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Essas novas abordagens/tendências/concepções da educação física surgiram com o objetivo de romper com
as vertentes higienista, militarista, tecnicista, esportivista e biologicista presentes no século XX.
Trouxeram uma nova concepção para a educação física escolar, como nos lembra Grespan (2002, p. 90):
[...] As novas metodologias procuram criar novas estratégias e encaminhamentos diversificados, no sentido
de “olhar” a educação física como uma “disciplina” cujo enfoque seja a formação integral dos sujeitos no
processo escolar, e dotada de um corpo de conhecimentos historicamente produzidos e úteis a todos, sendo
“autonomia” a palavra-chave na formação do indivíduo e na atuação docente.
As Abordagens Pedagógicas da Educação Física podem ser definidas como movimentos engajados na
renovação teórico-prático com o objetivo de estruturação do campo de conhecimentos que são específicos
da EF.
Souza Júnior (1999), afirma que esses movimentos surgem na busca de uma nova dimensão, tais proposições
sugerem desde o que entendem como elemento específico (objetivo de estudo) da EF, passando por
operacionalização de conteúdos do ponto de vista pedagógico, indo até o entendimento de como avaliar em
Educação Física.
1. ABORDAGENS TRADICIONAIS
TECNICISTA (ESPORTIVISTA)
• Propõe que a EF escolar deve propiciar a elaboração de conhecimentos sobre atividade física para o
bem-estar e a saúde
• Estimular atitudes positivas em relação ao exercício físico
• Proporcionar oportunidades para a escolha e a prática regular de atividades que possam ser
continuadas após os anos escolares
• Promover independência na escolha de programas de atividades físicas relacionadas à promoção da
saúde
• Os testes de aptidão física são os instrumentos recomendados para a avaliação no meio escolar,
contudo, enfatizando-se todo o processo.
ABORDAGENS TRADICIONAIS – APTIDÃO FÍSICA
Objetivos educativos Promover a prática e a manutenção da aptidão física.
Conteúdos Programas de atividades físicas para escolares e comunitários, voltados
para a adoção de um estilo de vida ativo.
Metodologia de ensino Estimular atitudes positivas em relação aos exercícios físicos. Promover a
prática regular de atividades físicas, sobretudo as que proporcionem
melhorias na aptidão física de seus praticantes.
Papel do professor Motivar e incentivar a adoção de um estilo de vida ativo e saudável.
SAÚDE RENOVADA
PSICOMOTRICIDADE
DESENVOLVIMENTISTA
• A EF deve proporcionar ao aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido,
oferecendo experiências de movimentos adequadas às faixas etárias.
• É uma tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento
fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem motora e, em função dessas
características, sugerir aspectos ou elementos relevantes para a estruturação da EF escolar.
• Voltada para alunos de 4 a 14 anos de idade.
• Para esta abordagem, o movimento é o principal meio e fim da EF.
• Uma aula de EF deve privilegiar a aprendizagem do movimento, embora possam estar ocorrendo
outras aprendizagens em decorrência da prática das habilidades motoras.
• Habilidade motora é um dos conceitos mais importantes dentro desta abordagem, pois é por meio
dela que os seres humanos se adaptam aos problemas do cotidiano, resolvendo problemas motores.
• Uma das limitações dessa abordagem refere-se à pouca importância ou a uma limitada discussão
sobre a influência do contexto sociocultural que está por trás da aquisição das habilidades motoras.
• Para a abordagem desenvolvimentista, a Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para
que seu comportamento motor seja desenvolvido pela interação entre o aumento da diversificação
e a complexidade dos movimentos.
• Assim, o principal objetivo da Educação Física é oferecer experiências de movimento adequadas ao
seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras
seja alcançada.
3. ABORDAGENS CONSTRUTIVISTAS
CONSTRUTIVISTA (CONSTRUTIVISTA-INTERACIONISTA)
• No construtivismo, a intenção é construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o
mundo, numa relação que extrapola o simples exercício de ensinar e aprender. Conhecer é sempre uma
ação que implica em esquemas de assimilação e acomodação num processo de constante reorganização.
• Essa abordagem teve o mérito de levantar a questão da importância da Educação Física na escola
considerar o conhecimento que a criança já possui. Surge como opção metodológica aos métodos
diretivos, sobretudo o esportivismo.
• Deve-se, desse modo, resgatar a cultura de jogos e brincadeiras dos alunos envolvidos no processo ensino-
aprendizagem, aqui incluídas as brincadeiras de rua, os jogos com regras, as rodas cantadas e outras
atividades que compõem o universo cultural dos alunos.
• Na proposta construtivista o jogo, enquanto conteúdo/estratégia, tem papel privilegiado. É considerado
o principal modo de ensinar, é um instrumento pedagógico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou
brinca a criança aprende. Sendo que este aprender deve ocorrer num ambiente lúdico e prazeroso para
a criança.
• A principal vantagem desta abordagem é a de que ela possibilita uma maior integração com uma proposta
pedagógica ampla e integrada da Educação Física nos primeiros anos de educação formal (4 a 11 anos).
