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Fundamentos de Gestão

(apontamentos informais sobre contabilidade


em gestão)

1º Semestre 2005/06
1 JF
1. Contabilidade Geral

Há três grandes áreas no domínio de abrangência da contabilidade, como se vê na


Figura 1.:

Contabilidade Financeira (Externa ou Geral) - produz documentos normalizados,


legíveis e inteligíveis para terceiros (Fornecedores, Clientes, Estado, Accionistas, ...);
Contabilidade de Gestão (ou Interna) - produz documentos relacionados com a
gestão interna de recursos, não necessariamente de forma normalizada;
Contabilidade Analítica - produz documentos essencialmente relacionados com o
controlo e gestão de Existências (Stocks).
Figura 1. domínios da contabilidade
Não sabemos dizer por onde se começou, se pela contabilidade financeira, se pela de
gestão, sabemos apenas dizer que a contabilidade financeira foi uma das grandes
áreas responsáveis pelo início do desenvolvimento organizado dos Sistemas de
Informação.

Com a Contabilidade Financeira pretende-se registar todas as transacções ocorridas


em determinado período de actividade da empresa, entendendo transacção como
qualquer facto susceptível de afectar a situação patrimonial da empresa. Na
contabilidade financeira o registo das transacções faz-se em contas especificadas no
Plano Oficial de Contabilidade (POC). Esse registo obedece a legislação e
regulamentação diversa. Há contas específicas para determinados movimentos, isto
é, o registo das transacções em contas é regulado e ordenado por normas que, embora
dêem margem para alguma interpretação, obrigam a que as eventuais discrepâncias
de interpretação sejam limitadas.

Há três grandes tipos de contas: do Activo, do Passivo, e do Capital Próprio.

Activo (A) representa o que a empresa tem, os seus direitos sobre terceiros. As
contas do Activo registam movimentos que afectem directamente o que a empresa
tem ou os seus direitos sobre terceiros. Passivo (P) representa o que a empresa deve,
as suas obrigações para com terceiros. As contas do Passivo registam os factos
patrimoniais que afectam directamente as obrigações da empresa perante terceiros. O
Capital Próprio (CP) representa uma realidade dependente das duas anteriores, isto
é, representa a diferença entre o que a empresa tem (e os seus direitos sobre terceiros)

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e aquilo que a empresa deve (as obrigações para com terceiros). Assim sendo, tem-se
sempre que CP = A - P, ou que A = CP + P. Esta equação tem que estar sempre
equilibrada, pelo que cada transacção tem que ser sempre registada em mais do que
uma conta, único modo de garantir a homogeneidade da referida equação. Por
exemplo, uma transacção pode implicar o acréscimo de uma conta do Activo, mas,
esse será apenas um dos movimentos a registar. De facto, para que a transacção seja
completamente registada, implica que se proceda também a um movimento de
decréscimo de outra conta do Activo, ou que se acresça uma conta do Capital Próprio
ou do Passivo, em qualquer dos casos em iguais valores, garantindo a referida
homogeneidade. Isto é, uma das seguintes quatro situações tem de ocorrer caso se
movimentem apenas duas contas, se bem que possa haver, e há normalmente,
situações nas quais uma transacção se regista por movimentos em mais do que duas
contas, como se vê na Figura 2:
Balanço em XX/XX/XX
A CP + P
H1 +X +X

H2 +X (X)

H3 (X) (X)

H4 +X (X)

Figura 2. Registo em contas

Ora, se cada registo de uma transacção tem necessariamente que cumprir a referida
equação, implica que o registo de todas as transacções de um período de actividade
tem necessariamente que cumprir, no seu conjunto, em termos do somatório dos
saldos finais de cada conta movimentada, a referida equação. Assim, o somatório dos
saldos de final de exercício das contas do Activo tem sempre que ser igual ao
somatório dos saldos finais das contas do Capital Próprio + o somatório dos saldos
finais das contas do Passivo.

O Balanço é um documento contabilístico que retracta estaticamente (como uma


fotografia) a situação patrimonial da empresa em termos do deve e do haver numa
determinada data ou momento. Se um Balanço não representar todas as contas
expressas no POC, mas apenas algumas delas como por conveniência referiremos,
diz-se que se trata de um Balanço Sintético (situação com que aqui lidaremos
sempre).

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A Demonstração de Resultados é um documento contabilístico que pretende
retratar os Proveitos e Custos de um período de exercício. Ao somatório da
facturação do período, isto é, ao valor total das vendas do período, e de outros
eventuais proveitos, relativos ao mesmo período, subtraem-se todos os custos
imputáveis ao mesmo período. Assim, o saldo final desta aritmética contabilística é o
Resultado Líquido do Exercício, no caso de se terem também deduzido os custos
com os impostos. Haverá, nesta aritmética, saldos intermédios que são resultado da
subtracção de determinados custos a determinados proveitos, pelo que,
intercaladamente, se obtêm por exemplo o Resultado Bruto, ou Margem Bruta de
Exploração (Vendas menos custos dos produtos vendidos) e o Resultado
Operacional. Normalmente os custos operacionais incluem os CPV - custo dos
produtos vendidos, FSE - fornecimentos ou serviços externos, DP - despesas com
pessoal, e Am - amortizações. Para além dos custos operacionais há ainda os custos
financeiros e os impostos. As contas de custos e proveitos são contas transitórias que
no fim de cada exercício são saldadas (faz-se o reset):

É óbvio que, quando analisamos um Balanço de fim de um exercício, e a


Demonstração de Resultados referente ao mesmo exercício, o saldo na conta de
Resultados Líquidos do Exercício, registada na estrutura de Capital Próprio da
empresa, tem que coincidir com o saldo equivalente da Demonstração de Resultados,
como se verifica no exemplo com balanço sintético representado na Figura 3.

Como exemplo de uma das ferramentas simples que o gestor pode usar para perceber
a elaboração de um Balanço e de uma Demonstração de Resultados, ambos
documentos oficiais e normalizados, tem-se o Mapa de Registo de Transacções
(MRT). Este quadro, sob a forma de tabela, representa uma ferramenta simples,
intuitiva, que permite “desmontar” o que está para além do registo efectuado nos
documentos oficiais referidos.

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Balanço 31-12-2003 Demonstração de Resultados 2003
ACTIVO Capital Próprio Vendas 120.000
Capital 30.000 (90.000)
Custo das Mercadorias
Imobilizado 60.000 Resultados 500
Vendidas
Transitados Resultado Bruto 30.000
Amortizações (18.000) Resultado Liquido 6.500 (5.070)
Custo das Vendas
Acum. Custos Administrativos (6.500)
37.000 Amortizações (6.000)
Existências 20.500 PASSIVO Encargos Financeiros (2.430)
Clientes 16.000 Empréstimo Longo 27.000 10.000
Resultado Antes de
Prazo Imposto
Disponibilidades 3.500 Empréstimo Curto 10.800 (3.500)
Imposto
Prazo Resultado Liquido 6.500
Fornecedores 7.200
45.000
Total 82.000 Total 82.000

Figura 3: Inter-relacionamento entre Balanço e Demonstração de Resultados

Há que chamar a atenção e sublinhar o facto de, num Mapa de Registo de


Transacções, o saldo final obtido para cada conta (isto é, cada coluna no mapa) ser o
saldo a registar na equivalente conta do Balanço no fim do mesmo período, assim
como o facto de, no caso de haver actividade em períodos anteriores, a primeira linha
do mapa dever conter os saldos finais das contas do Balanço de fim do período
anterior.

Amortizações
Amortizações, reintegrações e provisões são contas de regularização do activo, que
permitem efectuar correcções contabilísticas de modo a manter a fiabilidade do
património da empresa. A amortização é uma conta que regista a perda de valor
(depreciação) de um bem do imobilizado. Se o bem é corpóreo devia referir-se como
reintegração e se o bem é incorpóreo, amortização. As provisões são contas que
registam valores estimados para fazer face a factos incertos (depreciação de
existências, cobranças duvidosas, impostos) que afectem o património da empresa.

A amortização pode ser calculada de diferentes formas (quotas degressivas,


duodécimos, constantes), mas vamos apenas referir as quotas constantes. Em quotas
constantes o valor da amortização num exercício é o quociente entre o valor de
aquisição e a vida útil Am = (V_aquisição/Vida útil)

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Acréscimos e diferimentos
Tratam-se de contas onde se registam obrigações decorrentes de factos que só se
completam em exercícios seguintes.

Resultados transitados
Conta na qual se acumulam resultados que transitam de exercícios anteriores.

Custo / Proveito, Despesa / Receita, Recebimento / Pagamento


O Custo representa o consumo de um recurso (material, intangível, humano,…) O
Proveito é o gerar de um recurso. Uma Despesa é uma obrigação de pagar um bem
ou serviço, contraindo uma dívida. Uma Receita é o reconhecimento da recepção de
um valor em troca de um bem ou serviço cedido, contraindo um crédito sobre
terceiros. Recebimento é a liquidação da dívida de um terceiro, anulando o crédito.
Pagamento é a liquidação de uma despesa, anulando a dívida.

Vamos fazer dois exercícios 1 e 2, que se seguem.

