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JOÃO PESSOA-PB
2017
VICENTE RODRIGUES DE OLIVEIRA NETO
JOÃO PESSOA-PB
2017
Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade Federal da Paraíba.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
52f.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Professora Ms. Silvia Renata Ribeiro (orientadora)
_______________________________________________________
Professora Ms. Ana Berenice Peres Martorelli (membro)
_______________________________________________________
Professor Ms. Ana Carolina Vieira Bastos (membro)
JOÃO PESSOA-PB
2017
18
Antes de tudo, agradeço a Deus por me proporcionar a vida e por de algum modo
ainda que nem sempre percebamos ou não nos permitamos perceber estar ao lado...
Aos meus pais pelo apoio, ao meu pai, Valdir, que sempre me incentivou a estudar,
dizendo-me que o estudo é o único modo reto de se vencer em um sistema injusto e corrupto,
sendo meu maior exemplo de resistência e proteção àqueles que verdadeiramente se ama, e à
minha mãe, Maria da Conceição (Ceça) ao preocupar-se comigo em singelos gestos, repletos
de carinho, fazendo-me sentir cuidado e amado, sendo-me um grande exemplo de
solidariedade e amor ao próximo.
A minha avó, Marina, por seu uma pessoa que sempre me fez ver que a vida tem que
ser levada com leveza e vivida, no mais completo sentido da palavra, e que ainda nos
momentos mais difíceis temos de ser fortes, esta é meu exemplo de fortaleza, minha avó é
uma rocha.
A minha amada tia, Maria do Carmo (Cacá) in memoriam, por ter me amado de uma
maneira tão especial que de muitas formas contribuiu à construção da minha essência e ainda
que neste momento não esteja mais presente fisicamente, sempre esteve, está e estará em meu
coração, sem dúvidas meu maior exemplo de amor mais puro.
Ao meu irmão, Vinícius, por mostrar-me continuamente que por mais diferentes que
irmãos possam ser, amam-se.
Aos meus amigos de graduação (Edna Marcelino, Luiz Manoel, Marianne Sultane,
Gabrielly Santos, e outros) e aos professores do LEA – UFPB (Roberto Satur, Kátia Fraga,
Alyanne Chacon, Cláudia Caminha, e outros) de uma maneira geral, além de meus amigos
mais próximos (Leandro Almeida, Josefa Venâncio, Yadira Buitrago, Heluana Jardson, e
outros) que com alguma palavra de apoio me incentivaram a concluir este trabalho ou seguir
naquilo que acredito.
E a todos que de alguma maneira contribuíram à minha vida pessoal e acadêmica
direta ou indiretamente.
20
(Benedict Anderson)
21
FOLHA DE IDENTIFICAÇÃO
Título:
Orientação:
Execução Profª. Ms. Silvia Renata Ribeiro
Aluno:
Vicente Rodrigues de Oliveira Neto
RESUMO
Segundo relatório publicado pelo Instituto Cervantes (2010) a língua espanhola ocupa o
posto de segunda maior língua em falantes nativos do mundo, cerca de 500 milhões, ficando
atrás apenas do chinês, assim como também é a segunda maior língua de comunicação
internacional, somente atrás do inglês. Considerando sua quantidade de falantes e sua dimensão
geográfica e econômica, depreende-se a importância de seu estudo, incluindo-se toda a sua
variabilidade linguística. Observando o caso particular dos Estados Unidos da América (EUA),
é possível perceber que esta língua cresce de maneira exponencial, e de acordo com o
Escritório do Censo Estadunidense (2000) principalmente por conta das imigrações
latinoamericanas das últimas décadas, há estimativas de que os EUA em 2050 tornem-se o
maior país hispanohablante do globo com 132 milhões de latinos, superando até mesmo o
México. Visto isso, vale destacar a importância e papel que o Spanglish tem, seja por questões
propriamente linguísticas ou de cunho sociocultural, configurados à sociedade estadunidense
por meio dos hispanos que ali se encontram. O presente trabalho, portanto, tem a intenção de
apresentar uma visão holística do que pensam alguns importantes catedráticos do espanhol
acerca do Spanglish, mostrando como estes classificam tal fenômeno sociolinguístico, quer
como uma língua nova (STAVANS, 2001), novo dialeto (ARDILA, 2005), dialeto popular
local de um país (OTHEGUY, 2009), quer como identidade híbrida (BETTI, 2009).
