes e crianças (Briki, mente preparados para atuar com idosos.
seu rigor metodológico e teórico. No 2015; Thoma et al., 2015). Hoje em dia,
processo de fusão dessas duas moda- com o aumento da demanda por trata-
lidades terapêuticas, a TCC, por um mentos baseados em evidências para sistemas de saúde públicos e privados
lado, incorporou o estilo de realizar garantir a “eficácia” e a “eficiência”, os mais e mais frequentemente endos-
sam tratamentos cognitivos (Korman,
Parte do sucesso dessa abordagem, Viotti & Garay, 2015), como a TCC.
Recentemente, Thordarson e Frie-
que pode ser considerada integradora, isto dberg (2014) fizeram uso da audaciosa
é, que combina técnicas de psicoterapia exclamação (“Ao infinito... e além!”)
do personagem Buzz Lightyear, da
cognitiva e terapia comportamental, seria Disney/Pixar, para retratar as contri-
atribuída ao seu rigor metodológico e teórico buições da TCC para crianças e jovens.
Paradoxalmente, essa frase sinaliza
uma força dessa abordagem terapêuti-
ca – ser bem-sucedida no tratamento
de um amplo leque de demandas apre-
sentadas por crianças, adolescentes e
jovens adultos – e uma de suas limi-
tações: apresentar poucas evidências
de eficiência e eficácia para idosos.
Considerando que o envelhecimento
da população mundial é um processo
inegável e irreversível, a frase “Você
vai precisar de um barco maior!”, dita
por Brody – um personagem do filme
Tubarão – ao constatar o tamanho do
animal que pretendiam capturar, tam-
bém se aplica à TCC. Ela precisará, nas
próximas décadas, de uma “embarca-
G
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G
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GIGGG9 ção” maior, que seja capaz de incluir
de personalidade, abuso de substâncias, esquizofrenia, entre outros de modo expressivo os idosos entre as
Implicações
O envelhecimento populacional
não pode ser entendido como
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
28 psique ciência&vida
(2004), não bastam adicionar mais
O envelhecimento
anos à vida, há que se acrescentar populacional provoca novos
mais vida aos anos. Nesse sentido,
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cumpre assinalar que Abreu (2012) entre eles lidar com perdas
identificou que a perspectiva cogni- cognitivas, transtornos de
ansiedade e a depressão
tivo-comportamental é uma das mais
utilizadas em pesquisas sobre preven-
ção primária em saúde mental no Bra-
sil. Todavia, Leandro-França e Murta
(2014) observaram que, independen-
temente do referencial teórico, faltam,
no país, pesquisas sobre intervenções
preventivas e de promoção à saúde
mental de idosos.
O “ageísmo” (ver, por exemplo,
Goldani, 2010) – anglicismo utilizado
para designar atitudes preconceituosas
em relação à idade das pessoas – me- Durante décadas, a velhice foi considerada
rece destaque por ser um fator que, uma etapa marcada exclusivamente por
historicamente, tem contribuído para
que pouca atenção seja destinada pe- perdas e limitações, principalmente quando
los profissionais “psi” aos serviços para comparada às primeiras fases da vida. Na
idosos. Ele atinge tanto leigos quanto
pesquisadores e profissionais, deter-
Psicologia, esse cenário começou a mudar
minando, no último caso, a baixa “pre- significativamente na década de 1960
ferência” pela velhice enquanto objeto
de pesquisa e/ou prática profissional. e limitações, principalmente quando ças significativas a partir da década
Durante muitas décadas, a velhi- comparada às primeiras fases da vida de 1960, quando, após a ocorrência
ce foi considerada como uma etapa (Nakamura, 2009). Na Psicologia, de vários eventos (como o envelheci-
marcada exclusivamente por perdas esse cenário começou a sofrer mudan- mento de grandes teóricos, inclusive
do desenvolvimento humano, que,
mesmo idosos, continuavam a produ-
PARA SABER MAIS zir e a se desenvolver, contrariando o
que propunham), o estudo do enve-
MEDOS E INSEGURANÇAS NA TERCEIRA IDADE lhecimento humano passou a ser sis-
Perspectiva
que são mais comuns que nas demais etapas do curso de vida. Como exemplos,
citam-se as perdas, que incluem tanto a morte – de cônjuges, parentes e amigos –
quanto da rede de contatos e de apoio social, e as experiências de transição, como
U m evento bastante importante
durante esse período foi o desen-
volvimento da perspectiva Life-Span
a aposentadoria e a necessidade de adquirir novos papéis, que podem desenvolver (Baltes, 1987). Ela parte da premissa
ou potencializar sentimentos de medo e insegurança frente ao presente e ao futu- de que o desenvolvimento humano é
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9 um processo que ocorre ao longo de
bem como as situações que as “alimentam” e intervir, reestruturando os pensamen- toda a vida, da concepção até a morte,
tos disfuncionais e apresentando maneiras alternativas para que o idoso consiga o que implica que idosos também po-
lidar melhor com as situações. Cumpre destacar que, nos casos em que os idosos dem aprender e se desenvolver (Baltes,
apresentam quadros clínicos mais graves, o psicoterapeuta precisa ter um “olhar” 1987). Uma importante proposição de-
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- rivada dos estudos dessa perspectiva é a
quados ou, por exemplo, sintomas ansiosos, característicos de um quadro de fobia. de que em qualquer fase do desenvolvi-
mento (seja na infância, adolescência,
O DESAFIO EM TRAZER
SIGNIFICADO PARA O FUTURO
O envelhecimento da população é um fenômeno inegável e, felizmente, o
que se observa atualmente é uma preocupação em não “só” aumentar
a expectativa de vida, mas, também, desenvolver estratégias para que es-
ses “anos a mais” sejam vividos com mais qualidade, satisfação e bem-estar.
Desse modo, é necessário que o terapeuta vá além da redução de sintomas e
emoções negativas de seus pacientes, identificando e fortalecendo as habili-
dades e as forças do idoso ali presente. Alguns exemplos de forças pessoais
que fornecem um significado de vida são a esperança (esperar o melhor e
trabalhar para alcançá-lo), a espiritualidade (ter crenças coerentes sobre um
propósito maior e o significado da vida), a gratidão (estar atento e ser grato
pelas coisas boas que acontecem) e o humor (gostar de rir e brincar e de des-
pertar sorrisos em outras pessoas). Além das forças, o suporte social também
é um importante recurso para o (r)estabelecimento de significados para a vida.
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de Freud para desaconselhar a Psicanálise a
vida adulta ou velhice) há uma dinâ- de proteção. Não obstante, ainda é fre-
partir de 50 anos
mica entre ganhos e perdas, ou seja, quente a concepção da velhice apenas
nenhum processo de desenvolvimento como uma continuidade da vida adul- Atualmente, sabe-se que a idade
consiste apenas em crescimento (nem ta, caracterizada por declínios e que não é um impeditivo para a realiza-
mesmo a infância, na qual um exem- não requer alterações substanciais nas ção de terapia. É sabido, também, que
plo de perda que ocorre com o avançar práticas “psi”. a TCC é uma das abordagens mais
para as próximas fases é a da flexibilida- No início do século XX, Freud de- utilizadas com idosos (Rebelo, 2007;
de). Não se nega, entretanto, que haja saconselhou a Psicanálise para pesso- Thompson et al., 2003). Apesar dis-
um predomínio das perdas na velhice. as com mais de 50 anos. Algumas de so, reitera-se que ainda são poucos os
Porém, a plasticidade individual e ou- suas justificativas foram a falta de fle- estudos sobre TCC, especificamen-
tras estratégias – como a seleção, oti- xibilidade nos processos psíquicos a te com idosos. No Brasil, a literatura
mização e compensação (Baltes, 1987) partir dessa idade, a pouca disponibi- científica sobre esse tema é ainda me-
– permitem que os ganhos sejam maxi- lidade e dificuldade de aprendizagem nor, com algumas poucas publicações
mizados e as perdas minimizadas. Eles e a grande quantidade de material clí- de artigos e capítulos de livros, e, até
atuam como importantes mecanismos nico (Nardi & Oliveira, 2011). pouco tempo, não havia sequer um
NAS BANCAS!
30 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
Atualmente, sabe-se que a idade não é
um impeditivo para a realização de terapia.
É sabido, também, que a TCC é uma das
abordagens mais utilizadas com idosos.
Apesar disso, ainda são poucos os estudos
Terapia preventiva sobre TCC, especificamente com idosos
A representação social dos profissionais
“psi” não é das mais positivas; não só en- entre as pessoas, é preciso considerar Cognitivo-Comportamentais com Ido-
tre idosos. Não é incomum, por exemplo, que existem padrões de envelheci- sos abrange capítulos que buscam
reduzir a prática desses trabalhadores à mento e não um único padrão. En- contemplar as múltiplas “trajetórias”
loucura. Assim, crianças, jovens, adultos velhecer e viver a velhice constituem de envelhecimento, abarcando tanto
e idosos podem hesitar ou, até mesmo,
uma experiência individual e bem o envelhecimento patológico quanto
recusarem-se a procurar a ajuda tera-
pêutica. Cabe aos familiares, amigos, heterogênea. Logo, o livro Terapias o normal e o bem-sucedido.
cuidadores, pares e, principalmente, pro-
REFERÊNCIAS
fissionais de saúde combater essa “visão”
deformada, apresentando o amplo leque ABREU, S. Prevenção em saúde mental no Brasil na perspectiva da literatura e especialistas da área.
das práticas “psi”, salientando que não é Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2012.
preciso ter “problemas” para buscar uma AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
terapia e enfatizando o caráter preven- Mentais (DSM-5). Porto Alegre: Artmed, 2014.
tivo e de promoção de saúde da ajuda ERVATTI, L., BORGES, G. M. & JARDIM, A. P. (Eds.). (
GhGPIGG$^I
terapêutica. Todavia, se eles existirem, é Século XXI: Subsídios para as Projeções da População. Rio de Janeiro: IBGE – Instituto Brasileiro de
preciso esclarecer que se trata de uma "GG G^IG9=;<@:
prática profissional científica e eticamente
FREITAS, E. R., BARBOSA, A. J . G. & NEUFELD, C. B. Terapias Cognitivo-Comportamentais com
pautada, eficaz e eficiente, capaz de, em
Idosos. Novo Hamburgo: Sinopsys Editora, 2016.
um período limitado de tempo, propiciar
GOLDANI, A. M. “Ageism” in Brazil: what is it? who does it? what to do with it? Revista Brasileira de
remissão ou, pelo menos, diminuição
Estudos de População, v. 27, n. 2, p. 385-405, 2010.
significativa do sofrimento.
