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Mateus 7; 15 a 20 – Evangelho Segundo o Espiritismo – Pag.

–317;

13 Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai celestial não plantou
será arrancada.
14 Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos
cairão no barranco.
15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
16 Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender?
17 Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo
ventre, e é lançado fora?
18 Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina
o homem.
19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios,
adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
20 São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem
lavar as mãos, isso não o contamina.

Evangelho Segundo o Espiritismo – Pag. –317;

CAPÍTULO XXI
HAVERÁ FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS

Conhece-se a árvore pelo fruto.


 - Missão dos profetas.
 - Prodígios dos falsos profetas.
 - Não creais em todos os Espíritos.
- Instruções dos Espíritos:
 -Os falsos profetas. -
 -Caracteres do verdadeiro profeta.
 - Os falsos profetas da erraticidade.
 - Jeremias e os falsos profetas.

Conhece-se a árvore pelo fruto

1. A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz
bons frutos não é má;
- porquanto, cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto. Não se
colhem figos nos espinheiros, nem cachos de uvas nas sarças.
- O homem de bem tira boas coisas do bom tesouro do seu coração e o
mau tira-as más do mau tesouro do seu coração;
Porquanto, a boca fala do de que está cheio o coração.
(S. LUCAS, cap. VI, vv. 43 a 45.)
por Paulo Coelho |
Todos nós já escutamos nossa mãe dizendo a respeito de nós mesmos: “meu filho fez isto
porque perdeu a cabeça, mas – no fundo – é uma pessoa muito boa”.
Uma coisa é viver culpando-se por atos impensados que nos fizeram errar; a culpa não nos leva
a lugar nenhum, e pode nos tirar o estímulo de melhorar.

Outra coisa, porém, é viver se perdoando por tudo que fazemos; desta maneira, nunca seremos
capazes de corrigir nosso caminho.

Como agir? Não existem fórmulas. Mas existe o bom senso, e devemos julgar o resultado de
nossas atitudes – e não as intenções que tivemos ao realizá-las. No fundo, todo mundo é bom ,
mas isto não interessa.

Disse Jesus: “é pelos frutos que se conhece a árvore”.

Diz um velho provérbio árabe: ” Deus julga a árvore por seus frutos, e não por suas raízes”.

54 Comentários para “‘É pelos frutos que se conhece a árvore’ ”


1. Paulo Coelho.
Eliane
15 maio, 2009 as 10:43 am

Acho o julgamento do cristianismo infundado, pois, generaliza uma questão muito ampla e
repleta de implicações psicológicas. Como explicar então, os pais íntegros de famílias honradas
que tem filhos criados sob a mesma conduta e que desenvolveram índoles completamente
diferentes? Nesse caso o DNA da árvore é misto e deve ser rejeitado?

Filhodobino: O DNA, não transmite os caracteres morais dos pais para os filhos...

Cada filho de Deus trás em si seu próprio desenvolvimento moral, frutos de experiências
passadas, as heranças biológicaos apenas trasnsmitem o desenvolvimento carnal. Mas até
carateristicas específicas que o filho de Deus tem que viver na carne o seu próprio Espírito
constrói para si na fase fetal.

Ex.;- Um pai ou uma mãe aidética, nescessáriamente não transmitie AIDS para seu filho.

Outro: Um pai ou uma mãe hansenia nescessáriamente não transmite hanseníase ao seu filho.

Augusto
14 maio, 2009 as 12:18 pm

Será que os frutos do cristianismo justificam esta afirmação? a julgar pelo que ele nos trouxe a
sua árvore, sua origem, não merece um bom conceito.

Filhodobino: Amado Irmão, estas característicos biofísicas dos humanos, há milênios vem sem
repetidas, â exaustão, nos nossos irmão incogniscíceis, de modo que quando a bondade de Deus lhe
outorgou o raciocício lhe entregou também sob evolução assistida, toda responsabilidde de tu próprios
cuidadares de ti. A ninguém cabes culpar ou elogiar seus acertos ou erros, são simplesmete seus.

2. 51
Lucas
1 junho, 2007 as 11:08 am

Esse texto fala que Deus no julga pela nos atos?

Filhodobino: Não, Deus não precisa atuar diretamente sobre cada um de nós especificamente, primeiro
nos deu “As leis naturais”. Seundo enquato ainda não caminhamos com nosso próprios pés, temos ao
nosso lado um Espírito em caráter de perfeição, para nosso anjo da guarda, e nos proporcionou
compreensão pela intuição dos nosso entes afins...Tudo isto equivale dizer que estamos sob a égide
de uma evolução assistida. Mas, deu-lhe o livre arbítrio de decidires o rumo a adotar... portanto cabe a
você pelo auto-conheimento ir realizando seu julgamento com caridade para consigo mesmo e
empregando a verdade contida em sua consciência, posto que a você, é impossível enganar-se a
respeito de si mesmo.

Iasmin
31 maio, 2007 as 7:44 am

Eu entendi que Deus nos conhece pelas qualidades que temos, e não pelo que nós somos, se
somos feios ou bonitos então é por isso que “É pelos frutos que se conhece uma boa árvore”.

Filhodobino:O que tens hoje, pode não teres amaná, mesmo em sua evolução psíquica, posto que vida
é movimento...O que somos o somo pela nossa essência como seres integrais e único no universo, de
sorte que ao juízo final, (que se realiza a cada desencarne), somos separados uns dos outros pelas
afinidades que resultam em concordâncias de sentimento e amor, e isto a aura transmite mas o cristo
fez alegoria dizendo que separaria os bodes das ovelhas, pelo cheiro... posto que cada um tem em
essência o que é, e não o que tem, posto o que tem daqui não sai, só leva o que é.

Priscylla
23 maio, 2007 as 10:28 am

Entendi que Deus julga a pessoa pelo o que ela é não pelo o que seu antepassados foram!!

Filhodobino: Precisamos compreeder que Deus não julga, A luz que o Pai criou no primeiro
dia(vide Gênese moisaisa, cap, 1,...) no primeiro dia Deus criou uma luz, e depois no quarto dia
Deus Criou outra luz...) Então pela luz do primeiro dia todo julgamento é realizado por si mesma.

E toda prova que pedires para resgate, haverá conselho entre seus afins, para verificarem se
tens possibilidade de se sair bem e melhorar-se senão fica arquivada para quando tiveres
condições para tal.

Entretanto: A tradução de João Ferreira de Almeida diz assim:


7 que usa de beneficência com milhares; que perdoa a iniqüidade, a transgressão
e o pecado; que de maneira alguma terá por inocente o culpado; que visita a
iniqüidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e
quarta geração.
Todavia na tradução grega encontra-se assim Naterceira e quarta geração,
que difere em muito, pois, mostra que a iniqüidade do culpado será
visitada na terceira e na quarta geração, posto que pelas reencarnãoes,
já será o próprio culpado a receber a oportuidade de realizar em si via
provas, (em sendo ignorante, e em expiações já tendo conhecimento de
causa), o conserto da imperfeição pretérita.

Caio

Mostra que nao devemos ficar nos culpando pelo que fizemos de errado e sim tentar melhorar.

Filhodobino: A nossa culpa, aparece em nosso “EU”, via de regra, após a análise de nós mesmos via
“O conceito firmado ainda na era pré-Socrática – Conheça-te a ti mesmo”...Noto que a maioria de nós
devenvolve verdadeira fobia de realizá-lo em si, temendo as conseqüências, posto que agir encoberto
pela ignorância gera um karma apenas didático, e as imperfeições cometidas com conhecimento de
causa carecem de arrependimento e reparação... Mas não adianta temer...Deus é Só amor... o melhor
remédio é não postergar o auto-conhecimento e ir realizando ainda por aqui os consertos possíveis,
sem temor e munido da Caridade para consigo mesmo exemplificada pelo Exemplo de amor que nos
foi proporcionado pelo Nosso Senhor Jesus Cristo... E isto se chama reforma íntima.

Anônimo:
13 maio, 2007 as 7:49 pm

Não devemos nunca fazer algo e pensar depois. Isso não adianta de nada. Para evitar sofrimentos e o
arrependimento por algo impensado devemos pensar muito bem naquilo que fazemos e ter plena
consciência de que não somos sozinhos no mundo, que de nossos atos podem surgir sofrimentos de
pessoas que amamos e que não têm culpa de nossos momentos de ira.

Filhodobino: E observar a vida à nossa volta, e quando cair, não ficarmos sentados e caídos,
levantarmos e começarmos de novo, posto que temos a eternidade, para alcançarmos a perfeição.

Anônimo:
13 maio, 2007 as 10:04 am

Este texto traz a mensagem que no fundo nos temos que errar para aprender e tambem temos que
saber pensar antes de agir,e tambem nos podemos querer ser maior do que ninguem por que Deus
nos olha todos iguais.

……..
Anônimo:
12 maio, 2007 as 1:23 pm
Esta Mensagem ” é pelos frutos que se conhece a árvore”, vem para nos seres humanos que
cometemos muitos pecados intecionalmente ou nao a ter pelo menos a consciencia do que fazemos e
nao nos culpar a si proprios por erros que achamos que estamos certos e mesmo a sim ao descobrir
que esta errado nao se corrigir. Deus perdoa a todos mais nao precisa continuar no erro. Se eu sou
uma mal pessoa, mal carater e meu filho tambem eh, a culpa dele ser nao eh minha, Deus julga pelos
atos do fruto!

Zsuzsanna:
12 maio, 2007 as 8:59 am

Foi vendo os rostos felizes e sorridentes que saíam da missa de canonização do Frei Galvão que deu
pra entender a experiência que todas aquelas pessoas haviam tido.

12 maio, 2007 as 6:54 am

é verdade é so pelos frutos que conhecemos a árvore, e também Deus é quem sabe e deve nos julgar!

Dennys:
11 maio, 2007 as 7:47 pm

Este texto diz que Deus julga o que fazemos e não porque fazemos ou de onde viemos. Por exemplo:
se vc é filho de uma pessoa ruim, vc não pode ser julgado por isso, mais sim pelos seus atos.

Anônimo:
11 maio, 2007 as 4:56 pm

Eu achei muito inteligente Paulo você mostrou que todas as mães acredita em eu filho e que também
ninguem é mau e sua família é que faz com que ele seja bom ou ruim apoiando dando tambem amor,
carinho tudo que uma criança prescisa de verdade apoios morais
eu adorei e são poucos textos assim como o seu parabéns!!!Até porque todo mundo erra!! E que para
tudo devemos usar o bom senso como diz o texto ”Deus julga a árvore pelos seus frutos e não por
suas raízes”
Raquel
11 maio, 2007 as 4:56 pm

Paulo Coelho seus conselhos é uma forma de aprendermos mais sobre a nossa própria família e a
importância dela e também sobre a nossa mãe que além de nos da a vida nos ajuda a viver.Paulo
Coelho muito obrigada pelo seu esplêndido trabalho.

Anônimo:
11 maio, 2007 as 4:27 pm

O que ele quis dizer é que não adianta “alegar” um bom interior/intenção, porque o que vale são as
atitudes. Se for assim todos estarão sempre cometendo erros porque no fundo a intenção é quase
sempre boa praquele que o comete, e aos que o amam.
Anônimo:
11 maio, 2007 as 4:15 pm

Eu entendi que esse texto quer nos ensinar que: ” É pelas ações que se conhece a pessoa”, quer nos
ensinar também que não devemos viver nos culpando por nossos erros, a culpa nos faz baixar a
cabeça, e parar no meio do caminho, mas também não devemos errar e viver nos perdoando, temos
que errar e aprender com os erros, o certo.

melissa
11 maio, 2007 as 3:51 pm

Puxa, esse é profundo. Equivale a dizer: “De boas intenções o inferno está cheio…” Gostei muito. Um
abraço!

1. 12
Cláudia 11 maio, 2007 as 2:34 pm

Deus conhece seus filhos pelos seus atos e não por suas raízes (pais). São seus comportamentos que
irão dizer a Deus o que vc é, vc jamais receberá merecimento daquilo que são seus pais, eles são eles,
receberam de acordo com suas obras e vc receberá de acordo com sua obra. Nada mais justo, pois
temos o livre arbítrio para seguir a sua vida, se vc escolher o caminho da porta larga, boa viagem…
colherá aquilo que fizeste. Mas se escolher o caminho da porta estreita deverá ser um caminho cheio
de espinho, mas que não consiga vencer com o auxilio de Deus. Cada cabeça uma sentença… Faço
aquilo que a minha consciência acha que é correto, então, Deus irá me conhecer pelos meus
pensamentos e atos. beijo da sua fã!
Anônimo:
11 maio, 2007 as 2:27 pm

Fala que é pelos frutos que se conhece a árvore. Isso quer dizer que é por nos que se conhece a
verdade.

Anônimo:
11 maio, 2007 as 2:26 pm

Gostei muito do seu texto, nele nos aprendemos a importância da nossa mãe e de toda nossa família

Anônimo:
11 maio, 2007 as 2:09 pm

Como escrevi ontem não devemos nos prender ao passado, sempre há chances de mudarmos. O bom
senso e a nossa experiência. Mas há algo que devo dizer: Há pessoas que são ruins, não has que nos
contrariam, mas que querem mal a humanidade. São as pessoas que em dado momento da vida
perderam ou não querem a luz. Somos falíveis, mas usando o que classifiquei de experiência E BOM
SENSO como está na sua mensagem podemos decidir com equilíbrio, mesmo que seja numa situação
em que não dá para se pensar muito.

Isis:
11 maio, 2007 as 1:34 pm

Esse texto veio no momento certo! Justo hoje em que estava cheia de dúvidas com relação a algo que
julgo ser errado… e na verdade é… Usarei o bom senso para julgar o resultado das minhas atitudes e
seguir em frente. Muito obrigada!

yasmim
11 maio, 2007 as 1:30 pm

eu achei muito bom pois é verdade só pelos frutos que conhecemos a arvore,é bem realista com ele
nos aprendemos a importância da família.

Anônimo:
11 maio, 2007 as 10:53 am

Que tipo de sementes nós somos? Daquelas que caíram em terreno seco e pedregoso? Ou daquelas
que caíram em terreno fértil e produtivo? Se cairmos em terreno fértil, devemos nos preocupar menos
com a nossa copa, com o nosso tronco, nossa raiz perdeu tempo demais com as “aparências”, no
momento em que nossos frutos estão amadurecendo, passando por intempéries, por assolação de
pragas, todos querendo interferir na qualidade do nosso fruto.

Raíssa
11 maio, 2007 as 9:07 am

Você è hoje o que seus pais fizeram de você, se agimos errado devemos corrigir o erro, não se culpar,
a culpa a nada nos leva, mas viver se perdoando é um ato errado deveu contornar nosso erro achar
uma maneira de solucioná-lo. A indiferença aos erros e a culpa não nos engrandece só nos diminui
como pessoa !