Según informe publicado por el Instituto Cervantes (2010) la lengua española ocupa
el puesto de segunda mayor lengua en hablantes nativos del mundo, alrededor de 500
millones, estando detrás sólo del chino, al igual que es la segunda lengua de comunicación
internacional detrás del inglés. Considerando su cantidad de hablantes y dimensión geográfica
y económica se infiere la importancia de su estudio, incluyéndose toda su variabilidad
lingüistica. Observando el caso particular de Estados Unidos de América (EEUU) es posible
percibir que tal lengua crece exponencialmente, y de acuerdo con la Oficina del Censo
Estadunidense (2000), principalmente por cuenta de las inmigraciones de las últimas décadas,
hay estimaciones de que los EEUU en 2050 se vuelva el mayor país hispanohablante del
globo com 132 millones de latinos, superando hasta mismo México. Visto esto, merece la
pena subrayar la importancia del rol que el Spanglish tiene, sea por cuestiones propiamente
lingüisticas, o sea de cuño sociocultural, configurados a la sociedad estadunidense por medio
de los hispanos que allí se encuentran. El presente trabajo, por lo tanto, tiene la intención de
presentar una visión holística acerca de lo que piensan algunos de los importantes catedráticos
del español sobre el Spanglish, mostrando como estes clasifican tal fenómeno
sociolingüístico, sea como nueva lengua (STAVANS, 2001), nuevo dialecto (ARDILA,
2005), dialecto local de um país (OTHEGUY, 2009) o identificación híbrida (BETTI, 2009).
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17
1.1 CONTEXTO .............................................................................................................. 17
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ..................................................................................... 17
1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 18
1.4 OBJETIVOS................................................................................................................ 19
1.4.1 GERAL..................................................................................................................... 19
1.4.2 ESPECÍFICOS ......................................................................................................... 19
1.5 METODOLOGIA ...................................................................................................... 19
2 UMA VISÃO GERAL DA LINGUÍSTICA .................................................................. 21
2.1 CONCEITO DE LINGUÍSTICA E SUAS PRINCIPAIS CORRENTES TEÓRICAS . 21
2.2 SOCIOLINGUÍSTICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES AOS ESTUDOS
LINGUÍSTICOS ................................................................................................................... 22
2.3 CONCEITOS E NOÇÕES DE BILINGUISMO, L1, L2 E LE ...................................... 25
3 HISTÓRIA DO ESPANHOL NOS EUA E SURGIMENTO DO SPANGLISH ....... 29
3.1 HISTÓRIA DO ESPANHOL NOS EUA ....................................................................... 29
3.2 IMIGRAÇÃO LATINA.................................................................................................. 31
3.3 ORIGEM DO TERMO SPANGLISH ............................................................................. 33
4 DEFININDO O SPANGLISH ........................................................................................ 34
4.1 CONCEITO DE DIFÍCIL UNANIMIDADE ................................................................. 34
4.2 USUÁRIOS DO SPANGLISH E BILINGUISMO ........................................................ 36
4.3 VARIEDADES DO SPANGLISH .................................................................................. 39
4.4 CODE SWITCHING, CODE-MIXING, CODE-ALTERNATION E EXEMPLOS DE
SPANGLISH.......................................................................................................................... 40
4.5 IDENTIDADE E ESTIGMA SOCIOCULTURAL........................................................ 43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 47
6 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 49
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1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTO
Hoje em dia, a língua espanhola é a segunda língua mais falada no mundo, com mais
de 490 milhões de falantes nativos e segunda língua mais estudada internacionalmente depois
do inglês, o que lhe confere naturalmente grande importância. E no panorama internacional do
espanhol os Estados Unidos da América (EUA) atualmente figuram como sendo o segundo
maior país hispanohablante do mundo, com prospecções de tornar-se o primeiro até 2050,
embora esta língua ainda não possua status de cooficialidade na nação.
E neste país formado grande parte por imigrantes, a parcela hispana de sua população
tem uma peculiaridade em seu espanhol, a qual se denomina Spanglish, que basicamente
trata-se de uma mistura de inglês e espanhol e, por isso, alguns estudiosos temem que o
espanhol perca sua relativa uniformidade a ponto de em um futuro não tão distante tornar-se
ininteligível como, por exemplo, alguns dialetos árabes. E esse medo ocorre majoritariamente
pelo alcance da influência estadunidense no cenário internacional, enquanto que alguns outros
estudiosos afirmam que o Spanglish não coloca em risco este espanhol internacional e ―puro‖
de que tanto se fala, mas sim, trata-se de uma questão de resistência político-social à uma
opressão vivida pela minoria latina nos EUA (ZENTELLA, 2009) ou simplesmente de uma
forma de identificação pessoal e social com o coletivo que os rodeia numa existência entre
dois mundos (STAVANS, 2008).
As grandes ondas migratórias vindas dos países latinoamericanos vêm fazendo com
que o espanhol dos EUA ganhe ênfase na comunidade latina internacional em relação ao
espanhol de países hispanos monolíngues, pois aquele diferencia-se ao ser o grande ponto de
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encontro de toda uma massa latina que sai de seus países em busca de uma vida melhor em
termos políticos e econômicos.
1.3 JUSTIFICATIVA
dominando cada vez melhor sua língua materna, porém quando esta língua materna não é
unicamente a língua a ser aprendida/absorvida pelo ambiente em que estão inseridas, tem-se
um crescimento de pessoas bilíngues que tendem a ter uma identificação de si próprias
distinta ou até mesmo mesclada no que tange a sua ideia de pertencimento cultural-
sociolinguístico em um ambiente duo.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 GERAL
Compilar conceitos e ideias de principais autores do tema para obtenção de uma visão
holística acerca do Spanglish.
