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ROBERTO BRAGA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
RESUMO
O objetivo deste trabalho busca conhecer e analisar se há indícios de que empresas
classificadas conforme a Metodologia Fleuriet agregam ou não valor econômico. Dentro deste
escopo, buscou-se identificar o comportamento de um conjunto de empresas dos setores do
comércio varejista e de transportes, e se há ligação entre os indicadores da metodologia
Fleuriet e a geração de valor econômico agregado. Dessa forma, procurou-se analisar se
empresas classificadas nos tipos Excelente, Sólida e Arriscada (todas com o indicador Saldo
de Tesouraria positivo) possuíam maior valor agregado do que aquelas classificadas nos tipos
Insatisfatória, Ruim e Péssima. Para a formulação e obtenção dos resultados, buscou-se uma
fundamentação teórica dos aspectos relativos à gestão financeira baseada na criação de valor
econômico, precedida de uma revisão de literatura sobre o modelo analítico utilizado por
Michel Fleuriet que, através da mensuração de suas variáveis características, proporciona uma
análise dinâmica da gestão e perfil financeiro das empresas, e classifica sua saúde financeira
em 6 categorias. O trabalho investigativo utilizou dados de 71 empresas dos setores citados
acima, e teve como ferramental o uso do método estatístico de análise de regressão linear com
informações publicadas pela revista Balanço Anual da Gazeta Mercantil em 2002 (ano base
2001). Os resultados obtidos indicaram que empresas que apresentavam saldo de tesouraria
negativo agregavam menos valor econômico, enquanto as que possuíam saldo de tesouraria
positivo tendem a agregar mais valor ao acionista.
1. INTRODUÇÃO
Com o passar dos tempos, cada vez mais torna-se imprescindível a formulação de
modelos de análise econômico-financeira como subsídio ao processo decisório, pois a
preocupação com a saúde financeira das empresas tem impacto direto na sua capacidade de
sobrevivência, e se estas empresas conseguirão prosseguir com novos empreendimentos
(como aumento de parque, capacidade de vendas, novos investimentos, etc.), bem como
apresentar-se à sociedade como investimentos viáveis.
Conforme Gitman (1995), competem aos profissionais de finanças planejar, coordenar
e controlar todas as atividades referentes à geração de informações financeiras necessárias à
administração que incluem registros contábeis e fiscais, estoques, custos, fluxos de caixa,
orçamentos financeiros e bens patrimoniais. O objetivo final dos profissionais de finanças é
criar valor para os acionistas no longo prazo, ou seja, na empresa, o volume de recursos
gerados deve superar os recursos consumidos.
Devido a esta necessidade cada vez mais crescente de melhor apuração das atividades
das empresas, foi desenvolvido pelo pesquisador francês Michel Fleuriet, em conjunto com
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Circulante
Não Circulante
• Ativo e passivo circulantes financeiros não apresentam vínculo direto com o ciclo
operacional. O ativo varia em função do risco de maior ou menor liquidez que a
empresa deseja assumir;
• ativo e passivo circulantes operacionais são compostos por valores que mantêm
estreita relação com a atividade (produção e vendas);
• investimento fixo, ou não circulante, que compõem o ativo permanente, considera
direitos a receber a longo prazo. Já o passivo permanente representa o exigível a
longo prazo e PL.
ser maior que o ativo circulante operacional. Para esta afirmação, o IOG será negativo, dando
o significado de está sendo feito um “financiamento operacional em giro”.
E por fim, o saldo de tesouraria (ST), obtido pela diferença entre o ativo e passivo
circulante financeiro, também obtido pela subtração entre o CCL e IOG.
A mensuração obtida pela diferença entre o capital de giro e o investimento
operacional em giro (T=CCL-IOG), quantifica e caracteriza o equilíbrio financeiro, qual seja,
e que deve haver uma clara separação entre os investimentos permanentes que devem ser
financiados por fontes permanentes, e investimentos temporários por fontes temporárias.
