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BIOMA CAATINGA
Ecologia, Diversidade, Educação
Ambiental e Práticas Pedagógicas
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Francisco José Pegado Abílio


Organizador

BIOMA CAATINGA
Ecologia, Diversidade, Educação
Ambiental e Práticas Pedagógicas

Editora Universitária da UFPB


João Pessoa
2010
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

Capítulo I – Bioma Caatinga: caracterização e aspectos gerais. Francisco


José Pegado Abílio, Camila Simões Gomes, Antônio Carlos Dias de Santana
......................................................................................................................... 06

Capítulo II – Vegetação da Caatinga. Maria Regina de Vasconcellos Barbosa,


Francisco José Pegado Abílio, Zelma Glebya Maciel Quirino. ........................ 20

Capítulo III – Fauna da Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Thiago Leite
de Melo Ruffo. ................................................................................................. 38

Capítulo IV – Impactos ambientais na Caatinga. Francisco José Pegado


Abílio, Hugo da Silva Florentino. ..................................................................... 52

Capítulo V – Conservação da Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Hugo


da Silva Florentino, Thiago Leite de Melo Ruffo. ............................................. 78

Capítulo VI – Corpos aquáticos da Caatinga paraibana. Francisco José


Pegado Abílio, Maria Cristina Crispim, Jane Enisa Ribeiro Torelli de Souza,
José Etham de Lucena Barbosa. ..................................................................... 90

Capítulo VII – Convivência no semi-árido: as populações humanas no


contexto do bioma Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Aparecida de
Lourdes Paes Barreto, Antonia Arisdélia Fonseca M. A. Feitosa. ................. 116

Referências. ................................................................................................. 135

Sobre os Autores. ....................................................................................... 157


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Dedicamos este livro:

À Profa. Drª. Takako Watanabe pela sua contribuição


aos estudos e pesquisas no semi-árido paraibano.

Gostaríamos de agradecer:

Ao Projeto PELD/CNPq – Bioma Caatinga: Estrutura e Funcionamento,


pelo financiamento das pesquisas no Cariri paraibano;
À Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFPB,
pelo Auxílio à Editoração, através do edital 01/2008/PRPG/UFPB.
Aos Biólogos Thiago Leite de Melo Ruffo e Hugo da Silva Florentino
e a professora Drª. Cristina Crispim pelas
contribuições na formatação e revisão geral dos textos;
Ao Professor e amigo Nivaldo Maracajá pelo seu apoio e parceria no
Projeto de Educação Ambiental em São João do Cariri;
Aos docentes e educandos da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio José Leal Ramos, município de
São João do Cariri – Paraíba, pelo apoio e amizades.
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APRESENTAÇÃO

O efeito combinado entre as condições climáticas da região semi-árida


paraibana e as práticas inadequadas de uso e aproveitamento do solo e
demais recursos naturais, tem acentuado o desgaste da paisagem natural,
provocando a perda da biodiversidade e o esgotamento dos recursos naturais,
além de acentuar o processo de desertificação nas áreas susceptíveis. Buscar
a Conservação pela gestão não é algo facilmente executável, principalmente
quando as propostas de intervenção apresentadas se contrapõem aos padrões
(1)
comportamentais da comunidade . A mudança de comportamento está
diretamente relacionada com a elevação do nível de consciência dos grupos
humanos envolvidos.
A Escola representa um espaço de trabalho fundamental para iluminar o
sentido da luta ambiental e fortalecer as bases da formação para a cidadania (2).
Assim, a análise da prática da Educação Ambiental na escola é importante à
medida que procura desvendar a natureza do trabalho educativo e como ele
contribui no processo de construção de uma sociedade sensibilizada e
capacitada a enfrentar o desafio de romper os laços de dominação e
degradação que envolve as relações humanas e as relações entre a sociedade
e natureza.
Os movimentos de reforma educativa da última década têm contribuído
para o estudo da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, e muitos
investigadores focalizam a atenção sobre a capacidade docente e sobre a
necessidade de tornar mais atraente e prazerosa a prática pedagógica, tanto
(3)
para educadores quanto para educandos . Portanto, adequar o ensino a essa
realidade é incentivar os professores e educandos a serem praticantes da
investigação em suas aulas, estabelecendo um sentido maior de valor e
dignidade à prática docente.

1
GADOTTI, M. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2000.
2
SEGURA, D.S.B. Educação Ambiental na Escola Pública: da curiosidade ingênua à consciência
crítica. São Paulo: Annablume / Fapesp, 2001.
3
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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Neste sentido, faz-se necessário levar em consideração as percepções


e concepções dos docentes e educandos para organizarmos uma nova ação
educativa, que venha resolver ou amenizar os problemas que o homem tem em
relação ao ambiente, para que estes atores sociais percebam o ecossistema
em que estão inseridos, e assim, sensibilizados e/ou conscientizados, possam
melhorar sua qualidade de vida, assim como contribuir para a conservação do
bioma Caatinga.
Encontramo-nos, neste caso, diante de uma proposta de mudanças.
Portanto, nada mais adequado que buscarmos o desenvolvimento da cidadania
e formação da consciência ambiental dentro das escolas, sendo a mesma o
local adequado para a realização de um ensino ativo e participativo, buscando
o conhecimento e a importância da Biodiversidade do Bioma Caatinga e das
problemáticas ambientais da bacia hidrográfica do rio Taperoá, no Cariri
paraibano, região semi-árida.
A produção deste livro é resultado de estudos e pesquisas da equipe do
Sub-Projeto “Ecologia Humana e Educação Ambiental”, coordenado pelo Prof.
Dr. Francisco José Pegado Abílio (DME/CE/UFPB), vinculado ao PELD
(Programa Ecológico de Longa Duração)/CNPq “Bioma Caatinga: Estrutura e
Funcionamento” coordenado pela Profa. Dra. Maria Regina de Vasconcellos
Barbosa (DSE/CCEN/UFPB).
Este livro tem um caráter paradidático e pretende contribuir para ampliar
o conhecimento e entendimento do Bioma Caatinga, assim como servir de
material didático e de pesquisas para os professores de escolas de ensino
fundamental e médio que estão inseridos no referido ambiente, uma vez que
neste você vai poder encontrar desde uma caracterização geral do bioma, sua
fauna e vegetação, corpos aquáticos, impactos ambientais e conservação,
assim como a questão da convivência com o semi-árido na busca de uma
sustentabilidade ambiental, com ênfase a exemplos do estado da Paraíba. Ao
final de cada capítulo é possível encontrar sugestões de atividades educativas
que podem ser aplicadas no âmbito da sala de aula.
Boa leitura.
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CAPÍTULO I
BIOMA CAATINGA: CARACTERIZAÇÃO E
ASPECTOS GERAIS

FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO


CAMILA SIMÕES GOMES
ANTÔNIO CARLOS DIAS DE SANTANA

ASPECTOS GERAIS

Aproximadamente 40% dos solos do planeta Terra correspondem às


zonas áridas e semi-áridas e de 20% a 40% da população humana vive nessas
regiões. A região semi-árida brasileira representa aproximadamente 13,5% do
país e 74,3% da região Nordeste (DINIZ, 1995).
O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente na Região
Nordeste, ocupa uma área de aproximadamente 800.000 km 2 (PRADO, 2005),
dos quais 200.000 km2 foram reconhecidos como Reserva da Biosfera.
O conceito de bioma está representado pela interação recíproca dos
fatores bióticos e abióticos, na qual a formação vegetal clímax possui
características uniformes, como por exemplo, a Floresta Amazônica, a Mata
Atlântica, o Cerrado e a própria Caatinga. O bioma inclui não somente a
vegetação, como também o clímax edáfico (ou seja, do solo) e as etapas de
desenvolvimento, os quais são dominados, em muitos casos, por outras formas
de vida (LIMA-E-SILVA et al., 2002).
O bioma Caatinga estende-se pelos estados de Sergipe, Alagoas, Bahia,
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, parte do Maranhão
e a região norte de Minas Gerais (BERNARDES, 1999). Este termo é originário
11

(4)
da língua Tupi-Guarani, que significa Mata Branca , esse nome, define com
primazia/veracidade o aspecto da vegetação desta região durante a época da
seca, quando suas folhas caem e apenas os troncos branco-acinzentados das
árvores e arbustos destacam-se na paisagem (PRADO, 2005).
A Caatinga é o mais negligenciado dos biomas brasileiros, nos mais
diversos aspectos, embora sempre tenha sido um dos mais ameaçados em
decorrência dos vários anos de exploração e uso inadequado dos seus solos e
recursos naturais (VELLOSO et al., 2002). Tendo como apoio para a
visualização deste fato, Cortez et al. (2007), afirma que menos de 2% da área
de Caatinga remanescente está protegida por entidades governamentais e/ou
não-governamentais, mostrando assim, a grande necessidade de conservação
dos seus sistemas naturais, bem como, da ampliação do conhecimento
científico direcionado a este ecossistema.
Localizada em uma área de clima semi-árido (Figura 1), o bioma
Caatinga apresenta uma ampla variedade de paisagens e significativa riqueza
biológica. As plantas e animais deste bioma possuem propriedades diversas
que lhes permitem viver nessas condições aparentemente desfavoráveis. O
conjunto de interações entre eles é adaptado de tal maneira que o total de
plantas, animais e suas relações formam um bioma especial e exclusivo no
planeta.

Figura 1. Localização do Semi-árido brasileiro (esquerda) e a distribuição do bioma


Caatinga (direita) (Fonte: Embrapa).

(4)
A etimologia Tupi-Guarani da palavra Caatinga consiste das partículas ca’a, planta ou
floresta; ti, branco e o sufixo ‘ngá, que lembra, perto de. Assim, “a mata esbranquiçada”.
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Estudos demonstram que existe uma impressionante taxa de


endemismo no bioma Caatinga, ou seja, uma biodiversidade que ocorre
exclusivamente desta região, desmistificando a idéia geralmente disseminada
de que essa região é “o que sobrou da Mata Atlântica” (MAIA, 2004) ou que
seja um ambiente pobre e sem vida.
A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características
xerofíticas (que apresentam adaptações ao clima seco), entre as quais
podemos destacar as folhas, que de um modo geral são finas, inexistentes ou
modificadas em espinhos para evitar a predação e diminuir a transpiração.
Algumas plantas, como as cactáceas (cactos), possuem raízes rasas,
praticamente na superfície do solo, para maximizar a absorção da água da
chuva. Estas plantas podem ainda armazenar água em seus caules.
A vegetação da Caatinga (Figura 2) é composta basicamente por
arbustos e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7 metros de altura), com folhas
caducas (caducifólias, folhas que caem) e com grande quantidade de plantas
espinhosas, como as leguminosas e as cactáceas. Possui uma elevada
diversidade e um alto nível de endemismo, o que mostra sua importância para
a biodiversidade brasileira (COSTA et al., 2009). Para mais detalhes sobre a
vegetação da Caatinga veja o Capítulo II.

Figura 2. Gravura representando a vegetação do Bioma Caatinga - Bico de pena de


Percy Lau de 1940. (Fonte: BERNARDES, 1999).
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CARACTERÍSTICAS DO CLIMA E SOLO DA CAATINGA

O clima semi-árido caracteriza-se pelas altas temperaturas, com média


anual de 25ºC, baixa pluviosidade (entre 250 e 800 mm anuais) e a presença
bem definida de duas estações distintas durante o ano (Figura 3): a estação
chuvosa, pode variar de 3 a 5 meses, com chuvas bastante irregulares e locais;
e a estação seca, que dura entre 7 e 9 meses, praticamente sem chuvas
(CALDEIRON, 1992, MAIA, 2004).
Paradoxalmente, neste longo período de secura com forte acentuação
de calor, está inserido o inverno meteorológico. Mas o povo que sente na pele
os efeitos deste calor, em virtude da ausência de perenidade dos rios e de
água nos solos, não tem dúvidas em designá-lo simbolicamente por “verão”;
em contrapartida, chama o verão chuvoso de “inverno” (AB’SÁBER, 2003). O
autor ainda ressalta que os conceitos tradicionais para as quatro estações são
válidos apenas para as regiões que vão dos trópicos até a faixa dos climas
temperados, tendo quase nenhuma validade para as regiões tropicais, como é
o caso do bioma Caatinga.

Figura 3. Paisagem da vegetação Caatinga. A) Durante a época chuvosa; B) durante


a época seca. Fotos do município de Boa Vista – Cariri paraibano (Fonte: acervo do
grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).

Nos anos em que o índice pluviométrico se mantém muito baixo,


podemos encontrar o fenômeno das “secas” (VELLOSO et al., 2002), situação
que é agravada pela grande insolação e pela presença de ventos fortes e
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secos, contribuindo assim, para a aridez da região. A região apresenta ainda a


mais alta taxa de radiação solar - 2800 a 3200 h/ano, com a umidade relativa
variando acentuadamente e elevada evapotranspiração (REIS, 1976).
Os Solos são freqüentemente rasos e muito pedregosos, quase ou
totalmente desprovidos de matéria orgânica, isto é devido principalmente à
presença marcante de afloramentos rochosos na região. Uma outra
característica marcante dos solos da Caatinga é a sua acidez, que pode ser
explicada pela grande abundância de Rochas Calcárias na região, associadas
ao acúmulo de sais da água devido à alta evaporação.
Segundo Ab’Sáber (2003), em relação aos solos no domínio típico das
áreas de caatingas, impera a seguinte combinações de fatos: alteração muito
superficial das rochas, não raro com afloramentos de lajedos (irregulares e
superfícies rochosas); solos rasos e variados, raras vezes salinos; pode
(5)
apresentar também campos de inselbergs (por exemplo, morrotes ou colinas
sertanejas).
Durante muito tempo, todas estas características da região semi-árida
foram utilizadas como justificativa para a falta de investimento no
desenvolvimento regional ou mesmo pela falta de gerenciamento efetivo das
ações desenvolvimentistas tendo os fenômenos ambientais usados como
explicação para os alarmantes indicadores sociais, fazendo com que o
Nordeste brasileiro sustentasse por muito tempo o título de ”inviável” em quase
todos os sentidos (SOUZA, 2005), além de ser palco de disputas políticas que
deram origem ao termo “indústria da seca”.
No Cariri paraibano a Caatinga é do tipo hiperxerófila, decorrente do tipo
climático que envolve a região, BSh – semi-árido quente com chuvas de verão,
segundo Köppen e um bioclima do tipo 2b (9 a 11 meses secos) - subdesértico
quente de tendência tropical, mediante classificação de Gaussen. Nesta região,
a umidade relativa é de aproximadamente 70% e a evapotranspiração é de
2.000 mm/ano (PARAÍBA, 1985).

