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Avaliação da Interface das Redes Sociais Mais Populares do

Brasil
Cleyton Vanut Cordeiro de Magalhães1, Ronnie Edson de Souza Santos1, Jorge Correia da Silva
Neto2
Aluno de graduação no curso de Bacharelado em Sistemas de Informação.
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST)
Serra Talhada - Brasil
2
Professor Assistente da Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia.
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Recife - Brasil

{cleyton.vanut, ronnie.gd, jorgecorreianeto@gmail.com}@gmail.com

RESUMO
O desenvolvimento das ferramentas tecnológicas, principalmente aquelas suportadas pelo advento da
Internet, possibilitam na sociedade atual o aparecimento de novas formas de relação, comunicação e
organização das atividades humanas. Neste contexto, merecem destaque as redes sociais virtuais que
ganharam bastante espaço e popularidade na entre os usuários da Internet na última década. Segundo
informações da Folha de São Paulo (2010), o Brasil é o país que está em quinto lugar em número de visitas
às redes sociais no mundo. Em julho de 2009, 23,9 milhões de brasileiros acessaram alguma rede. Enquanto
isso, no mesmo mês deste ano, o número subiu para 35,2 milhões de visitantes únicos, um aumento de
47%. O Orkut continua sendo a rede social mais acessada pelos brasileiros, seguido pelo Facebook e o
Twitter, redes sociais em crescimento acelerado no país (IBOPE NIELSEN ONLINE, 2010). A maior
finalidade das redes sociais virtuais é proporcionar mecanismos que permitam aos seus usuários articular e
tornar visíveis os seus relacionamentos. Neste contexto, a Interface Gráfica representa um dos principais
componentes da estrutura da rede. Assim, este trabalho teve como objetivo analisar a interface humano-
computador das três redes sociais mais difundidas no Brasil, a partir dos estudos de Nielsen e Tahir (2002).
Buscou-se analisar fatores referentes à distribuição de itens em suas telas de abertura, com o intuito de
verificar quais atividades são mais exploradas pelas redes selecionadas.

PALAVRAS-CHAVE
Redes Sociais, Interfaces Gráficas, Orkut, Twitter, Facebook.

