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São Paulo/SP
2007
Maria Francisca Sales Vignoli
São Paulo/SP
2007
BANCA EXAMINADORA:
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DEDICO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 12
CONCLUSÃO 91
BIBLIOGRAFIA 94
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INTRODUÇÃO
1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Essa forma de compreender a família foi por muito tempo hegemônica para a
maioria dos pesquisadores, sendo referência para os diversos profissionais, entre
eles os assistentes sociais, na implementação de programas/projetos sociais.
Qualquer pessoa sabe o que é uma família porque todo mundo tem a sua.
Porém, não podemos comparar nosso modelo de relação familiar com aquela com
que trabalhamos. Esses estigmas podem nos impedir de perceber as possibilidades
e os recursos que as famílias buscam construir.
“1) família nuclear, incluindo duas gerações, com filhos biológicos; 2) famílias
extensas, incluindo três ou quatro gerações; 3) famílias adotivas temporárias; 4)
famílias adotivas, que podem ser bi-raciais ou multiculturais; 5) casais; 6) famílias
monoparentais, chefiadas por pai ou mãe; 7) casais homossexuais com ou sem
crianças; 8) famílias reconstituídas depois do divórcio; 9) várias pessoas vivendo
juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo.” (Symanski, 2002:10)
Para Mac Lennan ocorreram duas situações: uma em que os homens eram
obrigados a buscar esposas, e as mulheres, maridos, fora do grupo (exógamas) e
outra em que só podiam procurá-las no seio de seu próprio grupo (endógamas). E
que, entre as raças exógamas, existiu primitivamente a união da mulher com
diversos homens (irmãos ou primos) e que o primeiro sistema de parentesco foi o
que reconhecia o vínculo de sangue pelo lado materno.
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Engels, em seu livro, A origem da família, da propriedade privada e do estado, trata do tema com
muita clareza. Assim, consideramos oportuno trazer citações de obras de intelectuais por ele
pesquisados como: Jakob Bachofen, John Fergusson Mac Lennan, John Lubbock, Lewis Henry
Morgan, Lorimer Fison, no início deste primeiro capítulo.
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As designações pai, filho, irmão, irmã, não eram simples títulos, mas, ao
contrário, implicavam deveres definidos e cujo conjunto formou uma parte essencial
do regime social desses povos.
3 - família sindiásmica, ou seja, um homem vivia com uma mulher; mas a poligamia
e a infidelidade ocasional continuavam a ser um direito dos homens, e, enquanto
durasse a vida em comum, exigia-se a mais rigorosa fidelidade das mulheres, que
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recebiam castigo por prática de adultério. O vínculo conjugal podia ser facilmente
quebrado por qualquer parte, e os filhos pertenciam à mãe.
Esse sistema também foi identificado nas margens do Rio Darling, mais a
leste, e em Queensland, no nordeste, demonstrando ser bastante difundido. Excluía
apenas os matrimônios entre irmãos e irmãs, filhos de irmãos e filhos de irmãs por
linha materna, porque esses pertenciam à mesma classe.
herdar bens do pai. Anteriormente, esse fator não teve importância porque
praticamente nenhuma das partes tinha o que dividir, mas depois que o homem
começou a adquirir riquezas, isso influenciou na organização familiar.
Ao possuir valores, o homem foi ganhando uma posição mais importante que
a da mulher na família e, por outro lado, fizeram que nascesse nele a idéia de se
valer dessa vantagem para modificar, em proveito de seus filhos, a ordem da
herança anteriormente estabelecida. Porém, isso não poderia ocorrer se continuasse
prevalecendo o direito materno. Foram abolidas então a filiação feminina e o direito
hereditário materno, sendo substituídos pela filiação masculina e o direito hereditário
paterno. Passou-se assim ao patriarcado. Isso ocorreu entre os povos cultos, ainda
nos tempos pré-históricos.
