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TECNOLOGIAS E PROFESSORES DE MATEMÁTICA:


APRENDIZAGENS E DESAFIOS

Eguimara Selma Branco


Professora PDE 2009-2011
eguibranco@gmail.com

RESUMO

O presente trabalho é resultado de uma proposta de pesquisa desenvolvida para o Programa


de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do PR, onde, defendemos que
professores de matemática podem interagir e socializar suas dúvidas e conhecimentos por
meio dos mais diversos espaços oferecidos pelas tecnologias informáticas; e ainda nessa
utilização, aprender a explorá-los (os recursos) de forma crítica, levando-os a refletir sobre
as possibilidades e desafios deste uso. Desta forma, objetivamos propiciar aos professores
de matemática conhecer espaços virtuais que contribuam para sua formação profissional
num processo de interação e colaboração. Visto que ações como essas, podem reorganizar
a maneira como eles percebem e desenvolvem suas aulas, possibilitando a reflexão, de
maneira diferenciada, sobre elementos importantes do processo de aprendizagem, de
conjecturar a partir de conteúdos/temas específicos, trocar ideias, manifestar-se, elaborar
justificativas, participar e aprender junto.

PALAVRAS CHAVE: Educação Matemática, Formação de Professores; Tecnologias da


Informação e Comunicação

INTRODUÇÃO

Diariamente, professores em geral, encontram-se diante de novas e inesperadas


situações e, precisam tomar decisões mesmo não se sentindo preparados. Esse fato não é
algo restrito apenas a professores em início de carreira, mesmo aqueles com anos de
experiência profissional necessitam discutir situações para superar problemas oriundos da
sala de aula. Entretanto, a correria do dia-a-dia, o excesso de atividades e atribuições, os
impede de reservar momentos para essa socialização.
Em paralelo, na sociedade contemporânea, as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) oportunizam novas maneiras de viver, de organizar a informação, o
conhecimento e as formas de aprender. Computadores, internet, celulares, caixas
bancários, cartões de crédito, redes, etc. permitem aos usuários criar, distribuir, receber,
consumir e digerir diferentes informações. Vivemos em uma “nova era” na qual os nativos
digitais1 sentem-se muito a vontade ao conversar com amigos pelo celular ou internet,

1
Nativos digitais são aqueles que nasceram imersos com as tecnologias digitais presentes em sua vida.
2

acessar sítios, receber todos os tipos de informação, interagir com naturalidade utilizando
ferramentas, coisas que há vinte anos eram desconhecidas da grande maioria da sociedade.
Por um motivo ou por outro, professores e TIC, ainda não convergem. Para Bairral
(2009), embora a utilização das novas tecnologias esteja mais freqüente no cotidiano dos
indivíduos, sua implementação efetiva nas atividades escolares, ainda é incipiente.
Assim, o presente trabalho é resultado de uma proposta de pesquisa desenvolvida
para o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do PR, onde
defendemos que professores de matemática podem interagir e socializar suas dúvidas e
conhecimentos por meio dos mais diversos espaços oferecidos pelas tecnologias
informáticas, e ainda nessa utilização, aprender a explorá-los (os recursos) de forma crítica,
levando-os a refletir sobre as possibilidades e desafios deste uso. Nesse contexto,
questionamos de que maneira os recursos tecnológicos disponíveis na web, podem
contribuir para a formação profissional do professor de matemática? Desta forma,
objetivamos propiciar aos professores de matemática conhecer espaços virtuais que
contribuam para sua formação profissional num processo de interação e colaboração.

NOVAS TECNOLOGIAS

As tecnologias estão presentes na sociedade desde o início da atividade humana,


das primitivas como o domínio da roda, até as de última geração como as da TV digital.
Brito e Purificação (2008) apresentam o desenvolvimento da tecnologia associada ao
desenvolvimento da ciência. Conforme essas autoras, e concordamos com elas, “o homem
criou ciência e tecnologias (...) a tecnologia é a aplicação do conhecimento científico para
obter um resultado prático” (BRITO E PURIFICAÇAO, 2008, p. 22). Assim, entendemos
que todas as gerações tecnológicas, são fruto de inúmeras pesquisas científicas de
determinado contexto de época. Por essa razão, seu desenvolvimento é permanente e seu
relacionamento com a cultura da sociedade é constante. Tanto o conhecimento quanto a
atividade humana devem ser analisados sob a ótica do contexto histórico-social e cultural
que estão envolvidos (GRINSPUN, 1999).
Segundo Kenski (2007) as tecnologias estão em todo lugar, tão próximas e
presentes que fazem parte de nossa vida e nem nos damos conta disso. Exemplos são “o
lápis, cadernos, canetas, lousas, giz e muitos outros equipamentos e processos planejados e
construídos para que possamos ler, escrever, ensinar e aprender” (KENSKI, 2007, p.24).
3

Para a mesma autora, diariamente convivemos com tecnologias, e a “habilidade de lidar”


com cada tipo de tecnologia, para executar ou fazer algo, chamamos de técnicas.
Porém, para Brito e Purificação, o termo tecnologia vai muito além de meros
equipamentos. Ela permeia em toda a nossa vida. Citando Bueno2 as autoras conceituam
tecnologia como:

[...] um processo contínuo através do qual a humanidade molda, modifica


e gera a sua qualidade de vida. Há uma constante necessidade do ser
humano de criar, a sua capacidade de interagir com a natureza,
produzindo instrumentos desde os mais primitivos até os mais modernos,
utilizando-se de um conhecimento científico para aplicar a técnica e
modificar, melhorar, aprimorar os produtos oriundos do processo de
interação deste com a natureza e com os demais seres humanos (BRITO
E PURIFICAÇÃO, 2008, p.32).

