You are on page 1of 6

https://www.plastico.com.

br/manutencao-de-moldes-alguns-cuidados-evitam-prejuizos-e-esticam-a-vida-
util-das-ferramentas/

Manutenção de moldes – Alguns cuidados evitam prejuízos e esticam a vida útil


das ferramentas

É melhor prevenir do que remediar. Poucos discordam do velho ditado, sempre


citado em ocasiões diversas, e também válido no mercado de injeção de
plásticos. É lembrado por ferramenteiros, transformadores e fornecedores de
componentes quando o assunto recai para a limpeza e manutenção de moldes
de injeção.
Essas ferramentas operam em condições difíceis e estão sempre sujeitas a
sofrer quebras de peças ou danos em suas placas, pois trabalham em regime
de elevada pressão, em especial as projetadas para produzir peças de paredes
finas e ciclo rápido. São submetidas a constantes alterações de temperatura e
sofrem esforços alternativos, como tração, compressão, flexão e impacto.
Algumas de suas peças, como buchas, colunas, centralizadores e guias de
gavetas, operam sob atrito. Não raro, transformam peças feitas com materiais
abrasivos, como os reforçados com cargas de fibras de vidro. Diante de tantas
dificuldades, tomar alguns cuidados ajuda a prolongar suas vidas úteis e reduz
a chance de paradas nas linhas de produção. Em outras palavras, representa
economia considerável. Em especial, quando os moldes são complexos – não
por coincidência, os mais caros.
Na teoria, ninguém discorda da necessidade das operações de limpeza e
manutenção serem realizadas de acordo com o recomendado. Na prática,
porém, nem sempre as recomendações são levadas a sério. No caso de
grandes produções, há a necessidade dos moldes permanecerem instalados
nas injetoras por longos períodos e os transformadores, não raro, se
“esquecem” de fazer as revisões dentro dos prazos necessários. A “falta de
memória” ocorre com frequência até no caso de moldes usados de forma mais
esporádica.
O componente cultural contribui com o desleixo, há uma falsa sensação de
economia ao se evitar as atitudes recomendadas. Quando o prejuízo aparece,
no entanto, todos se lembram de outro ditado cujo ensinamento pouco pode ser
contestado: não adianta chorar sobre o leite derramado.
Palavra de quem faz – A vida útil de um molde começa a ser definida antes da
sua construção. Algumas medidas fazem diferença, como escolher aços de boa
qualidade, submetê-los aos tratamentos térmicos adequados e trabalhar com
tolerâncias rigorosas. Fazer projeto que proporcione bom balanço térmico dos
lados fixo e móvel da ferramenta e a fácil substituição de componentes são
outros aspectos imprescindíveis para se obter resultados satisfatórios. Pronto o
molde, outros cuidados precisam ser mencionados. Entre eles, instalar os
moldes em injetoras adequadas e trabalhar com matérias-primas de qualidade.
Esses aspectos, no entanto, fogem do tema de limpeza e manutenção.
Na opinião de executivos das ferramentarias, os cuidados com os moldes em
operação devem ser intensificados de acordo com o ritmo de trabalho. As
atenções começam no chão da fábrica. “Algumas medidas precisam ser
tomadas com o molde instalado nas injetoras, como manter lubrificados os
pontos onde isso se faz necessário e evitar os danos provocados pela
condensação surgida pelas variações de temperatura ocasionadas pela elevada
temperatura das resinas e pelas operações de resfriamento”, recomenda
Eduardo Cunha, diretor-executivo da paulistana Moltec, tradicional fabricante de
ferramentas para injeção e sopro voltadas para o mercado de embalagens.