Existe equilíbrio financeiro se o CCL é suficiente para financiar o IOG e que, portanto, o
saldo de tesouraria seja positivo.
Para Fleuriet, Kehdy e Blanc (1978, p. 106) representa a diferença, num dado
momento, entre os recursos empregados para financiar a atividade da empresa e as
necessidades geradas por esta atividade. Para eles, saldo de tesouraria proporciona uma
medida de segurança financeira, com a qual uma empresa pode se assegurar se está apta para
arcar com desembolsos necessários e inesperados. Braga (1991) também relata que o modelo
de Fleuriet recria um instrumento de análise completo e articulado, apontando as causas de
modificações ocorridas na situação financeira da empresa, concluindo que as ferramentas
tradicionais de análise econômico-financeira, através de índices financeiros e percentuais das
análises vertical e horizontal, evidenciam apenas posições estáticas verificadas nas
demonstrações contábeis publicadas pelas empresas.
Tendo por base os dados levantados pela análise dos indicadores CCL, IOG e ST, e a
partir da combinação destes, Braga (1991) identificou que a composição de tais valores
trariam uma configuração da saúde financeira da empresa, e disto surgiriam 6 tipos possíveis
de estruturas de balanços, conforme abaixo :
Tipo CCL IOG Condição T Situação
seleciona as melhores estratégias financeiras, e este mercado competitivo tem espaço para as
empresas eficientes, que agreguem valor em suas decisões.
De acordo com Frezatti (2003) alguns estudiosos já vinham utilizando-se de conceitos
voltados para a questão de valor, e o valor econômico, como instrumento de avaliação
econômico-financeira, sistema de gestão e mensuração de performance empresarial,
alinhamento de interesses de acionistas, etc., tem sido realizado pelas empresas no mundo
todo. O assunto não constitui em novidade conceitual, uma vez que já vinha sendo tratado
desde muito tempo com enfoque nos aspectos conceituais, sem ater-se à aplicação prática.
E por que toda a preocupação com este assunto ? Cada vez mais a continuidade dos
negócios depende de uma boa gestão e processo decisorial competente, para que gestores
estejam atentos aos rumos da empresa, e possam tomar decisões de complexidade e risco.
E que tipo de decisões acompanham os gestores, e estão intimamente ligados aos
rumos da empresa e a gestão financeira? Decisões de investimento e de financiamento.
As decisões de investimento, conforme Sanvicente (1997, p. 15) relata, são um
conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura ideal em termos de ativos – fixos e
correntes – para que os objetivos da empresa como um todo sejam atingidos. Neste momento
os tipos de aplicação de recursos são analisados como alternativas à formação da estrutura
ideal. Já para as decisões de financiamento, a questão envolve passivos, e sendo assim, como
será formada a estrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada a composição dos
investimentos.
Para Assaf (1997), as decisões de investimento criam valor e, portanto, mostram-se
economicamente atraentes, quando o retorno esperado da alternativa exceder à taxa requerida
de retorno determinada para a alocação de capital.
Para a estruturação conceitual do valor econômico, a Contabilidade não fornece o
principal componente para sua mensuração, o custo do capital próprio, e muitos estudiosos do
valor econômico agregado afirmam que a Contabilidade não reflete adequadamente a posição
econômica da empresa, necessitando uma série de ajustes nos dados contábeis para que ela
reflita a realidade.
Frezatti (2003, p. 35) trata o valor econômico agregado, ou EVA , sob a nomenclatura
de Resultado Econômico Residual (RER), explicando que “o RER é aquilo que sobra para a
empresa depois que ela remunera, paga, retorna recursos consumidos ao seu processo. Tal
remuneração/pagamento/retorno envolve o acionista, instituições, financeiras, fornecedores,
empregados e prestadores de serviço”.