(5)
Inselbergue: Elevação que aparece em climas áridos quentes e semi-áridos. Caracteriza-se
por seu isolamento, remanescente de uma superfície mais elevada que ocorria no passado
geológico da área, onde a erosão o modelou. (LIMA-E-SILVA et al. 2002).
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Diante da importância e das peculiaridades da Caatinga, é fundamental


que a escola, em suas atividades pedagógicas diárias, incorpore conteúdos e
discussões relacionados com a realidade da Caatinga, buscando assim,
reverter a visão apresentada na maioria dos Livros Didáticos de que este
ecossistema é pobre em biodiversidade e com pouca importância biológica.
Para tanto, é necessário que haja a implementação de práticas
pedagógicas voltadas para um despertar da consciência ambiental entre todos
os atores sociais relacionados com a escola. Porém, a falta de integração entre
as disciplinas ainda é uma fonte de sérios problemas no planejamento e
aprendizado dos conteúdos referentes ao Meio Ambiente e à Educação
Ambiental (BRASIL, 1998). Os professores de ensino fundamental e médio
precisam buscar alternativas e/ou instrumentos para desenvolver estes
conteúdos no seu cotidiano escolar, com o intuito de promover um aprendizado
significativo (GUERRA; ABÍLIO, 2006).
A seguir, são apresentadas algumas sugestões de atividades
relacionadas com o bioma Caatinga e a região semi-árida que podem ser
trabalhadas no dia a dia da escola.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

Atividade 1: Trabalhando com poemas

A Poesia é um instrumento educativo e, quando bem trabalhado, é uma


atividade que irá atrair e motivar a participação do aluno. Segundo Zóboli
(2004), a poesia apresenta valores como: aprimora a linguagem; desenvolve e
enriquece as experiências culturais dos alunos; leva o indivíduo a apreciar o
belo; despertam bons sentimentos e emoções; eleva espiritualmente o
declamador e os ouvintes; desenvolve a memória e a imaginação, estimulando
a criatividade do aluno.
Além disso, o poema é uma arte que opera na recriação da realidade,
possibilitando aos seres humanos o conhecimento de si e dos outros; daí a
consideração sobre a experiência criadora e estética que é capaz de
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proporcionar na educação escolar (JOSÉ, 2006). Para Fronckowiak e Richter


(2005), o poema deve abordar diferentes perspectivas de uma mesma
temática, desde temas folclóricos a temas mais globais, facilitando assim o
melhor entendimento e a apreensão daquilo que deve ser transmitido.
É possível encontrar uma grande quantidade de poemas que retratam
e/ou descrevem o semi-árido nordestino e o bioma Caatinga. A seguir,
apresentamos dois exemplos de poemas que podem ser trabalhados em
qualquer disciplina com diferentes enfoques.

Exemplo 1: O cheiro da Caatinga (Autoria de Alexandre Eduardo de Araújo)

Senti o cheiro da Caatinga Ribeira das Espinharas


Da fulô da Catingueira De Mofumbo e de Favela
Da casca do Cumaru De Mulungus e Oiticicas
Do Pau Pedra e da Aroeira Ipês de flor rocha e amarela
Na "carta" de Severino Da moita de Jaramataia
Eu voltei a ser menino Na beira do rio se "espaia"
Descendo em minha ribeira Só restam saudades dela.

Exemplo 2: Caatinga: Nossa Terra, Nosso Lugar (Autoria de Tânia Cristina


da Silva):

A cultura Nordestina, Mesmo com as chuvas escassas


Estamos aqui pra mostrar, E a falta de fontes perenes,
O valor da Caatinga, Ainda se encontra jeito
Nossa terra, nosso lugar. De ajudar toda essa gente,
Onde o sol é causticante, Que não perde a esperança
Morre planta, morre gente. E tem fé em Deus presente.
Mas o homem não desiste,
Porque ele é persistente. Captando a água das chuvas,
Valorizando a Vegetação,
Convivendo com o Clima Criando animais
Que castiga a região, Típicos da região.
O nordestino arruma um jeito O homem vai aprendendo
De reverter a situação. A conviver com o Semi–Árido,
Cria meios, inventa técnicas Não deixando sua cultura
Para viver na sua terra Viver só de passado
Que não é só seca, não!
Basta apenas os governantes
No Sertão acreditar,
Fazendo com que o homem do campo
Permaneça no seu lugar,
Planejando e desenvolvendo ações
Para sua vida melhorar.
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Sugestão de leitura: “Plantas, Prosa e Poesia do Semi-árido” (PEREIRA, 2005),


na qual há diferentes poemas e músicas com a temática do sertão e da
Caatinga, que podem ser utilizadas de forma interdisciplinar e multidisciplinar
no contexto da sala de aula.

Atividade 2: Uso e Produção de Vídeos Educativos sobre a Caatinga

Possíveis observações poderão ser realizadas diretamente no mundo


concreto e representadas em articulação com as perguntas levantadas a partir
do programa visto pela Televisão. Na educação, cada meio expressivo tem um
caminho e aplicações concretas, e o Vídeo Educativo luta para encontrar sua
identidade específica como meio expressivo integrado no processo educativo
(FERREIRA; SILVA-JÚNIOR, 1986).
A televisão pode ser aplicada na educação quando ela se presta como
fonte de ampliação de conhecimentos, como motivação da aprendizagem ou
mesmo como veículo de formação e instrução (ZÓBOLI, 2004).
A transposição de uma linguagem para outra realizada com emoção e
reflexão são importantes para o processo de transmissão e assimilação de
conhecimentos, atitudes, valores e informações do mundo. As representações
em imagens e sons aproximam-se mais do mundo real do que somente as
representações verbais, orais ou escritas e, portanto, a utilização do vídeo
permite integrar essas representações (FERRÉS, 1996).
Os filmes oferecem vantagens quanto à observação dos acontecimentos
de uma maneira altamente significativa, pois, através destes, fatos históricos,
sistemas de vida, mensagens, arte, recreação são oferecidos de forma
atraente, constituindo-se num incentivo visual, sensitivo e auditivo
(SANT´ANNA; SANT´ANNA, 2004).

Sugestões de Vídeos Educativos: Tv Escola, o programa Globo Ecologia (rede


Globo de Televisão), a Tv Cultura, a Tv Educativa e o canal Futura produziram
alguns vídeos sobre a Caatinga, os quais podem ser utilizados como recurso
didático para ilustrar e ampliar os conhecimentos sobre o bioma.
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Dependendo do acervo tecnológico (filmadoras, DVD player, televisão,


etc.) da escola é possível produzir vídeos sobre a Caatinga. O uso do
computador (ou até mesmo, câmeras digitais ou celulares) também pode ser
incentivado no contexto da sala de aula, utilizando imagens deste bioma com
intuito de produzir pequenos vídeos.

