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Teoria Social de Marx validado no pensamento de Lukács

Ana Rita Pereira Da Silva1


Jedyelen de Oliveira Sousa2
Rafael Gomes Ferreira3
Orientador: Reginaldo França4

RESUMO
O objetivo desse artigo é compreender e criticar a sociedade burguesa e o modo de produção
capitalista sua estrutura dinâmica e alguns complexos, fazendo uma análise partindo do ponto
de vista marxista e lukacsiano, no qual abordaremos o desenvolvimento do processo de
produção dos trabalhadores e ressaltar o seu sentido ontológico, peça fundamental para esse
entendimento.
Palavras-chave: Trabalho; Ontologia; Capitalismo; Ser Social; Sociedade Burguesa.

ABSTRACT

The objective of this article is to understand and criticize bourgeois society and the capitalist
mode of production its dynamic structure and some complex ones, making an analysis starting
from the Marxist and Lukacsian point of view, in which we will approach the development of
the production process of the workers and to emphasize the its ontological sense, fundamental
piece for this understanding.

Keywords: Job; Ontology; Capitalism; Being Social; Bourgeois Society.

1
Graduanda de Serviço Social na UFCG-CCJS. E-mail: anaritapereirasilva53@gmail.com
2
Graduanda de Serviço Social na UFCG-CCJS. E-mail: jedyelensousasc@gmail.com
3
Graduando de Serviço Social na UFCG-CCJS. E-mail: gomesralfs@gmail.com
4
Doutor em Serviço Social pela UFSC e professor pela UFCG-CCJS. E-mail: reginaldo.francajr@gmail.com
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INTRODUÇÃO

A priori abordamos a sociedade burguesa em sua totalidade de complexos e sua


estrutura que irá discutir: o trabalho e a relação com esse modo de produção com compreensões
importantes como, trabalho abstrato e trabalho concreto, trabalho vivo e trabalho morto.
Ambas discussões sobre trabalho, que segundo Marx tem como fator fundante o modo de
produção capitalista, mas não se reduz apenas ao fator econômico, como também ao cultural e
social, em uma visão macroscópica, de maneira a não existir nenhuma forma de neutralidade
nessa pesquisa. Em primeiro momento ressalto a relação do homem com a natureza e o meio
social em sua realidade determinada por uma totalidade concreta. Ressaltamos também o
sentido ontológico, a dinâmica e a ideologia do trabalho, também como categoria fundante do
ser social e que aborda fatores e posições como a teleologia primária e secundária, a esfera
orgânica e inorgânica. Traremos a categoria do ser social como centralidade neste artigo,
também de forma a envolver o capitalismo que se apropria da força de trabalho e o coisifica,
para tornar o homem não só produtor de mercadoria como também a "mercadoria”.

Dessa maneira, tudo o que envolve trabalho e modo de produção capitalista será
abordado. Por fim, tem como objetivo e objeto de estudo a análise real e critica a sociedade
burguesa e ao modo de produção capitalista, para entender e analisar o significado do trabalho.
Faremos uma contextualização do seu sentido até chegar a perspectiva atual de plena
exploração e apropriação da riqueza socialmente produzida, para articular todas as categorias
importante nesse processo, pois temos como base a perspectiva marxista e Lukacsiana.

1- Ontologia e ideologia do trabalho e a relação do homem com o meio social

A início tomamos como ponto inicial para a compreensão do sentido ontológico do


trabalho a sua relação com a natureza, portanto, uma categoria fundamental para o ser humano
genérico, relação essa que modifica não só a natureza ao retirar instrumentos necessários da
mesma, como também transforma o homem a partir da luta pela sua sobrevivência e sua
capacidade de estar sempre em busca da satisfação de suas necessidades e através dessa
satisfação que pode ser não só individual como também coletiva, adequa-se os instrumentos de
forma a suprir outras necessidades, como num ciclo. Processo que Marx cita justamente como
fator importante para o trabalho, mas não o único, pois há em vista não o trabalho animalesco,
mas como uma atividade exclusivamente pertencente ao ser humano, o único que possui
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racionalidade e fins de capacidade para pensar e imaginar o seu objetivo, sua finalidade.
“Bebendo da fonte” de Marx, de tal forma Lukács afirma que:

O trabalho dá lugar a uma dupla transformação. Por um lado, o próprio ser humano
que trabalha é transformado por seu trabalho; ele atua sobre a natureza exterior e
modifica, ao mesmo tempo, sua natureza, desenvolve as potências que nela se
encontram latentes (LUKÁCS, 2012, p. 286).