E como é feito afinal o cálculo do valor econômico? Para começar, são necessários
dados da Contabilidade e dados extracontábeis, para auferir o custo de capital próprio e de
terceiros. Uma maneira desenvolvida para o estudo do EVA foi feita por Assaf (2003)
através da fórmula :
• Lucro Operacional (líquido de IR) menos custo total de capital (WACC x
Investimento) igual VEA (Valor econômico agregado), sendo WACC o custo
médio ponderado de capital, o investimento como o capital total aplicado na
empresa.
Para Martins (2001) o valor econômico agregado pode ser obtido a partir do resultado
operacional líquido, obtido conforme a legislação societária brasileira indica, mas apontando
o custo do capital de terceiros, e sendo complementado com o custo do capital próprio.
Como agora saber onde está a ligação entre os modelos que estão sendo analisados
neste trabalho, já que como exposto acima, possuem metodologias tão diferentes de apuração,
e defensores tão fervorosos quanto à sua importância em demonstrar a eficácia?
Deste ponto então, podem-se realmente ser visualizados os pontos em comum das
metodologias Fleuriet e EVA, e como se pode transpor a barreira de limitações que os autores
mencionados relataram a respeito dos dados a serem usados da Contabilidade.
Assaf (1997) complementa que a importância dos resultados operacionais “possuem
arcabouço conceitual das decisões financeiras [...] tem sua avaliação fundamentada pelos
resultados operacionais. Através do desempenho operacional que é discutida a viabilidade
econômica do empreendimento; o lucro operacional define os limites de remuneração das
fontes de capital da empresa; as decisões de investimento são avaliadas, de maneira
incremental, por valores esperados de fluxos de caixa operacionais, e assim por diante.”
E por onde pode-se achar os indícios de ligação entre os modelos apresentados até o
momento? Se analisados a partir do balanço patrimonial, o cálculo do IOG, CCL e ST
participam na formação do resultado operacional, componente fundamental do cálculo do
valor econômico agregado. E o balanceamento destes indicadores é de fundamental
importância para o sucesso financeiro da empresa.
Valor
CCL / IOG / ST Econômico
Agregado
Resultado Operacional
Figura 4. Representação da importância do balanceamento de indicadores do Método Fleuriet
e EVA.
EVA FLEURIET
Resultado Capital Circulante
Operacional Líquido
Investimento Operacional
Investimentos em Giro
De modo geral, é evidente que todas as decisões, tanto as que sustentam as variáveis
do Modelo Fleuriet, quanto aquelas ligadas ao valor econômico agregado, estão altamente
ligadas à gestão de capital de giro.
3. METODOLOGIA
Este trabalho buscou na pesquisa bibliográfica conteúdo para fundamentar a análise
dos modelos (Fleuriet e EVA) e encontrar as comparações que fundamentassem a questão:
empresas consideradas como solventes (conforme classificação feita por Braga com base nos
indicadores do modelo Fleuriet) estariam agregando valor econômico ao acionista, dada a sua
situação financeira feita com base neste modelo?
O trabalho do cálculo do Modelo Fleuriet, constituído pela análise de diversos
balanços, demanda o rearranjo das rubricas contábeis no mesmo modelo apresentado no início
da explanação deste modelo, e seria fundamentado em informações oficiais publicadas.
Trabalho igual não poderia ser feito para o cálculo do valor econômico agregado, já
que os dados necessários não estão disponíveis no balanço. Como obter informações
gerenciais, como custo de capital, do grupo de empresas selecionadas para a pesquisa?
Criou-se então mais um desafio para tal empreendimento: buscar uma pesquisa
alternativa ou trabalho correlato que tivesse debatido o tema, ou associado tais indicadores, e
que fossem públicos para consulta e utilizados em um teste estatístico que pudesse comprovar
o que na literatura foi apreendido: a ligação entre os modelos.
A resposta para a questão veio com a descoberta do trabalho que a Revista Balanço
Anual, da Gazeta Mercantil, vem publicando ao longo de vários anos, e que usa na
metodologia de apuração de indicadores os cálculos do Capital Circulante Líquido (CCL), o
Investimento operacional em Giro (IOG) e Saldo de Tesouraria. O cálculo do valor
econômico agregado para os critérios da revista foram Lucro líquido (menos) Custo de
Oportunidade (multiplicado) pelo Patrimônio Líquido. O custo de oportunidade utilizado foi o
indicado pelo IPCA (IBGE), e por exemplo, para a edição 2002, valia 13,67%.