1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das ferramentas tecnológicas, principalmente aquelas suportadas pelo advento da
Internet, possibilitam na sociedade atual o aparecimento de novas formas de relação, comunicação e
organização das atividades humanas. A sociedade em rede é analisada pelo filósofo da informação Pierre
Lévy (1999), criador da expressão “cibercultura”, termo utilizado para definir os agenciamentos sociais das
comunidades no espaço eletrônico virtual. Lévy acredita que a rede de computadores permite às pessoas
conectadas construir e partilhar a inteligência coletiva, encarando a Internet como um agente humanizador
pelo fato de democratizar a informação. Neste contexto, merecem destaque as redes sociais virtuais que
ganharam bastante espaço e popularidade na entre os usuários da Internet na última década.
As Redes Sociais apoiadas por computadores utilizam-se de diversos recursos, como mensagens,
fóruns, listas de discussão, boletins eletrônicos, grupos de notícias, chats, e muitos outros aplicativos
(MACHADO; TIJIBOY, 2005). A formação destas redes vem atingindo as mais diversas esferas e campos
de conhecimento, desde o plano econômico até o científico e o cultural. As Redes Sociais Virtuais possuem a
capacidade de eliminar as fronteiras delimitadas por localizações geográficas e permitir a conectividade entre
pessoas diversas em um ambiente para o compartilhamento de informações e atividades de lazer.
Segundo Sousa (2008), os serviços de Redes Sociais na Internet, de forma geral, podem ser definidos
como locais virtuais de segmentação de interesses, onde cada indivíduo participa dos grupos de discussão
que lhe forem convenientes. Para tal, utiliza software específicos que permitem a gravação de perfis, com
dados e informações de caráter geral e particular, das mais diversas formas e tipos (textos, arquivos, imagens,
fotos, vídeos, etc.), os quais podem ser acessados e visualizados por outras pessoas.
Segundo informações da Folha de São Paulo (2010), o Brasil é o país que está em quinto lugar em
número de visitas às redes sociais no mundo. Em julho de 2009, 23,9 milhões de brasileiros acessaram
alguma rede. Enquanto isso, no mesmo mês deste ano, o número subiu para 35,2 milhões de visitantes
únicos, um aumento de 47%. O Orkut continua sendo a rede social mais acessada pelos brasileiros, de acordo
com os números divulgados pelo Ibope Nielsen Online (2010), seguido pelo Facebook e o Twitter, redes
sociais em crescimento acelerado no país.
O Orkut tem como principal atributo as suas comunidades que representam excelentes meios para
divulgação de conteúdos que variam desde assuntos relacionados com a música e a televisão, até temas
políticos e discussões de tópicos relacionados ao trabalho e a educação. Esta rede possui compartilhador de
fotos, espaço para promoção de eventos e serviços e chat integrado. Atualmente disponibiliza diversos
aplicativos como jogos e utilitários para a navegação. Os indivíduos são mostrados como perfis, sendo
possível perceber suas conexões diretas (amigos) e indiretas (amigos dos amigos) (RECUERO, 2004).
O Facebook parte do compartilhamento de informações, vídeos, fotos e participação em grupos e é
bastante indicado para assuntos relacionados ao meio acadêmico. Suas buscas são mais detalhadas do que as
de outros sites do mesmo tipo, possibilitando serviços de busca por usuários diretamente pela empresa onde
trabalham ou pelo local onde estudaram, por exemplo. Esta foi uma das primeiras redes sociais a incluírem
games online em seus serviços, hoje comum em várias redes. Uma de suas ferramentas mais utilizadas é a
postagem de fotos pelos usuários, com um fluxo de cerca de 250 milhões de fotos publicadas por mês.
O Twitter é a rede social com maior crescimento nos últimos tempos. Oferece um conteúdo
relativamente novo que difere das outras redes por tratar de um serviço de microblogging que permite a
postagem de textos com até 140 caracteres. Os usuários, além de terem sua página de postagens podem
“seguir” outros usuários, recebendo por meio do site, ou de telefonia celular (serviço SMS), as atualizações
dos usuários seguidos, estabelecendo a rede social. Dentre as inúmeras possibilidades de se utilizar o Twitter,
está o emprego do formato para a disseminação de conteúdos jornalísticos. Esta rede é conhecida pela sua
eficiência na exposição de notícias e de informações diversas, transformando este canal em um dos principais
meios de divulgação de conteúdos (ZAGO, 2008).
A exibição pública dos perfis nesses sites é uma característica de todas as redes, sendo esta uma
importante ferramenta para disseminação dos relacionamentos e dos interesses de cada indivíduo (fig. 1). Isso
ocorre pela utilização de links para o perfil de outros usuários, permitindo que os visualizadores naveguem
pela teia social apenas clicando num elemento da lista, sendo que as permissões de visualização variam de
rede para rede.

Figura 1. Disseminação dos relacionamentos nas redes sociais.


Fonte: os autores.
Sousa 2008 (apud Boyd; Ellison, 2007) salienta que a maioria dos sites de redes sociais existentes na
internet atua como um mantenedor de redes sociais pré-existentes, de fora do ambiente virtual, embora
alguns deles tenham como objetivo facilitar e estimular o encontro de indivíduos totalmente desconhecidos,
porém, com interesses em comum. A maior finalidade das redes sociais virtuais é proporcionar mecanismos
que permitam aos seus usuários articular e tornar visíveis os seus relacionamentos. Neste contexto, a
Interface Gráfica representa um dos principais componentes da estrutura da rede, pois através dela os
usuários encontrarão os elementos necessários para a navegação e a utilização dos serviços oferecidos.
Assim, este trabalho teve como objetivo analisar a interface humano-computador das três redes sociais
mais difundidas no Brasil a partir dos estudos de Nielsen e Tahir (2002). Buscou-se analisar fatores
referentes à distribuição de itens na tela, com o intuito de verificar quais atividades são mais exploradas pelas
redes selecionadas. O artigo segue organizado em cinco seções, a partir da introdução. A segunda seção
apresenta referências sobre a temática. A seção seguinte trata dos procedimentos metodológicos adotados
para realização da pesquisa. Logo após, na quarta seção, os resultados do estudo são apresentados e
discutidos e, a quinta seção é referente às considerações finais.

