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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
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Sumário
Módulo I ........................................................................................................................................... 3
Capítulo 1: A evolução da Engenharia de Segurança do Trabalho .............................................. 3
Capítulo 2: Aspectos econômicos, políticos e sociais ................................................................... 4
Capítulo 3: A história do prevencionismo ..................................................................................... 7
Módulo II .......................................................................................................................................... 9
Capítulo 4: Entidades públicas e privadas .................................................................................... 9
Capítulo 5: A Engenharia de Segurança do Trabalho no contexto capital-trabalho.................... 10
Módulo III ....................................................................................................................................... 12
Capítulo 6: O papel e as responsabilidades do Engenheiro de Segurança do Trabalho ............ 12
Módulo IV ....................................................................................................................................... 13
Capítulo 7: Acidentes: conceituação e classificação .................................................................. 13
Capítulo 8: Causas de acidentes: fator pessoal de insegurança, ato inseguro, condição
ambiental de insegurança........................................................................................................... 14
Capítulo 9: Consequências do acidente: lesão pessoal e prejuízo material ............................... 16
Capítulo 10: Agente do acidente e fonte de lesão ...................................................................... 16
Capítulo 11: Riscos das principais atividades laborais ............................................................... 16
Capítulo 12: Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho .......................................... 17
Capítulo 13: Definições de EPI e EPC........................................................................................ 21
Referências Bibliográficas.............................................................................................................. 24
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Módulo I
Capítulo 1: A evolução da Engenharia de Segurança do Trabalho
Dos 458.956 acidentes acontecidos no Brasil em 2004, 17.778 ocorreram na região Norte; 44.401
no Nordeste; 107.213 no Sul; 29.722 no Centro-Oeste e 259.842 no Sudeste, sendo que destes
170.036 foram em São Paulo.
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Constata-se, assim, a necessidade cada vez maior da formação de profissionais em nível técnico
e superior, possibilitando o exercício de suas atividades, de acordo com as normas legais, para
responder às exigências decorrentes das formas de gestão, de novas técnicas e tecnologias e da
globalização nas relações econômicas, o que vêm transformando a sociedade e a organização do
trabalho. Estas práticas exigem desses profissionais a atuação em equipes multiprofissionais,
com criatividade e flexibilidade, atendendo a diferentes situações em diversos tipos de
organizações, permanentemente sintonizados com as transformações tecnológicas e
socioculturais (SENAC, 2006).
Nesta apostila veremos sobre a evolução da Engenharia de Segurança do Trabalho que envolve
seus aspectos econômicos, políticos e sociais bem como a história do prevencionismo; o papel
das entidades públicas e privadas; assim como o papel do engenheiro de segurança do trabalho
no contexto capital-trabalho. Noções introdutórias sobre acidentes, fator pessoal de insegurança,
ato inseguro, classificação, causas dos acidentes, consequências, a lesão pessoal, o prejuízo
material, agentes e fontes de lesão também fazem parte do arcabouço. Finalizamos com a
apresentação dos riscos das principais atividades laborais.
Esta apostila não é uma obra inédita, trata-se de uma compilação de autores e temas
introdutórios à engenharia de segurança no trabalho e tomamos o cuidado de disponibilizar ao
final da mesma, várias referências bibliográficas que podem complementar o assunto e sanar
possíveis lacunas que vierem a surgir.
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Como esses grupos se abrigavam em cavernas próximas a cursos d’água, sementes e raízes
presentes nos restos de alimentos jogados à terra começavam a se reproduzir e, por conseguinte,
a lhes proporcionar uma outra fonte de alimento, nascendo dessa experiência a agricultura.
Com a evolução da agricultura, criaram-se as bases necessárias a uma nova experiência de vida
– o pastoreio. Através das atividades relacionadas com o pastoreio, o homem passou a dispor de
animais não somente como fonte de alimento, mas também como meio de tração. A agricultura
permitiu o aumento populacional do homem e o tornou sedentário, isto é, fixado em uma base
territorial onde se encontram as terras cultivadas e as primeiras edificações, onde se formaram as
primeiras cidades, nações e impérios. Por este novo paradigma, o homem é liberado da
transumância penosa, abrindo caminho à agropecuária (BRASIL, 2002).
