PROGRAMA MULTIDISCIPLINAR DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURA E SOCIEDADE
FICHA DE LEITURA: LÉVI-STRAUSS, Claude. A Ciência do Concreto. In: O
Pensamento Selvagem. Campinas, SP: Papirus, 1989. p. 15-49 Autor: Claude Lévi-Strauss Título: O pensamento selvagem Palavras-chave: conhecimento científico, linguagem, cultura Tema central As diferenças (através do estudo da linguagem) das sociedades/civilizações mediante a sua relação e observação do meio ao qual faz parte, ou seja, o homem e a natureza. Resumo do texto Língua, diferenças e igualdades. Palavras que só existem em determinados dialetos. Uma forma de distinção das sociedades/comunidades por meio da riqueza de vocabulário – falta de intelecto (Ex: indígenas que não nomeavam todas as plantas, eles nomeiam e conceituam de acordo com as suas necessidades, se não havia nome é porque não eram considerados úteis). Cada civilização tende a superestimar (se sentir superior) a outra pela falta de classificação de palavras para nomear o abstrato. O emprego de termos mais ou menos abstrato não é por falta de capacidade intelectual, mas pelo interesse que se tem por determinada coisa. “Em todas as línguas, aliás, o discurso e sintaxe fornecem os recursos indispensáveis para suprir a lacuna do vocabulário”. “A vida era a experiência investida de significação exata e precisa”. Com os exemplos de usos dos animais, com fins científicos para saúde humana, é que o autor conclui: “[...] as espécies de animais e vegetais não são conhecidas porque são úteis; elas são consideradas úteis ou interessantes, porque são conhecidas primeiro”. (p. 24). Antes de saber se algo ocorre na prática, faz-se necessário recorrer a teoria e, por isso, muitas civilizações são consideradas primitivas, não pela falta da designação para nomear algo, mas pela falta de ordem. “Ora, essa exigência de ordem constitui a base do pensamento que denominamos primitivo, mas unicamente pelo fato que constitui a base de todo pensamento, pois é sob o ângulo das propriedades comuns que chegamos mais facilmente às formas de pensamento que nos parecem muito estranhas”. (p. 25). A observação exaustiva e o inventário temático das relações e das ligações entre elas é que facilita o desenvolvimento do bom resultado científico. O autor diferencia magia de ciência e o sensível do inteligível como formas de reagrupamentos dos agrupamentos antes estabelecidos. A magia, ou pensamento mítico (por meio dos JOSÉ ROBERTO SEVERINO – jseverino@ufba.br
ritos), e o pensamento científico caminham em paralelo e, para o desenvolvimento da
ciência, foi preciso curiosidade e testes: “uma vontade de conhecer pelo prazer de conhecer”. E para esse caráter científico se faz necessário levar em consideração aquilo que foi feito anteriormente, portanto, a preservação da memória. O autor parte para relação entre imagem e conceito e entre elas existe o signo. Dessa relação, ele irá conceituar significante e significado e diz que o signo é limitado enquanto o conceito é ilimitado e que a imagem é a ideia contida dentro do signo.
Observações pessoais sobre o texto
Lévi-Strauss traz uma reflexão sobre o desenvolvimento científico partindo da linguagem de um povo e sua relação (conhecimento) com a natureza. Ele recorre a discussão de como o social e o biológico, a imagem e o conceito, a magia e ciência, e o sensível e o inteligível caminham paralelamente nos avanços científicos. Discussão pertinente, extremamente exemplificada ao longo do texto e bastante esclarecedora sobre a ciência e o conhecimento e como irá refletir na cultura de um povo.
Salvador, 27 de Junho de 2017
Alunos do Seminário: Antônio Teófilo, Bruna Lopes, Lea Maria Botelho
Descolonização e Despatriarcalização à Plurinacionalidade e ao Bem-Viver na Bolívia: mulheres na construção de uma Política Feminista Contra-Hegemônica
LENOIR, RÄmi (1996), "Objeto Sociológico e Problema Social", in Patrick Champagne Et Al., Iniciação A Prática Sociológica, PetrÇpolis, Vozes, Pp. 59-106.