KORMAN, G. P., VIOTTI, N. & GARAY, C. J. The origins and professionalization of cognitive
psychotherapy in Argentina. History of Psychology, v. 18, n. 2, p. 205-214, 2015.
LENZE, E. J. et al. Comorbid anxiety disorders in depressed elderly patients. American Journal of
livro que se destinasse exclusivamen- Psychiatry, v. 157, n. 5, p. 722-728, 2000.
te à terapia cognitivo-comportamen- NERI, A. L. O legado de P. B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento. Temas
tal com idosos. de Psicologia, v. 14, n. 1, p. 17-34, 2006.
Uma vez que o envelhecimento RODRÍGUEZ, J. L. & HERRERA, R. F. G. Demencias y enfermedad de Alzheimer en América Latina y
é um processo bastante diferenciado el Caribe. Revista Cubana de Salud Pública, v. 40, n. 3, p. 378-387, 2014.
T
ODOPROlSSIONALCOMPROME- vos também deveriam fazer parte do Diversos conf litos, preocupações
tido com o sucesso da sua cotidiano, mas parece que, na maioria e problemas podem inf luenciar di-
carreira enfrenta constan- das vezes, os resultados não chegam e retamente a performance do dia,
TEMENTE MUITOS DESAlOS ! muitos têm a percepção de que tudo negócio ou carreira. A pressão, o
superação das adversidades diárias e VIVEDANDOERRADOEDIlCILMENTElCAM volume de atividades e a cobrança
A CONQUISTA DE RESULTADOS SIGNIlCATI- felizes por aquilo que conquistam. são tão grande s que muitas ve ze s
voltaram a ser lidos (e discutidos), justamente por descreverem um mundo pleno de experiências, de
amor, mas também de destruição, de selvageria e de ambivalências.
REALIDADE
aumentada ou reduzida?
A nova mania do mundo virtual exige que o jogador saia da
frente do computador para explorar o mundo real. Porém, esse
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A
caça é uma das mais esta motivação como basilar e cau- experiência de caça e captura,
antigas atividades do sal do desenvolvimento cognitivo Pokémon Go exige que o jogador
ser humano. Consiste dos animais. Não é para menos, saia da frente do computador e do
na prática de perseguir pois a vida mais parece um jogo sofá, e explore o mundo real. É ne-
animais, geralmente selvagens, de caça e fuga, protagonizada por cessário caminhar para encontrar
para obtê-los como alimento ou, diferentes técnicas de emboscadas, os “pokéstops” - pontos de coleta
então, simplesmente para entrete- perseguição, trabalho em grupo, de itens e pokébolas (a arma que é
nimento, defesa de bens ou ativi- fuga em massa, alertas emitidos lançada pelo jogador para capturar
dades comerciais. Munido de uma para o grupo, entre outras. Contu- o Pokémon). Ovos são chocados
arma, o caçador deixa o conforto do, ao contrário da caça concreta, somente quando são incubados e
de sua residência e se expõe à inú- Pokémon Go propõe uma caçada de o dispositivo móvel é carregado
meros riscos enquanto explora o monstrinhos digitais, que interage pelo jogador por 2km, 5km ou até
mundo real em busca da presa al- com o mundo real a partir do con- 10km. O ponto forte de inovação
mejada. No início de 2016, um jogo ceito de realidade aumentada. do jogo é dialogar de maneira fi-
para celular subverteu esse concei- Ainda, diferente de outros jo- dedigna com os elementos da rea-
to tradicional de caça. Essa subver- gos, muitos dos quais oferece uma lidade do jogador. Há um círculo
são parece um desdobramento da
célebre frase de Henry Jenkins, “em
uma sociedade de caça, as crianças PARA SABER MAIS
brincam com arcos e f lechas. Em
uma sociedade da informação, as NOSTALGIA PARA OS MAIS VELHOS,
crianças brincam com informa- NOVIDADE PARA OS MAIS NOVOS
ções”. A espingarda foi trocada
pelo celular, os tiros pelas poké-
bolas e as presas animais agora são
P okémon foi criado em 1995 para o Game Boy. Na época, foi um fenômeno
de grande sucesso, o que possibilitou a criação de uma linha de produtos,
envolvendo brinquedos, jogos analógicos, cards colecionáveis e séries de te-
Pokémons virtuais que, em tese, levisão. Para o público adulto, Pokémon Go é uma oportunidade de revisitar
não oferecem quaisquer riscos de algo vivido na infância, assim como a série conquista milhões
vida real para o jogador. Pokémon
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Go é a nova mania que reacende a grade televisiva e se consolidam como símbolos atemporais da televisão bra-
vontade ancestral de caçar outros sileira. Para os mais novos é novidade, mas o encanto é tal devido a uma nova
seres - atividade fundamental para experiência de jogar que mais parece um “caça ao tesouro”. O jogo nos trans-
qualquer animal carnívoro ou oní- porta da tela do celular para as ruas da cidade.
voro. Diversos estudos apontam
ficando imersos horas a fio na- alertam sobre o perigo das pes- gica de Pokémon Go.
TECNOLOGIA na clínica
Pokémon Go utiliza a realidade aumentada para
sobrepor no ambiente real camadas de informações
virtuais que permanecem misturadas à realidade
P
arece algo muito inova- da de maneira tão bem-sucedida e de controle que o terapeuta tem de
dor, mas na verdade não satisfatória. Não é para menos que controlar quais estímulos estarão
é. Em maio de 1977, o diversos críticos, à despeito das presentes e quando eles serão apre-
primeiro filme da série críticas negativas, apontam Poké- sentados para o paciente em trata-
de Star Wars arrebatou plateias do mon Go como um veículo de mu- mento. O estresse pós-traumático
mundo inteiro. A produção cha- dança de paradigma, o que torna é outro transtorno que pode ser
mou a atenção pela qualidade téc- o jogo o que o Iphone foi em 2007 tratado com auxílio da tecnolo-
nica e efeitos que possibilitavam no que diz respeito à interação gia. Um exemplo clássico é o uso
personagens interagir com outras homem-máquina. O jogo é apenas da realidade virtual em pacientes
realidades. Em uma cena clássica, o início de um novo universo de que foram expostos aos cenários
R2 e Chewbacca aparecem jogan- possibilidades para ressignificar de guerra. Com auxílio da imersão
do xadrez com peças de realidade experiências psicológicas humanas e experiências revividas artificial-
virtual. Na década de 80, Arnold e de interação com o mundo real. mente (barulhos de tiros, explosões
Schwarzenneger interpretou o Na verdade, algumas dessas possi- e emboscada) o paciente consegue
personagem que revolucionou o bilidades já existem, mas ainda são perceber que as memórias traumá-
conceito de 3D e realidade aumen- pouco conhecidas ticas pertentem exclusivas ao pas-
tada. Quem não se lembra da visão sado. Por outro lado, a realidade
do Exterminador do Futuro, a qual Ciência no mundo virtual aumentada, como comentamos,
mostrava em tempo real informa-
ções do ambiente ao seu redor. A
realidade aumentada é um conceito
N a área de Psicologia e Medici-
na, o uso da realidade virtual
e aumentada é útil no tratamento
introduz elementos virtuais no
mundo real, gerando objetos, seres
e contextos cuja visualização de-
diferente da realidade virtual, uma de diversos transtornos psicológi- pende de um dispositivo - em real,
vez que não há uma substituição cos e doenças neurológicas. Estu- um celular ou tablet. A diferença
completa daquilo que vemos por dos apontam eficácia na utilização da realidade virtual é que o sujei-
uma simulação - como ocorre na de realidade virtual no tratamento to percebe o mundo real “aumen-
realidade virtual. A realidade au- de pacientes com transtorno de pâ- tado” ou “enriquecido” por outras
mentada utiliza o mundo real para nico. Com óculos, que simula um informações que são introduzidas -
adicionar novas camadas de in- ambiente virtual e fone de ouvido, como ocorre no jogo Pokémon Go.
formação ao mundo real tal como o paciente é imerso dentro de um Na realidade aumentada, o mundo
nós conhecemos. Om Makik, em cenário de controle, no qual é ex- não é substituído por completo. O
artigo na revista The New Yorker, posto artificialmente às raízes do indivíduo permanece com os ca-
compara a realidade aumentada à medo. Pode ser o interior de um nais sensoriais abertos e conecta-
metáfora de uma história infantil. elevador, uma aeronave, um trans- dos à experiência de uma realidade
“Realidade aumentada é o Pedro e porte público com muitas pessoas híbrida, complementado por infor-
o lobo do mundo pós internet”. Há ou o topo de um enorme prédio. mações virtuais que amplificam as
tempos esta tendência é prometida, O diferencial da realidade virtual possibilidades de interação e explo-
mas nunca, de fato, foi desenvolvi- é o seu poder de imersão e poder ração do mundo real.
do qual enxerga o mundo real. O arraigado e irracional que reage sive somente durante uma sessão
dispositivo reconhece padrões de maneira negativa quando sub- de exposição prolongada. Entre
A realidade aumentada
é um conceito diferente
da realidade virtual, uma
vez que não há uma
substituição completa
daquilo que vemos
por uma simulação
- como ocorre na
realidade virtual
outros benefícios da realidade
Na área de Psicologia e Medicina, aumentada comparados a virtual,
o uso da realidade virtual e podemos citar o baixo custo, além
aumentada é útil no tratamento de do psicoterapeuta poder intervir
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com cenários próprios da realida-
de do indivíduo.
