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FACULDADE IESM

CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM

AIRTON JOSÉ DE SOUSA LIMA

VIGILÂNCIA EM CASO DE SURTOS NOS ESTADOS DO BRASIL

TIMON – MA
2017
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AIRTON JOSÉ DE SOUSA LIMA

VIGILÂNCIA EM CASO DE SURTOS NOS ESTADOS DO BRASIL

Relatório desenvolvido para a disciplina de


Sistematização da Assistência de Enfermagem,
como parte da avaliação referente ao 6º
período do curso de Bacharelado em
Enfermagem.

Orientadora: Profª. Msc. Luciana Stanford


Baldoino.

TIMON – MA
2017
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INTRODUÇÃO

A observação dos fatores determinantes e condicionantes da saúde da


população, seja ela de caráter coletivo ou individual, é uma preocupação constante
das políticas públicas. A Vigilância Epidemiológica (VE) é, portanto, ferramenta de
acompanhamento, detecção e prevenção de qualquer mudança nos referidos
fatores, objetivando “recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das
doenças ou agravos” (BRASIL, 2010).
Ou seja, a VE tem a relevante função de estar presente em todo o
processo de promoção da saúde, desde a informação do problema até tomada de
decisões, formando a tríade informação – decisão – ação. Constitui, portanto,
importante instrumento de prevenção e controle de doenças, fornecendo subsídios
para o planejamento, organização e operacionalização dos serviços de saúde, como
também para a normatização de atividades técnicas correlatas (BRASIL, 2010).
Considerando a VE como ferramenta de acompanhamento e prevenção
de doenças, ela age também no controle de epidemias e surtos, que podem ser
entendidos como situações anormais que geram pressões sociais, exigindo resposta
rápida das autoridades sanitárias . Estas situações irão condicionar o ritmo de
investigação epidemiológica, que possui o intuito de prevenir a ocorrência de novos
casos (LUNA; SILVA, 2013).
Conceituando de maneira ampla, a epidemia é um aumento brusco,
temporário e significativo da incidência de uma determinada doença, que surge de
maneira generalizada. Já o surto é um episódio epidêmico no qual os casos estão
relacionados entre si, atingindo uma área geográfica delimitada ou uma população
restrita (MEDRONHO, 2009).
Na atualidade, doenças consideradas erradicadas no passado estão
voltando a aparecer em forma de surtos e epidemias. A AIDS, a dengue,
chikungunya e zika, e a leishmaniose visceral são exemplos de doenças que estão
sendo notificadas em números expressivos no Brasil nos últimos anos (ROSA,
2016). A situação se torna mais crítica em regiões onde as condições de
abastecimento de água potável e saneamento ambiental são precárias (OLIVEIRA,
2015).
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Diante o exposto, este relatório apresenta de maneira descritiva, dados


epidemiológicos sobre as doenças transmissíveis emergentes e reermegentes nas
regiões brasileiras, a saber: AIDS, Dengue, Chikungunya e Zika, e Leishmaniose
Visceral. As mesmas são consideradas de maior importância epidemiológica, devido
a complexidade e incidência de casos notificados no quadro atual.
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VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

No âmbito conceitual, doenças transmissíveis são aquelas cujo agente


etiológico é vivo e transmissível, podendo a infecção ser veiculada por um vetor,
ambiente ou indivíduo. Uma das metas da VE é bloquear a ascensão das doenças
transmissíveis (DT), já que essas são causas de morbimortalidade mundial,
assolando milhares de pessoas, especialmente nos países em desenvolvimento,
como o Brasil (BESERRA; ARAUJO; BARROSO, 2006).

DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES

O termo “emergente” emprega-se a doenças que surgem como um novo


problema de saúde ou agente infeccioso. Na realidade é uma ocorrência que ainda
não havia sido descoberta e que, devido às ações da VE, a mesma é detectada e
prontamente notificada a fim de minimizar ou erradicar sua expansão. Já as
"doenças reemergentes" indicam mudança no comportamento epidemiológico de
doenças já conhecidas, as quais já haviam sido controladas, mas que voltaram a
representar ameaça à saúde humana. Inclui-se aí a introdução de agentes já
conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. Na história recente do
Brasil, por exemplo, registra-se o retorno da dengue e do aumento de incidências da
leishmaniose visceral (PAZ; BERCINI, 2009).
Para o enfrentamento das doenças emergentes e reemergentes o
fortalecimento da vigilância epidemiológica, especialmente no que diz respeito à sua
capacidade de detecção precoce, tem um papel fundamental. Médicos, enfermeiros,
médicos veterinários, e demais profissionais da assistência devem ser capacitados
para identificar casos suspeitos e auxiliar no processo de investigação e
desencadeamento das medidas de controle. Epidemiologistas devem estar
qualificados para realizar investigações de campo e monitorar o comportamento das
doenças em indivíduos e populações, além de disporem de um sistema de
informações ágil e que permita a tomada de decisão em tempo oportuno.
É preciso fortalecer as atividades de vigilância em saúde (ambiental e
sanitária, principalmente) e saúde pública veterinária, pois a emergência e
reemergência de doenças infecciosas resultam da interação do homem com o
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ambiente. Alguns fatores, tais como a fauna sinantrópica e as condições sanitárias


dos alimentos e das populações animais deveriam ser monitorados de forma
rotineira e eficiente, de forma a prevenir, ou pelo menos alertar precocemente a
comunidade para o risco de emergência de doenças. Isto exigiria mecanismos ágeis
de comunicação entre os diferentes serviços envolvidos.

TABELA 1. Taxa de mortalidade específica para doenças transmissíveis nas


regiões brasileiras. Brasil. 2017.

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

Aids
Considerada uma grave pandemia, a AIDS configura um dos mais sérios
problemas de saúde pública, por apresentar altos índices de morbimortalidade, além
de contínuo crescimento e propagação em todo o planeta.
O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da Família Retroviridae
(retrovírus) e subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e
não-oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma enzima denominada
transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia
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DNA, que pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro. (referenciar no artigo


bvs).
Entre 1980, ano do primeiro caso de aids notificado no país, e junho de
2008, foram identificados 506.499 casos de aids pela metodologia de
relacionamento de bases de dados, considerando os sistemas Sinan, Sim,
Siscel/Siclom. Em 2007 a taxa de incidência foi de 19,0/100 mil hab., variando de
acordo com a região: 14,0 no Norte; 10,6 no Nordeste; 22,5 no Sudeste; 28,3 no Sul;
e, 17,1 no Centro-Oeste. De acordo com a série histórica, a maior taxa de incidência
no país foi observada no ano de 2002, com 21,8/100 mil hab (Gráfico 1).

Gráfico 1. Taxa de incidência de AIDS (por 100.000 hab.), segundo região de


residência por ano de diagnóstico. Brasil. 1994-2007.
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De 1980 a 2007 foram declarados, no SIM, 205.409 óbitos por aids no


Brasil, sendo 5.633 (3%) na Região Norte, 20.136 (10%) no Nordeste, 137.551
(67%) no Sudeste, 32.632 (16%) no Sul e 9.457 (5%) no Centro-Oeste. Em 2006, o
coeficiente de mortalidade por aids no Brasil foi de 6,0/100.000 hab. Ao longo do
período de 1996 a 2007, verifica-se redução deste indicador no Sudeste,
estabilização no Sul e aumento no Norte, Nordeste e Centro-Oeste (Gráfico 2).

Gráfico 2. Coeficiente de mortalidade (por 100.000 hab.) segundo região de


residência por ano do óbito. Brasil. 1996-2007.

Dengue

É uma doença febril aguda, de etiologia viral, transmitida pelo mosquito


Aedes aegypti, que se espalha rapidamente no mundo, sua evolução pode ser
benigna (na forma clássica) e grave (quando a mesma é hemorrágica). Na
atualidade, entre as doenças transmitidas por artrópodes a dengue é a que mais
afeta a população, constituindo um sério problema de saúde pública em todo o
mundo. É estimado que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente e
que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas morem em países onde a dengue é
endêmica (BRASIL. 2013).
A dengue apresenta um marcado padrão sazonal no Brasil, com o
período de maior transmissão ocorrendo principalmente nos meses de janeiro a
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maio quando as condições climáticas favorecem a proliferação do mosquito


transmissor, o Aedes aegypti. O cenário de transmissão endêmica/epidêmica é
caracterizado em grande parte pela circulação simultânea de vários sorotipos virais.
Esse quadro de intensa transmissão vem provocando mudanças no perfil da doença
no País. Entre as principais mudanças epidemiológicas, destaca-se a ocorrência
cada vez maior de suas formas graves e de óbitos. (BRASIL, 2013)
Até 2006, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul não
havia confirmação de transmissão autóctone de dengue. Em 2007, ao
analisarmos o total de casos notificados, excluindo-se os descartados, foram
registrados 502.792 casos de dengue, sendo a maior incidência observada na
região centro-oeste com 753,9 casos por 100.000 habitantes. Nesse ano
também foram registrados os primeiros casos autóctones no Rio Grande do
Sul (Gráfico 3).
Gráfico 3. Incidência (por 100.000 hab.) de dengue por região. Brasil. 2001-

2007.