De fato as tecnologias sempre existiram e permeiam nossa vida, porém seu


desenvolvimento não ocorre apenas em termos quantitativos, uma vez que com essa
evolução surgem novas formas de comunicação e interação.
Santaella (2007), analisando o acelerado das invenções tecnológicas nos últimos
séculos, propõe que se prestarmos atenção, ficará perceptível que grande parte dessas
invenções é constituída por tecnologias que incrementam a capacidade humana para a
produção de linguagem, chamadas pela autora de “tecnologias comunicativas ou meios de
comunicação” (SANTAELLA, 2007, p.194). Segundo a autora, a cada tempo, os meios
tecnológicos produziram formas diferentes de relacionamento e comunicação no mundo,
resumidas aqui em cinco gerações tecnológicas:
1. Tecnologias do reprodutível (tecnologias eletromecânicas) - jornal, fotografia e
cinema, que introduziram o automatismo e a mecanização da vida.
2. Tecnologias da difusão (tecnologias eletroeletrônicas) - rádio e televisão, que
deram origem à chamada cultura de massa, se tornou mais aguda com a transmissão via
satélite.
3. Tecnologias do disponível (tecnologias de pequeno porte) - vídeo-cassete,
controle remoto, walkman, DVD, TV a cabo, fotocópia, personalizaram a recepção,
colocaram disponível a possibilidade de se gravar um programa ou trocar freneticamente
de canais na televisão, ouvir música andando na rua, tirar cópias de apenas uma parte de
uma obra, etc.

2
BUENO, L. N. O desafio da formação do educador para o Ensino Fundamental no contexto da Educação
Tecnológica. Dissertação de Mestrado em Tecnologia. Curitiba: UFTPR, 1999.
4

4. Tecnologias do acesso (tecnologias da inteligência) - modem, mouse, software,


mas, principalmente a Internet, que permite, em um clique, o acesso a uma infinidade de
informações, essas tecnologias alteram completamente as formas tradicionais de
armazenamento, manipulação e diálogo com as informações.
5. Tecnologias da conexão contínua (tecnologias móveis) - telefones celulares e
outras tecnologias nômades que independem de cabos e outros recursos, operam em
espaços físicos não contíguos.
Santaella (2007) ainda defende que cada uma dessas gerações não substitui a
anterior, a nova geração tecnológica pode diminuir o uso das tecnologias anteriores, mas
não extingue a anterior e, assim, cada cultura de uma época nasce da mistura do antigo
com o mais recente. Essas gerações tecnológicas, ainda presentes na sociedade
contemporânea, criam impactos sociais, econômicos, culturais e cognitivos, que dependem
da natureza e do grau de adesão em cada cultura.
Em específico, as oportunidades que surgem a partir das “tecnologias do acesso”,
amparadas pelo uso da internet 3, modificaram de vez as formas de comunicação e
transmissão da informação.
Essas novas tecnologias4,

[...] rompem com as formas narrativas circulares e repetidas da oralidade


e com o encaminhamento contínuo e seqüencial da escrita e se apresenta
como um fenômeno descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo,
dinâmico, aberto e veloz. Deixa de lado a estrutura serial e hierárquica na
articulação dos conhecimentos e se abre para o estabelecimento de novas
relações entre conteúdos, espaços, tempos e pessoas diferentes (KENSKI,
2007, p.31).

Para a autora, a base da linguagem digital é o hipertexto, ou seja, uma sequência de


documentos interligados que funcionam como páginas sem numeração, que trazem
informações e conhecimento. “O hipertexto é uma evolução do texto linear, na forma como
conhecemos” (KENSKI, 2007, p.32). Se neste texto, acrescentarmos outras mídias –
imagens, vídeos, sons, etc. -, o que temos é uma hipermídia. “Hipertextos e hipermídias
reconfiguram as formas como lemos e acessamos as informações” (KENSKI, 2007, p.32).
3
Brito e Purificação definem a internet como uma gigantesca rede interconectada por milhares de diferentes
tipos de redes, que se comunicam por meio de uma linguagem em comum (protocolo) e um conjunto de
ferramentas que viabiliza a comunicação a obtenção de informações. Nela, qualquer usuário conectado pode
estar em contato com o mundo (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2008, p.102).
4
Neste texto, chamaremos novas tecnologias, as tecnologias que surgem a partir da geração das “tecnologias
do acesso” citadas por Santaella (2007).
5