1.4.2 ESPECÍFICOS
1.5 METODOLOGIA
Em 1916 Ferdinand de Saussure deu início aos estudos linguísticos por meio de seu
Curso de Linguística Geral, no qual definia a língua como objeto central da Linguística, por
oposição à fala já que esta sofria variações (ALKMIM, 2001), considerando a língua como
um fenômeno linguístico advindo de um sistema autônomo de regras internas alheias às
interferências externas, tanto que para Saussure (1981 apud MUSSALIM, 2001, p.23) ―o
estudo dos fenômenos linguísticos é muito frutífero; mas é falso dizer que sem estes não seria
possível conhecer o organismo linguístico interno‖, ou seja, a língua era tratada como uma
estrutura que por si só se bastava e se autorregulava, merecendo um estudo de forma isolada.
Assim sendo, a escola de pensamentos saussurianos ficou conhecida como Estruturalismo ou
Teoria Estruturalista.
Para Chomsky a base da língua era a mente humana, embora a língua não fosse uma
capacidade inata ao homem ao ser adquirida em uma comunidade linguística; a língua era na
verdade ―um conjunto (finito ou infinito) de sentenças, cada uma finita em comprimento e
construída a partir de um conjunto finito de elementos‖ (CHOMSKY, 1957, p.13 apud
QUADROS E KARNOPP, 2009, p.25), isto é, a língua proporciona ao homem por meio de
seus elementos finitos a geração de ideias e pensamentos infinitos (OLIVEIRA, 2003).
Logo, de acordo com (CUNHA, 2011, P. 158 apud OLIVEIRA, 2003) ―a língua não
constitui um conhecimento autônomo, independente de comportamento social, ao contrário,
reflete pelo falante, as diferentes situações comunicativas‖.
Bright então definiu alguns fatores sociais importantes como: a identidade social do
receptor/ouvinte; a identidade social do emissor/falante; contexto social e julgamentos sociais
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do comportamento linguístico dos próprios falantes que seriam a base funcional de qualquer
língua (ALKMIM, 2001, P. 28) correlacionado a função de cada um desses fatores.
Por sua vez, Sapir mesmo em tempos de alta do Estruturalismo, já prestava uma
atenção imprescindível na execução do fator social na língua quando dizia que:
Falar é uma atividade humana que varia, sem limites previstos, à medida que
passamos de um grupo social a outro, porque é uma herança puramente histórica
do grupo, produto de um uso social prolongado. Varia como variam todos os
esforços criativos — não tão conscientemente talvez, mas pelo menos tão
evidentemente quanto às religiões, às crenças, aos costumes, e às artes dos
diferentes povos (SAPIR, 1971, p.18 apud ZAMBONIM, 1989, p.138).
Em outras palavras, para o autor se não existe variação em uma língua natural humana
é porque esta não exerce mais um papel comunicativo social que evolui como um elemento
revestido de vivacidade e dinamicidade.
língua se encontrará numa versão não padrão, enquanto que em uma palestra
em uma universidade seus palestrantes deverão seguir a sua versão
padronizada, ou seja, os interlocutores adequam-se ao contexto em que usam a
língua.
De acordo com Mues (1970 apud SPINASSÉ, 2006, p. 4) língua materna ou primeira
língua (L1) é ―a língua que cada um aprende primeiro e a mesma é a base de seu
desenvolvimento humano‖, ou seja, geralmente, a língua da comunidade e dos pais do falante.
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Por outro lado segunda língua (L2) diz respeito a aquela língua adquirida num
contexto social no qual existe a necessidade do falante de integrar-se em um processo de
socialização, neste caso o falante já possui uma aquisição linguística prévia (língua materna),
enquanto que língua estrangeira (LE) trata-se daquela língua aprendida ―artificialmente‖ no
meio acadêmico, isto é, exclusivamente em sala de aula, não sendo uma língua vital para o
aprendiz em sua comunidade.
Entretanto para este trabalho elege-se a seguinte ideia sustentada por Harding e Riley
(1998) por notar-se mais completa e agregadora, em que dizem que os indivíduos que têm a
possibilidade de comunicar-se em dois ou mais códigos o fazem em contextos diferenciados
que requerem usar um ou outro sistema linguístico.
E Portanto, seu vocabulário e sua habilidade para falar, escrever, escutar ou ler têm
distintos níveis de acordo com os usos que realiza em cada língua (apud JIMENEZ, PARRA,
2012). Sendo assim, para Harding e Riley (2003, p.45) bilinguismo é uma questão de grau:
Todos sabem o que significa ser ‗bilíngue‘, entretanto, como vimos antes, enquanto
tentamos definir o conceito com precisão, a coisa se complica. Não queremos dar
três pés ao gato: o bilinguismo é complexo porque está diretamente ligado a questões
sociais complexas.
