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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO

DESENVOLVIMENTO REGIONAL E URBANO


PROFESSOR DANILO JORGE VIEIRA

CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA


REGIÃO NORDESTE
Alunos: César Castro, Eider Gontijo,Ítalo Chagas, João Gabriel, Marcos Vinícius e Thiago Alves

5 de junho de 2018

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
O Nordeste é uma das cinco regiões do território brasileiro, como definido pelo IBGE
em 1969. Destas, é a que possui mais estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em sua extensão, apresenta acentuadas
diferenças e desigualdades em termos físicos, humanos e econômicos.
Essas diferenças explicam e podem ser explicadas, em grande parte, pela história da
região. O litoral do Nordeste brasileiro foi a primeira zona de povoamento e exploração, através
do cultivo da cana-de-açúcar pelo sistema de plantation e no comércio Colônia-Metrópole.
Essa configuração consolidou a estrutura fundiária altamente concentrada e a influência de
oligarquias familiares nas decisões políticas e econômicas. A economia açucareira orientou
também a expansão da criação de gado, para subsidiar o engenho e suas atividades. De forma
intensiva, a atividade pecuária interiorizou a ocupação do Nordeste, afastando-se da Zona da
Mata para não comprometer a lavoura de cana. No entanto, a partir do final do século XVII, o
açúcar nordestino começou a enfrentar grande concorrência no mercado internacional e seu
preço caiu vertiginosamente. Desde então, as cidades do Nordeste vêm perdendo relevância e
seu papel de metrópole econômica nacional, assumindo um papel periférico, devido às grandes
retiradas migratórias, ao processo tardio de urbanização e industrialização e à intervenção
estatal que, por décadas, privilegiou o Sudeste. (SANTOS, 1973)
O PIB nominal do Nordeste foi de R$ 848.533.094,00, segundo o IBGE, em 2015. O
PIB nominal do Brasil, em 2015, foi de R$ 5.995.787.001,00, o que significa que a participação
do Nordeste no PIB nacional foi de 14,15%, sendo a 3ª região com maior participação. No
entanto, o PIB per capita do Nordeste foi registrado como o pior dentre todas as regiões
brasileiras: R$ 15.002,31, enquanto o PIB per capita do Brasil foi R$ 29.326,33. Ademais,
dados da PNAD da passagem de 2017 consolidam que o índice de Gini do Nordeste subiu de
0,555 (2016) para 0,567 (2017), indicando uma piora na distribuição de rendimentos. Essa
tendência se confirma nacionalmente, uma vez que essa mesma fonte mostrou que todas as
regiões do Brasil, com exceção do Sudeste, onde houve uma redução, aumentaram seu Gini.
Mesmo assim, anteriormente, a região tinha mostrado o maior incremento real no salário dos
trabalhadores no período de 2004 a 2009, segundo a PNAD.
No Gráfico ao lado, considera-
se o valor adicionado ao PIB a
preços correntes,
respectivamente, pela
agropecuária; pela indústria e
pelos serviços (exclusive
administração, saúde e educação
públicas e seguridade social).

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (2015)

PERÍODO NORDESTE BRASIL


Taxa Média Anual de Taxa Média Anual de
Crescimento do PIB Real (%) Crescimento do PIB Real (%)

1960-70 3,5 6,1

1970-80 8,7 8,6

1980-90 3,3 1,6

1990-99 3,0 2,5

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco


(2017)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE (2015)


Fonte: Elaboração própria a partir de IBGE
(2010)

O Gráfico acima ilustra que a população residente do Nordeste vem, comparativamente,


diminuindo. O que explica esse fator não é uma explosão de natalidade ou mortalidade, mas
sim o galopante fluxo imigratório da região, especialmente no século XX. No entanto, segundo
estudos da UNICAMP, os estados do Ceará, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte receberam
mais migrantes entre 1999 e 2004 do que enviaram para outras regiões. O estado da Paraíba foi
o exemplo mais radical da transformação, por que tem passado os padrões migratórios na
região: inverteu o padrão migratório do saldo negativo de 61 mil pessoas para o saldo positivo
de 45 mil. Em todos os outros estados que continuam a contar com um saldo migratório
negativo, o número de migrantes diminuiu no mesmo período analisado: no Maranhão,
diminuiu de 173 mil para 77 mil; em Pernambuco, de 115 mil para 24 mil; e na Bahia, de 267
mil para 84 mil.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2009,


divulgados pelo IBGE, Pernambuco foi o estado nordestino com maior taxa de retorno de
migrantes, seguido por Rio Grande do Norte e Paraíba. Alguns especialistas indicam que o
fluxo migratório teve substancial redução com os investimentos do governo federal na região,
que de fornecedora de mão-de-obra passou a empregá-la.