Silva também defende que o hipertexto é o “novo paradigma tecnológico que


liberta o usuário da lógica unívoca da mídia de massa” (2001, p.12). Segundo o autor, o
hipertexto democratiza a relação do usuário com a informação gerando um ambiente que
não se limita à lógica da distribuição. O hipertexto seria essencialmente um sistema
interativo e o fato de professores conhecerem e experimentarem essa nova dimensão pode
resultar em novas possibilidades de práticas em sala de aula (SILVA, 2001).
O espaço onde ocorre a comunicação, no qual as pessoas estão quando conectadas a
internet, Lévy (1999) define como ciberespaço. Assim, o ciberespaço é
o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. Para
Lévy, o termo especifica “não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital,
mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres
humanos que navegam e alimentam esse universo” (LÉVY, 1999, p.17). Conforme o autor,
o ciberespaço, além de possibilitar a independência da presença geográfica para
relacionamentos, estimula a telepresença, a telecomunicação e a comunicação assíncrona
(independente de tempo). De certa forma, o ciberespaço seria similar a um mundo paralelo
virtual, heterogêneo, em constante transformação constante.
Enfim, as novas tecnologias baseadas da internet, impõem mudanças irreversíveis
nas formas de comunicação e de acesso à informação, a cultura e ao entretenimento. Na
próxima seção buscaremos articular essas tecnologias a escola e a sala de aula.

ESCOLA, SALA DE AULA E NOVAS TECNOLOGIAS

Os avanços tecnológicos têm provocado mudanças sociais, que podem possibilitar


aos indivíduos, além da obtenção de informações e de entretenimento, sua inserção em
comunidades virtuais ou grupos com identidades próprias. Nas novas gerações esses
processos são muito comuns, pois se sentem muito a vontade ao falar no celular, mandar
ou receber uma mensagem, participar de comunidades virtuais, interagir e se comunicar no
mundo virtual. No entanto, Almeida (2007) pondera que não se pode esperar que eles
cresçam e se tornem profissionais nos sistemas educativos para incorporarem às suas
práticas os espaços propiciados pelas novas tecnologias.
6

Para Brito e Purificação (2008), citando Bastos5, o fato das tecnologias estarem
presentes em todos os setores da sociedade constitui um justo argumento para sustentar sua
necessidade na escola e na educação. Concordamos com essas autoras ao assumirem:

[...] educação e tecnologia como ferramentas que podem proporcionar ao


sujeito a construção de conhecimento, preparando-o para saber criar
artefatos tecnológicos, operacionalizá-los e desenvolvê-los. Ou seja,
estamos em um mundo em que as tecnologias interferem no cotidiano,
sendo relevante, assim, que a educação também envolva a
democratização do acesso ao conhecimento, à produção e a interpretação
das tecnologias (BRITO E PURIFICAÇAO, 2008, p.23).

Porém as mesmas autoras alertam que é preciso cuidado e planejamento na sua


utilização/proposição, pois qualquer recurso aplicado a educação pode ser apenas
instrumentos “reprodutores dos velhos vícios e erros dos sistemas” (BRITO E
PURIFICAÇAO, 2008, p.24).
Por conta dessa situação, concordamos com Valente (2007), ao afirmar que há que
se desenvolverem diferentes letramentos para lidar com tais avanços, visto que há um
processo de integração de tecnologias distintas em um mesmo artefato. Evoluções e
junções muito breves se levarmos em conta as inovações nas políticas da educação.
Mas, como fica então a escola frente a essas transformações?
Brito e Purificação (2008) afirmam que a escola, bem como as demais organizações
estão sendo pressionadas por esses avanços, pois, todos devem “(re)aprender a conhecer, a
comunicar, a ensinar; a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal
e o social” (BRITO E PURIFICAÇÃO, 2008, p. 24). Porém, conforme as autoras, a
inovação na educação escolar, no que diz respeito às novas tecnologias, tem causado muita
confusão, pois muitas vezes, apenas é dada uma nova roupagem para o conceito de
tecnologia educacional6,sendo que o enfoque metodológico que as aborda, permanece
tradicional.
Muitas escolas inclusive já contam com laboratórios de informática e acesso a
internet, porém autores como Moran (1998, 2005), Kenski (2003, 2007) e Brito e
Purificação (2008), alertam que não basta apenas à aquisição de equipamentos, mas
propõem que o uso das novas tecnologias tem que ocorrer de forma consciente e com

5
BASTOS. J. A. A. (Org) Educação tecnológica: imaterial & comunicativa. Curitiba: Cefet-PR, 2000.
(Coletânea Educação & Tecnologia).
6
Brito e Purificação (2008) consideram tecnologia educacional todos os recursos tecnológicos, desde que em
interação com o ambiente escolar no processo ensino-aprendizagem.
7

conhecimento das possibilidades de uso. Consideram que o mais importante é a criação de


uma “cultura” 7 necessária para se utilizar desses recursos de maneira adequada, “é preciso
respeitar as especificidades do ensino e da própria tecnologia para poder garantir que o seu
uso, realmente, faça diferença” (KENSKI, 2007, p.46).
Ao aproximar as novas tecnologia e a escola, entendemos que

[...] a comunidade escolar depara-se com três caminhos: repelir as


tecnologias e tentar ficar fora do processo; apropriar-se da técnica e
transformar a vida em uma corrida atrás do novo; ou apropriar-se dos
processos, desenvolvendo habilidades que permitam o controle das
tecnologias e de seus efeitos (BRITO E PURIFICAÇAO, 2008, p.25).

As autoras defendem, e concordamos com elas, que a terceira opção é a que melhor
viabiliza uma formação efetiva ao cidadão. Assim, faz-se necessário, introduzir as novas
tecnologias na escola,

[...] num projeto de reflexão e ação, utilizando-as de forma significativa,


(...) realizando um trabalho de incentivo às mais diversas experiências,
pois a diversidade de situações pedagógicas permite a reelaboração e a
reconstrução do processo ensino-aprendizagem (BRITO;
PURIFICAÇÃO, 2008, p. 26).