A ontologia Marxista possui três polos essenciais ontológicos: orgânica, inorgânica e a


do ser social que será principal centralidade neste artigo. A esfera inorgânica é aquela que tem
sua maior parte composta por material, que só pode transformar algo se for inorgânico também
a depender do seu estado, não possui vida e muito menos capacidade de se reproduzir, a
orgânica é a que possui vida e capacidade de se reproduzir biologicamente é representada por
tais características, no que se difere da próxima a ser abordada, no mais, só é possível
compreender sobre o ser social a partir da sua relação com a natureza, mas não se constitui
somente nessa relação, essa função social que proporciona a prévia ideação, a capacidade de
pensar e planejar a finalidade do objeto desejado.

Marx chama esse processo de projeção ou teleologia que só se encontra no homem, no


ser social, que se funda através do trabalho, essa que está intrínseca ao mesmo, não há teleologia
em outro âmbito, essa ação imaginada pela determinação do homem a fim de concretizar a sua
finalidade. Ação humana que detém de uma racionalidade, sua característica própria, é por sua
vez teleologia. Que possui posições, primária que particulariza se no trabalho produtivo ou
trabalho ideológico, em um trabalho em que o homem imagina e cria o objeto desejado e se
identifica no mesmo. A teleologia secundária diz respeito também a atuação de um sujeito sobre
outro sujeito e que deriva se do trabalho produtivo, no qual o trabalho ideológico caracteriza
se. O trabalho ideológico que atualmente é preponderante em diversas profissões é também
composto por essas posições, principalmente pela predominância da posição secundária, pelo
agir do homem sobre outro, das reações dessa relação. além disso, ambos são essenciais,
necessários e trabalho, de maneira alguma nenhum é mais significativo que outro.

A materialização só será possível através desse contato com a natureza e essa capacidade
de racionalização, assim para Lukács a teleologia deve ser compreendida como essa finalidade
pensada e elaborada por essa capacidade do homem, forma de buscar objetivar esse trabalho,
mas não podemos cometer o equívoco de reduzir todo esse processo simplesmente a natureza,
não pode esquecer do caráter coletivo fundamental para que o homem torne se ser social, pois
cria relações sociais assim a objetivar o trabalho, trazendo para realidade concreta.
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No mais, é preciso entender também o instante em que o trabalho com as suas


capacidades, habilidades e reflexos é confrontada com o posicionamento interno, a
exterioridade e subjetividade que se quer o sujeito poderia existir ou transformar o objeto sem
essas categorias. Sem esquecer de forma alguma da causalidade, que são as condições que
produzem efeito por determinações próprias, na ocasião em que ocorre esse processo de
transformação de um meio como da natureza explicitado acima, não é uma causalidade natural
e sim posta, pois é produzida por ele mesmo e esse processo entre teleologia e causalidade é o
que também constitui o trabalho e consequentemente o ser social, sem essas categorias a
transformação poderia acontecer de forma mal sucedida e idealizada ou então até não acontecer,
porém ambas necessitam uma da outra.

2- Trabalho e a relação com o modo de produção capitalista

2.1- Não se alterando a composição do capital, a procura da força de trabalho aumenta


