Professional Documents
Culture Documents
redejuris.com 1
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
AULA 02
1. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
a) Quanto ao modo
Gramatical/filológica/literal: parte da literalidade do texto.
Teleológica: ligada a finalidade.
Histórica: parte da origem da norma.
Sistemática: considera o sistema em que a lei está inserido.
Evolutiva: interpretação de acordo com a evolução do tempo.
b) Quanto ao resultado
Declarativa: basta ao intérprete fazer mera declaração. Há consonância entre o texto da
norma e a vontade do legislador.
Restritiva: é aquela em que é preciso restringir o alcance da norma, pois tal norma
interpretada da forma como está não se permite que se extraia o real significado. Ex.:
artigo 28, II, CP – patologia exclui sim.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de
efeitos análogos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
redejuris.com 2
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal.
Reserva legal + anterioridade.
Conceito: é o direito fundamental do cidadão contra a violência arbitrária do Estado. É a real
limitação do Poder Estatal de não intervir nas liberdades individuais.
O princípio da legalidade engloba a contravenção penal e a medida de segurança.
Medida provisória pode tratar de direito penal? O artigo 62, §1º, I, “b”, CP veda a utilização de
MP em matéria penal, mas em relação ao direito penal não incriminador? Há duas correntes.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
"Tipo penal - Normatização. A existência de tipo penal pressupõe lei em sentido formal e material.
Lavagem de dinheiro - Lei 9.613/1998 -- Crime antecedente. A teor do disposto na Lei 9.613/1998,
há a necessidade de o valor em pecúnia envolvido na lavagem de dinheiro ter decorrido de uma
das práticas delituosas nela referidas de modo exaustivo. Lavagem de dinheiro - Organização
criminosa e quadrilha. O crime de quadrilha não se confunde com o de organização criminosa,
redejuris.com 3
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
até hoje sem definição na legislação pátria." (HC 96.007, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em
12-6-2012, Primeira Turma, DJE de 8-2-2013.)
“A tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício de adequação do fato
concreto à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da tipicidade,
é necessária uma análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, no
sentido de se verificar a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente relevante
do bem jurídico tutelado.” (HC 97.772, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 3-11-2009,
Primeira Turma, DJE de 20-11-2009.) Vide: HC 92.411, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 12-
2-2008, Primeira Turma, DJE de 9-5-2008.
b) Direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001).
Ementa da Aula:
DIREITO PENAL. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PENAIS. FONTES DO DIREITO PENAL.
AULA 03
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PENAIS
c) Irretroatividade:
Medida Provisória - 417/2008 trata de direito penal não incriminador.
Medida provisória 1571 – extensão da punibilidade – reparação do dano em sede de crimes
tributários.
Tem-se a proibição da retroatividade maléfica. A retroatividade benéfica é uma garantia
fundamental.
Costume revoga crime? 1- posição liberal, sim; 2- posição radical, não; 3- posição, não revoga, mas o juiz
pode deixar de aplicar a pena por não ter reprovabilidade social.
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” (Súmula 711/STF)
“Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de
lei mais benigna.” (Súmula 611/STF)
d) Culpabilidade: este princípio quer dizer que em Direito Penal o agente só responde pelos seus
atos próprios/atos queridos, ou seja, dolosos; ou culposos praticados mediante imprudência,
negligência ou imperícia.
redejuris.com 4
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
redejuris.com 5
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
o confisco de bens outrora pertencentes ao suicida - que tem herdeiros - como forma de
punição penal, é correto afirmar que responsabilização de terceiros pela conduta de alguém
viola o princípio penal, denominado:
a) individualização judicial da pena.
b) taxatividade.
c) instranscendência.
d) ofensividade.
e) iderrogabilidade.
Comentário: A questão pode induzir ao erro de diversas formas. A alternativa “a)” que trata
da individualização da pena poderia gerar a ideia de que por não poder passar da pessoa do
condenado, a pena é individualizada.
Contudo, tecnicamente individualização da pena se refere ao momento em que o julgador
ao aplicar a pena deve insculpi-la conforme seja reputada conforme seja necessária a
retribuição do mal e prevenção de reincidência para o agente da infração penal.