27
Além disso, para Gardner e Lambert (1972) no fator sociolinguístico o que mais
impulsiona a aprendizagem de certa língua é a motivação, podendo ela ser instrumental (fins
de ascensão acadêmica e/ou profissional) ou integradora (integração do falante em meio
sociocultural no qual existe uma aproximação do falante na comunidade linguística em que se
aprende a língua).
29
Muitos pensam que o espanhol no gigante estadunidense veio com a chegada dos
imigrantes latinos, contudo o espanhol já andava por aquelas terras desde os grandes períodos
de expansão colonial espanhola. Tudo se inicia com a chegada de:
Assim, nota-se a real origem hispânica nos EUA, cujas marcas foram deixadas por um
espanhol colonial, arcaico, com poucos vestígios nos dias de hoje, até mesmo pela forte
influência do inglês atualmente, sendo denominado de espanhol patrimonial, conservado
principalmente nos estados do Texas e Novo México, e em menores porções em outros
estados do Sudoeste estadunidense, e em outros estados em que a Espanha também já se fez
presente este espanhol já desapareceu.
30
Fonte: www.paisglobal.com
E ainda de acordo com Torres Torres (2010) em 1821 o México obteve sua
independência da Espanha, entretanto poucos anos depois entrou em guerra contra os EUA na
luta em combate à expansão territorial estadunidense, batalha esta em que os mexicanos
perderam em 2 de fevereiro de 1848, com o tratado de Guadalupe Hidalgo, no qual os EUA
compraram aproximadamente metade do território mexicano no qual foram gastos cerca de 15
milhões de dólares. Além de em 1854 ter havido mais uma aquisição territorial mexicana
realizada pelos EUA pela compra de Gadsden (região de la Mesilla) como pode ser observado
na figura 2 acima.
31
Muitos países são formados por movimentos imigratórios que marcam seu povo com
uma rica história e cultura, de forma contínua ou não, e um desses grandes exemplos, senão o
maior atualmente têm-se os EUA, uma vez que já foi considerado o melting-pot da América
por sua diversidade, porém como este termo possuía uma conotação exacerbadamente
europeia, o mesmo hoje foi substituído por salad bowl, em uma perspectiva de agregar todos
os grupos étnico-raciais sem exclusões.
Entretanto segundo López e Domínguez (2008) vale salientar que antes mesmo da
imigração latina apresentar números elevados já havia nos EUA pequenos grupos hispânicos
remanescentes da época colonial espanhola e do período anterior à compra de praticamente
metade do território mexicano pelos EUA, o que corresponde hoje ao sudoeste estadunidense.
Com isso, vê-se que a imigração hispana começou há década, num período em que
imigrantes hispanos buscavam nos EUA uma perspectiva de vida melhor, fugindo de
situações difíceis em seus países de origem e que mesmo antes deste início de imigração já
havia resquícios latinos propriamente ditos. Dando-se assim o início da grande latinidade
estadunidense.
Atualmente a população latina nos EUA com seus mais de 44 milhões já representa
cerca de 15% da população total estadunidense tendo se tornado a maior minoria do país,
superando a minoria negra e segundo dados publicados pelo Escritório do Censo
Estadunidense a população de latinos deve dobrar até o ano de 2050 chegando aos 132
milhões, o que equivalerá a 30% da população total do país, colocando-o na posição de
primeiro país hispanohablante do mundo, superando até mesmo o México, e isso se dará
consequentemente pelos grandes fluxos migratórios hispanoamericanos contínuos acima
citados, bem como pela alta taxa de natalidade dos latinos cuja média é cerca de quatro vezes
maior que a média geral do país. (LAGO, 2008, p.23).
Na tabela 1 acima se observa a origem dos imigrantes em que é possível notar a grande
representatividade de origem mexicana já que tem mais da metade de todas as outras origens
latinas juntas, além do evidente aumento da origem dominicana, centroamericana e
sulamericana e a diminuição dos classificados como ―outros‖.
33
A origem e contexto histórico em que muitos fatos estão inseridos certamente ajudam
a compreender a sua realidade na atualidade. E com o Spanglish não foi diferente, pois este
termo a princípio foi acunhado por um jornalista chamado Salvador Tió em uma de suas
colunas a qual intitulou ―La teoría del Spanglish” no jornal portorriquenho El diário de
Puerto Rico em 28 de outubro de 1948, período este em que já afirmava a existência de uma
deterioração da língua espanhola pela invasão de anglicismos justificando que no próprio
espanhol havia palavras/expressões que substituíam muito bem os estrangeirismos vindo do
inglês.
4 DEFININDO O SPANGLISH
Diante da amplitude pela qual o conceito do Spanglish passa aqui serão apresentadas
ideias conceituais de alguns autores a respeito do que pode ser tal fenômeno linguístico. Para
tanto, Fernández (2004; 2006 apud BETTI, 2011 p.42) começa ao dizer que o Spanglish trata-
se de uma mistura de línguas bilíngue que possui um grande espectro do que é apresentado em
uma língua, isto é, manifestações linguísticas, indo de um espanhol repleto de anglicismos ao
uso de um inglês cheio de hispanismos, com forte presença de empréstimos lexicais, calques
semânticos, code-switching e code-mixing.
