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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA

FACULDADE DE DIREITO DE CURITIBA

LUÍZA PÁDUA VALLADÃO DE CARVALHO

A APLICAÇÃO DA TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA NOS CRIMES DE


LAVAGEM DE CAPITAIS NO BRASIL

CURITIBA
2017
LUÍZA PÁDUA VALLADÃO DE CARVALHO

A APLICAÇÃO DA TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA NOS CRIMES DE


LAVAGEM DE CAPITAIS NO BRASIL

Projeto de Monografia apresentado ao Centro


Universitário Curitiba, como requisito parcial à
aprovação na Disciplina de Monografia I, segundo
semestre de 2.017.

Orientador: Professor Gustavo Britta Scandelari

CURITIBA
2017
SUMÁRIO

1 TEMA.....................................................................................................................3
2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................3
3 PROBLEMA ..........................................................................................................4
4 OBJETIVOS ..........................................................................................................4
4.1 OBJETIVO GERAL ...............................................................................................4
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................4
5 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................4
6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..............................................................6
7 CRONOGRAMA ....................................................................................................6
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................6
3

1 TEMA

A aplicação da Teoria da Cegueira Deliberada nos crimes de Lavagem de


Capitais no Brasil.

2 JUSTIFICATIVA

O Direito Penal e Processual Penal brasileiro, historicamente, buscam punir


crimes patrimoniais, como roubo e furto. Esses crimes, via de regra, são associados
a problemas sociais marcantes, como desigualdade social e má distribuição de
renda. Consequentemente, pode-se dizer que o Direito Penal alcança os indivíduos
mais carentes e marginalizados. Os crimes contra o sistema financeiro, por outro
lado, são praticados por indivíduos com alto poder aquisitivo, e sua punibilidade pelo
Estado deixa muito a desejar. Os autores desse tipo de crime se valem, muitas
vezes, do aparato estatal para a prática das condutas criminosas, e a seletividade do
Estado na apuração desse tipo de crime fazem com que a impunibilidade seja
elevada.
O crime de Lavagem de Capitais, previsto na Lei 9613/98 com alterações
significativas pela Lei 12683/12, tem uma apuração extremamente complexa. O tipo
é recente no ordenamento jurídico brasileiro, e a constante mutabilidade do modus
operandi e rápida especialização das organizações criminosas fazem com que a
elucidação do crime pelos órgãos fiscalizadores seja extremamente difícil.
Numa tentativa de estar a frente dessas manobras evasivas, houve a
importação da Teoria da Cegueira Deliberada, advinda do direito inglês, que vem
para ampliar a imputabilidade do tipo, admitindo o dolo eventual na tipificação do
crime.
A grande controvérsia é a constitucionalidade de certas interpretações da
teoria, já que a linha entre o dolo eventual e a culpa consciente é extremamente
tênue, e a importação literal da teoria inglesa não é compatível com nosso
entendimento do elemento subjetivo do crime.
Esses problemas de interpretação e aplicação da teoria, e seu paralelo com o
dolo eventual serão discutidos no presente trabalho.
4

3 PROBLEMA
Como aplicar a Teoria da Cegueira Deliberada nos crimes de Lavagem de
Capitais para a responsabilização do agente frente à figura do dolo eventual e às
limitações do Ordenamento Jurídico Brasileiro à responsabilidade penal objetiva?

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a origem e o conteúdo da Teoria da Cegueira Deliberada e a


viabilidade de sua aplicação nos crimes de Lavagem de Capitais no Brasil.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar o tipo penal do crime de Lavagem de Capitais, em especial seus


elementos subjetivos,

 Analisar a origem histórica da Teoria da Cegueira Deliberada e sua aplicação


no Direito Estadunidense e Inglês,

 Analisar o surgimento da Teoria da Cegueira Deliberada no Brasil e sua


aplicação no crime de Lavagem de Capitais, em especial a sua utilização no
caso do Furto ao Banco Central, em 2005.

 Avaliar a compatibilidade da Teoria ao Ordenamento Jurídico Brasileiro e a


possibilidade de sua aplicação ao crime de Lavagem de Capitais.

5 REFERENCIAL TEÓRICO

Com a dificuldade em delimitar, reconhecer e punir crimes econômicos,


praticados com tanta frequência no Brasil, criam-se novos tipos e institutos na
tentativa de suprir esse grande vácuo. Crimes contra o patrimônio individual, como
estelionato, furto e roubo, que podem causar um grande dano a uma ou mais
pessoas certas, são de fácil percepção e, com isso, não há problema em tipificar tal
5

conduta em nossa legislação. Em contraste, temos os delitos econômicos, que


afetam a esfera dos direitos supraindividuais, ou seja, é muito mais complexo notar
tais delitos, tendo em vista que, uma vez que seu dano afeta a coletividade de
maneira quase indireta, sua classificação se torna muito mais árdua.
No presente trabalho, será abordado o tipo da Lavagem de Capitais,
analisando a Lei 9613/98 e as alterações trazidas pela Lei 12683/12, trazendo o
conceito, origem, descrevendo suas fases, as teorias de imputação. Nessa fase,
serão utilizados princialmente os trabalhos de Gustavo Henrique Badaró e Pierpaolo
Bottini1.
Em uma segunda fase, serão abordadas as teorias do dolo, para elucidar as
distinções entre dolo direto, dolo eventual e culpa consciente. Aqui, serão analisados
os trabalhos de Roxin2 e Zaffaroni3.
Finalmente, serão analisadas a origem e importação ao Direito Brasileiro da
Teoria da Cegueira Deliberada (também conhecida como Willful Blindness Doctrine,
ou Doutrina da cegueira intencional, Ostrich Instructions, ou instruções de avestruz,
Conscious Avoidance Doctrine, ou doutrina do ato de ignorância consciente, entre
outros nomes), bem como sua aplicabilidade no sistema jurídico pátrio. Nesse ponto,
serão utilizadas, principalmente, os trabalhos de Sério Moro4, Cristian Laufer5, Ira P.
Robbins6, entre outros.