Arlindo:
11 maio, 2007 as 8:16 am

Maniqueísmos à parte, deixemos aflorar o insípido olor de catequese na sublime estada de Tse Tse à
porta do mosteiro Kraw Maga, no Chile. O portfólio da esperança de dias melhores estão entranhados
no arquétipo do cidadão comum em busca do seu verdadeiro eu.
Um grande abraço.
kennedy:
11 maio, 2007 as 8:16 am

Essas maneiras de agir que fala no texto são as maneiras de quando temos formas e gestos errados
pois na verdade nós só pensamos no mal em momentos ruins

george:
11 maio, 2007 as 7:40 am
Adorei o seu texto é muito realístico com ele nós aprendemos a importância da nossa família.

Fellipe
11 maio, 2007 as 7:29 am

Paulo o seu texto me mostrou que DEUS nos julga pelos nossos atos e não por quem nós somos ,ou
pelo cargo que ocupamos .O brigado pelo conselho.

Filhodobino: Deus não efetua julgamentos pessoas, a luz do primeiro dia, está clara como sempre nos
mostrando nossas imperfeições... Turrões como somos e orgulhosos e enlevados pelos nossos Egos
não submetemos nossos atos aos nossos exames de consciência, e a ignorância perdura até a dor da
prova doer e chamar nossa atenção.

 - Missão dos profetas.


A Missão do Espiritismo, tanto quanto o ministério do Cristianismo, não será destruir as
escolas de fé, até agora existentes.

Cristo acolheu a revelação de Moisés.


A Doutrina dos Espíritos apóia os princípios superiores de todos os sistemas religiosos.
Jesus não critica a nenhum dos Profetas do Velho Testamento. O Consolador
Prometido não vem para censurar os pioneiros dessa ou daquela forma de crer em Deus.
O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de
que a visão do homem alcance horizontes mais altos.
Há milênios, a mente humana gravita em derredor de patrimônios efêmeros, quais sejam
os da precária posse física, atormentada por pesadelos carnais de variada espécie. Guerras de
todos os matizes consomem-lhe as forças. Flagelos de múltiplas expressões situam-lhe a
existência em limitações aflitivas e dolorosas.
A nova fé vem alargar-lhe a senda para mais elevadas formas de evolução. Chave de luz
para os ensinamentos do Cristo, explica o Evangelho não como um tratado de regras
disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora mensagem de fraternidade
e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis mais simples da vida.
O Espiritismo será, pois, indiscutivelmente, a força do Cristianismo em ação
para reerguer a alma humana e sublimar a vida.
O Espaço_Infinito, pátria universal das constelações e dos mundos, é, sem dúvida, o
clima natural de nossas almas, entretanto, não podemos esquecer que somos filhos,
devedores, operários ou companheiros da Terra, cujo aperfeiçoamento constitui o nosso
trabalho mais imediato e mais digno.
• Esqueçamos, por agora, o paraíso distante para ajudar na construção do nosso
próprio Céu.
• Interfiramos menos na regeneração dos outros
• e cogitemos mais de nosso_próprio_reajuste, perante a Lei do Bem Eterno, e,
servindo incessantemente com a nossa fé à vida que nos rodeia, a vida, por sua vez,
nos servirá, infatigável, convertendo a Terra em estação celestial de harmonia e luz
para o acesso de nosso espírito à Vida Superior.
[10 - página 159] - Emmanuel 1952

[10] ROTEIRO – 10a ed. - Francisco Cândido Xavier – ditado pelo espírito Emmanuel *

FUNÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA


Forçoso reconhecer, todavia, que a mediunidade, na essência, quanto a energia elétrica em si mesma, nada tem a
ver com osprincípios morais que regem os problemas do destino e do ser.
Dela podem dispor, pela espontaneidade com que se evidencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expressando-
se-lhe, desse modo, a necessidade de condução reta, quanto a força elétrica exige disciplina a fim de auxiliar.
Esse o motivo por que os Orientadores do Progresso sustentam a Doutrina_Espírita na
atualidade do mundo, por Chama Divina, cristianizando fenômenos e objetivos, caracteres e
faculdades, para que o Evangelho de Jesus seja de fato incorporado às relações humanas.
Como nas intervenções cirúrgicas em que tecidos são transplantados com êxito para melhoria das condições
orgânicas, é indispensável nos atenhamos ao impositivo das operações_mediúnicas pelas quais se efetuem proveitosas
enxertias psíquicas, com vistas à difusão do conhecimento superior.

[56 - página 132] - Uberaba-MG, 26/3/1958

[56] EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS - Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – André Luiz 20ª
edição. *
A convite de André_Luiz, os médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira receberam os
textos deste livro em noites de domingos e quartas-feiras, respectivamente nas cidades de
Pedro Leopoldo e Uberaba, Estado de Minas gerais, em 1958.
As páginas psicografadas por um e outro podem ser identificadas pela data característica de
cada texto.

2. Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de


peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces.
3.
- Conhecê-lo-eis pelos seus frutos.
Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças?

- Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz
maus frutos.
- Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não
pode produzir frutos bons.
- Toda árvore que não produz
bons frutos será cortada e lançada ao fogo.

- Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos.


(S. MATEUS, cap. VII, vv. 15 a 20.)
15 Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores.
16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos
espinheiros, ou figos dos abrolhos?
17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos
maus.
18 Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos
bons.
19 Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
 - Prodígios dos falsos profetas.
Podem resumir-se nos princípios seguintes os meios de se reconhecer a qualidade dos
Espíritos:
• Não há outro critério, senão o bom-senso, para se aquilatar do valor dos Espíritos.
Absurda será qualquer fórmula que eles próprios dêem para esse efeito e não poderá
provir de Espíritos superiores.
• Apreciam-se os Espíritos pela linguagem de que usam e pelas suas ações. Estas se
traduzem pelos sentimentos que eles inspiram e pelos conselhos que dão.
• Admitido que os bons Espíritos só podem dizer e fazer o bem, de um bom Espírito não
pode provir o que tenda para o mal.
• Os Espíritos superiores usam sempre de uma linguagem digna, lie, elevada, sem eiva de
trivialidade; tudo dizem com simplicidade e modéstia, jamais se vangloriam, nem se
jactam de seu saber, ou da posição que ocupam entre os outros. A
dosEspíritos_inferiores ou vulgares sempre algo refletem das paixões humanas. Toda
expressão que denote baixeza, pretensão, arrogância, fanfarronice, acrimônia, é indício
característico de inferioridade e de embuste, se o Espírito se apresenta com um nome
respeitável e venerado.
• Não se deve julgar da qualidade do Espírito pela forma material, nem pela correção do
estilo. É preciso sondar-lhe o íntimo, analisar-lhe as palavras, pesá-las friamente,
maduramente e sem prevenção. Qualquer ofensa à lógica, à razão e à ponderação não
pode deixar dúvida sobre a sua procedência, seja qual for o nome com que se ostente o
Espírito.
• A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos
quanto ao fundo. Os pensamentos são os mesmos, em qualquer tempo e em todo lugar.
Podem ser mais ou menos desenvolvidos, conforme as circunstâncias, as necessidades e
as faculdades que encontrem para se comunicar; porém, jamais serão contraditórios.
Se duas comunicações, firmadas pelo mesmo nome, se_mostram_em_contradição, uma
das duas é evidentemente apócrifa e a verdadeira será aquela em que nada desminta o
conhecido caráter da personagem. Sobre duas comunicações assinadas, por exemplo,
com o nome de São Vicente de Paulo, uma das quais propendendo para a união e a
caridade e a outra tendendo para a discórdia, nenhuma pessoa sensata poderá
equivocar-se.
• Os bons Espíritos só dizem o que sabem; calam-se ou confessam a sua ignorância sobre
o que não sabem. Os maus falam de tudo com desassombro, sem se preocuparem com a
verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom-senso, aponta
a fraude, desde que o Espírito se dê por ser um Espírito esclarecido.
• Reconhecem-se ainda os Espíritos levianos, pela facilidade com que predizem_o_futuro e
precisam fatos materiais de que não nos é dado ter conhecimento. Os bons Espíritos
fazem que as coisas futuras sejam pressentidas, quando esse pressentimento convenha;
nunca, porém, determinam datas. A previsão de qualquer acontecimento para uma época
determinada é indício de mistificação.
• Os Espíritos superiores se exprimem com simplicidade, sem prolixidade. Têm o estilo
conciso, sem exclusão da poesia das idéias e das expressões, claro, inteligível a todos,
sem demandar esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizer muitas coisas em
poucas palavras, porque cada palavra é empregada com exatidão. Os Espíritos inferiores,
ou falsos sábios, ocultam sob o empolamento, ou a ênfase, o vazio de suas idéias. Usam
de uma linguagem pretensiosa, ridícula, ou obscura, à força de quererem pareça
profunda.
• Os bons Espíritos nunca ordenam; não se impõem, aconselham e, se não são escutados,
retiram-se. Os maus são imperiosos; dão ordens, querem ser obedecidos e não se
afastam, haja o que houver. Todo Espírito que impõe trai a sua inferioridade. São
exclusivistas e absolutos em suas opiniões; pretendem ter o privilégio da verdade.
Exigem crença cega e jamais apelam para a razão, por saberem que a razão os
desmascararia.
• Os bons Espíritos não lisonjeiam; aprovam o bem feito, mas sempre com reserva. Os
maus prodigalizam exagerados elogios, estimulam o orgulho e a vaidade, embora
pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles a quem
desejam captar.
• Os Espíritos superiores desprezam, em tudo, as puerilidades da forma. Só os Espíritos
vulgares ligam importância a particularidades mesquinhas, incompatíveis com idéias
verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é sinal certo de inferioridade e de
fraude, da parte de um Espírito que tome um nome imponente.
• Deve-se desconfiar dos nomes singulares e ridículos, que alguns Espíritos adotam,
quando querem impor-se à credulidade; fora soberanamente absurdo tomar a sério
semelhantes nomes.
• Deve-se igualmente desconfiar dos Espíritos que com muita facilidade se apresentam,
dando nomes extremamente venerados, e não lhes aceitar o que digam, senão com
muita reserva. Aí, sobretudo, é que uma verificação severa se faz indispensável,
porquanto isso não passa muitas vezes de uma máscara que eles tomam, para dar a crer
que se acham em relações íntimas com os Espíritos excelsos. Por esse meio, lisonjeiam a
vaidade do médium e dela se aproveitam freqüentemente para induzi-lo a atitudes
lamentáveis e ridículas.
• Os bons Espíritos são muito escrupulosos no tocante às atitudes que hajam aconselhar.
Elas, qualquer que seja o caso, nunca deixam de objetivar um fim sério e eminentemente
útil. Devem, pois, ter-se por suspeitas todas as que não apresentam este caráter, ou
sejam condenáveis perante a razão, e cumpre refletir maduramente antes de tomá-las, a
fim de evitarem-se mistificações desagradáveis.
• Também se reconhecem os bons Espíritos pela prudente reserva que guardam sobre
todos os assuntos que possam trazer comprometimento. Repugna-lhes desvendar o mal,
enquanto que aos Espíritos levianos, ou malfazejos apraz pô-lo em evidência. Ao passo
que os bons procuram atenuar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram
e sopram a cizânia, por meio de insinuações pérfidas.
• Os bons Espíritos só prescrevem o bem. Máxima nenhuma, nenhum conselho, que se não
conformem estritamente com a puracaridade evangélica, podem ser obra de bons
Espíritos.
• Jamais os bons Espíritos aconselham senão o que seja perfeitamente racional. Qualquer
recomendação que se afaste da linha reta do bom-senso, ou
das leis_imutáveis_da_Natureza, denuncia um Espírito atrasado e, portanto, pouco
merecedor de confiança.
• Os Espíritos maus, ou simplesmente imperfeitos, ainda se traem por indícios materiais, a
cujo respeito ninguém se pode enganar. A ação deles sobre o médium é às vezes violenta
e provoca movimentos bruscos e intermitentes, uma agitação febril e convulsiva, que
destoa da calma e da doçura dos bons Espíritos.
• Muitas vezes, os Espíritos imperfeitos se aproveitam dos meios de que dispõem, de
comunicar-se, para dar conselhos pérfidos. Excitam a desconfiança e a animosidade
contra os que lhes são antipáticos. Especialmente os que lhes podem desmascarar as
imposturas são objeto da maior animadversão da parte deles. Alvejam os homens fracos,
para os induzir ao mal. Empregando alternativamente, para melhor convencê-los, os
sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até demonstrações materiais do poder oculto de
que dispõem, se empenham em desviá-los da senda da verdade.
• Os Espíritos dos que na Terra tiveram uma única preocupação, material ou morai, se se
não desprenderam da influência da matéria, continuam sob o império das idéias terrenas
e trazem consigo uma parte dos preconceitos, das predileções e mesmo das manias que
tinham neste mundo. Fácil é isso de reconhecer-se pela linguagem de que se servem.
• Os conhecimentos de que alguns Espíritos se enfeitam, às vezes, com uma espécie de
ostentação, não constituem sinal da superioridade deles. A inalterável pureza dos
sentimentos morais é, a esse respeito, a verdadeira pedra de toque.
• Não basta se interrogue um Espírito para conhecer-se a verdade. Precisamos, antes de
tudo, saber a quem nos dirigimos; porquanto, os Espíritos inferiores, ignorantes que são,
tratam frivolamente das questões mais sérias. Também não basta que um Espírito tenha
sido na Terra um grande homem, para que, no mundo espírita, se ache de posse da
soberana ciência. Só a virtude pode, purificando-o, aproximá-lo de Deus e dilatar-lhe os
conhecimentos.
• Da parte dos Espíritos superiores, o gracejo é muitas vezes fino e vivo, nunca, porém,
trivial. Nos Espíritos zombadores, quando não são grosseiros, a sátira mordaz é, não
raro, muito apropositada.
• Estudando-se cuidadosamente o caráter dos Espíritos que se apresentam, sobretudo do
ponto de vista moral, reconhecem-se-lhes a natureza e o grau de confiança que devem
merecer. O bom-senso não poderia enganar.
• Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso, primeiro, que cada um
saiba julgar-se a si mesmo. Muita gente há, infelizmente, que toma suas próprias
opiniões pessoais como paradigma exclusivo do bom e do mau, do verdadeiro e do falso;
tudo o que lhes contradiga a maneira de ver, a suas idéias e ao sistema que conceberam,
ou adotaram, lhes parece mau. A semelhante gente evidentemente falta a qualidade
primacial para uma apreciação sã: a retidão do juízo. Disso, porém, nem suspeitam. E o
defeito sobre que mais se iludem os homens.
Todas estas instruções decorrem da experiência e dos ensinos dos Espíritos.

[17b - página 333 item 267]


[17b]O LIVRO DOS MÉDIUNS – 62a ed. – Allan Kardec (GUIA DOS MÉDIUNS E DOS EVOCADORES) (Paris - 1861)
Ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, osmeios de comunicação com o
mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática
do Espiritismo. Constituindo o seguimento d’ O Livro dos Espíritos.
Estas duas obras, se bem a segunda constitua seguimento da primeira, são, até certo ponto, independentes uma da
outra.[página 16]
Os Espíritos a corrigiram, com particular cuidado. Como reviram tudo, aprovando-a, ou modificando-a à sua vontade,
pode dizer-se que ela é, em grande parte, obra deles. [página 16]

3. Tende cuidado para que alguém não vos seduza;


- porque muitos virão em meu nome, dizendo:
“Eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos.

Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas;


- e porque abundará a iniqüidade, a caridade de muitos esfriará.

- Mas aquele que perseverar até o fim se salvará.

Então, se alguém vos disser:


O Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente;
- porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão que farão
grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se
fosse possível, os próprios escolhidos.
(S. MATEUS, cap. XXIV, vv. 4, 5, 11 a 13, 23, e 24;

4 Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane.


5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos
enganarão.
6 E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos
perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o
fim.
7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e
haverá fomes e terremotos em vários lugares.
8 Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
9 Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de
todas as nações por causa do meu nome.
10 Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos
outros, e mutuamente se odiarão.
11 Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a
muitos;
12 e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
14 E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em
testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
15 Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de
desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda),
16 então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
17 quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,
18 e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa.
19 Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem
naqueles dias!
20 Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
21 porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve
desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
22 E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas
por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
23 Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não
acrediteis;
24 porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão
grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam
até os escolhidos.

S. MARCOS,
cap. XIII, vv. 5, 6, 21 e 22.)
4 Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando
todas elas estiverem para se cumprir?
5 Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos
engane;
6 muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão.
7 Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não
vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim.
8 Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá
terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio
das dores.
- Instruções dos Espíritos:

 -Os falsos profetas. -

Pouca importância ligamos à crença individual, que bem cedo tende a reformar-se, pois as suposições
feitas, no decurso da vida terrestre e defendidas até com veemência agressiva, são dissipadas como o
seria uma leve nuvem pela luz das esferas. Ocupamo-nos muito com os atos; não perguntamos:

• “Que crença tendes?”


• mas sim: “Que fazeis?”

Sabemos que os costumes, as disposições e os caracteres são formados pelas ações, que decidem
assim da condição dos seres; sabemos também que esses costumes e caracteres só podem ser mudados
depois de longa e laboriosa marcha progressiva. É pois para os atos, não para as palavras, para as
realidades, não para as profissões de fé, que olhamos. Ensinamos a religião do corpo e da
alma, religião pura, progressiva e verdadeira, que não pretende finalidade, mas faz o seu adepto subir a
altura cada vez mais vertiginosa; os amargores da Terra eliminam-se durante essa grandiosa ascensão,
onde a natureza espiritual apurada, elevada ao sublime, aperfeiçoada pela experiência_da_dor e
do trabalho, se apresenta gloriosamente pura diante do seu Deus. Nessa religião não há nem inércia,
nem indiferença. O tema de ordem do ensino espiritual é a boa-vontade leal e zelosa. Nada de evasiva às
conseqüências dos atos, pois tal fuga é impossível. A falta encerra o seu próprio castigo. Não achais
nessas instruções a doutrina que permite sobrecarregar com fardos que preparastes, mas deveis suportá-
los e o vosso espírito deve gemer sob o seu peso, pois cada um trabalha, sofre e expiapor si; os atos e
costumes têm muito mais importância que as crenças; nenhuma formalidade religiosa protege o espírito
maculado. Obtereis misericórdia quando tiverdes alcançado o arrependimento e
omelhoramento,_a_pureza_e_a_sinceridade,_a_verdade_e_o_progresso com a sua própria recompensa, e
então não precisareis implorar nem misericórdia nem piedade.
é essa a religião do corpo e do espírito, que proclamamos. Ela é de Deus, conforme sabereis em
breves e próximos dias. (Ver: Espiritismo)

[108 - página 181 / 182] - Médium: William Stainton Moses - (1839 - 1892)
108] ENSINOS ESPIRITUALISTAS - FEB - Obra mediúnica - William_Stainton_Moses (*05/11/1839 -
+05/9/1892) - Textos ditados pelo EspíritoImperator, por intermédio de um outro Espírito que lhe
servia de secretário, Rector, através da psicografia. *

4. Atribui-se comumente aos profetas o dom de adivinhar o futuro, de sorte


que as palavras profecia e predição se tornaram sinônimas.

No sentido evangélico, o vocábulo profeta tem mais extensa significação.


Diz-se de todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de
lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual.

Pode, pois, um homem ser profeta, sem fazer predições.


Aquela era a idéia dos judeus, ao tempo de Jesus.

Daí vem que, quando o levaram à presença do sumo-sacerdote Caifás, os


escribas e os anciães, reunidos, lhe cuspiram no rosto, lhe deram socos e
bofetadas, dizendo:
"Cristo, profetiza para nós e dize quem foi que te bateu.

" Entretanto, deu-se o caso de haver profetas que tiveram a presciência do


futura, quer por intuição, quer por providencial revelação, a fim de
transmitirem avisos aos homens.
Tendo-se realizado os acontecimentos preditos, o dom de predizer o futuro foi
considerado como um dos atributos da qualidade de profeta.

Prodígios dos falsos profetas


5. "Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas, que farão grandes
prodígios e coisas de espantar, a ponto de seduzirem os próprios escolhidos."

Estas palavras dão o verdadeiro sentido do termo prodígio.

Na acepção teológica, os prodígios e os milagres são fenômenos


excepcionais, fora das leis da Natureza.
Sendo estas, exclusivamente, obra de Deus, pode ele, sem dúvida, derrogá-
las, se lhe apraz; o simples bom senso, porém, diz que não é possível haja
ele dado a seres inferiores e perversos um poder igual ao seu, nem, ainda
menos, o direito de desfazer o que ele tenha feito.

Semelhante princípio não no pode Jesus ter consagrado.


Se, portanto, de acordo com o sentido que se atribui a essas palavras, o
Espírito do mal tem o poder de fazer prodígios tais que os próprios escolhidos
se deixem enganar, o resultado seria que, podendo fazer o que Deus faz os
prodígios e os milagres não são privilégio exclusivo dos enviados de Deus e
nada provam, pois que nada distingue os milagres dos santos dos milagres do
demônio.
Necessário, então, se torna procurar um sentido mais racional para aquelas
palavras.
Para o vulgo ignorante, todo fenômeno cuja causa é desconhecida passa por
sobrenatural, maravilhoso e miraculoso; uma vez encontrada a causa, reco-
nhece-se que o fenômeno, por muito extraordinário que pareça, mais não é
do que aplicação de urna lei da Natureza.
Assim, o círculo dos fatos sobrenaturais se restringe à medida que o da
Ciência se alarga.
Em todos os tempos, homens houve que exploraram, em proveito de suas
ambições, de seus interesses e do seu anseio de dominação, certos
conhecimentos que possuíam, a fim de alcançarem o prestígio de um
pseudopoder sobre-humano, ou de Lima pretendida missão divina.
São esses os falsos Cristos e falsos profetas.
A difusão das luzes lhes aniquila o crédito, donde resulta que o número deles
diminui à proporção que os homens se esclarecem.

O fato de operar o que certas pessoas consideram prodígios não constitui,


pois, sinal de uma missão divina, visto que pode resultar de conhecimento
cuja aquisição está ao alcance de qualquer um, ou de faculdades orgânicas
especiais, que o mais indigno não se acha inibido de possuir, tanto quanto o
mais digno.
O verdadeiro profeta se reconhece por mais sérios caracteres e
exclusivamente morais.

Não creais em todos os Espíritos


6. Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; experimentai se
os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm
levantado no mundo.
(S. JOÃO, Epístola 1ª, cap. IV, v. 1.)

7. Os fenômenos espíritas, longe de abonarem os falsos Cristos e os falsos


profetas, como a algumas pessoas aprazem dizer, golpe mortal desferem
neles. Não peçais ao Espiritismo prodígios, nem milagres, porquanto ele
formalmente declara que os não operam.
Do mesmo modo que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia
revelaram as leis do inundo material, ele revela outras leis desconhecidas, as
que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual, leis que,
tanto quanto aquelas outras da Ciência, são leis da Natureza.
Facultando a explicação de certa ordem de fenômenos incompreendidos até o
presente, ele destrói o que ainda restava do domínio do maravilhoso.
Quem, portanto, se sentisse tentado a lhe explorar em proveito próprio os
fenômenos, fazendo-se passar por messias de Deus, não conseguiria abusar
por muito tempo da credulidade alheia e seria logo desmascarado.
Aliás, como já se tem dito tais fenômenos, por si sós, nada provam: a missão
se prova por efeitos morais, o que não é dado a qualquer um produzir.
Esse um dos resultados do desenvolvimento da ciência espírita; pesquisando
a causa de certos fenômenos, de sobre muitos mistérios levanta ela o véu.
Só os que preferem a obscuridade à luz, têm interesse em combatê-la; mas, a
verdade é como o Sol: dissipa os mais densos nevoeiros.
O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos Cristos e de
falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os
desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e
pseudo- sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes
venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das
mais singulares e absurdas idéias. Antes que se conhecessem as relações
mediúnicas, eles atuavam de maneira menos ostensiva, pela inspiração, pela
mediunidade inconsciente, audiente ou falante.
É considerável o número dos que, em diversas épocas, mas, sobretudo,
nestes últimos tempos, se hão apresentado como alguns dos antigos
profetas, como o Cristo, como Maria, sua mãe, e até como Deus.
S. João adverte contra eles os homens, dizendo:
“Meus bem-amados, não acrediteis em todo Espírito; mas, experimentai se os
Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se tem levantado no
mundo.
" O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os
caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre
morais, nunca materiais (1).
É a maneira de se distinguirem dos maus os bons Espíritos que, principal-
mente, podem aplicar-se estas palavras de Jesus: “Pelo fruto é que se reco-
nhece a qualidade da árvore; uma árvore boa não pode produzir maus frutos,
e uma árvore má não os pode produzir bons."
Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela
qualidade dos seus frutos.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS


Os falsos profetas
8. Se vos disserem: "O Cristo está aqui", não vades; ao contrário, tende-vos
em guarda, porquanto numerosos serão os falsos profetas.

Não vedes que as folhas da figueira começam a branquear; não vedes os


seus múltiplos rebentos aguardando a época da floração; e não vos disse o
Cristo: Conhece-se a árvore pelo fruto?
Se, pois, são amargos os frutos, já sabeis que má é a árvore; se, porém, são
doces e saudáveis, direis:
“Nada que seja puro pode provir de fonte má."

É assim, meus irmãos, que deveis julgar; são as obras que deveis examinar.
Se os que se dizem investidos de poder divino revelam sinais de uma missão
de natureza elevada, isto é, se possuem no mais alto grau as virtudes cristãs
e eternas: a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia os
corações; se, em apoio das palavras, apresentam os atos, podereis então
dizer: Estes são realmente enviados de Deus.

Desconfiai, porém, das palavras melífluas, desconfiai dos escribas e dos


fariseus que oram nas praças públicas, vestidos de longas túnicas.

Desconfiai dos que pretendem ter o monopólio da verdade!


Não, não, o Cristo não está entre esses, porquanto os que ele envia para
propagar a sua santa doutrina e regenerar o seu povo serão, acima de tudo,
seguindo-lhe o exemplo, brandos e humildes de coração; os que hajam, com
os exemplos e conselhos que prodigalizem, de salvar a humanidade, que
corre para a perdição e pervaga por caminhos tortuosos, serão essêncial-
mente modestos e humildes.

De tudo o que revele um átomo de orgulho, fugi, como de uma lepra


contagiosa, que corrompe tudo em que toca.

Lembrai-vos de que cada criatura traz na fronte, mas principalmente nos atos,
o cunho da sua grandeza ou da sua inferioridade.

Ide, portanto, meus filhos bem-amados, caminhai sem tergiversações, sem


pensamentos ocultos, na rota bendita que tomastes.

Ide, ide sempre, sem temor; afastai, cuidadosamente, tudo o que vos possa
entravar a marcha para o objetivo eterno.

Viajores, só por pouco tempo mais estareis nas trevas e nas dores da
provação, se abrirdes o vosso coração a essa suave doutrina que vos vem
revelar as leis eternas e satisfazer a todas as aspirações de vossa alma
acerca do desconhecido.
Já podeis dar corpo a esses silfos ligeiros que vedes
passar nos vossos sonhos e que, efêmeros, apenas vos encantavam o
espírito, sem coisa alguma dizerem ao vosso coração.

Agora, meus amados, a morte desapareceu, dando lugar ao anjo radioso que
conheceis, o anjo do novo encontro e da reunião!

Agora, vós que bem desempenhado haveis a tarefa que o Criador confia às
suas criaturas, nada mais tendes de temer da sua justiça, pois ele é pai e
perdoa sempre aos filhos transviados que clamam por misericórdia.

Continuai, portanto, avançai incessantemente.


Seja vossa divisa a do progresso, do progresso contínuo em todas as coisas,
até que, finalmente, chegueis ao termo feliz da jornada, onde vos esperam
todos os que vos precederam.
- Luís. (Bordéus, 1861.)

 -Caracteres do verdadeiro profeta.

9. Desconfiai dos falsos profetas.


É útil em todos os tempos essa recomendação, mas, sobretudo, nos momen-
tos de transição em que, como no atual, se elabora uma transformação da
Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e intrigantes se
arvoram em reformadores e messias.
E contra esses impostores que se deve estar em guarda, correndo a todo
homem honesto o dever de desmascará-los.
Perguntareis, sem dúvida, como reconhecê-los.
Aqui tendes o que os assinala:
Somente a um hábil general, capaz de dirigi-lo, se confia o comando de um
exército.
Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens?
Ficai certos de que só confia missões importantes aos que ele sabe capazes
de cumpri-las, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esma-
gariam o homem carente de forças para carregá-los.
Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo;
para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são
precisos homens superiores em inteligência e em moralidade.
Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados,
que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem
superiores ao meio em que têm da atuar, nula lhes resultaria a ação.
Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de
justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo
resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se
diz portador.
Tirai também esta outra conseqüência: se, pelo seu caráter, pelas suas
virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se
apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que
um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que
escolheu.
Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si
mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chama-
dos pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os
inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado.
Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivi-
nhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como
enviados de Deus.
O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com
altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe
dêem crédito.
Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do
Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, hão
encontrado pessoas assaz crédulas que lhes crêem nas torpezas.
Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante a abrir os olhos do
mais cego, a de que se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu
poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora absurdo,
que houvesse degenerado.
Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não
tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o
tereis.
Possuem todas as suas virtudes os que se dão como sendo o Cristo?
Essa a questão:
Observai-os, perscrutai–lhes as idéias e os atos e reconhecereis que, acima
de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo; a humildade e a
caridade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha:
A cupidez e o orgulho.
Notai, ao demais, que neste momento há, em vários países, muitos
pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos S. João ou S.
Pedro e que não é absolutamente possível sejam verdadeiros todos.
Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a credulidade dos
outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.
Desconfiai, pois, dos falsos profetas, máxime numa época de renovação, qual
a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de Deus.
Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os
espera, podeis estar certos.
- Erasto. - (Paris, 1862.)

