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O SIMBOLISMO DE BAPHOMET

Para entender a criação e a falsa associação desta figura meio homem meio bode
com a Maçonaria, teremos que seguir um longo e tortuoso caminho iniciando no
século XII.
Depois da Primeira Cruzada, no ano 1119 em Jerusalém, surge um pequeno grupo
de militares formando uma ordem religiosa tendo como seu principal objetivo
proteger os peregrinos visitantes à Palestina. Ficaram conhecidos como os
Cavaleiros Templários.
Devido à necessidade de enviar dinheiro emateriais regularmente da Europa à
Palestina, os Cavaleiros Templários gradualmente desenvolveram um eficiente
sistema bancário que nunca existira.
Uma das imagens de mais forte presença no universo ocultista de nossa época,
por vezes erroneamente interpretada como uma rebuscada representação do
diabo católico, recebe o nome de Baphomet. Todavia, apesar de muito ter sido
especulado sobre o lendário ídolo dos Templários, pouca informação confiável
existe a respeito desta enigmática figura. Daí vêm as inevitáveis questões: o que
de fato esta imagem significa e qual a sua origem? Além disso, o que ela hoje
representa dentro das Ciências Arcanas? Há algum culto atualmente celebrado
cujos fundamentos estejam calcados neste Mistério?
Este pequeno exame sobre os Mistérios de Baphomet tem como principal objetivo
fornecer algumas orientações iniciais ao tema, permitindo assim que cada um
possa encontrar subsídios para ir, aos poucos, formando sua própria opinião, de
modo a melhor poder avaliar o que normalmente é encontrado ou divulgado nos
círculos iniciáticos atuais.
Assim, levando uma vida austera com uma forte disciplina, defendendo com
desinteresse as Terras Santas, recebendo doações de benfeitores agradecidos, os
Templários acumularam com o passar dos anos grande riqueza. Tais poderes,
militar e financeiro, os tornaram respeitados e confiáveis para a população da
época.
Os Templários financiavam, através de vultosos empréstimos, muitos reis da
época. Porém, por volta de 1300 os Templários sofreram diversas derrotas
militares, deixando-os em uma posição vulnerável e assim, suas riquezas se
tornaram objeto de ganância e ciúme para muitos.
Na época o Rei francês Felipe IV (Felipe, o Belo) estava envolvido em uma
tumultuada disputa política contra o Papa Bonifácio VIII e ameaçava com a
possibilidade de embargar seus impostos ao clero. Tal agressividade do Rei contra
o sumo pontífice era principalmente devido à corte francesa estar falida.
Então o Papa Bonifácio em 1302 editou a Bula Unam Sanctam, uma declaração
máxima do papado, que condenava tal atitude. Os partidários de Felipe então
aprisionaram Bonifácio que escapou pouco tempo depois, mas veio a falecer logo
em seguida.
Em 1305 Felipe, com uma trama política e pressão militar, obteve a eleição de um
dos seus próprios partidários, inclusive amigo de infância,como Papa Clemente V e
o convenceu a residir na França, onde estaria sob seu controle todo movimento
eclesiástico. (Este era o começo do denominado “Cativeiro Babilônico do Papado”,
de 1309 a 1377, durante o qual os Papas viveram em Avignon e sujeitos a lei
francesa).
Desta forma, o Papa estava sob o controle total do rei Felipe, o Belo.
Agora com o Papa firmemente sob seu controle, Felipe voltou-se para os
Cavaleiros Templários e a fortuna deles, então denunciou os Templários à Igreja
por heresia e esta aceitou tal denúncia. Então em 1307, com o consentimento do
Papa, Felipe ordenou uma perseguição aos Templários prendendo-os e jogando-
os em calabouços, incluindo o Grão Mestre Jacques de Molay que foi acusado de
sacrilégio e satanismo.
Em 1312, o Papa, agora um boneco do Rei, emitiu a ordem que suprimia a ordem
militar dos Templários com subseqüente confisco da riqueza por Felipe. (Os
recursos ingleses dos Templários foram confiscados de forma semelhante pelo Rei
Edward II da Inglaterra, sendo a maior parte desta imensa fortuna para Portugal,
onde foi criada mais tarde em 1319, a Ordem de Cristo).
Claro que os Templários já sabiam das intenções de Felipe e, quando seus
exércitos invadiram os castelos templários, não acharam nem uma moeda sequer
do fabuloso tesouro templário, nem a arca da aliança, nem o Santo Graal, que
foram enviados em 12 galeões para fora da França.
Assim, os Templários deixaramde existir daquela data em diante e muitos de seus
membros, inclusive Jacques de Molay foram torturados e obrigados a se
declararem “réus confessos” para uma miríade de crimes, inclusive uma lista 127
acusações e 9 subitens! Estas incluíram tais coisas como a “reunião noturna
secreta”, homossexualismo (embasado no símbolo da Ordem, que é dois soldados
montando o mesmo cavalo), cuspir na cruz, negar a Cristo, etc…
Entre as acusações contra os Templários havia uma que haviam produzido algum
tipo de “cabeça barbuda”. O tal do Baphomet.
Existem várias teorias, inclusive seria um relicário contendo a cabeça de João
Batista ou a cabeça de Cristo, a Mortalha de Turin, uma imagem de Maomé (o pai
da religião islâmica) entre outras.
Após ser torturado por 7 anos, o Mestre Jacques de Molay acabou, após sua
prisão, queimado vivo em praça pública com fogo brando e muitos templários
foram mortos também e outros fugindo para outros países.
O que vem a ser exatamente o “Baphomet” nunca foi descrito pela Inquisição, mas
é fácil perceber que se trata de uma mistureba feita pela Igreja dos ritos antigos
egípcios, gregos e romanos, para variar.