• Desvantagem: falta de especificidade (ausência de definição sobre as finalidades da educação física). Ou
seja, a Educação Física é tida como um meio para atingir o desenvolvimento cognitivo.
• Neste sentido, o movimento poderia ser um instrumento para facilitar a aprendizagem de conteúdos
diretamente ligados ao aspecto cognitivo, como a aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática...
• Esta abordagem está fundamentada na vida de movimento das crianças, na concepção de esporte e
movimento que a sociedade vem construindo ao longo da história.
• Considera a possibilidade de co-decisão no planejamento, objetivos, conteúdos e formas de
transmissão e comunicação no ensino.
• O grau de abertura das aulas depende do grau de possibilidade de co-decisão. As possibilidades de
decisão dos alunos são determinadas cada vez mais pela decisão prévia do professor.
• A proposta das Concepções Abertas defende um ensino centrado nas experiências que os alunos
realizam; um ensino que valorize os interesses deles, bem como o seu papel ativo na assimilação dos
conteúdos. Nesta perspectiva, a aula deve ser aberta às elaborações individuais dos alunos.
• Uma concepção de ensino fechada inibe a formação de um sujeito autônomo e crítico, essa proposta
indica a abertura das aulas no sentido de se conseguir a coparticipação dos alunos nas decisões
didáticas que configuram as aulas (NICO, 2000).
• Segundo Amaral; Rocha; Winterstein (2009), na Abordagem Aulas Abertas a participação tanto do
aluno como do professor não se limita apenas aos problemas motores, abrange também problemas
sociais.
• Sob a concepção de aulas fechadas podemos resumir as concepções de aulas orientadas: no
professor, no produto; nas metas definidas e na intenção racionalista. E, posteriormente: sob a
concepção de aulas abertas, podemos resumir as concepções de aulas orientadas: no aluno, no
processo, na problematização e na comunicação.
• O processo de ensino nasce na prática concreta. Para Hildebrandt-Stremann (2011) o espaço de ação
e reflexão necessita ser ampliado, permitindo ao professor direcionar seus interesses ao
desenvolvimento dos processos de ensino planejando, observando, analisando, interferindo,
influenciando as aulas conscientemente como processo de socialização. O aluno deve ser uma pessoa
que sabe atuar autonomamente, que sabe refletir criticamente e, assim, apoia e promove os
processos de decisão democrática na aula (CHAVES, 2004).
CRÍTICO-SUPERADORA
A proposta crítico-superadora utiliza o discurso da justiça social como ponto de apoio. Essa pedagogia levanta
questões de poder, interesse, esforço e contestação. Sua pedagogia deve versar não somente sobre questões
de como ensinar, mas também sobre como adquirimos esses conhecimentos, valorizando a questão da
contextualização dos fatos e do resgate histórico.
Esta percepção é fundamental na medida em que possibilitaria a compreensão, por parte do aluno, de que
a produção da humanidade expressa uma determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo.
Desvantagem: Sem propostas reais de programas de Educação Física. Ao invés de preocupar-se com a
Educação Física em si, transfere sistematicamente a discussão de seus problemas para níveis mais abstratos
e macroscópicos onde, com frequência, prevalecem os discursos genéricos e demagógicos de cunho
ideológico e político partidário.
CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA
Elenor Kunz busca apresentar uma reflexão sobre as possibilidades de ensinar os esportes pela sua
transformação didático-pedagógica, de tal modo que a Educação contribua para a reflexão crítica e
emancipatória de crianças e jovens.
Kunz defende o ensino crítico, pois é a partir dele que os alunos passam a compreender a estrutura
autoritária dos processos institucionalizados da sociedade e que formam falsas convicções, interesses e
desejos. Assim, a tarefa da Educação crítica é promover condições para que essas estruturas autoritárias
sejam suspensas e o ensino possa caminhar no sentido de uma emancipação, possibilitada pelo uso da
linguagem.
A linguagem tem papel importante no agir comunicativo e funciona como uma forma de expressão de
entendimentos do mundo social, para que todos possam participar em todas as instâncias de decisão, na
formulação de interesses e preferências e agir de acordo com as situações e condições do grupo em que está
inserido e do trabalho no esforço de conhecer, desenvolver e apropriar-se de cultura.
5. ABORDAGENS HUMANISTAS
• Esta nova perspectiva para a Educação Física na escola está pautada sobre a valorização da
cooperação em detrimento da competição.
• Fabio Brotto (1995), afirma que é a estrutura social que determina se os membros de determinadas
sociedades irão competir ou cooperar entre si. O autor entende que há um condicionamento, um
treinamento na escola, família, mídia, para fazer acreditar que as pessoas não têm escolhas e têm
que aceitar a competição como opção natural.
• Ele sugere o uso dos jogos cooperativos como uma força transformadora, por serem divertidos e
possibilitarem a todos um sentimento de vitória, criando alto nível de aceitação mútua, enquanto os
jogos competitivos são divertidos apenas para alguns, a maioria tem sentimentos de derrota e é
excluída por falta de habilidades.