Estava assim definida então a fonte principal para sustentar a pesquisa. Foi escolhida a
edição de 2002 da revista (com dados de balanços referentes a 2001).
Esta técnica de modelagem estatística serve para dar uma versão simplificada de
algum problema ou situação, servindo para ilustrar certos aspectos do objeto estudado,
evitando grande número de detalhes que talvez sejam irrelevantes, e assim reduzir o grau de
complexidade de um problema.
Dos valores analisados neste estudo, foram abordados os seguintes dados:
• a equação da reta obtida: será encontrada com base nos dados amostrais , para
a qual a reta é y = a + bx, onde a é a parte da reta que intercepta o eixo dos y, e
b é o coeficiente angular;
• Erro-padrão: quantifica as divergências nas estimativas da regressão. A
quantidade de dispersão na amostra pode ser estimada com base na dispersão
das observações amostrais em relação à reta calculada;
• correlação ( r ): tendência e força da relação linear do comportamento das
variáveis. Pode varia de -1 a +1 (quanto mais próximo das extremidades, existe
uma relação linear entre as variáveis);
• Coeficiente de determinação (R-quadrado): considerando um modelo de três
variáveis, demonstra a proporção da variação de Y explicada em conjunto
pelas variáveis X e X1. Em outras palavras, indica o grau em que as predições
baseadas na equação de regressão superam as predições baseadas no valor
médio do y;
• Teste F: Lapponi explica que a distribuição F é utilizada para realizar testes de
hipóteses da equação da reta de regressão, e que testa a hipótese de que
nenhum dos coeficientes tenha significado;
• Nível de significância: probabilidade de o teste rejeitar a hipótese verdadeira,
ou aceitar a hipótese falsa. Normalmente, usa-se 95% de confiança, ou 5% de
nível de significância para os testes.
E para que a conclusão desta investigação fosse mais completa o possível, outro
conceito dentro de análise de regressão foi utilizado: variável Dummy ou variável postiça.
A introdução desta nova variável serve para incorporar ao modelo a influência de
variáveis não numéricas (com caráter qualitativo para verificar se elas influenciam os
resultados).
Elas assumem 2 valores : 0 e 1.
Neste estudo, a variável não numérica a ser colocada como uma variável Dummy foi
Solvente (T > 0) com sinal 0, e empresas com tendência a insolvência (T < 0), com sinal 1.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a utilização dos dados dos setores do comércio varejista e de transportes, as
empresas foram separadas entre solventes (aquelas classificadas entre os tipos Excelente,
Sólida e Arriscada, todas com saldo de tesouraria positivo) e com risco de insolvência
(aquelas classificadas entre Insatisfatória, Ruim e Péssima, todas com saldo de tesouraria
negativo).
Para facilitar ainda o entendimento e a compreensão de como o método de regressão
linear pudesse auxiliar na investigação, procurou-se analisar também a correlação que cada
variável do modelo Fleuriet tinha com o cálculo do EVA para tal empresa. A análise foi feita
somente com o capital circulante líquido (CCL) e o investimento operacional em giro (IOG),
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dado que o saldo de tesouraria, por tratar-se de uma diferença entre estas variáveis, será nossa
variável Dummy, ou seja, a variável não numérica do modelo.
Os dados para cada ano de 2001 apontaram para os seguintes resultados em matéria de
correlação, ou seja, a força de associação linear entre as variáveis :
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 2 1,97768E+11 98884117789 162,1976823 1,31429E-26
Resíduo 68 41456326102 609651854,4
Total 70 2,39225E+11
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%
Interseção (5.950,4) 3.090,5 (1,9) 0,1 (12.117,4) 216,6 (12.117,4) 216,6
CCL 0,2 0,0 12,0 0,0 0,2 0,3 0,2 0,3
IOG (0,4) 0,0 (15,2) 0,0 (0,5) (0,4) (0,5) (0,4)
Em linhas gerais, a regressão apresentou uma qualidade muito boa, dado pelo nível F
de significação ser bastante baixo (menos de 1%).