com a acumulação

Início no tecer de algumas abordagens sobre categorias as quais ele conseguiu captar
através do concreto que é o capital variável (valor força de trabalho) e capital constante (valor
dos meios de produção). A acumulação do capital é notória sobre dois aspectos. Do valor e da
matéria. A composição segundo o valor e composição técnica. Descreve-se que a força de
trabalho retirada através da mais-valia se transforma em capital, em capital variável. Concernir
essas mediações, segundo Marx, que ao passo que a composição do capital não aumenta quer
dizer que aumenta a procura da força de trabalho e vice-versa. A escala de acumulação do
capital pode ser ampliada na medida em que as relações sociais exigem necessidades sociais.
Na ocasião em que o capital necessita de acumulação aumenta a procura da força de trabalho e
consequentemente aumentam os salários e ao passo que se acumulam, mas diminui a procura
da força de trabalho. Portanto a força de trabalho é necessária ao capital; não pode livrar-se
dele. “Acumular capital significa o aumento do proletariado”. O autor vem abordar na nota de
rodapé o que se pode entender por “proletariado” – é “economicamente o assalariado
(mecanismo principal de dominação) que produz e expande o capital e é lançado à rua logo que
se torna supérfluo as necessidades de expansão do capital” (MARX, 1867).

Na medida em que o capital cresce, cresce o proletariado e mais dependente se torna ao


capital, essa dependência ao capital é travestido ideologicamente como “cômodas e liberais” as
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formas de trabalho. Não se compra a força de trabalho para satisfação das necessidades, no
capital, é apenas um mecanismo de acumulação, ou seja, “produzir mais-valia (trabalho não
pago pelo capitalista) é a lei absoluta desse modo de produção”. (MARX, 1867)

O nome composição orgânica do capital é dado por Marx para a composição segundo o
valor que é determinado pela composição técnica, pois desvela-se as variações dessa relação
entre meios de produção e quantidade de trabalho. E a composição do capital social de um país
e dada pela média de todas as formas de acumulação de todos os ramos da produção.

O crescimento do capital revela a exploração velada sobre o assalariado através da


extração da mais-valia que é transformada em força de trabalho, fundo adicional de trabalho.

A acumulação é demarcada pela contradição entre detentores e não detentores dos meios
de produção. O crescimento do capital é resultado do inserir-se da força de trabalho.

2.2- Decréscimo relativo da parte variável do capital com o progresso da acumulação e da


concentração que a acompanha.

O grau de trabalho é revelado através do volume dos meios de produção que um


trabalhador consegue produzir uma determinada mercadoria num determinado tempo e depende
do tanto de força de trabalho empregada.

O crescimento da produtividade aumenta o total dos meios de produção que foram


utilizados no processo e diminui seu total em comparação ao volume. Portanto, o valor aumenta
drasticamente, mas não proporcionalmente ao volume.

Com a acumulação do capital, desenvolve-se o modo de produção


especificamente capitalista, e, com o modo de produção especificamente capitalista,
a acumulação do capital. Esses dois fatores, na proporção conjugada dos impulsos que
se dão mutuamente, modificam a composição técnica do capital, e, desse modo, a
parte variável se torna cada vez menos em relação à constante. (MARX, 1867)

Segundo Marx, sabemos da existência do modo de produção capitalista a partir da


empregabilidade do trabalho e possivelmente da extração da mais-valia, seja ela absoluta ou
relativa a partir do trabalho excedente.

Durante o tempo em que o capital se amplia para os diversos setores econômicos a


consequência disso é a concentração de riqueza nas mãos dos capitalistas individuais, aumenta
a base da produção em grande escala e também os métodos de produção capitalista. Esse
movimento é uma fragmentação da riqueza, que se transforma em novas riquezas.
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Essa divisão, fragmentação de capitais é uma estratégia para formação de capitais


monopolistas, revela a expropriação do capitalista pelo capitalista. É um movimento que é
nítido a partir das análises do autor sobre a mercadoria e mercado. Nisso a concorrência
existente é feita por meio do barateamento das mercadorias, pois sabemos que essa produção
afeta os trabalhadores pela forma de produção em massa condicionando os trabalhadores a
situações degradantes. Marx nos revela em seu livro o “crédito” como uma importante
ferramenta para a centralização, pois auxilia os capitalistas a levar financiamento e no aumento
ainda mais a concorrência.

2.3- Produção progressiva de uma superpopulação relativa ou de um exército industrial


de reserva

A ampliação do capital não é só mais quantitativa, mas também qualitativa. Depois de


abordar como ocorrem os processos de acumulação do capital por meio da mais-valia e também
sobre as formas reprodução, Marx de maneira analítica mostra o efeito que MPC tem sobre a
classe trabalhadora. Foi apontado no texto que é extremamente necessário o trabalhador para
acumulação e ampliação a partir do entendimento de como o trabalhador recebe seus meios de
subsistência e se torna um mero apêndice do capitalismo por meio do consumo individual.