Já para Lodares (2001, p.142 apud BETTI, 2011, p.42) tem-se então um idioma
intermediário, vivo, engenhoso e dinâmico difundido nas principais cidades estadunidenses
como, por exemplo, Nova Iorque, Los Angeles e Miami. Enquanto Dumitrescu (2015) pensa
que:
É um erro pôr um sinal de igualdade entre o espanhol dos Estados Unidos em sua
totalidade, e assim o chamado Spanglish, que é exclusivamente uma variante do
espanhol falado nos EUA, que contêm muitas outras, inclusive um espanhol culto de
hispanos educados, com ou sem estadunidismos [...] (p.35 apud BETTI, 2015, p.10).
Enquanto isso, Sacristán (2015, p. 49 apud BETTI, 2015, p.10) conta que o Spanglish
―se configura como valor fenomenológico próprio de uma língua materna, associada à
corporalidade do falante e que por este motivo não pode nunca ser racional ou funcionalmente
objetificada e alienada‖. Entretanto há autores que seguem vieses mais identitários como, por
exemplo, García-Molins e Morant (2015, p.94 apud BETTI, 2015, p.12) ao dizerem que o
Spanglish é ―como um símbolo do nacionalismo estadunidense e, ao mesmo tempo, é como
um índice da identidade emocional latina‖ e que:
Enquanto Betti (2013) ponderadamente afirma que o que está em discussão é uma
realidade linguística complexa, mas que não se trata de uma língua em si, contudo faz-se
necessária assim como a utopia e os sonhos para a evolução de realidades diversas
35
relacionadas à identidade e que por esta razão merecem nosso apreço e estudo. Porém
contrariamente ao que defende Betti, para Echevarría (1997):
Já Otheguy (2009) acredita que o Spanglish por si só não existe, mas sim, trata-se de
uma variante espanhola como qualquer outra de um país latinoamericano dado que todos têm
em si seu contexto próprio para afetação local do idioma e nem por isso neles o espanhol
deixa de ser considerado espanhol, afirmando que na verdade o Spanglish deveria
simplesmente ser chamado de ―espanhol popular dos EUA‖ popular, principalmente, pelo de
fato de ser um espanhol mais oral, usado em ambientes familiares e de confiança e até mesmo
como forma de combate ao estigma que o nome Spanglish carrega consigo.
Por outro lado Stavans (2001, p.184 apud ARDILA, 2005, p.65) considera justamente
o oposto do que dizem os dois últimos autores acima afirmando que ―esse dialeto em processo
de formação é o preço para a sobrevivência do espanhol nos Estados Unidos‖ e igualmente
trata da possibilidade do Spanglish estar se tornando uma nova língua, enfatizando que isso se
dá pela sua origem em uma minoria latina não uniforme formada por pessoas de diversas
classes sociais e raças que de alguma forma não se deixam assimilar por completo pela
sociedade anglo-saxônica que os rodeia porque possuem uma cultura própria, têm sua
cosmovisão e jeitos distintos de sentir o mundo.
Além disso, Stavans (2009) de deixa claro em suas palavras que ―os latinos são
multirraciais, transnacionais, plurilíngues, têm muitos pontos de vistas diferentes em relação à
política, estão afiliados a todo um cúmulo de religiões institucionalizadas, e etc.‖ acreditando
que ―o Spanglish serve de ponte para unir a todos eles‖.
De maneira similar aos pensamentos de Stavans, Zentella (2002 apud BETTI, 2015,
p.9) diz que o Spanglish é um símbolo da construção de uma nova identidade orquestrada por
grande destreza linguística, além de ser um termo que capta toda a opressão vivida pela
36
comunidade latina nos EUA. Visto isso, percebe-se a existência de autores apoiadores e
detratores do termo, além daqueles que mantêm uma posição intermediária, julgando que a
causa mereça mais estudos. Na figura 3 seguinte, segue um resumo dos pensamentos de
alguns dos principais autores.
Entre os hispanohablantes há uma variedade no modo como estes falam entre si,
havendo uma seleção natural e muitas vezes inconsciente da língua. Segundo Ardila (2005)
alguns hispanohablantes tentam manter uma conversa em espanhol padrão, porém há outros
que vão progressivamente trocando do espanhol para o Spanglish. Entretanto, tanto o
espanhol quanto o Spanglish funcionam de maneira separada, o espanhol fica destinado às
relações familiares e o Spanglish à comunidade latina com a qual se mantêm uma identidade.
E Ardila (2005) ainda acrescenta que há uma considerável diferença entre ser latino e
ser de fato falante de espanhol, haja vista que cerca de 90% dos latinos dos EUA conseguem
falar espanhol em algum nível, isto é, têm certo nível conhecimento linguístico, mas não o
dominam plenamente como um nativo, e dentre estes há aqueles que apenas entendem um
37
pouco do espanhol e falam o idioma com muita dificuldade ou mal o falam, assim como há
hispanohablantes imigrantes que mal podem utilizar o inglês.