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ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 3 1,98371E+11 66123611409 108,4425398 1,16597E-25
Resíduo 67 40853727453 609757126,2
Total 70 2,39225E+11
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%
Interseção (8.914,805) 4.294,747 (2,076) 0,042 (17.487,159) (342,451) (17.487,159) (342,451)
CCL 0,244 0,021 11,878 0,000 0,203 0,285 0,203 0,285
IOG (0,410) 0,027 (15,077) 0,000 (0,464) (0,356) (0,464) (0,356)
D 6.069,077 6.105,019 0,994 0,324 (6.116,595) 18.254,749 (6.116,595) 18.254,749
5. CONCLUSÕES
Com o intuito de obter uma visão de como o Modelo Fleuriet poderia se correlacionar
com o cálculo do valor agregado, procurou-se neste trabalho através das análises dos
indicadores CCL e IOG, qual o grau de relação com a geração de valor econômico agregado,
tema tão discutido atualmente, e que demanda dados contábeis ajustados, e informações que
somente fontes internas das empresas possuíam.
Além disto, como poderia ser percebido se empresas classificadas como solventes pelo
padrão de situação financeira desenhada em 6 tipos estariam ou não agregando valor
econômico.
Esta pesquisa contou com a análise de dois setores da economia (setor do comércio
varejista e de transportes), e buscou averiguar se as decisões empresariais, com reflexos
diretos no comportamento das variáveis do modelo Fleuriet, poderiam ter influência na
geração ou não de valor econômico.
Fica evidente que é um grande trabalho de equilíbrio financeiro buscar uma
equalização entre os indicadores do modelo Fleuriet com o cálculo do valor agregado, pois
não basta apenas ser mantido um CCL positivo, não implica a existência de equilíbrio
financeiro. Por fim, o saldo de tesouraria obtido do modelo Fleuriet sintetiza como o
equilíbrio financeiro da empresa está sendo tratado, dado sua relação direta com a política
estratégica (CCL) e com a gestão operacional (IOG).
Os resultados da regressão múltipla realizada para os setores citados, e com o ano de
2001 pesquisado, apontaram para um R-quadrado ajustado da regressão múltipla em 82,7%, e
de 82,9% para a análise com a introdução da variável “solvente ou com tendência a
insolvência”.
De modo geral, pode-se apreender que há uma correlação entre o Capital Circulante
Líquido (CCL), e o Investimento Operacional em (IOG) e o cálculo da valor econômico
agregado, dado o comportamento das variáveis estudadas.
E como peça fundamental, a principal lição a ser tomada é a de que o valor econômico
agregado, analisado em conjunto com outras variáveis tão importantes quanto ele, como nível
de endividamento, ou má gestão dos ciclos operacional e financeiro, pode levar a uma melhor
compreensão de sua geração ou não, pois o valor agregado possui de forma direta ou indireta
alguma relação com os níveis de CCL e IOG das empresas pesquisadas.
E como apontado no início desta pesquisa, quanto maior for o giro dos itens do ativo
circulante (CCL), menor será a necessidade de investimentos nos itens de giro operacional
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(IOG), e, conseqüentemente, haverá uma contribuição menor com relação aos custos gerados
por esses itens e aumento de rentabilidade (com maior geração de valor agregado).
Deve-se lembrar que todo o estudo estatístico leva em consideração o peso da
qualidade da amostra, e que poderia ser mais apurada caso dados mais internos da empresa
pudessem obtidos, bem como a ampliação dos anos de estudos, para poder confirmar se há
algum comportamento de determinado setor que teve em determinado ano uma característica
diferente dos outros anos estudados. Bem como a expansão deste estudo a outros setores da
economia também poderia agregar maior informação.
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