O atual cenário da dengue no Brasil impõe grandes desafios no controle


da doença no país. A vulnerabilidade sócio-ambiental, com uma grande
concentração da população. em áreas urbanas que ainda convivem com condições
inadequadas de saneamento e coleta inadequada de resíduos sólidos determina um
cenário para a ocorrência de novas epidemias. Outro desafio importante é a
obtenção de indicadores epidemiológicos que possibilitem com maior grau de
certeza a predição de situações de maior risco para a transmissão da doença.
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Leishmaniose Visceral
No Brasil, a leishmaniose visceral (LV) é considerada um problema de
saúde pública, tendo em vista sua magnitude e expansão geográfica. No período de
2003 a 2007, o Brasil registrou 17.304 casos de LV, distribuídos em 20 Unidades
Federadas, com média anual de 3.461 casos e incidência aproximada de 1,89 casos
por 100.000 habitantes (Gráfico 4).

Gráfico 4. Casos e incidência de leishmaniose visceral. Brasil. 2003-2007.

Dentre as ações de vigilância e controle da LV, as relacionadas ao cão


são consideradas, do ponto de vista social, as mais polêmicas devido a indicação da
eutanásia de cães infectados e a proibição do tratamento canino, pois estudos têm
evidenciado que existe o risco de cães em tratamento manterem-se como
reservatórios e fonte de infecção para o vetor, não havendo evidências científicas da
redução ou interrupção da transmissão.
Vale ressaltar que a permanência de cães infectados em uma área de
transmissão, faz com que o ciclo da doença se mantenha e que os seres humanos
estejam cada vez mais expostos ao risco de infecção. Em virtude das características
epidemiológicas e do conhecimento ainda insuficiente sobre os vários elementos
que compõem a cadeia de transmissão da LV, as estratégias de controle nem
sempre têm demonstrado a efetividade esperada.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso.
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância
Epidemiológica. 8ª ed. rev. Brasília, 2010. 444 p. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_b
olso.pdf>. Acesso em: 22.10.2017.

OLIVEIRA, R.B. Vigilância epidemiológica de fronteiras terrestres do Arco Sul do


Brasil. 2015. 135 f. Tese (Doutorado). Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca, Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:
<https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12820>. Acesso em: 12.09.2017.

PAZ, F.A.Z.; BERCINI, M.A. Doenças emergentes e reemergentes no contexto da


saúde pública. Bol. Saúde. Porto Alegre. v. 23, p.9-13, jan-jun. 2009. Disponível em:
<http://www.boletimdasaude.rs.gov.br/conteudo/1441/doen%C3%A7as-emergentes-
e-reemergentes-no-contexto-da-sa%C3%BAde-p%C3%BAblica->. Acesso em:
16.09.2017.

ROSA, S.M. As epidemias e a situação da saúde no Brasil. Marília, SP. 2016.


Disponível em: <http://marilianoticia.com.br/as-epidemias-e-situacao-da-saude-
publica-no-brasil/>. Acesso em: 12.09.2017.

LUNA, EJA., and SILVA JR., JB. Doenças transmissíveis, endemias, epidemias e pandemias. In
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. A saúde no Brasil em 2030 - prospecção estratégica do sistema de
saúde brasileiro: população e perfil sanitário [online]. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ipea/Ministério da
Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2013. Vol. 2. pp. 123-176.

http://books.scielo.org/id/8pmmy/pdf/noronha-9788581100166-06.pdf

MEDRONHO, Roberto. Indicadores de Saúde. 2ª Ed. São Paulo: Editora Atheneu. 2009.

http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n4/v19n4a06

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_manual_enfermagem.pdf

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_aspecto_epidemiologicos_diagn
ostico_tratamento.pdf

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Aids_etiologia_clinica_diagnostico_tratam
ento.pdf (AIDS - ETIOLOGIA)
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/hiv-e-
aids/28684(AIDS - ETIOLOGIA)

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