1. Uma empresa comercial de produtos químicos iniciou a sua actividade no dia 1 de Março.
Nesse mesmo mês ocorreram os seguintes factos patrimoniais (transacções):

1. constituição da empresa, com uma participação de 1000 cs de cada um dos seus oito
accionistas;
2. compra de mercadoria, a pronto pagamento, no valor de 5000 c.;
3. compra de mercadoria, a crédito, no valor de 1000 c.;
4. venda de mercadoria pelo valor de 8000 contos, recebendo 2000 c. a pronto pagamento,
e ficando os restantes 6000 c. a crédito. O custo da mercadoria vendida foi de 3500 c.
5. recebimento de clientes no montante de 1200 c.;
6. pagamento de dívidas a fornecedores no montante de 600 c.;
7. aquisição de equipamento, no início do mês, por 2100 c. A vida útil desse equipamento é
de 21 meses, ao fim dos quais não tem valor de mercado. As amortizações são calculadas
linearmente. O equipamento foi pago com 500 c. a pronto, ficando o restante a crédito;
8. pagamento de rendas, no início do mês, (três meses em adiantado), no valor de 300 c. por
mês;
9. pagamento de encargos com manutenção, limpeza, electricidade, segurança no montante
de 800 c.;
10. pagamento de salários no valor de 3200 c.;
11. são reconhecidas, no final de cada mês, as amortizações referentes a esse período;
12. são reconhecidas, no final de cada mês, as rendas referentes a esse período.

Elabore o Mapa de Registo destas Transacções e, a partir dele, determine o Balanço no fim
do mês de Março, e a Demonstração de Resultados referentes ao mês de Março.

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Demonstração
de Resultados

R1.
T Imob Am(Ac) Exist Client Disp. PD Cap RL FI Fcc
1 8000 8000
2 5000 (5000)
3 1000 1000
4 (3500) 6000 2000 4500
5 (1200) 1200
6 (600) (600)
7 2100 (500) 1600
8 (900) 900
9 (800) (800)
10 (3200) (3200)
11 (100) (100)
12 (300) (300)
Balanço
∑ 2100 (100) 2500 4800 200 600 8000 100 1600 400

2. A empresa X iniciou a sua actividade no início de 2002. O Balanço referente a


31/12/2002 é o seguinte:
Balanço em 31/12 /02
ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO
Imobilizado Bruto 50 000 Capital 30 000
Amortizações Acumuladas (5 000) Result. Liq. Exerc. 3 000
Existências 15 000 PASSIVO
Clientes 20 000 Fornecedores Imobilizado LP 25 000
Disponibilidades 5 000 Fornecedores C/C 17 000
Emp. Banc. a curto prazo 10 000

Elabore o Balanço referente a 31 de Dezembro de 2003 e a Demonstração de Resultados do


exercício de 2003, sabendo que ocorreram as seguintes transacções durante o ano de 2003,
e que a empresa está isenta de impostos durante os primeiros 3 anos de actividade:

1. Vendas, em 1 de Novembro de 2003, de mercadoria, que tinham custado 12.000 c por


24.000 c. Recebimento de 8.000 c a pronto e restantes 16.000 c pagos a 3 meses;
2. Compras, em 15 de Março de 2003, de mercadorias no valor de 5000 c. Pagamento de
1000 c a pronto e restante importância paga a 2 meses;
3. Vendas a pronto pagamento no valor de 11000 c, de mercadoria que custou 7000 c;
4. Recebimento de 15000 c de dívidas de clientes, referentes a 2002;
5. Pagamento de 3000 c a fornecedores de imobilizado;
6. Pagamento de 12000 c a fornecedores c/c, referentes a 2002;
7. Pagamento de salários no montante de 300 c/mês (14 meses);
8. Pagamento no final de cada mês de 100 c a outros custos incorridos durante este ano;
9. Pagamento ao banco dos juros referentes ao ano de 2003, à taxa anual de 15 por cento;
10. Liquidação de 25% do empréstimo bancário.

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11. São reconhecidas as amortizações do exercício no valor de 10% do imobilizado bruto.

R2.
T Imob Am(Ac) Exist Clientes Disp. Cap RT RL Flp Fcc EB
0 50000 (5000) 15000 20000 5000 30000 3000 0 25000 17000 10000
1 (12000) 24000 12000
2 5000 (5000)
3 (7000) 11000 4000
4 (15000) 15000
5 (3000) (3000)
6 (12000) (12000)
7 (4200) (4200)
8 (1200) (1200)
9 (2250) (2250)
10 (2500) (2500)
11 (5000) (5000)

∑ 50000 (10000) 1000 5000 24850 30000 3000 3350 22000 5000 7500
70850 70850

Distribuição de Resultados

Os Resultados Líquidos de um exercício, quando superiores a zero, podem ser


distribuídos por Reservas e por Dividendos para os sócios, transitando o
remanescente para o acumulado da conta de Resultados Transitados. As Reservas
representam um “capital” de reserva que em tudo se assemelha ao Capital, excepto
pelo facto de o seu valor não ser registado notarialmente. Há Reservas legais
(percentagem dos resultados do exercício anterior que tem, por lei, que transitar para
a conta de Reservas, caso haja Resultados Líquidos positivos), estatutárias
(percentagem de transferência que os sócios fundadores definiram nos estatutos da
sociedade) e livres, percentagem que pode ser votada em Assembleia Geral, desde
que não fira nenhuma das anteriores. Assim, a conta de Resultados Líquidos do
Exercício (RLE) é uma conta que ao longo de um exercício vai contabilizando
proveitos e custos, só se tornando RLE no fim do período e, depois, logo “morre”
(fazendo-se um reset), dando origem a uma transferência para as contas de
Resultados Transitados e eventualmente de Reservas em termos de exercício
seguinte.

Ratios, uma abordagem simplificada

O PMR pode-nos dar uma ideia do crédito sobre terceiros (Clientes), isto é, facilitar
uma estimativa sobre o saldo da conta Dívida de Terceiros (Clientes), no final do
exercício em curso [PMR = Clientes/Vendas * 12]. Por seu lado o PMP pode-nos dar
uma ideia sobre a nossa dívida a terceiros (Fornecedores), permitindo uma estimativa
sobre o saldo da conta Dívida a Terceiros (Fornecedores conta corrente), no final do

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exercício [PMP = Fornecedores/Compras * 12]. Ambos os indicadores têm que ser
avaliados comedidamente, com alguma parcimónia e cautela, nunca se lhes exigindo
nem grande rigor, nem precisão. De facto estes indicadores só podem ser tratados
como meros indicadores de comportamento genérico pois a sua própria razão de ser
assenta em pressupostos teóricos, de difícil cumprimento em termos práticos.

O PMR, por exemplo, assenta no pressuposto de que o ritmo de compras dos clientes
da empresa é linear e uniforme ao longo do período de exercício. Também o ritmo de
pagamento dos clientes, isto é, o ritmo de subtracção na conta de Clientes, é suposto
uniforme ao longo do período. Como facilmente se depreende este pressuposto é
simplista e utópico pois as compras tendem a seguir padrões de comportamento cuja
variação é, na maioria das vezes, imprevisível. A análise dos padrões de compra é,
em si, uma disciplina da gestão.

Também o PMP padece do mesmo tipo de simplismo. Aqui supõe-se que o ritmo de
compras da empresa aos seus fornecedores, assim como o ritmo de eliminação da
dívida da empresa para com estes terceiros, é uniforme. Ora, se a procura é não
linear, as compras da empresa aos seus fornecedores também não pode ser linear,
nem uniformemente distribuída ao longo do período de exercício.
Assim, chegamos ao aspecto que queríamos sublinhar. Estes indicadores não de
devem desprezar, pois podem ser úteis numa análise algo ligeira, mas também não
devem ser levados demasiado a sério. O mesmo se passa com outros indicadores a
que nos vamos referir em seguida.

A estrutura do Balanço reflecte o equilíbrio entre as contas do Activo, as do Capital


Próprio e as do Passivo. Esta análise que vamos fazer permitir-nos-á tirar algumas
conclusões sobre a estrutura económica e financeira da empresa.

Ratios: Liquidez, Solvabilidade e Rendibilidade Financeira (significado)

O prazo de exigibilidade de um passivo diz-nos o tempo de que dispomos para saldar


a nossa dívida desse passivo. Se é de curto prazo, dispomos de pouco tempo para
saldar a dívida. Se é de médio ou longo prazo, dispomos de mais tempo.
Analogamente o grau de liquidez traduz a facilidade com que se pode converter
determinado passivo em cash. Na Figura 4 representa-se o balanço sob uma forma
agrupada, com novas designações: Passivo de financiamento é um passivo com baixa
exigibilidade (médio – longo prazo), enquanto passivo de funcionamento é um
passivo de curto prazo (alta exigibilidade). Chama-se capital permanente ao
somatório do capital próprio com o passivo de médio e longo prazo. Capital alheio é
o passivo total (curto, médio e longo prazo).

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PASSIVO DE FINANCIAMENTO

PASSIVO DE FUNCIONAMENTO

Balanço em XX/XX/XX
- A CP -
E
L Activo Imobilizado X
I
I
P G
Q Passivo Exigível de I
U M/L Prazo B
I Activo Circulante I
D L
E Passivo Exigível de C I
Z Prazo D
A
D
+ E
+

CAPITAIS PERMANENTES CAPITAIS ALHEIOS


(CP + PEMLP) (PEMLP + PECP)

A Regra de Ouro do Equilíbrio Financeiro

Esta regra, intuitiva e de bom senso, reclama que:

“Nenhum activo deve ser financiado por um meio cujo prazo de exigibilidade seja
inferior ao seu respectivo grau de liquidez (do activo).”
De facto, é de puro bom senso entender que, como negócio, não devemos comprar,
por exemplo copos, para depois revender, obrigando-nos perante o nosso fornecedor
a um prazo de pagamento inferior ao que depois damos aos nossos clientes para nos
pagarem a nós! O normal, e proveitoso, é justamente o contrário, comprar com um
prazo de pagamento que nos permita vender e receber o pagamento dos bens
comprados de modo que se possam pagar justamente com o fruto da sua venda.