Já a intranscendência é um termo que refere-se a impossibilidade da pena passar da pessoa
do condenado, ou seja, não pode transcender, não pode ir além. Desta forma, se relaciona
ao princípio da culpabilidade que diz que agente só responde pelos seus atos próprios e que
no direito penal não se admite responsabilidade por fato de terceiro. Tendo só o próprio
sujeito praticado o ato homicida contra si próprio, só ele poderia ser penalizado, não sua
família.
Mas daí vem o segundo ponto que pode induzir o candidato ao erro na questão. É que a
doutrina considera a obrigação de reparar o dano como uma exceção a intranscendência da
pena. É que caso o culpado morra, tendo extinta a punibilidade, seu patrimônio responderá
pela reparação do dano, nos limites da força da herança. Pela força do Princípio de Saisine, a
coisa nunca fica sem dono, e no momento da morte o patrimônio é transferido aos herdeiros.
Desta forma, em verdade, será o patrimônio dos herdeiros responsável por fato do culpado.
No caso, o candidato deve raciocinar comedida e parcimonicamente para chegar a conclusão
que a resposta correta é a alternativa “c)”.
redejuris.com 6
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
redejuris.com 7
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
(DPE/RS – Analista – 2017) O que nos parece é que as duas dimensões do bem jurídico-penal
― a valorativa e a pragmática ― apresentam áreas de intensa interpenetração, o que origina
a tendencial convergência entre elevada dignidade penal e necessidade de tutela penal, assim
como, inversamente, entre reduzida dignidade penal e desnecessidade de tutela penal.
(CUNHA, Maria da Conceição Ferreira da. Constituição e crime: uma perspectiva da
criminalização e da descriminalização. Porto: Universidade Católica Portuguesa Editora,
1995, p. 424)
Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica primacialmente no
campo da ideia constitucional de
a) individualização
b) dignidade humana
c) irretroatividade
d) proporcionalidade
e) publicidade
Comentário: A alternativa “a)” é incorreta por conter os dizeres “informa que o direito penal
é autônomo e cuida das condutas tidas por ilícitas penalmente, sendo aplicável a lei penal
independentemente da solução do problema por outros ramos do direito”, enquanto na
redejuris.com 8
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
verdade o Direito Penal é uma parte da Ordem Jurídica e se preocupa em combater condutas
não suficientemente pacificadas por outros ramos, por isso tem caráter de ultima ratio.
Já a alternativa “b)” está incorreta por ignorar que a lei poderá retroagir para beneficiar o
réu. A “c)”, por sua vez, diz ter o STF estabelecido 3 critérios para configuração da
insignificância, enquanto foram 4, tendo faltado na alternativa a inexpressividade da lesão
jurídica causada.
Por fim, a alternativa “d)” está correta pois, conforme visto da jurisprudência acima, o Poder
Judiciário pode controlar a constitucionalidade de atos legislativos que sejam
desproporcionais. Isso inclui o controle do preceito secundário, bem como da possibilidade
de aplicação ou não de medidas processuais, dentre outros elementos.
redejuris.com 9
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Com o objetivo de sanar as lesões a preceitos fundamentais sofridas pelos presos em decorrência
de ações e omissões dos Poderes da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal,
determinou-se, em sede de medida cautelar, as seguintes providências:
Os juízes e tribunais devem realizar, em até 90 dias, audiências de custódia, bem como viabilizar
o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas,
contados do momento da prisão. A medida está prevista nos artigos 9.3 do Pacto dos Direitos
Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Americana de Direitos Humanos. Ambos já foram
internalizados no Brasil, o que lhes confere hierarquia supralegal.
Tal providência conduzirá, de início, à redução da superlotação carcerária, além de implicar
diminuição considerável dos gastos com a custódia cautelar, cujo custo médio mensal individual
seria de, aproximadamente, R$ 2.000,00. Há de se considerar ainda que, com o déficit prisional
ultrapassando a casa das 206 mil vagas, salta aos olhos o problema da superlotação.
A União deve liberar as verbas do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), abstendo-se de realizar
novos contingenciamentos.
A retenção costumeira dessas verbas explica parte do fracasso das políticas públicas existentes.
Como exemplo, pode-se citar que, apenas no ano de 2013, mais de 80% dos valores destinados a
“proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as atividades e programas de
modernização e aprimoramento do Sistema Penitenciário Brasileiro” deixaram de ser usados.
Os valores não utilizados deixam de custear não somente reformas dos presídios ou a construção
de novos, mas também projetos de ressocialização que, inclusive, poderiam reduzir o tempo de
cárcere.
