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Redes de Próxima Geração

Módulo 1 - Conceito de Redes de Próxima Geração

As Redes da Próxima Geração ou NGN (Next Generation Networks) representam uma


nova estrutura de rede na qual os dados, a voz e as novas aplicações multimídia
convergem. O surgimento da NGN concretiza o objetivo do mercado de disponibilizar
uma plataforma de transporte comum que permita a utilização em larga escala de
aplicações como a telefonia IP, acessos móveis à Internet e streaming de vídeo, por
exemplo.

A implementação dessa infra-estrutura de rede convergente para o fornecimento de


serviços de voz e dados integrados, em contraste com as atuais plataformas
independentes existentes, representa um enorme potencial de redução de custos de
operação e manutenção de toda a rede de telecomunicações.

Sendo assim, a NGN consegue associar a redução dos custos operacionais das redes
ao incremento da possibilidade de implantação de novas fontes de receita, pois torna
possível o oferecimento de uma grande diversidade de serviços multimídia. Para que
isso aconteça, torna-se essencial disponibilizar soluções de rede que sejam
extremamente flexíveis para o oferecimento de serviços diferenciados e sob
demanda.

Como exemplo, com uma Rede de Próxima Geração uma empresa pode utilizar a
tecnologia IP para disponibilizar a transmissão de informações diversas por meio do
uso de redes sem fio, linhas telefônicas ou redes xDSL. Isto possibilita grande
flexibilidade na disponibilização dos dados, mas também requer que a NGN
mantenha um controle rigoroso do tráfego da rede.
A NGN integra infra-estruturas de redes tais como WAN’s, LAN’s, MAN’s e redes sem
fio, que antes eram discutidas separadamente. A integração desses recursos e a
convergência do tráfego reduzem os custos totais dos recursos da rede, permitindo o
compartilhamento da operação, a administração da rede, a manutenção e
aprovisionamento de equipamentos e facilidades para o desenvolvimento de novas
aplicações multimídia.

As tecnologias da Internet também criam oportunidades para combinar os serviços


de voz, dados e vídeo, criando sinergia entre eles. Afinal, ao incorporar novas
funcionalidades e facilidades, as Redes de Próxima Geração viabilizam serviços de
VPN, largura de banda sob demanda, roteamento óptico e dinâmico, possibilitando,
portanto, enorme flexibilidade e otimização de rede.

O surgimento da NGN beneficiou-se das inovações tecnológicas na área da


informação aplicadas às telecomunicações, redes de computadores e serviços
multimídia que surgiram nos últimos anos, com as mudanças ocorridas no sistema
de telecomunicação.

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VoIP e as Redes de Próxima Geração

A onipresença da Internet é real, tanto no segmento corporativo, onde o aumento da


produtividade é resultante da transformação gerada pelo e-business, quanto no
segmento residencial, com a crescente demanda por serviços diferenciados, em
particular os relacionados ao entretenimento. São serviços que requerem uma
largura de banda cada vez maior e crescentes taxas de transporte que garantam a
qualidade e o desempenho esperados pelo usuário.

Se por um lado é real que o tráfego gerado pela Internet cresce exponencialmente, e
o tráfego de voz se mantém com crescimento mais lento, também é bastante clara a
forte queda nas tarifas dos serviços de conectividade e, consequentemente, das
receitas médias geradas por usuário. Além disso, ao contrário do comportamento
relativamente previsível do tráfego gerado por serviços de voz, o tráfego gerado pela
Internet tem enorme volatilidade. Por exemplo, o acesso de centenas de milhares de
usuários a uma determinada página durante uma promoção, gerando picos de
utilização sem precedentes em uma rede, em determinado momento, cessando logo
em seguida.

Em mercados competitivos, como o brasileiro, algumas importantes oportunidades


de negócio favorecem a introdução gradual de soluções NGN com a redução dos
custos operacionais com VoIP. Atualmente, os serviços de voz e dados são
disponibilizados por redes independentes e algumas operadoras planejam estender a
prestação de serviços de telecomunicações para outras áreas de atuação.

Portanto, torna-se essencial disponibilizar uma solução de rede que seja


extremamente flexível para prover serviços diferenciados e sob demanda que
associem o desempenho e a confiabilidade da atual infra-estrutura das redes de
telefonia e de dados e que possa sustentar o crescimento de novas demandas.

Análises de empresas especialistas em estudos de mercado, como a Forrester


Research e a Deloitte Consulting, entre outros, observam que é um consenso a
tendência de que a tecnologia IP passe a ser o ambiente dominante para o
transporte de serviços por pacotes, possibilitando mais flexibilidade para prover
novos serviços multimídia e de banda larga.

Desta forma, a migração de plataformas de telecomunicações para um ambiente que


associe as vantagens tecnológicas do protocolo IP (flexibilidade e rapidez) às
vantagens das tecnologias TDM tradicionais (confiabilidade, desempenho e proteção
de rede) é fator crucial para o sucesso futuro de empreendimentos nos segmentos
para operação das Redes de Próxima Geração. Basta lembrar que o ambiente IP
permitirá às operadoras oferecer novos serviços, aplicações e comodidade ao seu
cliente de maneira mais eficiente e de custo mais otimizado do que se adotasse uma
rede de serviços baseados por circuitos.

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A oferta de VoIP constitui um dos caminhos de um investimento muito mais amplo
em direção à chamada NGN. A migração poderá ocorrer de várias maneiras,
dependendo da infra-estrutura e da necessidade de negócios de cada empresa. A
NGN deverá juntar a flexibilidade de banda e configuração de uma rede de dados
com a confiabilidade de uma rede TDM. A rede IP pode oferecer qualidade superior à
da rede TDM num ambiente controlado, pois é menos sujeita a ruído.
Vantagens das Redes de Nova Geração

Além da oferta de novos serviços já mencionada, as NGN’s possibilitam a redução de


custos para o mercado corporativo, pois os aplicativos são unificados e provenientes
de uma mesma infra-estrutura. A simples transmissão de voz sobre IP (VoIP) como
um pacote de dados já é realidade no mercado corporativo, que vem aderindo às
vantagens das redes multisserviços.