A
tempo e da motivação dele para seguir
té então não há registro do uso da Psicologia e saúde. Muito pelo no jogo. Cada jogador tem sua própria
do Jogo Pokémon Go para tra- contrário. Desde o lançamento de
IMAGENS: 123RF
www.portalcienciaevida.com.br 41
dossiê
Formação de
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Estudos preliminares apontam que a experiência do jogo
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como se obtém em uma caminhada sem o uso do jogo
P
ara alcançar a saúde fí- tamento dos indivíduos mudam em nossos pensamentos interio-
sica, o exercício está no drasticamente. Elas relaxam, ficam res, preocupações cotidianas ou
topo da lista. De fato, mais em silêncio, atentam-se ao seu talvez à procura de um Pokémon
a inatividade física é o entorno e se sentem mais felizes e com nossos telefones, a ligação do
maior fator de risco para a morte confortáveis. Realmente, o núme- nosso sistema nervoso com o am-
por qualquer causa, sendo respon- ro maior de pokéstops estão em biente é perdida. Como um tipo de
sável por 9% das mortes prema- áreas mais verdes como parques, evidência para isso, estudos neuro-
turas. Caminhar é uma atividade museus e jardins, mas apenas estar científicos têm mostrado que uma
que traz benefícios, assim não há em um lugar bonito não é suficien- dependência excessiva de GPS
dúvida de que jogar Pokémon Go é te. Você tem que prestar atenção como Wase e Google Maps pode
mais saudável do que ficar jogando a paisagem. Nos experimentos da realmente causar uma atrofia das
um jogo em frente ao computador equipe de Eliard, eles perceberam áreas do cérebro envolvidas na for-
(desde que você se atente ao trân- que os benefícios emocionais e físi- mação de mapas cognitivos.
sito e evite locais perigosos). Colin cos são mais consistentes quando o
Eliard, neurocientista da Universi- indivíduo aloca seus recursos cog- Labirinto virtual
dade de Waterloo, no Canadá, es-
tudou a relação entre o desenho da
rua das cidades e o funcionamento
nitivos para mapear a paisagem, se
relacionar com ela de uma maneira
mais intensa e, digamos, de apego
E m seu laboratório, Eliard,
descobriu que participantes
distraídos, que divagavam mental-
saudável do cérebro humano. Nas - como um andarilho de espírito mente ou se ocupavam com outra
experiências feitas em laboratório, livre. Mas quando andamos em tarefa - distinta de olhar e pres-
a equipe mediu o nível de ansieda- um estado de desapego, perdido tar atenção à paisagem enquan-
de, o movimento dos olhos e a fre- to caminhavam -, estavam mais
quência cardíaca de participantes propensos a ficar desorientado e
enquanto passeavam pela cidade. O número maior de perdido ao atravessar um labirinto
Experiências semelhantes têm sido pokéstops estão em virtual. O problema de Pokémon
executados em muitas metrópoles Go é que você não precisa olhar
como Nova York, Berlim, Mumbai áreas mais verdes para o ambiente, simplesmen-
e Toronto. Os resultados mostram te precisa estar próximo ao local
que quando as pessoas caminham
como parques, museus demarcado. Assim, os jogadores
por áreas urbanas com muitos es- e jardins, mas apenas não estão ativamente prestando
tímulos, os níveis de ansiedade e o atenção à paisagem. Eles estão fo-
batimento cardíaco tendem a dimi-
estar em um lugar cando nas telas de seus celulares.
nuir. Por outro lado, quando o ca- HÔ\I: Falo isso por experiência própria.
minho é realizado em áreas verdes, O envolvimento com o jogo cau-
como parques urbanos e jardins,
Você tem que prestar sa padrões de ativação do cére-
os dados fisiológicos e o compor- atenção à paisagem bro que não são muito diferentes
46 psique ciência&vida
Clínica e Educação
podemos nos iludir com a ideia
que os jogadores de Pokémon Go
estão aprendendo e conhecendo
o ambiente em que vive, O méto-
do mais indicado para conhecer
o mundo é muito mais simples.
Vista-se e saia de casa para dar
uma caminhada, olhe em volta (e
não para o celular) e se surpreenda
com aquilo que não teve tempo de
reparar. Seu cérebro vai ficar mais
grato por isso.
quando disse “aqueles que foram *G\ popularização é importante para
vistos dançando foram julgados envolver mais profissionais na
insanos por aqueles quenão po- consultado por pais discussão e alavancar a produção
diam escutar a música”. É por essas curiosos sobre como de novos dispositivos e procedi-
e outras que o profissional, espe- mentos terapêuticos e curativos.
cialmente àquele que é consultado deve lidar com essas
por pais curiosos sobre como deve novas tecnologias O jogo na Educação
lidar com essas novas tecnologias,
deve apresentar os dois pontos de
vista. Antes de falar, talvez seja
deve apresentar todos L ogo após o lançamento Pokémon
Go no Brasil, muitos textos fo-
ram escritos e compartilhados sobre
melhor ouvir as angústias e os
os pontos de vista, o potencial do jogo na Educação. Na
temores do responsável que lhe bons e ruins verdade, acredito que o verdadeiro
consulta. A partir da escuta aten- valor que o jogo entrega para a edu-
ta é que o profissional (psicólogo, tais como sente e acredita, de fato. cação está no uso da realidade au-
orientador educacional, pedagogo, Outro ponto que destaquei neste mentada para ressignificar ambientes
psicopedagogo, etc) pode orientar texto é o poder da tecnologia da
os pais, sempre mostrando os dois realidade aumentada utilizada
lados da história. Elogiar a preo- pelo jogo, associada aos elementos
cupação apresentada pelo respon- típicos de jogos aplicados na expe-
sável é fundamental, assim o in- riência. Pokémon Go popularizou
divíduo se sente acolhido e ficará algo que a prática clínica utiliza e
mais aberto para relatar as coisas se beneficia há um bom tempo. A
No uso das
ciências da natureza
Há uma exuberante diversidade de
Pokémons organizados em grupos es-
pecíficos. Há pokémons da água, outros
da pedra, das plantas, etc. Existe uma
organização “biológica” desses seres
que pode ser utilizada pelo professor
para introduzir e trabalhar a taxonomia.
Os pokémons evoluem também, como
os conceitos do neodarwinismo se
relacionam com a evolução dos poké-
mons? Os pokémons estão espalhados
pelo ambiente, mas a distribuição não
é randômica. Há mais possibilidade de
capturar um Goldeen - da família da
água - mais próximo de lagos e rios e
o tão desejado Pikachu perto de ante-
nas de energia elétrica. Esse é um ótimo
ponto para discutir ecologia, por exem-
plo, por que alguns pokémons apare-
cem em certos locais? Qual a relação
entre o tipo de Pokémon com suas
possíveis localizações? Além do con-
ceito de evolução, no jogo é possível
incubar ovos. Mas o que isso significa?
Esse pode ser um ótimo gatilho para
GPI
I^I9Ô
GIGG
G
iniciar uma sequência didática de estu-
G
IGhÔ:)ÔPI
G
G\G
do dos mecanismos reprodutivos.
realidade na vida das crianças e jovens
Existem fronteiras
entre o PRAZER
e o SOFRIMENTO?
A INTERAÇÃO SEXUAL
PELA INTERNET NÃO
EXIGE A PRESENÇA
FÍSICA DO(A) PARCEIRO(A),
SENDO CONSIDERADA
UMA REVOLUÇÃO NA
SEXUALIDADE, PORÉM
ESSE USUFRUTO NEM
SEMPRE É SAUDÁVEL
A
internet, espaço virtual ampla- cular, possui uma relevante tendência tilham de uma conversa sexual enquan-
mente debatido nesta coluna, no desenvolvimento e manutenção de to estão conectadas com propósitos de
gerou novas e diversas possi- diversos adoecimentos psíquicos (seja prazer sexual, podendo ou não incluir
bilidades no acesso às infor- no campo dos transtornos de ansiedade, a masturbação. Três características
MA¥ÜES ALGUMAS DELAS ESPECÓlCAS AO transtornos do controle dos impulsos, FUNDAMENTAIS CLASSIlCAM O CIBERSEXO
público adulto. Nesse grupo etário, um dentre outros) no campo da sexualidade ACESSARPORNOGRAlAon-line, áudio, vídeo
PONTOQUESOFREUALTERA¥ÜESSIGNIlCATIVAS no ciberespaço (Lemos et al., 2012). e histórias textuais; interação em tempo
foi o circunscrito à sexualidade. Sabe-se O cibersexo pode ser considerado real com um parceiro virtual (ou fan-
que as modernas mídias de comunicação uma subcategoria da intitulada ativida- TASIOSO EPORlM softwares multimídia
proporcionam alternativas na expressão des sexuais on-line%SSADElNI¥ÎOOCORRE (CD, DVD e blu-ray) (Carnes; Delmoni-
psicopatológica, e a internet, em parti- quando duas ou mais pessoas compar- CO'RIFlN
Referências:
CARNES, P.; DELMONICO, D. L.; GRIFFIN, E. In the Shadows of the Net: Breaking Free of Compulsive
Online Sexual Behavior. Center City (MN): Hazelden, 2001.