Ainda conforme Ardila (2005) da mesma maneira que há falantes com níveis tão
diversos de espanhol nos EUA, há os falantes que são bilíngues equilibrados, isto é, aqueles
que manejam as duas línguas (espanhol e inglês) praticamente da mesma forma que um nativo
o faria. E naturalmente diante de um grau tão acentuado de diferença linguística entre a
maioria desses latinos qualquer combinação entre o inglês e espanhol torna-se uma
potencialidade comunicativa dentro de uma heterogeneidade de domínio linguístico que
parcialmente explica o desenvolvimento de uma interlíngua (ou dialeto espanhol), o
Spanglish, como se pode notar nos exemplos de verbos e substantivos a seguir na tabela 2 em
que há intensa ocorrência de empréstimos linguísticos do inglês ao espanhol:
Ainda de acordo com Ardila (2005) há dois subtipos de Spanglish, o primeiro trata- se
do Spanglish de latinos já nascidos nos EUA ou que ali chegaram ainda muito novos e são
bilíngues, agindo como nativo em ambas as línguas, embora estes tenham uma leve
Sistema de transição criado ao longo de um processo de assimilação de outra língua.
38
predominância do inglês por haver sido sua língua em situações acadêmicas, fato que lhes
gera maior destreza em sua escrita e leitura em inglês do que no espanhol que lhes costuma
ser uma língua predominantemente oral.
Em relação ao segundo tipo, têm-se os latinos que já chegaram adultos aos EUA e por
isso tornam-se bilíngues compostos, ou seja, ainda possuem interferência linguística de sua
língua materna. Tome-se o exemplo de um estudo observado por Elías-Olivares (1995 apud
ARDILA, 2005) no Hispanic Journal of Behavioral Sciences que dizia que falantes de origem
mexicana que residiam em Chicago por mais de uma década apesar da fraca proficiência em
inglês ou seu nulo conhecimento daquela língua, já demonstravam certo fenômeno
representativo de situações de contato linguístico como empréstimos, calques e extensões
semânticas. Portanto, o domínio e uso do Spanglish variam de acordo com a época em que o
falante chega aos EUA, além de fatores etários e socioeconômicos.
De acordo com o gráfico 2 uma minoria da população hispana utiliza o inglês em casa,
menos de 22% de sua população, enquanto quase 40% não usa o inglês em casa, entretanto
sabe utilizá-lo muito bem na comunidade estadunidense e pouco mais de 40% nem fala inglês
em casa, nem o fala muito bem na comunidade anglófona.
Adaptação fonética à língua vernácula, isto é, uma espanholização
39
Dessa maneira, quase 10% da população geral fica sem o usar o inglês em casa, mas
com seu uso mantido na comunidade e por volta de 8% sem usar o inglês em casa e nem ter
seu domínio. Portanto percebe-se pelo gráfico acima que o espanhol ainda goza de um grande
uso nas casas hispanaestadunidenses, e por isso há uma prevalência do domínio mais falado
do espanhol nos EUA.
Segundo Torres Torres (2010) há três variações, e a primeira variação a surgir foi a
chicana - variação mexicana - possivelmente por já haver residentes mexicanos no país
quando os EUA compraram metade do México pelo Tratado de Guadalupe Hidalgo, ficando
esta variação alocada ao Sudoeste estadunidense. A segunda é a variação portorriquenha,
conhecida como nuyorricán que se concentra basicamente em Nova Iorque e seus entornos,
sendo os portorriquenhos os que melhor se adaptam ao passo do inglês em questões de
domínio linguístico e social.
E por último há a variação cubana, também chamada de cubonics que domina a região
de Miami, estes falantes são os que demonstram maior o apego linguístico ao espanhol como
forma de manter seu forte de orgulho de pertencimento cubano, dando ares hispânicos a
Miami, tanto que são conhecidos como mayameros.
Portorriquenhos tecnicamente não são considerados como imigrantes por portar cidadania estadunidense, mas
são levados em consideração por serem de um território hispanohablante representativo aos EUA.
40
Alternar e misturar duas línguas que andam em contato num mesmo ambiente social é
algo até bastante comum num mundo bilíngue, porém segundo Torres Torres (2010) isso
ocorre mais frequentemente com os falantes latinos de segunda geração porque já têm
adquirido um alto nível de competência linguística em inglês e ao mesmo tempo mantêm uma
habilidade comunicativa notável em espanhol.
Na figura 4 a seguir nota-se como o espanhol é passado e apreendido (ou não) pelas
gerações seguintes.
Portanto como visto na figura acima, a questão do espanhol ser aprendido pelos
descendentes de latinos é um fato variável a depender da comunicação que se é tida em casa
pelos pais ou avós hispanohablantes que dominam o idioma em querer passá-lo aos filhos.