A tabela abaixo relaciona os escores do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal


(IDHM) dos estados nordestinos, destacando, também, os componentes renda, educação e
longevidade. A ordenação é feita em cores: tons esverdeados para os mais altos, amarelados
para os medianos e avermelhados para os piores resultados. Percebe-se que o nível geral do
IDHM dos estados da região é baixo, sendo que, na lista de unidades federativas do Brasil por
IDHM, os estados do nordeste ocupam as posições mais baixas, tanto no resultado geral, quanto
no resultado por renda, educação e longevidade, indicando níveis relativamente reduzidos de
desenvolvimento humano.

Estado IDHM IDHM IDHM IDHM


RENDA EDUCAÇÃO LONGEVIDADE

AL 0,631 0,641 0,52 0,755

BA 0,66 0,663 0,55 0,783

CE 0,682 0,651 0,615 0,793

MA 0,639 0,612 0,562 0,757

PB 0,658 0,656 0,555 0,783

PE 0,673 0,673 0,574 0,789

PI 0,646 0,635 0,547 0,777

RN 0,684 0,678 0,597 0,792

SE 0,665 0,672 0,56 0,781

INSERÇÃO DO NORDESTE NO CONTEXTO NACIONAL

O Nordeste historicamente apresenta-se como uma região díspar em relação às outras


regiões, apresentando menores níveis de escolaridade, desenvolvimento humano
desenvolvimento econômico, durante o século XX, devido à localização geográfica, o Nordeste
apresentou-se como uma região tanto carente de infraestrutura interna quanto insulada em
relação à região mais desenvolvida do eixo centro-sul.
Ainda que as disparidades permaneçam muito acentuadas, o Nordeste responde hoje
por uma parcela maior da renda, do emprego formal, comparativamente a uma década atrás,
enquanto os níveis de renda média, PIB per capita, produtividade industrial e de escolaridade
da região estão menos distantes da média brasileira. Crescimento econômico e políticas sociais
foram e devem continuar sendo os vetores dessa nova fase de desenvolvimento da região.
No período mais recente, devido a taxas de crescimento da produção e do consumo
acima da média brasileira, o Nordeste vem atraindo importantes investimentos que poderão
reforçar o ciclo virtuoso de transformações econômicas e sociais.
O ciclo virtuoso em questão gira em torno da formação de um mercado de consumo de
massa por meio da inclusão social. A partir dos programas sociais e do fomento ao mercado
formal ocorre aumentos reais de salários que por sua vez gera a expansão das vendas o que
representa uma expansão do mercado interno. A expansão de crédito devido a promoção de
políticas regionais, como o Cartão do BNDES ou o PAC por exemplo, fomentam a expansão
do emprego formal e informal a partir de uma expansão de investimentos produtivos. Os
programas sociais e as políticas públicas cujo desenvolvimento na primeira década do século
XXI fora substancial contribuiu com a expansão do mercado interno da região nordeste assim
como constitui atualmente um ciclo próprio por esses programas geram aumento da
arrecadação e essa arrecadação por sua vez é convertida em novas políticas públicas.
Outros fatores que contribuíram para a convergência do Nordeste com as outras regiões
brasileira, e que serve como fator explicativo para a média de crescimento econômico acima
da média é a infraestrutura de transporte internamente na região.
Mas somente expandir a demanda interna não significa que a região alcançará o mais
pleno desenvolvimento, uma vez que há problemas na logística e transporte internamente. O
sistema ferroviário, por exemplo, não possui uma malha tão extensa como o rodoviário. Sabe-
se que o transporte por ferrovias é menos custoso do que por rodovias, entretanto exige-se um
alto investimento inicial para a criação da malha. O sistema rodoviário é predominante, assim
como no resto do país, e gera um custo maior e isso acaba prejudicando a logística interna da
região. Alguns fatos devem ser levados em conta quando se trata do transporte rodoviário no
nordeste.
Primeiramente, a malha rodoviária apresenta disparidades internas: as rodovias
existentes em cidades litorâneas possuem uma qualidade maior quando comparada com as
rodovias contidas no interior da região. Desta maneira, esse fato problematiza a distribuição de
mercadorias dentro da região. Porém, como a maior parte da população está alocada no litoral,
tem-se que devido a escassez de recursos essas rodovias são de grande importância ao comércio
interestadual. Algumas medidas foram tomadas para a melhoria da infraestrutura de transporte
no nordeste como a transnordestina, a construção de ferrovias promovendo a ligação do interior
com portos no Litoral, como o Porto de Itaqui, em São Luiz que se liga à zona de mineração
no Pará e a Palmas, capital do Tocantins. Importante ressaltar que esses projetos visam a
integração de setores de produção como as plantações de soja no oeste da Bahia e Tocantins
assim como no sul do Maranhão, a portos nas zonas metropolitanas. Junto a isso está um
sistema de transportes semi estruturado que conta com os Portos de Suape, Itaqui, Pecém e
Aratu; o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal; a Transnordestina, a ferrovia
Norte-Sul.