A NGN integra infra-estruturas de redes tais como WAN’s, LAN’s, MAN’s e redes sem
fio, que antes eram consideradas separadamente. A integração desses recursos e a
convergência do tráfego reduzem os custos totais dos recursos da rede, o que
permite o compartilhamento da operação, a administração da rede, a manutenção e
aprovisionamento de equipamentos e facilidades para o desenvolvimento de novas
aplicações multimídia.

As tecnologias da Internet também criam oportunidades para combinar os serviços


de voz, dados e vídeo, gerando sinergia entre eles.

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Redes de Próxima Geração

Módulo 2 - Serviços que podem ser oferecidos por meio das Redes de
Próxima Geração

O impacto das inovações tecnológicas no nosso cotidiano tem ocasionado contínuas e


significativas mudanças na relação de comodidade e qualidade de vida das pessoas.
E a crescente demanda por esses serviços, tanto no ambiente residencial quanto no
corporativo, viabiliza uma extensa gama de novas aplicações e oportunidades de
crescimento para os fornecedores.

Vídeo sob demanda, TV interativa, jogos interativos online, e-learning, telemedicina,


teletrabalho, web conferencing e websurfing são apenas alguns exemplos associados
aos novos conteúdos e aplicações multimídia que atendem uma nova demanda dos
consumidores domésticos e das empresas por elevada flexibilidade e mobilidade.
Estudos realizados pelo Gartner Group apontam que os serviços baseados em
aplicações multimídia possibilitam um incremento de 20% nas receitas geradas por
usuário. Diversas aplicações multimídia poderiam ser implementadas por meio da
infra-estrutura de softswitches e gateways existentes, gerando novas receitas, e
disponibilizando serviços para as atuais redes.

Com o conceito Triple Play, é possível associar tecnologias distintas de acesso à


banda larga (ADSL, SHDSL e VDSL) visando prover serviços integrados de voz,
dados e vídeo por meio de infra-estrutura de acesso. Um estudo do Gartner Group
demonstra que as operadoras podem dobrar o fluxo de caixa empregando a
abordagem Triple Play quando comparada à exploração exclusiva do serviço ADSL.

Como incorporam novas funcionalidades e facilidades, as Redes de Próxima Geração


viabilizam dinamicamente serviços de VPN, largura de banda sob demanda,
roteamento óptico e dinâmico, possibilitando, portanto, enorme flexibilidade e
otimização de rede com custos reduzidos de implementação para o usuário.

Infra-estrutura

Para garantir o atendimento às necessidades desses clientes exigentes e


disponibilizar serviços e aplicações multimídia com as redes convergentes é
imprescindível oferecer também uma infra-estrutura eficiente e flexível, que
possibilite a melhor utilização do meio de transporte óptico.
Dessa forma, as atuais redes ópticas devem migrar de um modelo de conexões
estáticas para um modelo que passe a incorporar características de transporte
inteligentes, viabilizando o transporte integrado e otimizado de serviços por pacotes
(IP) e TDM (SDH, por exemplo), a ocupação de banda sob demanda e o roteamento
automático do tráfego.

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A implementação de redes NGN possibilita a introdução de um conjunto de novos
serviços de banda larga, suportado pela rentabilidade dos serviços de voz e
associados a essa rede convergente.

Como funciona a rede de próxima geração?

A construção de uma Rede de Próxima Geração tem três focos principais: acesso em
banda larga multisserviços, infra-estrutura óptica dinâmica e comutação com
inteligência distribuída. Arquitetura e o padrão da rede são abertos, ou seja, a
operadora tem maior facilidade para associar novas funcionalidades. Em uma NGN é
possível distribuir melhor a arquitetura. Funções de controle, direção e distribuição
do tráfego de chamadas local, regional e internacional são concentrados e
executados em uma plataforma homogênea.

Diferente da voz, a transmissão de dados é feita por pacotes. Em uma rede NGN, a
voz e os dados trafegam juntos. É preciso garantir qualidade e confiabilidade da
transmissão, principalmente da voz, já que um atraso na transmissão da voz é bem
mais percebido do que um atraso na entrega dos dados. Na NGN, quando voz não
está sendo transmitida sobra mais espaço para trafegar dado e vice-versa (a
chamada alocação dinâmica da banda).
Para conseguir isso é necessário acesso em banda larga com técnicas diferenciadas
de codificação de sinais do tipo xDSL (tais como Asymetrical Digital Subscribe line,
Very High Digital Subscribe Line). As redes ópticas por onde trafegam os dados e a
voz também precisam ser flexíveis e ter largura de banda suficiente, associando
banda dinamicamente, conforme a demanda de tráfego. A arquitetura de controle
deve ser distribuída e aberta para aumentar o desempenho da rede e agilizar a
implementação de novos aplicativos.

A NGN é composta basicamente por uma camada de inteligência distribuída,


separando a parte de controle do tráfego e plataformas de comunicação. As
interfaces abertas permitem a criação de maior velocidade no uso da tecnologia
Web.

Adoção das Redes de Próxima Geração

Como já foi dito neste curso, as Redes de Próxima Geração concretizam o objetivo de
uma plataforma de transporte comum que permite a utilização em larga escala de
aplicações como a telefonia IP, os acessos móveis à Internet e streaming de vídeo. E
por causa das vantagens já citadas que esse tipo de rede oferece, a adoção das NGN
está atualmente passando do estágio inicial para o estágio intermédio.