2 – nos países protestantes, o filho teve mais ou menos liberdade para procurar
esposa dentro da sua classe. Assim, o amor pôde ser, até certo ponto, a base do
casamento, pelo menos aparentemente, ou seja, o marido não praticava o heterismo
sempre e a infidelidade da mulher foi mais rara.
“No século XIV, começam a se operar mudanças na família medieval, que vão
se processar até o século XVII. Neste período, a situação da mulher é também alvo
de mudanças, caracterizadas pela perda gradativa de seus poderes, o que culmina,
no século XVI, com a formalização da incapacidade jurídica da mulher casada e a
soberania do marido na família. Assim, a mulher perde o direito de substituir o marido
em situações nas quais ele se ausenta ou é considerado louco e qualquer ato seu
tem efeito legal apenas se autorizado pelo marido.” (Gueiros, 2002: 106)
“... A criança desde muito cedo escapava à sua própria família, mesmo que
voltasse a ela mais tarde, depois de adulta, o que nem sempre acontecia. A família
não podia portanto, nessa época, alimentar um sentimento existencial profundo entre
pais e filhos. Isso não significava que os pais não amassem seus filhos: eles se
ocupavam de suas crianças menos por elas mesmas, pelo apego que lhes tinham,
do que pela contribuição que essas crianças podiam trazer à obra comum, ao
estabelecimento da família. A família era uma realidade moral e social, mais do que
sentimental....” (Ariès, 1978: 221)
A escola era importante por vários motivos, e entre eles, por isolar os jovens
do mundo dos adultos, para mantê-los “inocentes” e concorria para despreocupar os
pais de vigiar seus filhos mais de perto. A partir daí, ocorre uma aproximação da
família e da criança. Segundo Ariès (1978), começa a existir o sentimento de
pertencimento à família.
1. 2 – AS FAMÍLIAS NO BRASIL
Como a mulher, com todas essas modificações, passa a ter maior controle
sobre suas decisões pessoais, alguns homens passam a se desobrigar das
responsabilidades familiares.
No início do século XX, mulheres da elite e das classes médias urbanas foram
ocupando espaço nas universidades.
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Com o passar dos anos, o termo social, antes compreendido como ligado à
caridade, deixou de ser entendido como tal e passa a ser pensado em relação ao
indivíduo pertencente a uma sociedade e também à melhoria das condições de vida
da população urbana notadamente aquela trabalhadora de baixa renda, a quem
restava viver nas cidades que, inchadas com esse novo contingente, oferecia
apenas condições sub-humanas de vida.
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As reflexões aqui apresentadas estão assentadas em Luiz Fernando Rodrigues de Paula. Estado e
políticas sociais na Brasil, 1992 e Evaldo Vieira. Democracia e Política Social, 1992.
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destinação de recursos para a esfera social sofre restrições e cortes que não
permitem o atendimento efetivo das necessidades sociais da população carente.
Para a marxista, a política social do estado capitalista visa a assegurar a
reprodução das relações sociais, ou seja, é uma resposta do estado às contradições
de classe. Nesse sentido, a política social tem uma dupla dimensão: é, ao mesmo
tempo, uma resposta às necessidades sociais dos trabalhadores e, por outro lado,
uma forma de ocultar as contradições de classe.
“Não tem havido, pois, política social desligada dos reclamos populares. Em
geral, o Estado acaba assumindo alguns destes reclamos, ao longo de sua
existência histórica. Os direitos sociais significam, antes de mais nada, a
consagração jurídica de reivindicações dos trabalhadores. Não significam a
consagração de todas as reivindicações populares, e sim a consagração daquilo que
é aceitável para o grupo dirigente do momento. Adotar bandeiras pertencentes à
classe operária, mesmo quando isto configure melhoria nas condições humanas,
patenteia também a necessidade de manter a dominação política.” (Vieira, 1992: 23)
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Os dados históricos e comentários nesta parte do trabalho além de constarem na bibliografia citada
anteriormente e nas Constituições Brasileiras, também estão embasados em Renato Francisco dos
Santos Paula. Trabalho, família e ser social: elos que unem a centralidade do trabalho às relações
familiares, 2005; Nelson Piletti. História do Brasil, 1982; Francisco de Assis Silva e Pedro Ivo Bastos.