Sob o conhecimento disso, Marx agora passa a analisar não somente os trabalhadores
na produção, mas também os trabalhadores que são dispensados do chão fabril no momento em
que há uma mudança na composição orgânica do capital. Uma revelação contraditória, em que
ao passo que o trabalhador participa dos processos de produção na produção dos meios de
produção ele cria sua própria cama-de-gato, produz-se os meios que fazem dele uma população
supérflua.

Marx já provou que a alteração na composição técnica do capital no capital constante


afeta de maneira estrutural as condições de existência da classe trabalhadora, ou seja, o aumento
do uso/existência inviabiliza a possibilidade de emprego do capital variável. Com falta de
necessidade do uso do capital variável o modo de produção capitalista cria o exército industrial
de reserva: esse montante de trabalhadores “proporciona o material humano a serviço das
necessidades variáveis de expansão do capital e sempre pronto para ser explorado,
independentemente dos limites do verdadeiro incremento da população” (MARX, 1867).
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Uma das características mais “extraordinárias” do capitalismo é que a superpopulação


relativa afeta não só os salários daqueles que vendem, sua força de trabalho, mas afeta o
psicológico dos trabalhadores no qual Marx afirma:

O trabalho excessivo da parte empregada da classe trabalhadora engrossa as fileiras


de seu exército de reserva, enquanto, inversamente, a forte pressão que este exerce
sobre aquela, através da concorrência, compele-a ao trabalho excessivo e a sujeitar-se
às exigências do capital. (MARX, 1867).

Essa mudança na composição técnica do capital faz com que os empregados trabalhem
ainda mais. Essa proporção que o trabalho toma leva aos trabalhadores a pensar em suas
demissões, cogita a existência da população desempregada que está apto a qualquer situação.
Não se pode esquecer dos salários, enuncia quanto ao efeito nos salários, pois:

Os movimentos gerais dos salários se regulam exclusivamente pela expansão e


contração do exército industrial de reserva, correspondentes às mudanças periódicas
do ciclo industrial. Não são, portanto, determinados pelas variações do número
absoluto da população trabalhadora, mas pela proporção variável em que a classe
trabalhadora se divide em exército da ativa e exército da reserva, pelo acréscimo e
decréscimo da magnitude relativa da superpopulação, pela extensão em que ora é
absorvida, ora é liberada. (MARX, 1867).

E para completar Marx fala que o capital é “predatório e autofágico”, ele emprega e
desempregar os trabalhadores gerando um ciclo vicioso em que os mesmos (assalariados) ficam
sobre pressão de serem demitidos e assim ocorre um processo maior de acumulação através da
mais-valia.

Nessas condições, o movimento da lei da oferta e da procura de trabalho torna


completo o despotismo do capital. Quando os trabalhadores descobrem que, quanto
mais trabalham, mais produzem riquezas para os outros, quanto mais cresce a força
produtiva de ser trabalho, mais precária se torna sua função de meio de expandir o
capital; quando veem que a intensidade da concorrência entre eles mesmos depende
totalmente da pressão da superpopulação relativa; quando, por isso, procuram
organizar uma ação conjunta dos empregados e desempregados através dos sindicatos
etc., para destruir ou enfraquecer as consequências ruinosas daquela lei natural da
produção capitalista sobre sua classe, então protestam em altos brados o capital e seu
defensor, o economista político, contra a violação ‘eterna’, por assim dizer,
‘sacrossanta’ lei da oferta e da procura. (MARX, 1867).

2.4- Formas de existência da superpopulação relativa. A lei geral da acumulação


capitalista

A superpopulação relativa, ou exército industrial de reserva, nos apresenta de várias


formas, porém com a mesma representação (desempregados), portanto, essas formas são:
população latente, população flutuante e população estagnada.

A população flutuante é aquela que se encontra demitidos pela indústria.