Além dos cuidados cotidianos, recomenda-se a realização de revisões
periódicas, feitas em intervalos de tempo variáveis conforme a solicitação dos
moldes. “Uma ferramenta com regime de trabalho igual ou superior a oito horas
por dia deve passar por revisão completa de seis em seis meses”, diz Rodrigo
Vanni, gerente técnico da empresa. Essa revisão pode ser feita em casa, pelas
transformadoras que contam com estrutura adequada, ou na oficina de
terceiros, quase sempre nas ferramentarias especializadas.
“Nessas revisões periódicas, vários itens devem ser verificados e substituídos,
se necessário”, aconselha Cunha. Entre eles, colunas e buchas guias,
centralizadores, anéis de vedação, canais de refrigeração, pinos de extração e
outros componentes, inclusive parafusos. Nos moldes equipados com câmaras
quentes, é aconselhável substituir resistências, termopares, torpedos e módulos
controladores de temperatura.
Esses cuidados, de acordo com cálculos realizados por Cunha, devem custar,
no prazo entre um ano e dezoito meses, entre 5% e 10% do valor do molde.
Não é pouco, em especial no caso das matrizes mais sofisticadas. Mas vale a
pena. “Uma quebra pode significar despesa entre 30% e 70% do valor do
molde. Existem casos nos quais se danificam muitos componentes e placas”,
ressalta o diretor-executivo.
A Cobrirel, empresa paulistana no mercado há 35 anos, atua nos dois lados da
moeda. Como fabricante de moldes de elevada tecnologia, fornece para clientes
rigorosos, como representantes da indústria automobilística e de eletrônicos.
Também conta com planta de transformação com dezenove injetoras, com
forças de fechamento de 58 a 450 toneladas. “Trabalhamos na recuperação dos
moldes de nossos clientes e fazemos manutenção dos usados internamente”,
explica o diretor Antonio Domingos Trevisan.
O dirigente dá a receita usada pelo departamento de transformação da Cobrirel.
“Sempre que um molde sai da máquina, temos o hábito de desmontá-lo, limpá-
lo e de substituir todas as peças desgastadas”, revela. Para Trevisan, agindo
dessa forma, a economia é garantida. “Sai muito mais barato tomarmos essas
providências do que perder tempo com danos que podem parar a produção por
várias horas”, explica.
Padronizados e câmaras quentes – Outra recomendação unânime dos
especialistas de todos os ramos: nos casos onde são necessárias substituições
de peças, deve ser utilizado o máximo possível de componentes padronizados.
Eles apresentam algumas vantagens, como a de ter custo competitivo por
serem produzidos em larga escala. O mais importante, no entanto, se encontra
no quesito qualidade. Uma peça fabricada em casa, por exemplo, dificilmente
segue os padrões de escala recomendados e recebe os tratamentos térmicos
necessários.
Algumas ferramentarias de porte e grandes transformadores, por dever de
ofício, têm em casa estoques para pronto uso das peças mais procuradas,
casos das colunas e buchas guias. A ausência de estoques não chega a afetar
de maneira grave quem não tem essa possibilidade. Esses componentes são
de fácil acesso no mercado, entregues em prazos muito reduzidos.
No caso dos moldes equipados com câmaras quentes, alguns cuidados são
essenciais. “Trabalhar com controladores de temperatura multiprocessados é
importante para se obter os controles de temperatura precisos”, explica Cleber
Silva, gerente de desenvolvimento e marketing da Polimold, empresa líder no
Brasil dos mercados de porta-moldes e câmaras quentes.
Silva também recomenda utilizar equipamento de controle com a capacidade de
desumidificar de forma gradual os componentes das câmaras, a fim de evitar