1 BADARÓ, Gustavo Henrique; BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Lavagem de dinheiro: comentários à Lei
nº. 9.613/1998, com alterações da Lei nº. 12.683/2012. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
2 ROXIN, Claus. Funcionalismo e imputação objetiva no direito penal. 3. Ed. Rio de Janeiro:

Renovar, 2002
3 ZAFFARONI, Eugenio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro:

parte geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.


4 MORO, Sérgio Fernando. Sobre o elemento subjetivo no crime de lavagem. In: Lavagem de

dinheiro: comentários à lei pelos juízes das varas especializadas em homenagem ao Ministro Gilson
Dipp. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo; MORO, Sério Fernando (org.). Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2007. p. 100-101.
5 LAUFER, Christian. “Breves considerações sobre o instituto da ignorância deliberada”. Universidade

Federal do Paraná, Programa de Pós Graduação em Direito, Mestrado em Direito, 2010.


6 ROBBINS, Ira P. The ostrich instruction: deliberate ignorance as a criminal mens rea. The Journal of

Criminal Law Criminology. Northwestern University School of Law, USA, v. 81, Summer 1990.
5

6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo possuirá como fundamento o método indutivo, por meio de


uma pesquisa predominantemente descritiva, sendo certo que será feita a análise de
textos, artigos e obras relacionadas ao tema pesquisado, com referências a
dispositivos legais, em específico a Lei 12683/12, bem como jurisprudência
pertinente.

7 CRONOGRAMA

ATIVIDADES Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
Escolha do Tema e Orientador x
Pesquisa Bibliográfica x x
Formulação do Problema x
Determinação da metodologia x
Contatos com o Orientador x x x x x x x x x
Elaboração e entrega do projeto x x
Pesquisas bibliográficas x x x x x
Fichários bibliográficos e de leitura x x x x
Elaboração do plano definitivo x
Revisão geral da documentação x x
Redação 10 laudas x x x
Redação 30 laudas x x
Redação Definitiva (digitação) x x x x x x
Correções x x x
Contato Final com alterações x
Digitação Final x x

REFERÊNCIAS

BADARÓ, Gustavo Henrique; BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Lavagem de dinheiro:


comentários à Lei nº. 9.613/1998, com alterações da Lei nº. 12.683/2012. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012.

BOTTINI, Pierpaolo Cruz. A tal da cegueira deliberada na lavagem de dinheiro.


Consultor Jurídico, São Paulo, 04 set. 2012. Disponível em: <
http://www.conjur.com.br/2012-set-04/direito-defesa-tal-cegueira-deliberada-
lavagem-dinheiro>. Acesso em: 10 ago. 2017.
7

CALLEGARI, André Callegari, WEBER, Ariel Barazzetti. Lavagem de Dinheiro,


2.Ed. Atlas, 2017.

LAUFER, Christian. “Breves considerações sobre o instituto da ignorância


deliberada”. Universidade Federal do Paraná, Programa de Pós Graduação em
Direito, Mestrado em Direito, 2010.

LEITE, Alaor. Dúvida e Erro sobre a Proibição no Direito Penal, 2.Ed. Atlas, 2013.

MORO, Sérgio Fernando. Crime de lavagem de dinheiro. São Paulo: Saraiva,


2010.

MORO, Sérgio Fernando. Sobre o elemento subjetivo no crime de lavagem.


In: Lavagem de dinheiro: comentários à lei pelos juízes das varas especializadas em
homenagem ao Ministro Gilson Dipp. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo; MORO,
Sério Fernando (org.). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 100-101.

PHILIPPI, Patrícia. A possibilidade de adoção da teoria da cegueira deliberada nos


crimes de lavagem de capitais. Revista do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios , Brasília, n. 8, p. 637-675, 2014. Anual.

RAGUÉS I VALLÈS, Ramon. La ignorancia deliberada en derecho penal.


Barcelona: Editora Atelier, 2007.

ROBBINS, Ira P. The ostrich instruction: deliberate ignorance as a criminal mens rea.
The Journal of Criminal Law Criminology. Northwestern University School of Law,
USA, v. 81, Summer 1990.

ROXIN, Claus. Funcionalismo e imputação objetiva no direito penal. 3. Ed. Rio


de Janeiro: Renovar, 2002

ROXIN, Claus. La Teoria del Delito en la Discusión Actual. Lima: Grijley, 2007

VALENTE, Victor Augusto Estevam. Aplicação da cegueira deliberada requer


cuidados na prática forense. Consultor Jurídico, São Paulo, 09 ago. 2017. Disponível
em: < http://www.conjur.com.br/2017-ago-09/victor-valente-aplicacao-cegueira-
deliberada-requer-cuidados >. Acesso em: 13 ago. 2017.

ZAFFARONI, Eugenio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal


brasileiro: parte geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.

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