 - Os falsos profetas da erraticidade.

10. Os falsos profetas não se encontram unicamente entre os encarnados.


Há-os também, e em muito maior número, entre os Espíritos orgulhosos que,
aparentando amor e caridade, semeiam a desunião e retardam a obra de
emancipação da Humanidade, lançando-lhe de través seus sistemas
absurdos, depois de terem feito que seus médiuns os aceitem.

E, para melhor fascinarem aqueles a quem desejam iludir, para darem mais
peso às suas teorias, se apropria sem escrúpulo de nomes que só com muito
respeito os homens pronunciam.

São eles que espalham o fermento dos antagonismos entre os grupos, que os
impelem a isolarem-se uns dos outros e a olharem-se com prevenção.

Isso por si só bastaria para os desmascarar, pois, procedendo assim, são os


primeiros a dar o mais formal desmentido às suas pretensões.
Cegos, portanto, são os homens que se deixam cair em tão grosseiro embus-
te.
Mas, há muitos outros meios de serem reconhecidos.
Espíritos da categoria em que eles dizem achar-se têm de ser não só muito
bons, como também eminentemente racionais.

Pois bem: passai-lhes os sistemas pelo crivo da razão e do bom senso e vede
o que restará.
Convinde, pois, comigo, em que, todas as vezes que um Espírito indica, como
remédio aos males da Humanidade ou como meio de conseguir-se a sua
transformação, coisas utópicas e impraticáveis, medidas pueris e ridículas;
quando formula um sistema que as mais rudimentares noções da Ciência
contradizem, não pode ser senão um Espírito ignorante e mentiroso.

Por outro lado, crede que, se nem sempre os indivíduos apreciam a verdade,
esta é apreciada sempre pelo bom senso das massas, constituindo isso mais
um critério.

Se dois princípios se contradizem, achareis a medida do valor intrínseco de


ambos, verificando qual dos dois encontra mais ecos e simpatias.
Fora, com efeito, ilógico admitir-se que uma doutrina cujo número de adeptos
diminua progressivamente seja mais verdadeira do que outra que veja o dos
seus em continuo aumento.

Querendo que a verdade chegue a todos, Deus não a confina num círculo
acanhado:
fá-la surgir em diferentes pontos, a fim de que por toda a parte a luz esteja ao
lado das trevas.

Repeli sem condescendência todos esses Espíritos que se apresentam como


conselheiros exclusivos, pregando a separação e o insulamento.

São quase sempre Espíritos vaidosos e medíocres, que procuram impor-se a


homens fracos e crédulos, prodigalizando-lhes exagerados louvores, a fim de
os fascinar e de tê-los dominados.

São, geralmente, Espíritos sequiosos de poder e que, déspotas públicos ou


nos lares, quando vivos, ainda querem vitimas para tiranizar depois de terem
morrido.
Em geral, desconfiai das comunicações que trazem um caráter de misticismo
e de singularidade, ou que prescrevem cerimônias e atos extravagantes.

Há sempre, nesses casos, motivo legítimo de suspeição.


Estai certos, igualmente, de que quando uma verdade tem de ser revelada
aos homens, é, por assim dizer, comunicada instantaneamente a todos os
grupos sérios, que dispõem de médiuns também sérios, e não a tais ou quais,
com exclusão dos outros.

Nenhum médium é perfeito, se está obsidiado; e há manifesta obsessão


quando um médium só é apto a receber comunicações de determinado
Espírito, por mais alto que este procure colocar-se.

Conseguintemente, todo médium e todo grupo que considerem privilégio seu


receber as comunicações que obtêm e que, por outro lado, se submetem a
práticas que tendem para a superstição, indubitavelmente se acham presas
de uma obsessão bem caracterizada, sobretudo quando o Espírito dominador
se pavoneia com um nome que todos, encarnados e desencarnados, devem
honrar e respeitar e não permitir seja declinado a todo propósito.
É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os
dados e todas as comunicações dos Espíritos, fácil se torna rejeitar a absurdi-
dade e o erro,
Pode um médium ser fascinado, e iludido um grupo; mas, a verificação severa
a que procedam os outros grupos, a ciência adquirida, a alta autoridade moral
dos diretores de grupos, as comunicações que os principais médiuns
recebam, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos,
justiçarão rapidamente esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de
uma turba de Espíritos mistificadores ou maus.
- Erasto, discípulo de São Paulo. (Paris, 1862,)
(Veja-se, na "Introdução", o parágrafo II: Verificação universal do ensino dos
Espíritos.
- O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII, Da obsessão.)

 - Jeremias e os falsos profetas.

Jeremias e os falsos profetas


11. Eis o que diz o Senhor dos Exércitos:
Não escuteis as palavras dos profetas que vos profetizam e que vos
enganam.
Eles publicam as visões de seus corações e não o que aprenderam da
boca do Senhor.

- Dizem aos que de mim blasfemam:


O Senhor o disse, tereis paz; e a todos os que andam na corrupção de
seus corações:
Nenhum mal vos acontecerá.

- Mas, qual dentre eles assistiu ao conselho de Deus?


Qual o que o viu e escutou o que ele disse?

- Eu não enviava esses profetas; eles corriam por si mesmos; eu


absolutamente não lhes falava; eles profetizavam de suas cabeças.

- Eu ouvi o que disseram esses profetas que profetizavam a mentira em


meu nome, dizendo:
Sonhei, sonhei.
- Até quando essa' imaginação estará no coração dos que profetizam a
mentira e cujas profecias não são senão as seduções do coração deles?
Se, pois, este povo, ou um profeta, ou um sacerdote vos interrogar e
disser:
Qual o fardo do Senhor?
dir-lhe-eis:
vós mesmos sois o fardo e eu vos lançarei bem longe de mim, diz o
Senhor.
(JEREMIAS, cap. XXIII, vv. 16 a 18, 21, 25, 26 e 33.)

É dessa passagem do profeta Jeremias que quero tratar convosco, meus


amigos.
Falando pela sua boca, diz Deus:
"É a visão do coração deles que os faz falar."

Essas palavras claramente indicam que, já naquela época, os charlatães e os


exaltados abusavam do dom de profecia e o exploravam.
Abusavam, por conseguinte, da fé simples e quase cega do povo, predizendo,
por dinheiro, coisas boas e agradáveis.

Muito generalizada se achava essa espécie de fraude na nação judia, e fácil é


de compreender-se que o pobre povo, em sua ignorância, nenhuma
possibilidade tinha de distinguir os bons dos maus, sendo sempre mais ou
menos ludibriado pelos pseudo-profetas, que não passavam de impostores ou
fanáticos.

Nada há de mais significativo do que estas palavras:


“Eu não enviei esses profetas e eles correram por si mesmos;
não lhes falei e eles profetizaram."
Mais adiante, diz:
"Eu ouvi esses profetas que profetizavam a mentira em meu nome, dizendo:
Sonhei, sonhei.
" Indicava assim um dos meios que eles empregavam para explorar a
confiança de que eram objeto.

A multidão, sempre crédula, não pensava em lhes contestar a veracidade dos


sonhos, ou das visões; achava isso muito natural e constantemente os convi-
dava a falar.
Após as palavras do profeta, escutai os sábios conselhos do apóstolo
S. João, quando diz:

"Não acrediteis em todo Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus",

porque, entre os invisíveis, também há os que se comprazem em iludir, se


lhes depara ocasião.

Os iludidos são, está-se a ver, os médiuns que se não precatam bastante.


Aí se encontra, é fora de toda dúvida, um dos maiores escolhos em que
muitos funestamente esbarram, mormente se são novatos no Espiritismo.
É-lhes isso uma prova de que só com muita prudência podem triunfar.
Aprendei, pois, antes de tudo, a distinguir os bons e os maus Espíritos, para,
por vossa vez, não vos tornardes falsos profetas.
- Luoz, Espírito Protetor. (Carlsruhe, 1861.)

O ORIENTE E O OCIDENTE - CRISTIANISMO

No século IV, a distinção entre a massa dos fiéis e o clero, fortemente


hierarquizado, encontrava-se bem estabelecida.
Em princípio, o povo cristão elegia seus bispos, mas de modo geral essa
escolha era orientada pelo clero, sobretudo em Roma ou pelos bispos de uma
mesma província ou região.
Apesar das constantes disputas entre as várias igrejas ocidentais e orientais,
já o Concílio de Nicéia atribuía uma autoridade "supermetropolitas" aos
bispados de Roma, Alexandria e Antioquia, os mais vastos e influentes.
Com a fundação de Constantinopla, o bispo da nova capital tornou-se dono
de um primado de honra, "imediatamente abaixo do bispo de Roma",
recebendo o título de "patriarca ecumênico", através do qual detinha a
liderança do Oriente, não sem protestos do primaz de Roma.
A transferência de residência imperial fortaleceu, na prática, a autoridade do
prelado da antiga capital, enquanto em Constantinopla o imperador cerceava
a autonomia do bispo local.
Por outro lado, a primazia de Roma era devida à própria idéia do Império, na
medida em que a tradição gloriosa da velha capital simbolizava o poderio do
Estado. Já nos concílios ecumênicos, o bispo romano e seus legados
ocupavam o lugar de honra. E, em 378, um decreto imperial confirmava ao
prelado de Roma o poder judiciário sobre todos os metropolitas do Ocidente.
Na mesma época, as cartas pastorais romanas assumiram um estilo
semelhante à linguagem jurídica das leis civis e passaram a se chamar
decretales.
Um sínodo da capital declarava, ao mesmo tempo: "A Igreja Romana não se
colocou acima das demais por decisões de concílios, mas obteve sua
primazia pela palavra do nosso Salvador no Evangelho: 'Tu és Pedro, e sobre
essa pedra edificarei a minha Igreja'".
Na verdade, tal exigência se acentuou paulatinamente, na medida em que as
dificuldades políticas da Igreja obrigavam-na a se organizar
monarquicamente. A fórmula de uma autoridade superior tornava-se eficaz e
necessária para a preservação da unidade eclesiástica, incessantemente
abalada por disputas de supremacia ou controvérsias doutrinais.
O esforço de coesão interna complementou-se na promoção de reuniões
conciliares, que caracterizaram todo o século IV, não obstante acontecerem já
desde o século II. Havia sínodos nacionais, provinciais e diocesanos, e em
certas ocasiões os bispos se habituavam a reuniões anuais e mesmo duas
vezes por ano.
O Concílio Ecumênico de Nicéia, em 325, e o de Constantinopla, em 381,
marcaram duas datas importantes na consolidação da ortodoxia e na busca
de unificação da cristandade universal.
Os concílios significavam a primazia do episcopado sobre cada bispo e uma
garantia de forma coletiva de governo eclesiástico. Discutiam-se as questões
mais diversas resolvendo-se dificuldades através de decretos relativos à
doutrina (dogmas e símbolos) ou à constituição eclesiástica, à disciplina e ao
culto (cânones).
Com o advento de Constantino, os sínodos, ecumênicos ou regionais,
tornaram-se também imperiais, pois interessavam ao Estado.
Os Monarcas podiam convocá-los, dissolvê-los ou transferi-los. Convidados
sempre à aprovação de todas as decisões, acabavam por transformá-las em
leis obrigatórias para os cidadãos do Império.
Constantino, não obstante conceder privilégios ao Cristianismo, adotava
uma política tolerante, proibindo apenas os auspícios pagãos (adivinhações
pelas entranhas de animais), tornados suspeitos de subversão.
Os cultos antigos continuavam arraigados em grande parte da população,
sobretudo no Ocidente e nos campos.
Sua força consolidava-se entretanto nas classes politicamente mais
influentes--o Exército, os intelectuais e as famílias patrícias de Roma, que
possuíam grande riqueza e impunham os altos funcionários estatais.
Mas o Cristianismo afirmou-se com a fundação de Constantinopla que,
tornada capital do Império do Oriente, assumiu caráter essencialmente
cristão, por estar alheia às tradições romanas.
Os sucessores imediatos de Constantino, por sua vez, adotaram tratamento
mais rigoroso frente aos pagãos, com a proibição dos sacrifícios antigos e
fechamento de seus templos, sob pena de morte e seqüestro de bens.
Só temporariamente o Cristianismo perdeu a primazia, quando Juliano, o
Apóstata, tentou oficializar novamente os cultos antigos.
Depois dele, vários imperadores cristãos proclamaram sucessivos decretos
de tolerância.
A partir de 382, sob Graciano, suspenderam-se as contribuições estatais
para o culto pagão confiscaram-se as terras de seus templos e limitaram-se
as imunidades sacerdotais, fatos que debilitaram economicamente a força das
religiões antigas. Além disso retirou-se do Senado o altar da deusa Vitória,
sob protestos dos lies que constituíam a minoria senatorial pagã. Com o
advento de Teodósio no Oriente, impôs-se o Símbolo de Nicéia como norma
religiosa: os povos do Império deviam professar a "fé do apóstolo Pedro".
Preocupado com as conversões de cristãos ao paganismo o mesmo
imperador privou os apóstatas de seus direitos civis e políticos.
Graças sobretudo as pressões do bispo Ambrósio de Milão Teodósio tornou-
se ainda mais severo e, juntamente com Valentiniano Il (do Ocidente), proibiu,
em 391, os sacrifícios a visita aos templos e a decoração de estátuas pagãs
em Roma e no Egito. Sob a liderança do bispo local, o povo cristão de
Alexandria destruiu ou se apossou de templos pagãos, gerando violentos
distúrbios.
Ao tomar o poder também no Ocidente, Teodósio julgou como alta traição os
cultos cruentos e proibiu-os, mesmo em residências particulares.
Destruíram-se os templos rurais, para pressionar a população
camponesa e condenaram-se à fogueira os escritos anticristãos de Porfírio.
Daí por diante, ser pagão significava estar fora da lei.
O Cristianismo ortodoxo conseguira tornar-se a única religião legal do Estado.
RESUMO EXTRAIDO DA PUBLICAÇÃO DA ABRIL CULTURAL - "AS
GRANDES RELIGIÕES "

O ISLAMISMO
Antes da fundação do Papado, em 607, as forças espirituais se viram
compelidas a um grande esforço no combate contra as sombras que
ameaçavam todas as consciências.
Muitos emissários do Alto tomam corpo entre as falanges católicas no intuito
de regenerar os costumes da Igreja.
Embalde, porém, tentam operar o retorno de Roma aos braços do Cristo,
conseguindo apenas desenvolver o máximo de seus esforços no penoso
trabalho de arquivar experiências para as gerações vindouras.