2. REFERENCIAL CONCEITUAL

Interfaces Homem-Máquina

A relação entre o homem e a máquina se concretiza através de um processo chamado Interação


Homem-Máquina, o qual investiga o projeto, avaliação e implementação de sistemas computacionais
interativos para o uso humano, juntamente com os fenômenos associados a este uso (NORMAN, 2003, citado
por BRANDÃO, 2006). Buscando facilitar o acesso à informação e aos meios de comunicação, esta área tem
como objetivo a apresentação de novas técnicas que facilitem a Interação Homem-Computador através da
definição de métodos, modelos e diretrizes que otimizem o projeto de interface. Assim, a partir deste
contexto pode-se afirmar que o contato direto entre o homem e o computador acontece através da interface
gráfica, responsável por mapear as ações do usuário e enviá-las para processamento, retornando
posteriormente uma interpretação do resultado processado (fig. 1).

Figura 2. Processo de Interação Homem-Computador.


Fonte: Prates, 2003.

A Ergonomia de Software se relaciona com esta temática, uma vez que estuda a aproximação
Homem-Máquina através da proposta de padrões de apresentação de telas, diálogos, menus e documentação.
Portanto, através destas áreas, busca-se obter o máximo de usabilidade em um sistema computacional,
visando estabelecer um bom nível de comunicação com o usuário.
Mas um projeto de software não envolve apenas o desenho das funcionalidades necessárias ao
cumprimento de determinada tarefa. Ele envolve também a capacitação do usuário para tirar o máximo
proveito do que lhe é oferecido e, mais do que isso, é necessário que a Interface seja de fácil utilização e
consistente durante todo o processo de interação (NORMAN, 2003, citado por BRANDÃO, 2006).

Desenvolvimento de Interfaces Web.

Ao desenvolver um sistema computacional para a plataforma Web, é necessário levar em conta


aspectos diferentes dos tratados no desenvolvimento para desktop, pois o escopo do ambiente de execução,
assim como os modelos e tecnologias utilizados no desenvolvimento, são distintos. Uma das características
que diferem as interfaces Web, por exemplo, é o modo de navegação deste tipo de sistema, que é baseado em
hipertexto, o que faz com que o desenvolvimento da sua interface gráfica seja observado sob uma ótica
diferente.
Os propósitos de um sistema Web estão relacionados com a finalidade para qual ele foi desenvolvido,
podendo ser classificados, segundo Leite (2002), em Informativo (ligados à exibição de informações),
Funcionais (que tratam do oferecimento de serviços) e de Entretenimento (com o objetivo de diversão).
Alguns websites podem ainda ser classificados em mais de uma destas categorias (fig. 3). Portanto, a
interface deve ser apresentada de acordo com o propósito do sistema, atendendo aos requisitos de
usabilidade, interatividade e comunicabilidade, bem como os ligados à estética.

Figura 3. Propósitos de Sistemas Web.


Fonte: Leite, 2000.

Para que uma Interface Gráfica seja caracterizada como eficiente, é necessário que ela atenda a
algumas características ligadas a fatores de usabilidade, interação e estética. Segundo Fadeyev (2009), uma
interface web de qualidade deve ser: a) Clara: para que os usuários descubram com facilidade como utilizar
determinada funcionalidade, facilitando assim, a interação com o sistema; b) Concisa: esta característica tem
a função de equilibrar o uso da clareza, uma vez que o uso excessivo desta pode poluir a interface. Rotular
um item de forma simples, com uma palavra, ao invés de uma frase é um exemplo de concisão. c) Familiar:
apresentar-se para o usuário de maneira intuitiva, ou seja, semelhante a algo que é de conhecimento do
usuário, assim, ele já saberá como tal funcionalidade irá se comportar e consequentemente o resultado que
retornará. d) Responsiva: o fato de aguardar o carregamento de páginas pesadas torna a experiência
frustrante. Portanto, é importante trazer feedback ao usuário, informado-o sobre o processo em execução; e)
Atrativa: denota o uso da estética na interface, tornando-a agradável de ser utilizada. Também é importante
levar em conta o público alvo do site, bem como seu propósito, lembrando de utilizar a estética com
moderação. f) Eficiente: permitir que o usuário consiga realizar as tarefas que deseja realizar com o mínimo
de esforço e o máximo de precisão. Capacidade de desfazer: a maioria dos usuários está sujeita a cometer
erros ao utilizar um sistema computacional, portanto, é importante construir uma interface em que erros
possam ser desfeitos com facilidade.
Além destes elementos gráficos básicos, a interface das redes sociais está focada em outros aspectos
referentes principalmente à função de relacionamento dos perfis, à facilidade de navegação dos usuários,
apresentação de conteúdo e também às estratégias de publicidade, entre outros. A disposição dos
componentes relacionados com estes aspectos é um importante tópico levado em conta pelos usuários no
processo de familiarização com ambiente e aceitação da rede.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo teve caráter exploratório-descritivo e a estratégia de investigação utilizada foi a do
estudo de casos múltiplos, apresentando uma abordagem qualitativa e quantitativa com o intuito de analisar e
descrever a interface das três redes sociais mais difundidas no Brasil.
A definição dos objetos de pesquisa levou em consideração os dados do Ibope Nielsen Online, que
apresentam o Orkut, o Facebook e o Twitter como as redes sociais mais utilizadas pelos internautas
brasileiros, com respectivamente 26, 9,6 e 9,8 milhões de usuários. Assim, para a realização deste estudo
foram selecionadas estas três redes sociais mais populares no Brasil.
A avaliação da interface humano-computador desta pesquisa baseou-se no estudo de Nielsen e Tahir
(2002), no qual os websites são analisados de acordo com as categorias em que seus conteúdos são
classificados. Portanto, para adequar esta forma de análise ao escopo deste projeto foi necessário definir
novas categorias (tabela 1), que estão relacionadas com as funcionalidades encontradas com mais frequência
nas redes sociais:

Tabela 1. Apresentação das categorias definidas de acordo com a temática das Redes Sociais
Categoria Descrição
Área não utilizada Espaços desocupados da tela.
Autopromoção Publicidade relacionada à própria rede social, ou a outros produtos do mesmo
desenvolvedor.
Bate-papo Área onde se localiza algum tipo de ferramenta que proporcione conversas
instantâneas (chats).
Conteúdo Espaço reservado para a atividade principal da rede social. Por exemplo, no Orkut e
no Facebook, é o local em que são exibidos recados, atualizações, lembretes e
mudança de status. Já no Twitter, é conhecida como time-line, onde são exibidos os
posts dos usuários seguidos.
Funcionalidades Refere-se à utilização das ferramentas disponíveis nas páginas.
Identidade da Dedicado à apresentação de elementos relacionados à identificação da rede social,
rede como a logomarca, por exemplo.
Navegação Nesta categoria estão os itens que permitem que o usuário possa percorrer as páginas
do site.
Pesquisa Itens que possibilitem qualquer tipo de pesquisa no site.
Publicidade Área utilizada para a exibição de conteúdo publicitário que não esteja relacionado
diretamente à rede social.
Relacionamento Lugar em que estão disponíveis os perfis dos usuários ligados a outro perfil da rede.

Para a análise da disposição de conteúdo foram realizadas capturas das páginas iniciais das redes
sociais com uma resolução que permitisse analisar a página por completo. O software utilizado foi o Portable
Ashampoo Snap, que proporciona este tipo de captura. Após a definição das categorias, cada uma delas foi
associada a uma cor (tabela 2), com o objetivo de facilitar a visualização da disposição do conteúdo nas
páginas.

Tabela 2. Relação das cores com as categorias


Categoria Cor
Área não utilizada Branco
Autopromoção Rosa
Bate-papo Verde Claro
Conteúdo Laranja
Funcionalidade Azul Claro
Identidade Azul
Navegação Roxo
Pesquisa Verde
Publicidade Vermelho
Relacionamento Amarelo

A etapa seguinte foi realizada utilizando o programa Adobe Photoshop CS5. Em uma camada, as
diferentes regiões das páginas iniciais foram selecionadas, de acordo com as categorias nas quais seu
conteúdo se enquadrava. Em uma camada sobreposta as seleções foram destacadas com as cores relacionadas
com as categorias. O mesmo software também foi aplicado para realizar a medição das áreas totais das
páginas, bem como as regiões destacadas de acordo com o conteúdo.
O programa Microsoft Excel 2010 foi usado para calcular as áreas das páginas por completo, das
subáreas selecionadas por categoria e a porcentagem da distribuição das categorias nas páginas das redes
sociais selecionadas.
Outros estudos relacionados a esta temática mostram a aplicação dos achados de Nielsen e Tahir
(2002), os quais foram elaborados com o intuito de analisar outros tipos de ambientes sob a mesma
perspectiva. Como exemplo pode-se citar a pesquisa de Pinto et al. (2006), que teve como objetivo a
caracterização, análise e avaliação da disposição do conteúdo nas interfaces Web de sites de notícias
portugueses e internacionais.