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Se bem repararmos, o que a regra nos diz, em termos da estrutura do Balanço, é que
o Activo Circulante deverá ser sempre superior ao Passivo de Funcionamento.

Então, pelo equilíbrio de Balanço,

ACTIVO CIRCULANTE >= PASSIVO DE FUNCIONAMENTO ==>

==> ACTIVO IMOBILIZADO <= CAPITAIS PERMANENTES

Chama-se FUNDO DE MANEIO, à diferença:

FUNDO MANEIO = ACTIVO CIRCULANTE - PASSIVO FUNCIONAMENTO


ou,
FUNDO MANEIO = CAPITAIS PERMANENTES - ACTIVO IMOBILIZADO

O que implica que seja boa prática manter o FUNDO DE MANEIO positivo! Daqui
decorrem alguns considerandos sobre a LIQUIDEZ, a SOLVABILIDADE e a
RENDIBILIDADE FINANCEIRA da empresa, que, por sua vez, nos levam a
adoptar alguns ratios para referenciação rápida.

Por LIQUIDEZ de uma empresa entende-se a capacidade que a empresa tem de


fazer face aos seus compromissos e obrigações de Curto Prazo. A LIQUIDEZ de uma
empresa dá-nos uma ideia sobre o seu risco de insolvência a Curto Prazo.

Por SOLVABILIDADE de uma empresa entende-se a capacidade que a empresa


tem de fazer face aos seus compromissos e obrigações de Médio e Longo Prazo. A
SOLVABILIDADE de uma empresa dá-nos uma ideia sobre o seu risco de
insolvência a Médio e Longo Prazo.

Por seu lado, a RENDIBILIDADE FINANCEIRA da empresa dá-nos uma ideia da


eficiência com que a empresa aplica e utiliza os seus recursos financeiros.

A bem dizer, com este raciocínio básico, de mero bom senso, seríamos capazes de
inventar agora alguns indicadores úteis, isto é, alguns ratios. Os que vamos referir,
porém, são os mais normalmente adoptados e aqueles sobre os quais se teorizou.

Veja-se, por exemplo, que a Liquidez de uma empresa pode ser boa, mas a sua
Solvabilidade traduzir uma situação de risco, e vice-versa, uma empresa pode

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apresentar uma má Liquidez, mas uma Solvabilidade reconfortante. Exemplo do
Airbus - em perfeito equilíbrio e controlo, em plena rota de colisão.

Ratios mais comuns

Liquidez

Activo _ Circulante _ Liquido


Geral =
Exigivel _ a _ Curto _ Pr azo

Activo _ Circulante − Existencias


Reduzida = (Acid Test)
Passivo _ de_ Funcionamento

Disponibilidades
Imediata =
Passivo _ de_ Curto _ prazo

Nota: Exigível a Curto Prazo = Passivo de Funcionamento = Passivo de Curto Prazo.


Considera-se o curto prazo como menos de um ano

Solvabilidade
Activo
Solvabilidade Total =
Passivo

Capitais_ Pr oprios
Autonomia dos Capitais Próprios =
Capitais_ Alheios

Capitais_ Pr oprios
Autonomia Financeira =
Activo

Capitais _ Permanentes
Cobertura do Imobilizado =
Im obilizado _ Liquido

Rendibilidade

Re sultado _ Liquido
do Investimento Total = (*)
Activo

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Re sultado _ Liquido
do Capital Próprio = (*)
Capital _ Pr oprio

Re sultado _ Liquido
das Vendas = (*)
Vendas

(*) Considera-se o Resultado Líquido depois de impostos

Rácios de Actividade ou Funcionamento


Dão uma ideia do grau de utilização dos recursos, isto é, o número de vezes que, ao
longo de um exercício, os recursos (activos ou passivos) rodam.

Vendas
Rotação dos stocks = (para o nível de vendas quantas vezes se renovaram os stocks)
Existencias

Vendas
Rotação de Clientes = (nível de superação da dívida de clientes pelas vendas)
Clientes

Compras
Rotação de Fornecedores = (quantas vezes as nossas compras superam a
Fornecedores
dívida a fornecedores)

Prazo Médio de Stocks


Indicador do prazo médio de duração dos stocks. Pressupõe vendas uniformes ao
longo do exercício. É o inverso do rácio de Rotação de Stocks, multiplicado por 12
ou 365.
Existencias
PMR = x 12, dá-nos o prazo médio de recebimentos em meses
Vendas
Existencias
PMR = x 365, dá-nos o prazo médio de recebimentos em dias
Vendas

Prazo Médio de Recebimentos


Indicador do prazo médio de recebimentos dos Clientes. Pressupõe vendas uniformes
ao longo do exercício. É o inverso do rácio de Rotação de Clientes, multiplicado por
12 ou 365.
Clientes
PMR = x 12, dá-nos o prazo médio de recebimentos em meses
Vendas
Clientes
PMR = x 365, dá-nos o prazo médio de recebimentos em dias
Vendas

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Prazo Médio de Pagamentos
Indicador do prazo médio dos nossos pagamentos a terceiros. Pressupõe compras
uniformes ao longo do exercício.
Fornecedores
PMP = x 12, dá-nos o prazo médio de pagamentos em meses
Compras
Fornecedores
PMP = x 365, dá-nos o prazo médio de pagamentos em dias
Compras

Algumas considerações finais

Liquidez
Capacidade de fazer face aos compromissos e encargos de curto prazo. Grau de
Liquidez - facilidade da conversão do bem em dinheiro, sem afectar o normal
funcionamento da empresa.
Se Liquidez Geral <1, o Fundo de Maneio é negativo, pelo que pode indiciar
dificuldades de tesouraria.
Se Liquidez Geral = 1, o Fundo de Maneio é nulo, logo todos os capitais circulantes
são financiados pelo Passivo de Curto Prazo, isto é, pelo Passivo de Funcionamento,
situação que pode ser excessiva.
Se Liquidez Geral > 1, o Fundo de Maneio é positivo, e a situação apenas deverá ser
controlada para não haver excesso de liquidez, o que representaria liquidez
disponível e não aplicada.
Um valor próximo de um, ligeiramente superior, será o ideal.
Uma Liquidez Reduzida em redor de 1, ou ligeiramente superior ou inferior, será o
ideal.
Na Liquidez Imediata estão-se a comparar meios de pagamento já líquidos com
responsabilidades que só parcialmente podem ser imediatamente exigíveis, pelo que
será conveniente um valor razoavelmente inferior a 1. Um valor próximo de 1 é aqui
claramente exagerado.

Solvabilidade
Capacidade de fazer face aos compromissos e encargos de médio e longo prazo, isto
é, até que ponto a empresa se financiou com capitais próprios ou alheios, dando-nos
uma ideia do risco de insolvência a médio/longo prazo.

A Cobertura do Imobilizado está muito relacionada com a Liquidez Geral, dando o


mesmo valor.

Se a Solvabilidade Total >= 1, o passivo está garantido por bens ou direitos da


empresa.

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Se a Autonomia do Capitais Próprios é >= 1/2, há independência da empresa face aos
seus credores.

Rendibilidade
A rendibilidade do investimento total e a do capital próprio dão-nos taxas de
remuneração dos capitais de que a empresa dispôs, isto é, respectivamente, a
rendibilidade líquida de todo os bens do activo, e a remuneração dos capitais
próprios.
A rendibilidade do investimento total só tem sentido como indicador de curto prazo,
nos outros casos é um indicador que pode ser artificialmente melhorado à custa da
depreciação dos activos (envelhecimento do equipamento, falta de modernização, ...)
A rendibilidade das vendas dá-nos uma ideia de quanto a empresa ganha por unidade
monetária de venda, é uma espécie de margem de lucro.

Cuidados com terminologia


Toda a interpretação decorrente da análise de RATIOs deve ser cautelosa e
conservadora. De facto um RATIO financeiro é facilmente manipulavel de modo a
poder ser artificialmente melhorado ou piorado, conforme o interlocutor ao qual se
pretende apresentar. Por outro lado, a interpretação dos ratios é contextual,
dependendo do sector de actividade e da conjuntura económica. Para tirar um melhor
partido da análise dos ratios financeiros é conveniente contextualiza-los no sector
(comparando com outras empresas concorrentes) e, sempre que possível, integrar a
análise numa evolução temporal, mais do que numa observação pontual.

Por outro lado, e porque evocamos alguns destes termos, convém aqui referir a
diferença entre rigor e precisão e, num outro contexto, entre eficiência e eficácia.

Rigor é uma tradução correcta de uma realidade ou conceito, enquanto precisão


traduz o grau de aproximação dessa tradução à realidade. Há portanto precisão sem
rigor (a saúde económica é boa) e rigor sem precisão (este mesa mede 5,76893 m de
comprimento, quando a mesa, de facto, mede 4,5 m). Eficiência é a boa utilização
dos recursos (inputs) em função dos resultados (outputs) obtidos. Já eficácia tem a
ver com obtenção do resultado correcto.

Por exemplo, não será eficiente ter uma carreira de autocarro às três da manhã entre o
Campo Grande e a Amadora, mas pode ser que seja eficaz, na medida em que se
verifique haver sempre ocupação da mesma, isto é que se verifique esta carreira
representa uma necessidade social.

