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Ribeiro
Ainda nessa reflexão, Cortella deixa uma frase no livro - que repete no mínimo
três vezes ao longo deste - dizendo que a costuma levar e usá-la para quase
todos os momentos de reunião que vivencia: “Os ausentes nunca tem razão”.
Oras, se uma pessoa opta por não participar, não interagir, seja por falta de
interesse, por não ter tempo, ou por qualquer outro motivo, ela nunca terá
razão. Logo, surgindo uma discussão ou acontecimento que se relacione com
aquilo que foi discutido no momento que ela não estava presente, ela não tem
o direito de opinar, pois não sabe do que se trata. A não ser que esta demostre
curiosidade, entendendo o prejuízo que lhe pode proporcionar, e busque
entender o tema. Assim ela terá como participar novamente.
Por fim, tomando a ideia do parágrafo anterior como base, foi escrito – como
anotação - uma frase que sintetiza bem esse segundo aspecto da pulsão vital:
“Somente buscaremos a liberdade em situações de opressão, Ditaduras,
hostilidades, ou seja, quando há parâmetros nos dizendo como pensar e como
agir. Caso contrário, nos contentaremos com aquilo que nos é proposto,
acomodando-nos. Então atingimos o cúmulo da preguiça, o acomodo”.
Sempre retomando o assunto dos capítulos anteriores, volta a ser dito que a
política, hoje, vem sendo considerada como motivo de desprezo. Este, se da
pela única percepção de política que a sociedade atual tem: a política
partidária. Assim, enxergarão esta atividade de convívio apenas como
competitiva, em que existe um inimigo, e, acima de tudo, que é corrupta.
Entretanto, é preciso que entendamos que a corrupção sempre existiu, ela só
se tornou mais explícita com a informação que recebemos todos os dias
através de meios tecnológicos. E que, ao invés de ela se tornar o combustível,
a pulsão vital de nossa luta por justiça, ela cause sensação de impotência nas
pessoas.
Hoje, vivemos um mundo em que consideramos uma pessoa boa quando ela
não se envolve com política. Ao pensarmos no zoon politikon (o homem político
de Aristóteles), podemos notar o enfraquecimento de certos laços sociais como
a relação de prazer na companhia alheia, o convívio e o crescimento com o
outro, que eram fundamentais para o zoon politikon.
Nesse aspecto, é bom que lembremos que Charles Darwin usava o a palavra
evolução para se referir a coisas que estão mudando, se desenvolvendo, seja
para positivo ou negativo. No mundo em que vivemos, temos esses dois tipos
de evolução: a positiva, que diz respeito aos direitos do cidadão, da expansão
da liberdade individual e do acesso à informação; ou a negativa, que se trata
da percepção da impotência política e do desprezo pela atividade política. Por
isso, podemos dizer que nem toda evolução é boa, como na medicina, em que
uma pessoa pode “evoluir para óbito”. Nesse ponto, podemos dizer,
concluindo, que a política grega é iluminadora pelo fato de permitir que
enobreçamos nossa capacidade de convivência.
Hoje, temos sociabilidades muito intensas, porém parciais. Isso se deve pelo
fato de estarmos buscando sempre uma relação de espelho, tentando
encontrar pessoas que tenham pensamentos e atitudes iguais as nossas para
nos relacionarmos. Aí mora um problema. Quando deixamos de nos reunir com
pessoas diferentes, deixamos de exercitar princípios fundamentais para a vida
pública – como a democracia, o convívio, a coletividade e enfraquece os laços
sociais. Além disso, deixamos de aprimorar nossos argumentos e ideias, algo
que só acontece quando há um contraponto, que nos force a pensar e
reformular nossas ideias. Ainda falando sobre o mundo atual, há uma frase de
Agostinho que exprime bem essa ideia: “Não sacia a fome quem lambe pão
pintado”, ou seja, não se sente satisfeito aquele que faz algo somente em
busca da aparência, do status. Até mesmo dentro da política, quando, por
exemplo, escolas resolvem organizar rodas de conversa e assembleias para
discutir temas políticos, como se política não fosse algo para fazermos todos os
dias.
Durante esse texto, surgiu um trecho em que falava da Ditadura no Brasil, mais
especificamente do AI-5 (Ato Inconstitucional nº 5), promulgado em 1968, e
que seria muito interessante que relembrássemos por ser muito exigido em
vestibulares por todo o país, além de fazer parte da história do Brasil. O AI-5 foi
uma medida imposta pelo Governo Militar brasileiro no ano de 1968 (a Ditadura
durou de 1964 à 1985), tendo início em 13 de dezembro deste ano e
finalizando apenas 10 anos depois, em 1978. Foi considerado o mais duro
golpe militar da Ditadura, por dar poder quase absoluto ao regime militar.
