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RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Nativos digitais são aqueles que nasceram imersos com as tecnologias digitais presentes em sua vida.
2
acessar sítios, receber todos os tipos de informação, interagir com naturalidade utilizando
ferramentas, coisas que há vinte anos eram desconhecidas da grande maioria da sociedade.
Por um motivo ou por outro, professores e TIC, ainda não convergem. Para Bairral
(2009), embora a utilização das novas tecnologias esteja mais freqüente no cotidiano dos
indivíduos, sua implementação efetiva nas atividades escolares, ainda é incipiente.
Assim, o presente trabalho é resultado de uma proposta de pesquisa desenvolvida
para o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do PR, onde
defendemos que professores de matemática podem interagir e socializar suas dúvidas e
conhecimentos por meio dos mais diversos espaços oferecidos pelas tecnologias
informáticas, e ainda nessa utilização, aprender a explorá-los (os recursos) de forma crítica,
levando-os a refletir sobre as possibilidades e desafios deste uso. Nesse contexto,
questionamos de que maneira os recursos tecnológicos disponíveis na web, podem
contribuir para a formação profissional do professor de matemática? Desta forma,
objetivamos propiciar aos professores de matemática conhecer espaços virtuais que
contribuam para sua formação profissional num processo de interação e colaboração.
NOVAS TECNOLOGIAS
2
BUENO, L. N. O desafio da formação do educador para o Ensino Fundamental no contexto da Educação
Tecnológica. Dissertação de Mestrado em Tecnologia. Curitiba: UFTPR, 1999.
4
Para Brito e Purificação (2008), citando Bastos5, o fato das tecnologias estarem
presentes em todos os setores da sociedade constitui um justo argumento para sustentar sua
necessidade na escola e na educação. Concordamos com essas autoras ao assumirem:
5
BASTOS. J. A. A. (Org) Educação tecnológica: imaterial & comunicativa. Curitiba: Cefet-PR, 2000.
(Coletânea Educação & Tecnologia).
6
Brito e Purificação (2008) consideram tecnologia educacional todos os recursos tecnológicos, desde que em
interação com o ambiente escolar no processo ensino-aprendizagem.
7
As autoras defendem, e concordamos com elas, que a terceira opção é a que melhor
viabiliza uma formação efetiva ao cidadão. Assim, faz-se necessário, introduzir as novas
tecnologias na escola,
7
Ao usarmos o termo nova “cultura” falamos de alteração de comportamento, de reflexão e ação sobre o uso
das novas tecnologias, utilizando-as em sala de aula de forma realmente significativa.
8
Segundo Silva (1998), até meados de 1980, pouco havia se pesquisado sobre
formação de professores no Brasil. Entretanto, a partir desta década o tema começou a
delinear-se e se torna uma das áreas mais ativas de pesquisa. De lá para cá, importantes
trabalhos surgiram, com especial destaque aos desenvolvidos pelo professor Dario
Fiorentini8. Em sua tese de doutorado, bem como artigos e capítulos de livros, podemos
encontrar elementos importantes acerca do tema “Formação de Professores”.
Referindo-se ao campo de pesquisa em Educação Matemática, Fiorentini afirma
que “educadores matemáticos, constituem um dos grupos profissionais que mais procuram
se aventurar por novos caminhos e com outros olhares em relação à formação do professor,
aos seus saberes e à sua prática docente” (2003, p.10). Conforme o autor, esse fato se dá
pela situação que se encontra o ensino da matemática no contexto atual da sociedade
contemporânea, onde dentre os profissionais da educação, o professor de matemática é o
8
Professor doutor da Universidade Estadual de Campinas onde exerce atividades de pesquisa e de docência
na graduação e na Pós-Graduação em Educação (mestrado/doutorado).
9
que mais sofre criticas, como falta de atualização, “tradição pedagógica”, resistência a
inovações curriculares, falta de conexão com outras disciplinas, entre outras.
Fiorentini (2003, p.10) ainda destaca que por conta dessa cobrança e tensão criada,
buscou-se conceber e desenvolver a formação e o trabalho docente sob outros olhares e
perspectivas.
Os educadores matemáticos, talvez, constituem um dos grupos
profissionais que mais procuram se aventurar por novos caminhos e com
outros olhares em relação à formação do professor, aos seus saberes e à
sua prática docente (FIORENTINI, 2003, p.10).
Na mesma direção, Ferreira (2003) destaca que, nos últimos anos, os processos de
formação de professores que ensinam matemática vêm sendo um dos principais temas de
pesquisa, onde o próprio conceito de formação de professores evolui (FERREIRA, 2003).
Nesse sentido, Darsie e Carvalho 9 (1998), citado por Ferreira (2003), destacam que as
pesquisas apontam uma tendência de mudança no modo como a formação inicial e
continuada de professores é estudada, pois, aos poucos a formação de professores passa a
ser entendida como um processo contínuo resultante da inter-relação de teorias, modelos e
princípios extraídos de investigações experimentais e regras procedentes da prática que
propiciaram o desenvolvimento profissional do professor.