A IMAGEM
Mais de 500 anos depois dos Templários, em 1810 na França, nasce Alphonse
Louis Constant, filho de um sapateiro.
Bem cedo, ainda criança, ganhou as atenções de um padre da paróquia local que
providenciou para que Alphonse fosse enviado para o seminário de SaintNichols
du Chardonnet e mais tarde para Saint Sulpice estudando o catolicismo romano
com o objetivo ao sacerdócio.
Logo deixou o caminho do catolicismo para se tornar um ocultista. De qualquer
forma enquanto vivo seguiu o caminho esotérico e adotou o pseudônimo judeu de
Eliphas Lévi, que dizia ser uma versão judaica de seu próprio nome.
O trabalho de sua vida foi escrever volumes enormes sobre Magia que incluiam
comentários extensos sobre os Cavaleiros Templários e o Baphomet.
De todos seus trabalhos o mais conhecido é o que contém a ilustração (o desenho
é cópia do original e observe que está assinado por Eliphas Lévi) e era usado como
uma fachada para o livro “A Doutrina da Alta Magia” publicado em 1855.
Levi também afirmava que se a pessoa reorganizasse as letras de Baphomet
invertendo-as, adquiriria uma frase latina “TEM OHP AB” que é a abreviação de
“Templi Omnivm Hominum Pacis Abbas“, ou em português, “O Pai do Templo da
Paz de Todos os Homens”. Uma referência ao Templo do Rei Salomão, capaz de
levar a paz a todos.
A palavra “Baphomet” em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf.
Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos Cabalistas judeus),
obtém-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que soletra-se Sophia, palavra grega para
“sabedoria”.

SEU SIGNIFICADO
Na Alquimia, o uso de alegorias e imagens é muito comum para expressar idéias e
conceitos.

- A imagem possui acabeça com características de chacal, touro e bode,


representando os chifres da sabedoria, virilidade e abundância. O chacal
representa Anúbis (o deus-chacal) e também o “Mercúrio dos Sábios”, o Touro
representa o elemento terra e o “Sal dos Filósofos” e o bode representa o Fogo e o
“Enxofre fixo”. Juntos, a cabeça da imagem representa os três princípios da
Alquimia.

- A tocha entre seus chifres representa a sabedoria divina e a iluminação. Tochas


estão associadas ao espírito nos 4 elementos e colocadas sobre a cabeça de uma
imagem representam a inspiração divina. Isso pode ser observado até os dias de
hoje, em personagens de quadrinhos que, quando tem uma idéia, aparece uma
lâmpada sobre suas cabeças.

- O conjunto dos dois chifres também representam as duas colunas na Árvore da


Vida e o fogo sendo o equilíbrio entre elas. A lua branca representa a
magnanimidade de Chesed (Júpiter) e a lua negra o rigor de Geburah (Marte).

- O pentagrama na testa de Baphomet representa Netzach (Vênus), o Pentagrama,


o símbolo da proteção e da magia. Importante notar que ele se encontra voltado
com a ponta para cima.

- As pernas cruzadas associadas ao cubo representam Malkuth (Reino).

- Nos braços do Baphomet estão escritos “Solve” no braço que aponta para cima e
“Coagula” no braço que aponta para baixo. Solve representa “dissolver a luz astral”
e coagula significa “coagular esta luz astral no plano físico”.Em outras palavras:
tudo aquilo que você desejar e mentalizar no plano astral irá se manifestar no
plano físico. Os braços nesta posição representam o “Tudo o que está acima é
igual ao que está abaixo”, ou “O microcosmo é igual ao macrocosmo”, ou “Assim
na Terra como no Céu”. É a mesma posição dos braços representada no Arcano do
Mago no tarot.

- Escamas, representando o domínio sobre as águas, ou emoções.

- Asas, representando o domínio sobre o Ar, ou a razão.

- Patas de bode, representando seu domínio sobre a Terra, ou o material. Também


representam a escalada espiritual.

- Fogo em seus chifres, representando o domínio sobre o Fogo.