Atividade 3: Leitura de Imagens

Quando não é possível a realização da excursão didática e para


aproximar os alunos de situações do meio, é possível utilizar a técnica da
Leitura de Imagens.
Como afirma Carlos (2008), em um cenário histórico-cultural, marcado
pelo signo da imagem e da cultura visual, pelo imperativo da aquisição da
informação, por meio do jogo das cores, das formas e dos movimentos
iconográficos, é imprescindível que os indivíduos aprendam a lidar com essa
realidade. Com efeito, o exercício da cidadania contemporânea demanda a
aprendizagem de novas competências, exige uma educação do olhar, do ver e
do analisar criticamente o mundo pela mediação da Imagem.
O uso de fotografias e gravuras retiradas de revistas e jornais, materiais
didáticos pouco dispendiosos, simples e acessíveis, pode favorecer a
motivação dos alunos, ajudando no desenvolvimento da observação,
complementam e enriquecem as aulas expositivas, assim como despertam e
mantêm o interesse dos alunos nas atividades propostas (ZÓBOLI, 2004).
A percepção dos elementos visuais abstraídos de uma imagem requer
não apenas um olhar aguçado sobre o objeto, mas um conhecimento prévio
das categorias ali representadas. Portanto, essa é uma atividade que poderia
ser perfeitamente aplicada para o fechamento de um tema ou assunto
previamente trabalhado com os alunos, comportando-se inclusive, como um
instrumento de avaliação. Se utilizada como ponto de partida para determinado
tema ou assunto, deverá ser retomada ao final, de modo que os alunos
percebam os equívocos da primeira leitura da imagem.
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Objetivos da atividade: Aguçar a percepção ambiental; Exercitar o diálogo;


trabalhar conceitos e desenvolver conteúdos; relacionar áreas de estudo;
integrar as idéias no sentido de ampliar a visão de mundo e da vida;
Reconhecer os diferentes usos dos recursos naturais e os diversos tipos de
ocupação do espaço geográfico.

Categorias a serem analisadas nas imagens: Elementos físicos e biológicos: o


natural (lagoas, rio, riachos, açudes, vegetação, fauna, etc.); Elementos
culturais: o construído (cidade, bairro, casas, pessoas, modo de vida, cultura).

Procedimento: Distribua diferentes “imagens”, fotos e/ou esquemas gráficos de


paisagens; discuta com o grupo sua percepção sobre o que vê e tente
descrevê-la enfocando os aspectos elencados nas categorias; reflita sobre
suas características e os problemas (impactos) ambientais e socialize as
discussões entre os grupos.

Observação: É importante selecionar fotos e imagens de ecossistemas de sua


cidade ou região próxima (Figura 4), a fim de facilitar o processo de
aprendizagem.

Figura 4. Discussões sobre as imagens e montagem de um painel com fotografias da


Caatinga, trabalho resultante de oficinas pedagógicas com professores da Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri – PB
(Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).
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Atividade 4: Leitura da Paisagem, Estudos do Meio e Trilhas Ecológicas


Interpretativas

Objetivos da atividade: Despertar a necessidade de conservação do bioma


Caatinga; Reconhecer diferentes elementos da natureza, tais como, tipos de
vegetação e grupos animais da Caatinga.

Procedimento: Os professores podem selecionar uma área próxima à escola ou


uma reserva ecológica para desenvolver estas atividades (Figura 5).

Figura 5. Trilhas interpretativas e estudos da paisagem no entorno do açude


Namorados, realizados com professores e alunos da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri – PB (Fonte: acervo do
grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).

Através da Leitura da Paisagem podemos relacionar a escola com a


comunidade onde vive o educando, para que ele se torne consciente da
realidade que o circunda e da qual ele deve participar.
A realização de Estudos do Meio é motivadora para os alunos, pois
desloca o ambiente de aprendizagem para fora da sala de aula (BRASIL,
2002b). Permite a aquisição de atitudes de observação crítica da realidade e
despertar da sua curiosidade assim como possibilita a percepção integral da
realidade local e obtenção de dados informativos sociais, políticos, históricos,
geográficos, econômicos, que o ajudarão a analisar melhor a realidade que o
rodeia (ZÓBOLI, 2004).
21

Quando falamos em Trilhas Ecológicas e Interpretativas (Figura 5),


estamos falando de um instrumento importante para o desenvolvimento da
Educação Ambiental, como forma de despertar a consciência, trazendo à tona
a importância de se conservar, por meio de atividades ou dinâmicas que
aproximam o público das realidades sobre as questões ambientais, sociais,
culturais, históricas e artísticas. Visa à sensibilização do indivíduo, sobre o seu
papel como cidadão, garantindo uma atitude consciente no meio em que vive e
colaborando para um meio ambiente equilibrado para atuais e futuras gerações
(MAMEDE, 2003).

Atividade 5: Construindo conhecimento socializado sobre o semi-árido e


a Caatinga através do uso de jornais no contexto da sala de aula.

Objetivos da atividade: Desenvolver a capacidade criativa do aluno; Selecionar


conteúdos referentes ao semi-árido e a Caatinga no contexto dos jornais
locais/nacionais; Utilizar uma técnica lúdica-construtiva-interacionista através
da produção de um recurso didático inovacional-alternativo; Aplicar o uso de
uma Metodologia da Descoberta/Redescoberta no contexto da sala de aula.

Procedimento: Utilizar jornais de circulação local/nacional e através destes


produzir cartazes referentes à temática estudada (Figura 6). O aluno deve
utilizar as figuras e/ou gráficos dos jornais e produzir um recurso didático
criativo (Cartaz, Painel, etc.), contextualizado e adequado ao tema proposto.

Observações: É interessante que sejam seguidas às normas de elaboração de


um recurso visual, evitando colocar muito texto (colar reportagens inteiras),
produzir o recurso com título, figuras, etc.
Após a elaboração do recurso (que pode ser realizadas em grupos),
estes devem discutir e apresentar seu recurso à turma, explicando o conteúdo
deste.
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Figura 6. Oficina de produção e apresentação de cartazes utilizando jornais realizada


com professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal
Ramos, São João do Cariri – PB (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação
ambiental no semi-árido paraibano).

Atividade 5: Caatinga: temática multidisciplinar

Em geral, a pouca discussão existente sobre o bioma Caatinga está


restrita aos livros didáticos de Biologia ou de Geografia, sem haver qualquer
relação com as demais disciplinas do currículo escolar. Desta forma, se torna
cada vez mais difícil transmitir para os educandos a realidade desta região,
criando-se uma barreira para o despertar do interesse pela conservação deste
ecossistema.
Dentro desta perspectiva de integração entre as disciplinas, é totalmente
possível que um texto de um livro didático de Biologia, por exemplo, seja
utilizado por um professor de Português, Inglês ou Matemática como texto-
base para discussões em sala de aula.
A seguir, apresentamos uma sugestão de um texto retirado de um livro
de Biologia e traduzido para o Inglês, para que a temática da Caatinga seja
abordada de forma multidisciplinar e/ou interdisciplinar.
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Exemplo: O bioma Caatinga (Texto retirado de: AMABIS, J.M ; MARTHO, G.R.
Biologia: Biologia das populações, São Paulo: Moderna, 2004, v. 3, 2 ed. ).