Segundo McCrady (2007) O Spanglish não é uma confusão por completo como muitos
tendem a afirmar, pois segue algumas regras ainda que implícitas, já que no uso das duas
línguas numa mesma conversa ambas as partes das duas línguas estarão geralmente
gramaticalmente corretas, o que pode conferir certa credibilidade a seus falantes bilíngues que
se acostumam naturalmente a manejá-las desde muito cedo, e, portanto estes falantes
bilíngues têm que obrigatoriamente ter um bom domínio de ambas as línguas indo de encontro
a argumentos que sustentem que o uso do Spanglish é questão meramente de deficiência
linguística, coisa de gente pobre e sem educação (TATUM, 2015, p.393). A seguir mostram-
se alguns exemplos de ―regras do Spanglish‖ citadas por Tatum (2015):
Los niños están jumping en la cama (the kids are jumping on the bed) é
gramaticalmente correto, mas ya hemos eaten la cena (we have already eaten
dinner) é bem menos correto. Ou, o câmbio pode acontecer em certa posição, como
em após o verbo hacer (to do or to make): Mi tío ya se hizo retire. (My uncle finally
retired.) Mi prima se hizo policewoman. (My cousin became a policewoman.) Outra
regra é que, quando se fala sobre algo que aconteceu, usa-se a língua em que já se
ouviu o fato. Sabes qué, el otro día me topé con el Chuy, y me dice, “Guess what,
I’m getting married!” (You know what, the other day I ran into Chuy, and he tells
me, “Guess what, I’m getting married!”) Ou, I pulled into the parking lot the other
day in my ’54 Chevy, e esse cara diz, “Oye, ¿qué trae bajo la trompa?” (I pulled
into the parking lot the other day in my ’54 Chevy, and this guy says, “Hey, what’s it
got under the hood?”). Mais uma regra é que o language switching é reservado para
falar com outras pessoas que também são bilíngues, entre amigos, em festas, com
irmãos, irmãs, e primos, em piqueniques ou jogos de bola, o language switching ou
Spanglish será comum. Não é geralmente utilizado com quem não é bilíngue. Então
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se os membros mais velhos da família não são fluentes em inglês, o bilíngue só fala
em espanhol com eles. Se um bilíngue vai às compras e o vendedor só fala inglês,
então ele só lhe fala em inglês. (p. 394)
Reafirmando o que foi dito, um estudo realizado por Toríbio (2009) em seu ensaio
Spanglish? Bite Your Tongue! Spanish-English Code-Switching among Latinos investiga a
questão do Spanglish com os latinos, e a um de seus participantes (Yanira) apresenta duas
frases, uma com as normas de code-switching ―violadas‖ e outra com a construção
―normatizada‖, e entre as duas Yanira disse que ficaria com a segunda opção, mostrando
claramente que o falante naturalmente tende a seguir as já citadas regras implícitas. Logo,
percebe-se que a comutação de línguas em lugares onde há bilíngues em situações
contextualizadas é algo bem mais natural do que se possa parecer e que nada é feito
totalmente de modo aleatório.
Alargamento de significado de palavra já existente em outro idioma.
Significado de palavra própria de outra língua sem nenhuma tradução, estrangeirismos.
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Segundo McCrady (2007) os hispanohablantes acreditam que seu uso gera uma
completa perda de identidade cultural, criando a confusão linguística acima citada, enquanto
que os anglohablantes temem que o Spanglish tome o controle social por parte do povo latino.
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E Marcos (1997 apud BETTI, 2011, p. 38) complementa mais o autor acima ao dizer
que todas essas classes sociais (política, econômica, profissional) já começam a olhar os
latinos de outra forma com intenções de votos e recursos, além de favorecer o acesso a bens
públicos e privados em espanhol, sendo assim revalorizada a cultura hispana e identidade
bilíngue dos EUA. Além dessa conversão de identidade sociocultural do Spanglish, este já
demonstra algumas criações artísticas representadas por nomes como escritores e cantores:
Gloria Anzaldua, Tato Laviera, Lucha Corpi, Paty Mora, Sandra Cisneros, Cristina García,
Luz Selenia Vásquez, Giannina Braschi y Ana Lydia Vega, autora del cuento Pollito Chicken,
que para muchos es la obra fundacional de la literatura en spanglish; Shakira, Daddy Yankee,
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Pitbull, Lila Dawn e etc. Estando também o Spanglish nos grandes meios de comunicação,
publicidade e internet.
i think in spanish
i write in english
tengo las venas aculturadas
escribo en spanglish
abraham in español
abraham in english
tato in spanish
―taro‖ in english
tonto in both languages
ahί supe que estoy jodίo
ahί supe que estamos jodίos
english or spanish
spanish or english
spanenglish
now, dig this:
hablo lo inglés matao
hablo lo español matao
no sé leer ninguno bien
so it is, spanglish to matao
what i digo
¡ay virgen, yo no sé hablar!
Neste poema, segundo Stavans (2008) ele expressa a confusão de sentir-se em dois
mundos em que o inglês e espanhol se batem, sentindo que não possui língua alguma, sem
senso de pertencimento social, além de aludir a um sistema falho de educação em uma Nova
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Iorque de realidade fria, de morte e drogas; e a referência ao nome Abraham reflete o período
após sua chegada a Nova Iorque em que um professor assim lhe mudou o nome por questão
adaptação.