Visto que, ações desconcertadas, sem propiciar formação sobre os conteúdos,


processos de ensino e de aprendizagem, bem como, orientação aos sujeitos (professor,
aluno, equipe pedagógica) que utilizará as novas tecnologias em sala de aula, acabam
gerando propostas inúteis ou pouca mudança nos processos de ensino e de aprendizagem.
Outra questão relevante nesse contexto é apontada por Kenski (2003) ao discutir
que cada tecnologia é apropriada para um determinado tipo de aprendizagem e
desaconselhável para outro. Em sala de aula, cabe ao professor decidir qual é mais
adequada para determinado conteúdo. Para isso, ele precisa ter formação para o uso dos
recursos, e analisar a conveniência de seu uso pedagógico. Para esse uso, é aconselhável
que o professor se sinta confortável a esse uso, que conheça, domine os procedimentos,
avalie suas possibilidades pedagógicas partindo da integração desses meios aos processos
de ensino.
Portanto, a inserção das novas tecnologias na escola, exige a formação do professor
em uma perspectiva que procure desenvolver uma proposta que permita transformar o

7
Ao usarmos o termo nova “cultura” falamos de alteração de comportamento, de reflexão e ação sobre o uso
das novas tecnologias, utilizando-as em sala de aula de forma realmente significativa.
8

processo de ensino em algo dinâmico, constante e desafiador com o suporte das


tecnologias. Não se trata apenas de adaptar modelos superados às novas tecnologias,
“novas tecnologias e velhos hábitos de ensino não combinam” (KENSKI, 2003, p. 75).
Esses processos devem englobar uma formação tecnológica, pedagógica e teórico-
metodológica, que poderá propiciar aos professores a apreensão de novas formas de
comunicação, aprendizagem e ensino. Professores em formação e transformação, abertos
as mudanças, “aos novos paradigmas, os quais o obrigarão a aceitar as diversidades, as
exigências impostas por uma sociedade que se comunica através de um universo cultural
cada vez mais amplo e tecnológico” (BRITO E PURIFICAÇÃO, 2008, p. 29).
Tudo que foi dito até aqui, remete-nos a um sentimento que toma conta
principalmente de professores nascidos em uma cultura onde a palavra “mudança” está
impregnada na sociedade, professores que vivem e convivem com a transição, com a
necessidade de transformação. Esses processos causam um certo esvaziamento, bem
presente nas falas de professores frutos de uma geração baseada em verdades absolutas,
verdades refutadas por um mundo em que o curso e o tempo das mudanças passam rápido
demais. Mudar é preciso.

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA

Segundo Silva (1998), até meados de 1980, pouco havia se pesquisado sobre
formação de professores no Brasil. Entretanto, a partir desta década o tema começou a
delinear-se e se torna uma das áreas mais ativas de pesquisa. De lá para cá, importantes
trabalhos surgiram, com especial destaque aos desenvolvidos pelo professor Dario
Fiorentini8. Em sua tese de doutorado, bem como artigos e capítulos de livros, podemos
encontrar elementos importantes acerca do tema “Formação de Professores”.
Referindo-se ao campo de pesquisa em Educação Matemática, Fiorentini afirma
que “educadores matemáticos, constituem um dos grupos profissionais que mais procuram
se aventurar por novos caminhos e com outros olhares em relação à formação do professor,
aos seus saberes e à sua prática docente” (2003, p.10). Conforme o autor, esse fato se dá
pela situação que se encontra o ensino da matemática no contexto atual da sociedade
contemporânea, onde dentre os profissionais da educação, o professor de matemática é o

8
Professor doutor da Universidade Estadual de Campinas onde exerce atividades de pesquisa e de docência
na graduação e na Pós-Graduação em Educação (mestrado/doutorado).
9

que mais sofre criticas, como falta de atualização, “tradição pedagógica”, resistência a
inovações curriculares, falta de conexão com outras disciplinas, entre outras.
Fiorentini (2003, p.10) ainda destaca que por conta dessa cobrança e tensão criada,
buscou-se conceber e desenvolver a formação e o trabalho docente sob outros olhares e
perspectivas.
Os educadores matemáticos, talvez, constituem um dos grupos
profissionais que mais procuram se aventurar por novos caminhos e com
outros olhares em relação à formação do professor, aos seus saberes e à
sua prática docente (FIORENTINI, 2003, p.10).