Numerosos Espíritos reencarnam com as mais altas delegações do plano


invisível. Entre esses missionários, veio aquele que se chamou Maomet, ao
nascer em Meca no ano 570.
Filho da tribo dos Coraixitas, sua missão era reunir todas as tribos árabes
sob a luz dos ensinos cristãos, de modo a organizar-se na Ásia um
movimento forte de restauração do Evangelho do Cristo, em oposição aos
abusos romanos, nos ambientes da Europa.
Maomet, contudo, pobre e humilde no começo de sua vida, que deveria ser
de sacrifício e exemplificação, torna-se rico após o casamento com Khadidja e
não resiste ao assédio dos Espíritos da Sombra, traindo lies obrigações
espirituais com as suas fraquezas.
Dotado de grandes faculdades mediúnicas inerentes ao desempenho dos
seus compromissos, muitas vezes foi aconselhado por seus mentores do Alto,
nos grandes lances da sua existência, mas não conseguiu triunfar das
inferioridades humanas.
É por essa razão que o missionário do Islã deixa entrever, nos seus ensinos,
flagrantes contradições.
A par do perfume cristão que se evola de muitas das suas lições, há um
espírito belicoso, de violência e de imposição; junto da doutrina fatalista
encerrada no Alcorão, existe a doutrina da responsabilidade individual,
divisando-se através de tudo isso uma imaginação superexcitada pelas forças
do bem e do mal, num cérebro transviado do seu verdadeiro caminho.
Por essa razão o Islamismo, que poderia representar um grande movimento
de restauração do ensino de Jesus, corrigindo os desvios do Papado
nascente, assinalou mais uma vitória das Trevas contra a Luz e cujas raízes
era necessário extirpar.
[52 pág. 149]
AS GUERRAS DO ISLÃ
Maomet, nas recordações do dever que o trazia à Terra, lembrando os
trabalhos que lhe competiam na Ásia, a fim de regenerar a Igreja para Jesus,
vulgarizou a palavra "infiel", entre as várias famílias do seu povo, designando
assim os árabes que lhe, eram insubmissos, quando a expressão se aplicava,
perfeitamente, aos sacerdotes transviados do Cristianismo.

Com o seu regresso ao plano espiritual, toda a Arábia estava submetida à sua
doutrina, pela força da espada; e todavia os seus continuadores não se deram
por satisfeitos com semelhantes conquistas.
Iniciaram no exterior as guerras santas", subjugando toda a África
setentrional, no fim do século VII. Nos primeiros anos do século imediato,
atravessaram o estreito de Gibraltar, estabelecendo-se na Espanha, em vista
da escassa resistência dos visigodos atormentados pela separação, e
somente não seguiram caminho além dos Pirineus porque o plano espiritual
assinalara um limite às suas operações, encaminhando Carlos Martel para as
vitórias de 732.
[52 pág. 151]
[52] A CAMINHO DA LUZ Francisco Cândido Xavier – ditado pelo espírito Emmanuel, 22ª edição
História da Civilização à Luz do Espiritismo (Psicografado no período de 17 de agosto a 21 de
setembro de 1938) *

AS PRIMEIRAS CRUZADAS

Reportando-nos ao século XI, as Cruzadas nos merecem especial


referência, dados os seus movimentos, característicos da época. Desde
Constantino que os lugares santos da Palestina haviam adquirido
considerável importância para a Europa ocidental. Milhares de peregrinos
visitavam anualmente a paisagem triste de Jerusalém, identificando os
caminhos da Paixão de Jesus, ou os traços da vida dos Apóstolos.
Enquanto dominavam na região os árabes de Bagdá ou do Egito, as
correntes do turismo católico podiam buscar, sem receio, as paragens
sagradas; mas a Jerusalém do século XI havia caído sob o poder dos turcos,
que não mais toleraram a presença dos cristãos, expulsando-os dali com a
máxima crueldade.
Semelhantes medidas provocam os protestos de todo o mundo católico
do Ocidente e, no fim do referido século, preparam-se as primeiras cruzadas
em busca da vitória contra o infiel. A primeira expedição que saiu dos centros
mais civilizados, sob o comando de Pedro, o Eremita, não chegou a ausentar-
se da Europa, dispersada que foi pelos búlgaros e húngaros. Todavia, em
1096, Godofredo de Bouillon com seus irmãos e Tancredo de Siracusa e
outros chefes, depois de se reunirem em Constantinopla, demandaram
Nicéia, com um exército de 500.000 homens.
Depois da presa de Nicéia, apoderaram-se de Antioquia, penetrando em
Jerusalém com a palma do triunfo. Ali quiseram presentear Godofredo de
Bouillon com a coroa de rei, mas o duque da Baixa Lorena parecia rever o
vulto luminoso do Senhor do Mundo, cuja fronte fora aureolada com a coroa
de espinhos, e considerou sacrilégio o colocarem-lhe nas mãos um cetro de
ouro, quando o Cristo tivera, tão-somente, nas mãos augustas e
compassivas, uma cana ignominiosa. Depois de muita relutância, aceitou
apenas o título de "defensor do Santo Sepulcro", organizando-se logo em
seguida as ordens religiosas de caráter exclusivamente militar, como a dos
Templários e a dos Hospitalários.
Os turcos, porém, não descansaram. Depois de muitas lutas,
apossaram-se de Edessa, obrigando o papa Eugênio III a providenciar a
segunda Cruzada, que, chefiada por Luís VII da França e Conrado III da
Alemanha, teve os mais desastrosos efeitos.

[52 - página 163]

FIM DAS CRUZADAS

Em fins do século XII Jerusalém cai em poder de Saladino. Os príncipes


cristãos do Ocidente preparam-se para a terceira Cruzada, assinalando-se as
vitórias de S. João d'Acre. As lutas no Oriente sucederam-se anos a fio
como furacões periódicos e devastadores. A Palestina possuía, até então, os
seus recantos maravilhosos de verdura abundante. A Galiléia era um vasto
jardim, cheio de perfume e de flores. Mas tantos foram os embates dos
exércitos inimigos, tantas as lutas de extermínio e de ambição, que a própria
Natureza pareceu maldizer para sempre os lugares que mereciam o amor e o
carinho dos homens.
As últimas Cruzadas foram dirigidas por Luís IX, o rei santo de França
que, depois da tomada de Damieta, caiu em poder dos inimigos, pagando
fabuloso resgate e vindo a desprender-se da vida terrestre em 1270, defronte
de Túnis, vitimado pela peste.
Os mensageiros de Jesus, que de todos os acontecimentos sabem
extrair os fatores da evolução humana para o bem, buscam aproveitar a
utilidade desses acontecimentos dolorosos. Foi por essa razão que as
Cruzadas, não obstante o seu caráter anticristão, fizeram-se acompanhar de
alguns benefícios de ordem econômica e social para todos os povos.
Na Europa a sua influência foi regeneradora, enfraquecendo a tirania dos
senhores feudais e renovando a solução dos problemas da propriedade,
conjurando muitas lutas isoladas. Além disso, os seus movimentos
intensificaram, sobremaneira, as relações do Ocidente com o Oriente, apenas
paralisadas mais tarde, em vista da ferocidade dos turcos e dos invasores
mongóis.

[52 - página 165]

O ESFORÇO DOS EMISSÁRIOS DO CRISTO

No Infinito, reúnem-se os emissários do Divino Mestre, em assembléias


numerosas, sob a égide do seu pensamento misericordioso, organizando
novos trabalhos para a evolução geral de todos os povos do planeta.
Lamentam a inabilidade de muitos missionários do bem e do amor, que,
partindo dos Espaços, saturados dos melhores e mais santos propósitos,
experimentam no orbe a traição das próprias forças, influenciados pela
imperfeição rude do meio a que foram conduzidos.
Muitos deles se deixavam deslumbrar pelas riquezas efêmeras,
mergulhando no oceano das vaidades dominadoras, estacionando nos
caminhos evolutivos, e outros, como Luís IX, de França, excediam-se no
poder e na autoridade, cometendo atos de quase selvajaria, cumprindo os
seus sagrados deveres espirituais com poucos benefícios e amplos prejuízos
gerais para as criaturas.
Mas, compelidas pelas leis do amor que regem o Universo, essas
entidades compassivas jamais negaram do Alto o seu desvelado concurso a
favor do progresso dos povos, procurando aperfeiçoar as almas e guiando os
missionários do Cristo através dos mais espinhosos caminhos.

[52 - página 166]

POBREZA INTELECTUAL

No século XIII estava definitivamente instalado o governo real,


desaparecendo as mais fortes expressões do feudalismo. Cada região
européia tratava de concatenar todos os elementos precisos à organização de
sua unidade política, mas a verdade é que os meios escassos de instrução
não permitiam uma existência intelectual mais avançada.
Os Estados que se levantavam, organizavam as suas construções à
sombra da Igreja, que tinha interesse em não dilatar os domínios da educação
individual, receosa de interpretações que não fossem propriamente dela. Os
pergaminhos custavam verdadeiras fortunas e o livro era dificilmente
encontrado. Até o século XII as escolas estavam circunscritas ao ambiente
dos mosteiros, onde muitos padres se ocupavam de avivar a letra dos
manuscritos mais antigos, produzindo outros para a posteridade. A Ciência,
cuja linha ascensional guarda o seu ponto de princípio na curiosidade ou na
dúvida, bem como a Filosofia, que se constitui das mais altas indagações
espirituais, estavam totalmente escravizadas à Teologia, então senhora
absoluta de todas as atividades do homem, com poderes de vida e morte
sobre as criaturas, considerando-se os direitos absurdos do Tribunal da
Inquisição, depois do século XIII, quando, sob a inspiração do Alto, já se
haviam fundado universidades importantes como as de Paris e de Bolonha,
que serviram de modelo às de Oxford, Coimbra e Salamanca.

[52 - página 167]

RENASCIMENTO
A esse tempo opera-se um verdadeiro renascimento na vida intelectual
dos povos mais evolvidos do mundo europeu.
A universidade se constituía de quatro faculdades:
Teologia,
Medicina,
Direito
e Artes
Reunindo milhares de inteligências ávidas de ensino, que seriam os
grandes elementos de preparação do porvir. Rogério Bacon, franciscano
inglês, notável por seus estudos e iniciativas, é um dos pontos culminantes
dessa renascença espiritual. A Igreja, contudo, proibindo o exame e a
livre_opinião, prejudicou esse surto evolutivo, máxime no capítulo da
Medicina, que, desprezando a observação atenta de todos os fatos, se
entregou à magia, com sérios prejuízos para as coletividades.
Favorecida pela necessidade dos panoramas imponentes do culto
externo da religião e pela fortuna particular, a Arquitetura foi a mais cultivada
de todas as artes, em vista das grandes e numerosas construções então em
voga. Com a influência indireta dos Guias espirituais dos vários
agrupamentos de povos, consolidam-se as expressões lingüísticas de cada
país, formando-se as grandes tradições literárias de cada região.

[52 - página 168]

TRANSMIGRAÇÃO DE POVOS

É então que inúmeros mensageiros de Jesus, sob a sua orientação,


iniciam largo trabalho de associação dos Espíritos, de acordo com as
tendências e afinidades, a fim de formarem as nações do futuro, com a sua
personalidade coletiva. A cada uma dessas nacionalidades seria cometida
determinada missão no concerto dos povos futuros, segundo as
determinações sábias do Cristo, erguendo-se as bases de um mundo novo,
depois de tantos e tão continuados desastres da fraqueza humana.
Constroem-se os alicerces dos grandes países como:
A Inglaterra, que, em 1258, organiza os Estatutos de Oxford, limitando os
poderes de Henrique III, e em 1265 erige a Câmara dos Comuns, onde a
burguesia e as classes menos favorecidas têm a palavra com a Câmara dos
Lordes,
A Itália prepara-se para a sua missão de latinidade,
A Alemanha se organiza,
A Península Ibérica é imensa oficina de trabalho,
e a França ensaia os passos definitivos para a sabedoria e para a beleza.
A atuação do mundo espiritual proporciona à história humana a perfeita
caracterização da alma coletiva dos povos. Como os indivíduos, as
coletividades também voltam ao mundo pelo caminho da reencarnação.
É assim que vamos encontrar antigos fenícios na Espanha e em Portugal,
entregando-se de novo às suas predileções pelo mar.
Na antiga Lutécia, que se transformou na famosa Paris do Ocidente, vamos
achar a alma ateniense nas suas elevadas indagações filosóficas e
científicas, abrindo caminhos claros ao direito dos homens e dos povos.
Andemos mais um pouco e acharemos na Prússia o espírito belicoso de
Esparta, cuja educação defeituosa e transviada construiu o espírito detestável
do pangermanismo na Alemanha da atualidade.
Atravessemos a Mancha e deparar-se-nos-á na Grã-Bretanha a edilidade
romana, com a sua educação e a sua prudência, retomando de novo as
rédeas perdidas do Império Romano, para beneficiar as almas que
aguardaram, por tantos séculos, a sua proteção e o seu auxílio.
[52 - página 168]
FIM DA IDADE MEDIEVAL

Do plano invisível e em todos os tempos, os Espíritos abnegados


acompanharam a Humanidade em seus dias de martírio e glorificação,
lutando sempre pela paz e pelo bem de todas as criaturas.
Referindo-nos, de escantilhão, à nobre figura de Joana d'Arc, que
cumpriu elevada missão adstrita aos princípios de justiça e de fraternidade na
Terra, e às guerras dolorosas que assinalaram o fim da idade medieval,
registramos aqui, que, com as conquistas tenebrosas de Gêngis Khan e de
Tamerlão e com a queda de Constantinopla, em 1453, que ficou para sempre
em poder dos turcos, verificava-se o término da época medieval.
Uma nova era despontava para a Humanidade terrestre, com a
assistência contínua do Cristo, cujos olhos misericordiosos acompanham a
evolução dos homens, lá dos arcanos do Infinito.

[52 - página 170]


52] A CAMINHO DA LUZ Francisco Cândido Xavier – ditado pelo espírito Emmanuel, 22ª edição
História da Civilização à Luz do Espiritismo (Psicografado no período de 17 de agosto a 21 de
setembro de 1938) *

A MEDICINA DA Fé DE PARACELSUS E A PSICONEUROIMUNOLOGIA DA


CIêNCIA ATUAL.

Filomena Maria Perrella Balestieri


Profa. Dra. DFP/LTF - UFPB
“Que teu coração não tenha vaidade em razão de quanto conheces.
Busca conselho tanto junto ao ignorante quanto junto ao sábio,
Pois os limites da arte são inatingíveis.
E não existe artesão que tenha atingido a perfeição”
Ptah-Hotep – Egito Antigo

“O teu olho é a lucerna do teu corpo.