No mercado brasileiro, algumas importantes oportunidades de negócio favorecem a


introdução gradual de soluções NGN com a redução dos custos operacionais com
VoIP. Atualmente, os serviços de voz e dados são providos por redes independentes
e algumas operadoras planejam estender a prestação de serviços de
telecomunicações para outras áreas de atuação.
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Contudo, como as atuais redes de telecomunicações suportam os serviços de voz e
dados utilizando plataformas independentes e como cerca de 95% da rentabilidade
das operadoras está associada aos serviços de voz, permanece o dilema sobre como
garantir os fundamentos básicos de desempenho de negócios (ROI, aumento de
faturamento, margem operacional otimizada) e realizar novos investimentos em
serviços com expectativa de forte crescimento.

Como resposta a esse dilema, a convergência de serviços (voz, dados, vídeo) e


redes, também conhecida por Redes de Próxima Geração apresenta-se como a
melhor solução para o cumprimento de todas estas metas. A NGN associa uma forte
redução nos custos operacionais da rede e viabiliza o incremento de novas fontes de
receita, pois provê uma grande diversidade de serviços multimídia de próxima
geração, resultando, portanto, no desejado ROI em um prazo significativamente
curto. Desse modo, a implementação de redes NGN possibilita sustentar a introdução
de uma gama de novos serviços de banda larga, suportada pela rentabilidade dos
serviços de voz associados a essa rede convergente.
O crescimento dos serviços de telecomunicações no Brasil deve ser de 14,5% ao ano
no Brasil sobre os 971 milhões de reais que o segmento movimentou em 2006. A
avaliação é da IDC, que fez o estudo “Brazil Network Outsourcing Services 2007”, e
estima receita de cerca de 2 bilhões de reais em 2011.

Segundo estudo, os serviços de terceirização das redes de telecomunicações


crescerão 14,5% ao ano no Brasil e o setor de gerenciamento de redes de dados é o
mais amadurecido.

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Redes de Próxima Geração

Módulo 3 - Origem e exemplos

O mercado está preparado para serviços multimídia oferecidos pelas Redes de


Próxima Geração. Os prestadores de serviços são hoje levados a considerar a forma
de migrar os consumidores para uma rede NGN, mas sua rentabilidade depende não
só do modelo de negócios para os futuros serviços multimídia, mas também da
contenção dos custos operacionais das redes tradicionais. Os operadores têm de
maximizar as receitas resultantes dos novos serviços.

Na Europa e nos Estados Unidos já existem algumas iniciativas, mas ainda não há
nenhum grande caso de sucesso. O que há são pontos de grandes redes atuando
como NGN, ocupando alguns nichos de mercados.

Da forma como vem caminhando no mundo todo, principalmente nos países


desenvolvidos, a NGN com certeza permitirá aos clientes serviços unificados e
atendimento bem superior ao que é oferecido hoje.

Inicialmente, os primeiros clientes serão as grandes e médias empresas e, aos


poucos, irão evoluir para os clientes residenciais. Contudo, em menos de quatro
anos, não veremos NGN total no Brasil. Haverá, como lá fora, pontos de NGN nas
grandes redes.
Mudanças no sistema de telecomunicações e a NGN

O setor de telecomunicações passou por um amplo processo de reestruturação


internacional a partir da década de 1980. Sua estrutura, tradicionalmente baseada
em monopólios estatais (com exceção dos EUA), foi alterada e a maioria dos países
buscou introduzir concorrência no setor.

As principais forças que impulsionaram as inovações foram, por um lado, as


novidades tecnológicas derivadas da convergência com outros segmentos do
complexo eletrônicos e, por outro, as mudanças político-institucionais que levaram
aos processos de desregulamentação, liberalização e privatização das
telecomunicações.

Como resultado da reestruturação, a nova indústria de telecomunicações passou a


incorporar novos agentes, muitos dos quais não pertenciam ao setor anteriormente.
Aumentou a complexidade desta indústria, com a incorporação ao setor de novos
elementos, empresas e segmentos. O setor está marcado pela ascensão e
crescimento de novos tipos de serviços e, ao mesmo tempo, pelo declínio do serviço
de telefonia fixa, que era o mais importante e tradicional até pouco tempo atrás.

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A Internet foi o principal vetor de mudança da indústria de telecomunicações, pois
estabeleceu e difundiu a tecnologia de comutação por pacotes e redes IP, que
constituem em uma técnica superior para transmissão de dados e voz,
comparativamente às tecnologias de comutação por circuitos, predominantes até
então.

O processo incentivou os investimentos na criação e expansão das novas redes de


telecomunicações, como as Redes de Próxima Geração.

O Case Clarín

Clarín é o jornal de maior circulação da Argentina. Editado em Buenos Aires, foi


fundado em 1945 por Roberto Noble, que o dirigiu até 1969. Em 1965 tornou-se o
jornal com maior tiragem na capital argentina. Faz parte do Grupo Clarín jornal
esportivo “Olé”, de grande destaque na imprensa argentina.

Para investir no Triple Play, em direção a adoção da Rede de Próxima Geração, o


grupo de mídia argentino criou a subsidiária Vontel, com o objetivo de oferecer voz,
internet e TV paga. A resposta da Telecom Argentina e Telefónica veio em outubro e
novembro de 2005, quando iniciaram testes de Triple Play e planos para
participarem da competição em 2006.
A atuação da nova empresa ainda é cercada de certo sigilo. Vontel é uma marca da
Prima S/A, responsável por 100% de seu investimento, que não foi revelado. O que
a Prima oferece a possibilidade de contratar, pela modalidade one stop shopping,
serviços de telefonia, banda larga e TV a cabo.