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“É uma contradição do próprio movimento do capital que o incremento natural da massa de


trabalhadores não sature suas necessidades de acumulação e, apesar disso, ultrapasse-as”
(MARX, 1867).

A superpopulação relativa latente são os trabalhadores rurais que foram expulsos dos
campos e esperam ser empregados novamente.

O que Marx mostra por superpopulação relativa na terceira categoria é: “[...] a


estagnada, constitui parte do exército de trabalhadores em ação, mas com ocupação totalmente
irregular. [...] Duração máxima de trabalho e o mínimo de salário caracterizam sua existência”
(MARX, 1867).

Aumenta na medida em que os trabalhadores supérfluos, aumentam juntamente em que são


expulsos da indústria. Logo, Marx acrescenta que além dessas há outra, uma população ultra
paupérrima. Estão incluídos na parcela de trabalhadores aptos a trabalhar, órfãos e filhos de
indigentes e os degradados incapazes de trabalhar. “O pauperismo constitui o asilo dos inválidos
do exército ativo dos trabalhadores e o peso morto do exército industrial de reserva” (MARX,
1867).

E para aguçar, uso das palavras do próprio Marx:

Quanto maiores a riqueza social, o capital em função, a dimensão e energia de seu


crescimento e, consequentemente, a magnitude absoluta do proletariado e da força
produtiva de seu trabalho, tanto maior o exército industrial de reserva. A força de
trabalho disponível é ampliada pelas mesmas causas que aumentam a força expansiva
do capital. A magnitude relativa do exército industrial de reserva cresce, portanto,
com as potências da riqueza, mas, quanto maior esse exército de reserva em relação
ao exército ativo, tanto maior a massa da superpopulação consolidada, cuja miséria
está na razão inversa do suplício de seu trabalho. E, ainda, quanto maiores essa
camada de lázaros da classe trabalhadora e o exército industrial de reserva, tanto
maior, usando-se a terminologia oficial, o pauperismo. Esta é a lei geral, absoluta, da
acumulação capitalista. (MARX, 1867)

Entender os processos que desenvolve o capital nos dá uma visão dupla do detrimento
de uma classe em relação a outra na seguinte citação: “Acumulação de riqueza num polo é, ao
mesmo tempo, acumulação de miséria, de trabalho atormentante, de escravatura, ignorância,
brutalização e degradação moral, no polo oposto, constituído pela classe cujo produto vira
capital.” (MARX, 1867)

2.5- Trabalho Concreto/Abstrato. Trabalho Vivo/ Morto


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Esses termos são utilizados pelo autor Marx na sua obra O capital, são termos utilizados
para formular a sua teoria crítica do capitalismo. Marx define que a mercadoria é vista de duas
maneiras como “valor de uso” e “valor de troca”. Então essa dupla interpretação, a unidade
valor de uso e de troca, ele vai adotar como forma de expressão de uma unidade mais profunda:
o trabalho no seu duplo caráter, o trabalho concreto, que se manifesta no valor de uso, e trabalho
abstrato, qual se manifesta no valor de troca. Então essa dupla interpretação serve para muitos
fatores econômicos.

O valor de toda mercadoria é o trabalho abstrato, quando temos que o valor de produto
passa a ser representado pelo dinheiro, outra mercadoria especial (material ou simbólica) que
serve equivalente universal ou expressão única de valor de troca todas as mercadorias. Assim,
o valor de uma coisa significa trabalho humano no sentido abstrato, além de gasto de trabalho
em geral. O trabalho produtor de mercadorias é trabalho concreto, que produz valores de uso
específicos, tais como: roupas, alimentos, casas, eletrodomésticos, entre outros.

Para tomar como exemplo: A mercadoria força de trabalho, cujo valor de uso é trabalho
concreto feito pelo trabalhador no processo de valorização do capital, é unidade de valor de uso
e valor de troca, o valor de troca da força de trabalho aparece na forma de salário. O salário é
pago em troca da realização de uma determinada quantidade de trabalho que gera um novo
valor superior ao custo da força de trabalho.