Assim, por um lado, verifica-se que o contingenciamento de verbas mostra-se problemático,
tendo em conta “que os cortes têm atingido programas relacionados a áreas em que, para além
de qualquer dúvida, a atuação do Estado tem sido insatisfatória ou insuficiente”, como é o caso
do sistema penitenciário nacional. Por outro, há a necessidade de serem criados meios de garantir
“a segurança da população, ao mesmo tempo em que se possibilite a reinserção social daqueles
que um dia cometeram um erro”.
Posto isso, a massiva e sistemática violação da dignidade da pessoa humana e do mínimo
existencial autoriza a judicialização do orçamento, principalmente se considerado o fato de que
recursos legalmente previstos para o combate a esse quadro vêm sendo contingenciados,
anualmente, em valores muito superiores aos efetivamente realizados, apenas para alcançar
metas fiscais.
Cabe destacar que “políticas públicas são definidas concretamente na lei orçamentária, em
função das possibilidades financeiras do Estado”, de forma que “a retenção de verbas tende a
produzir, na melhor das hipóteses, programas menos abrangentes”
redejuris.com 10
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Além disso, é duvidosa a possibilidade de limitar despesas dessa natureza ante o disposto no § 2º
do art. 9º da Lei Complementar 101/2000.
O caput do dispositivo trata da situação em que o Governo deixa de executar, parcialmente, o
orçamento, vindo a contingenciar os valores ordenados a despesas. Ao passo que, no § 2º, consta
exceção, consideradas obrigações decorrentes de comandos legais e constitucionais.
Portanto, tendo em vista que os recursos do Funpen têm destinação legal específica, é inafastável
a circunstância de não poderem ser utilizados para satisfazer exigências de contingenciamento:
atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos (Lei
Complementar 101/2000, art. 5º, III, b). ADPF 347 MC, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 9-
9-2015, acórdão publicado no DJE de 19-2-2016.
redejuris.com 11
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Ausência de periculosidade;
Inexpressividade da lesão ao bem jurídico;
Reduzi grau de reprovabilidade da conduta;
v. Jurisprudência
“Para a incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do objeto do crime
e os aspectos objetivos do fato, tais como, a mínima ofensividade da conduta do agente, a
ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
e a inexpressividade da lesão jurídica causada. No caso dos autos, em que foi subtraída quantia
superior à do salário mínimo e o delito foi praticado dentro de estabelecimento militar, não é de
se desconhecer a presença da ofensividade e da reprovabilidade do comportamento do paciente.
Para o reconhecimento de furto privilegiado, o CPM exige que os bens subtraídos sejam
restituídos à vítima.” (HC 99.207, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24-11-2009, Primeira
Turma, DJE de 18-12-2009.) No mesmo sentido: HC 97.254, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em
2-6-2009, Segunda Turma, DJE de 19-6-2009. Vide: HC 104.820, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento
em 7-12-2010, Segunda Turma, DJE de 8-6-2011; HC 91.726, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento
em 2-3-2010, Segunda Turma, DJE de 23-4-2010.
vi. Complemento da norma penal em branco
Hoje com a doutrina moderna a fonte formal mediata é somente a doutrina. Os costumes são fonte
informal do direito.
Ementa da Aula:
DIREITO PENAL. FONTES DO DIREITO PENAL. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL. IMUNIDADE
DIPLOMÁTICA.
AULA 04
4. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
É o tempo que o Estado leva para punir uma infração penal mais ou menos grave.
a) Primeira Velocidade: vai punir com pena privativa de liberdade. Crimes graves. Observância de
direitos e garantias fundamentais.
b) Segunda velocidade: trabalha com crimes menos graves, com penas alternativas, tem a
flexibilização dos direitos e garantias fundamentais. Ex.: Lei 9.099/95.
c) Terceira velocidade: crimes apenados com pena privativa de liberdade, mas também há
flexibilização dos direitos e garantias. Celeridade. Direito penal do inimigo.
redejuris.com 12
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
d) Quarta velocidade: vai impor para quem é governante ou ex-governante de países signatários
de direitos humanos que a violaram; trata de direito internacional (neopunitivismo).
Ementa da Aula:
DIREITO PENAL. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA. IMUNIDADE CONSULAR. IMUNIDADE PARLAMENTAR.