Na mesma direção, Ferreira (2003) destaca que, nos últimos anos, os processos de
formação de professores que ensinam matemática vêm sendo um dos principais temas de
pesquisa, onde o próprio conceito de formação de professores evolui (FERREIRA, 2003).
Nesse sentido, Darsie e Carvalho 9 (1998), citado por Ferreira (2003), destacam que as
pesquisas apontam uma tendência de mudança no modo como a formação inicial e
continuada de professores é estudada, pois, aos poucos a formação de professores passa a
ser entendida como um processo contínuo resultante da inter-relação de teorias, modelos e
princípios extraídos de investigações experimentais e regras procedentes da prática que
propiciaram o desenvolvimento profissional do professor.
No entanto, a autora ainda discorre que muitos processos de formação, ainda
entendem o professor como objeto de “estudo e reforma (...) relacionando a um movimento
de fora para dentro, no qual o professor deve se esforçar para assimilar conhecimentos”
(FERREIRA, 2003, p.35). No entanto, na perspectiva do desenvolvimento profissional10, a
qual defendemos neste trabalho, o professor torna-se sujeito ativo e responsável por seu
crescimento, ou seja,

[...] de uma “peça” ou até um “obstáculo” que deveria ser superado para a
aplicação de técnicas, currículos e programas elaborados em diferentes
instâncias, o professor passa a ser considerado como um elemento
importante do processo ensino-aprendizagem. Considerado um
profissional com capacidade de pensar, refletir e articular sua prática

9
DARSIE, M. M. P. E CARVALHO, A. M. P. A reflexão na construção dos conhecimentos profissionais do
professor de matemática em curso de formação inicial. Zetetiké, vol. 6, no. 10. Campinas, FE/Unicamp,
jul./dez. 1998, PP. 57-76.
10
Entendemos o desenvolvimento profissional na perspectiva onde o processo de formação “inicia muito
antes da formação inicial e que se estende durante toda a trajetória do professor, ou seja, que se preocupa
menos com o produto que com o processo que se desenrola por meio de um continuo movimento de dentro
para fora, valorizando o professor pelo seu potencial, no qual a prática é a base para um relacionamento
dialético entre teoria e prática e, muitas vezes, ponto de partida.” (FERREIRA, 2003, p.35)
10

(deliberadamente ou não) a partir de seus valores, crenças e saberes


(construídos ao longo de toda sua vida), ele passa a ser valorizado como
um elemento nuclear no processo de formação e mudança (FERREIRA,
2003, p.25).

Nesse sentido, a reflexão é vista como um processo em que o professor analisa sua
prática, reúne dados, anota/escreve/descreve situações, implementa e avalia projetos e
compartilha suas idéias com outros professores e alunos, promovendo discussões em
grupo. Concordamos com Fiorentini e Castro (2003), que sem reflexão o professor
mecaniza sua ação, “cai na rotina”, trabalha de forma repetitiva, reproduzindo o que está
pronto e o que é mais acessível, fácil ou simples.
Ponte (1998) também atribui responsabilidades ao professor. Para esse pesquisador
o professor é visto como elemento-chave no processo de ensino e de aprendizagem, e que
sem a sua participação é impossível imaginar qualquer transformação significativa no
sistema educativo. O autor considera que,

[...] para responder aos desafios constantemente renovados que se


colocam à escola pela evolução tecnológica, pelo progresso científico e
pela mudança social, o professor tem de estar sempre a aprender. O
desenvolvimento profissional ao longo de toda a carreira é, hoje em dia,
um aspecto marcante da profissão docente (PONTE, 1998, p.2).

Assim, Fiorentini et al. (2002, p.139), destaca que o crescimento de pesquisas na


área de formação de professores, parece “[...] refletir uma tendência mundial que
reconhece o professor como elemento fundamental nos processos em face das novas e
mutantes demandas sociais do mundo globalizado, necessita, permanentemente, atualizar-
se”.
Entendemos então, que há um consenso de que o professor precisa ser formado para
acompanhar as mudanças na sociedade, pois diariamente encontram-se diante de desafios e
dilemas, de novas demandas de aprendizagens e de formação docente que lhe são postas
pela sociedade contemporânea. Para esses professores, configura-se a necessidade de uma
maior adaptação às mudanças, vencer seus medos, inovação, flexibilidade, criatividade,
trabalho em grupo e capacidade para resolver problemas.
Nesse sentido, compactuamos com a idéia de Borba (2000), de que a internet e as
redes virtuais facilitam o acesso de qualquer pessoa a um conhecimento produzido por
11

outra em qualquer horário e local, cada um a seu tempo e lugar. A internet possibilita a
comunicação, em tempo real, entre comunidades situadas a grandes distâncias geográficas.
Ponte também defende o uso da internet na formação de professores. Para o autor,

[...] a Internet pode ser vista como uma “metaferramenta” 11 onde é


possível encontrar informação sobre novos desenvolvimentos na
matemática e na educação matemática, software, exemplos de tarefas
para os alunos, ideias para a sala de aula, relatos de experiências, notícias
sobre encontros e outros acontecimentos, etc. Além disso, a Internet
permite a divulgação de produções próprias, sejam textos, imagens,
sequências vídeo, pequenos programas (applets) ou documentos
hipertexto. Possibilitando a comunicação síncrona e assíncrona, constitui
uma ferramenta de grande utilidade para o trabalho colaborativo.
Facilitando e estimulando as interacções entre as pessoas, a Internet
representa um suporte do desenvolvimento humano nas dimensões
pessoal, social, cultural, lúdica, cívica e profissional. Constitui um
instrumento de trabalho essencial do mundo de hoje, razão pela qual
desempenha um papel cada vez mais importante na educação (PONTE,
2003, p.160).