A agropecuária marcou um dos estágios mais significativos da evolução humana, não só porque
facilitou ao homem a obtenção dos meios necessários à vida, como a alimentação e a habitação,
mas, principalmente, por ter lhe proporcionado um dos primeiros modelos de organização e
economia que vai estimular a produção de excedentes.
No entendimento de Oliveira (2000), quando o homem passou a produzir mais do que era
necessário ao consumo diário e desenvolveu a ideia de guardar esse excedente para consumo
posterior, nasceram as trocas e a noção de posse. Por meio das trocas, o intercâmbio entre
povos diferentes tornou-se possível. A noção de propriedade, a princípio grupal, depois privada,
mudou radicalmente os paradigmas da vida humana.
O advento da propriedade privada levou o homem a construir uma outra forma de vida calcada na
organização e no controle. A família monogâmica e o Estado, que surgiram em virtude dessa
mudança, passaram a dar sustentação a esse novo estilo de vida. Da propriedade privada ao
escravismo foi apenas uma questão de tempo (BRASIL, 2002).
Das lutas travadas contra seus inimigos, emerge naturalmente no homem a necessidade de se
proteger, portanto, ele começa a adotar as primeiras medidas de proteção individual e coletiva.
Cave (1986 apud BRASIL, 2002) afirma que a forma mais antiga de proteção individual adotada
pelos nossos ancestrais foi o “escudo”. O homem primitivo sabia que entre ele e o perigo havia a
necessidade de se antepor uma barreira para sua defesa. Foi bastante natural também pensar
que essa barreira pudesse ser carregada pelo homem de um local para outro.
Em seguida, o homem adota também o capacete para proteção da cabeça nas lutas contra seus
inimigos e, mais tarde, em estádios mais avançados da história, os guerreiros adotam armaduras
de metal, composta por elmo, couraça e cota de malha. Associadas a essas práticas nasciam
também os inconvenientes e até os primeiros casos de rejeição ao uso (BRASIL, 2002).
Quando o homem se conscientizou de que a riqueza acumulada era oriunda da terra e de braços
que a cultivavam, começou a poupar da morte os vencidos de guerra e a transformá-los em
produtores de excedentes – os escravos – que, a princípio, produtores de bens, em pouco tempo
vieram a se transformar em um deles, sendo transacionados como qualquer outro bem de
consumo. É importante destacar que o rebaixamento de cidadão à condição de escravo, segundo
costumes e normas adotadas por civilizações na Idade Antiga e no período medieval, podia se
dar por questões políticas e até mesmo pelo inadimplemento de uma dívida. Na condição de
escravo nenhum tipo de direito ou defesa, nem mesmo religiosa, era assegurado ao indivíduo. Ao
escravo só restava ser produtivo e leal ao seu dono. A única preocupação de seu dono era a de
evitar que ele adoecesse ou tivesse morte prematura, pois assim deixaria de explorá-lo ao
máximo de sua resistência física (OLIVEIRA, 2000).
A partir deste período e em decorrência do novo contexto vivenciado pelo grupo humano,
compreende-se o desinteresse e a inexistência de registros históricos relacionados com a
segurança do trabalhador, uma vez que os trabalhos mais pesados ou de mais elevado risco
eram destinados a escravos. Além disto, na cultura greco-romana, o trabalho se relacionava em
sua origem filosófica ao rebaixamento humano, porque ligava o indivíduo à matéria, daí ser
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também sinônimo de castração, de sofrimento, humilhação, expiação e de afastamento dos
deuses (BRASIL, 2002).
Para se ter uma dimensão mais clara do descaso com os registros sobre as questões ligadas à
proteção do trabalhador à época, mesmo Hipócrates (460-375 a.C. apud MENDES, 1996), no
momento em que descreve com particular agudeza o quadro clínico da intoxicação saturnina,
encontrado em um trabalhador mineiro, omite totalmente o ambiente de trabalho e a ocupação no
seu clássico “Ares, Águas e Lugares”. Inúmeros ensinamentos são dedicados às relações entre
ambiente – incluindo clima, topografia, qualidade da água e mesmo organização política e saúde,
sem haver qualquer menção às condições em que o trabalho era realizado.