Se o teu olho for são todo o teu o corpo será luz.”
Jesus Cristo, Evangelho de São Mateus

Como o médico pode conhecer o homem,


no qual todo o céu e a terra estão presentes,
se não conhece o firmamento, os elementos e nem o mundo?
Paracelsus (1493-1541)

Ptah-Hotep, Jesus_Cristo e Paracelsus chamam-nos a atenção para a


necessidade de sermos abertos ao conhecimento. O conhecimento que floresce
da observação e que da forma abstrata, inconsciente vai se tornando concreto,
consciente. O homem sempre esteve diante do grande enigma do significado da
Vida e da Morte. Às margens do Nilo, do Tigre e do Eufrates, do Indo ou do Rio
Amarelo na Antiguidade ou nas cidades européias da Idade Média, homens e
mulheres nos deixaram obras que retratam a relação que estabeleciam entre
a saúde e a fé. A história nos mostra o longo caminho trilhado, desde o Egito
Antigo até os nossos dias, para que pudéssemos entender este comportamento
dos nossos antepassados frente às doenças. A fé em Deus ou deuses e o medo
dos demônios sempre esteve relacionado ao homem e às doenças. Hoje, após
mais de 5000 anos de história da civilização humana, podemos entender
cientificamente que a postura destes homens, muitas vezes anônimos, tem um
significado concreto.
Ao longo da história, associado a um saber prático que levou à ciência
de cada época, o homem sempre conviveu com a crença nos Deuses, nas
orações, nas ervas, nos curandeiros. Analisada à distância de tantos séculos e à
luz dos nossos conhecimentos, a relação da fé com a cura_das_doenças,
muitas vezes, nos parece ser proveniente do conhecimento de algo que se
manifestava de forma inconsciente. Conhecimento, muitas vezes, de cunho
mitológico, que estes homens e mulheres deixaram impressos em papiros ou
em belos monumentos talhados na pedra e que hoje, comprovados com
sofisticadas técnicas laboratoriais, são retratados nos artigos de publicação
científica. Da pura poesia de uma emoção revelada em obras de arte
monumentais, passamos hoje à utilização prática e quase que definitivamente
comprovada da importância da fé e de várias emoções na cura ou
no desencadeamento_das_doenças. Poderíamos dizer, que hoje, através da
ciência estamos podendo comprovar a importância dos sentimentos que o
homem sempre expressou aos seus Deuses, externos ou internos. Infelizmente
fomos e continuamos, muitas vezes, a ser, como sociedade, homens e
mulheres de pouca fé porque muitos daqueles que lutaram sem provas
científicas por estes valores foram, e continuam sendo, exterminados de forma
trágica.
Paracelsus apresenta-se como a principal figura neste cenário porque,
neste milênio, ele concentra na prática e na teoria, todo um amplo
conhecimento sobre os fatores que podem interferir na saúde, inclusive, a fé.
Através de seu gênio irreverente e questionador, ele expressou, de forma
complexa a nossos olhos contemporâneos, a síntese do conhecimento médico
adquirido pelos nossos antepassados da Antiguidade e da Idade Média.

A primeira imagem no Egito.

A primeira imagem preservada no tempo, que nos revela esta relação entre o
homem e a fé para a cura de seus males, é vista num monumento do período
entre a 18a e a 20a dinastia (entre 1567 e 1085 a.C.). Um porteiro de
nome Ruma se dirige à deusa Istar (originariamente síria, mas venerada
também no Egito) para obter a cura de uma enfermidade que o deixou todo
deformado (provavelmente poliomielite). A crença não era só a de que os
deuses curavam as doenças como também as causava, e estas eram afastadas
através deexorcismos e da utilização de excrementos. A deusa Sakhmet,
representada por uma leoa, era uma das principais responsáveis
pelas doenças e mortes.
As doenças além de serem causadas por deuses maldosos também
podiam ocorrer pelo abandono do Deus protetor, como fica evidente na carta de
um pintor cego da época de Ramsés II, dirigida a seu filho:

• “... Não me deixe. Vivo desesperado... Vivo na escuridão. O deus Amon


me deixou. Traga-me mel e gordura para os meus olhos... e a legítima
maquilagem dos olhos, logo que for possível. ...”.

Associada ao culto dos Deuses, a medicina egípcia também se desenvolveu


tecnicamente. No papiro de Smith, um manual de cirurgia do período de 2500-
2000 a.C., estão descritas inúmeras enfermidades, em associação com os seus
respectivos diagnósticos, prognósticos e prescrições terapêuticas. No papiro de
Ebers, foram decifrados os nomes de espécies vegetais (associados com a
forma de preparação dos remédios) que ainda hoje são usadas no tratamento
de várias enfermidades:

• zimbro,
• romã,
• linhaça,
• erva-doce,
• folhas do sene,
• rícino,
• alho,
• papoula dentre outras.

Além das plantas, os egípcios também utilizavam minerais tais como:

• o cobre,
o alabastro,

o magnésio,

• o salitre
• e até o antimônio. Atualmente, alguns destes minerais têm sido utilizados
na oligoterapia.

Acreditava-se que os gregos haviam sido os primeiros a criar templos de cura,


no entanto, através dos papiros descobriu-se que os egípcios levavam as
pessoas para templos, onde por meio de rituais e sonoterapia, os médicos-
sacerdotes e os deuses específicos para cada um dos males participavam no
tratamento destes pacientes. Os doentes eram transportados em estado de
transe e de sono artificial pelo consumo de ópio e pensavam poder entrar em
contato com o deus curador, sentindo-se curados de fato, ou pelo menos, por
sugestão.

Na Babilônia.

Na Mesopotâmia existiam também duas medicinas, que sobreviveram


paralelamente durante toda a história do país:

• a dos médicos
• e a dos magos.

Para os habitantes desta região, as doenças eram manifestações do sofrimento,


oriundas de tudo o que impede que se estabeleça um estado de felicidade. Os
causadores do “mal de sofrimento” eram os demônios que eram exocirzados,
através de rituais solenes, pelo esconjurador (dos males) ou pelo purificador
(das máculas responsáveis pelas doenças). Quando o tratamento era infrutífero
apelava-se para a outra forma de medicina e na prática elas se
complementavam. Muitas vezes, em caso de doença em pessoas da nobreza,
tanto um médico tradicional quanto um exorcista tratavam simultaneamente o
paciente, cada um com os seus métodos. Esta interação entre tratamentos
convencionais pelos médicos e o exorcismo levou à inserção de características
racionais na técnica de exorcismo e aspectos ritualísticos na medicina
tradicional. Segundo alguns historiadores, enquanto a medicina empírica da
época fornecia os medicamentos, os cuidados a serem tomados e o prognóstico,
a medicina exorcista era a única capaz de tranquilizar completamente o
espírito, porque exlicava a causa da enfermidade: ou seja, a vontade
castigadora dos Deuses.

Na índia, na China, no México e Peru.

Na índia, as enfermidades também estavam associadas aos deuses: “ó, deus


dos Fogos, sinta conosco e poupe-nos, Takman. Eu reverencio o frígido Takman
e o cálido que confunde a mente, que está ardendo. Reverenciado seja Takman
que retorna amanhã, que vem dois dias seguidos e no terceiro dia....”. Takman
era considerado o deus da febre e pela descrição do tipo de febre que aparece
de dois em dois dias, percebe-se a ocorrência da malária já nesta época. Os
deuses castigavam os pecadores enviando enfermidades ou permitindo a ação
dos demônios. O Deus Rudra, das tempestades, castigava causando fortes
dores que eram como flechas atiradas e que penetravam na carne de suas
vítimas. Para aliviar estes males, os sacerdotes receitavam orações implorando
o auxílio dos deuses, bem como sacrifícios e fórmulas mágicas contra os
demônios das doenças. Assim como no Egito e Mesopotâmia, associada à
prática ritualística, existia uma medicina mais racional. No Rigveda, existem
registradas as principais plantas medicinais que eram utilizadas e uma série de
procedimentos cirúrgicos. Uma das principais heranças desta medicina indiana
foi a prática da ioga, com o desenvolvimento da capacidade de anular as
sensações de dor, de influenciar os batimentos cardíacos e regular a
sensibilidade corporal.
Na China, através das descrições encontradas em ossos para a
consulta dos oráculos e para pedir conselhos aos deuses, sabe-se que aí
também acreditava-se que as doenças eram causadas pelos deuses e
demônios. Foram encontradas, da era dos Chous, figuras de xamãs, homens
dotados de poderes secretos, que por meio de exorcismos e magia atuavam
contra males humanos. Para a maioria dos chineses, o exorcismo e a magia
eram os únicos remédios para os seus males.
A relação do homem das Américas com as doenças foi preservada
através de relatos de alguns médicos espanhóis logo após a conquista do
México. A deusa do milho dos astecas, Chicomecóatl, era colocada no ponto
central do Olimpo dos deuses, no qual os sacerdotes e os médicos astecas
buscavam, ou enxergavam, as causas e a cura de muitas doenças. Os astecas
também imaginavam que as transgressões contra os poderes celestiais eram as
causas de infortúnio e doença. Associada à crença em deuses, assim como no
Egito Antigo, os astecas empregavam uma série de plantas medicinais e os
médicos eram especializados em determinados tipos de doenças.

Na Grécia e Roma.

Na Grécia, desenvolveu-se uma linha de pensamento a partir do século VI a.C.


que, afastando-se das práticas mágicas dos adivinhos e das receitas empíricas
dos curandeiros, tentou desvendar as causas dos fenômenos que levariam ao
desequilíbrio do corpo. Uma das maiores figuras deste período
foi Hipócrates (c. 460 – 377 a.C.). O texto que se segue, extraído dos tratados
do Corpus Hippocraticum, revela esta linha de pensamento que deu origem à
medicina moderna:

• “O que me parece melhor num médico é ser hábil a prever. Penetrando e


expondo antecipadamente, junto dos doentes, o presente, o passado e o
futuro das suas doenças, explicando o que eles omitem, ganhará a sua
confiança [...]. Tratará também tanto melhor as doenças quanto melhor
souber, face à situação presente, prever o estado futuro. [...], e ao
mesmo tempo discernir se existe algo de divino nas doenças, porque é
esse também um prognóstico a fazer”.
Hipócrates quis romper com as práticas da época que estavam associadas à
magia, na tentativa de elaborar regras novas nascidas do racionalismo, que
caracterizava o pensamento e a ciência grega. Apesar desta sua
preocupação, Hipócrates ensinava seus alunos a observar as circunstâncias da
vida e os estados_emocionais dos pacientes. Seu pai, inclusive, pertencia à
corporação dos asclepíades, cujos sacerdotes estavam ligados ao culto do deus
médico Asclépio, que promovia a cura das enfermidades.
Aristóteles (384-322 a.C.) identificava os locais específicos de onde
eram emanadas as emoções e referia-se às “moléstias da alma” como “idéias
expressas através da matéria”.
As evidências de que a consciência da doença poderia alterar o seu
curso, já aparece num dos tratados da época helenística:

• “Não deixar de modo algum perceber o que acontecerá nem o que o


ameaça, porque mais de um doente ficou em muito mau estado por isso.”

Galeno (130 d.C.), apesar de ser grego, era médico em Roma e advogava a
arte da Medicina, ou seja, a necessidade da sensibilidade e bom senso no
tratamento dos pacientes. Ele enfatizava o papel do enfermo na sua
recuperação, valorizando a visão do paciente sobre a sua enfermidade e a sua
escolha terapêutica. Galeno observava que existia uma relação entre a
melancolia e a malignidade e classificava as “Paixões” como causa não natural e
importante fator no tratamento.

Na Idade Média

Entre os séculos VIII e XI da era cristã, desenvolveu-se na Europa um


intercâmbio cultural e científico entre o Oriente árabe e o Ocidente cristão e
assim foram conhecidas as grandes figuras da medicina árabe, dentre eles
Avicena (980-1037), ao qual se deve o Cânone da Medicina. Esta enorme
compilação dominou o estudo da medicina durante séculos no Oriente e no
Ocidente e tinha raízes nos fundamentos hipocráticos e galênicos. Estes
fundamentos são extremamente práticos, dando atenção às causas físicas
externas e internas desencadeadoras das doenças, os seus sintomas, a
terapêutica incluindo a prática cirúrgica.
Durante a Idade Média, assim como na Antiguidade, o lado prático
conviveu com o lado espiritual. No século XII, a lepra era considerada o estigma
da impureza dos homens. Nesta época, a tradição cristã chama a atenção da
dupla imagem do leproso através das lendas deConstantino e de S.Julião
Hospitaleiro. Constantino teria ficado leproso após ter perseguido os cristãos e
a saúde teria sido recuperada após o seu batismo, graças aos conselhos dados
por São Pedro numa aparição. S. Julião recolheu no seu leito um leproso no
qual reconheceu o Cristo.
A medicina grega legou à Europa medieval remédios contra a lepra à
base de serpentes. Inicialmente a poção mágica destinada a dar ao doente a
possibilidade de mudar de pele, como a serpente, passou, nos séculos XIII e
XIV, a ser considerada feitiçaria, uma conivência diabólica com a Serpente...
Nos hospitais medievais, as mulheres, geralmente religiosas, eram as
principais responsáveis pela assistência completa ao paciente, acompanhadas
por médicos, cirurgiões, parteiros e padres. Esta associação sempre verificada
na história, se deve ao fato de se acreditar que a doença, os acidentes ou
anormalidades na vida do homem seriam consequências não só da
desregulação do corpo como da alma também. Em certas doenças, o lado
espiritual era o mais dominante. O exemplo mais claro disso era a doença
conhecida como “fogo de Santo Antônio” ou “fogo sagrado”, doença causada
pela ingestão do fungo do centeio. O tratamento consistia na ingestão do saint-
vinage, obtido pela maceração com vinho, das relíquias de Santo Antônio.
Um médico importante nesta época, em relação à ênfase que dava às
emoções, foi Moisés Maimônides (1135-1204). Filósofo e médico judeu,
preconizava a moderação no uso de técnicas drásticas, tais como a cirurgia.
Enfatizava a importância dos exercícios físicos apropriados, da nutrição, do
descanso e do clima. Ele explorava as manifestações físicas das emoções, cuja
importância era minimizada por sua recomendação de que o tipo ideal de
exercício físico era aquele que inunda a alma de felicidade, emoção que
acreditava completaria, por si mesma, o processo de cura.

Paracelsus

Indignado com o conservadorismo dos médicos, surgiu a figura de Phillipus


Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493–1541), que se auto-
denominou Paracelsus, ou seja, melhor que Celsus (Aulus Cornelius Celsus -
médico romano do século I d.C.), autor de De Medicina, a bíblia de todos os
médicos da época. Polêmico e questionador, Paracelsus legou-nos um discurso
com o qual acolheu alguns estudantes, na Basiléia, em 1527 e que revela a sua
postura frente à preocupação com a prática da observação reduzindo a crença
cega nos livros:

• “[...] Quem não sabe que muitos doutores de hoje malogram porque
mantem servilmente os preceitos de Avicena, Galeno e Hipócrates? ...
Isso pode conferir títulos esplêndidos, mas não faz um verdadeiro médico.
Um médico não precisa da eloquência ou conhecimento de linguagem ou
de livros... e sim de conhecimento profundo da natureza e suas obras.....
[...] explicarei os manuais que escrevi sobre cirurgia e patologia, todos os
dias, durante duas horas, como introdução a meus métodos de cura. Não
os compilei de excertos de Hipócrates ouGaleno. Criei-os de forma
nova, em labuta incessante, sobre os fundamentos da experiência, a
mestra suprema de todas as coisas. Quando quero provar algo, não o
faço citando autoridades e sim experimentando e raciocinando.”