DELMONICO, D. L.; GRIFFIN, E. J. Cybersex addiction and compulsivity. In: YOUNG, K. S.; ABREU, C.
N. Internet Addiction: a Handbook and Guide to Evaluation and Treatment. New Jersey: Wiley, 2011.
HILL, A.; BRIKEN, P.; BERNER, W. Pornography and sexual abuse in the Internet.
Bundesgesundheitsblatt Gesundheitsforschung Gesundheitsschutz, v. 50, n. 1, 2007.
Apesar da dependência de sexo vir- KUZMA J. M.; BLACK, D. W. Epidemiology, prevalence, and natural history of compulsive sexual
tual ser considerada mais uma expressão behavior. Psychiatric Clinics of North America, v. 31, n. 4, 2008.
patológica dos comportamentos desadap- LEMOS, I. L.; S, M. C. M. D. M.; CALDAS, M. T. Dependência de sexo virtual (cibersexo): uma revisão
tativos relacionados à tecnologia, é im- da literatura. Neurobiologia, n. 75, v. 1-2, 2012.
portante salientar que a maior parte dos YOUNG, K.; PISTNER, M.; O’MARA, J.; BUCHANAN, J. Cyber disorders: the mental health concern for
the new millennium. CyberPsychology & Behavior, v. 2, n. 5, 1999.
USUÉRIOSDEPORNOGRAlAVIRTUALAPRESENTA
um usufruto saudável. Esse grupo, que não
Igor Lins Lemos é doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento
revela problemas em seu comportamento
123RF / ACERVO PESSOAL
“A
prática leva à perfeição”, conjunto de publicações em conside- receberam medalha de ouro olímpica
diz a sabedoria popu- ração, procurou lançar luz nessa ques- e aqueles que não se destacaram. A
lar, em um ditado que tão. O estudo focou na relação entre o prática deliberada explicou apenas 1%
expressa a crença, am- treinamento e a performance esporti- da variação no desempenho dos atle-
plamente difundida, de que treinar va, e chegou a algumas conclusões im- tas de elite.
uma habilidade é a chave da melho- portantes. Um dos achados do estudo Outra questão investigada foi a
ra contínua do desempenho. Parece apontou que a relação entre a prática idade de início da prática no esporte.
muito intuitivo e evidente que prati- deliberada e o desempenho esportivo A crença mais difundida a respeito, e
car e praticar melhora a performance, existe, mas não de maneira tão vigo- compartilhada por pais e treinadores,
e que, portanto, um desempenho de rosa como se pensava anteriormente. é de que um alto desempenho esporti-
alto nível se origina de um treinamen- A prática pode não contribuir para vo depende de começar cedo a prática
to rigoroso. Acredita-se que depende- melhorar a performance quando se de um esporte. Os pesquisadores com-
ria de treinamento obsessivo para um trata de altos níveis de desempenho pararam a idade de início na prática
atleta atingir o nível de ganhar uma em um esporte, por exemplo. Dentro esportiva em se tratando de atletas de
medalha olímpica. dessa análise, não fez diferença signi- alto desempenho e aqueles com bai-
Um estudo de meta-análise, um f icativa o número de horas de prática xo rendimento e não encontraram ne-
tipo de investigação que leva todo um deliberada acumulada em atletas que nhuma diferença signif icativa.
AUTONOMIA
com responsabilidade
A INFORMAÇÃO DEVE SER A BASE DE QUALQUER PROCESSO DA
DESCENTRALIZAÇÃO DE PODERES. O EMPOWERMENT SURGE
COMO UMA FORMA DE COLOCAR O COMPROMETIMENTO
DA EMPRESA COM O SEU MERCADO EM PRIMEIRO PLANO
O
momento atual exige velo- outras pessoas com o relato de sua no atendimento ao cliente e, para isso,
cidade nas respostas. Não própria experiência. Dependendo da o empoderamento dos colaboradores
HÉ TEMPO PARA DIVAGA¥ÜES credibilidade desse cliente, outros nem que atuam diretamente com o mercado
entre as estruturas institu- buscarão a empresa, mesmo que nunca deve existir em plenitude.
cionais, pois o cliente pode optar pelo tenham tido nenhum contato bom ou A terceirização do SAC, cada vez
concorrente em segundos, graças às ruim com a instituição. mais comum, é a maior inimiga da reso-
tecnologias disponíveis ao toque dos As grandes multinacionais consi- lução de demandas. Nesse tipo de aten-
DEDOS4ERUMAEQUIPEFUNCIONALAlNA- DERAMARESOLU¥ÎORÉPIDADESITUA¥ÜES dimento ao cliente, a limitação de infor-
da com os ideais da empresa é apenas mesmo que possam gerar pequenas mações e autonomia é fato comprovado.
PARTE DO PROCESSO E Ï NECESSÉRIO UTILI- perdas, como um investimento no Outra forte barreira é a tentativa de
zar o empowerment. FUTURO CLIENTE QUE Ï lDELIZADO E UM automatização nos atendimentos com
A burocracia não é o único empe- agente promotor de seus serviços ou OP¥ÜES DE DIRECIONAMENTO INlNDÉVEIS
cilho no trâmite para a resolução de produtos. Um exemplo é o atendimen- Isso ocorre pela especialização extrema
demandas no dia a dia de qualquer to de um serviço mundial de streaming DEÉREASEOQUEANTESPARECIASERUM
instituição. A falta de distribuição de vídeos, no qual os atendentes, em investimento em solução, torna-se uma
de responsabilidades com autonomia todos os países em que o serviço opera, pirâmide inversa, levando o cliente a se
nos indivíduos da equipe, de fato, é o são capazes de ofertar descontos, dele- PERDER NO UNIVERSO DIVERSIlCADO CRIADO
maior problema. tar faturas ou aplicar créditos extras PELA INSTITUI¥ÎO AlNAL PESSOAS GOSTAM
Uma intervenção que visa tornar os NAS CONTAS DE SEUS USUÉRIOS IMEDIATA- de falar com pessoas.
PROCESSOS ÉGEIS DEVE SE PREOCUPAR EM mente enquanto falam ao telefone, sem O sucesso não tem muito segredo.
nivelar o conhecimento das ações para nenhum tipo de prolongamento no de- Geralmente tem muito investimento em
solucionar problemas. De nada adianta bate. Solução em primeiro plano para tempo de planejamento e de trabalho na
ter velocidade e causar danos à própria GERARSATISFA¥ÎONOUSUÉRIO efetivação do projeto. Mas o resultado
empresa em prol de atender solicitações. Nem todas as empresas podem pode ter grande durabilidade se a exe-
Temos que lembrar que essa mu- atender seus clientes dessa forma, até cução for bem-sucedida. O empowerment
DAN¥A Ï NECESSÉRIA PORQUE O MERCADO MESMOPELOPERlLDEPRODUTOQUEFOR- surge como uma forma de colocar o
possui sua própria estrutura de poder, necem. A limitação de estoque ou es- comprometimento da empresa com o
de escolha e de moldar a opinião futura. paço – coisa inexistente nesse univer- seu mercado em primeiro plano. Mas
Um cliente que passa por uma experi- so de serviços on-line – pode diminuir não existe empowerment sem distribui-
ÐNCIA RUIM DE ATENDIMENTO IRÉ BUSCAR o percentual de êxito nas negociações ção, primeiro, da informação. Dar auto-
outro fornecedor na próxima ocasião entre as partes. No entanto, dar con- nomia a um indivíduo que desconhece
QUE PRECISAR E AINDA PODE INmUENCIAR cessões ou alternativas deve ser padrão os recursos disponíveis para a resolução
Desvendando os
SUPERDOTA Quando
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urante muitos anos Desse modo, são considerados
as crianças que eram alunos com altas habilidades ou su-
chamadas de super- perdotação aqueles que demonstram
dotadas, em alguma potencial elevado em qualquer uma
área do conhecimen- das seguintes áreas, isoladas ou com-
to, eram estigmatizadas ou, até mesmo binadas: intelectual, acadêmica, lide-
por falta de informação por parte de rança, psicomotricidade e artes. Tam-
pais e professores, se sentiam inade- bém apresentam elevada criatividade,
quadas. Pois bem, altas habilidades ou
superdotação é a denominação mais re-
grande envolvimento na aprendiza-
gem e realização de tarefas em áreas
hGG
Existem vários mitos envolvendo o tema.
cente utilizada pelas Leis de Diretrizes de seu interesse, de acordo com a Po- Alguns deles: boa dotação intelectual como
e Bases da Educação Nacional, de 1996 lítica Nacional de Educação Especial condição suficiente para alta produtividade
na vida; aluno com superdotação apresentará
(Lei nº 9.394), alterada em 2013 (Lei na Perspectiva da Educação Inclusiva,
necessariamente bom rendimento na escola;
nº 12.796), para se referir justamente a de 2008. indivíduo superdotado apresenta necessaria-
alunos com potencial acima da média. Essa política nacional estabele- mente algum tipo de distúrbio ou disfunção;
Essa alteração trouxe a ratificação de ceu a inclusão escolar de pessoas com indivíduo superdotado é imune a qualquer
que alunos com essa especificidade são altas habilidades ou superdotação problema emocional (Fleith, 2007, p. 41-43).