ORGANIZAÇÃO INTERNA DA REGIÃO


Como já dito anteriormente, o Nordeste é a região que possui maior número de unidades
federativas, totalizando nove: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rio Grande do Norte e Sergipe. Desses estados, a Bahia é o mais populoso, ocupando a quarta
colocação em nível nacional, com aproximadamente 15,2 milhões de habitantes, apresentando,
também, a maior extensão territorial da região. O estado com a menor população da região é
Sergipe, com aproximadamente 2,2 milhões de habitantes, apresentando, também, a menor
extensão territorial. Ademais, o nordeste apresenta 30 regiões metropolitanas, sendo que 12
estão localizadas no estado da Paraíba. Os cinco municípios mais populosos da região são
Salvador, Fortaleza, Recife, São Luís e Maceió, todos com mais de um milhão de habitantes.
Analisando o PIB dos estados nordestinos, percebe-se grande diferença entre os valores
nominais. Bahia, o maior estado da região, apresentou em 2015, segundo o IBGE, R$
245.024.862,00 de PIB, seguido por Pernambuco com R$ 156.955.363,00, Ceará com R$
130.620.788,00, Maranhão com R$ 78.475.166,00, Rio Grande do Norte com R$
57.249.756,00, Paraíba com R$ 56.140.394,00, Alagoas com R$ 46.363.870,00, Piauí com R$
57.249.756,00 e, por fim, Sergipe com R$ 38.554.462,00.
Desse modo, tem-se a seguinte participação dos estados no PIB da região
Fonte: elaboração própria, dados IBGE (2015)

Analisando valores do PIB per capita, percebe-se relativa igualdade entre os estados
nordestinos, conforme gráfico abaixo:

Fonte: elaboração própria, dados IBGE (2015)