A empresa pretende conquistar uma participação significativa no mercado residencial


e corporativo de telefonia.
De qualquer modo, a operação da Vontel ainda é considerada muito pequena, em
torno de 15 mil clientes de banda larga que poderiam falar usando VoIP. A operação
de Triple Play está nascendo, portanto ainda não há impacto imediato no mercado, já
que a escala ainda é pequena.

No entanto, a Telefónica e a Telecom têm condições de responder rapidamente a


uma ameaça de VoIP no país, onde as tarifas estão congeladas desde 2002. A
questão deverá se resolver com a nova lei que o governo argentino está elaborando,
possivelmente traçando a evolução do setor e o papel que as teles terão no novo
cenário que inclui IPTV entre seus serviços.
Mas nos planos da Telecom está o lançamento de três séries de bônus com um valor
combinado de US$ 470 milhões e um investimento de US$ 120 milhões na
implantação da Rede de Próxima Geração IP.

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O Grupo Clarín controla o Multicanal, maior operador de TV paga da Argentina, com
cerca de 1,5 milhão de assinantes. Além disso, detém uma participação de 20% no
provedor de TV paga Supercanal, com outros 500 mil clientes, e 25% da segunda
maior operadora de TV por assinatura da Argentina, a Cablevision, com 1,3 milhão
de usuários. Entretanto, uma fusão entre Cablevision e Multicanal exigiria uma
análise minuciosa da Comisión Nacional de Defesa de la Competencia, o órgão
antitruste do país. A consolidação das empresas vem sendo discutida há anos no
mercado.

Siemens aposta no mercado brasileiro

O RDC Mercosur (Regional Development Center Mercosur) é um centro que


desenvolve produtos e aplicações baseadas em tecnologias de última geração para o
atendimento das necessidades do mercado de telecomunicações do Brasil, Argentina
e Chile. Com sede em Curitiba, onde mantém 110 engenheiros trabalhando em
conjunto com outros 11 na Argentina, o RDC é um dos centros de referência mundial
da Siemens.

Os critérios que favoreceram a escolha do RDC Mercosur podem ser enumerados na


seguinte ordem: forte posicionamento da área de carriers no Brasil, onde mantém
presença local dominante na área de vendas e de produção; potencial de
desenvolvimento de novos negócios; custos competitivos e incentivos fiscais
oferecidos pela Lei de Informática.
Outro ponto importante que influenciou a escolha é o fato de que o Brasil possui um
ambiente de inovação baseado em uma rede de universidades e institutos de
pesquisas com capacidade de gerar recursos humanos de alto nível. A inovação do
RDC é reconhecida mundialmente. Tanto que, atualmente, 70% dos projetos
desenvolvidos pelo RDC Mercosur são contratados pela matriz, na Alemanha.

Há pelo menos 20 anos, a Siemens Brasil se dedica ao desenvolvimento local. O


início do processo decorreu de uma iniciativa da Telebrás, na década de 70, ao
convidar as empresas de capital estrangeiro sediadas no País para desenvolver uma
indústria local. Em contrapartida, a holding oferecia a elas um grande mercado com
forte potencial.
Nos anos que antecederam a privatização, a unidade de telecomunicações contava
com 200 engenheiros próprios e quase o mesmo número de terceirizados, e
mantinha anualmente 55 pessoas trabalhando na Alemanha ou nos Estados Unidos.
Com a privatização, foi necessário fazer alguns ajustes, o que levou a uma
reorganização interna, unindo os setores de desenvolvimento das áreas de redes
ópticas e de redes wireline.

Um dos projetos de maior relevância desenvolvido pelo RDC é o de Redes de


Próxima Geração encomendado pela Bell South para implementação na Venezuela,
onde opera a telefonia fixa. Trata-se do primeiro projeto de aplicações NGN das
Américas.

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No Brasil, a Telefônica também fechou contrato com a área de carriers para a
construção, em tempo recorde, da primeira Rede de Próxima Geração, na qual utiliza
a plataforma convergente Surprass, da Siemens. Outros projetos da nova tecnologia
estão sendo desenvolvidos para operadoras de diversos países da América Latina.
Destacam-se também o desenvolvimento de Central TDM para o mercado americano
e europeu e de DLU Shelter para vários países, incluindo a Alemanha, além de
projetos de integração de transporte e acesso para atender o mercado brasileiro.

Os projetos de NGN, para a Telefônica, e o de Wide Area Centrex, encomendado pela


Brasil Telecom, são alguns exemplos da mudança que vem ocorrendo no mercado.
Do total investido em P&D pela Siemens Brasil, a divisão móvel participa com 75%,
contra 48% em 2002, primeiro ano de atividade da área no País. Cerca de 50
engenheiros trabalham em Curitiba exclusivamente para atender a área móvel.

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Redes de Próxima Geração

Módulo 4 - Desafios e oportunidades

Analistas afirmam que o grande desafio do mercado de telecomunicações atualmente


é conseguir ser rentável e inovador. As empresas estão passando por um momento
de explorar novos mercados e lançar novos produtos. No entanto, há uma dinâmica
econômica em que o ciclo de vida dos produtos é cada vez menor, devido a
constantes mudanças tecnológicas. Ao lançar um produto, a empresa tem que
administrar bem quais os serviços que realmente os clientes vão comprar e o quanto
vão pagar por eles.