2. Contabilidade de Gestão

1º Semestre 2005/06
15 JF
2.1 Custo / Volume (Ponto Crítico)
A estrutura de custos pode ser apresentada de diversas maneiras (DR por funções e
por natureza). Diremos agora que os custos se classificam e esta classificação não é
completamente indiscutível. Desde logo os dois grandes tipos de custos, variáveis e
fixos, têm alguma margem para interpretação.

Para melhor definir a distinção entre custos Fixos e Variáveis situamo-nos numa
óptica da empresa no seu todo. Neste contexto, os Custos Variáveis (CV) são aqueles
que (ao nível da empresa no seu todo) variam consoante o nível de actividade
(produção, vendas, quantidades, …), e Custos Fixos (CF) serão aqueles que se
mantêm constantes independentemente do nível da actividade. Isto é, CV são aqueles
custos que se relacionam, ou mais razoavelmente se podem relacionar, com a
actividade da empresa, enquanto que CF representam os outros custos, que mais
razoavelmente se podem entender como independentes do nível de actividade da
empresa. Vejamos, por exemplo, o consumo de energia eléctrica da sede de uma
empresa de produção. Este custo é um CF, embora a conta de energia varie de mês
para mês. Os CF resultam muitas vezes de contratos estabelecidos, pelo que são
custos nos quais se incorre mesmo que não haja “actividade” na empresa (quando
não haja nem produção nem vendas). No entanto, e desde já se aproveita para
clarificar este aspecto, aquilo que se passa em termos da empresa no seu todo
“inverte-se” quando se projecta para o nível unitário (custos e receitas imputadas a
cada produto). Repare-se no que se passa, em termos de representação gráfica:
$ CT

CV

CF CF

Custos Fixos e Variáveis da Empresa (e Custo Total)

$/Q

1º Semestre 2005/06
16 JF
CV CV

CF

Q
Custos Fixos e Variáveis unitários

De facto, numa análise com base unitária, o que é fixo (e constante para um
determinado patamar de actividade e num determinado intervalo de tempo) é o custo
“variável” de cada unidade. Já os custos fixos da empresa ao distribuírem-se por mais
ou menos unidades, resultarão num custo “fixo” unitário que decresce com o nível da
actividade (tendendo para zero para um nível de actividade infinito).

Neste panorama temos algumas relações que se deduzem de modo simples e


imediato.

Entendendo por margem de contribuição unitária (mcu) a parcela de receita com que
cada unidade (de produto) contribui para o “bolo” da empresa (primeiro para cobrir
os custos e, a partir de certa quantidade, para gerar lucro), por preço de venda
unitário (pu) o preço de venda de cada unidade e por custo variável unitário (cvu) a
quantia constante e fixa que apurámos como custo de cada unidade que vendemos
(para os ditos níveis de actividade e intervalos temporal) tem-se que:

mcu = pu - cvu

Assim, a Margem de Contribuição da Empresa (MCE) será obtida pelo conjunto das
mcu para o nível de actividade conseguido, isto é:

MCE (mcu x Q) = Vendas (pu x Q) - Custos Variáveis (cvu x Q)

Por outro lado temos obviamente também as seguintes relações:

Receitas = pu x Q

Custos = Custos Fixos (CF) + Custos Variáveis (cvu x Q)

pelo que, no ponto crítico (break even) se têm receitas totais iguais a custos totais.
Assim, no ponto crítico, receita crítica (R*) é igual a custo total crítico (C*), isto é,
R* = C*, pois não há lucro, e tem-se então:

1º Semestre 2005/06
17 JF
pu x Q* = CF + cvu x Q* Î Q* = CF / mcu

R* = pu x Q* = CF / (mcu/pvu)

que, por ligeira manipulação, dá

CF / (mcu x Q / pu x Q) =
= CF / (MCE / Vendas)

Fazemos realçar que este modelo da análise Custo/Volume é sobretudo um modelo


funcional, isto é, operacional.. Deverá haver cuidado nos custos que se incluem, pois
a análise só resulta eficaz se não se considerarem incluídos nos Custos Fixos os
custos de investimento e de financiamento!!

Por outro lado, como modelo que é, só resulta eficaz se: os pressupostos (tendências,
consumos, vendas, preços, …) forem bem estimados (o que exige conhecimento do
mercado e experiência, logo maturidade por parte de quem estima); se o intervalo de
tempo considerado não for tão grande que haja alterações significativas nalgumas das
variáveis, havendo perda de homogeneidade nas relações usadas; e se o “patamar”
de actividade for tal que não haja também alterações significativas (economias de
escala, de sinergias, …)
Vimos os problemas relacionados com os custos, mas também a utilidade e
potencialidade que, para um gestor, pode representer a utilização de modelos. Isto é,
a utilização de modelos como ferramentas de gestão tem grandes potencialidades. E
lembrem-se que os modelos e as ferramentas de gestão podem ser muito simples
(check list). Na modelação deve simplificar-se a realidade para níveis em que o
modelo continue a dar-nos informação relevante sobre essa mesma realidade. Nunca
se poderá ser simplista, pois nesse caso o modelo deixa de traduzir a realidade de
forma relevante, perdendo eficácia e tornando-se inútil ou mesmo perigoso
(estimativas com alguma precisão, mas sem qualquer rigor).

3. A Comissão de Finalistas está a organizar uma festa com o objectivo de angariar


fundos para a Viagem de Fim de Curso, ao Brasil. A festa, no próximo Sábado à
noite, decorrerá num espaço cedido pela Associação de Estudantes, e não tem
quaisquer encargos, à excepção da contratação de uma equipa de funcionários para
a limpeza, no dia seguinte. O preço acordado para a operação de limpeza é de 10
mil escudos. O bar estará a cargo de alunos voluntários, mas vão ter que se pagar
25 mil escudos ao responsável pela música (incluindo o aluguer de parte do
equipamento sonoro). A organização espera conseguir um razoável lucro com esta
festa, com base nas receitas que irá obter da cobrança de entradas (400 escudos por

1º Semestre 2005/06
18 JF
pessoa) e da venda de bebidas no bar (cerveja 150 escudos e refrigerantes 100
escudos, por garrafa). A organização da festa conseguiu que as bebidas sejam
fornecidas à consignação, custando 60 escudos cada cerveja e 40 escudos cada
refrigerante. Dada a experiência com as duas festas anteriores, a organização
estima que o consumo médio por pessoa deve rondar 1,5 cervejas e 2 refrigerantes.

a) Se, depois da uma da manhã, deixarem de se cobrar entradas, calcule as margens


de contribuição por pessoa, para quem entre antes e para quem entre depois
dessa hora. Quais os pressupostos que admitiu nos cálculos efectuados?

b) Partindo do princípio de que as estimativas dos organizadores estão correctas, e


de que não existe a redução de preço de entrada a partir da uma, qual será o
número mínimo de pessoas que garante que a festa não dará um lucro inferior a
100 mil escudos? Mostre graficamente o resultado obtido;

c) Alguns dos elementos da Comissão de Finalistas pensam que, se reduzirem o


preço de entrada para metade, conseguem-se muito mais entradas. Qual o
aumento de entradas que justifica esta redução de preço?

R3.
Custos fixos , Total = 35000 Esc
Limpeza - 10000 Esc
Musica - 25000 Esc

Receitas (por pessoa) , Total = 825 Esc/ pessoa


Entrada - 400 Esc
Cerveja - 1.5 * 150 = 225 Esc
Sumos - 2.0 * 100 = 200 Esc

Custos Variáveis (por pessoa) , Total = 170 Esc/ pessoa


Cerveja - 1.5 * 60 = 90 Esc
Sumos - 2.0 * 40 = 80 Esc

a) Margem de contribuição unitária, mcu = pu - cvu

antes da 1.00h: mcu = 825 - 170 = 655 Esc/ pessoa


depois da 1.00h: mcu = 425 - 170 = 255 Esc/ pessoa

Admitindo igual consumo para as pessoas que chegam antes e depois da 1:00h.

b) Lucro liquido = Res. Liq. Exerc., LL

1º Semestre 2005/06
19 JF
LL = mcu* Q - CF ; LL >= 100000 Esc, Q = ?

655 * Q - 35000 >= 100000; Q >= 207 pessoas; R = pu* Q =825 * 207 =
170775 Esc

Graficamente:

Esc
170775 R
100000
CF + CV = CF + cvu * Q

44550
CF = 35000

54 207 Q

Qc = CF / mcu = 35000 / 655 = 53.5 -> 54 pessoas


Rc = pu * Rc = 825 * 54 = 44550 Esc

c) pu1 = 400 Esc/ pessoa; mcu1 = 655 esc/ pessoa


pu2 = 200 Esc/ pessoa; mcu2 = 455 esc/ pessoa

LL2 > LL1

455 * Q2 - 35000 > 655 * Q1 - 35000

Q2 > 655/455 * Q1; Q2 > 1.44 Q1 (+44%)

Para 100000 esc de lucro são necessárias 1.44 * 207 = 299 pessoas

4. Uma barbearia, em Lisboa, tem cinco empregados. Cada barbeiro tem um salário
de 600$00 por hora e trabalha 40 horas por semana, 50 semanas por ano. Os gastos
correntes da barbearia são de 500 c. por ano e as amortizações do equipamento são
de 1.000 c. por ano. A renda paga mensalmente pelo aluguer do espaço ocupado
pela barbearia é de 500 c. por mês.