Desta forma, partimos do princípio de que professores de matemática que aprendem


as possibilidades do uso da internet e as usam no contexto da Educação Matemática,
desenvolvem uma identidade profissional diferenciada, no que diz respeito ao domínio do
recurso, bem como, do conhecimento matemático.
Para Miskulin et al (2005), o uso da internet na formação de professores têm
apresentado sua contribuição, pois parte de um processo de formação que demanda
envolvimento dos participantes, trocas e colaboração. A autora, também entende que, faz-
se necessário pensar ações coerentes que definam novos percursos, na medida em que se
constituam em espaços de reflexão, análise, investigação, intercâmbio de experiências e
idéias, cooperação, colaboração, integração da teoria e da prática etc., atitudes essas, em
resposta aos atuais anseios da sociedade (MISKULIN, 2003).
Assim, entendemos que faz-se necessário pensar em modelos de formação que
consigam superar a “ignorância tecnológica” que muitos professores ainda são vítimas,
ignorância que os leva a banalizar seu uso em lugar de promovê-lo de forma crítica e
reflexiva. Para que o diálogo e a interação entre esses professores sejam efetivos, é preciso
pensar propostas a partir dos recursos tecnológicos que temos disponíveis, pois são eles
que de fato constituirão o ambiente de aprendizagem, cenário no qual podem ocorrer os
processos de formação dos professores.
11
Metaferramenta, ou seja, uma ferramenta que por sua vez, permite o acesso s muitas outras ferramentas.
12

EM TEMPOS DE WEB 2.0

Em 2004, o termo Web 2.0 foi apresentado pela primeira vez por Tim O’Reilly 12
para definir aplicativos utilizados na rede, que aproveitavam a inteligência coletiva dos
usuários, propondo uma experiência de uso parecida com os desktops, na qual os softwares
são disponibilizados na internet como um serviço, e a web, como uma plataforma. Para
esse modelo, o que vale é a interatividade, uma vez que os usuários deixam de ser
consumidores e passam a ser também produtores de conteúdo. Apesar de todos os
questionamentos a respeito destas terminologias, é evidente que as características da web
de hoje são muito diferentes da web que existia antes.
Enquanto no modelo antigo, que chamamos de “Web 1.0” o usuário era apenas um
expectador em uma página, na “Web 2.0” ela passa a ser também autor, acrescentando
opiniões e conteúdos, pode ler, participar, modificar e (re)criar conteúdos. Não há mais
armazenamento ou processamento local, agora os dados são enviados para servidores
online que podem ser acessados em qualquer lugar. O privado torna-se público. Arquivos,
compromissos, agenda, lista de favoritos, tudo é compartilhado na rede, tornando-se
acessíveis a todos os usuários.
Inúmeras são as mudanças, bem como as aplicações dessas novas ferramentas à
proposta e encaminhamentos metodológicos da educação.

Blogs tornam-se espaços para debates, discussões e anotações de aula


que podem ser comentadas. Wikis permitem a criação e edição conjunta
de conteúdo, na elaboração de textos e trabalho cooperativo para
montagem de projetos, tanto entre os alunos como os docentes. O
podcast, uma espécie de programa em áudio utilizado para divulgar
opiniões, entrevistas, música ou informações pela internet, serve de
suporte ao conteúdo escrito do curso. Alunos podem gravar seu próprio
programa e distribuí-los na forma de MP3 e baixar para serem escutados
no iPod. E ainda, tudo isso pode ser reunido em um agregador RSS para
receber avisos de atualização automática do conteúdo. O m-learning (ou
mobile learning) surge como uma solução aos altos executivos que
precisam de mobilidade alternativa ao notebook. Os fornecedores de
plataforma para EaD já correm para achar um padrão compatível para a
diversidade de modelos de aparelhos do mercado (AKAGI, 2008, s.p.).

12
Página pessoal de Tim O’Reilly. Disponível em:
http://www.oreillynet.com/pub/a/oreilly/tim/news/2005/09/30/what-is-web-20.html, acesso em 10 de julho
de 2010.
13

As ferramentas da Web 2.0 estimulam a experimentação, a reflexão e produção de


novos conhecimentos, favorecendo a construção de um espaço de aprendizagem coletiva.
As possibilidades de aprendizagem colaborativa com a Web 2.0 surgem para superar a
estrutura rígida da Internet com poucos emissores e muitos receptores. Assim, surge uma
nova plataforma onde as aplicações são fáceis de usar, permitindo muitos emissores,
muitos receptores e uma quantidade significativa de comunicação e cooperação. Estas
mudanças permitem o surgimento de redes colaborativas de conhecimento, onde vários
assuntos são colocados em discussão, e o conhecimento é estruturado de forma contínua
(CARVALHO, 2008). Exemplos disso são o Orkut13, o MySpace14 e o Facebook15 que
propiciam uma série de discussões por meio de seus fóruns. No Second Life16, outro
exemplo, os usuários existem virtualmente, e por meio de seus avatares interagem,
assistem palestras, exploram diferentes ambientes. Dentro desse espaço já funcionam
verdadeiros campus virtuais. Vale aqui lembrar que não precisamos nos utilizar de todas
essas ferramentas, mas o fato é que para nossos alunos isso é muito normal, pois navegam,
participam, interagem nestes espaços com muita naturalidade.
Os recursos disponíveis da Web 2.0, além de aperfeiçoarem a organização das
informações, também favorecem a formação de novas redes de conhecimento com base
nas trocas e na cooperação. Por isso, a necessidade dos professores estarem também
imersos neste mundo virtual, propondo uma nova estrutura de aprendizado, tanto para sua
formação profissional e no enriquecimento de sua atuação, como para o trabalho que
desenvolvem com seus alunos.