Ramazzini (2000) cita a preocupação de Lucrécio em Roma, um século antes do início da Era
Cristã, já perguntando a respeito dos cavadores das minas: “Não viste ou ouviste como morrem
em tão pouco tempo, quando ainda tinham tanta vida pela frente?”. O mesmo ocorre com Plínio, o
Velho (23 a 79 d.C. apud MENDES, 1996), autor da obra De História Naturalis, que, após visitar
alguns locais de trabalho, principalmente galerias de minas, descreve impressionado o aspecto
dos trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrio e a poeiras.
Mendes (1996) menciona a iniciativa dos escravos de utilizarem à frente do rosto, à guisa de
máscaras rústicas, panos ou membranas de bexiga de carneiro para atenuar a inalação de
poeiras.
Na Europa, do ponto de vista do trabalho, especificamente do trabalho manual, a transformação
do escravismo em feudalismo mudou pouco a vida das pessoas. Os escravos e os trabalhadores
romanos, com o feudalismo, transformaram-se em servos de gleba, tão miseráveis quanto antes.
O único ganho foi o de não serem mais vendidos como mercadoria qualquer, ficando, porém,
vinculados ao senhor feudal (BRASIL, 2002).
Os primeiros registros de casos de acidentes e doenças e os seus respectivos nexos com o
trabalho ocorreram na Idade Média e foram efetuados por médicos que atendiam pacientes nas
corporações de ofícios. Hunter (apud NOGUEIRA, 1981) afirma que, em 1556, Georg Bauer, mais
conhecido pelo seu nome latino de Georgii Agricolae, publica o livro De Re Metallica, onde eram
relatados estudos sobre os diversos problemas relacionados à extração de minérios argentíferos
e auríferos e sua fundição.
Conforme as observações de Agricolae, em algumas regiões extrativas, “as mulheres chegavam
a casar sete vezes, roubadas que eram de seus maridos, pela morte prematura encontrada na
ocupação que exerciam”. O próprio Agricolae já sabia como estes problemas poderiam ser
evitados. Não se tratava de uma questão médica e sim de um problema de natureza tecnológica,
decorrente do processo de trabalho utilizado, cuja modificação, acrescida da introdução de meios
para melhorar a ventilação no interior das minas, poderia, como medida profilática, proteger os
trabalhadores da inalação de poeiras nocivas.
O mesmo Hunter (apud NOGUEIRA, 1981) assinala também a publicação, no ano de 1567, da
primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença, de autoria de Aureolus
Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais conhecido pelo nome de Paracelso. Seu autor
nasceu e viveu durante muitos anos em um centro da Boêmia, sendo numerosas as suas
observações relacionando métodos de trabalho ou substâncias manuseadas e doenças,
destacando-se, por exemplo, que, em relação à intoxicação pelo mercúrio, os principais sintomas
dessa doença profissional, a despeito de sua importância, ali se encontram assinalados. Estes
trabalhos pioneiros permaneceram praticamente ignorados por mais de um século e não tiveram
qualquer influência sobre a segurança ou a saúde do trabalhador (BRASIL, 2002).
Em 1700, era publicada em Módena, na Itália, a primeira edição de um livro que iria ter notável
repercussão em todo o mundo. Tratava-se da obra De Morbis
Artificum Diatriba – as doenças dos trabalhadores – de autoria do médico italiano Bernardino
Ramazzini, mais tarde justamente cognominado o “Pai da Medicina do Trabalho”. Neste famoso
tratado, o autor descreve uma série de mais de 50 doenças relacionadas a profissões diversas.
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Às perguntas hipocráticas fundamentais na anamnese médica, propõe Ramazzini que se
acrescente mais uma: “Qual é a sua ocupação?” De acordo com o autor, tal pergunta é
considerada oportuna e é mesmo necessário lembrar ao médico que trata um homem do povo,
que dela se vale para chegar às causas ocasionais do mal, a qual nunca é posta em prática,
ainda que o médico a conheça. Entretanto, se a houvesse observado, poderia obter uma cura
mais feliz (RAMAZZINI, 2000).
Brasil (2002) ressalta que a importância do trabalho de Ramazzini não pôde ser devidamente
avaliada na época. Realmente, ainda predominavam as corporações de ofício, com número de
trabalhadores relativamente pequeno e um sistema de trabalho muito peculiar. Os casos de
doenças profissionais eram poucos, assim, não obstante as corporações não raro disporem de
médicos que deviam atender seus membros, tais profissionais praticamente ignoraram o trabalho
de Ramazzini, cuja importância só seria reconhecida quase um século mais tarde.