O único serviço prestado é o de corte de cabelos, a um preço unitário de 500$00.

a) Qual a margem de contribuição por corte de cabelo?


b) Qual o ponto crítico de vendas anual, em número de cortes?

1º Semestre 2005/06
20 JF
c) Qual será o lucro, se se fizerem 30.000 cortes por ano?
d) Supondo que o senhorio decide alterar a renda mensal da barbearia para 100 c.
por mês, acrescido com 10% do preço recebido por cada corte de cabelo, qual é a
nova margem de contribuição, e qual o novo ponto crítico de vendas (anual)?
e) Voltando à situação inicial, e supondo que os empregados deixam de ser pagos à
hora e começam a receber uma comissão de 50% por cada corte efectuado, qual
é a nova margem de contribuição, por corte, e o novo ponto crítico de vendas
(anual)?
f) Ainda com os dados referidos em e), qual o lucro, se forem prestados 20.000
cortes por ano?

R4.
Custo fixos anuais: 13 500 contos

Salários 5 pess * 600 esc/h * 40 h/sem * 50 sem/ano = 6 000 c


Gastos correntes 500 c
Amortizações 1000c
Renda 500 c * 12 meses = 6 000c

Custos variáveis: não há

Preço do corte de cabelo = 500 esc

a) mcu = ?; mcu = pu - cvu = 500 esc/ corte

b) Qc = ?; Qc = CF/ mcu = 13 500 / 0.5 = 27 000 cortes por ano

c) Lucro para Q = 30 000 cortes ano ?

LL = mcu * Q - CF = 0.5 * 30 000 - 13 500 = 1 500 contos ano

d) Alterações: renda passa a 100 c mensais e é acrescida de 10% do preço de cada


corte
mcu1 = ?; Qc1 = ?

Nova renda fixa: 1200 c anuais

Novos custos fixos anuais CF1 = 8 700 c

Novos custos variáveis: cvu1 = 0.1 * 500 esc = 50 esc/ corte

1º Semestre 2005/06
21 JF
mcu1 = 500 - 50 = 450 esc/ corte

Qc1 = CF1/ mcu1 = 8700/ 0.45 = 19 334 cortes anuais

e) situação inicial, mas agora com empregados a receberem 50% por corte
mcu2 = ? Qc2 = ?

Novos custos fixos CF2 = 13500 - 6000 = 7500 c anuais

cvu2 = 0.5 * 500 = 250 esc / corte

Qc2 = CF2/ mcu2 = 7500/ 0.25 = 30 000 cortes ano

f) L =? para Q = 20000 cortes ano; dados de e); L = 0.25 * 20 000 - 7500 = -


2500 c

1º Semestre 2005/06
22 JF
2.2 Custos numa óptica industrial

Uma empresa industrial produz os bens que vende, pelo que tem, desde logo, uma
estrutura de existências mais complexa. Numa empresa industrial há existências de
material directo (matérias primas e componentes), de produtos acabados e de
produtos em vias de fabrico (isto é, já semi-transformados). Também a estrutura de
custos pretende alocar os custos de uma forma mais detalhada, recolhendo
informação a níveis mais exigentes.

Cabe aqui referir que a noção de custo, em si, não existe. Um custo só ganha sentido
num contexto. Por exemplo no contexto do seu comportamento em relação aos níveis
de actividade, os custos podem ser fixos ou variáveis, como vimos.

Mas uma outra componente do contexto de um custo é o objecto de custo “cost


object”. Um objecto de custo é qualquer actividade ou item em relação aos quais
interessa apurar uma medida do custo (isto é, um departamento, uma secção, um
projecto, ...). Por outro lado um factor de custo é um factor cuja alteração implique
uma alteração do custo relativamente a determinado objecto de custo.

Assim, no contexto de um custo definem-se pressupostos vários (por exemplo,


assume-se que ele tem um comportamento linear), assume-se uma janela temporal
(um período) no qual este custo e outros relacionados mantenham a sua
homogeneidade, assume-se um patamar de actividade que garanta também
homogeneidade, e especifica-se o objecto do custo.

Assim, assumindo os custos no seu contexto, temos a possibilidade de os classificar.


A classificação dos custos, porém, obedecendo a certas regras de bom senso e a uma
certa lógica contextual, não é totalmente objectiva. Há custos que se podem alocar de
modos diferentes, se assumirmos uma lógica diferente.

Como exemplo, indicamos na matriz que se segue alguns custos e definimos uma sua
possível classificação em termos de comportamento (fixos e variáveis) e em termos
do seu objecto de produção:
Directos Indirectos
- matéria prima; - energia de uma linha de
Variáveis - energia de uma linha de montagem de + de 1 produto
montagem de 1 só produto
- salário de um supervisor de - salário de um supervisor de
Fixos produção numa linha de produção numa linha de
montagem de 1 só produto montagem de + de 1 produto

1º Semestre 2005/06
23 JF
Neste contexto, a classificação de certos custos pode não ser categórica. Até porque a
alocação de um custo para além de determinados níveis de rigor pode ficar mais cara
(exigir uma maior recolha e tratamento de informação) do que o benefício que se
obtém com a sua alocação. De facto também neste aspecto se exige bom senso. É
precisos saber parar e saber ter alguma tolerância.

Por exemplo, numa fábrica muito automatizada, com robots, a mão de obra directa
pode representar uma parcela tão ínfima no contexto dos custos directos de produção
que a sua alocação como custo indirecto de produção se afigure mais razoável.

Representação da estrutura de custos de uma empresa comercial


Balanço DR
• Custos das Mercadorias VENDAS
- Consumo de Mercadorias -
_______________________________ Existências de: Custo Mercado-
MP rias Vendidas
• Outros custos do período RES. BRUTO
-
Custos Admini-
trativos e Vendas
RES. OPERACIONAL

Representação da estrutura de custos de uma empresa industrial


Balanço DR (1)
• Custos de produção do período
(imputáveis ao Produto)

- Consumo de Matérias Primas VENDAS


- Mão de Obra Directa -
- Custos indirectos de produção ______ Existências de: Custo Produção
MP, PVF, PA Produtos Vendidos
• Outros custos do período RES. BRUTO
-
( não de produção) ______________ Custos Admini-
trativos e Vendas
RES. OPERACIONAL
Expressões relevantes para a análise de custos de uma empresa industrial

1º Semestre 2005/06
24 JF
Repare-se que já nos referimos a uma identidade interessante ao nível do
comportamento das existências:

“Entradas” “Saídas”

Ei Ef
|______________|
Tem-se sempre “o que existe mais o que entra, é igual ao que se pode utilizar, ou que
sai, mais o que fica”, isto é:

Ei + “Entradas” = Ef + “Saídas” (2)

Assim, se as “Entradas” forem compras de mercadorias e as “Saídas” vendas de


mercadorias, se estas vendas forem valorizadas ao preço de custo tem-se.

Custo das Mercadorias Vendidas = Ei + Compras de Mercadorias - Ef (3)

Do mesmo modo, para uma empresa industrial, atendendo à sua estrutura de custos
e ao modelo representado em (2), se tem uma dedução em cascata de expressões,
começando pela expressão que é equivalente a (3) (mas para uma empresa
industrial):

Custos Produção dos Produtos Vendidos = Ei (PA) + Custo Produção PA - Ef (PA)

Custo Produção PA = Ei (PVF) + Custos Produção do Período - Ef (PVF)

Custos Produção do Período = Mat. Primas Consumidas + MOD + GGF

Mat. Primas Consumidas = Ei(MP) + Compras Mat Primas - Ef (MP)

1º Semestre 2005/06
25 JF
Veja-se também que atendendo à estrutura da DR em (1), se tem também um modo
alternativo para, através de outras informações se calcular os Custos Produção dos
Produtos Vendidos:

Custos Produção dos Produtos Vendidos = VENDAS - RES. OPERACIONAL -


- Custos Administrativos e Vendas

Assim como se tem também, como vimos anteriormente:

MARGEM CONTRIBUIÇÃO EMPRESA = VENDAS - CUSTOS VARIÁVEIS

Tudo expressões que se usam para resolver situações do tipo das expostas nos
problemas que se seguem 3, 4 e 5.

5. Uma empresa industrial foi criada em 21.12.94 com um Capital de 80.000 contos
totalmente realizados.
Um acordo com um banco permitia-lhe o acesso a um empréstimo à taxa de juro de
20%. O empréstimo, a tomar no dia 1 de Janeiro de 1995, seria fixo durante todo o
ano e múltiplo de 1.000 contos. Os juros seriam pagos em 31 de Dezembro de 1995.
O montante máximo do empréstimo era de 25.000 contos para 1995, valor a
renegociar para cada ano durante o mês de Dezembro do ano anterior.
Durante 1995 a empresa propunha-se produzir e comercializar um único artigo,
sendo as seguintes as suas previsões:
• Aquisição no início do ano, de equipamentos por 50.000 contos a pronto
pagamento.
• Deste valor, 75% referem-se a equipamento produtivo, os restantes 25% a
equipamento administrativo. Ficará assim com capacidade de produção anual de
25.000 unidades. Amortização linear à taxa anual de 20%.
• Venda de 12.000 unidades ao preço unitário de 10.000$00.
• Custos Indirectos de produção fixos, excluídas amortizações, de 32.500 contos.
• Custos variáveis de produção por unidade:
• Material directo • 1.200 $00
• Mão de Obra • 1.750 $00
directa
• Custos Indirectos • 1.050 $00
var
• Custos Administrativos e de Vendas fixos, excluídas amortizações, de 17.500
contos.