Paracelsus, hábil alquimista, salientou as possibilidades curativas das matérias


inorgânicas e introduziu na farmacopéia da época, que consistia de produtos
vegetais e animais, o mercúrio, o chumbo, o enxofre, o ferro, o arsênico, o
sulfato de cobre e potássio. Como vimos um conhecimento que remonta o Egito
Antigo.
A compreensão de Paracelsus sobre as formas de tratamento eram
mais amplas do que as prescritas pela época e como que por milagre conseguia
a cura de enfermidades incuráveis para a época:

• “é conveniente que saiba previamente, amigo leitor, que todas as


enfermidades tem universalmente cinco tipos de tratamentos diferentes e
fundamentais. ... Cada uma delas é capaz, por si mesma, de formar um
meio terapêutico completo para a cura de todas as enfermidades nas
mãos de um médico hábil, competente e esperto, que deverá escolher a
melhor para cada caso. Dessa maneira será possível curar qualquer
acidente, sofrimento ou doença, tanto numa como em outra medicina.
Assim sendo, será bom que cada médico se esforce num estudo cotidiano
e constante para alcançar a máxima ciência e experiência em qualquer
um dos cinco métodos, sem esquecer que tem tanta ou maior importância
o conhecimento da alma do paciente do que do seu corpo”.
• [...] “Passemos agora ao estudo das cinco origens, faculdades médicas ou
modos de curar:
o 1. medicina natural: concebe e trata as enfermidades como
ensina a vida, a natureza das plantas, e conforme o que convém a
cada caso por seus símbolos ou concordâncias. Assim curará o frio
pelo calor, a umidade pela secreção, a superabundância pelo jejum
e o repouso, e a inanição pelo aumento das comidas. A natureza
destas afecções ensina que as mesmas devem ser tratadas pela
aplicação de ações contrárias. Avicena, Galeno e Rosis foram
alguns dos defensores e comentaristas desta teoria.
o 2. Medicina específica: os que defendem e pertencem a este
grupo tratam as doenças pela forma específica ou entidade
específica. ... Os médicos deste grupo curam as enfermidades pelas
forças específicas dos medicamentos correspondentes. ...
Finalmente, também entre os naturalistas, aqueles que fazem uso e
receitam purgantes, já que estes impõem forças estranhas que
derivam do específico, completamente fora do natural, saindo de
um grupo para outro.
o 3. Medicina caracterológica ou cabalística: aqueles que a
exercem curam as doenças, pelo influxo de certos signos dotados
de um estranho poder, capazes de fazer correr aqueles que se
manda, e dar-lhes ou tirar-lhes determinados influxos ou malefícios.
Isto também pode ser feito através da palavra, sendo em conjunto
um método eminentemente subjetivo. Os mestres e autores mais
destacados desse grupo foram: Alberto, o grande, os astrólogos,
os filósofos e todos aqueles dotados do poder de feitiçaria.
o 4. Medicina dos espíritos: seus médicos cuidam e curam as
enfermidades mediante filtros e infusões que coagulam o espírito de
determinadas ervas e raízes, cuja própria substância foi
anteriormente responsável pela doença (similia similibus curantur).
Acontece a mesma coisa quando um juiz, tendo condenado um réu,
se transforma posteriormente na sua única salvação, já que só
através de seu poder e de suas palavras poderá obter novamente a
liberdade. Os enfermos que padecem dessas doenças podem se
curar graças ao espírito dessas ervas, conforme está escrito nos
livros desta seita e da qual fizeram parte grande quantidade de
médicos famosos como Hipócrates e todos de sua escola.
o 5. Medicina da Fé: aqui a fé é usada como arma de luta e de
vitória contra as doenças. Fé do doente em si mesmo, no médico,
na disposição favorável dos deuses e na piedade de Jesus_Cristo.
Acreditar na verdade é causa suficiente para muitas curas. Neste
assunto temos a vida de Cristo e de seus discípulos como melhor
exemplo.

Paracelsus considerava que existem cinco entidades, ou seja, causas ou coisas


que têm o poder de dirigir e regular o corpo.

• “... todos os males provêm de cinco entidades ou princípios diferentes e


não de uma só entidade como costumam sustentar sem nenhum
fundamento e completamente errados.”

Estas cinco entidades seriam:

• a entidade astral (mediada pelos astros),


• a dos venenos,
• a natural,
• a dos espíritos
• e a de Deus.

Sobre a entidade de Deus, Paracelsus comenta:

• “A Quinta entidade que pode nos afetar, não obstante as quatro nos
sejam favoráveis e esta esteja acima delas, é a entidade de Deus. Uma
entidade que devemos considerar com a maior atenção e antes de todas
as outras, porque nela está a razão de todas as enfermidades”.

Paracelsus se refere ao princípio que regula toda a vida e ao qual dá o nome


de princípio M e que deveria ser o principal fator a ser considerado pelo médico.

• “Este “princípio” que faz viver o firmamento, que conserva e acalenta o ar


e sem o qual se dissolveria a atmosfera e morreriam os astros chamamos
de M. Com efeito, nada existe de mais importante e mais digno para ser
levado em consideração pelo médico. ...”.

Acreditando na importância do conhecimento destes fatores Paracelsus critica


os médicos que tentam reduzir todos os males ao desequilíbrio de uma única
entidade.

• “Dividir e falar de acordo com esta divisão, especializando-se segundo o


que cada um tenha aprendido, é perfeitamente lícito para esses médicos
incompletos e imperfeitos. O entista quiromântico baseia seus princípios e
suas teses no estudo do espírito. O fisiomântico o faz segundo a natureza
do homem. O teólogo o considera segundo o impulso de Deus e o
astrônomo pelas emanações dos astros. Eu digo que, considerando-se
isoladamente, todos eles são uns farsantes e que somente são justos e
verdadeiros quando reunidos num só. Quisemos com tudo isso alertá-los
para essa cômica ignorância que pretende conhecer as cinco entidades
através de uma só.”

Paracelsus fala sobre o espírito:

• “O espírito é aquilo que geramos em nossas sensações e meditações,


sem matéria dentro do corpo vivo, sendo também diferente daalma que
nasce em nós no momento de morrer”. “...O espírito pode sofrer, tolerar
e suportar por si mesmo as mesmas doenças que o corpo. Esta é a razão
pela qual foi denominado entidade espiritual.”

• “... Os espíritos podem inflingir enfermidades aos corpos por dois


caminhos ou mecanismos diferentes. Um deles acontece quando dois
espíritos lutam e se ferem reciprocamente sem a vontade ou o
conhecimento dos homens, estimulados por sua inimizade mútua ou
influência de outras doenças. E isto deve ser levado a sério pelos
médicos. O outro mecanismo acontece quando, como consequência de
nossos pensamentos e meditações obrigamos a nossa vontade a
consentir, desejar e querer um transtorno ou uma pena qualquer para
outro indivíduo. Neste caso, essa vontade fixa, firme e intensa é que é a
“mãe”geradora do espírito.

• “...Vamos conhecer agora como os espíritos podem nos prejudicar. Se


desejamos com toda a nossa vontade o mal de outra pessoa,
esta vontade que está em nós acaba conseguindo uma verdadeira
criação no espírito, impedindo-o de lutar contra o da pessoa que
queremos ferir. Então, se este espírito é perverso- mesmo que o corpo
correspondente não o seja – acaba deixando nele uma marca de pena ou
sofrimento, de natureza espiritual em sua origem, ainda que seja corporal
em algumas de suas manifestações.
Quando os espíritos travam essas lutas, acaba vencendo aquele
que pos mais ardor e veemência no combate. Segundo esta teoria, devem
compreender que em tais contendas se produzirão feridas e
outras doenças não corporais. Por conseguinte, toda uma série de
padecimentos do corpo pode começar desta maneira, desenvolvendo-se
em seguida conforme a substância espiritual”.

• "...Se minha vontade se encher de ódio contra alguém, precisará


expressar este sentimento de alguma maneira. E isto será feito
justamente através do corpo. Sem dúvida, se minha vontade for
demasiadamente violenta ou ardente, pode acontecer que meu desejo
chegue a perfurar e ferir o espírito da pessoa odiada. E também posso
encerrá-lo à força numa imagem que eu consiga fazer dele, deformando-a
e distorcendo-a a meu gosto, atingindo assim também a intenção de
atormentar o meu inimigo.
... devemos entender e observar sempre uma verdade: a ação
da vontade e a sua enorme força tem grande importância para a
medicina.
Por outro lado, todo aquele que permanece impregnado de ódio,
nunca querendo o bem, pode atrair para si todo o mal desejado aos
outros. Porque existindo o feitiço maléfico somente com a permissão do
espírito, pode acontecer que as imagens do malefício se transformem em
doenças, tais como as febres, epilepsias, apoplexias e outras. Por isso é
bom não zombar destas coisas.
Não se esqueçam da força de vontade, que é capaz de gerar
semelhantes espíritos malignos com os quais o espírito da razão nada tem
em comum”.

• ... apesar das doenças nascerem da natureza, de acordo com as quatro


entidades já citadas, será bom que também procuremos a cura pela fé, à
qual dedicamos este parêntesis, pois certamente Deus é o fundamento
integral e verdadeiro de todas as curas.

• “A saúde e as doenças vem de Deus e não dos homens. Por isso é


preciso dividir as enfermidades em dois grupos:
o as que tem suas causas na natureza
o e as que representam um castigo pelas nossas faltas e pecados.

Deus colocou em nós como exemplo um castigo e uma consciência das


doenças. Quando estamos padecendo com elas não podemos deixar de
reconhecer a nossa pequenez, a nossa impotência, o pouco que somos e
possuímos, e a limitação da nossa ciência. E em qualquer outra possuído fé.
Neste caso o médico pode realizar o milagre que Deus teria feito por seus
meios sobrenaturais se o doente tivesse tido uma féintensa, ...”. (Capítulo IV
Sobre o Poder da Fé)

•“Algumas curas perfeitas e felizes que aconteceram nos tempos


de Hipócrates, de Rasis e de Galeno, se devem ao fato de que naquela
época os purgatórios eram muito pequenos. Depois, com o aumento das
doenças, as curas foram se tornando cada vez mais ineficazes, até aos
nossos dias, quando o grau e o número das dificuldades é extraordinário
para que possamos recuperar a saúde. Isso porque o purgatório atual é
muito grande para que algum médico possa aliviá-lo. Tanto é assim que,
se os médicos antigos pudessem se levantar de seus túmulos e voltar
para o nosso meio, suas artes seriam nulas e cegas”.

• “O castigo divino que pesa hoje em dia sobre tudo o que acabamos de
referir faz com que empreguemos um estilo cristão em nosso livro, com o
qual esperamos fazer chegar até a suas inteligências a consciência de que
todas as doenças são verdadeiros sinais e penitências, razão pela
qual Deus pode nos curar delas através da fé, cristãmente, e não do
modo pagão usado pelos médicos.
Aprendam pois, cristãos, que Deus é o supremo médico. Ele é o
altíssimo e não o ínfimo, e todo poderoso ainda que nada exista. Os
pagãos e os infiéis pedem socorro aos homens. Os cristãos clamam
por Deus.
Ele e somente Ele enviará a cura imediatamente da melhor
maneira. Seja por intermédio de um santo, como milagre, por um médico
ou por qualquer outro processo.”

• “...Depois que Cristo disse toda esta série de coisas surpreendentes que
constituem a teologia, de uma maneira tão maravilhosa, e sendo a
medicina tão admirável, é preciso considerá-las inseparáveis, aplicar-se
ao seu estudo com todo afinco, e pesquisá-las profundamente. Porque
assim como o corpo é o domicílio da alma, a teologia e a medicina devem
caminhar juntas, iluminando-se mutuamente.”

Dez anos antes de morrer (Saint Gall, em 15 de março de


1531), Paracelsus fala ao seu leitor no Livro dos Paradoxos – livro III, de uma
forma mais esperançosa:

• "Já faz tempo, em Basiléia, que eu comecei a escrever, colocando nele o maior cuidado,
com a esperança de criar algo realmente útil, apesar dos ventos violentos e impetuosos
que se voltaram contra mim, iguais àqueles que pretendem arrasar durante todo o
tempo e oportunidade os que desejam ensinar a verdade. Contudo, devo dizer que
minha esperança aumenta dia a dia, pois é cada vez maior o número daqueles que
reconhecem ser impossível amar a alma sem amar o corpo ao mesmo tempo, e que não
é possível coibi-lo e subjugá-lo sem que a alma fique igualmente prejudicada. Creio ter
contribuído bastante para clarear este conceito”.

Após Paracelsus - antes do século XX.

Segundo a história a que se tem acesso, quase quatrocentos anos se passaram


após Paracelsus para que os médicos retomassem a preocupação da relação
entre as emoções_e_a_saúde. Antes disso, Spinoza (1632-1677), filósofo
judeu holandês, postulou, em constraste àDescartes, a existência de uma
substância única e infinita chamada Deus, ou Natureza, da qual o mental e o
material representariam elementos de experiência, sugerindo que para cada
acontecimento mental haveria um físico correspondente e vice-versa.
No século XIX, médicos como Holmes (1809-1894), Claude
Bernard (1813-1878) e Charcot (1825-1893) expressaram, na prática ou em
estudos laboratoriais, a preocupação com o envolvimento do cérebro e das
emoções na causa das enfermidades.

Os médicos do início do século e a Psiconeuroimunologia do final do


século XX.

Durante o século XX, vários médicos de diferentes especialidades, cultivaram a


idéia da relação entre as emoções e a saúde. Para citar alguns dentre vários:
No início do século, Sir William Osler (1849-1919) foi considerado um dos
mais eminentes clínicos de sua época e conciliou a rigidez científica e os
avanços tecnológicos com fatores mais abstratos, tal como o papel das
emoções nas moléstias funcionais do sistema nervoso. Quando louvado
pelo seu sucesso médico, preferia transferir o mérito para a fé do paciente no
tratamento e na qualidade dos cuidados das enfermeiras.
Helen Dunbar (1902-1959) contribuiu para a definição do campo da
medicina psicosomática, em que a mente e o corpo formam uma entidade única
e assim deve ser analisado terapeuticamente. Jerome Frank (1909- )
observou que diversas formas de tratamento médico deviam seu sucesso ou
fracasso ao estado de espírito e às espectativas do paciente e não apenas do
tratamento em si. Afirmava que o poder terapêutico do médico podia ser
aumentado ao estimular “a fé que cura” e ao promover um ambiente de
solidariedade humana. Lawrence LeShan (1920 - ), psicólogo, realizou um
trabalho em que correlacionou personalidade e tendências a desenvolver
câncer. Ele concluiu que dependendendo do tipo de personalidade, fatores tais
como a incapacidade de expressar agressão, o rompimento do relacionamento
com uma das figuras paternas na infância e a perda de um relacionamento
importante, podem ter associação com o desenvolvimento de câncer.