choque térmico das resistências nos momentos de partida. Sempre se deve
utilizar matérias-primas com teor de cargas previsto e trabalhar com
temperaturas projetadas. “Os equipamentos da câmara quente são
desenvolvidos para aplicações e materiais predeterminados”, ressalta.
Palavra de quem usa – As operações de limpeza e manutenção têm suas
importâncias reforçadas por transformadoras fornecedoras de peças para
clientes de expressão. A Jaguar Plásticos, criada em 1978, em Jaguariúna-SP,
conta com 39 injetoras, com forças de fechamento entre 150 e 1,3 mil
toneladas, e de 250 a 280 ferramentas ativas. Ela fabrica utilidades domésticas
e peças sob encomenda. A empresa conta, entre seus clientes, com nomes
como Nestlé, Sadia e Danone.
“É muito importante respeitar o planejamento de manutenção preventiva que
criamos para nossos moldes. Se, por qualquer motivo, não podemos parar a
produção, em curto prazo o molde corre o risco de sofrer danos. Quando isso
acontece, pagamos caro”, informa José Felício Baldasso, diretor industrial. De
acordo com o executivo, o dia-a-dia dificulta a tarefa. “Estamos à mercê do
comercial, às vezes o cliente precisa de peças, não podemos parar o molde e
fazer a manutenção no período certo”, queixa-se. Para Baldasso, outro
procedimento que contribui muito é a realização da limpeza e lubrificação dos
moldes durante a produção.
“Não é um número calculado, mas tenho o sentimento de que o trabalho de
manutenção correto deve representar
ganhos de 30% na vida útil do molde”, revela. Isso representa valor
considerável nas linhas de peças plásticas de vida longa. “Temos projetos, caso
das tampas de detergentes ou de embalagens de água mineral, nos quais já
estamos utilizando o quarto molde igual para fabricar o mesmo produto”, conta.
O diretor industrial faz outra ressalva. “A falta de cuidados também provoca a
perda de eficiência, a ferramenta começa a produzir menos e gera prejuízos”,
diz. A Jaguar conta com departamento de manutenção preventiva interno e
também dispõe dos serviços de sua ferramentaria, instalada em um local
próximo ao prédio onde se encontram instaladas as injetoras. Na ferramentaria,
são realizadas revisões periódicas nas matrizes mais complexas.
A Sonoco, localizada em Araras-SP, no mercado desde 1973, é outra
transformadora que tenta seguir à risca as ações de manutenção
recomendadas pelas ferramentarias. A empresa tem 52 injetoras, de 100 a 550
toneladas de força de fechamento, e em torno de 180 a 200 moldes ativos. Ela
atua como fornecedora de embalagens com foco para as indústrias alimentícias
e farmacêuticas.
Entre seus 450 colaboradores, conta com equipe de doze profissionais voltada
para checar, 24 horas por dia, as condições das matrizes. “Procuramos, a cada
duas semanas, desmontar todos os moldes que saem das máquinas”, informa
Yochiuky Towada, criador da Sonoco, onde hoje atua na condição de consultor.
Dessa forma, diz o profissional, a vida útil das ferramentas tem sido prolongada
com sucesso ao longo dos anos.
Towada reforça serem importantes o cuidado com os moldes durante a
produção e a identificação de problemas durante a fabricação das peças. “O
pessoal do processo precisa estar bem treinado para tomar os cuidados
necessários de regulagem das máquinas e de limpeza”, aconselha. Para o
consultor, os cuidados não devem se resumir à estratégia de manutenção. “O
segredo da durabilidade começa no projeto. Sempre usamos em nossos moldes
aços de boa qualidade, de preferência inoxidáveis e de elevada dureza”,
acrescenta.