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Esta última corrente é o que foi denominado de Engenharia de Segurança de Sistemas, sendo
uma metodologia para o reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ocupacionais, com
ferramentas fornecidas pelos diversos ramos da engenharia e oferecendo novas técnicas e ações
para preservação dos recursos humanos e materiais dos sistemas de produção.
Ao se analisar mais a fundo as abordagens de Controle de Danos e Controle Total de Perdas de
Bird e Fletcher (1974 apud ALBERTON, 1996), respectivamente, chega-se a conclusão que os
mesmos estão baseados unicamente em práticas administrativas, carecendo de estudos e
soluções técnicas, como o é exigido pelos problemas inerentes à Prevenção de Perdas na
Segurança do Trabalho.
A mentalidade de dar um enfoque técnico à Engenharia de Segurança fundamentou-se em 1972
pelos trabalhos de um especialista em Segurança de Sistemas, o engenheiro Willie Hammer.
Seus trabalhos foram embasados nas técnicas utilizadas na força aérea e nos programas
espaciais norte-americanos onde atuava.
Foi da reunião destas técnicas, que sem dúvida oferecem valiosos subsídios na preservação dos
recursos humanos e materiais dos sistemas de produção, que nasceu a Engenharia de
Segurança de Sistemas.
Desta forma, a grande maioria das técnicas hoje empregadas na Engenharia de Segurança
surgiram ligadas ao campo aeroespacial, vindas dos norte-americanos, o que é bastante lógico
devido a necessidade imprescindível de segurança total em uma área onde não podem ser
admitidos riscos. Estas técnicas, inicialmente desenvolvidas e dirigidas ao campo aeroespacial,
automotivo, militar (indústria de mísseis) e de apoio, puderam ser levadas a outras áreas, com
adaptações, podendo ter grandes e significativas aplicações em situações da vida em geral.
As técnicas de Segurança de Sistemas começaram a tomar forma ainda na década de 60, sendo
criadas e apresentadas paulatinamente ao prevencionismo na década de 70. Desde esta época
um leque de diferentes técnicas vem buscando sua infiltração, sendo utilizadas como uma
ferramenta eficaz no combate à infortunística, embora ainda hoje, passadas mais de três
décadas, existe pouca literatura à respeito, principalmente quanto a sua aplicação na prevenção
do dia-a-dia ou na adapatação destas para aplicação nas empresas, projetos e segurança em
geral.
Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), a Engenharia de Segurança de Sistemas foi introduzida
na América Latina pelo engenheiro Hernán Henriquez Bastias, sob a denominação de Engenharia
de Prevenção de Perdas, e pode ser definida como
uma ciência que se utiliza de todos os recursos que a engenharia oferece, preocupando-se em
detectar toda a probabilidade de incidentes críticos que possam inibir ou degradar um sistema de
produção, com o objetivo de identificar esses incidentes críticos, controlar ou minimizar sua
ocorrência e seus possíveis efeitos.
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Módulo II
Capítulo 4: Entidades públicas e privadas
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A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT:
Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável
pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico
brasileiro.
É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de
Normalização através da Resolução nº 07 do CONMETRO, de 24.08.1992.
São objetivos da normalização:
- Economia: proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos;
- Comunicação: proporcionar meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o
cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços;
- Segurança: proteger a vida humana e a saúde;
- Proteção do Consumidor: prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos
produtos;
- Eliminação de Barreiras Técnicas e Comerciais: evitar a existência de regulamentos conflitantes
sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando assim, o intercâmbio comercial
(ABNT, 2012).
Se tomarmos como parâmetro a crise econômica que vem se tornando crescente em vários
países, podemos considerar que o momento é de muita reflexão e ponderação, e para o
Engenheiro de Segurança do Trabalho é momento de perceber que sua atuação vai além das
normas e prescrições da profissão. O ambiente de trabalho está sofrendo pressões, existem
casos específicos que ele precisa ficar atento, pois nesses momentos de crise, as relações entre
capital e trabalho acabam ficando discrepantes e, muitas vezes, insatisfatórias para ambos os
lados. Amenizar conflitos deve ser, então, uma das habilidades a ser desenvolvida por esse
profissional.