História do Brasil, 1989; Evaldo Vieira. Estado e Miséria Social no Brasil, 1983 e 2. ed. 1985.
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Como o café era a base da economia nacional e essa passava por uma crise
de superprodução em conseqüência da crise mundial de 29, provocando vários
problemas para outros setores econômicos como o comércio e a indústria, Getúlio
institui uma nova política cafeeira no país. Em 1931, cria o Conselho Nacional do
Café (C.N.C.) que foi substituído em 1933 pelo Departamento Nacional do Café
(D.N.C.). As oligarquias cafeeiras opuseram-se à política agrária de Vargas por
estarem sentindo-se prejudicadas com essa nova política cafeeira, pelo fato de
terem que se submeter às decisões econômicas do governo federal, além de
perderem o poder político.
Getúlio Vargas também teve que lutar contra a revolução de São Paulo que
pretendia a constitucionalização imediata do país.
governo com o social através das instituições que, de certa forma, deveriam garantir
alguns direitos sociais que estão em vigência até hoje.
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“Art. 144. A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção
especial do Estado.
Art. 146. O casamento será civil e gratuita a sua celebração. O casamento perante
ministro de qualquer confissão religiosa, cujo rito não contrarie a ordem publica ou
bons costumes, produzirá, todavia, os mesmos effeitos que o casamento civil, desde
que, perante a autoridade civil, na habilitação dos nubentes, na verificação dos
impedimentos e no processo de opposição, sejam observadas as disposições da lei
civil e seja elle inscripto no Registro Civil. O registro gratuito e obrigatório. A lei
estabelecerá penalidade para a transgressão dos preceitos legaes attinentes a
celebração do casamento.
Art. 147. O reconhecimento dos filhos naturaes será isento de quaesquer sellos ou
emolumentos, e a herança, que lhes caiba, ficará sujeita a impostos iguaes aos que
recáiam sobre a dos filhos legítimos.” (Constituição da República dos Estados Unidos
do Brasil, 1934: 46–47)
Por decreto-lei de 02/02/45, foi designado o dia 02/12/45 para realização das
eleições para Presidente da República e para membros do Congresso. Assim foram
realizadas as eleições no dia marcado.
“Art. 163. A família é constituída pelo casamento de vínculo indissolúvel e terá direito
à proteção especial do Estado.
2.º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades deste artigo, terá efeitos
civis, se, a requerimento do casal, fôr inscrito no registro público, mediante prévia
habilitação perante a autoridade competente.
Art. 165. A vocação para suceder em bens de estrangeiro existentes no Brasil será
regulada pela lei brasileira e em benefício do cônjuge ou de filhos brasileiros, sempre
que lhes não seja mais favorável a lei nacional do de cujus.” (Constituição dos
Estados Unidos do Brasil, 1946: 45)
João Goulart tomou posse no dia 07/09/61, indicando Tancredo Neves como
primeiro ministro. Sua posse foi tumultuada, pois havia um conjunto de obstáculos
impostos pelos opositores.
Foi indicado como candidato único o Marechal Castelo Branco, escolhido pelo
Supremo Comando Revolucionário e apoiado por várias entidades como a cúpula
militar, pelos governadores e, sobretudo, por grupos da burguesia.
Em 11/04/64 foi eleito, por eleições indiretas, pelo Congresso Nacional, para o
cargo de Presidente da República o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco
e José Maria Alkimim, seu Vice-presidente. Assumiram o governo em 15/04/64.
“Art. 167 - A família é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dos
Poderes Públicos.