Algumas de suas mudanças eram:
Abordamos nesta parte do livro um pouco sobre nosso sistema de ensino, que
ode passar por uma possível reformulação com a MP do Ensino Médio, se for
aceita. Por não ter conseguido acompanhar certas transformações sociais,
nosso sistema de ensino se encontra preso a diplomas e currículos. Por isso,
deveríamos tentar inovar, exigindo apenas um certificado de que a pessoa fez
algum curso, ou faculdade sobre o tema, e analisa-la, realmente, na prática,
assim veremos o que ela sabe fazer, e não o que o currículo diz que ela sabe.
Entretanto, esse modo de avaliação deveria valer apenas para áreas que não
põem o risco à vida. Caso contrário, como medicina e engenharia, devem
continuar exigindo currículo.
Por fim, Janine expressa sua opinião de como deveria funcionar a arrecadação
de tributos feita pelo Estado. Diz que deveria ser arrecadado de quem pode
mais, ou seja, de quem tem mais condições financeiras. E distribua para quem
pode menos. Que, embora era mudança necessite um bom senso, seria mais
justa.
Já que falamos sobre tempo, há no livro uma frase que Cortella usou para se
referir ao tempo em detrimento da política: “Não temos mais tempo para a
política porque reduzimos nosso uso útil do tempo”. Porém, sábios diriam que
tempo não se tem, nem se constrói, ele sempre existiu, coube ao homem a
capacidade de administrá-lo. Assim, quando dizemos que não o temos, na
verdade queremos dizer que temos outras prioridades. Além disso, podemos
concluir que o indivíduo é dono de si, quando é dono de seu tempo, pois, no
trabalho, o patrão é dono desta parcela de tempo, e paga por isso. Por isso
existe jornada de trabalho, que significa o tempo sendo comprado. Hoje, nos
sentimos esgotados, tanto física quanto mentalmente, pois a nossa utilidade
não está no deslocamento, mas no destino.
Esse, então, foi o capítulo mais esperado durante todo o livro. Talvez por se
tratar de um assunto que vivenciamos praticamente todos os dias nas escolas
de todos os países através de palestras, discussões, rodas de conversa,
paralisações, greves, etc.. Como o título já bem informa, se refere ao modo
como a política deve ser ensinada nas escolas e, principalmente, como não
deve ser feita.
O parto do século XX foi a democracia de massas. Isso se deu pelo fato de que
muitas pessoas resolveram ingressar na política por volta de 1920 e 1930.
Além disso, a Primeira Guerra Mundial foi travada em um meio liberal: feridos,
viúvas e órfãos teriam que se virar, buscar as melhores condições que
pudessem, e reconstruir suas vidas. Cada um por si. Estes, foram chamados
pelos franceses de gueules cassées. Essa mesma multidão que foi deixada de
lado foi responsável pela formação dos Bolcheviques na antiga União
Soviética, dos nazistas na Alemanha e nos fascistas na Itália. É importante que
ressaltemos que, anos depois, por volta de 1960, houve uma plebeização da
política, quando Plebeus ganharam espaço, podendo votar, participar, etc..
Com todo esse povo ingressando na política, podemos concluir que o mundo
passava, então, por um momento total e exclusivamente político.
Através deste avanço, pudemos ter uma percepção mais ampla da política – ou
melhor -, da corrupção que nela existe. Encontramo-nos em um momento de
transição, pois a história se trata de um ciclo, sempre se repetirá. Estamos no
momento em que descobrimos o problema, no caso, a corrupção. Bem
provavelmente, se essa teoria cíclica se concretizar, essa fase será seguida de
uma revolta, uma guerra, em que buscaremos resolver esse problema. Assim,
surgiriam novas formas de poderes, novos reinados, impérios, etc., exatamente
como ocorreu há anos, séculos atrás. Será, portanto, que um dia chegaremos a
construir uma guerra contra o Estado? Se possível, gostaria que os átomos,
presentes neste corpo a quem lhes escreve, se encontrem em forma humana
quando esse episódio inédito da história acontecer...
“O objetivo era fazer com que todos saíssem ganhando, em vez de criar um
clima de que um leva tudo e o outro perde tudo”. Essa ideia é expressa por
Janine, ao se referir às esferas políticas não partidárias, como no mundo
acadêmico, em discussões diárias, etc., o importante é que entremos em um
consenso e que nossas ideias se unam, ao invés de se contraporem. Assim,
poderíamos construir uma ideia melhor a partir de dois pontos de vistas
distintos ao invés de discutirmos, brigarmos, e pensarmos que temos ideias
melhores do que a do outro. “Numa sociedade de convívio democrático a
negociação se torna prioritária”. Por isso precisamos caminhar ao lado de
pessoas que possuam pensamentos diferentes dos nossos, pois só dessa
maneira seremos capazes de evoluir. Precisamos desse conflito ideológico.
Janeiro de 2017