4. RESULTADOS

Com a medição das páginas foi possível obter em pixels a resolução das telas capturadas, e a partir
desta resolução foi calculada a área total das páginas (tabela 3). A partir destes valores pode-se perceber que,
em média, as redes sociais destinam uma área de 2138688 pixels para sua apresentação geral.

Tabela 3. Resolução e Área total (em pixels) das telas iniciais das redes sociais selecionadas.
Rede Social Resolução Área total
Facebook 1422 x 1295 px 1841490 px
Orkut 1422 x 1921 px 2731662 px
Twitter 1422 x 1296 px 1842912 px

No processo de divisão da área total em subáreas obteve-se como resultados imagens que permitem,
através da associação das categorias com as cores, ter uma visão ampla da distribuição de conteúdo nas
páginas iniciais das redes sociais (figuras 4, 5 e 6). Partindo deste resultado já é possível extrair algumas
informações. Uma delas é que as três redes selecionadas, depois da área designada para a apresentação de
conteúdo especifico (laranja), elas destinam a maior parte de sua interface para as áreas de navegação (roxa)
e relacionamento (amarela).
A área relativa à apresentação de conteúdo publicitário, geralmente se encontra no topo da tela, para
que sejam visualizadas com mais facilidade pelos usuários, fazendo com que os serviços de propaganda
sejam mais eficientes. Outro fator que pode ser observado é que geralmente as laterais da página
correspondem à área não utilizada, o que incide em uma interface mais concisa, em que os elementos são
distribuídos de forma mais ponderada, evitando o efeito de poluição em uma interface com muito conteúdo.
É importante salientar que esta área pode variar dependendo da resolução de tela, o que influencia na
visualização da página, pois com uma resolução menor, esta área será reduzida, sendo priorizada a exibição
das áreas que possuem elementos. A resolução de tela utilizada para realizar as capturas foi 1440x900, para
que fosse possível perceber com maior clareza as áreas utilizadas e as sem elementos.
A partir do cálculo das áreas de cada categoria pôde-se extrair como resultado as porcentagens
referentes à quantidade de espaço que os sites dedicam a cada categoria. Com estes dados pode ser feita a
análise individual de cada rede, verificando de que forma elas distribuem seu conteúdo pela página.
O Facebook dedica 35,9% da sua área para apresentação de seu conteúdo específico, seguido pelas
áreas Navegação com 6% e Relacionamento com 3,2 %. A opção de bate-papo ocupa 0,43% podendo ser
expandida ao conversar com algum contato. Para a categoria Autopromoção não foi destinada nenhuma
região e a área não utilizada atinge 49% da página (gráfico 1).
O Orkut é a rede que utiliza sua área de forma mais ampla. Este fator pode ser notado através da
área não utilizada que é de apenas 36,5%, considerado como uma quantidade baixa se comparado com as
outras redes. Esta característica pode ser tomada como negativa, uma vez que uma interface com
apresentação de muito conteúdo pode deixar o usuário confuso ao utilizá-la. Com 11,1% de utilização, a área
de Relacionamento refere-se, nesta rede, aos espaços destinados à ligação com outros perfis da rede, seja
diretamente, ou através das comunidades, sendo, portanto, a segunda área mais utilizada. Em seguida tem-se
as categorias relativas a Navegação (3,9%) e Publicidade (3,1%). O Orkut é a única rede dentre as estudadas
que tem um ambiente específico para Autopromoção, ou seja, divulgação de serviços do mesmo
desenvolvedor, ocupando 0,3% da área total, assim como as relacionadas a Bate-papo e Funcionalidade
(gráfico 2).

Figura 4. Facebook Figura 5. Twitter Figura 6. Orkut


Fonte: os autores. Fonte: os autores. Fonte: os autores.

Gráfico 1: Porcentagem da utilização das áreas por categoria (Facebook).

Gráfico 2: Porcentagem da utilização das áreas por categoria (Orkut).

O Twitter utiliza 36,6% da sua área para seu Conteúdo específico, na qual é exibido o time-line com
os posts dos usuários seguidos. 8,0% são dedicados para a categoria de Navegação, e logo após seguem as
áreas de Relacionamento, Identidade e Pesquisa com 1,9, 1,6 e 1,1%, respectivamente. Para as
Funcionalidades e Publicidade, a área reservada não é muito significativa, com apenas 0,6 e 0,3% de
ocupação. Uma característica observada nesta rede é a ausência de mecanismos de bate-papo instantâneo e
uma região dedicada à Autopromoção (gráfico 3).
Gráfico 3: Porcentagem da utilização das áreas por categoria (Twitter).