Embora pareça, ao contrário de outras engenharias, a Engenharia de Segurança do Trabalho não
é uma ciência exata. Sobre ela existem vários olhares. Ela relaciona um leque abrangente de
ideias multifuncionais, com diversos setores. Lida com pessoas, com equipamentos, com
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gerenciamento, com liderança e acaba por ser um elo entre empregados e empregadores,
devendo ser coerente e equilibrado em suas ações e atitudes.
Enfim, as organizações empresariais, por meio de seu Engenheiro de Segurança, têm como
responsabilidade integrar o cuidado para com a saúde e a segurança do trabalhador com a
preservação do meio ambiente. Este profissional, portanto, precisa estar sempre se atualizando,
observando as várias perspectivas, os horizontes que vão surgindo, sem esquecer a importância
de equilibrar as relações entre o capital e o trabalho.
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Módulo III
Capítulo 6: O papel e as responsabilidades do Engenheiro de Segurança do Trabalho
De uma maneira normativa e prescritiva, os Engenheiros de segurança são especialistas que têm
como objetivo prevenir a ocorrência de acidentes e doenças dentro da empresa. Externos às
situações de trabalho, agem sobre as máquinas e sistemas (projeto de sistemas de proteção),
sobre os trabalhadores (treinamentos) e sobre as normas e procedimentos.
As responsabilidades do Engenheiro de Segurança do Trabalho, enquanto integrante do Serviço
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, também estão estabelecidas na
Norma Regulamentadora nº 4, dentre as quais destacam-se:
- aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança do trabalho ao ambiente de trabalho e a
todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar
os riscos ali existentes à saúde do trabalhador;
- colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e
tecnológicas da empresa;
- responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR
aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos;
- promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos
trabalhadores;
- esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;
- analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes e doenças ocupacionais
ocorridos na empresa ou estabelecimento.
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Módulo IV
Capítulo 7: Acidentes: conceituação e classificação
As pessoas reconhecem com maior facilidade as condições inseguras, que os atos inseguros. Por
exemplo, um indivíduo ao abalroar o veículo que vai a sua frente, facilmente atribuirá à causa do
acidente a: defeito nos freios; parada brusca do veículo dianteiro; pista molhada, entre outros.
Este mesmo indivíduo terá muita dificuldade em admitir que a causa fosse um ato inseguro
decorrente de não ter mantido a mínima distância necessária, em relação ao veículo da frente,
para uma parada de emergência.
Estatisticamente sabe-se que os atos inseguros são responsáveis por mais de 90% dos acidentes
das mais diversas naturezas. Uma condição insegura normalmente é o resultado do ato inseguro
de alguém ao longo do desencadeamento do acidente.
A implosão parcial de um shopping center, devido ao vazamento de GLP1, é o resultado de uma
condição insegura criada pelo ato inseguro daqueles que não deram tratamento técnico
adequado ao projeto e ao local.
Gás Liquefeito de petróleo – uma mistura de gases de hidrocarbonetos geralmente usados como
combustível.
O ato inseguro normalmente decorre de situações tais como:
- Excesso de confiança;
- Agir sem ter conhecimento específico do que está fazendo;
- Não valorizar medidas ou dispositivos de prevenção de acidentes;
- Exceder limites de máquinas, veículos ou do corpo humano;
- Uso de veículos para fins de demonstração e não transporte;
- Imprudência e negligencia;
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Improvisações.
No Brasil, os acidentes nas rodovias são causadores de milhares de mortos e feridos vindo a
seguir os acidentes na construção civil e na indústria.
Nos países desenvolvidos, medidas preventivas e de segurança de caráter individual ou coletivo
são aplicadas e praticadas pela maioria de seus cidadãos, ao passo que nos países em
desenvolvimento ainda são largamente inexistentes ou ignoradas. Em alguns destes países a
legislação apresenta alguns absurdos como compensação monetária pela exposição ao risco
(periculosidade, insalubridade), fazendo com que empregados e empregadores concentrem suas
atenções no custo da exposição e não na eliminação da mesma (ST, 2006).
Estes conceitos apresentados não só parecem como realmente podemos considerar como
primários, mas infelizmente a maior parcela da população não se preocupa com a segurança
como deveria daí as estatísticas manter-se altas, necessitando de uma política e programas de
educação para a segurança nos vários tipos de trabalho.
São vários os princípios de segurança que já salvaram muitas vidas, sendo relacionados abaixo
os mais básicos e simples de seguir.