1º Semestre 2005/06
26 JF
• Custos variáveis de vendas: 1.000$00 por unidade.
• Prazo médio de recebimentos: 60 dias.
• Prazo médio de pagamentos de material directo: 30 dias.
• pagamento a pronto de todas as restantes despesas.

A empresa pretende dispor no final do ano de 3.000 unidades para venda e material
directo suficiente para produzir outras 3.000 unidades. Não se prevê a existência de
produtos em vias de fabrico no final do ano. A empresa usa o sistema de custeio total
(custeio fixo) e pretende obviamente reduzir ao mínimo indispensável os seus
encargos financeiros. As disponibilidades no final do ano não deverão ser inferiores
a 10% do volume de vendas do ano. Sobre eventuais lucros pagará impostos à taxa
de 50%
a) Faça os cálculos previsionais para 1995:
(A1)- do Orçamento de Vendas; (A2)- do Orçamento de Compras;
b) Calcule o Resultado Operacional Previsional. Apresente-o sob a forma de uma
Demonstração de Resultados.
c) Calcule o valor do empréstimo a contrair e apresente o Balanço previsional em
31.12.95 e o Resultado Líquido Previsional para o ano de 1995.

R5.
a1) Orçamento de Vendas
Vendas = 12.000 x 10 c = 120.000 c
a2) Orçamento de Compras (compras de MP)
Compras de MP = Consumo de MP + Ef (MP) - Ei (MP)

Consumo MP = 1,2 * Q a produzir


Q a produzir:
# Produzir = #Vendas + Ef (PA) - Ei (PA)
= 12.000 + 3.000 - 0
= 15.000

Assim Compras de MP = 1,2 * 15.000 + 1,2 * 3.000 - 0


= 18.000 + 3.600 = 21.600 c
Consumo de MP = 1,2 * 15.000 = 18.000 c

b) Resultados e DR
DR Cálculo de CPPV:
CPPV= CPPA + Ei (PA) - Ef (PA)
Vendas ___________ 120.000 CPPA= CPPeríodo + Ei (PVF) - Ef (PVF)
CPPV ___________ 80.000 CPPeríodo = Cons. MP + MOD + GGF
_______________________ = 18.000 + 1,75 * 15.000 +

1º Semestre 2005/06
27 JF
Res. Bruto _________ 40.000 + 1,05 * 15.000 + 32,500 + 7.500 =
Custos Adm e (17.500) = 18.000 + 26.250 + 15.750 + 32.500 + 7.500 =
Vendas __________ (12.000) = 100.000
Amortizações_______ ( 2.500) =====> CPPA = 100.000 (Ei e Ef PVF =0)
_______________________ =====> CPPV = 100.000 + 0 - 3.000*
(100.000/15.000)
Res. Operacional ____ 8.000 = 80.000
Encargos Fin. ______ E*0,2
______________________________
R.Antes Impostos ___ 8.000 - E*0,2
Impostos __________ 4.000 - E*0,1
______________________________
Res. Líquido _______ 4.000 - E*0,1

c) Cálculo do valor de E (Empréstimo):

Evolução de Disponibilidades: Recebimentos Capital 80.000


Empréstimo E
* 120.000*(10/12) Recebimentos 100.000 *
__________________________________
E + 180.000
Pagamentos Compra Equip. (50.000)
Encar. Fin ( 0,2*E)
Impostos (4000-0,1E)
** 21.600 * (11/12) = 19.800 Compras MP (19.800) **
C Ind Prod Fx (32.500)
C. Adm e Vend(17.500)
*** 1,0 x 12.000 C. var Vendas (12.000) ***
MOD (26.250)
C Ind Prod Var (15.750)
__________________________________
Saldo Final 2.200 + 0,9E

Como as Disponibilidades finais não devem ser inferiores a 10% Vendas,

Saldo Final de Disponibilidades >= 12.000 ======>

======> E >= 9.800 /0,9

E >= 10.889 ========> E = 11.000

1º Semestre 2005/06
28 JF
Acaba-se a sublinhar que se utilizou o custeio total (ou fixo) e quais as diferenças
entre custeio total (ou fixo) e custeio variável, servindo-nos do diagrama que se
segue (*).
Custeio Total
Custos do Periodo Imputáveis ao Produto Custos do Período Custo do Período não
imputáveis ao Produto
Mat. Directos

Produtos
Mão de Obra Directa CPV
em vias Produtos
DR C. Administ.. e Vendas
de Acabados
C. Indirectos Variaveis fabrico

C. Indirectos Fixos

Custeio Variável
Custos do Periodo Imputáveis ao Produto Custos do Período Custo do Período não
imputáveis ao Produto
Mat. Directos
C. Indirectos Fixos
Produtos
Mão de Obra Directa CPV
em vias Produtos
DR
de Acabados
C. Indirectos Variaveis fabrico
C. Administ.. e Vendas

6. Classifique os custos que se seguem, supondo que dizem respeito a uma empresa
industrial, dentro de cada uma das categorias a), b), c), d), e), f), ou g).
1 - Materiais;
2 - Ordenado dos supervisores de controlo de produção;
3 - Ordenado dos supervisores do departamento de planeamento;
4 - Custos da festa anual da empresa;
5 - Horas extra dos operários da montagem;
6 - Fretes de expedição;
7 - Energia das máquinas da fábrica;
8 - Energia eléctrica dos escritórios;
9 - Comissões de vendedores;
10 - Amortização das máquinas da fábrica;
11 - Amortização dos automóveis dos administradores;

1º Semestre 2005/06
29 JF
12 - Seguros dos operários fabris.

a) Custo variável;
b) Custo fixo;
c) Custo de Vendas;
d) Custo Administrativo;
e) Custo indirecto de produção;
f) Custo directo de produção;
g) Outros custos.

R6.
1 – materiais directos a), f);
– materiais de escritório b), d)
2 – b), e ou f;
3 – b), d);
4 – b), g);
5 – a), f);
6 – a ou b, c);
7 – a ou b, e ou f;
8 – b), d);
9 – a), c);
10 – b), e ou f (consoante o tipo de custeio);
11 – b), d);
12 –a ou b, e ou f.

7. Uma empresa industrial iniciou a sua actividade em 1.1.2002, data em que foi
constituída, com um Capital de 100.000 contos, totalmente realizado.

Durante o ano de 2002 a empresa:

• adquiriu instalações fabris por 60.000 contos. Destes, 30.000 foram pagos em
2002 e os restantes serão pagos em 2003. A taxa de amortização aplicável é de
20%;
• produziu 200.000 unidades do artigo X, das quais vendeu 150.000 ao preço
unitário de 500$00. Para essa produção gastou (em milhares de contos):
material directo 20
mão-de-obra directa 30
custos indirectos fixos 20
custos indirectos variáveis 10
• os custos administrativos e de vendas representaram, em termos de custos fixos,
5.000 c. e, em termos de custos variáveis, 50$00 por unidade vendida.

1º Semestre 2005/06
30 JF
Sabendo que em 31.12.2002 não havia produtos em curso de fabrico, que,
exceptuando o material directo e as instalações, todas as restantes despesas foram
pagas durante o ano, que o material directo foi adquirido uniformemente ao longo
do ano, com pagamento a 60 dias, que o prazo médio de cobrança da empresa é de
30 dias, que sobre eventuais lucros a empresa pagará, em Junho de 2003, impostos
à taxa de 50% e, finalmente, que a empresa usa o sistema de custeio total:

a) apresente o Balanço em 31.12.2002 e a Demonstração de Resultados referente ao


exercício;

b) como é que se alteraria o Balanço e a Demonstração de Resultados se a empresa


usar o sistema de custeio variável?

R7.
a) Custeio Total Imob. Amort. Existências Clientes Disponib Capital RLE Forn.Im Forn.c/c
. o.
MD PVF PA
1 Criação empresa 100.000 100.000
2 Compra Imob 60.000 (30.000) 30.000
3 Amortizações (12.000) (12.000)
4 C. Adm e Vendas (12.500) (12.500)
5 Compra MD (1) 20.000 (16.667) 3.333
6 PVF (Consumo MP) (20.000) 20.000
7 PA (Consumo PVF) (20.000) 20.000
8 Produção PA 60.000 (60.000)
9 Venda (60.000) 6.250 68.750 15000
∑ Total 60.000 (12.000) 0 0 20.000 6.250 49.583 100.000 (9.500) 30.000 3.333

b) Custeio Imob. Amort. ∃ Clientes Disponib Capital RLE Forn.Im Forn.c/c


Variável . o.
MD PVF PA
1 Criação empresa 100.000 100.000
2 Compra Imob 60.000 (30.000) 30.000
3 Amortizações (12.000) (12.000)
4 C. Adm e Vendas (12.500) (12.500)
5 Compra MD 20000 (16.667) 3.333
6 PVF (Consumo MP) (20000) 20000
7 PA (Consumo PVF) (20000) 20.000
8 Produção PA 40.000 (40.000)
9 Venda (45.000) 6.250 68.750 30.000
10 Custos Ind. Fixos (20.000) (20.000)
∑ Total 60.000 (12.000) 0 0 15.000 6.250 49.583 100.000 (14.500) 30.000 3.333

(1) - Assume-se que Ef(MP) = 0, pelo que Compras de MP = Consumo de MP + Ef (MP) - Ei (MP)

1º Semestre 2005/06
31 JF
Sublinha-se o facto de os diferentes custeios só afectarem as contas de existências e
o RLE. Não podem afectar mais nenhuma conta, pois não implicam diferentes fluxos
de disponibilidades, mas sim, e tão só, diferentes alocações dos custos. As
existências são afectadas, pois há uma diferente valorização dos PVF e dos PA.