Ao lado dos desafios específicos do setor, há também os impactos da


macroeconomia: crises financeiras, reflexões de sucessões políticas nos mercados
regionais, retrações pontuais de investimentos e questões regulatórias – os avanços
tecnológicos estão sempre à frente das leis criadas para regular os serviços
prestados.
Voz ainda será a principal fonte de receita para as operadoras. No entanto, com o
avanço de novas tecnologias e de novas redes, como a NGN, ocorrerá uma mudança
maior na origem de suas receitas, pelo fato de ser possível trafegar voz e dados
numa mesma rede. A migração não ocorrerá de forma drástica porque as operadoras
necessitam passar por uma fase de transição.

Tecnologia IP

Fundamentalmente, a meta da migração para a tecnologia IP é trazer a criatividade


típica da Internet para os serviços de telefonia – o que significa mais opções,
flexibilidade e acesso aos usuários. Estas redes IP de Próxima Geração vão permitir
que voz, dados e vídeo viajem em pacotes pela mesma infra-estrutura convergente,
oferecendo novas possibilidades para criação de serviços, redução de custos e
serviços personalizados em voz sobre IP, telefonia IP e aplicações de dados wireless.
Em 2000, o tráfego de varejo em VoIP excedeu os 15 bilhões de minutos, de acordo
com o World VoIP Services Market Report publicado pela Frost & Sullivan, empresa
norte-americana de pesquisas em telecomunicações. O crescimento é inevitável, com
a previsão por analistas de que 75% dos serviços de voz no mundo funcionarão em
infra-estrutura IP até o final de 2007. Nos próximos anos, todos os serviços de
telefonia que atualmente utilizam a PSTN - de tons básicos de discagem a transações
com cartão de crédito e fax – serão integrados em uma única rede IP.

No entanto, a migração para o IP não acontece da noite para o dia. Os fornecedores


de serviços de telecomunicações fizeram investimentos maciços em PSTN e seus
switches de circuito centrados em hardware deixam pouco espaço para inovação e
diferenciação de serviços. Assim, um ambiente híbrido PSTN/IP vai surgir como o
passo transacional mais lógico para as operadoras migrarem para tecnologia baseada
em pacotes pelos próximos anos.

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O investimento do setor deverá a se concentrar na migração. Enquanto o nível de
investimento global tende a permanecer estável no período de 2004 a 2008, a
porção de investimento em redes IP cresce aproximadamente 20% no mesmo
período. A migração acontece com diferente urgência dependendo do tipo de
operador e da pressão competitiva a que se vê exposto. (As operadoras integradas e
fixas do Reino Unido, Estados Unidos e Japão são as que mais investem.)

A arquitetura-alvo deve ser independente da rede de acesso e os dispositivos, sejam


eles móveis ou fixos (PDAs, telefones fixos, celulares, televisão, handhelds, PCs,
etc), devem permitir uma plataforma de serviços aberta e independente que
possibilite a implementação e entrega rápida de novos serviços, assim como sua
interoperabilidade. Espera-se que as primeiras aplicações comerciais de serviços
baseados em arquitetura IMS sejam disponibilizadas em 2006. A IMS — IP
Multimedia Subsystem — é uma arquitetura padrão de controle de serviços que
utiliza protocolos IP para permitir serviços de voz e dados integrados em sessões,
sobre diferentes redes. Por enquanto, só existem aplicações de laboratório, mas uma
quantidade significativa de operadoras fixas e móveis tem confirmado sua adesão ao
IMS.

Junto com as Redes de Próxima Geração, as operadoras precisam desenvolver


capacitações de próxima geração para viabilizar a entrega dos novos serviços e
experiências ao cliente. A camada de sistemas deve suportar a evolução das outras
camadas de rede e, para isso, deve também estar orientada a serviços,
independentes de rede e com interfaces abertas. Uma arquitetura baseada em
princípios SOA (Service-Oriented Architecture) é indispensável para suportar estes
requerimentos.

Talvez o maior desafio para as operadoras esteja em viabilizar a mudança para o


novo ambiente enquanto mantém o ambiente legado, cujos custos operacionais
continuam aumentando. As experiências internacionais mostram que é possível
planejar uma evolução do ambiente de redes e sistemas em fases, transformando
diferentes camadas do ambiente em horizontes de tempo de até 10 anos. Em todos
os casos, a difusão do acesso de banda larga, já nos planos dos principais
operadores do Brasil, seria uma primeira etapa.

Finalmente, no ambiente de NGN, a rede de telecomunicações converge com o


ambiente operacional de TI. Em termos organizacionais, isso significa que as áreas
de rede e TI deverão trabalhar cada vez mais integradas, aproveitando sinergias e
reduzindo custos.

A adaptação da infra-estrutura pode ser uma das inúmeras mudanças que o novo
panorama traz, porém sua importância não deve ser menosprezada. Como já
aconteceu no passado, a tecnologia pode impulsionar as mudanças comerciais e
organizacionais necessárias.

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Conclusão

Diante dos desafios citados e do estágio em que o mercado se encontra podemos


concluir que:
– Consumidores exigem serviços simples. – Drivers da nova geração de redes serão
a voz sobre IP, a criação de redes standard e a disponibilidade de equipamentos de
múltiplos fabricantes. – A tecnologia será um dos elementos mais importantes nas
redes de nova geração . – Os consumidores são quem determinará o futuro das
redes. – Operadores irão segmentar-se de acordo com exigências do mercado.

Apesar de ser difícil determinar com antecipação aquilo que os consumidores


privilegiam, os analistas acreditam que as pessoas preferem os serviços simples.
Para eles, os serviços-chave que irão gerar receitas significativas nas redes de nova
geração serão, por um lado, o messaging person-to-person em diversos formatos
(vídeo, imagem, email) e o entretenimento, que já hoje atrai muito do interesse dos
consumidores.

Por outro lado, há uma experiência menos positiva com o UMTS que será evitada no
desenvolvimento das redes de nova geração. As expectativas criadas face ao UMTS
começam a concretizar-se. Havia ainda também o problema da largura de banda.