No entanto, a autora ainda discorre que muitos processos de formação, ainda
entendem o professor como objeto de “estudo e reforma (...) relacionando a um movimento
de fora para dentro, no qual o professor deve se esforçar para assimilar conhecimentos”
(FERREIRA, 2003, p.35). No entanto, na perspectiva do desenvolvimento profissional10, a
qual defendemos neste trabalho, o professor torna-se sujeito ativo e responsável por seu
crescimento, ou seja,
[...] de uma “peça” ou até um “obstáculo” que deveria ser superado para a
aplicação de técnicas, currículos e programas elaborados em diferentes
instâncias, o professor passa a ser considerado como um elemento
importante do processo ensino-aprendizagem. Considerado um
profissional com capacidade de pensar, refletir e articular sua prática
9
DARSIE, M. M. P. E CARVALHO, A. M. P. A reflexão na construção dos conhecimentos profissionais do
professor de matemática em curso de formação inicial. Zetetiké, vol. 6, no. 10. Campinas, FE/Unicamp,
jul./dez. 1998, PP. 57-76.
10
Entendemos o desenvolvimento profissional na perspectiva onde o processo de formação “inicia muito
antes da formação inicial e que se estende durante toda a trajetória do professor, ou seja, que se preocupa
menos com o produto que com o processo que se desenrola por meio de um continuo movimento de dentro
para fora, valorizando o professor pelo seu potencial, no qual a prática é a base para um relacionamento
dialético entre teoria e prática e, muitas vezes, ponto de partida.” (FERREIRA, 2003, p.35)
10
Nesse sentido, a reflexão é vista como um processo em que o professor analisa sua
prática, reúne dados, anota/escreve/descreve situações, implementa e avalia projetos e
compartilha suas idéias com outros professores e alunos, promovendo discussões em
grupo. Concordamos com Fiorentini e Castro (2003), que sem reflexão o professor
mecaniza sua ação, “cai na rotina”, trabalha de forma repetitiva, reproduzindo o que está
pronto e o que é mais acessível, fácil ou simples.
Ponte (1998) também atribui responsabilidades ao professor. Para esse pesquisador
o professor é visto como elemento-chave no processo de ensino e de aprendizagem, e que
sem a sua participação é impossível imaginar qualquer transformação significativa no
sistema educativo. O autor considera que,
outra em qualquer horário e local, cada um a seu tempo e lugar. A internet possibilita a
comunicação, em tempo real, entre comunidades situadas a grandes distâncias geográficas.
Ponte também defende o uso da internet na formação de professores. Para o autor,
Em 2004, o termo Web 2.0 foi apresentado pela primeira vez por Tim O’Reilly 12
para definir aplicativos utilizados na rede, que aproveitavam a inteligência coletiva dos
usuários, propondo uma experiência de uso parecida com os desktops, na qual os softwares
são disponibilizados na internet como um serviço, e a web, como uma plataforma. Para
esse modelo, o que vale é a interatividade, uma vez que os usuários deixam de ser
consumidores e passam a ser também produtores de conteúdo. Apesar de todos os
questionamentos a respeito destas terminologias, é evidente que as características da web
de hoje são muito diferentes da web que existia antes.
Enquanto no modelo antigo, que chamamos de “Web 1.0” o usuário era apenas um
expectador em uma página, na “Web 2.0” ela passa a ser também autor, acrescentando
opiniões e conteúdos, pode ler, participar, modificar e (re)criar conteúdos. Não há mais
armazenamento ou processamento local, agora os dados são enviados para servidores
online que podem ser acessados em qualquer lugar. O privado torna-se público. Arquivos,
compromissos, agenda, lista de favoritos, tudo é compartilhado na rede, tornando-se
acessíveis a todos os usuários.
Inúmeras são as mudanças, bem como as aplicações dessas novas ferramentas à
proposta e encaminhamentos metodológicos da educação.
12
Página pessoal de Tim O’Reilly. Disponível em:
http://www.oreillynet.com/pub/a/oreilly/tim/news/2005/09/30/what-is-web-20.html, acesso em 10 de julho
de 2010.
13
PRODUÇÃO COLETIVA
13
Ver: http://www.orkut.com
14
Ver: http://www.myspace.com
15
Ver: http://www.facebook.com/
16
Ver: http://www.secondlife.com
14
do conhecimento se dá por uma interação mediada por essas várias relações feitas com
outros sujeitos.