PRODUÇÃO COLETIVA

Para Vygotsky (1988) as funções psicológicas superiores, memória e linguagem,


são construídas ao longo da história social do homem, em sua relação com o mundo. Os
processos voluntários, as ações conscientes e os mecanismos intencionais - funções
psicológicas superiores - dependem de processos de aprendizagem. O pensamento tem
origem na motivação, no interesse, na necessidade, no afeto e na emoção e, a construção

13
Ver: http://www.orkut.com
14
Ver: http://www.myspace.com
15
Ver: http://www.facebook.com/
16
Ver: http://www.secondlife.com
14

do conhecimento se dá por uma interação mediada por essas várias relações feitas com
outros sujeitos.
Na internet, por meio dos diferentes recursos disponíveis, essas relações podem ser
potencializadas de uma maneira bastante evidente. Um exemplo disso são os blogs,
chamados também de diários virtuais, onde as pessoas escrevem sobre diversos assuntos,
expressam idéias, sentimentos, coisas cotidianas. Os blogs tem origem no hábito de alguns
pioneiros de conectar na web para fazer anotações, transcrever, comentar, interagir nestes
diferentes espaços virtuais. Em sua estrutura de publicação, apresenta-se similar a uma
página web, composta por postagens (ou posts) que ficam dispostas de forma cronológica
como se fosse um jornal. Cada post (fig.1) vem acompanhado da data da publicação e
também de um espaço para inserir comentários, abrindo espaço para discussão e troca de
idéias. Acompanha também marcadores que funcionam como palavras-chave. Estas
páginas podem ser acompanhadas de imagens, sons ou vídeos, inseridas de maneira fácil e
dinâmica, permitindo aos usuários participarem do que chamam blogosfera 17.

Fig.1
Conforme Bairral (2009), uma das vantagens dos blogs é que seus usuários podem
publicar conteúdos de maneira fácil, prática e rápida. Facilitando, dessa forma, que as
pessoas tenham seus espaços próprios dentro da web, “a ideia de um diário online tem sido
bem aceita pelos usuários da internet e, consequentemente, tranformou-se nessa grande
ferramenta comunicativa” (BAIRRAL, 2009, p.70).

17
Blogosfera é o termo coletivo que compreende todos os blogs (ou weblogs) como uma comunidade ou
rede social. Fonte: Wikipédia.
15

Cabe destacar que uma das vantagens da utilização de blogs é a possibilidade de


interação. Por meio destas ferramentas os usuários podem agir, interagir, publicar
experiências, discutir e apresentar assuntos de interesse conjunto, criando grandes redes
colaborativas. Para Vygotsky (1987) a colaboração entre os pares contribui para
desenvolver recursos para a solução de problemas, por meio do processo cognitivo
implícito na interação e na comunicação. Segundo esse autor, a linguagem seria um fator
fundamental para estruturar o conhecimento.
Ao trazer esses conceitos para os ambientes criados com a tecnologia dos blogs,
destaca-se a interação, elemento básico e inicial, responsável pela abertura do canal de
comunicação. “A interação entre as pessoas e objetos de conhecimento ocorrida nesses
ambientes, possibilita processos colaborativos e cooperativos de aprendizagem”
(MANTOVANI, 2006, p.333).
Assim, a partir deste contexto, propomos o uso dos blogs como uma possibilidade
para professores discutirem, socializarem práticas, e proporem reflexões sobre sua própria
prática por meio da investigação e da colaboração utilizando-se das tecnologias de
informação e comunicação como linguagem nesta formação. Muitas das insatisfações
enquanto educadores podem ser “resolvidas” por meio destes ambientes, uma vez que o
“estar junto virtual” (VALENTE, 1999), possibilita aproximações e abertura para
discussões. Inclusive professores que sentem-se tímidos ao fazer questionamentos ou
revelar produções, encontram espaço neste modelo.

Penteado citando Levy (2004, p.286) nos diz,

[...] a qualidade da ação docente depende da capacidade de interagir com


os colegas e outros profissionais. Gosto de pensar o professor como um
nó de uma rede que conecta atores tais como: o projeto pedagógico da
escola, o computador, outras mídias, os centros de pesquisas, os
técnicos, os alunos, as famílias, as regras sociais, o professor, as
imagens, os sons, etc., de forma que o movimento de cada um deles ative
outras redes e coloque em jogo o contexto e o seu sentido. O trabalho
docente pressupõe o estabelecimento de conexões entre esses autores. É
a imagem de uma rede.

Ponte (2003) aponta a colaboração como uma estratégia fundamental para lidar
com problemas difíceis de serem enfrentados individualmente. Que esta estratégia constitui
um elemento importante para muitos projetos envolvendo professores, uma vez que
investigar e socializar a própria prática de modo colaborativo constitui um processo
16

fundamental de construção do conhecimento. O autor ainda nos diz que professores


estudando juntos em grupos colaborativos podem,

[...] ajudar a encarar o professor de uma nova maneira. Em vez do semi-


profissional dependente das intenções de quem faz os currículos, o
professor pode aparecer numa nova luz, como alguém que pensa e age
com intencionalidade, com conhecimento próprio e com capacidade para
decidir e agir de acordo com as necessidades da sua situação concreta
(PONTE, 2003, p.2.).