- Seios representam a maternidade e a fertilidade, e também o hermafroditismo,


simbolizando que a alma não possui sexo e que não “somos” homens ou
mulheres, mas “estamos” homens ou mulheres.

- A imagem está parcialmente coberta, parcialmente vestida, representando que o


corpo não está apenas no plano material (Roupas), mas por debaixo da matéria
está também o espírito (Parte nua). Podemos perceber isto melhor nos arcanos
Estrela e Lua no tarot.

- Cubo - Baphomet está sentado sobre o cubo. O cubo e o número 4 representam


o Plano Material, e estar sentado sobre ele representa o domínio sobre o plano
material (vide arcanos Imperador e Imperatriz no tarot).
- O falo do Baphomet é o Caduceu de Hermes, representando a Kundalini e as
energiassexuais ativadas, a virilidade e todo o desenvolvimento dos chakras.

- Finalmente, a figura representa a Esfinge, aquela que guarda os portais das


iniciações, pela qual os covardes não passarão. Aquele que teme uma figura por
pura ignorância nunca será um iniciado.

Em magia hermética, o “bode representa o fogo e é, ao mesmo tempo, o símbolo


da geração”.

ASSOCIAÇÕES ENGANOSAS COM A MAÇONARIA


Para analisarmos como esta figura foi parar nas mãos dos ignorantes evangélicos
e católicos, precisamos explicar quem foi Leo Taxil (seu verdadeiro nome era
Gabriel Antoine Jogand Pagès).
Taxil havia sido iniciado na Maçonaria, mas fora expulso ainda como aprendiz. Por
vingança, acabou por inventar uma ordem maçônica “altamente secreta” chamada
Palladium (que só existia na imaginação fértil de Taxil) supostamente comandada
por Albert Pike (o Grão Mestre da Maçonaria na época). Seu objetivo, então, era
revelar à sociedade tal misteriosa e maléfica Ordem.
Ficou famoso com isso e ganhou uma audiência com o Papa Leão VIII em 1887.
Assim, a Igreja Católica alegremente patrocinou e financiou a campanha de Taxil,
inclusive a edição de seus livros.
O panfleto de lançamento do livro de Taxil pode-se ver Baphomet com algumas
modificações e um avental maçônico cobrindo o falo.
O livro “Os Mistérios da Franco Maçonaria” descreve um grupo de maçons
endiabrados que dançam ao redor do Baphomet puxado por um ex-padre,nada
mais nada menos, que o famoso e falecido “Pai do Baphomet”, Eliphas Lévi
(falecido em 1875). Leo Taxil ganhou muito dinheiro, inclusive do Vaticano,
enganando todo tipo de crédulos.
Finalmente, em 19 de abril de 1897 em um salão de leitura, Taxil iria apresentar
uma tal senhorita Vaughan, que na verdade nunca existiu, renunciando a Satã e
convertendo-se ao catolicismo. A igreja ansiosamente aguardou tal apresentação.
Na data o salão lotou de pessoas do clero católico, maçons e jornalistas. Depois de
um palavreado enorme, cheio de volteios, Taxil então finalmente revelou que nada
tinha a revelar, porque nunca havia existido tal “Ordem Palladium”. Foi um tumulto
imenso.
De fato, Gabriel Jogand tinha fabricado a história inteira como uma farsa
monumental às custas da igreja. No final, foi chamada a polícia para os ânimos
fossem controlados e tudo não acabasse em uma imensa briga e quebra-quebra.

Taxil morreu dez anos depois, em 1907, com 53 anos.


A fraude, apesar de ter sido revelada por seu criador, continua e é aceita como
“verdade absoluta e incontestável” por novas gerações de religiosos ignorantes (ou
de má-fé).
A Maçonaria é difamada por uma acusação absurda e também por aqueles que
pensam ser religiosos corretos e acabam por perpetuar uma mentira
inconscientemente.

CONCLUSÃO
Baphomet nasceu de uma lenda dos Templários, ganhou forma nas mãos de
Eliphas Leví e foi associado à Maçonariapor Leo Taxil.
É uma imagem erroneamente associada ao mito dos diabos e belzebus . Na
verdade é uma composição hieroglífica eivada de simbolismos.
Apesar de muito ter sido dito concernente a questão Baphomet, apenas uma
única certeza aparece de modo irrefutável: Os Mistérios de Baphomet ainda
seguirão, dando a oportunidade para que cada um de seus Estudantes penetre
num rico e fantástico universo de signos, símbolos e enigmas a serem desvelados.
Abrindo espaço ao Silêncio, damos vez à reflexão. Refletindo, confiamos que a
verdadeira Fraternidade, aquela que se reúne na Igreja Invisível do Espírito Santo,
continuará sempre a providenciar nosso sustento espiritual, sem os excessos tão
comuns a falsa religião, mas com a tranqüilidade da Verdadeira Sabedoria, que
garantirá justiça e perfeição para todos os seus Reais Adeptos.

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