3. Análise de Investimentos / Avaliação de Projectos

Comecemos por abordar o “valor” do dinheiro em função do tempo. Sendo r a taxa


de juro do período, tem-se

Valor Hoje Valor no Futuro


P -----------------------------> P (1+r)
P 1 período
<------------------------- P
1+ r
P -------------------------> P (1+r) n
P n períodos
n
<----------------------- P
(1+ r)

Juros Compostos

taxa nominal período taxa efectiva exemplo r =8%


r 1 ano (1+r) te = 8%
r 1 semestre r
(1+ ) 2
2 te = 8,16%
r 1 mês r
(1+ ) 12
12 te = 8,3%
r 1 dia r 365
(1+ )
365 te = 8,33%
r contínuo r
lim (1+ ) K
K

1º Semestre 2005/06
32 JF
VAL - Valor Actualizado Líquido (Net Present Value)

C1 C2 Cn
VAL = C0 + 1
+ 2
+ .... + n
(1+ r) (1+ r) (1+ r)
com r, taxa de custo do capital, ou custo de oportunidade (rendimento do melhor
projecto alternativo). Em termos práticos, a estimativa ou definição de um valor para
a taxa r representa uma das mais aliciantes tomadas de decisão neste modelo do
VAL. De facto em r devem estar consideradas todas as componentes efectivas, como
inflação, risco do negócio, etc.

Em princípio, o valor para a taxa r deve prefigurar o da melhor alternativa ao


investimento: só assim se “garante” que o investimento no projecto em análise, caso
apresente um VAL positivo, representará o melhor investimento entre os melhores!
Mas muitas vezes é difícil de definir qual a melhor alternativa. Em caso de dúvida,
os valores de rendibilidade de negócios de concorrentes do mesmo sector de negócio
representam uma boa estimativa para o valor r, embora se possa estar desse modo a
definir uma alternativa que pode endurecer a viabilidade do critério do VAL.

De qualquer modo, uma análise de cada sector industrial, e de serviços, facilmente


fornece um leque relativamente elucidativo do que se pode considerar uma boa
remuneração ou má remuneração de investimento e, com base nesse tipo de análise, o
Gestor mais conscientemente poderá definir um valor para r.

O Critério do VAL indica que o projecto é de aceitar, e como tal deve ser
implementado, se apresentar um VAL positivo. Em caso de projectos alternativos,
será de investir no projecto que apresentar um maior VAL.

Desvantagens - este critério tem a grande desvantagem de ser sensível à dimensão do


projecto, só se devendo comparar através do VAL projectos com o mesmo tipos de
características, e em princípio do mesmo sector.

Valor Actual VA, versus Valor Actualizado Líquido VAL

Cj
∑ (1 + r )
n
VA = 1 j
, pura actualização dos cash-flow das receitas líquidas.

Cj
∑ (1 + r )
n
VAL = -C0 + 1 j
, actualização dos cash-flow das receitas líquidas,
confrontadas com o investimento inicial.
TIR - Taxa Interna de Rendibilidade (Internal Rate of Return)

1º Semestre 2005/06
33 JF
TIR é o valor da taxa de rendibilidade para a qual o VAL é nulo.

O Critério da TIR indica que o projecto é tanto melhor quanto maior for a sua TIR.
Para se aceitar o projecto, a TIR deve ser superior à do projecto alternativo.

Desvantagens - este critério só pode ser aplicado a investimentos convencionais, nos


outros casos pode haver mais do que um valor para a TIR ou mesmo não haver
nenhum. Trata-se de uma impossibilidade no cálculo matemático.

Os investimentos convencionais são aqueles nos quais se considera um primeiro


fluxo negativo e todos os outros positivos (só pode haver uma mudança de sinal), e
nos quais o somatório total dos fluxos seja positivo. Em termos também
convencionais, e questionáveis como vimos, um investimento é considerado
atractivo se a TIR for superior ao custo do capital.

As calculadoras financeiras dão o VAL e a TIR directamente. A TIR também se pode


calcular por “palpite” (tentativas) ou por interpolação linear, ver exercício IV. 10

Valor residual VR de um investimento

VR = VM - (VM - VC) x t, com

t - taxa de imposto; VM - Valor de Mercado; VC - V Contabilístico, (VM - VC) =


mais ou menos valia.
Para se visualizar o problema, representemos o VAL de dois projectos A e B, em
função da taxa de custo de oportunidade. Note-se que a possível intersecção da curva
de representação do VAL com o eixo das abcissas representaria uma situação virtual,
de ausência total da penalização do dinheiro com o tempo. Por outro lado a
intersecção da curva de representação do VAL com o eixo das ordenadas representa a
TIR de cada projecto. Sejam então os projectos A e B definidos por:

10% 13% 15% 20% Aprox.: "Exacto":


VAL(B) 37,19 25,16 17,58 0 TIR(B) 20,00% 20,00%
VAL(A) 41,23 24,74 14,44 -9,16 TIR(A) 18,00% 17,98%

Graficamente, e tornando linear a representação do VAL em função da taxa de


actualização, verifica-se que, pelo critério do VAL, e com um c.o. de 10% seria de
preferir o projecto A, com um c.o. de 13% seria indiferente escolher A ou B, diz-se
que 13% é uma taxa de equivalência para os projectos A e B, com um c.o. de 15%

1º Semestre 2005/06
34 JF
seria de preferir o projecto B. Mais ainda se nota que, pelo critério do VAL, com
taxas de c.o. entre 0 e 13% se preferiria o projecto A, taxas de c.o. entre 13 e cerca
de 18% se preferiria o projecto B, altura em que o projecto A deixa de ser viável, e
mantendo-se viável o investimento em B até valores de r até 20% :

50

40
A
B
30
VALs

20

10 A B

0
10% 13% 15% 20%
-10
taxas

Pelo critério da TIR, seria sempre de preferir o projecto B.

Nota-se, através do exemplo dado, até que ponto os critérios “ditam razões” que têm
necessariamente que ser ponderadas. De facto, para taxas de c.o. inferiores a 13% os
dois critérios até ditam conclusões antagónicas. Razão pela qual a utilização
adequada de qualquer destes critérios serve de indicação e nunca como factor
decisivo. Sublinha-se mesmo o facto de que o critério financeiro, seja baseado em
que modelo for, pode não representar um critério decisivo. De facto há
investimentos, por exemplo investimentos de ordem social, nos quais a rendibilidade
do investimento não é um objectivo. Por outro lado, um projecto financeiramente
atractivo pode não ser viável por não cumprimento de legislação ambiental, ou
laboral, para apenas darmos dois exemplos óbvios.
A TIR e o VAL, quais as aplicações de cada um dos métodos

Desde logo, numa análise de um portfolio de investimento em diversos projectos


distintos e independentes, o VAL do conjunto de investimentos é aditivo, podendo-se

1º Semestre 2005/06
35 JF
operar com essa informação. Já o valor da TIR não é susceptível de ser operado
algebricamente. Por outro lado, o VAL permite modelar situações nas quais a taxa de
actualização seja diferente de período para período, permitindo acomodar com
alguma objectividade adaptações a mudanças estimadas na envolvente conjuntural.
Tal não é possível com a TIR. Em suma, no caso de se estar a analisar um só projecto
é praticamente indiferente usar a TIR ou o VAL, no caso de se ter que escolher entre
dois ou mais projectos, a TIR é muito falível, pelo que se deve sempre preferir a
informação proveniente do VAL. A TIR, por outro lado, representa a taxa mais
elevada a que um investidor pode contrair um empréstimo para financiar um
investimento. Como vemos, representando ambos métodos baseados na actualização
de cash-flows, acabam por representar aspectos conceptualmente diferentes, com
“perigos” diferentes e com uma visualização diferente do respectivo significado
(normalmente a TIR, sendo uma taxa, tem uma visualização mais imediata, mas
como vimos pode ser uma visualização que induz em erro).

Aplicação do VAL na resolução de problemas

Nos problemas “académicos” sobre a avaliação de projectos há, desde logo, uma
dificuldade que se perde face à realidade, que é o cálculo do r de referência. De
facto, esse valor, em vez de ter de se estimar, assumindo o risco de o fazer, é
geralmente um dado. Depois, o “framework” que se utiliza é sempre basicamente o
mesmo. Faz-se um quadro com uma estrutura de demonstração de resultados, com os
elementos disponíveis e que represente os valores dos cash flows de cada período. O
ano zero representa um ano virtual no qual se decide o investimento e no qual se
procede ao investimento inicial, representa o momento antes da entrada em operação
devida à efectivação do projecto. Depois representam-se os cash flows que ocorrem
nos diversos anos da vida útil considerada para o projecto. Note-se que a vida útil
para o projecto e a vida útil de possíveis investimentos não têm qualquer
dependência, podendo ser diferentes. Normalmente os valores que se consideram são
diferenciais, isto é ∆s, isto é, representam a diferença dos valores associados à
situação nova MENOS os valores da situação antiga, ou então a diferença entre as
duas situações A e B em análise. Sublinhamos cinco aspectos que não devem deixar
de se considerar:
1. deve sempre incluir-se a compensação do efeito das amortizações, pois as
amortizações, não representando fluxos financeiros, não devem ter o seu efeito
reflectido nos cash flows de exploração;

2. devem calcular-se os valores residuais relativos a transacções de equipamentos,


incluindo as mais/menos valias {VR = VM - (VM-VC) x taxa de imposto};

3. devem apenas representar-se as diferenças, ou ∆s, e não valores absolutos;

1º Semestre 2005/06
36 JF
4. devem separar-se os fluxos (custos, receitas) referentes à exploração do projecto,
obtendo por um lado um somatório que representa os cash flows de exploração do
projecto, e toda a parte referente ao investimento ou aos investimentos (incluindo
investimento inicial, possíveis investimentos parciais diferidos ao longo dos
diversos anos e valores residuais de equipamento vendido), obtendo um somatório
final que inclua exploração e investimento, isto é, que represente os cash flows
líquidos totais. Os impostos apenas afectam a parte relacionada com a exploração,
pois a parte relacionada com o investimento não implica uma transacção com
efeitos na DR, correspondendo apenas a uma troca em contas do activo;

5. deve entender-se que o quadro de referência apenas representa o impacto do


projecto na empresa, pelo que, mesmo em situações que revelem resultados
operacionais negativos podem não implicar a isenção de imposto. A empresa paga
ou não imposto consoante os seus resultados globais e não consoante os resultados
parcelares afectos a este ou aquele projecto.