A Caatinga é um bioma que ocupa cerca de 10% do território brasileiro,


estendendo-se pelos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e norte de Minas Gerais. A Caatinga tem
índices pluviométricos baixos, em torno de cerca de 500 mm a 700 mm anuais. Em
certas regiões do Ceará, por exemplo, embora a média para anos ricos em chuva
seja de 1000 mm, pode chegar a chover apenas 200 mm, nos anos secos. A
temperatura situa-se entre 24 e 26 ºC, variando pouco ao longo dos anos. Além de
suas condições climáticas serem rigorosas, a região das Caatingas está submetida
a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de
seca.
A vegetação é formada por plantas com marcantes adaptações ao clima
seco, como folhas transformadas em espinhos, cutículas altamente impermeáveis,
caules que armazenam água, etc. essas adaptações compõem o aspecto
característico das plantas da Caatinga, denominadas xeromórficas (do grego
xeros, seco, e morphos, forma aspecto). São plantas cactáceas, como Cereus sp.
(mandacaru e facheiro) e Pilocereus sp. (xiquexique), e também arbustos e
árvores baixas, como mimosas, acácias, amburanas (leguminosas), que em sua
maioria perdem as folhas (caducifólias) na estação das secas, conferindo à região
seu aspecto típico, espinhoso e agreste. Entre as poucas espécies da Caatinga
que não perdem as folhas na época da seca, destaca-se o juazeiro (Zizyphus
joazeiro), uma das plantas mais típicas desse bioma.

The Caatinga biome (Texto traduzido por Camila Simões Gomes)

The Caatinga is a biome that occupies about 10% of Brazilian territory,


extending the state of Piaui, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Sergipe, Alagoas, Bahia and North of Minas Gerais. The pluviometric indices in
Caatinga are generally low, around 500 mm to 700 mm per year. In certain regions
of Ceará, for example, although the medium precipitations for rainy year is around
1,000 mm, during doughty years can reach only 200 mm per year. The temperature
is between 75 and 79º F, showing a little variation over the years. Aside from its
rigorous climatic conditions, the region of the Caatingas is subjected to strong and
dry winds, contributing to the dryness of the scenery in the months of drought.
The vegetation is formed by plants with outstanding capacity of adaptations
to the dry climate, such as leaves turned into thorns, highly waterproof cuticles,
stems that store water and so on. These adaptations compose the characteristic
aspect of the plants of the Caatinga, so-called xeromorphics (from the greek xeros,
dry and morphos, shape, aspect). They are cactaceous plants, like Cereus sp.
(mandacaru and facheiro) and Pilocereus sp. (xiquexique), and also shrubs and
low trees, like mimosas, acacias, amburanas (leguminous plants), which in its
majority lose the leaves (caducifólias) in the dry station, giving the region its typical,
thorny and rural aspect. Among few sorts of the Caatinga species that do not lose
the leaves in the time of the drought, it stands out the Juazeiro (Zizyphus joazeiro),
one of the most typical plants of this biome.
24

CAPÍTULO II
VEGETAÇÃO DA CAATINGA

MARIA REGINA DE VASCONCELLOS BARBOSA


FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO
ZELMA GLEBYA MACIEL QUIRINO

ASPECTOS GERAIS

A vegetação de Caatinga ocupa a maior parte do semi-árido nordestino


estendendo-se, porém, até o norte de Minas Gerais. Um conjunto de
características básicas comuns define a Caatinga como uma vegetação
caducifólia, com plantas xerófitas (adaptadas à deficiência hídrica),
apresentando acúleos, espinhos ou suculência (RODAL; SAMPAIO, 2002). As
ervas são anuais e efêmeras, aparecendo apenas na curta estação chuvosa,
predominando arbustos e árvores de pequeno porte, sem formar um dossel
contínuo. Cactos e bromélias terrestres são elementos importantes da
paisagem da Caatinga.
As espécies, em geral, possuem folhas pequenas ou com lâminas
subdivididas existindo, inclusive, algumas sem folhas (áfilas), como os cactos
(Figura 1) nos quais estas estão transformadas em espinhos para reduzir ao
máximo a perda de água por transpiração.
Existem vários subtipos de Caatinga, sendo a principal diferença
fisionômica entre eles a predominância de arbustos ou árvores, distinguindo-se
dessa forma: Caatinga arbustiva, Caatinga arbustiva-arbórea ou Caatinga
arbórea. A densidade de indivíduos arbustivos ou arbóreos por sua vez define
se aquela é uma vegetação aberta, quando rala, ou fechada, quando mais
densa. Assim, como por exemplo, poderíamos ter tanto uma Caatinga
arbustiva-arbórea aberta quanto uma Caatinga arbustiva-arbórea fechada.
25

Figura 1. (A) Representação da vegetação e paisagem típica da Caatinga no Cariri


Paraibano e algumas espécies nativas: (B) Mandacaru, (C) Coroa-de-frade (D) e
Macambira. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido
paraibano).

A primeira é a mais comum e compreende as áreas com vegetação


lenhosa aberta, onde o estrato dominante é o arbustivo, podendo ocorrer
indivíduos arbóreos esparsos.
Embora a precipitação seja o principal fator determinante nas variações
em porte e biomassa das comunidades vegetais na Caatinga, a profundidade
do solo associada à sua permeabilidade secundariamente explicariam grande
parte da variação encontrada (SAMPAIO et al., 1981).
A vegetação de Caatinga, segundo Sampaio e Rodal (2000), ocupava
uma área de aproximadamente 935 mil km 2, sendo 297 mil com Caatinga
hiperxerófila (característica de áreas extremamente secas); 247 mil com
Caatinga hipoxerófila (em áreas um pouco mais úmidas). Os restantes 391 mil
km2 correspondiam a áreas mescladas ou em contato com florestas secas (169
mil), cerrado (110 mil km2), floresta e cerrado (101 mil km2) e campos de
altitude (22 mil km2). No entanto, estas são áreas de ocupação potencial,
sendo grande parte delas já desmatadas ou muito antropizadas.
26

Estudos recentes sobre o bioma Caatinga identificaram uma ampla


diversidade de espécies vegetais (Quadro I). Considerando que as estimativas
para a flora do Brasil estão em torno de 60 mil espécies, a região Nordeste
compreende cerca de 15% do total da flora brasileira (BARBOSA et al., 2006).
No semi-árido encontram-se 5.344 espécies, dessas ocorrem na Caatinga
aproximadamente 28% (QUEIROZ et al., 2006a).

Quadro I. Resumo da diversidade vegetal para o bioma Caatinga no Nordeste


brasileiro e no estado da Paraíba (Fonte: GIULIETTI et al. 2002, BARBOSA et al.
2006, QUEIROZ et al. 2006b, BARBOSA, 2007).