TERRITORIALIDADE. UBIQUIDADE. EXTRATERRITORIALIDADE.
AULA 05
5. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
A imunidade é absoluta, não atinge apenas os crimes funcionais, mas todo e qualquer crime. É
irrenunciável. O Governo pode abrir mão da imunidade, o titular não pode.
Natureza jurídica: uma causa de exclusão da jurisdição do Brasil.
Obs.: não confundir com extradição.
6. IMUNIDADE CONSULAR
Não recebe credenciais de Estado.
O cônsul trata de assuntos mercantis, comerciais. A imunidade é relativa e diz respeito aos crimes
funcionais.
Convenção de Viena diz que o cônsul só pode ser preso apenas em crimes graves.
7. IMUNIDADE PARLAMENTAR
(Ou inviolabilidade). Artigo 53, CF.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente,
por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
A imunidade parlamentar representa uma garantia aos congressistas de que poderia exercer suas
funções de forma livre, sem pressões externar que poderiam advir em razão de suas opiniões,
palavras e votos (crimes contra a honra, também são imunes civilmente, não respondem por danos
morais).
A imunidade pode ser processual em relação ao foro, prisão, processo e em relação ao testemunho
– artigo 53, §1º, CF.
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
redejuris.com 13
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Diplomação (fazer paralelo com a nomeação dos servidores públicos) – a partir da diplomação já
tema imunidade.
Deputados federais e senadores podem ser presos em flagrante de crime inafiançável dentro de 24
horas comunicar a Casa e na maioria de votos vai deliberar sobre a prisão.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
Artigo 53, §3º, CF – recebida a denúncia no STF, ele comunicará a casa.
Na Casa com partido nela representada (pode ser mínima) poderá até a decisão final propor a
sustação do processo (suspende a prescrição também).
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência
à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a
decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
Artigo 53, §4º, CF – pedido de sustentação tem que ser apreciado no prazo de 45 dias.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no
prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela
Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de
2001)
Artigo 53, §§5º e 6º, CF.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o
mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 35, de 2001)
Crime de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira e imunidade parlamentar A
Primeira Turma, por maioria, admitiu a impetração e, por unanimidade, concedeu ordem de habeas
redejuris.com 14
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
corpus para cassar acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região que condenou parlamentar pela
prática do delito de divulgação de informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição
financeira, previsto no art. 3º da Lei 7.492/1986 (1). No caso, o parlamentar convocou a imprensa e, no
exercício da Presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, opinou sobre a
conveniência da privatização do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), ante a existência de dívida
no valor de R$ 500 milhões. A Turma pontuou que a declaração revelou a satisfação do parlamentar com
a privatização do Banco, que implicaria desoneração de dívida do Estado. Entendeu que não ficou
configurado, na conduta do paciente, o dolo de divulgar informação falsa ou incompleta sobre instituição
financeira, pois as afirmações do parlamentar estavam ligadas a análises de operações realizadas pelo
Banestes. Nesse contexto, o Colegiado asseverou haver ligação entre o que foi veiculado e o exercício
do mandato parlamentar. Tal aspecto foi potencializado pelo fato de as declarações terem ocorrido
dentro da assembleia. Concluiu pelo não afastamento da imunidade parlamentar relativa às opiniões,
palavras e votos, prevista no art. 53 (2), combinado com o art. 27, § 1º (3), da Constituição Federal. (HC
115397/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 16.5.2017. Informativo 865, Primeira Turma)
8. TERRITORIALIDADE
Artigo 5º, §§ 1º e 2º, CP
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território
nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada,
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
Brasil. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
9. UBIQUIDADE
O artigo 6º, CP vai definir competência de jurisdição, vai definir se a justiça brasileira terá atuação.
redejuris.com 15
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
redejuris.com 16
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Ementa da Aula:
DIREITO PENAL. EXTRATERRITORIALIDADE. CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO OU DIREITO
PENAL INTERTEMPORAL.PRINCÍPIOS SOLUCIONADORES DO CONFLITO DE LEIS NO TEMPO.
EXTRATIVIDADE DA LEI PENAL. LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL.