Uma estrutura típica para o quadro será então:

0 1 2 3 4
∆ Vendas
∆ CPV
∆ R.Bruto
∆ Custos Op.
∆ Amortizações (x)
∆ RAI
∆ Imposto
∆ RLE
Compensação do efeito
da amortização +X
∆ Cash Flow Expl.
Investimento
Valor Residual
∆ Cash Flow Total C0 C1 C2 C3 C4

C1 C2 C3 C4
VAL = C0 + 1
+ 2
+ 2 + 4
(1+ r) (1+ r) (1+ r) (1 + r)

1º Semestre 2005/06
37 JF
Esta matéria, análise de projectos e investimentos, faculta a possibilidade de se
abordarem alguns problemas de gestão operacional, como política de stocks (stock de
segurança, just in time,...), outsorcing, ...

8. A Secção de Folhas (SF) da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico


pretende expandir o seu self-service. O projecto revela-se bastante aliciante dada a natureza
estável do mercado.

A AEIST realizou um inquérito aos alunos, cujo custo ascenderá a 200 contos, através do
qual estimou a quantidade e o preço de venda das fotocópias para os próximos quatro anos:
20 milhões de unidades anuais e 5 escudos por fotocópia.

Os custos variáveis serão de 3,75 esc. por fotocópia, dos quais uma parte se destina ao custo
de manutenção e a outra ao custo dos consumíveis, papel e toner.

A SF prevê aumentar, com esta nova área de cópias, o custo de pessoal e de fornecimentos e
serviços externos em 7000 e 5000 contos por ano, respectivamente.

O investimento total a realizar em fotocopiadores é de 30000 contos, sendo estas maquinas


amortizáveis a uma taxa de 10% ao ano. O valor de mercado das maquinas de fotocopias no
final dos quatro anos previstos de exploração será de 15000 contos.

Dada a experiência passada com os seus fornecedores, a SF prevê ainda a constituição de


um stock de papel, com um valor inicial de 350 contos, mas que, no primeiro ano exploração
aumentará para 450 contos. No último ano do projecto deverá considerar-se a libertação
deste stock a valores de custo.

a) Considerando que a AEIST paga imposto sobre lucros com uma taxa de 40% e que
possui um custo de oportunidade do capital de 12%, determine o valor actual líquido do
projecto e indique que decisão tomaria relativamente à realização do projecto.

b) Existe o risco de no terceiro ano do projecto uma das fotocopiadoras necessitar de uma
manutenção não incluída nos custos anteriormente definidos. Qual será o custo máximo
aceitável para tal reparação, sabendo que não é aceitável que o VAL varie mais de 50%.

1º Semestre 2005/06
38 JF
R8

Alínea a)

Rubricas Anos 1 … 4
Vendas 100000 20.000.000 x 5 esc.
CMV (75000) 20.000.000 x 3.75 esc.
C.Pessoal (7000)
FSE (5000)
Amt (3000) 30000 x 10%
RAI 10000
Imp (4000)
RL 6000
CF Exploração 9000 6000 + 3000

CF investimento

VR = 15000 - (15000 - (30000-3000 x 4)) x 0,4 = 16.200

Rubricas Ano 0 Ano 1 … Ano 4


Investimento (30000)
Var. FM (350) (100) 450
VR 16200
CF (30350) (100) 0 16650
investimento

VAL = (30350) + 8900/1.2 + 9000/1.2^2 + 9000/1.2^3 + 25650/1.2^4 = 895

Alínea b)

Var VAL = VAL - C. Manutenção x 0,6 / 1.2^3


447,5 = 895 - C. Manutenção x 0,347
C. Manutenção = 1288.8

1º Semestre 2005/06
39 JF
9. Uma empresa decidiu instalar um sistema de aquecimento de modo a melhorar o
conforto dos seus empregados e clientes durante os meses mais frios do ano. Dois
sistemas alternativos de aquecimento, um eléctrico e outro a gás, permitem resolver
a situação. O sistema eléctrico implica apenas a compra de cinco aquecedores a
óleo, por 20 contos a unidade. Cada aquecedor seria colocado em cada uma das
cinco salas da empresa. Este investimento é amortizável linearmente ao longo de 5
anos, e tem um valor de mercado nulo ao fim de 10 anos. No entanto, a sobrecarga
eléctrica resultante do funcionamento destes aparelhos impõe que o actual contador
eléctrico seja substituído por um de potência superior. A taxa fixa referente ao novo
contador é superior à do contador menos potente em 2,5 contos mensais. Os custos
de electricidade estimados resultantes deste sistema de aquecimento são os seguintes
(em contos) :

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março


15 30 50 50 30 15

O sistema a gás consiste na instalação de uma caldeira mural que aquece água e a
faz circular por 5 radiadores colocados nas várias salas da empresa. O custo de
aquisição e instalação deste sistema é de 700 contos. Este sistema necessita de
manutenção em cada 5 anos, no valor de 50 contos. O valor de mercado deste
equipamento daqui a 10 anos estima-se em 100 contos. Este investimento é
amortizável linearmente ao longo de 7 anos. O consumo de gás estimado é o
seguinte (em contos):

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março


7,5 15 30 30 15 7,5

a) Admitindo que a empresa está isenta de impostos nos próximos 10 anos, e que o
custo de oportunidade de capital aplicável é de 5%, diga qual dos sistemas de
aquecimento a empresa deverá instalar.

b) Calcule o período de recuperação, em anos, do investimento diferença “sistema a


gás - sistema eléctrico”.

1º Semestre 2005/06
40 JF
R9.
Resolução:
a)
Electrico
-100 30 contador
190 electricidade
-100 -220 -220 -220 -220 -220 -220 -220 -220 -220 -220
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-100 -209,5 -199,5 -190 -181 -172,4 -164,2 -156,3 -148,9 -141,8 -135,1
-1798,7817 Val (5%)

Gas
-700 -105 -105 -105 -105 -105 -105 -105 -105 -105-105
-50 -50
100
-700 -105 -105 -105 -105 -155 -105 -105 -105 -105 -55
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-700 -100 -95,24 -90,7 -86,38 -121,4 -78,35 -74,62 -71,07 -67,68 -33,77
-1519,2628 Val (5%)

Decisão: comprar sistema a gás

b) Pay back
Cahs flows de (Gas -electrico)
-600 115 115 115 115 65 115 115 115 115 165
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-600 109,52 104,31 99,341 94,611 50,929 85,815 81,728 77,837 74,13 101,3
-490,5 -386,2 -286,8 -192,2 -141,3 -55,47 26,257 104,09 178,22

O investimento diferença é recuperado entre os anos 6 e 7.

1º Semestre 2005/06
41 JF
4. Conclusões

Nestas pequenas introduções tentei referir a óptica do gestor e os problemas que


existem para este no exercício da sua actividade, tentando transmitir a ideia de que o
Engenheiro só ganha em assimilar novas ferramentas de trabalho, uma nova
organização das suas ideias, uma maior flexibilização da sua formação. O
Engenheiro tem, cada vez mais, que assimilar qualidades outrora inacessíveis a um
espírito demasiado analítico, marcadas por uma formação técnica de rigor, mas
descuidada de um envolvimento na empresa tomada como corpo interligado e
interactivo de recursos tecnológicos e humanos.

A importância do Engenheiro neste novo quadro de necessidades, que impõe novas


exigências ao nível do seu desempenho como técnico e como pessoa, só tem a ganhar
com o seu empenhamento em problemas da área social, financeira, da cultura das
organizações e da comunicação.

Contudo, o Engenheiro que perceba esta mudança das especificações do mercado de


trabalho, que saiba entender a sua esfera de acção num horizonte alargado de
influência transversal no contexto da empresa, deve também entender que a sua
formação e preparação de base (em engenharia) representam um património
importante, porventura único.

De facto o Engenheiro tem uma formação escolar que o beneficia na interpretação e


na análise de realidades complexas, na concepção e interpretação de modelos de
análise, na percepção do relevante num contexto desorganizado, pelo que, se ele
souber incorporar conhecimentos na área aqui abordada, poderá ficar equipado com
alguns trunfos básicos, necessários para mais facilmente se impor como elemento
fundamental no tecido produtivo e porventura como gestor moderno e de sucesso.

1º Semestre 2005/06
42 JF

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