A Psiconeuroendócrinoimunologia como ciência

Os primeiros experimentos que levaram à psiconeuroendócri-noimunologia


foram realizados pelo psicólogo Robert Ader influenciado pelas idéias de
condicionamento de Ivan Pavlov (1849-1936). Segundo Pavlov, a salivação
induzida por um estímulo efetivo (comida) pode ser condicionado à um estímulo
simbólico (um toque de sino), que induz o mesmo tipo de resposta física. Ader
admitiu que havendo uma conexão neuro-imunológica seria possível condicionar
uma resposta imune. Ele alimentou ratos com água açucarada concomitante à
administração de uma substância imunossupressora, que inibe a proliferação
dos linfócitos. Depois de repetir várias vezes este procedimento, a água
açucarada passou a suprimir os linfócitos na ausência da droga
imunossupressora.
A ciência atual considera que os sistemas imune, nervoso e endócrino
são os três principais sistemas de contato entre as espécies animais e o seu
meio ambiente. Existe uma série de similaridades entre estes sistemas, tal
como a produção de moléculas mensageiras em resposta aos estímulos
ambientais, que circulam pelo organismo e regulam a atividade das células. O
sistema nervoso propicia ao indivíduo a percepção do seu meio ambiente (as
alterações de temperatura, as características físicas do seu ambiente, o sabor e
o cheiro dos alimentos, a ocorrência de situações perigosas para a sua
sobrevivência) e em associação com o sistema endócrino, levam-no à reações
de defesa ou escape. O sistema imune exerce função semelhante à destes dois
sistemas mas em nível mais sutil, exercendo função de defesa em relação ao
contato com partículas físicas, químicas ou biológicas que possam alterar o
equilíbrio do organismo como um todo. Ao contrário das células dos dois
sistemas, as células do sistema imune não são fixas; exercem suas funções
circulando pela pele, mucosas e tecidos internos, identificando a entrada de
moléculas e microorganismos estranhos e possíveis alterações em células
próprias. Estas células utilizam como principais vias de acesso às mucosas e
tecidos os vasos sanguíneos e linfáticos, que seriam como que estradas de
acesso aos tecidos.
De uma forma bem simplificada, podemos considerar o nosso corpo
como uma cidade medieval (Figura 1). Estas cidades eram fortificadas, muitas
vezes apresentando, duas muralhas. A primeira muralha pode ser comparável à
nossa pele e às mucosas que envolvem os sistemas respiratório,
gastrointestinal e genitourinário. Os tecidos propriamente ditos de cada um
destes sistemas seriam a segunda muralha. Quando agentes agressores
ultrapassam as duas muralhas, chegam à cidade e tem acesso às suas ruas e
residências. No caso do nosso corpo, estas ruas são os vasos sanguíneos e
linfáticos que conduzem aos linfonodos, baço e mucosas, onde residem as
células que no caso seriam os guerreiros desta cidade. Esta cidade também
apresenta uma maternidade/escola, que no caso seria a medula óssea, onde
nascem e aprendem o ofício a maioria dos guerreiros. Uma escola especial é o
timo, onde aprendem o ofício os grandes guerreiros, os líderes. Estas celulas
líderes são os linfócitos Tauxiliares (LTa) que regulam a função de quase todas
as outras células através de mensagens químicas. Os Lta, através destas
moléculas, fazem com que algumas destas células (macrófagos) sejam capazes
de ingerir material estranho (bactérias, vírus, proteínas estranhas), outras-
linfócitos B-produzam anticorpos, que marcam a superfície do que tem de ser
destruído e outras-LT citotóxicos e células NK- matem células tumorais ou
células que apresentem parasitas escondidos dentro delas. A atuação deste
sistema de defesa contra agentes agressores depende de vários outros órgãos.
O sistema nervoso central (SNC) seria, no caso da analogia com a cidade
medieval, o castelo onde reina o governante da cidade. As informações
externas (agressões ambientais de vários tipos) chegam através de sensores
nas muralhas que, no caso, seriam os olhos, o nariz, a boca e receptores
nervosos na pele. Estas informações são centralizadas no SNC e de lá partem
as mensagens elétricas ou químicas para que outros órgãos entrem em ação.
Do SNC partem as mensagens para a glândula tireóide que regula a intensidade
de todos os eventos que ocorrem neste sistema, e que poderia por isso ser
relacionada à uma central energética. Quando a tireóide está hiperativada,
ocorre uma aceleração de todas as atividades internas do corpo e no caso da
redução da sua atividade, o organismo trabalha lentamente. Outro órgão
envolvido na resposta aos estímulos é a supra-renal que produz mensagens
químicas quando o organismo é exposto a tensões, esforços físicos anormais,
emoções, como a raiva e o medo. Um dos mensageiros conhecido da supra
renal é a adrenalina que faz com que as energias se intensifiquem e o corpo
emita uma reação frente a uma determinada situação. Todos estes mensageiros
do cérebro, das glândulas tireóide, supra-renal e sexuais circulam pelo sangue,
ou seja, pelas mesmas vias das células de defesa, alterando o seu
comportamento.
As emoções que têm sido estudadas no sentido de atuarem
negativamente sobre o sistema imune são a raiva ou hostilidade, a depressão
(que inclui não apenas a tristeza, mas também a auto-piedade, a culpa e o
desamparo), o estresse (que inclui a agitação, o nervosismo e a ansiedade) e a
negação da ansiedade. As emoções benéficas analisadas são a calma, o
otimismo, a confiança, a alegria e a bondade amorosa.
No caso da raiva, uma pesquisa realizada nos anos 50 entre estudantes
de medicina, quanto ao grau de hostilidade, demonstrou que 20 anos depois,
apenas 3 dos 136 indivíduos não hostis haviam morrido em relação aos 16 do
grupo hostil, ocorrendo a maioria das mortes, entre as pessoas hostis, antes
dos cinquenta anos.
No caso da depressão, vários trabalhos científicos têm estabelecido uma
clara relação entre a eclosão do cancer e situações de perda. Em um estudo
com pacientes portadoras de câncer de mama, as mulheres mais deprimidas
tinham um menor número de células NK e apresentavam metástases de forma
mais rápida.
Num estudo com 100 pacientes que receberam transplantes de medula
óssea, 12 dos 13 (92%) que estavam em estado grave de depressão morreram
após um ano do transplante, enquanto que 34 dos 87 (39%) remanescentes
permaneceram vivos até dois anos após. Em outro estudo, um grupo de 40
mulheres sem sintomas, mas com teste de Papanicolau denotando
predisposição para o cancer, foi avaliado. Os médicos que acompanhavam estas
pacientes tentaram prever as que desenvolveriam a doença com base em
entrevistas e testes de personalidade. Previram e acertaram em 75% dos casos
que o cancer de colo de útero iria ocorrer naquelas em quem detectaram fortes
sentimentos de desesperança ao longo da vida e/ou como reação a perdas
recentes e significativas.
De forma semelhante, foi estudado um grupo de viúvos após a morte de
suas esposas e descobriram uma diminuição da atividade dos linfócitos T e B
nas primeiras duas ou três semanas após a morte do cônjuge. No entanto,
exercícios mentais de relaxamento e imaginação criativa podem restaurar ou
reforçar a resposta imune. Durante estes exercícios, pacientes com câncer
foram levados a criar uma imagem das forças de seu sistema imune contra as
celulas tumorais. Os pacientes apresentaram, após estes exercícios, um
aumento na proliferação e atividade dos LTa, LTc e células NK. Associado aos
exercícios, os pacientes apresentavam forte determinação em sobrepujar a sua
doença.
No caso da ansiedade ou estresse, pessoas foram expostas ao vírus da
gripe. Daquelas que estavam pouco estressadas no momento em que foram
expostas, 27% ficaram gripadas enquanto das que apresentavam níveis
elevados de estresse, 47% contraíram gripe. O cérebro reage ao estresse
induzindo a liberação de hormônios tais como os glicocorticóides, que são
liberados na corrente sanguínea ou linfática. Estes hormônios associam-se à
superfície dos linfócitos ativando ou suprimindo sua função.
Por regiões situadas no córtex pré-frontal, logo atrás da testa. Cada
lado do córtex pré-frontal parece lidar com um conjunto diferente de reações
emocionais. As emoções que nos fazem ter medo ou repulsa são reguladas pelo
lado direito e sentimentos, como a felicidade, pelo esquerdo. Vários estudos
revelam que as pessoas com a região anterior esquerda mais ativa demonstram
atitudes mais positivas a respeito de sua vida, em geral ou em resposta a
desafios, ao passo que aquelas com uma maior atividade do hemisfério direito
exibem respostas mais negativas. Para constatar se as pessoas selecionadas
com bases em seus eletroencéfalogramas diferiam em relação à sua resposta
imune, foi realizada avaliação da atividade de células NK. As pessoas com maior
atividade no hemisfério esquerdo apresentavam maior atividade das células NK.
Existem evidências de que outra estrutura cerebral – as amígdalas – são
importantes na experiência emocional. As informações sensoriais tomam
geralmente dois caminhos: um em direção ao córtex e o outro em direção às
amígdalas. As amígdalas avaliam os dados sensoriais de forma rápida e
verificam o seu significado emocional e desencadeiam uma reação, enquanto o
córtex ainda está classificando as coisas. Pode ser muito difícil controlar as
emoções porque a amígdala estimula outras partes do cérebro antes que o
córtex o faça. As pessoas com o córtex esquerdo mais ativo podem desligar a
amígdala mais rapidamente fazendo com que as emoções negativas não
perdurem.
No caso de estudos de casos de sentimentos positivos, quase todos os
estudos foram realizados em pessoas que aprenderam algum método de
relaxamento, frequentemente a meditação. Estudantes de medicina quando
passaram a meditar aumentavam o número de LT antes da época dos exames e
este efeito era proporcional à frequência com que era praticada a meditação. No
caso da alegria, pesquisadores mediram os hormônios de pessoas assistindo
filmes cômicos e viram que o nível de um hormônio imunossupressor da supra-
renal estava diminuído e havia um aumento das células NK. Outro estudo
demonstrou que assistir filmes cômicos aumenta o número de LT e as pessoas
que riam muito, todos os dias, apresentavam um número maior de LT.
No caso da bondade amorosa, os dados são mais escassos e
especulativos. Num destes trabalhos, algumas pessoas assistiram um filme
muito amoroso sobre a madre Teresa de Calcutá. Estas pessoas apresentavam
um aumento significativo na produção de anticorpos na saliva e no número de
LT enquanto que, um outro grupo que assistiu um filme sobre os nazistas na
Segunda guerra mundial não apresentou alterações. Se, depois do filme, elas
também faziam meditação de bondade amorosa, pensando em todas as
pessoas na vida delas que tinham sido receptivas e agradáveis com elas, o
aumento de LT durava mais tempo. Outros estudos demonstraram que estas
pessoas que assistiram filmes humorísticos tiveram a diminuição de um
hormônio da supra-renal capaz de reduzir a atividade imune.
Um outro trabalho que tem sido desenvolvido envolve pessoas idosas.
Descobriu-se, ao contrário do que se pensava, que o sistema imune destas
pessoas, em boas condições de saúde, funciona tão bem quanto o de pessoas
jovens e saudáveis. Verificaram que a estimulação das células NK está
associado à força emocional (grande determinação e propósito) na reação aos
fatos da vida. A imunidade tende a diminuir com fatores associados ao estresse,
à depressão e que um dos fatores que contribui para a sua melhoria é a
atividade física. Exercícios físicos vigorosos levam à ativação da produção de
endorfinas no cérebro que aumentam a atividade das células NK.
Um outro fator de grande valia desde a tenra idade é o toque físico
entre os seres humanos. A pele não é apenas um revestimento de proteção
mas um órgão extenso de conexão com o mundo, onde todas as emoções
afloram. Estudos tem demonstrado que existe um sistema imune da pele que
sofre alterações com o massagear, com o toque amoroso, com a agressão. Em
experimentos na década de 40, observou-se que a retirada da tireóide de ratos
que eram tratados da forma convencional (troca de ração, de água e de gaiola)
causava uma mortalidade de 79% enquanto que ratos tratados de forma
carinhosa (acariciados, além do tratamento convencional) tinham uma
mortalidade de 13% após o mesmo procedimento cirúrgico. A experiência de
veterinários confirma a importância das carícias da lambida nos recém-
nascidos, importante não só para limpar o animal mas para estimular as
funções intestinais e genito-urinárias.
Num dos primeiros estudos, constatou-se que a estimulação cutânea em
animais recém-nascidos exerce uma influência benéfica sobre o sistema imune.
Ratos acariciados na primeira etapa da vida apresentaram uma melhor
produção de anticorpos em relação aos animais controle. Dessa forma, parece
que a resposta imune do adulto depende das experiências cutâneas no início da
vida. Essa competência imunológica parece depender da atuação de hormônios
e substâncias do SNC que atuam nos órgãos de maturação das células do
sistema imune. Existem pesquisadores que defendem a idéia de que o trabalho
de parto, nos seres humanos, propiciaria os primeiros toques no corpo da
criança que levaria a ativação de vários sistemas orgânicos. Após o parto, os
toques carinhosos e a amamentação propiciam alterações fisiológicas não só na
criança como também na mãe. A amamentação leva à produção de hormônios
(a prolactina, dentre outros) que alteram a resposta imune da mãe e estas
células e moléculas, fluem através do leite, para o filho. Além disso, o esforço
físico da amamentação é importante para o desenvolvimento de vários aspectos
fisiológicos e mentais da criança. A adêrencia dos lábios, das mãos e dedos no
seio da mãe leva ao desenvolvimento da consciência de seu próprio corpo e do
da mãe.

Conclusão

A tão antiga procura do homem pelo autoconhecimento extrapola o


circuito intelectual. O autoconhecimento é a chave para a saúde.

Saber viver com equilíbrio em termos físicos, mentais e espirituais


tornam o nosso corpo saudável e mais eficiente no confronto com as
agressões ambientais.

Segundo o Dalai Lama (Referência bibliográfica 3), a criação de


princípios éticos para pessoas não religiosas, alertando para a sua
importância na manutenção da saúde, seria a forma que teríamos
para mudar o curso da nossa história.
O caminho seria despertar a percepção de que, antes de tudo,
somos animais sociais e a preocupação com o outro é necessidade
para a sobrevivência do homem como espécie.
Bibliografia

1.Cousins, N. Cura-te pela cabeça. Editora Saraiva. 1a edição, São Paulo, 1992.
2.Da Silva, M.A.D. Quem Ama não adoece. Editora Best Seller, 20a ed., S.Paulo, 1999.
3.Goleman, D. Emoções que curam. Editora Rocco, Rio de Janeiro, 1999.
4.Le Goff, Jacques. As doenças tem história. Editora Terramar. Lisboa, 1985.
5.Montagu, A. Tocar. O significado humano da pele. Summus Editorial,5a ed., S.Paulo, 1986.
6.Paracelso A chave da Alquimia. Editora Três. São Paulo, 1973.
7.Thorwald, J. O segredo dos Médicos antigos. Editora Melhoramentos. São Paulo, 1985.

http://yesod.sites.uol.com.br/cadernos/edicao1/para.htm

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