considerados público-alvo da educa- dentro da modalidade da educação
ção especial, com todos os direitos aos especial, apontando que esses alunos
serviços especializados. O Decreto nº deveriam receber atendimento espe- ressalva-se que em número irrisório
7.611, de 17 de novembro de 2011, dis- cializado, de forma articulada ao en- de matrículas. As recomendações na
põe sobre a educação especial e o aten- sino comum, e em todos os níveis de literatura especializada indicam que
dimento educacional especializado. ensino, desde a educação infantil até pelo menos 10% da população podem
o ensino superior. possuir altas habilidades ou super-
Tendo em vista essa definição, po- dotação. Se for considerada a malha
de-se compreender que se trata de um estudantil brasileira, em torno de 50
grupo heterogêneo e diverso de pesso- milhões, é possível concluir que são
as que têm habilidades e necessidades desperdiçados inúmeros talentos en-
diferentes entre elas, já que esses indi- tre esses estudantes. O censo de 2012
víduos podem apresentar seis áreas de aponta pouco mais de 11 mil matrí-
domínios de capacidades. Isso signifi- culas, que, apesar de terem evoluído,
ca que a identificação e o atendimento ainda são incipientes.
não se configuram uma tarefa fácil de Nesse cenário, observa-se que por
ser conduzida, especificamente pelos mais que os documentos pertinentes à
meios escolares. legislação educacional se mantenham
No entanto, levantam-se as se- em orientações ao atendimento a esse
guintes questões: Os alunos que se grupo de pessoas, não se verifica um
destacam por suas capacidades eleva- crescimento vertiginoso das matrícu-
das são contemplados pela legislação las nas escolas brasileiras, apontando
educacional? Eles têm sido reconheci- um descompasso ao que é proposto
dos e atendidos? A resposta é sim, mas nas políticas públicas.
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GIGGGH
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A criança que demonstra potencial elevado em áreas IGG
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como artes, liderança, psicomotricidade, intelectual
ou acadêmica é considerada superdotada I9
^
58 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
Mitos que persistem
A lgumas hipóteses são pontuadas
para explicar o descaso com essa
parcela de indivíduos, uma delas pode
ser a falta de conhecimento da temáti-
ca pela sociedade e pelos educadores.
Nesse sentido, mitos e crenças popu-
lares são criados e perpetuados acerca
das pessoas com altas habilidades ou
superdotação no sistema educacio-
nal, tais quais: esses indivíduos ca-
minham por si sós e não necessitam
de atendimento; são alunos nota 10
em tudo; são fracos emocionalmente;
são, em sua maioria, do gênero mascu-
lino; entre outros.
O mito de que não necessitam de /G
G
IGG
I
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atendimento propicia que, possivel- direito de ter seus potenciais reconhecidos
mente, o professor e/ou gestor público
entenda que aqueles que têm defici-
ência ou transtornos devem ser prio- .GG¢
È9
rizados no atendimento especializa- GH
G
I
G
do. Entretanto, pesquisas científicas
apontam que os altos habilidosos ou 9
P
^
superdotados precisam, sim, de apoio
GGPG
^
para o seu desenvolvimento, assim
como esses indivíduos não são nota 10
IGGI
G
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em tudo. Esses mitos fazem com que
IGhÔÔIGGGGPI
eles se sintam sobrecarregados pelas
exigências de que não podem falhar
e serem o máximo, especialmente nas ou superdotação podem, sim, apresen-
disciplinas escolares. tar dificuldades de aprendizagem em
Considerar que o aluno com altas algum ou vários momentos da vida.
habilidades ou superdotação é ape- Isso é possível considerando a gran-
nas aquele que tira nota 10 em todas de diversidade de áreas de potencial
as matérias e se destaca em todas as das pessoas com altas habilidades ou
áreas de desenvolvimento humano superdotação. Assim, um aluno com
pode trazer um grande prejuízo a es- essas características na área física, que
sas pessoas. Primeiro, porque faz com seja ótimo atleta, que se destaque por
que somente um grupo muito seleto e IG sua autopercepção corporal, agilidade,
de perfil notoriamente acadêmico se Segundo Silverman, a superdotação é um de- rapidez, força e destreza, pode ter difi-
destaque entre os mais inteligentes. senvolvimento assincrônico, no qual habilida- culdade em matemática. É necessário,
Segundo, porque se estabelecem ex- des cognitivas avançadas e a alta intensidade então, aceitar que não ser bom em to-
se combinam para criar experiências internas e
pectativas irreais quanto ao desem- uma consciência que são qualitativamente di-
das as matérias ou em tudo que faz não
penho escolar desses alunos, gerando ferentes do padrão. Essa assincronia aumenta destitui a pessoa do direito de ter seus
uma alta carga de cobrança e descon- de acordo com o nível de capacidade intelec- potenciais reconhecidos.
siderando aqueles que possam apre- tual. A singularidade das pessoas superdotadas Muitas pessoas com altas habili-
sentar dificuldades de aprendizagem as torna vulneráveis e requer modificações na dades ou superdotação também são
parentalidade, no ensino e no aconselhamen-
e de comportamento. malvistas por fugirem dos padrões de
IMAGENS: 123RF
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O livro Altas Habilidades/Superdotação – Pes-
quisa e Experiência para Educadores apre-
Sendo assim, é possível notar versão; consciência aguçada de si mes- senta pesquisas realizadas por professores,
que tanto a criança, o adolescente e mo; grande sensibilidade e intensida- mestrandos e doutorandos da disciplina
o adulto podem apresentar assincro- de emocional. “Temas em Educação Especial: Educação de
Educandos Talentosos: Identificação e Aten-
nismos em seu desenvolvimento, que Nessa contextualização, infe-
o
+GG
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dificultam o reconhecimento de seus rir que os superdotados são fracos Educação Especial da Universidade Federal
potenciais e que podem causar falta emocionalmente é equivocado, uma de São Carlos. Abordam pesquisas realizadas
de compreensão por parte de seus vez que questões emocionais podem da educação infantil ao ensino superior, bem
familiares e colegas e dificuldade de estar presentes em qualquer pessoa, como a experiência de uma mãe com um filho
com indicadores de precocidade.
estabelecer sua própria identidade. independentemente de estar acima
Aqueles que pouco conseguem se ex- da média em potencialidades. Uma
pressar, que não são compreendidos pessoa sem reconhecimento, incom- riquecimento escolar; recursos nas
em suas singularidades, que não são preendida e sem aceitação no grupo comunidades (bibliotecas, livrarias,
respeitados por suas diferenças po- que vive, na maioria das vezes, terá atividades culturais); aconselha-
dem preferir negar ou esconder suas dificuldades de ajustamento. E o sis- mento individual e grupal; orienta-
habilidades só para serem considera- tema escolar brasileiro, da forma que ção à família.
dos parte de um grupo. se encontra, é um ambiente que leva Retomando ao reconhecimento
É evidente, assim, que o alto nível estudantes talentosos a se desajusta- no contexto escolar, questionamos
de desenvolvimento intelectual pode rem e, ainda, a se evadirem, resistin- se a inclusão desses estudantes está
não ser compatível com o desenvol- do à escola. ocorrendo? Há iniciativas públicas
vimento emocional e social da pessoa Fleith (2007) recomenda dicas significativas para esse atendimento?
com altas habilidades ou superdotação, para que as dificuldades emocionais É possível responder que sim. Entre-
o que pode levá-las a uma situação de e sociais possam ser superadas, tais tanto, como já discorrido, em despro-
vulnerabilidade e que aponta para a como: aconselhamento psicológi- porção ao que rege a legislação edu-
grande importância dos pais, professo- co; implementação de técnica de cacional que lhes garante o direito ao
res e psicólogos no processo de desen- biblioterapia e cinematerapia; en- atendimento especializado.
volvimento de seus potenciais.
REFERÊNCIAS
Necessidades emocionais
O
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.
s indivíduos com altas habili- Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 3 abr. 2016.
dades ou superdotação diferem . Decreto nº 7.611. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e
entre si. Portanto, não é possível defi- dá outras providências. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 15 mar. 2016.
nir um único perfil psicológico. Fleith . MEC. Orientações para implementação da política de educação especial na perspectiva
(2007) discorre algumas caracterís- da educação inclusiva:=;<@:^dd¤¤::::H¤I¤G¤¤G¤
ticas emocionais e sociais: idealismo Documento_Subsidiario_EducaCao_Especial.pdf. Acesso em: 1 abr. 2016.
e senso de justiça; desenvolvimento . INEP. MEC. Sinopses estatísticas da educação. In: Censo da Educação Básica de 2015. Brasília:
INEP, 2015. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar- sinopse-sinopse. Acesso em:
moral avançado; perfeccionismo; alto
1 mai. 2016.
nível de energia; senso de humor de-
FLEITH, D. S. Altas habilidades e desenvolvimento socioemocional. In: FLEITH, D. S.; ALENCAR, E. M. L. S.
senvolvido; independência de pensa- (Orgs.) Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a Pais e Professores. Porto Alegre:
mento e valores; paixão por aprender; Artmed, 2007.
perseverança; multipotencialidade; -$'0 ()9':&:IdG)"
:=;;B:^dd¤¤:
:
¤
não conformismo; tendência à intro- node/839. Acesso em: 4 jun. 2015.
A Moreninha
LITERATURA BRASILEIRA EM QUADRINHOS
“
Augusto estudante de medicina,
Augusto,
August
viaja para celebrar o dia de Sant’Ana
na casa da avó de um amigo, onde
se reúnem belas moças e família.