LOCALIDADE NÚMERO DE ESPÉCIES


8.026 espécies em 177 famílias de
Flora Total do Nordeste
Angiospermas
Flora da Caatinga 1.512 espécies, sendo 318 endêmicas
400 espécies em 85 famílias de
Flora do Cariri Paraibano
Angiospermas

Todavia, diversas espécies já se encontram ameaçadas de extinção,


como a Aroeira, Jaborandi e a Baraúna.
As famílias arbóreas e arbustivas mais diversas são: Leguminosae
(exemplos: catingueira - Caesalpinia pyramidalis Tul., juremas - Mimosa spp.,
mulungu – Erythrina velutina Willd.); Euphorbiaceae (exemplo: o marmeleiro –
Croton sonderianus Müll. Arg.); Cactaceae (exemplo: mandacaru - Cereus
jamacaru DC.) e Bromeliaceae (exemplo: macambira), tradicionalmente
associadas à fisionomia da Caatinga, também estão bem representadas nessa
vegetação, todavia, mais em função do número de indivíduos do que
propriamente do número de espécies.
A catingueira, as juremas e os marmeleiros são as plantas mais
abundantes na maioria dos trabalhos de levantamento realizados em
remanescentes de Caatinga. Outras espécies comuns à Caatinga arbustivo-
arbórea podem ser citadas, tais como: facheiro (Pilosocereus pachycladus
F.Ritter); xique-xique (Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles &
G.D.Rowley); macambira (Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. f.) e caroá
(Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez).
27

Agra (1997) apresentou uma estimativa de 150 espécies de plantas que


são empregadas para fins medicinais na Caatinga Para o Cariri paraibano, em
dados mais recentes, Agra et al. (2007) registrou 70 espécies de plantas de
uso etnomedicinais. No quadro II apresentamos alguns exemplos de
Angiospermas da Caatinga e seus usos.

Quadro II. Algumas espécies de angiospermas e seus respectivos usos medicinais


(Retirado e adaptado de Agra et al., 2007).

Algumas espécies de
Alguns tipos de usos medicinais
Angiospermas
A casca do caule é usada como
Myracrodruon urundeuva Allemão
antiinflamatório ovariano, uso tópico contra
(Aroeira)
úlceras externas.
A casca do caule é empregada como
Spondias tuberosa Arruda
oftálmico; Os frutos oferecem grande
(Umbuzeiro)
quantidade de vitaminas.
A casca do caule é utilizada contra
Aspidosperma pyrifolium Mart.
inflamações do trato urinário, e externamente
(Pereiro, Pau-Pereiro)
contra dermatites.
Tabebuia aurea (Silva-Manso) Benth. O xarope da casca do caule é indicado no
& Hook.f. ex S. Moore (Craibera) tratamento de gripes e bronquites.
O chá da raiz é empregado no tratamento de
Bromeilia laciniosa Mart. ex schult. f.
hepatites; a “farinha” da macambira é
(Macambira)
utilizada como fonte de proteína.
Commiphora leptophloeos (Mart.) J. O lambedor da casca do caule é empregado
B. Gillett (Imburana, Umburana) no tratamento de gripes, tosses e bronquites.
O macerado das folhas é utilizado no
Licania rigida Benth. (Oiticica)
tratamento do diabetes.
O xarope das folhas e cascas do caule é
Combretum leprosum Mart.
usado como expectorante, contra tosses e
(Mofumbo)
coqueluches.
Cnidoscolus quercifolius Pohl O macerado da casca do caule é utilizado
(Favela) contra inflamações dos ovários e próstatas.
O macerado do caule, misturado em vinho ou
cachaça é indicado como afrodisíaco; O
Caesalpinia pyramidalis Tul.
xarope do caule é empregado como
(Catingueira)
expectorante e indicado contra bronquites e
tosses.
A parte mais utilizada desta planta é a casca
Ziziphus cotinifolia Reiss. do caule, que é utilizada para a escovação
Ziziphus joazeiro Mart. dentária e contra caspas e seborréia. A partir
(Juazeiro) desta pode-se ainda fazer um xarope, que
pode ser utilizado no tratamento da tosse.
O xarope da casca do caule é empregado no
Anadenanthera colubrina var. cebil
tratamento de tosses, coqueluches e
(Griseb.) Altschul (Angico)
bronquites.
28

Dentre as plantas da Caatinga, as Cactáceas se destacam como um


grupo predominante na sua fisionomia, apresentando importância econômica,
com várias espécies sendo cultivadas como ornamentais, forrageiras,
medicinais e/ou alimentícias (Quadro III).

Quadro III. Alguns tipos de cactáceas e seus respectivos usos. (ANDRADE, 2008,
AGRA et al., 2007).

Cactácea Alguns tipos de usos


Medicinal: a raiz é utilizada como remédio para
“quentura”; a polpa do caule misturado ao açúcar
Melocactus zehntnerii Britton &
ou mel é indicada no tratamento de bronquites,
Rose
tosses e debilidades físicas; O cacto integral é
(Coroa-de-Frade, Cabeça-de-
utilizado para ornamentar casas; O fruto serve
Frade)
para alimentação humana; Culinária: serve para
fazer doces.
Medicinal: a raiz serve para gripe, sífilis,
problema de uretra, dor nos rins, etc.; a polpa do
Cereus jamacaru DC. caule misturado ao açúcar, é indicada no
(Mandacaru-de-Boi, tratamento de úlceras do estômago; O espinho,
Mandacaru) dentre outras funções, pode ser utilizado para
costurar roupas; Ornamental e alimentação
humana e animal.
Pilocereus catingicola (Guerke) A planta integral é utilizada para fazer cerca viva;
Byles & Rowley A medula serve para fazer ripas de casas e para
(Mandacaru-Babão, alimentação humana; O fruto é utilizado para
Mandacaru-de-facho) alimentação humana e animal.
Medicinal: a raiz é utilizada para inflamação na
Opuntia ficus-indica (L.) Mill.
vagina e no útero, gripe e chá “pra quentura”; do
(Palma-de-Gado, Palma-
cladódio (caule) pode-se fazer chá para dor de
forrageira)
barriga; Alimentação humana e animal.
Opuntia dillenii (Ker-Gawler) Serve para alimentação animal; A planta integral
Haworth - (Palma-de-Espinho) é utilizada para fazer cerca viva.
A planta inteira é utilizada para fazer cerca viva;
O cladódio (caule) é utilizado para alimentar
Opuntia palmadora Britton e
seres humanos. Medicinal: a raiz é utilizada para
Rose - (Palmatória)
fazer chás para “quentura” e problemas na
uretra.
Medicinal: a raiz serve para gripe, sífilis,
problema de uretra, dor nos rins e coluna. Serve
Harrisia adscendens (Gürke)
também para fazer “bochechada” para dor de
Britton & Rose
dente; O fruto é utilizado é utilizado para
(Rabo-de-Raposa)
alimentação humana e animal; A planta inteira é
utilizada na ornamentação de casas.
Pilosocereus gounellei (F.A.C. O fruto é utilizado é utilizado para alimentação
Weber) Byles & G.D. Rowley humana e animal; A planta inteira é utilizada na
(Xique-Xique) ornamentação de casas e para fazer cerca viva;
29