Em março de 1967, tomou posse o Marechal Arthur da Costa e Silva que fora
eleito em outubro de 1966 pelo Congresso Nacional. Assim, Costa e Silva passou a
governar de acordo com a nova Constituição da República Federativa do Brasil e
não Mais dos Estados Unidos do Brasil.
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“Art. 175. A família é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dos
poderes públicos.
Em fins de agosto de 1969, impedido por doença, Costa e Silva foi substituído
pela junta militar, não passando a Presidência da República a seu Vice-presidente
Pedro Aleixo, tolhido por um golpe de Estado dirigido por três Ministros militares:
General Aurélio de Lira Tavares (Exército), Brigadeiro Márcio de Sousa e Melo
(Aeronáutica) e Almirante Augusto Hamann Rademaker Grienewald (Marinha). Ao
Congresso Nacional coube a função de abrir suas portas para eleger o candidato
indicado pelas forças armadas: General Emílio Garrastazu Médici.
“Essa sem dúvida foi a conjuntura dos planos desastrosos. A Nova República
pode ser entendida como um período de investidas ‘amadoras” na regulação macro
econômica da sociedade brasileira. “ (Paula, 2005: 84)
6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial
por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato
por mais de dois anos.
Itamar teve muitas dificuldades, haja vista não ter canais de comunicação
com o mundo empresarial, sindical e, mesmo no mundo político, sua base era
precária. A maior realização dessa gestão foi dar início ao processo de estabilização
da economia. Conseguiu eleger seu sucessor.
48
II
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Neste segundo capítulo, grande parte do referencial teórico são as Revistas Serviço Social &
Sociedade.
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Para muitos, a casa deixou de ser o lar, passando a ser mais um albergue
onde os filhos encontravam alimento e abrigo. Seus membros, pela vida corrida,
deixaram de conversar e de dividir afeto ou felicidade.
Pesquisadores entenderam que a família não pode ser vista como um modelo
único, pois ela se transformou. Novas configurações surgiram. Ela continua, mas
hoje não existe família e sim famílias.
“... fortes, porque elas são um componente central da integração social mediante a
qual os indivíduos podem encontrar um refúgio contra o desamparo e a exclusão.
Fortes, ainda, porque é nelas que se dá a reprodução e onde são transmitidos
valores culturais básicos. Mas elas também são frágeis pelo fato de que não estão
livres de despotismos, violência, confinamentos, desencontros e rupturas. Tais
rupturas, por sua vez, podem gerar inseguranças, mas também abrir as portas para a
emancipação e o bem-estar de indivíduos particulares. Novamente aqui se ressalta o
caráter contraditório da família.” (1995: 109)
processando, como esperar que a família possa ser um agente tranqüilo de proteção
social?
“3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem
e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento.
Quando, em 1936, foi fundado pelo CEAS (Centro de Estudos e Ação Social
de São Paulo) a primeira Escola de Serviço Social do Brasil, já existia uma demanda
de instituições que necessitavam de pessoas com formação técnica especializada
para intervir na realidade.
“ ... O portador dessa qualificação não mais necessariamente será uma moça
da sociedade devotada ao apostolado social. Progressivamente se transformará num
componente de força de trabalho, possuindo uma determinada qualificação
englobada na divisão sócio-técnica do trabalho.” (Iamamoto e Carvalho, 1986: 183)
José Paulo Neto, em seu livro Ditadura e serviço social: uma análise do
serviço social no Brasil expôs que, desde o final da década de 1950, parcela dos
profissionais principalmente envolvidos com as lutas sociais começam a questionar o
tradicionalismo do serviço social apontando para a problematização do
conservadorismo do SS. Segundo ele, esse é um início do processo de ruptura que
vai ser desencadeado nos anos sessenta, devido a vários fatores, dentre eles, o
processo de renovação profissional que se dá em função da erosão das bases do
Serviço Social tradicional.