O trabalho concreto existe em todas sociedades. Os seres humanos sempre precisam


produzir valores de uso para permitirem sua reprodução física e social. Já o trabalho abstrato é
historicamente determinado, só existe em sociedades que se reproduzem por meio de
intercâmbios de mercadorias. Marx vai distinguir entre o trabalho em abstrato ou concreto; o
trabalho concreto produz valores de uso e existe em qualquer sociedade, mas no capitalismo
existe na forma de trabalho abstrato, trabalho abstraído de suas especificidades, trabalho que
produz valor. A distinção entre trabalho abstrato e trabalho concreto é essencialmente a mesma
que a distinção prévia entre trabalho alienado e atividade vital consciente.

O trabalho apresenta um caráter, pois enquanto mercadoria apresenta duplos aspectos:


ele é concreto e abstrato. Trabalho Concreto, por sua destinação a um fim determinado ou a
produção de um valor de uso; Trabalho Abstrato, é caracterizado pelo dispêndio humano de
forças de trabalho, o trabalho humano em geral. Este é o trabalho abstrato, a forma pela qual o
trabalhador cria valor.
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A sociedade modernizada e de caráter extremamente desigual é fato que denuncia a


exploração socioeconômica e cultural pós-moderna da população globalizada. Na
modernização da sociedade constitui-se a classe trabalhadora a qual sofre pressões de cunho
neoliberal quanto aos seus direitos, nos quatro cantos do Planeta. A identidade dos
trabalhadores não muda, ao contrário, labuta sob pressão do capital que delimita sua realidade
social à capacidade de mecanização. Engendrada pela sociedade financista e liberal,
exploradora da mão-de-obra precarizada, tem negado seus direitos, tanto os ‘iguais’ assim como
os ‘diferentes’, agentes em idade produtiva, transformadores da natureza rica em recursos
naturais. Esta população trabalhadora, degradada, é a chamada sociedade salarial.

Na produção, o trabalho vai da forma da atividade para a forma do ser, ou seja, para
uma nova forma de objeto, no qual essas características do trabalho não são próprias das
atividades determinadas pela natureza elas irão configurar em relação à vida natural um tipo
novo de atividade. O trabalho na forma da atividade é trabalho vivo, ou seja, subjetividade em
ação. Portanto, o trabalho vivo é o sujeito real do processo econômico. E como sujeito real, ele
é um princípio de teleologia, liberdade, criatividade. É o trabalho variável (Não se reconhece
mais na mercadoria). Pois no modo de produção capitalista, o trabalho vivo existe como
trabalho alienado, como trabalho que está obrigado a criar algo que permanece oculto de si
mesmo, e por isso o domina.

O trabalho objetivado é o trabalho que passou de vivo á morto, ou seja, que foi posto
socialmente na forma de valor. O trabalho morto pressupõe a forma de mercadoria. Em sua
forma plena, ele pressupõe o capitalismo. No capitalismo o trabalho morto se afirmar como
sujeito automático.

Mas as máquinas, o capital, produzem bens tanto quanto o trabalho. Assim, é “justo” que o
capital, como o trabalho, receba a sua parte da riqueza produzida. Cada “fator de produção”
tem que ter a sua recompensa. É por isso que Marx costumava se referir aos meios de produção
como “trabalho morto”. Quando os homens de negócios se gabam do capital que possuem, na
realidade estão se gabando do fato de que eles controlam um enorme manancial de trabalho das
gerações anteriores.

Enfim essa troca de trabalho vivo por trabalho morto barateia o valor das mercadorias e
serviços. Mas, como o lucro sai do trabalho vivo, seu volume geral cai. Os lucros podem ser
milionários, mas a taxa de retorno em relação ao investimento tende a diminuir. É preciso muito
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mais investimento para obter o mesmo retorno em lucros. É o que Marx chamou de queda
tendencial da taxa-de-lucro. Um limite que o capitalismo não consegue superar.

2.6- Alienação/Estranhamento

Para entendermos os processos alienadores da sociedade do capital se faz necessário um


entendimento sobre a reprodução social que é bastante discutido por Lukács que segue em
alguns pontos de raciocínio. Podemos iniciar revelamos que Lukács não ignora a existência de
outras sociedades e que as sociedades abarcam um grande número de relações sociais.