Na internet, por meio dos diferentes recursos disponíveis, essas relações podem ser
potencializadas de uma maneira bastante evidente. Um exemplo disso são os blogs,
chamados também de diários virtuais, onde as pessoas escrevem sobre diversos assuntos,
expressam idéias, sentimentos, coisas cotidianas. Os blogs tem origem no hábito de alguns
pioneiros de conectar na web para fazer anotações, transcrever, comentar, interagir nestes
diferentes espaços virtuais. Em sua estrutura de publicação, apresenta-se similar a uma
página web, composta por postagens (ou posts) que ficam dispostas de forma cronológica
como se fosse um jornal. Cada post (fig.1) vem acompanhado da data da publicação e
também de um espaço para inserir comentários, abrindo espaço para discussão e troca de
idéias. Acompanha também marcadores que funcionam como palavras-chave. Estas
páginas podem ser acompanhadas de imagens, sons ou vídeos, inseridas de maneira fácil e
dinâmica, permitindo aos usuários participarem do que chamam blogosfera 17.
Fig.1
Conforme Bairral (2009), uma das vantagens dos blogs é que seus usuários podem
publicar conteúdos de maneira fácil, prática e rápida. Facilitando, dessa forma, que as
pessoas tenham seus espaços próprios dentro da web, “a ideia de um diário online tem sido
bem aceita pelos usuários da internet e, consequentemente, tranformou-se nessa grande
ferramenta comunicativa” (BAIRRAL, 2009, p.70).
17
Blogosfera é o termo coletivo que compreende todos os blogs (ou weblogs) como uma comunidade ou
rede social. Fonte: Wikipédia.
15
Ponte (2003) aponta a colaboração como uma estratégia fundamental para lidar
com problemas difíceis de serem enfrentados individualmente. Que esta estratégia constitui
um elemento importante para muitos projetos envolvendo professores, uma vez que
investigar e socializar a própria prática de modo colaborativo constitui um processo
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São vários os professores que já se valem desta tecnologia, ou seja, que utilizam
dos blogs para divulgar, socializar e difundir suas produções. Um exemplo deste é o Blogs
18
Educativos . Para participar deste espaço basta ter um blog cujo foco principal sejam
assuntos educacionais, a partir de um cadastro, você pode compor essa rede, publicar,
interagir e participar. Esse grupo também tem um espaço de discussão via e-mail,
hospedado no Yahoo Grupos19.
Outro espaço que também tem a mesma iniciativa de publicação e socialização,
porém com pesquisas voltadas ao uso das tecnologias no ambiente escolar, é o GEPETE 20 -
Grupo de Estudos Professor, Escola e Tecnologias, criado pela professora Glaucia Brito,
pesquisadora da área na UFPR.
Especificamente para professores de Matemática, entre muitos outros espaços,
destacamos o Matemática Recreativa 21 do professor português Paulo Afonso, um blog
onde ele propõe diferentes tarefas que podem ser trabalhadas em sala de aula, disponibiliza
jogos, vídeos e outras atividades, tudo aberto a discussões e contribuições. No Blog do
Bigode22, o professor Antonio José Lopes, apresenta encaminhamentos de aula para seus
alunos, reflexões, tarefas e outras coisas. O blog Matematizando 23 do professor Marcelo
Bairral, propõe testar a utilização do blog no ensino da matemática. Na mesma concepção,
18
Blogs Educativos, disponível em http://blogseducativos.teia.bio.br, , acesso em 10 de maio de 2010.
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Grupos Yahoo, disponível em br.groups.yahoo.com, acesso em 10 de maio de 2010.
20
Gepete, disponível em http://gepete.blogspot.com/, acesso em 10 de maio de 2010.
21
Recreamat, disponível em http://recreamat.blogs.sapo.pt/, acesso em 10 de maio de 2010.
22
Blog do Bigode, disponível em http://www.matematicahoje.com.br/telas/mat_blogode.asp, acesso em 10
de maio de 2010.
23
Matematizando, disponível em http://ruralmat.zip.net/, acesso em 10 de maio de 2010.
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ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA
professores já imersos na web, buscando ser permeado pelo trabalho colaborativo com
vistas a promover a socialização de experiências e a elaboração de atividades que
estimulem o uso das TIC nas aulas de matemática. O grupo de professores pode também
contribuir na alimentação da página do colégio, divulgando estudos, atividades, eventos
realizados pelos professores da escola, na área da matemática.
Vale destacar que o foco principal da pesquisa é a reorganização da cultura do
professor de matemática, que passa a ser um profissional imerso e participativo na rede,
que trabalha em conjunto, colabora com o outro, partilha saberes, experiências, e
expectativas.
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REFERÊNCIAS
AKAGI, André. E-Learning 2.0. (2007) Portal UOL. Disponível em: <
http://imasters.uol.com.br/artigo/7385/webmarketing/e-learning_20/>. Acesso em 10 jul.
2010.
VALENTE, J. A. Com quantos clicks se faz uma aula? Reflexões sobre letramento
digital – o novo desafio da escrita. (2007) Disponível em:
<http://www.escoladositio.com.br/ce/pal_ant.htm#ant04>. Acesso em 10 jul. 2010.