1. Reconhecer suas limitações
Não tente realizar um trabalho para o qual você não está qualificado. A falta de conhecimentos e
o jeitinho podem trazer consequências lamentáveis. Seu corpo também tem limitações, ele só
pode alcançar até determinada altura e levantar determinado peso.
2. Ler os manuais antes de operar algo
Entenda a intenção do fabricante de determinado dispositivo e para quê e dentro de que limites
foi projetado para atuar. Os manuais não foram feitos para serem usados só em caso de dúvidas
e sim permitir a correta utilização de determinado dispositivo.
3. Usar ferramentas apropriadas
Cada ferramenta tem limitações e um propósito específico de utilização. As ferramentas e
máquinas têm uma maneira inesperada e violenta de protestarem quando ao seu uso
inadequado.
4. Usar o método apropriado
Não utilize improvisações ou de nenhum método para realizar determinada tarefa, trabalho ou
atividade.
5. Seguir regulamentos, sinalizações e instruções
Eles foram idealizados para protegê-lo. Um sinal de pare pode indicar que naquele local muitas
pessoas já se acidentaram.
6. Usar bom senso e moderação
Existe uma grande diferença entre eficácia e pressa. Um ritmo consistente e progressivo permitirá
atingir os objetivos a médio e longo prazo.
7. Valorizar sua vida e a dos outros
Haja e pense como ser humano que é não permita que o instinto prevaleça.
Quanto às condições de ambiente de segurança podemos definir como a condição do meio que
causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência; incluindo a atmosfera do local de trabalho
até as instalações, equipamentos, substâncias e métodos de trabalho empregados.
Na identificação das causas do acidente é importante evitar a aplicação do raciocínio imediato,
devendo ser levados em consideração fatores complementares de identificação das causas de
acidentes. Tais causas têm a sua importância no processo de análise, como, por exemplo, a não
existência de Equipamento de Proteção Individual (EPI), mas não são suficientes para impedir
novas ocorrências semelhantes.
Para a clara visualização deve-se sempre perguntar o porquê, ou seja, por que o empregado
deixou de usar o EPI disponível? Liderança Inadequada? Engenharia Inadequada?
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É indispensável também a apuração das “causas gerenciais”, como a “falta de controle” –
inexistência de padrões ou procedimentos, como ventilação inadequada, empilhamento
inadequado e proteção coletiva inadequada ou inexistente.
Dentre as consequências dos eventos adversos que levam aos acidentes temos os tipos:
- Fatal – morte ocorrida em virtude de eventos adversos relacionados ao trabalho;
- Grave – amputações ou esmagamentos, perda de visão, lesão ou doença que leve a perda
permanente de funções orgânicas (por exemplo: pneumoconioses fibrogênicas, perdas auditivas),
fraturas que necessitem de intervenção cirúrgica ou que tenham elevado risco de causar
incapacidade permanente, queimaduras que atinjam toda a face ou mais de 30% da superfície
corporal ou outros agravos que resultem em incapacidade para as atividades habituais por mais
de 30 dias.
- Moderado – agravos à saúde que não se enquadrem nas classificações anteriores e que a
pessoa afetada fique incapaz de executar seu trabalho normal durante três a trinta dias.
- Leve – todas as outras lesões ou doenças nas quais a pessoa acidentada fique incapaz de
executar seu trabalho por menos de três dias.
- Prejuízos – dano a uma propriedade, instalação, máquina, equipamento, meio-ambiente ou
perdas na produção.
O acidente é, por definição, um evento negativo e indesejado do qual resulta uma lesão pessoal
ou dano material. Essa lesão pode ser imediata (lesão traumática) ou mediata (doença
profissional). Assim, caracteriza-se a lesão quando a integridade física ou a saúde são atingidas.
O acidente, entretanto, caracteriza-se pela existência do risco.
A lesão pessoal inclui tanto lesões traumáticas e doenças, quanto efeitos prejudiciais mentais,
neurológicos ou sistêmicos, resultantes de exposições do trabalho. Quanto ao prejuízo material
este é decorrente de danos materiais, perda de tempo e outros ônus resultantes de acidente do
trabalho, inclusive danos ao meio ambiente (NBR 14280)
AGENTE DA LESÃO – É o local, o ambiente, o ato, enfim, o que possa ser o causador da lesão.