Fornecedores – As empresas fabricantes de porta-moldes são as principais


fornecedoras das peças mais utilizadas nas operações de manutenção. Para
essas empresas, manter em estoque algumas centenas de itens não representa
apenas uma oportunidade de incrementar suas vendas. Também é estratégia
de marketing, uma forma de tornar os clientes fiéis.
“O mercado de peças de reposição é igualmente importante para nós”, resume
Cleber Silva, da Polimold. Para o gerente, o uso de produtos de procedência
conhecida faz diferença. “Padronizados originais possibilitam o intercâmbio
correto, menos ajustes e disponibilidade imediata”, enumera. Além de milhares
de peças dirigidas aos porta-moldes, a empresa conta com peças de reposição
para câmaras quentes, como buchas, ponteiras, resistências ou termopares.
Esses itens, no entanto, só devem ser usados nos sistemas fabricados pela
própria empresa. “Temos câmaras quentes com projetos e características
particulares”, justifica.
“Contamos com mais de 16 mil itens de reposição em estoque”, informa Wilson
Teixeira, diretor técnico da Tecnoserv, empresa fabricante de algumas centenas
de milhares de combinações de porta-moldes e representante no Brasil de
vários fabricantes de componentes variados, entre os quais câmaras quentes.
Entre os componentes disponíveis, encontra-se de tudo. “Temos buchas,
colunas, pinos extratores, parafusos e também resistências,
termopares e todos os itens voltados para as câmaras quentes”, revela.
Teixeira lembra que a venda de componentes não chega a ser muito
representativa no faturamento da empresa. “Acho que ela responde por entre
5% e 6% do nosso faturamento”, diz. Para ele, a grande importância da
operação se encontra na imagem positiva proporcionada pelo bom atendimento
aos clientes. O dirigente também destaca a importância de se disseminar a
educação entre os usuários dos moldes, como forma de aumentar suas vidas
úteis. “Temos promovido cursos gratuitos juntos aos nossos clientes”, conta.
A manutenção de moldes tem sido foco de muita atenção por parte da Miranda,
empresa com mais de 500 mil combinações de porta-moldes para injeção de
plásticos em seu catálogo. Tanto que na última edição da Brasilplast, realizada
em maio, divulgou o lançamento de uma série de componentes, casos de pinos,
lâminas e buchas voltados para sistemas de extração, gavetas e
centralizadores. Entre as novidades, destaque para pinos extratores com
grandes comprimentos.
“Hoje temos dois pontos de distribuição na capital paulista e estamos fazendo
esforço para mais
do que duplicar o atendimento aos clientes”, justifica o gerente-comercial José
de Oliveira Miranda Neto. Para o executivo, a iniciativa ajuda a diferenciar a
empresa. “O mercado de porta-moldes está fortemente concorrido e a
estratégia faz os clientes pensarem na gente”, justifica. Na sua opinião, isso
vale mais do que o retorno obtido com as vendas das peças.
De origem norte-americana e hoje com capital nacional, a MDL-Danly conta
com seis fábricas espalhadas pelo mundo, entre elas duas no Brasil. Uma
dessas duas, localizada em Sorocaba-SP, é voltada apenas para a produção de
componentes para porta-moldes de injeção e também para bases de estampos,
outro mercado atendido pela companhia. “Temos três almoxarifados onde
estocamos mais de duas mil peças”, diz Estevam Horvate, gerente de vendas.
O comércio desses componentes representa em torno de 7% do faturamento da
empresa.
A MDL-Danly está no mercado há 35 anos e há dezoito iniciou suas atividades
como fabricante de porta-moldes para injeção de plásticos. Ela tem uma
particularidade, apesar de atuar em todos os mercados, faz sucesso no
segmento de moldes de grande dimensão, com placas de até 2.500 mm x 2.000
mm. Isso porque em seu parque industrial conta com equipamentos de
usinagem de metal de grande porte. Isso abre um outro mercado. A empresa
atua de forma constante em operações de manutenção de placas e outros
acessórios das ferramentas de grande porte.
Em termos de componentes, a empresa também anunciou novidades na última
edição da Brasilplast. No evento, lançou buchas grafitadas para moldes grandes
e colares de esferas para placas extratoras. “Nós fabricávamos esses colares
apenas para exportação, mas o aumento da procura fez com que os
colocássemos à disposição também no mercado interno”, diz Horvate.
Outra empresa do ramo, a Três-S, fez o caminho inverso das concorrentes. Há
anos ela era bastante conhecida como fornecedora de componentes como
molas, punções, pinos e extratores, entre outros. Há dois anos, entrou para o
mercado de porta-moldes. “Hoje, o nosso carro-chefe é o mercado de porta-
moldes, mas ainda temos participação muito importante no mercado de peças”,
diz Claudir Sandro Mori, gerente-comercial. A entrega rápida de itens diversos,
voltados para atender às mais variadas normas, é o orgulho da empresa.

You might also like