Um dos drivers das redes de nova geração pode também ser a voz sobre IP. Apesar
da falta de regulamentação, os operadores lutam pela criação de redes standard e
pela disponibilidade de equipamentos de múltiplos fabricantes. Esta realidade dará
origem a duas categorias de operadores com requisitos diferentes. Por um lado, as
operadoras do mercado que, assim, concretizam, a eficiência dos custos e, por outro,
os novos operadores, detentores de redes mais modernas, que privilegiam os novos
serviços.

Contudo, para atingir o objetivo final da consolidação das Redes de Próxima Geração
será necessário que diversos operadores, fornecedores de tecnologia e de aplicações
se unam. Além disso, a simplicidade da utilização é fundamental e determinará o
sucesso das novas redes. A grande questão reside em saber qual a velocidade da sua
evolução.

Outro grande desafio será fazer uma transição suave para uma tecnologia nova, de
acordo com o mapa estratégico de cada empresa no mercado. Os operadores apenas
investirão nestas redes se estiverem certos de que elas trazem reduções de custos
para si e para os seus clientes.

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Redes de Próxima Geração

Módulo 5 - Principais fornecedores e produtos

Para atender as demandas das Redes de Próxima Geração, os fornecedores estão


desenvolvendo novos produtos e soluções e criando um portfólio específico voltado
para o segmento de mercado.
A Portugal Telecom, por exemplo, apresentou uma nova solução de plataforma
convergente multi-serviços para Redes de Próxima Geração que integra
componentes AdvancedTCA da Intel. A Portugal Telecom ou Grupo PT é uma
empresa de telecomunicações e multimídia de Portugal que domina o mercado de
telefonia fixa e detém uma parcela importanteda do mercado de telefonia móvel.
Além disso, a companhia também está envolvida nos negócios de TV a cabo,
comunicações de dados, conteúdos, etc.
A nova solução é capaz de dar resposta aos requisitos de todas as operadoras de
serviço fixo, móvel e banda larga, além de ser também capaz de suportar a
expansão da rede e futuras inovações das operadoras por meio do controle em
tempo real de todos os serviços multimídia interativos, entre os quais se destacam
os de telefonia e videotelefonia. A solução facilita, ainda, o desenvolvimento de
novos produtos de telecomunicações, especialmente desenhados para tirar o máximo
benefício dos novos ambientes de redes convergentes e das Redes de Próxima
Geração.

As características dessa solução permitirão às operadoras de serviço fixo, móvel e


banda larga a implementação de novos serviços avançados de telecomunicações em
ambientes de rede convergente que aproveitam as facilidades que cada tecnologia de
rede oferece.

Parcerias e Investimentos

Outro fornecedor presente nesse mercado é a Lucent, que projeta, produz e instala
Redes de Próxima Geração para as maiores empresas de telecomunicações do
mundo. Contando com a experiência do Bell Labs, hoje a Lucent atua em setores de
alto crescimento: ADSL, CDMA2000, W-CDMA/UMTS e redes ópticas. Além de
sistemas, fornece softwares de gerenciamento e serviços para ajudar seus clientes
na implementação rápida de redes e gerenciá-las de forma a reduzir custos e a criar
novos serviços que gerem receita e ajudem empresas e consumidores.

A Siemens também está entrando com força total no segmento de aplicações para
redes móveis e soluções convergentes. A intenção é atender às demandas das
operadoras para que possam oferecer conteúdo multimídia e interatividade para seus
usuários finais.

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No Centro de Convergência Fixo-Móvel (IMS), inaugurado em Curitiba, no final de
2005, cerca de cem engenheiros trabalham com exclusividade no desenvolvimento
de soluções convergentes que, em breve, estarão disponíveis para os usuários de
telefonia celular. Com investimentos de R$ 50 milhões em infra-estrutura e pessoal,
o Centro IMS vai permitir à Siemens aumentar sua participação em 20% em serviços
de valor agregado.

Para intensificar sua atuação nesse segmento de mercado, a Siemens também


estendeu suas parcerias com institutos tecnológicos para desenvolvimento de
aplicações que rodem na plataforma IMS (IP Multimedia Subsystem). Tais aplicações
são capazes de unir o conteúdo tradicional gerado pelo usuário (como voz e textos)
ao conteúdo multimídia (vídeo, dados e VoIP/internet). É um avanço no modo de se
comunicar, pois permitirá maior interatividade entre duas ou várias pessoas.

Pesquisadores do Centro Avançado de Engenharia de Serviços do Recife (CAESAR) e


do Centro Internacional de Tecnologia de Software (CITS – PR) trabalham em
conjunto com os engenheiros da Siemens nos projetos de aplicações convergentes,
como suporte de multimídia, mobile TV e Mobile IP Centrex. A primeira permite o
transporte de vídeo sobre a rede móvel, possibilitando ao usuário fazer
videoconferência de seu celular (com tecnologia EDGE) com outro usuário, seja
móvel ou fixo. A aplicação de mobile TV (media delivery solutions) vai além do que
existe hoje no mercado e promete maior interatividade para o usuário. Ele poderá
assistir a qualquer programação de TV on-line, bastando selecionar um canal e
comprar o programa favorito que deseja ver no visor de seu celular – novelas, jogos
de futebol, shows, noticiários, entre outros – o que pode transformar um celular
numa pequena TV de bolso.

Outra promessa para o mercado brasileiro é a solução Mobile Centrex, utilizada com
sucesso por várias operadoras da Europa, principalmente no aumento da base de
assinantes. A solução permitirá às operadoras móveis oferecer ao segmento
corporativo funcionalidades semelhantes às de PABX convencional. Com uma
vantagem: além da mobilidade, os usuários poderão fazer videoconferência pelo
celular.