Galanteador, aceita uma proposta de
seu amigo Filipe: não se apaixonar por
QLQJXpPDWpRÀPGDIHVWDQoD2TXH
HOHQmRFRQWDYDpTXHHPVHXFDPLQKR
”
KDYHULDXPDPRUHQLQKDHXPPLVWpULR
TXHRDFRPSDQKDGHVGHDLQIkQFLD
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O DINHEIRO, a SAÚDE
eo
SAGRADO
PESQUISAS ANUNCIADAS
NA IMPRENSA NACIONAL
ALERTAM QUE O
BRASILEIRO ESTÁ
CONSUMINDO, POR CONTA
DA CRISE ECONÔMICA,
MAIS ANSIOLÍTICOS
E ANTIDEPRESSIVOS
DO QUE OS EUROPEUS
oferta que deixaria Deus alimentado e, ao mas de oferecer seus produtos. A internet mos como caçá-los?
mesmo tempo, devedor para lhe conce-
der a graça de manter seu lucro ou per-
dão de seus pecados. No ato de dar algo Carlos São Paulo é médico e psicoterapeuta junguiano.
a alguém se esconde a intenção de obter É diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia.
carlos@ijba.com.br / www.ijba.com.br
alguma coisa em troca. Desde um com-
O humor
como escape
para o trágico
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!2!./!$)2)'%5-&),-%$%3!&)!$/2
UM DIA PERFEITO-)3452!)2/.)!%
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FORUMDIAPERFEITO!IRONIADOTÓTULOEMSUAPLE-
NITUDESØPODERÉSERENTENDIDAPORQUEMASSISTIRA
ESSElLMEDESAlADORUm Dia Perfeito3ENDOJÉUMA
MARCADESSEDIRETORACAPACIDADEDEVERQUEEMTODOTRÉGICO
HÉMUITODEUMESCAPEEMQUESØOHUMOROCHISTEDARÉCON-
TADENARRAROINENARRÉVEL
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!SSIMOESPECTADORSERÉINFORMADOLOGOAOlMDAPRIMEI-
RA SEQUÐNCIA ONDE SE SITUA A HISTØRIA OU HISTØRIAS QUE SERÉ
APRESENTADA PELO ROTEIRO COMPOSTO PELO DIRETOR DO lLME O
ESPANHOL JÉ CONSAGRADO &ERNANDO ,EØN DE !RANOA -ESMO
QUENÎOSEJAASSIMNENHUMexpertEMHISTØRIARECENTESABERÉ
IDENTIlCAROQUANTOSETRATADEUMAREGIÎOQUEVIVEUVIVE CRU-
ÏISMOMENTOSDAMAISHUMILHANTEDESTRUI¥ÎO!GUERRAQUESE
DÉPELOSPRØPRIOSCONmITOSINTERNOSQUEATINGEMUMATENSÎO
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IMPULSODESTRUTIVOTOMAAFRENTEDEQUALQUERLIGA¥ÎOCOLETIVA
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POUCOSPO¥OSDEÉGUAQUEABASTECEMAREGIÎODEVASTADAPELOS
CONmITOSEQUEJÉANTERIORMENTELIDAVACOMAESCASSEZDESSERE-
CURSO#OME¥AOlLMECOMELESTENTANDORETIRARUMCADÉVERDE
UMDOSPO¥OSCORPOESTEQUEHAVIASIDOJOGADOLÉCOMAINTEN-
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O ESPECTADOR ACOMPANHARÉ E ASSIM CO-
NHECERÉCADAUMDOSINTEGRANTESDOGRU-
POASSIMCOMOALGUNSDOSHABITANTESDO
LUGAREJOQUESEENVOLVERÎOCOMELESEM
DETERMINADOSTRECHOS
/ COORDENADOR DO GRUPO -AMBRÞ
"ENICIODEL4ORO NÎOPOUPARÉESFOR¥OS
PARAALCAN¥ARSEUOBJETIVOQUECARECEDE
UMSIMPLESELEMENTOUMACORDAEEM
BUSCADESSEITEMACOMPANHAREMOSNOS-
SOS AVENTUREIROS POR SITUA¥ÜES TENSAS
QUETOCAMOESPECTADORCOMMUITOCUI-
DADO MAS QUE MESMO QUE DURAS PRE-
SERVAM UMA DELICADEZA ! TENSÎO ESTÉ
PRESENTE TODO O TEMPO METAFORIZADA
PELO CÎO QUE APARECE EM DETERMINADO
TRECHO E QUE SE CHAMA 4YSON UM CÎO O coordenador do grupo, Mambrú (à direita), não poupará esforços para resolver a questão do poço.
ENLOUQUECIDOPRESOPORUMACORDAQUE Acompanharemos os protagonistas em muitas situações delicadas, já que a tensão está sempre presente
ELES AMBICIONAM PEGAR !PØS TENTAREM
hAPAGARvOANIMALCOMALTADOSEDESO- #/-%!/&),-% NASCENASAMARCANTEEMUITOBEMESCO-
NÓFEROSTERÎOQUERECONHECERAIMPOSSI- #/-!%15)0% LHIDATRILHASONORA
BILIDADEEDIRÎOQUENÎOSERÉNADAFÉCIL &AZEM PARTE DO GRUPO AINDA "
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DAAMBOSTENDOACABADOOEMBATESEN- APENAS POR UMA CARONA A EX
AVENTURA
DOATENDIDOSEMEMERGÐNCIAMÏDICA $/30//3#/20/ AMOROSADE-AMBRÞADESAlADORA+ATYA
! EQUIPE FOI LEVADA A ESSE LOCAL AN- %34%15%(!6)! /LGA+URYLENKO EQUEMAISADIANTElCA-
TES MORADIA DO MENINO !PØS ALGUMAS RÎOSABENDOQUEESTÉLÉPARAFAZERUMRE-
TENTATIVAS FRUSTRADAS DE COMPRAR O QUE
3)$/*/'!$/,£ LATØRIOQUEOSMANDARÉDEVOLTAPARACASA
PRECISAVAM SÎO LEVADOS PELO MENINO #/-!).4%.§/ !OQUEPARECENENHUMDELESESTÉINTERES-
.IKOLA%LDAR2ESIDOVIC QUEHAVIAHABI- $%#/.4!-).!2! SADONESSAPOSSIBILIDADE"ÏOPORTAVOZ
TADOESSACASAEAGORAMORACOMSEUAVÙ DESSAINTEN¥ÎO3EMQUALQUERDISFARCELUTA
)VAN"RKIC EMOUTROLOCALAGUARDANDO
£'5!15%!"!34%#% PARACONTINUARREALIZANDOAQUELETRABALHO
ORETORNODESEUSPAISQUESUPOSTAMENTE /0/6/!$/! E PERGUNTA A -AMBRÞ QUEM CUIDARÉ DA-
HAVIAMFUGIDODATENSÎOPARAUMAZONA 4%.4!4)6!$% QUELASPESSOASSEELESSEFOREM
NEUTRA UM CASAL QUE PODERIA SER PERSE- 0ORTODOlLMEAAFETA¥ÎOEASURPRE-
GUIDOPORPERTENCERARELIGIÜESDIFERENTES 2%4)2!$!%.6/,6%2£ SADANOVATA3OPHIEDÎOOTOMDEEMO-
CRISTÎEMUL¥UMANA /MENINOSEGUEO 4/$//%.2%$/ ¥ÎOQUEPEGAOESPECTADORADEQUEMVÐ
GRUPONAESPERAN¥ADEGANHARUMABOLA COM DESCONHECIMENTO A ARIDEZ E A DOR
JÉ QUE A SUA HAVIA SIDO TIRADA DELE POR PECULIARGRUPOSEDESLOCARÉPORESTRADAS DO QUE OCORRE EM VERDADE COM AQUE-
OUTRO MENINO 1UANDO ISSO ACONTECEU QUESÎOLINDASEAOMESMOTEMPOAPAVO- LASPESSOASQUEMEIOQUESEHABITUARAM
-AMBRÞTENTOURESOLVERASITUA¥ÎOMAS RANTESTANTOPELAGEOGRAlAQUANTOPELAS E ANESTESIARAM COMO A ÞNICA FORMA DE
FOI AMEA¥ADO POR UMA ARMA NAS MÎOS AMEA¥AS ORIUNDAS DO CONmITO .OTA
SE SOBREVIVÐNCIA %M DETERMINADO PONTO
DOOUTROMENINOUMADOLESCENTEEPARA
PROTEGER .IKOLAS PROMETEU
LHE ARRUMAR
Eduardo J. S. Honorato é psicólogo e psicanalista, doutor em Saúde
OUTRA%ENTÎOEMBUSCADEUMACORDA
IMAGENS: DIVULGAÇÃO
68 psiqu
ps
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www.portalcienciaevida.com.br
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PARECE PARTILHAR DE GRANDES ILUSÜES E
EMBORA ISSO E TALVEZ POR ISSO MESMO
SEU SENTIDO HUMANITÉRIO COMOVE PELA
SUTILEZADOSGESTOS¡PATERNALSEMEXA-
