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QUESTÕES INICIAIS
Segundo Shea (citado por ZABALZA e CID, 1996) tal papel surge na
antigüidade clássica, quando Ulisses, ao partir para a guerra de Tróia, deixa seu filho
Telêmaco aos cuidados de um tutor. Neste caso, seu sentido relaciona-se “(...) a uma
pessoa de confiança, que pode atuar como conselheiro, amigo, professor, pessoa
prudente disposta a prestar ajuda” (p.17).
As nomenclaturas mentor/tutor embora apresentem significados comuns
possuem origens distintas, mentor advém da cultura britânica e norte-americana, e tutor
da espanhola. Nesse estudo far-se-á uso do termo mentor, considerando a definição da
língua portuguesa que se mostra mais adequada que o termo tutor. Segundo Ferreira
(1988) mentor é “pessoa que guia, ensina ou aconselha outra; guia, mestre,
conselheiro” (p.428).
Ao longo do tempo a palavra mentor foi assumindo outros significados. De
acordo com Moon (1996), durante muitos séculos se atribuiu o papel de mentor àquele
que pudesse dar orientações ao novato, tendo a experiência como referência exclusiva,
assim, ser experiente era o elemento chave para qualificar alguém como mentor.
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3. O CAMINHO PERCORRIDO
novas formas de interação com esses docentes e a respeitar a sensação por eles
manifestada.
Nos encontros individuais ocorreram alguns momentos em que as necessidades
dos novatos eram distintas, exigindo, da mentora, formas de ação e organização
diferenciadas. Esse fato reforça a especificidade dos contextos culturais e
organizacionais de cada escola, ainda que se estivesse trabalhando com professores na
mesma fase da carreira e que apresentassem algumas necessidades formativas comuns.
Neste sentido, estes encontros tiveram como meta ajudar a mentora compreender as
“leituras” que os iniciantes faziam de suas escolas, dos alunos e da comunidade escolar
como um todo, do modo como ensinavam, das rotinas que estavam começando a
estabelecer.
No caso de P1, a questão dos sentimentos negativos que a docente estava
enfrentando ganhou destaque nos primeiros encontros individuais. A tentativa de
minimizar os sentimentos de tristeza, angústia e vontade de desistir da profissão
guiaram a mentora. Um momento crítico desse contato foi quando (em função de
informações anteriores de que P1 estava sendo bem sucedida profissionalmente na
APAE e na escola infantil onde também trabalhava) a mentora sugeriu que a novata
pensasse nas outras atividades que exercia profissionalmente e lhe dissesse se ela, de
fato, era incompetente e incapaz. Nesse exercício de reflexão, P1 deu um grande salto
quando percebeu que havia um contexto que demarcava e circunscrevia seus modos de
ação, o que a ajudou a diluir a sensação de incapacidade que ela atribuía a si mesma.
Esses apontamentos revelam que a perspectiva humanista, apresentada por Wang e
Odell (2002), de atuação da mentora ganhou destaque e centrou-se nos atritos e no
estresse emocional e psicológico enfrentados, por isso, a professora mentora assumiu o
papel de conselheira e confidente, auxiliando nos conflitos pessoais e profissionais
vívidos por P1.
Já a partir de um olhar assentado na perspectiva da aprendizagem situada
(WANG e ODELL, 2002), na qual o mentor oferece suporte técnico para o iniciante
utilizá-lo em sua prática e volta-se para a construção do conhecimento prático que irá
auxiliá-lo a resolver as dificuldades imediatas que enfrenta, os aspectos de maior
destaque foram os seguintes:
a) organizar e planejar as aulas (definir conteúdos que se relacionassem ao longo
do ano letivo e estabelecer metas);
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5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
6. REFERÊNCIAS