Trata-se de uma solução para as equipes de vendas externas que necessitam de


mobilidade, pois oferece recursos de vídeo e muita interatividade entre pessoas. Mas
para usufruir dessas tecnologias é preciso que os aparelhos celulares sejam mais
robustos e compatíveis com a tecnologia EDGE.

O Centro IMS também abriga o desenvolvimento de media gateways, em conjunto


com os centros da Alemanha e dos Estados Unidos. O uso de media gateway, cujo
papel na estrutura das redes de telecom é fazer a mediação entre as redes fixa e
móvel, deverá se intensificar com a expansão das Redes de Próxima Geração.
Estima-se que o mercado mundial de media gateways será de US$ 5 bilhões em
2010.

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A Siemens investe também na IMS, plataforma de serviços multimídia padronizada
pelo 3GPP (3rd Generation Partnership Program), órgão responsável pela
padronização da arquitetura de redes móveis UMTS (Universal Mobile
Telecommunication System), baseada no protocolo SIP (Session Initiation Protocol).
Alinhadas às especificações do IMS/3GPP, as operadoras fixas também
universalizaram suas arquiteturas de Redes de Próxima Geração coordenadas pelo
ETSI TISPAN. Esta tecnologia permite às operadoras com operações interligadas
oferecer serviços convergentes para seus usuários finais.
Já a Fujitsu fez um acordo com a Terawave Communications para integrar a
tecnologia GPON da Terawave na sua plataforma multi-serviços, GeoStream Access
Gateway (MSAN), bem como no sistema de gestão de redes para o mercado
europeu. Essa parceria reflete o reforço da Fujitsu no domínio das redes de acesso,
em combinação com a tecnologia da Terawave e a sua experiência em redes ópticas
passivas (PON).

O acordo engloba terminais de linha óptica OLTs e terminais para redes ópticas
residenciais, “multi-tenant” e empresariais, ONT’S, bem como futuros produtos. A
tecnologia da Terawave será integrada no sistema de gestão de redes da Fujitsu,
FENS AN, permitindo à FTEL oferecer soluções integradas e com gestão global. Esse
acordo reforça o portfólio da Fujitsu para acesso global de banda larga, que inclui as
plataformas GPON FLASHWAVE 6100 para a América do Norte e GEPON para o
mercado Asiático.

Ericsson: 500 milhões de euros em estudos

A Ericsson é outra companhia que tem feito investimentos para disponibilização de


Redes de Próxima Geração. As expectativas são de que a companhia investirá pelo
menos 500 milhões de euros por ano para os estudos a partir de 2007. Segundo a
companhia, o crescimento de banda larga móvel e a implantação de banda larga fixa
estão caminhando para a mesma rede convergente e também impulsionarão a
demanda por redes de transporte e transmissão. A empresa espera atender tais
demandas com as atividades que incorporou da Marconi Corp, fornecedora de
equipamentos de telecomunicações britânica. Pelos termos do negócio, a Ericsson
herdou equipamentos de redes ópticas, produtos de acesso em banda larga e de
soft-switch.

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Redes de Próxima Geração

Módulo 6 - Tendências

O mercado das telecomunicações tem mudado de forma dinâmica desde a sua


desregulamentação. Mas não houve nenhum momento em que o seu modelo
tradicional passasse por tantas modificações simultâneas. O setor está assistindo ao
sucesso das implementações IP iniciais em grandes grupos de fornecedores e em
operadores concorrentes (operadores de cabo, operadores sem fios, fornecedores de
serviço Internet), bem como em mercados de operadores não tradicionais (empresas
de Internet na área de desenvolvimento de conteúdos e grupos de mídia). Espera-se
que os passos já dados no sentido de completar a convergência de voz, vídeo e
redes sem fios aumentem nos próximos anos, em paralelo com a expansão global
das redes IP.

Analistas e especialistas do mercado de telecomunicações, como a Forrester


Research e a Deloitte Consulting, entre outros, observam que é um consenso a
tendência de que a tecnologia IP passe a ser o ambiente dominante para o
transporte de serviços por pacotes, possibilitando maior flexibilidade no provimento
de novos serviços multimídia e de banda larga. Dessa forma, a migração de
plataformas de telecomunicações para um ambiente que associe as vantagens
tecnológicas do protocolo IP (flexibilidade e rapidez) às vantagens das tecnologias
TDM tradicionais (confiabilidade, desempenho e proteção de rede) é um fator crucial.
Essa migração definirá o sucesso futuro de empreendimentos nos segmentos para
operação das Redes de Próxima Geração para as operadoras de serviços de
telecomunicações. Basta lembrar que o ambiente IP permitirá às operadoras oferecer
novos serviços, aplicações e comodidade ao seu cliente de uma maneira mais
eficiente e de custo mais otimizado do que se adotasse uma rede de serviços
baseados em circuitos.

Os serviços de voz continuarão a ter grande representatividade no faturamento das


operadoras, mas deve surgir no mercado o perfil de usuário de serviços multimídia.
Com a introdução das Redes de Próxima Geração, em vez de manter três redes
sobrepostas (voz, dados e telefonia móvel), a operadora poderá ofertar múltiplos
serviços em uma só rede. Além disso, ao viabilizar uma rede de serviços
convergentes, a introdução de novos serviços multimídia (ou seja, dados, vídeo e
voz) pode ser sustentada pela rentabilidade dos serviços de voz.