TECENDO A REDE, ALGUMAS INICIATIVAS

São vários os professores que já se valem desta tecnologia, ou seja, que utilizam
dos blogs para divulgar, socializar e difundir suas produções. Um exemplo deste é o Blogs
18
Educativos . Para participar deste espaço basta ter um blog cujo foco principal sejam
assuntos educacionais, a partir de um cadastro, você pode compor essa rede, publicar,
interagir e participar. Esse grupo também tem um espaço de discussão via e-mail,
hospedado no Yahoo Grupos19.
Outro espaço que também tem a mesma iniciativa de publicação e socialização,
porém com pesquisas voltadas ao uso das tecnologias no ambiente escolar, é o GEPETE 20 -
Grupo de Estudos Professor, Escola e Tecnologias, criado pela professora Glaucia Brito,
pesquisadora da área na UFPR.
Especificamente para professores de Matemática, entre muitos outros espaços,
destacamos o Matemática Recreativa 21 do professor português Paulo Afonso, um blog
onde ele propõe diferentes tarefas que podem ser trabalhadas em sala de aula, disponibiliza
jogos, vídeos e outras atividades, tudo aberto a discussões e contribuições. No Blog do
Bigode22, o professor Antonio José Lopes, apresenta encaminhamentos de aula para seus
alunos, reflexões, tarefas e outras coisas. O blog Matematizando 23 do professor Marcelo
Bairral, propõe testar a utilização do blog no ensino da matemática. Na mesma concepção,

18
Blogs Educativos, disponível em http://blogseducativos.teia.bio.br, , acesso em 10 de maio de 2010.
19
Grupos Yahoo, disponível em br.groups.yahoo.com, acesso em 10 de maio de 2010.
20
Gepete, disponível em http://gepete.blogspot.com/, acesso em 10 de maio de 2010.
21
Recreamat, disponível em http://recreamat.blogs.sapo.pt/, acesso em 10 de maio de 2010.
22
Blog do Bigode, disponível em http://www.matematicahoje.com.br/telas/mat_blogode.asp, acesso em 10
de maio de 2010.
23
Matematizando, disponível em http://ruralmat.zip.net/, acesso em 10 de maio de 2010.
17

a professora Miriam Penteado desenvolve no Blog do Grupo de Estudo e Pesquisa em


Educação Matemática Inclusiva 24.
Enfim, destacamos aqui algumas poucas iniciativas, porém vários são os espaços na
internet onde encontramos professores pesquisadores que se utilizam dos blogs como
espaço para divulgação de seus trabalhos.
Acreditamos que a partir das novas possibilidades, da ousadia, do desafio em
redimensionar o velho, e da vontade de desvendar saberes novos, da vontade de divulgar e
socializar nossos trabalhos nos impele a conhecer outros ambientes a caminhar por terrenos
desconhecidos e a propor outros encaminhamentos.

ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA

Para atender o objetivo proposto, neste projeto, intenciona-se criar um grupo de


pesquisa formado pela pesquisadora25 em conjunto com os professores de matemática do
Colégio Estadual Lysimaco Ferreira da Costa.
A metodologia escolhida é a da pesquisa qualitativa, onde os métodos utilizados
serão: a entrevista e a observação participante. Neste estudo a entrevista, tem por objetivo
obter dados que interessam a investigação e a observação participante, por sua vez, seguirá
de forma natural, uma vez que, a pesquisadora é integrante do grupo a ser investigado.
A pesquisa se dará em quatro etapas, onde a primeira será a entrevista
intencionando levantar os conhecimentos dos professores a respeito do uso das TIC, sua
familiaridade, envolvimento, encaminhamentos; a segunda etapa dar-se-á no Laboratório
de Informática da escola onde os professores poderão conhecer e posteriormente, criar
espaços virtuais pessoais (portfólios) para que possam socializar conhecimentos técnicos,
teóricos e metodológicos acerca dos ambientes e da utilização das TIC nas aulas de
matemática; a terceira etapa consiste na observação dos movimentos dos professores nos
espaços criados; e finalmente, a quarta e última etapa será para a análise dos resultados
obtidos com a pesquisa.
Resumindo, o que se pretende é criar um ambiente pessoal de estudo e trabalho
para cada professor de matemática da escola. Esse ambiente deverá agregar outros
24
Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática Inclusiva, disponível em
http://devamat.blogspot.com/, acesso em 10 de maio de 2010.
25
A autora é participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná e para
tanto, precisa desenvolver um projeto de intervenção na escola que tem fixação de padrão. Para saber mais,
veja: http://www.pde.pr.gov.br/
18

professores já imersos na web, buscando ser permeado pelo trabalho colaborativo com
vistas a promover a socialização de experiências e a elaboração de atividades que
estimulem o uso das TIC nas aulas de matemática. O grupo de professores pode também
contribuir na alimentação da página do colégio, divulgando estudos, atividades, eventos
realizados pelos professores da escola, na área da matemática.
Vale destacar que o foco principal da pesquisa é a reorganização da cultura do
professor de matemática, que passa a ser um profissional imerso e participativo na rede,
que trabalha em conjunto, colabora com o outro, partilha saberes, experiências, e
expectativas.
19

REFERÊNCIAS

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http://imasters.uol.com.br/artigo/7385/webmarketing/e-learning_20/>. Acesso em 10 jul.
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21

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