Percebe-se que apenas Maranhão apresentou PIB per capita inferior à R$ 12.000,00,
destacando-se de forma negativa entre os estados da região. Já Bahia, Pernambuco, Rio Grande
do Norte e Sergipe apresentaram valores superiores a R$ 16.000,00, sendo que o último
apresentou o maior PIB per capita entre os estados da região, com R$ 17.189,28. Piauí e
Alagoas apresentaram entre R$ 12.000,00 e R$ 14.000,00, enquanto Ceará e Paraíba
apresentaram entre R$ 14.000,00 e R$ 16.000,00 de PIB per capita.
Em termos de atividades econômicas, a região Nordeste é diversificada, sendo baseada
sobretudo na agricultura, nos extrativismos vegetal e mineral e na indústria, tendo peso também
atividades ligadas ao comércio e turismo. Nessa região se desenvolve a cultura da cana-de-
açúcar, voltada para a produção de açúcar e etanol, mais especificamente, na Zona da Mata,
faixa litorânea que se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia.
Há ainda a cultura de milho, feijão, café, mandioca, coco, castanha-de-caju, banana,
sisal e algave em diversos estados nordestinos. No chamado Meio Norte, onde estão Maranhão
e Piauí, cortado por grandes planícies fluviais, prevalece a cultura do arroz. Destaca-se ainda a
fruticultura irrigada, com a grande produção de frutas como melão, melancia, manga, abacaxi
e mamão, que são vendidas nos mercado interno e também exportadas, por meio do aeroporto
de Petrolina.
No setor extrativista, o Nordeste se destaca pela produção de petróleo e gás natural,
produzidos nos estados da Bahia, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará. Cabe salientar
também que 95% do sal marinho consumido no Brasil é produzido no estado potiguar e 95%
do gesso brasileiro é produzido no estado de Pernambuco. Nos estados do Piauí e Maranhão
são encontrados o babaçu e a carnaúba, plantas com larga aplicação industrial para a fabricação
de produtos como sabão, cremes e ceras.
Vivendo intenso processo de industrialização, a região Nordeste conta com um dos
principais polos de investimentos do país, o Complexo Industrial Portuário de Suape,
localizado na cidade de Ipojuca, em Pernambuco, a 40 km ao sul da cidade do Recife. São mais
de 120 empresas instaladas, entre elas, a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a
Petrobras Distribuidora S/A, a Shell do Brasil S/A, a Arcor do Brasil Ltda e a Bunge Alimentos.
Há ainda o Polo Automotivo de Pernambuco, que conta com a instalação de uma fábrica da
Fiat. Ao redor do Recife, na Região Metropolitana, estão instaladas indústrias mecânicas, de
papel, de produtos alimentícios, de cimento, têxtil e de material elétrico.
Outro destaque é o Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, que tem mais de 90
empresas químicas e petroquímicas instaladas. Já a capital cearense constitui um importante
centro industrial nos setores têxtil, alimentar, de calçados e de confecção de roupas.
Por fim, a Rota do Vinho, no Vale do Rio São Francisco, contando com sete vinícolas
instaladas nas cidades de Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, todas em
Pernambuco e na Bahia, concentra um polo industrial e turístico, com toda a infraestrutura para
os visitantes. Vale ressaltar a importância significativa do setor turístico para o Nordeste
brasileiro, sendo a região reconhecida pelas belezas naturais de sua extensa faixa litoral, além
de importantes cidades históricas, consideradas patrimônios da humanidade, como Olinda, São
Luís e Maranhão.
Na tabela abaixo, é possível observar a variação do crescimento do Valor Adicionado
Bruto, conceito que se refere à riqueza criada em uma economia, independente se foi vendida
ou não, para cada uma das regiões e para o Brasil, contando com a discriminação por estados
para a região Nordeste:
Taxa de variação do crescimento do volume do Valor Adicionado Bruto a preços
básicos, por atividade econômica (%)

É possível verificar o forte crescimento da Agropecuária, em comparação com os


demais, para o Brasil, contando com uma contribuição significativa da região Sul. Em
contraste, nota-se um crescimento nulo do volume das riquezas produzidas nesse setor para a
região nordestina, dentro do período analisado. Os estados do Sergipe e da Paraíba
apresentaram considerável taxa de crescimento do setor em questão, por outro lado, Bahia,
Ceará e Piauí apresentaram resultados desfavoráveis, com taxa negativa.
Quanto ao setor industrial, observa-se um crescimento tímido tanto para o Nordeste
quanto para o Brasil como um todo, valendo marcar o alto desempenho do Ceará, evidenciando
esforços desse estado para aceleração de sua industrialização. Enfrentando realidade oposta,
temos o estado da Paraíba, com relativa alta taxa de crescimento negativa.
Por fim, no setor de Serviços, é onde o Nordeste apresenta maior taxa de crescimento
do volume de Valor Adicionado Bruto a preços básicos, corroborando com o apontamento
anterior de que há forte participação do Turismo e todas as atividades correlatas nas atividades
econômicas nordestinas.

Referências Bibliográficas

SANTOS, Milton. Os Dois Circuitos da Economia Urbana e Suas Implicações Espaciais.


Em D. L. Mckee & W. Leahy, Urbanization and the Development Process, Glencoe, NY, The
Free Press, 1973.

Renda no Nordeste é a que mais cresce, e diferença para regiões mais ricas cai, aponta
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 8 de setembro de 2010.
Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/especiais/pnad/2010/ultimas-
noticias/2010/09/08/renda-no-nordeste-e-a-que-mais-cresce-e-diferenca-para-regioes-mais-
ricas-cai-aponta-ibge.jhtm>. Acesso em: 16 de maio de 2018.

IBGE. Contas regionais do Brasil. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil>.


Acesso em: 24 mai. 2018.

VIDAL, Antônio Ricardo; ALVES, Francisca Crísia Diniz. Análise das Contas Regionais
2010 – 2013. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE). 1 de janeiro
de 2016. Disponível em:
<https://www.bnb.gov.br/documents/80223/810469/Ano_X_n1_jan_2016.pdf/8f5f6f6e-a6e1-
4233-852f-96ca25a1e65f>. Acesso em: 05/06/2018.

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