Nos anos oitenta o projeto de ruptura tem condições de se fortalecer porque a
sociedade brasileira vivia um momento de redemocratização, oferecendo as
possibilidades de ressurgimento dos movimentos sociais, de organização política da
categoria profissional. O CBAS de 1979 foi um marco nesta direção.
O movimento de renovação do serviço social, que foi impulsionado a partir
dos anos 60 pelo processo de erosão das bases do serviço social tradicional, pelo
movimento de reconceituação, entre outros, ganha força na década de oitenta com a
organização política da categoria e a sua produção teórica.
Essa renovação rebate nas discussões sobre a família no serviço social,
como podemos observar na Revista Serviço Social & Sociedade nº 21 – no
Relatório-síntese do Seminário Latino-americano sobre Família e Comunidade.
“A aguda crise social que assola nosso continente por certo traz inúmeras
repercussões sobre a família que, enquanto unidade social, expressa e reproduz as
contradições da sociedade em que se insere.” (Martinelli e Alayon, 1986: 147)
“O próprio papel do Estado diante da questão familiar deve ser revisto, assim
como a prática social deve passar por profundas transformações, apoiando-se
essencialmente em uma política educativa e participativa e não mais assistencialista
e paliativa.” (Martinelli e Alayon, 1986: 145)
Por trabalhar com a questão social nas suas mais variadas expressões
cotidianas, entre elas a família, o assistente social dispõe de um acervo privilegiado
de dados e informações que, analisados, poderão fornecer subsídios para propostas
de trabalhos inovadoras.
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III
A primeira Revista Serviço Social & Sociedade foi editada no ano de 1979
pela Cortez. Somente em 1982, revista nº 8, foi publicado um artigo pertinente ao
tema família.
Assim, nos detivemos no terceiro capítulo, nos artigos escritos por assistentes
sociais brasileiros, mas somente aqueles pertinentes às famílias brasileiras; por este
motivo os textos de Cristina Almeida Figueiras (1993) que trata das trabalhadoras
sociais e as famílias pobres em Paris, e o de Louis Ruddelesden traduzido por
Viviane N. A. Guerra (1995), que retrata um trabalho desenvolvido na Inglaterra, não
foram analisados aqui. Porém estes e os demais artigos foram lidos e muito
contribuíram, para nossa reflexão, nos capítulos anteriores.
24 1987 A violência no cotidiano das Maria Amália Faller Vitale Assistente Social, Mestre
famílias de camadas em Serviço Social e
populares Terapeuta de família.
55 1997 Família e Serviço Social: Regina Célia Tomaso Mioto Assistente Social e
contribuições para o debate Doutora em Saúde
Mental
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71 2002 Famílias de baixa renda na Regina Maria Giffoni Assistente Social, Mestre
periferia do município de Marsiglia e Doutora em Ciência
São Paulo: questões para os Política
serviços de saúde
80 2004 Retratos da vida das famílias Susana Pires, Ana Matos, Socióloga, Socióloga,
multiproblemáticas Margarida Cerqueira, Cientista da Educação,
Daniela Figueiredo e Liliana Cientista da Educação e
Sousa Psicóloga
Observação: as formações dos profissionais citados nesta tabela são referentes à época da redação.
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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pelas autoras à Faculdade de Serviço Social da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da professora Graziela Acquaviva
Pavez, em dezembro de 1981.
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vivência cotidiana, em termos de sua estrutura, colaborando para que não se sintam
marginalizadas e deslocadas face à realidade. Ao mesmo tempo, é construída com
elas uma nova concepção de família como lócus onde existem afeto, solidariedade e
responsabilidade.” (2002: 177). O trabalho com grupos possibilita a ampliação do
conhecimento do que se passa na atualidade com as famílias para facilitar a atuação
dos diversos profissionais com essa realidade.
6
A tese foi intitulada A família acolhedora na comarca de Franca, defendida em 2004, no Programa
de Pós-graduação em Serviço Social da UNESP/Franca sob a orientação da professora doutora
Maria Rachel Tolosa Jorge.