Um dos serviços que poderão ser disponibilizados por meio do compartilhamento da


rede é a TV interativa. Enquanto assiste a um programa de TV, o usuário pode, por
exemplo, comprar as roupas que o artista está usando ou os acessórios do cenário.
Na Telemedicina, por exemplo, dois médicos realizarem uma operação, em que um
deles está atuando remotamente, conectado via Internet, tudo isto associado a uma
gama de novas facilidades multimídia, integrando de forma mais eficiente os serviços
de voz, dados e vídeo de alta qualidade.

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Esses são alguns dos serviços que deixarão de ser experiências isoladas para serem
propagados pelas Redes de Próxima Geração.
No uso de Internet de alta velocidade, além da largura da banda para um acesso
melhorado, extraindo o desempenho máximo de aplicações multimídia, a diferença
também poderá ser a forma de cobrança do serviço. O usuário poderá usar o
telefone e a Internet ao mesmo tempo, mas pagará somente pelo tempo de
utilização, não uma taxa mensal.

Crescimento

O crescimento dos serviços de telecomunicações no Brasil deve ser de 14,5% ao ano


sobre os 971 milhões de reais que o segmento movimentou em 2006. A avaliação é
do IDC, que acaba de divulgar o estudo Brazil Network Outsourcing Services 2007, e
estima receita de cerca de 2 bilhões de reais em 2011. Segundo a consultoria, a
apuração de dados dos segmentos de Data Network Management, Voice Network
Management e Telecom Full Outsourcing – em que foram entrevistadas
aproximadamente 20 empresas fornecedoras dos serviços, entre operadoras,
fabricantes e integradores – mostra uma maior disposição do mercado em entregar o
gerenciamento de sua infra-estrutura a terceiros.

Com mais tradição e maturidade, a IDC diz que os serviços terceirizados de


gerenciamento de dados ainda são os mais demandados, até porque antes a
dependência desses sistemas era maior. Sobre os serviços de terceirização de
gerenciamento de voz, a consultoria destaca a mudança ocorrida com a entrada da
tecnologia IP. Esse mercado foi sempre guiado pelo conceito Break and Fix, com a
maioria das empresas adquirindo seus ativos como PABX e terminais, por exemplo, e
requisitando, quando necessário, a manutenção reativa aos prestadores de serviço.
Com a telefonia IP, a busca pela maximização do desempenho e da confiabilidade da
rede aumenta, e as empresas usam cada vez mais os serviços de gerenciamento da
rede. Segundo a IDC, uma modalidade que está sendo muito adotada é a
contratação de serviços de terceirização por um valor fixo mensal que engloba tanto
o gerenciamento da rede de voz quanto à renovação, manutenção e suporte da
infra-estrutura.

Antes aderidos quase incondicionalmente pelos bancos, hoje os serviços de full


outsourcing de telecomunicações fazem parte da rotina das grandes empresas de
manufatura, varejo e serviços. Mesmo assim, esses serviços deverão apresentar as
mais altas taxas de crescimento dentre as modalidades analisadas. Uma vez mais, a
convergência das redes sobre uma única plataforma IP deverá ser um dos principais
movimentos desse segmento, garante a IDC.
A consultoria afirma ainda que as operadoras que dominam o mercado de serviços
de terceirização do gerenciamento de dados estão partindo agressivamente para a
prestação de serviços de outsourcing de voz, ao mesmo tempo em que os
fabricantes e integradores tentam abocanhar uma fatia do mercado de
gerenciamento de redes de dados das operadoras.

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Apesar disso, as operadoras ainda concentram 55% do mercado total de serviços de
terceirização de redes de telecomunicações.

Entre as diversas modalidades de serviços de TI, o estudo aponta que os serviços de


outsourcing continuam sendo os mais solicitados pelas empresas. Em 2006 o
crescimento foi de 26% em relação ao ano anterior.
Mais competitividade

Operadoras móveis estão construindo Redes de Próxima Geração, para serem mais
competitivas, reduzirem o cancelamento de assinaturas e se tornarem aptas a
oferecer serviços 3G. As operadoras GSM poderão gerar oportunidades comerciais
por meio da evolução de tecnologia de comutação por pacotes no núcleo de rede,
além de atingir todos os segmentos do mercado de maneira mais rentável.

Essa nova estrutura de rede permite às operadoras oferecer aplicativos e serviços


aos seus clientes enquanto aproveitam dos benefícios de uma arquitetura dividida,
separando as faixas de controle de usuário para escalabilidade independente e um
núcleo de rede comutado por pacotes que elimina a necessidade de redes em
paralelo.
A implementação de comutação por pacotes para serviços telefônicos existentes, por
meio da consolidação e simplificação do núcleo de rede, é o primeiro passo em
direção à rede que funciona totalmente a base de pacotes, geralmente reconhecido
como a meta mais importante das operadoras.

As Redes de próxima Geração devem permitir às operadoras GSM oferecer serviços


sem fio com custos bastante reduzidos por meio da redução de custos operacionais e
de capital, aproveitando-se:
– Da quantidade menor de equipamentos, reduzindo assim o capital investido na
rede e o custo de propriedade associado a cada node da rede. – Elementos de rede
com alto nível de escalabilidade, possibilitando uma rede com um número bem
menor de nodes, reduzindo o custo fixo interno da rede, e ao mesmo tempo
aumentando a eficiência da rede. – Uso mais eficiente da capacidade de transmissão,
facilitando a expansão de interfaces de rede. – Capacidade para distribuir e expandir
equipamentos de rede geograficamente, onde os equipamentos não precisam
permanecer armazenados em “centrais” existentes e em localizações pouco flexíveis.
– Uma rede de comutação por pacotes, comum a todos os sinais – voz, dados e
sinalização – simplificando a operação da rede para evitar a necessidade de redes
múltiplas sobrepostas e reduzindo a complexidade da rede e o custo operacional.

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