Essas relações sociais estão ligeiramente ligadas umas às outras depois do crescimento
do capitalismo, de tal modo que a produção de uma determinada sociedade influencia outras
sociedades e assim por diante. As sociedades estão cada vez mais heterogêneas e complexas
resultado de um grande desenvolvimento social com o aprofundamento das relações de trabalho
capitalista como a divisão social do trabalho. Essa divisão nos faz entender a intensificação na
reprodução da sociedade, proporcionam-se às criações de novas contradições.

As contradições as quais me refiro é o surgimento das classes sociais proporciona


diferenças e antagonismos, o antagônico passa a ser revelador nas relações de trabalho onde
nitidamente é revelada a exploração do homem pelo homem. Hoje, com o avanço do
desenvolvimento social o indivíduo passa a ter que qualificar e quantificar melhor sua vida
social, portanto para dar continuidade a evolução da sociedade é necessário o aprimoramento
de indivíduos mais qualificados em suas relações sociais e no desenvolvimento das forças
produtivas.

Eis outro ponto de raciocínio determinante nas relações sociais, o desenvolvimento das
forças produtivas e consequentemente a passagem de um modo de produção a outro. Essa
síntese cria tendências históricas universais de modo que as necessidades e possibilidades
rompe com o sentido ontológico do trabalho, o que se faz encontrar a satisfação das
necessidades coletivas na esfera econômica. Não estou a afirmar que a reprodução social está
vinculada estritamente aos aspectos econômicos, mas uma grande parte sim, proporcionando o
indispensável para o desenvolvimento histórico.

A dialética existente na reprodução social do desenvolvimento social, com noção do


indivíduo coletivo enquanto ser social em síntese revela porque que o ser social é um complexo
de complexos. Isto é, um conjunto articulado de outros complexos. Portanto, uma totalidade,
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logo a junção das partes… exemplo: na medida em que a sociedade evolui, as partes evoluem,
assim diversificando, crescendo. Quanto maior o desenvolvimento desses complexos sociais
mais articula a vida entre si, logo se faz a exigência de novas relações sociais, complexos e
instituições. Portanto, na medida em que o indivíduo se complexifica, as relações sociais e
consequentemente a sociedade anda no mesmo rumo do desenvolvimento, das contradições em
momentos distintos, porém articulados.

Para entender a alienação foi necessário trazer uma breve noção da reprodução em
Lukács. E, portanto, creio que entender essa visão de mundo ofuscada da realidade é preciso
conhecer que a perspectiva conservadora da história sempre trouxe o viés da naturalização das
relações sociais independentemente de qualquer modo de produção. Me refiro aqui também as
sociedades primitivas onde as relações são mascaradas sobre o divino, o grandioso, a imagem
aparente da realidade na sua naturalização. Dizer que a natureza humana não pode ser alterada
pela história é tremendamente subjetivista, ignoramos as casualidades sócio históricas, é fechar
os olhos a realidade concreta. Em algumas situações essa realidade é criada como mecanismo
de dominação, e não como superação de algo ou como afastamento das barreiras naturais, então
os conservadores querem dizer que não é possível superar a ordem capitalista, justamente por
ser “quem somos” a “natureza mesquinha da humanidade”. Vejo que a resposta conservadora
se faz justificar, cria mecanismo para dar “viés” ao seu discurso naturalizador de um
individualismo social, promovendo a uma imutabilidade humana, portanto, referenciar a
história é o mesmo que falsificar a realidade para tais.

Encaramos isso como enviesado de muito fundamentalismo e discursos de dominação.


Entendo que se o desenvolvimento social é assim desigual, isso é o resultado de um longo
processo histórico por meio do qual se desenvolveu uma relação entre sujeito(indivíduo) e
objeto(sociedade). Isto é a individualidade que traz a desigualdade é um processo estrutural que
advém de um modo de produção ao outro, do escravismo ao feudalismo e do feudalismo ao
capitalismo, onde na sociedade do capital o interesse coletivo cai por terra sobre os interesses
individuais na apropriação privada.