GERAREMONIPOTÐNCIA&AZVERACADAUM
SEUSPRØPRIOSCONmITOSELIMITA¥ÜES
0ENSAR UM MUNDO TÎO BÏLICO E AO
MESMO TEMPO TÎO BELO TEM SIDO UM
GRANDEDESAlOPARAASCORRENTESDEPEN-
SAMENTO4ALVEZCOMOOPAIDE.IKOLA
ANDAMOS A MORDER CÎES COMO RECURSO
PARA IMPOR RESPEITO 3ERÉ O ÞNICO QUE
DISPOMOS %STARIA &REUD CERTO EM SUA
CARTA PARA %INSTEIN A RESPEITO DA POS-
SIBILIDADE DO PACIlSMO UM DIA QUEM
SABE UNIR GRUPOS CADA VEZ MAIORES /
QUE O IMPULSO DESTRUTIVO QUE TRAZEMOS
PODESERDOMADOENÎOAMPLIlCADOPE- Parece que o diretor Fernando Léon de Aranoa quer lembrar da capacidade que cada um tem de salvar os
LOS LA¥OS CIVILIZATØRIOS %SSAS QUESTÜES laços mais ternos que nos fazem humanos. O menino Nikola é um exemplo
TÐM SE REVITALIZADO EM EPISØDIOS BEM
ATUAIS E URGENTES EM SEREM DISCUTIDOS 0%.3!25--5.$/4§/"¡,)#/%
PARAQUENÎOENLOUQUE¥AMOSSEMSABER !/-%3-/4%-0/4§/"%,/4%-3)$/5-
MAISQUEMESTENDEAMÎOAMIGAEQUEM
APUNHALACOMFACASESCONDIDASEMVES- '2!.$%$%3!&)/0!2!!3#/22%.4%3$%
TES !O PENSAR PERMISSÜES E REGRAS NA 0%.3!-%.4/4!,6%:#/-//0!)$%
CONVIVÐNCIA DOS DIFERENTES HÉ QUE SE
.)+/,!!.$!-/3!-/2$%2#§%3#/-/
ENCONTRARMEIOSPARAQUECUIDAROUSER
CUIDADONÎOVIREMATOSDESUBMETIMEN- 2%#523/0!2!)-0/22%30%)4/
TOMASSIMDECOMPOSI¥ÎODEALIAN¥AS
COMMETASPACIlCADORAS SOBREVARIÉVEISECONÙMICASQUEALIMEN- NÎO ALIMENTE A MORDIDA FEROZ CHEIA DE
TAMGUERRASEMOUTRASREGIÜESSÎOPEN- IRAVINGATIVA(ÉESPERAN¥AEMPEQUENOS
#!-).(/ SADASEMUMABELAFALADAPERSONAGEM GESTOSEMGRUPOSAINDAMINORITÉRIOSMAS
%MUMMUNDONOQUALADESIGUALDA- INTERPRETADAPOR*ULIETTE"INOCHENOlL- HÉ%NTREOAMOROSOEODESTRUTIVOSEGUE
DETEMDITADOOTOMDOSACORDOSEDE- MEMil Vezes Boa-noite Tusen Ganger God A HUMANIDADE TENTANDO A SEMPRE DIFÓCIL
SACORDOSQUETIPODECAMINHOSPODERÎO Natt ASSIM COMO A INDIFEREN¥A TAREFADACONVIVÐNCIASOLIDÉRIA
SERCONSTRUÓDOSPARAQUESEPOSSAPENSAR COMOQUALORESTODOMUNDOCOSTUMA -AMBRÞ PERGUNTA AO AVÙ DE .IKOLA
EM BEM COMUM #OMO A ÉGUA VENDI- APENAS VISLUMBRAR ESSES EPISØDIOS %M QUANDOELECONTARÉAELESOBRESEUSPAIS
DA A PRE¥OS EXORBITANTES POR MERCADO- CERTOTRECHOSUAPERSONAGEM2EBECCA AOQUEELERESPONDEh!SEUDEVIDOTEM-
RES AOS HABITANTES DA DEVASTADA REGIÎO QUE FOTOGRAFA ZONAS DE CONmITO DIZ Ì POv!SSIMÏAVIDAHÉQUESEREVELARPARA
QUERECURSOSPERTENCEMATODOSECOMO SUAlLHAh%UQUEROQUEASPESSOASEN- ABRIRNOVOSHORIZONTESMESMOQUEANTES
PODEMOSCUIDARPARAQUENÎOSECONTA- GASGUEMCOMOCAFÏDAMANHÎQUANDO SE TENHA QUE ENCARAR A DOR IMENSA QUE
MINE A POSSIBILIDADE DE ACESSO AO QUE ABRIREMOJORNALv ENlMGANHARÉUMNOME!CHUVAABOLA
NUTRE A VIDA EM SEU ESSENCIAL .IKOLA %SGOTAMOSCADAVEZMAISRAPIDAMEN- AOlNALPROMOVERÎOESSEDESCORTINARQUE
DIZA-AMBRÞCOMOPODEMTERSIDOOS TEOSRECURSOSQUESUSTENTAMAVIDASOBRE SERÉ PARTE DO ACASO PARTE DOS CUIDADOS
PRØPRIOSVENDEDORESDAÉGUAQUETERIAM OPLANETACOMOCOMPORTELASDEPROTE¥ÎO QUE ALGUNS BONS HUMANOS PERSEGUEM
CONTAMINADOOPO¥OJOGANDODENTROO QUE ABARQUEM TODOS E ONDE A EXCLUSÎO MESMOCONTRAADVERSIDADES
CADÉVERQUEAEQUIPEAGORATENTARETIRAR
DE LÉ ¡ A GUERRA DIZ -AMBRÞ PARA A
IMAGENS: DIVULGAÇÃO
WWWPORTALCIENCIAEVIDACOMBR
PERlL Por Anderson Zenidarci
As FACES de
Norma, Mona e Marilyn
MARILYN VIA SUA TRAJETÓRIA DE VIDA REFLETIDA NO
ESPELHO DOS SENTIMENTOS SUFOCADOS E DA AUTOESTIMA
REDUZIDA À SENSAÇÃO DE NÃO MERECIMENTO, GERADA
PELAS DESVALORIZAÇÕES SUCESSIVAS QUE VIVEU
Q
ue imagem Norma Jeane Mortenson via
AOSEOLHARNOESPELHOQUANDOERAUMA
Monroe durante
a famosa cena do ESTRELADECINEMAMUNDIALMENTEFAMOSA
vestido voando, 6IAAMENINADEANOSABANDONADAPELA
The MÎE!MENINAQUEPASSOUPORORFANATOSEINÞME-
Seven Year Itch (1954) ras casas de adoção, sendo agredida e abusada sexu-
ALMENTE EM ALGUMAS DELAS 6IA A CRIAN¥A SOLITÉRIA
medrosa e desamparada que necessitava ser amada
E ACEITA DESESPERADAMENTE /U VIA -ARILYN -ON-
ROEUMPRODUTOFABRICADOECUJAIMAGEMERAUTILI-
ZADA CRUELMENTE PELA INDÞSTRIA CINEMATOGRÉlCA DE
(OLLYWOOD 1UEM ERA .ORMA-ARYLIN 3ABEMOS
QUEFOIUMDOSGRANDESÓCONESDEBELEZAESENSUALI-
DADEREGISTRADASEMlLMESENAHISTØRIADOCINEMA
! LOIRA INGÐNUA LINDA BURRA E GOSTOSA QUE ATRAÓA
MILHARES DE ESPECTADORES ÌS SALAS DE CINEMAS ERA
LUCRO GARANTIDO PARA OS ESTÞDIOS CINEMATOGRÉlCOS
-ASOPERSONAGEM-ARILYNCOMSEUGLAMOURNÎO
conseguia abrandar as cicatrizes e dores da vida de
.ORMA .ÎO SE VIA BELA COMO TODOS DIZIAM E CUL-
TUAVAM VIA
SE FEIA DISFORME 3OFRIA DO TRANSTORNO
DISMØRlCOCORPORALQUEÏAFALSAPERCEP¥ÎODESER
INADEQUADOlSICAMENTE
&OIEÏUMENIGMAPARAQUEMESTUDASUAPER-
SONALIDADE !S OPINIÜES DIVERGEM EM MUITOS AS-
PECTOS MAS SÎO UNÊNIMES EM AlRMAR QUE ERA
hCONFUSAINSEGURACARENTEMEIGACOMGESTUALNA-
TURALMENTEGRACIOSOEDEUMMAGNETISMOQUEERA
DIFÓCILPARARDEOLHARPARAELAMESMOQUANDOESTA-
VADEPIJAMALENDOUMLIVRODESCAL¥ASENTADAEM
UMACADEIRADOJARDIMv-ASVAMOSTENTARMONTAR
AS PE¥AS DISPONÓVEIS DESSE QUEBRA
CABE¥Aå .OR-
MA ERA UMA CRIAN¥A FRÉGIL LINDA E SEM NENHUMA
QUENOSÞLTIMOSTEMPOSDECASADA
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MESMO ANO FEZ SEU ÞLTIMO lLME Os
Construindo
RELAÇÕES
SAUDÁVEIS
Para encontrar a tão sonhada
felicidade no amor não é
necessário apenas
investir no próprio relacionamento,
mas é imprescindível
descobrir mecanismos para se
autoconhecer e, a partir daí,
compartilhar uma vida a dois
Por Beatriz Acampora e João Oliveira
Diálogo
P ortanto, é preciso dialogar, saber o
que se espera, o que se deseja, até para
que haja um consenso em prol da relação
e a decisão por continuar nela ou não. Afi-
nal, algumas pessoas não estão dispostas
a abrir mão de seus desejos e necessidades
em prol de um relacionamento.