Na Paraíba, a família Cactaceae está representada por 17 espécies


subordinadas a nove gêneros, que se encontram distribuídas nas diversas
microrregiões do Estado (ROCHA et al. 2006). Para o Cariri paraibano, são 10
espécies registradas (BARBOSA et al. 2007).
Nas áreas onde as condições edafo-climáticas são menos favoráveis
como no caso da região do Seridó, a Caatinga constitui-se praticamente de um
estrato herbáceo quase contínuo de capim panasco (Aristida setifolia Kunth),
com esparsas touceiras de xique-xique e alguns indivíduos de catingueira e
jurema, bem separados entre si.
Já nas áreas onde a umidade é mais elevada e os solos mais profundos, a
Caatinga era originalmente do tipo arbórea. Deveriam ser comuns espécies de
porte elevado como a baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), a aroeira
(Myracrodruon urundeuva (Allemão) Engl.), o angico (Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan) dentre outras, hoje bastante raras. Todavia, em função do
elevado grau de antropização, predomina hoje nessas áreas uma vegetação de
porte arbustivo com domínio de favela (Cnidosculos quercifolius Pohl), pereiro,
marmeleiro (Croton sonderianus Müll. Arg.), jurema preta (Mimosa tenuiflora
(Willd.) Poir.), e outras espécies do gênero Mimosa.
Ao longo das margens de alguns rios ocorrem oiticicas (Licania rigida
Benth.), craibeiras e indivíduos de carnaúba (Copernicea prunifera (Mill.)
H.E.Moore) representando os restos de antigas matas ciliares.
(6)
As principais espécies forrageiras , segundo Maia (2004), são o
angico, o pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.), a catingueira, a aroeira,
canafístula (Senna spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwin & Barneby), o
marizeiro (Geoffroea spinosa Jacq.), o juazeiro, e outras espécies arbóreas,
como a Jurema Preta, além de frutíferas como o umbuzeiro, que servem de
alimento à população local. De fato, o umbuzeiro é de grande importância para
as populações rurais das regiões mais secas do Nordeste, fornecendo frutos

(6)
Qualquer espécie de vegetação, natural ou plantada, que cobre uma área e é utilizada para
alimentação de animais, seja ela formada por espécies de gramíneas, leguminosas ou plantas
produtoras de grãos. Disponível em
<http://www.zootecniabrasil.com.br/sistema/modules/tiny1/.>. Acesso em 31 jul. 2009.
30

saborosos e nutritivos e túberas radiculares (“batatas do umbuzeiro”) doces e


ricas em água (MENDES, 2001).
A Caatinga, através da sua cobertura vegetal, presta inúmeros serviços
ambientais em escala global, como o seqüestro de carbono, a manutenção de
padrões regionais de clima, a preservação do solo e da água.

FENOLOGIA, POLINIZAÇÃO E DISPERSÃO NA CAATINGA

A fenologia compreende uma área da Ecologia a qual estuda o


funcionamento dos ecossistemas e seus eventos biológicos cíclicos, como
períodos de floração e frutificação, queda de folhas e brotamento das espécies.
Observações sobre épocas de floração e frutificação das espécies existem
desde antiguidade, por estarem diretamente relacionados com alimentação da
humanidade.
O conhecimento sobre o período vegetativo (brotamento e queda de
folhas) e reprodutivo (floração e frutificação) das espécies fornece informações
sobre a disponibilidade de recursos para polinizadores e dispersores, assim
como a organização temporal destes, dentro das comunidades e ecossistemas
(NEWSTRON et al. 1991; MORELLATO; LEITÃO-FILHO, 1990).
Atualmente, o conhecimento fenológico vem sendo reconhecido como
importante parâmetro a ser utilizado para caracterizar ambientes (LIETH,
1974). Segundo Bowers; Dimmitt (1994), o tempo de floração e frutificação
afeta aspectos críticos do ciclo de vida das plantas, particularmente a
polinização e a dispersão de sementes, estabelecendo, desta forma, as
próximas fases do ciclo de vida (germinação das sementes e estabelecimento
das plântulas).
No caso das regiões áridas, como a Caatinga, ocorre sazonalidade, isto
é, uma diferença marcante entre as estações seca e chuvosa, o que interfere
no comportamento fenológico das populações vegetais, que estão submetidas
a longos períodos de seca. A maioria das plantas apresenta comportamento
decíduo (perdem as folhas) na estação seca, mas também podem ser
encontradas espécies perenes (sempre apresentam folhas).
31

A existência de ritmos periódicos para as fenofases vegetativas e


reprodutivas em florestas tropicais tem sido ressaltada especialmente para
savanas tropicais (SARMIENTO; MONASTÉRIO, 1983; MANTOVANI;
MARTINS, 1988; BATALHA; MANTOVANI, 2000; BATALHA; MARTINS, 2004)
e Caatinga (BARBOSA et al. 1989; MACHADO et al. 1997; QUIRINO, 2006).
De maneira geral, as fenofases no bioma Caatinga ocorrem de maneira
concentrada, caracterizando um padrão sazonal nas comunidades já
estudadas (MACHADO et al. 1997; QUIRINO, 2006).
A queda de folhas, por exemplo, ocorre durante a estação seca, em
meados de setembro, de forma quase sincrônica, ou seja, com todos os
indivíduos perdendo as folhas no mesmo período. A proporção de espécies
decíduas é de 85 a 90%, valores maiores que o de outras florestas secas (ex.
Costa Rica e Chaco Argentino). Porém, a intensidade de queda foliar pode
variar entre os anos, com espécies decíduas comportando-se como semi-
decíduas (perdendo apenas parte das folhas), por exemplo, Aspidosperma
pyrifolium (Pereiro), Caesalpinia ferrea (Pau-ferro) e Ceiba glaziovii (Kuntze)
K. Schum. (Barriguda). A intensidade de perda de folhas esta diretamente
relacionada com a variação do estado hídrico, ou seja, em anos com estação
chuvosa mais longa, menor a perda de folhas. Segundo Reich; Borchert (1984)
e Borchert et al. (2002), a queda foliar representa uma resposta ao estresse
hídrico, estando, portanto, envolvida na capacidade de suportar a perda de
água, capacidade esta que varia de espécie para espécie.
A fase de brotamento também é marcadamente sazonal, ocorrendo no
final da estação seca, possivelmente sendo induzida pela perda de folhas,
principalmente nas espécies arbóreas. Segundo Borchert (1994) e Reich;
Borchert (1984), a perda de folhas permite redução na taxa de transpiração,
possibilitando assim a reidratação de ramos sem folhas e, a partir disto, o início
da produção de novas folhas, ainda na estação seca.
O padrão sazonal para floração não é encontrado para as comunidades
de Caatinga em geral. O período de floração ocorre em três grupos: um
pequeno número de espécies floresce no início da estação chuvosa, um
segundo grupo na transição entre chuvosa e seca e o ultimo grupo formado
32

principalmente por árvores florescendo na durante a estação seca (Quadro IV).


