CIENCIA POLITICA

Prof. Doutor Kafft Kosta

2. Ano Noite - Exame Final

22 de Janeiro de 2013, 19h00

a) Comente as seguintes frases:

aa) Três notas caracterizam o fenómeno partidário hoje:

O partido é mais de eleitores do que de militantes;

Diversificação social do eleitorado;

Programa fortemente agregador, norteado por preocupações interclassistas.

 A referir:

 Consideração de que o partido é mais de eleitores do que de militantes;

 Diversificação social do eleitorado [é o cruzamento do princípio de preferência com o de

extensão – o 1.º aponta para a aproximação preferencial ao seu eleitorado natural; o 2.º
aponta para o alargamento para outros espaços não originários];

 Programa fortemente agregador, norteado por preocupações interclassistas (portanto,

partido de reagrupamento, não partido de classes – os grandes partidos são tendencialmente
“partidos de governo”, máquinas com a missão de angariar votos para acumular
recursos e poder).

[Entra aqui o partido eleitoral de massas (Giovanni Sartori) - ou nomenclaturas afins, como
partido de reagrupamento (Otto Kirchheimer), partido de eleitores (Jean Charlot) ou catch-all-
party]

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bb) O sistema proporcional, supondo o escrutínio de lista, é um factor de afastamento entre o
eleitor e o eleito, enfatizando o esquema do Estado de partidos.

 Representação Proporcional - características:

. Multiplicação de partidos [salvo a RFA (SPD, CDU) e Portugal (PS e PSD) – quase
bipartidarismo];

. Instabilidade governativa;

. Privilegia o “sufrágio de ideias” ao “sufrágio de homens”.

. Tendencial equilíbrio entre votos e mandatos.

. Aconselhada para sociedades com elevado índice de conflitualidade político-social e

de fragmentação. Quando a resposta for a postura de consenso, uma das opções mais
adequadas é a representação proporcional.

. Em termos gerais, pode-se dizer que o sistema proporcional é apto a funcionar quer
num esquema de círculo nacional único, quer no de multiplicidade de círculos
eleitorais.

O esquema de círculo nacional único tende a beneficiar os partidos pequenos, na sua

representação parlamentar. Porquê? Porque concentraram-se num único círculo os seus
votos dispersos e irrelevantes em cada circunscrição. Isso acicataria ainda mais o
fenómeno da inflação partidária, tornando difícil a tarefa de obtenção de maiorias
parlamentares.

Defende-se correntemente que a fórmula d’HONDT é apta a evitar tais inconvenientes...

O sistema proporcional, supondo o escrutínio de lista, é um factor de afastamento entre

o eleitor e o eleito, enfatizando o esquema do Estado de partidos (com a dominância
destes na selecção dos candidatos).

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cc) Falar de Estado é falar de uma entidade dotada do dom especial de perdurabilidade, de
resiliência às sucessivas condenações à morte ou à menorização que contra si vêm sendo exaradas
(por uma certa visão ideológica que prevê o seu desaparecimento a muito longo prazo; pela
globalização; pela supranacionalização; pela federalização de entidades internacionais).

 Falar do Estado nas suas diversas acepções. Uma delas é a que se atém ao
aparelho de governação (Estado-poder ou Estado-governo).

Para se referir ao Estado enquanto comunidade, recorre-se à designação Estado-

sociedade.

Desenhar uma linha temporal que abranja a antiguidade, a Idade Média (se entender
que essa entidade merece o nome de Estado), a modernidade e contemporaneidade.

Explicitar a dimensão sublinhada pelo Estado absolutista, pelo Estado liberal e pelo
social, a respeito da parelha Estado-poder / Estado-sociedade.

Reflectir sobre a relativização da soberania, por força dos factores mencionados no

enunciado (globalização; supranacionalização; federalização de entidades
internacionais).

b) Defina Ciência Política e indique os marcos teóricos do seu processo de

autonomização científica.

 Expor muito resumidamente (trata-se de uma definição) a noção de Ciência

Política na sua versão ampla e restrita.

Falar dos contributos de autores como Machiavelli, Montesquieu, Hobbes, Rousseau,

Adam Smith, David Hume e outros dos séculos XX e XXI.

c) Que relação estabeleceria entre a teoria da limitação do poder e a tragédia de

Antígona?

 Contar esse episódio da mitologia grega e relacioná-lo com a Teoria da limitação

do poder pelo Direito natural.

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 II

1. Descreva uma situação política, hipotética ou real, que se possa enquadrar no

esquema aqui desenhado (não se esqueça de falar resumidamente do autor e da
concepção ali subjacente):

Environment
Exigências
Subsistema Decisões
(demands) político Outputs
(normas)
Inputs (black-box) (respostas
Apoios )
Acções
(Estímul
(support)
os)

Efeitos de retroacção (the feedback loop)

A destacar:

 David Easton: O modelo reflecte a análise dos estímulos fornecidos pelos demais subsistemas do
sistema social e por outros sistemas sociais; a análise das respostas dadas pelo subsistema político e o
efeito de retroacção desencadeado no environment (ambiente); procura-se abstrair do funcionamento
interno do sistema político (apelidado, por isso, de caixa negra).

 Explicar os fluxos, do início ao fim do circuito.