Por isso, é sempre importante ser sin-
É fundamental que a pessoa aposte todas as fichas na autoconfiança e no amor próprio, pois, ao cero consigo mesmo e não entrar na ilu-
contrário do antigo ditado, cada um é uma laranja inteira são de que, com o tempo, será fácil mudar
SINCRONICIDADE
O conceito se refere
O
conceito junguiano anos para escrever sobre esse conceito,
de sincronicidade, tamanha sua complexidade. Jung, na
aos fenômenos amadurecido duran- tentativa de apresentar a sincronici-
te muitos anos pelo dade como um conceito baseado em
seu criador antes de pressupostos científicos, valeu-se de
acontecimentos não ser publicado em 1954, descreve fenô-
menos que não podem ser explicados
estudos como teoria Quântica, teoria
da Relatividade, leis da Termodinâmi-
casuais com uma dentro de uma causalidade linear. Se as
pessoas observarem abertamente, além
ca e de estudos de Probabilidade. A te-
oria da Complexidade foi posterior aos
GhÔ
IG
da visão reducionista/linear de cau- escritos de Jung sobre o tema e é possí-
sa e efeito, será possível perceber um vel encontrar bases para pensar sobre o
que permite perceber mundo de eventos aleatórios, que se fenômeno da sincronicidade.
inúmeros eventos interconectam de forma surpreenden-
te. Carl Gustav Jung levou mais de 20
Jung agrupou os eventos sincronís-
ticos em três categorias: coincidência
aleatórios que se
Elaine Cristina Siervo é psicóloga clínica na linha sistêmica e junguiana. Atua desde 1992.
interconectam Pós-graduada em Terapia de Família e Casal pela PUC-SP, atuou durante 8 anos na área de
Dependência de Drogas e por 5 anos como psicóloga de CAPS-Álcool e Drogas em São Paulo.
Formação em Coaching – Sociedade Brasileira de Coaching.
Por Elaine Cristina Siervo
1an0os
VIOLÊNCIA INFANTIL
O tema violência merece estar no centro das discussões, não só porque lidamos frente a frente com ele
quase que diariamente, mas também por e tratar de um assunto que precisa ser analisado sob diferen-
tes ângulos. O texto publicado na edição 127 da revista Psique retrata bem essa questão, abordando
os aspectos psicológicos e ressaltando que sempre que se olhar para uma situação de violência de for-
ma isolada e restrita corre-se o risco de conclusões equivocadas. No entanto, o núcleo do material se
DISPÜEAESCLARECERQUESTÜESRELACIONADASESPECIlCAMENTEÌVIOLÐNCIACONTRACRIAN¥ASEADOLESCENTES
Em minha visão, esse é um dos problemas sociais mais sérios que existem, pois são inúmeros os tipos
de violência, conforme relata o texto: violência estrutural, que deixa os jovens vulneráveis e prejudica
seu desenvolvimento e crescimento, é um deles. Mas um dos piores casos é a violência na família.
Cláudio Viana, por e-mail
REMÉDIO CONTRA disso, também gos- cia). Acreditava-se que pessoas com QI
A INTOLERÂNCIA tei quando ele se mais elevado possuíam maior chance de
A revista Psique sempre mostra sua voca- posiciona de ma- alcançarem sucesso na vida, o que não é
ção para esclarecer e informar. Na edição neira contundente totalmente verdadeiro. Por isso, surgiu um
127, não foi diferente. Ao abordar o assun- contra os mitos e novo conceito que consiste no produto da
to violência, não se limitou a registrar es- dogmas que exis- soma do QI com o QE. Esclarecedor!
tatísticas e números frios a respeito desse tem em relação ao Vanessa Monteiro, por e-mail
grave problema social. Foi mais fundo e funcionamento do
apontou o segredo para se chegar a uma cérebro. Um exem- EMOCÕES À FLOR DA PELE
sociedade menos violenta, não tão indivi- plo que posso mencionar é uma “verdade” A mente das crianças sempre foi um territó-
dualista e intolerante. Trata-se da empatia, que escuto desde que sou criança e que o rio recheado de mistérios e dúvidas. Dessa
uma habilidade que precisa ser desenvol- professor relativizou nessa entrevista: “fa- forma, acredito que uma abordagem volta-
vida nas pessoas desde os primeiros anos zer palavras cruzadas evita a doença de DACOMÐNFASEÌSEMO¥ÜESPODERIASERMAIS
de vida, para que sejam formados adultos Alzheimer”. Nunca entendi bem isso, pois ElCIENTE DO QUE MODELOS MERAMENTE RA-
que contribuam para um mundo melhor. minha mãe sempre usou esse artifício e, cionalistas, no que se refere a intervenções
Atitudes competitivas, egoístas, violen- infelizmente, sofreu com essa doença mal- CLÓNICASEPREVENTIVASVOLTADASÌINFÊNCIAE
tas, inclusive na infância, são caracterís- dita. Parabéns pelo trabalho. adolescência. A seção Dossiê, da edição 127,
ticas do quadro atual. Um dos exemplos Kátia Guimarães, por e-mail mostra isso de forma
Psicologia Infantil
dossiê
isso, é preciso lutar contra essa realidade. verdade, nunca soube exatamente o que é que muitas crianças
o objetivo de criar mecanismos
e intervenções eficazes voltadas
a esse público sensível
Laura Cendim, por e-mail isso e como se aplica no nosso dia a dia. apresentam em lidar
A partir do material publicado na revista com algo tão subje-
DOGMAS SOBRE O CÉREBRO Psique de número 127 consegui compre- tivo quanto o pensa- www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 35
123RF
Já conhecia o trabalho do professor Rober- ender melhor o termo. Para dominar o as- mento. Além disso,
to Lent e confesso que sou seu fã. A entre- sunto, percebi que é fundamental saber que OSAVAN¥OSSIGNIlCATIVOSDOCONHECIMENTO
vista, publicada no número 127 da revista, o Quociente de Inteligência, o famoso QI, CIENTÓlCOSOBREASEMO¥ÜESCONDUZEMÌDI-
novamente mostra a excelência desse neu- está diretamente ligado ao que se chama RE¥ÎOAUMMODELOMUITOMAISVOLTADOÌS
rocientista. Achei muito interessante a aná- de inteligência emocional (QE). Trata-se de emoções. Isso forma a base da educação so-
lise que ele faz, colocando a Neurociência um dos principais fatores para se alcançar cioemocional, tanto aplicada ao tratamento
como uma disciplina que está na base da SUCESSONAPROlSSÎONARELA¥ÎOINTERPESSO- de transtornos clínicos quanto a interven-
educação, pois ela ajuda a entender melhor al e para a automotivação. Por muitos anos ções preventivas. Uma nova e interessante
de que forma as informações são guarda- a inteligência de um indivíduo foi avaliada ABORDAGEM0ARABÏNSÌPsique.
das e esquecidas, entre outras coisas. Além pelo valor do QI (Quociente de Inteligên- Sebastião Pereira, por e-mail
comportamentos destrutivos mais sutis REPRESENTANTES Interior de São Paulo: L&M Editoração, Luciene
Dias – Paraná: YouNeed, Paulo Roberto Cardoso – Rio de Janeiro:
COMODIlCULDADESPARAIMPORLIMITES3OB Marca XXI, Carla Torres, Marta Pimentel – Rio Grande do Sul: Totali
Soluções em Mídia, Ivanir Antonio Curi – Santa Catarina: Artur
o ponto de vista psicológico, dizer “não” Tavares – Regional Brasília: Solução Publicidade, Beth Araújo.
A revista Psique traz muitas informações interessantes também nas redes sociais. Oceano
Indústria Gráfica Ltda.
Acesse a Fanpage: www.facebook.com/RevistaPsiqueCienciaeVida Nós temos uma ótima
impressão do futuro
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Esta revista foi impressa na Gráfica Oceano, com emissão zero de
fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de
todos os materiais não químicos.
FOTOGRAFIAS
cinema portando metralhadora e a des-
carrega em pessoas desconhecidas, ou
melhor, nunca as tinha visto, não rouba
nada, não reivindica nada, não leva qual-
T
odo crime é, sem exceção, uma Porém, para ser criminoso comum SÎOFOTOGRAlASEXATASDOCOMPORTAMEN
FOTOGRAlA EXATA E EM CORES DO não basta somente entender a natureza to do criminoso nas quais podemos ver
comportamento do criminoso. ilegal da ação, é necessário, ainda, ser aspectos do psiquismo de quem os pra-
Com efeito, os comportamentos capaz de se determinar de acordo com ticou), no próximo número vamos abor-
elaborados, não instintivos, exigem que an- esse entendimento. Dito de outro modo, dar características dos crimes praticados
tes sejam pensados. Em outas palavras, o ato se entende o que faz e não age de acordo pelos doentes mentais, ou seja, ações
complexo pressupõe entendimento prévio. com tal compreensão é, da mesma forma, incompreensíveis psicologicamente (e
!SSIM Ï CORRETO AlRMAR QUE O CRI
portador de transtorno mental, por falta compreensíveis psicopatologicamente).
minoso comum (em oposição ao doente de capacidade de determinação. Até lá.
mental criminoso) entende o caráter deli- Disso resultam duas conclusões bá-
tuoso do que está fazendo. Do contrário, sicas: 1- Se o indivíduo é criminoso co-
Guido Arturo Palomba
se não entendesse e, mesmo assim, delin- mum (que entende e se determina), vai
ARQUIVO PESSOAL/123RF
é psiquiatra forense e
quisse, não seria criminoso comum, mas delinquir sob certa lógica mental e, con- membro emérito da
portador de distúrbio mental, por desco- sequentemente, a sua ação será compre- Academia de Medicina
de São Paulo.
nhecimento do que faz. ensível psicologicamente. 2- Se o indiví-
E MUITO MAIS!