A FONTE DA LESÃO – É o objeto que, agindo sobre o organismo, provocou a lesão. Pode ser
uma coisa, substância, energia ou movimento do corpo que diretamente provocou a lesão.
Torna-se importante estabelecer como foi o contato entre a pessoa lesionada e o objeto ou
movimento que a provocou (queimadura, corte, fratura, etc.) e sua localização que permite,
muitas vezes, identificar a fonte da lesão e indicar, também, certas frequências em relação a
alguns fatores de insegurança para os procedimentos necessárias à sua futura prevenção.
NR2 - Inspeção Prévia: Estabelece as situações em que as empresas deverão solicitar ao MTB a
realização de inspeção prévia em seus estabelecimentos, bem como a forma de sua realização;
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funcionamento, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho - SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador
no local de trabalho;
NR6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI: Estabelece e define os tipos de EPIs a que as
empresas estão obrigadas a fornecer a seus empregados, sempre que as condições de trabalho
o exigirem, a fim de resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores;
NR8 - Edificações: Dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas
edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham;
NR13 - Caldeiras e Vasos de Pressão: Estabelece todos os requisitos técnico legais relativos à
instalação, operação e manutenção de caldeiras e vasos de pressão, de modo a se prevenir a
ocorrência de acidentes do trabalho;
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NR14 - Fornos: Estabelece as recomendações técnico-legais pertinentes à construção, operação
e manutenção de fornos industriais nos ambientes de trabalho;
NR17 - Ergonomia: Visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente;
NR23 - Proteção Contra Incêndios: Estabelece as medidas de proteção contra Incêndios, que
devem dispor os locais de trabalho, visando à prevenção da saúde e da integridade física dos
trabalhadores;
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a: banheiros, vestiários, refeitórios, cozinhas, alojamentos e água potável, visando à higiene dos
locais de trabalho e a proteção à saúde dos trabalhadores;
NR26 - Sinalização de Segurança: Estabelece a padronização das cores a serem utilizadas como
sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, de modo a proteger a saúde e a integridade
física dos trabalhadores;
NR27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho:
Estabelece os requisitos a serem satisfeitos pelo profissional que desejar exercer as funções de
técnico de segurança do trabalho, em especial no que diz respeito ao seu registro profissional
como tal, junto ao Ministério do Trabalho;
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NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados estabelece os requisitos
mínimos para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento
e controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos
trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nestes espaços;
Dois tipos de aparatos são essenciais para amenizar os riscos de acidentes ao trabalhador: os
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e os Equipamentos de Proteção Coletiva
(EPCs). Mas, afinal, qual é a diferença entre eles?
Os EPIs estão relacionados aos utensílios individuais para cada trabalhador e são utilizados para
evitar danos à saúde e à vida desse funcionário.
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• Proteção da cabeça: capacete, capuz;
• Proteção dos olhos e face: óculos, máscaras;
• Proteção auditiva: protetor auricular, abafadores;
• Proteção respiratória: respirador;
• Proteção do tronco: coletes;
• Proteção dos membros superiores: luvas, braçadeiras;
• Proteção dos membros inferiores: botas, calças
Exemplos de EPIs
Já os EPCs são itens fixos ou móveis, instalados no local de trabalho para a proteção coletiva de
toda a empresa.
Uma das vantagens dos EPCs é que são mais eficientes e não proporcionam incômodo ao
trabalhador. Outro fator importante é que os Equipamentos de Proteção Coletiva resguardam a
integridade física dos colaboradores e de terceiros presentes na empresa.
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Exemplos de EPCs
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Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
BENITE, A. G., Sistemas de Segurança e Saúde no Trabalho para Empresas Construtoras. 2004.
Dissertação (mestrado em engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2004.
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dos tempos atuais. Informativo 69. Disponível em: <http://www.ergoltda.com.br/index.htm>
Acesso em: 18 ago. 2010.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 11 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976;
NOGUEIRA, Diogo Pupo. Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho - Histórico. In:
Curso de Engenharia do Trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO, 1981;
OLIVEIRA, João Cândido de. Do Tripalium ao Trabalho. In: LIMA, Dalva Aparecida (Org.).
Educação, segurança e saúde do trabalhador. São Paulo: Social Democracia Sindical, 2000.
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 2ª ed. São Paulo: LTr,
1998;
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