Portanto, vale reconhecer que os latinos que se utilizam do Spanglish assim o fazem
por acreditar nessa condição natural e legítima de construção identitária que se tornou
característica da minoria latina nos EUA, sem que estes mesmos latinos deixassem de levar
em consideração o sincretismo de uma sociedade da qual fazem parte, em que já foram
estrangeiros, e hoje em dia não é mais (LAPUERTA, 2007).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como dito acima, a maioria dos estudiosos divergem enormemente sobre o Spanglish,
classificando-o por vezes como uma nova língua (STAVANS, 2008), um dialeto do espanhol
estadunidense (OTHEGUY, 2009) ou uma identidade híbrida formada por idiomas em contato
(BETTI, 2009), em um cenário em que alguns autores mantêm uma postura radical e detratora
em relação aos latinos que utilizam o Spanglish, subjulgando-os como um povo sem
letramento, e outros conferindo-lhe demasiada importância ao Spanglish só mostra o quanto
se há ainda para estudar a respeito dessa grande condicionante da resistência hispana nos
EUA, e um fato é certo, a hibridização, como processo de interseção e transação é o que torna
possível que a multiculturalidade evite o que tem de segregação e possa converter-se em
interculturalidade (CANCLINI, 2003).
Sendo assim, creio que nossos questionamentos iniciais puderam ser respondidos,
contudo foi deixada margem a futuras pesquisas complementares como, por exemplo, a
realização de entrevistas ou aplicação de questionários com falantes bilíngues hispanos nos e
dos EUA tratando de suas percepções a respeito do tema em seu aspecto sociocultural, bem
como no tocante a vieses político-econômicos da sociedade estadunidense.
Para concluir, como nos diria Nelson Mandela ―se você falar com um homem numa
linguagem que ele compreende isso entra na cabeça dele. Se você falar em sua própria
linguagem, você atinge seu coração‖, dito isso, podemos ter um sentimento de empatia maior
em relação à situação vivida pelos latinos com o Spanglish que nunca foi fácil, diga-se de
passagem, e antes de fazermos julgamentos de valores devemos recorrer a fundamentos
epistemológicos para entender e melhor enxergar o que faz um povo, raça ou o que for ser
como é e agir e como age.
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6 REFERÊNCIAS
BETTI, Silvia. El spanglish en los Estados Unidos: ¿estrategia expresiva legítima?. Lenguas
Modernas, n. 37, p. 33-53, 2011. Disponível em:
http://search.proquest.com/openview/f63496ba0e30290e26d95e9b729a76f2/1?pq-
origsite=gscholar&cbl=22706. Acesso em: 29 mar. 2017.
BETTI, Silvia. La definición del spanglish en la última edición del Diccionario de la Real
Academia (2014). Academia Norteamericana de la Lengua Española, p. 5. Disponível em:
http://search.proquest.com/openview/f63496ba0e30290e26d95e9b729a76f2/1?pq-
origsite=gscholar&cbl=22706. Acesso em: 30 mar. 2017.
DEBATE sobre o termo Spanglish entre os professores Ricardo Otheguy e Ana Celia
Zentella. Conference on Spanish in the U.S., Miami, fevereiro, 2009. Web 28 de out. 2009.
Transcrição feita por Ericka Acevedo Torres. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=p0DdFvv1itA. Acesso em: 17 abr. 2017.
FIORIN, José Luiz et al. Introdução à lingüística, v.1 e 2. São Paulo: Contexto, 2003.
STAVANS, Ilan. Perfil Ilan Stavans: “My name es Ilan Stavans, lingüista, cultural critic
y revoloteador”, 2009. Disponível em: http://www.catedraabierta.udp.cl/perfil-ilan-stavans-
my-name-es-ilan-stavans-linguista-cultural-critic-y-revoloteador/. Acesso em: 30 mar. 2017.
JIMÉNEZ, Jenny Raquel Bermúdez; PARRA, Yamith José Fandiño. El fenómeno bilingüe:
perspectivas y tendencias en bilingüismo. Revista Universidad de La Salle, n. 59, p. 99-124,
2012. Disponível em: http://revistas.lasalle.edu.co/index.php/ls/article/view/1982. Acesso em:
2 abr. 2017.
Atesto que o presente Trabalho, intitulado Spanglish: nova língua, novo dialeto ou
variação híbrida é de minha autoria, estando eu ciente de que poderei sofrer sanções, a
qualquer tempo, nas esferas acadêmica, administrativa, civil e penal, caso seja comprovado
cópia e/ou aquisição de trabalhos de terceiros, além do prejuízo de medidas de caráter
educacional, como a reprovação do componente curricular (disciplina), o que impedirá a
obtenção do Diploma de Conclusão do Curso de Graduação ou a sua respectiva cassação.
Sendo o que tinha a atestar, afirmo que o presente é verdadeiro e dou fé.
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Assinatura do (a) Estudante