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ressaltando que a família de apoio em Franca é hoje uma política pública, fruto do
esforço coletivo e da ação democrática e participativa.
Lúcia Cristina dos Santos Rosa (2002) fez um balanço histórico da relação
família com o portador de transtorno mental. Para a autora a família sofre com a
enfermidade e ao mesmo tempo acaba sendo, muitas vezes, culpabilizada pelas
causas da doença. Retorna a história desde o nascimento da psiquiatria para que os
leitores possam entender o que ocorre na contemporaneidade na área. Relata que
foi a partir dos anos de 1980, depois da reforma psiquiátrica, que o tema família na
área de saúde mental passou a ter maior visibilidade.
Em 1991 a Revista publicou um artigo onde outra autora expôs que acredita
no planejamento familiar. Relatando sua experiência Rosi Maria Sinja expõe o
trabalho desenvolvido com funcionários (as) de uma empresa e seus familiares,
onde a maioria das famílias conta com número de filhos acima de 4 e com renda
familiar mensal em torno de 2 salários mínimos. A equipe que desenvolveu o projeto
foi composta por assistente social, médicos e técnicos de medicina do trabalho. A
assistente social ficou responsável pela atuação com as mulheres. A campanha
atingiu 260 domicílios. Primeiramente atuou-se na prevenção de várias doenças,
entre elas o câncer. Posteriormente prosseguiu-se com a implantação do programa
de planejamento familiar, com reuniões, onde foram tratados os temas: câncer de
mama, doenças sexualmente transmissíveis, AIDS, hipertensão, verminoses,
vacinação etc. Rosi concluiu que pode sim haver um trabalho de planejamento
familiar que obtenha resultados satisfatórios, desde que desenvolvido por pessoas
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Fraternidade com o tema: “A família como vai?” Os debates ocorridos nesse período
foram em relação à importância da família como espaço de desenvolvimento e
socialização dos cidadãos e da falta de programas sociais voltados para essa
demanda. Também foi salientada a dificuldade de os trabalhadores sociais atuarem
com famílias diferentes do modelo da nuclear burguesa. Expuseram sobre o modelo
de família da linha teórica do funcional estruturalismo, dos novos arranjos familiares
que existem na atualidade, na família ideal tão sonhada e outros (informações já
constantes nos capítulos anteriores). Concluíram que muitos trabalhadores sociais
não têm conseguido vislumbrar as mudanças que vêm ocorrendo nas estruturas das
famílias ocasionando dificuldades para o trabalho cotidiano com elas.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ACOSTA, Ana R; VITALE, Maria Amália F. (Orgs.). Família: redes, laços e políticas
públicas. São Paulo: IEE/PUC, 2002.
BARROS, Nidia Aylwin. El análisis de las políticas sociales desde una perspectiva
familiar. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez Editora, n. 49, p. 132, nov.
1995.
CARVALHO, Luiza. Famílias chefiadas por mulheres: relevância para uma política
social dirigida. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez Editora, n. 57, p. 74-
98, jul. 1998.
NETO, José Paulo. Ditadura e serviço social: uma análise do serviço social no Brasil
pós-64. 9. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2006.
PAULA, Renato Francisco dos Santos. Trabalho, família e ser social: elos que
unem a centralidade do trabalho às relações familiares. Dissertação de Mestrado
em Serviço Social. São Paulo: PUC, 2005.
ROSA, Lucia Cristina dos Santos. Os saberes construídos sobre a família na área
da saúde mental. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez Editora, n. 71, p.
138-164, especial 2002.
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SILVA, Francisco de Assis; BASTOS, Pedro Ivo de. História do Brasil. São Paulo:
Editora Moderna, 1989.
SINJA, Rosi Maria. Planejamento familiar como um direito humano: uma experiência
em empresa do interior do Paraná. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez
Editora, n. 37, p. 156-160, dez. 1991.