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Flavia Mardegan
Resumo
Neste artigo busco trazer uma contribuição às organizações, por meio dos
estudos que se dedicam a compreensão da aprendizagem que ocorre no
interior das empresas, podendo ser aplicadas aos escritórios de arquitetura e
design de interiores. Percebe-se que, muito do que os indivíduos aprendem
ocorre no interior das organizações, de maneira informal, durante o
desenvolvimento de suas atividades diárias e em conjunto com seus colegas
de trabalho.
A aprendizagem informal acontece naturalmente e envolve a busca de
entendimento, conhecimento ou habilidade que acontece além dos programas
de ensino formais, como cursos estruturados e treinamentos. Além disso, pode
se realizar também por interações sociais diárias, como participação em
atividades de grupo, ao trabalhar ao lado de outros, atuando em tarefas
desafiantes e em conjunto com clientes.
Os resultados aqui apresentados são frutos de uma pesquisa realizada em
2010, com indivíduos que trabalham na área de design de interiores, que
ilustram as formas nas quais eles aprenderam informalmente suas funções, no
decorrer de sua trajetória profissional.
A pesquisa revelou sete tipos principais de aprendizagem informal, a saber:
a) nas atividades diárias; b) nas interações sociais; c) por meio da liderança; d)
autodirigida; e) reflexão; f) observação e g) por meio dos erros.
Assim, a amplitude e a relevância deste conceito proporcionam aos
empresários uma orientação necessária para o direcionamento de seus
esforços para o desenvolvimento de seus colaboradores e funcionários, por
meio de práticas eficazes, de acordo com os ambientes de
trabalho contemporâneos.
d) Autodirigida
A aprendizagem se desenvolve, neste item, por iniciativa própria do indivíduo
em buscar o conhecimento. Aqui, o gatilho para a aprendizagem, geralmente, é
a necessidade de aprender algo novo. Muitas vezes por uma nova solicitação
de um cliente, outras pela própria necessidade de aperfeiçoamento ou
atualização de algum conhecimento exigido pelo mercado.
e) Reflexão
Como consideram Marsick e Watkins (1997), a reflexão é a principal ferramenta
para disparar o aprendizado por meio da experiência. Neste artigo, a reflexão é
concebida como um processo de intervenção que constitui o elo entre as
experiências, incluindo tanto elementos comportamentais, ideias e sentimentos,
quanto novas perspectivas em relação a tais experiências, compromisso para
com a ação e prontidão para a ação. O uso da reflexão pode ocorrer com o
surgimento de um problema ou erro, perante uma nova situação ou solicitação,
durante ou após o desenvolvimento do trabalho, como exemplo, durante o
atendimento de um cliente.
A reflexão implica na troca dos arcabouços conceituais dos indivíduos para que
a aprendizagem se efetue e esteja conectada com a ação. A reflexão envolve
comprometimento e considera a relação entre o pensar e o agir dos indivíduos
dentro de um contexto, pois reflexão é um processo social. Porém, a ação
reflexiva isolada não garante a aprendizagem.
f) Observação
A observação é um item que merece destaque, pois muito do que os indivíduos
aprendem, acontece por meio da observação da atuação de seus colegas, na
visão dos clientes, e das próprias atitudes e reações. A observação
proporciona a aprendizagem tanto de procedimentos simples, como de
procedimentos que podem transformar sua atuação profissional, bem como o
sentido que dão para determinados procedimentos. A observação também
parece ser fundamental ao desenvolvimento da habilidade de refletir, item
fundamental para que a aprendizagem se efetue.
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