Não há como explicitar os pressupostos conservadores, porém pode se ver na própria


existência de contradições na vida humana sob o comando do capitalismo. Retomo a
imutabilidade, pois é producente dizer que as artimanhas são criadas para serem eternas, para
serem eternos. Para Marx e Engels, a alienação é um processo social muito singular. A
existência da mesma já é notória desde as comunidades primitivas, porém com o surgimento
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das sociedades de classe, com a divisão social do trabalho é que ela se evidencia de maneira
plena. Logo, a alienação atinge as concepções de mundo dos ser humano que ocultando a
realidade como se fosse algo que não é criado por eles mesmos e sim por forças ou entidades
sobrenaturais, mas hoje sabemos que é puramente humana a criação da nossa realidade.

Na nossa sociedade, sabemos que a alienação ganha outro caráter ao surgir da


propriedade privada, da exploração de um pelo outro e do patriarcalismo. Portanto, na mesma,
essa ganha um caráter natural sobre a exploração e as demais desigualdades, embora isso seja
contrariamente ao que é natural, pois é social., entretanto, a riqueza socialmente produzida não
é algo dado pela divindade, mas é resultado da própria atividade humana.

Considerações Finais

Essa crítica é fundamentada a partir de uma análise a classe dominante e ao modo de


produção capitalista que perpetua até os dias atuais, usando da sua detenção dos meios de
produção consequentemente para explorar a força de trabalho humana de forma velada, com
estratégias de ideologias e ações que exercem uma influência enorme sobre a classe
trabalhadora, de forma injusta se “apossando” da riqueza socialmente produzida e dando a
mesma a entender que está em uma relação de subordinação, quando na verdade ela estabelece
uma função necessária e insubstituível por quaisquer que sejam as máquinas.

Extraindo do trabalhador a mais valia do seu trabalho e ainda usando dos seus
arcabouços de ideologia para aliená-los, usando a mídia para “espalhar” a necessidade de
consumo não só por necessidade, mas por status social, tendo assim pessoas que julgam e
discriminam por posse de bens, deixando de enxergar suas características e capacidades para
notar apenas aquilo que possui. O” fetiche” da mercadoria que por sua vez proporciona maior
consumo pela ideologia feita em torno da mercadoria, dessa necessidade de ocupar esse espaço
na sociedade burguesa. Criticamos aqui também essa sociedade fundada por tal modo de
produção, em que o trabalho perde o seu sentido ontológico de satisfação das necessidades
coletivas e individuais e passa a ser um trabalho forçado, apenas por obrigações de
sobrevivência que por muitas vezes são mínimas, pela própria forma de exploração exercida
pelo capitalismo fundamentado em todo decorrer desta escrita.

Acreditamos que não possa existir salários justos em uma realidade contraditória,
quando na verdade o trabalho é uma atividade transformadora do capital e não dá emancipação
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humana. Pois a emancipação só é visualizada a partir do entendimento de que o processo é


estrutural, é o modo de produção capitalista que não proporciona. Portanto, a superação para
uma nova vida, com novas relações sociais só se tem no momento em que a humanidade romper
com a naturalização da exploração do discurso conservador, romper as formas alienadoras. É
na superação do capitalismo que encontraremos a emancipação humana. Em uma sociedade
livre de preconceitos, exploração, dominação. Onde possamos ter o direito de ir e vir através da
apropriação da riqueza socialmente produzida. Só então, proporciona a erradicação da
propriedade privada e uma nova visão que colocará as necessidades coletivas em primeiro lugar
e não as necessidades do capital.

É importante e necessário primeiramente para sua superação que a classe trabalhadora, que
por sinal é hegemônica, tenha consciência política, ou melhor dizendo, tenha consciência de
classe, na qual o modo de produção capitalista quer e sempre quis a todo vapor interromper.
Por fim, é preciso que não cometamos o equívoco de naturalizar essas ações e se conformar
com o que está posto pela sociedade e pelo modo de produção capitalista.

Referências

BARROCO, Maria Lucia S. Ética e Serviço


Social: fundamentos ontológicos. 5. ed. São: Cortez, 2006.
Lukács, G. Para uma ontologia do ser social II: Capitulo 2 “A reprodução”. São Paulo. 2013.
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