AULA 06
EXTRATERRITORIALIDADE
Condicionada: artigo 7º, §2º, CP.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Hipercondicionada: artigo 7º, §3º, CP.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições
previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
redejuris.com 17
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Artigos 8 ao 12, CP
Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
redejuris.com 18
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
a) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio da justiça cosmopolita, ao crime contra a dignidade
sexual de criança praticado no estrangeiro, quando o agente ou vítima for brasileiro ou pessoa
domiciliada no Brasil, falando a doutrina, nesse caso, de aplicação extraterritorial incondicionada.
b) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio da personalidade, ao crime praticado no estrangeiro
por brasileiro, falando a doutrina, nesse caso, de extraterritorialidade condicionada.
c) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio da proteção, ao crime praticado no estrangeiro contra
a Administração Pública por quem está a seu serviço, falando a doutrina, nesse caso, de aplicação
extraterritorial incondicionada.
d) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio do pavilhão, ao crime praticado a bordo de embarcação
mercante brasileira, quando em território estrangeiro e aí não seja julgado, falando a doutrina, nesse
caso, de aplicação extraterritorial condicionada.
Comentário: Quando o crime é praticado no estrangeiro contra brasileiro contra brasileiro não será
caso de aplicação da extraterritorialidade incondicionada. Muito pelo contrário, a subsunção será ao
art. 7º, § 3º, do Código Penal, caso em que além de entrar no território nacional, ser o fato punível no
país praticado, não ter sido o agente absolvido lá ou não ter cumprido pena, não ter recebido perdão
ou outra forma de extinção da punibilidade, é preciso que não haja pedido de extradição para o local
do fato e haver requisição do Ministro da Justiça. É a chamada extraterritorialidade hipercondicionada.
redejuris.com 19
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
ii. Novatio legis incriminadora: lei posterior que passa considerar criminosa conduta que até
então não era. Irretroativa. Ex.: artigo 311-A, CP.
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
iii. Novatio legis in mellius: lei posterior que de qualquer forma favorece o agente.
iv. Novatio in pejus: lei posterior que de qualquer modo prejudica o agente.
redejuris.com 20
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Ultratividade da lei penal consiste na aplicação da lei a um fato cometido durante a sua vigência,
mesmo que essa lei já tenha sido revogada.
Retroatividade consiste na aplicação da lei a um fato cometido antes da sua entrada em vigor, por
ser mais benéfica ao réu.
Ementa da Aula:
DIREITO PENAL. LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS.
AULA 07
LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL
As leis temporárias e excepcionais para terem efetividade possuem ultratividade. Elas são
autorrevogáveis, não precisam de lei posterior para serem revogada. São exceções ao princípio da
continuidade da lei. São intermitentes.
redejuris.com 21
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
Subsidiariedade
Temos aqui diferentes graus de lesão ao mesmo bem jurídico.
Lei principal x lei subsidiária (soldado de reserva).
Lei subsidiária é aquela que prevê como crime fato incluído na definição da lei primária como
forma de execução ou qualificadora.
Ex.: artigo 147, CP e artigo 157, CP. A ameaça no crime de roubo é forma de execução, há
uma subsidiariedade implícita. O crime de ameaça é subsidiário ao roubo.
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Consunção ou absorção
redejuris.com 22
Caderno Esquematizado
Direito Penal – Parte Geral
O fato mais amplo e mais grave absorve o fato menos amplo e menos grave que funciona
como preparação, execução ou exaurimento daquele.
Ex.: lesão corporal e homicídio – crime progressivo, crime de passagem obrigatória ≠
progressão criminosa – alteração do dolo.
Súmula 17, STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é
por este absorvido.
Entendo que a inserção de dados falsos no sistema informatizado do INSS foi tão somente o meio
que se utilizou a denunciada para a prática de estelionato contra a Previdência Social (crime-fim),
devendo ser aplicado o princípio da consunção. Ocorre, entretanto, que o estelionato é apenado
mais levemente do que o delito do artigo 313-A do Código Penal. O objetivo da consunção é
minimizar os rigores do cúmulo material, e não possibilitar a impunidade ou o apenamento mais
brando do agente que pratica mais de um crime. Por esse motivo, a pena a ser aplicada, em caso
de condenação, é a do crime-meio, ou seja, do artigo 313-A do Código Penal. (STJ - REsp: 1372676
SC 2013/0077898-0, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Publicação: DJ
06/11/2014)
Alternatividade
Neste princípio temos os tipos mistos alternativos. Se o agente, em um mesmo contexto
fático, pratica dois ou mais verbos previstos no tipo penal responderá por crime único.
redejuris.com 23