O fato de todas as redes dedicarem a maior parte de sua área à Apresentação de conteúdo específico
já era esperado, porém, percebe que o Orkut excede um pouco a média. Enquanto o Facebook e o Twitter
utilizam 35,9 e 36,9% respectivamente, o Orkut destina uma porcentagem um pouco maior ao uso desta
categoria: 42,2%.

5. CONCLUSÕES
A partir dos resultados apresentados, foi possível concluir que, de modo geral, a categoria menos
explorada pelas redes sociais é a Autopromoção, que só aparece no Orkut. Isso pode ser explicado pelo fato
de sua empresa desenvolvedora possuir diversos outros serviços disponíveis na rede. Pode-se perceber
também o uso de alguns padrões na construção das interfaces das redes sociais analisadas como a disposição
de alguns itens na tela, bem como a quantidade de espaço dedicado a cada um deles.
Quanto à Publicidade é possível perceber que o Orkut dedica a esta categoria um maior espaço,
seguido pelo Facebook e posteriormente pelo Twitter, que talvez não invista muito em uma área ampla nessa
categoria pelo fato de que as empresas podem cadastrar-se na rede, e divulgar produtos e serviços através dos
seus próprios perfis. Este fator também pode ser atribuído à maior quantidade de usuários que o Orkut possui,
bem como o status que conseguiu agregar por ser uma rede que se consolidou como a mais aceita pelos
usuários do país. Ainda nesta categoria, na área reservada para publicidade, o Orkut proporciona aos próprios
usuários a capacidade de promover seus produtos, serviços e informação.
A categoria Funcionalidade, na qual geralmente são apresentados elementos referentes às
configurações do site, possui um espaço relativamente pequeno em relação a outras categorias. Apesar disso,
seu nível de importância pode ser considerado alto, por sempre ser apresentado no topo da página facilitando
o acesso do usuário a este tipo de funcionalidade.
Com relação ao tema Identidade, pode-se perceber certo padrão em todas as redes: figuras que
identificam a rede, como a logomarca, são localizadas sempre no topo e à esquerda, assim como a parte
inferior da página, que possui elementos identificadores sempre se localiza na mesma posição.
A Navegação, categoria considerada importante para qualquer web site, possui média de 6% de
utilização nas três redes. Todas as redes reservam um pequeno espaço para a Pesquisa, sempre inferior a
0,5% da página e geralmente localizado no topo da página.
A categoria de Relacionamento, encarregada de ligar os perfis da rede e considerada como
característica principal das redes sociais é geralmente apresentada do lado direto da tela e dentre as três redes
ela é mais explorada no Orkut. Apesar de ocupar um espaço relativo a 11% da área total da interface desta
rede, os desenvolvedores utilizaram uma estratégia capaz de aumentar relativamente este espaço através da
utilização da barra de rolagem que permite visualizar todos os contatos da lista. Portanto, a presença desta
característica no Orkut é considerada uma vantagem, uma vez que facilita o acesso a todos os perfis da rede
de determinado usuário, bem como todas as comunidades de que este participa.
A Área não utilizada, geralmente localizada na direita e esquerda da tela, pode ser personalizada
pelos usuários através de planos de fundo no Orkut e no Twitter, tornando assim, a interface mais atrativa, ao
utilizar elementos estéticos. No Facebook, este espaço não é usualmente preenchido com nenhum elemento.
Assim, pode-se concluir que a análise da disposição de elementos, e a proporção que estes ocupam
na interface das redes sociais, é importante para a definição de algumas métricas que podem ser utilizadas em
estudos com objetivos mais específicos, uma vez que as redes sociais têm se tornado tópico de interesse de
diversas áreas. Um exemplo disto seria a aplicação desta temática em trabalhos relacionados à Administração
que procurem entender como as empresas utilizam as redes para promover produtos e serviços, ou até mesmo
à Educação no que se refere ao relacionamento de pessoas para a troca de informações.

REFERÊNCIAS

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processo humano de visualização do formato do anúncio na tela do computador e de lembrança da sua
mensagem. Acesso em set. 2010. Disponivel em: http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/leui/resumoseduardo.html.
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