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5 de junho de 2018
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
O Nordeste é uma das cinco regiões do território brasileiro, como definido pelo IBGE
em 1969. Destas, é a que possui mais estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em sua extensão, apresenta acentuadas
diferenças e desigualdades em termos físicos, humanos e econômicos.
Essas diferenças explicam e podem ser explicadas, em grande parte, pela história da
região. O litoral do Nordeste brasileiro foi a primeira zona de povoamento e exploração, através
do cultivo da cana-de-açúcar pelo sistema de plantation e no comércio Colônia-Metrópole.
Essa configuração consolidou a estrutura fundiária altamente concentrada e a influência de
oligarquias familiares nas decisões políticas e econômicas. A economia açucareira orientou
também a expansão da criação de gado, para subsidiar o engenho e suas atividades. De forma
intensiva, a atividade pecuária interiorizou a ocupação do Nordeste, afastando-se da Zona da
Mata para não comprometer a lavoura de cana. No entanto, a partir do final do século XVII, o
açúcar nordestino começou a enfrentar grande concorrência no mercado internacional e seu
preço caiu vertiginosamente. Desde então, as cidades do Nordeste vêm perdendo relevância e
seu papel de metrópole econômica nacional, assumindo um papel periférico, devido às grandes
retiradas migratórias, ao processo tardio de urbanização e industrialização e à intervenção
estatal que, por décadas, privilegiou o Sudeste. (SANTOS, 1973)
O PIB nominal do Nordeste foi de R$ 848.533.094,00, segundo o IBGE, em 2015. O
PIB nominal do Brasil, em 2015, foi de R$ 5.995.787.001,00, o que significa que a participação
do Nordeste no PIB nacional foi de 14,15%, sendo a 3ª região com maior participação. No
entanto, o PIB per capita do Nordeste foi registrado como o pior dentre todas as regiões
brasileiras: R$ 15.002,31, enquanto o PIB per capita do Brasil foi R$ 29.326,33. Ademais,
dados da PNAD da passagem de 2017 consolidam que o índice de Gini do Nordeste subiu de
0,555 (2016) para 0,567 (2017), indicando uma piora na distribuição de rendimentos. Essa
tendência se confirma nacionalmente, uma vez que essa mesma fonte mostrou que todas as
regiões do Brasil, com exceção do Sudeste, onde houve uma redução, aumentaram seu Gini.
Mesmo assim, anteriormente, a região tinha mostrado o maior incremento real no salário dos
trabalhadores no período de 2004 a 2009, segundo a PNAD.
No Gráfico ao lado, considera-
se o valor adicionado ao PIB a
preços correntes,
respectivamente, pela
agropecuária; pela indústria e
pelos serviços (exclusive
administração, saúde e educação
públicas e seguridade social).
Analisando valores do PIB per capita, percebe-se relativa igualdade entre os estados
nordestinos, conforme gráfico abaixo:
Percebe-se que apenas Maranhão apresentou PIB per capita inferior à R$ 12.000,00,
destacando-se de forma negativa entre os estados da região. Já Bahia, Pernambuco, Rio Grande
do Norte e Sergipe apresentaram valores superiores a R$ 16.000,00, sendo que o último
apresentou o maior PIB per capita entre os estados da região, com R$ 17.189,28. Piauí e
Alagoas apresentaram entre R$ 12.000,00 e R$ 14.000,00, enquanto Ceará e Paraíba
apresentaram entre R$ 14.000,00 e R$ 16.000,00 de PIB per capita.
Em termos de atividades econômicas, a região Nordeste é diversificada, sendo baseada
sobretudo na agricultura, nos extrativismos vegetal e mineral e na indústria, tendo peso também
atividades ligadas ao comércio e turismo. Nessa região se desenvolve a cultura da cana-de-
açúcar, voltada para a produção de açúcar e etanol, mais especificamente, na Zona da Mata,
faixa litorânea que se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia.
Há ainda a cultura de milho, feijão, café, mandioca, coco, castanha-de-caju, banana,
sisal e algave em diversos estados nordestinos. No chamado Meio Norte, onde estão Maranhão
e Piauí, cortado por grandes planícies fluviais, prevalece a cultura do arroz. Destaca-se ainda a
fruticultura irrigada, com a grande produção de frutas como melão, melancia, manga, abacaxi
e mamão, que são vendidas nos mercado interno e também exportadas, por meio do aeroporto
de Petrolina.
No setor extrativista, o Nordeste se destaca pela produção de petróleo e gás natural,
produzidos nos estados da Bahia, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará. Cabe salientar
também que 95% do sal marinho consumido no Brasil é produzido no estado potiguar e 95%
do gesso brasileiro é produzido no estado de Pernambuco. Nos estados do Piauí e Maranhão
são encontrados o babaçu e a carnaúba, plantas com larga aplicação industrial para a fabricação
de produtos como sabão, cremes e ceras.
Vivendo intenso processo de industrialização, a região Nordeste conta com um dos
principais polos de investimentos do país, o Complexo Industrial Portuário de Suape,
localizado na cidade de Ipojuca, em Pernambuco, a 40 km ao sul da cidade do Recife. São mais
de 120 empresas instaladas, entre elas, a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a
Petrobras Distribuidora S/A, a Shell do Brasil S/A, a Arcor do Brasil Ltda e a Bunge Alimentos.
Há ainda o Polo Automotivo de Pernambuco, que conta com a instalação de uma fábrica da
Fiat. Ao redor do Recife, na Região Metropolitana, estão instaladas indústrias mecânicas, de
papel, de produtos alimentícios, de cimento, têxtil e de material elétrico.
Outro destaque é o Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, que tem mais de 90
empresas químicas e petroquímicas instaladas. Já a capital cearense constitui um importante
centro industrial nos setores têxtil, alimentar, de calçados e de confecção de roupas.
Por fim, a Rota do Vinho, no Vale do Rio São Francisco, contando com sete vinícolas
instaladas nas cidades de Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, todas em
Pernambuco e na Bahia, concentra um polo industrial e turístico, com toda a infraestrutura para
os visitantes. Vale ressaltar a importância significativa do setor turístico para o Nordeste
brasileiro, sendo a região reconhecida pelas belezas naturais de sua extensa faixa litoral, além
de importantes cidades históricas, consideradas patrimônios da humanidade, como Olinda, São
Luís e Maranhão.
Na tabela abaixo, é possível observar a variação do crescimento do Valor Adicionado
Bruto, conceito que se refere à riqueza criada em uma economia, independente se foi vendida
ou não, para cada uma das regiões e para o Brasil, contando com a discriminação por estados
para a região Nordeste:
Taxa de variação do crescimento do volume do Valor Adicionado Bruto a preços
básicos, por atividade econômica (%)
Referências Bibliográficas
Renda no Nordeste é a que mais cresce, e diferença para regiões mais ricas cai, aponta
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 8 de setembro de 2010.
Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/especiais/pnad/2010/ultimas-
noticias/2010/09/08/renda-no-nordeste-e-a-que-mais-cresce-e-diferenca-para-regioes-mais-
ricas-cai-aponta-ibge.jhtm>. Acesso em: 16 de maio de 2018.
VIDAL, Antônio Ricardo; ALVES, Francisca Crísia Diniz. Análise das Contas Regionais
2010 – 2013. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE). 1 de janeiro
de 2016. Disponível em:
<https://www.bnb.gov.br/documents/80223/810469/Ano_X_n1_jan_2016.pdf/8f5f6f6e-a6e1-
4233-852f-96ca25a1e65f>. Acesso em: 05/06/2018.