Com a floração na comunidade ocorrendo de maneira contínua (sensu
Newstrom et al. 1994), embora apresentando dois períodos principais de
produção de flores, este padrão facilita a manutenção de polinizadores, e, em
se tratando de ambientes sazonais, além da manutenção, reduz a competição
por polinizadores.
A frutificação apresenta-se durante todo o ano, com maior concentração
de frutos maduros na estação chuvosa. O período de frutificação também está
associado às características como: tipo de fruto, modo de dispersão e melhor
período de germinação das sementes. O amadurecimento dos frutos
zoocóricos (dispersos por animais) ocorre no período úmido e dos
anemocóricos (dispersos pelo vento) na estação mais seca (Quadro IV). Uma
pequena proporção de espécies zoocóricas apresenta frutos maduros na
estação seca, e este fato deve estar relacionado à disponibilidade de água no
solo, ajudando na manutenção da fauna, disponibilizando recursos alimentares
em períodos de escassez.
A distribuição de espécies com flores e frutos ao longo das estações
possibilita a existência de recursos disponíveis durante todo o período para
polinizadores e dispersores, embora se tratando de uma região com uma
grande sazonalidade climática.
As flores da Caatinga apresentam uma grande variedade de forma,
tamanho e cores, isso faz com que várias espécies de animais polinizadores
possam estar envolvidas nos mecanismos de polinização da flora.
A existência de adaptações entre flores e animais polinizadores foi
inicialmente relatada por Christian Konrad Sprengel em 1793 (ENDRESS,
1994). Tais adaptações são definidas como síndromes de polinização, ou seja,
o estudo das características florais e a identificação do possível vetor de pólen,
que acaba nos levando a uma melhor compreensão da relação planta-
polinizador.
Os polinizadores buscam diversos recursos florais, como néctar, pólen,
óleo, resina e odores. O mais abundante nas espécies de Caatinga é o néctar,
33

o qual serve de alimento para abelhas, borboletas, mariposas, beija-flores e


morcegos.
Após o início da estação chuvosa encontramos diversas espécies em
floração, como a Aroeira, a qual possui flores claras e com odor adocicado,
sendo visitadas por abelhas. Na estação seca uma das espécies mais
conhecidas é o Umbuzeiro, cuja floração ocorre na estação seca, sendo,
portanto, um importante recurso para as abelhas neste período. Os exemplos
acima citados são plantas conhecidas como melitófilas, ou seja, que possuem
características morfológicas que facilitam a polinização por abelhas.
Na Caatinga podemos encontrar também espécies ornitófilas
(polinizadas por pássaros) como o Caroá. Outro tipo de polinizador bastante
conhecido são espécies de morcegos nectarívoros, os quais visitam
frequentemente espécies de Cactaceae, como o Facheiro (Pilosocereus
piauhiensis) e o (Xique-xique), sendo denominadas de flores polinizadas por
morcegos ou quiropterófitas.
As espécies com antese noturna, ou seja, que disponibilizam os
recursos de suas flores durante a noite, como o Mandacaru e a Pata-de-vaca
(Bauhinia cheilantha (Bong) Steud), são visitadas frequentemente por espécies
de mariposas, são denominadas plantas esfingófilas. A Caatinga possui
diferentes síndromes de polinização, com uma distribuição temporal. A
manutenção destes recursos contribui, portanto, para a manutenção das
interações existentes ente plantas e animais.
É necessário ressaltar que ainda é necessário obtenção de mais dados
sobre a fenologia na Caatinga, com o acompanhamento de vários anos, talvez
com auxílio de informações das comunidades locais, para que conclusões mais
completas sobre as interações entre o clima e vegetação possam ser obtidas.
34

Quadro IV. Lista de espécies da Caatinga, hábito e estação de floração e frutificação


(seca - estação seca; chuvosa - estação chuvosa; transição - na transição entre as
estações seca e chuvosa) e dispersão (zoo - zoocórica; ane - anemocórica e aut -
autocórica). Fonte: Barbosa et al. 1989; Machado et al. 1997; Quirino, 2006.

Família / Espécie Hábito Floração Frutificação Dispersão


ANACARDIACEAE
Spondias tuberosa Arruda árvore seca chuvosa zoo
(Umbuzeiro)
Myracrodruom urundeuva Fr.
árvore seca chuvosa zoo
Allen (Aroeira)
ANNONACEAE
Rollinia leptopetala R. E. Fr
árvore seca chuvosa ane
(Pinha Brava)
APOCYNACEAE
Aspidosperma pyrifolium Mart
árvore seca seca zoo
(Pereiro)
Allamanda blanchetti DC.
(Pente-de-macaco ou Quatro erva chuvosa seca ane
pataca)
BORAGINACEAE
Cordia leucocephala Moric.
arbusto chuvosa chuvosa zoo
(Moleque duro)
BROMELIACEAE
Bromelia laciniosa Mart. ex
arbusto transição seca ane
Schultf. (Macambira)
BURSERACEAE
Commiphora leptophloes
(Mart.) J. B. Gillett (Amburana ou árvore chuvosa transição zoo
Imburana)
CACTACEAE
Cereus jamacaru DC. início
arbusto chuvosa zoo
(Mandacaru) chuvosa
Melocactus zehntneri (Britton &
Rose) Luetzelburg (Coroa-de- - ano todo ano todo zoo
frade)
Pilosocereus catingolas chuvosa
(Facheiro) arbusto chuvosa zoo
e transição
Opuntia inamoema K. Schum
transição ano todo zoo
(Combeba)
Pilosocereus gounellei (Weber)
arbusto chuvosa chuvosa zoo
Byl. Et Rowl. (Xique-xique)
COCHLOSPERMACEAE
Cochlospermum sp. (Algodão
bravo) arbusto seca seca ane
35

COMBRETACEAE
Combretum leprosum Mart.
arbusto chuvosa transição ane
(Mofumbo)
Combretum pisonioides Taub.
arbusto chuvosa transição ane
(Canela-de-veado)
EUPHORBIACEAE
Jatropha molissima (Pohl) Baill chuvosa e
arbusto transição aut
(Pinhão) seca
Manihot caricaefolia Pohl
arbusto chuvosa chuvosa aut
(Maniçoba)
Croton rhamnifolioides Pax &
arbusto chuvosa chuvosa aut
H. Hoffm. (Marmeleiro branco)
Croton sonderianus Muell. Arg.
arbusto chuvosa chuvosa aut
(Marmeleiro)
FABACEAE (Leguminosas)
Amburana cearensis (Allemão)
árvore chuvosa chuvosa aut
A.C. Smth (Cumaru)
Anadenanthera colubrina (Vell.) final da seca
Brenan (Angico) árvore seca aut
seguinte
Bauhinia cheilantha (Bong)
árvore chuvosa chuvosa aut
Steud. (Mororó)
Dioclea grdiflora Mart. Ex
trepadeira chuvosa chuvosa aut
Benth. (Mucunã)
Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul.
árvore chuvosa transição aut
(Pau-ferro)
Caesalpinia pyramidalis Tul chuvosa e chuvosa
(Caatingueira) árvore aut
seca e seca
Piptadenia stipulaceae (Benth)
árvore transição transição aut
Ducke (Jurema branca)
Mimosa sp. (Jurema vermelha) chuvosa e
árvore seca aut
seca
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.
árvore seca seca aut
(Jurema preta)
MALVACEAE
Ceiba glaziovii (Barriguda) árvore transição seca ane
NICTAGINACEAE
Guapira sp. (João mole) árvore transição transição zoo
RHAMNACEAE
Ziziphus joazeiro Mart.
árvore chuvosa chuvosa zoo
(Juazeiro)
RUBIACEAE
Tocoyena formosa (Cham. &
árvore chuvosa transição zoo
Schltdl) Schum. (Jenipapo)
36

SUGESTÃO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

Atividade 1: Elaboração de calendário das flores

Objetivos da atividade: Desenvolver a curiosidade e a investigação sobre a


paisagem; Reconhecer e classificar as plantas da Caatinga quanto ao período
de floração e frutificação.

Procedimento: Os professores podem sugerir aos alunos que elaborarem um


calendário, verificando a cada mês as espécies que se encontram em período
de floração.

Sugestão: De forma multi-interdisciplinar os docentes das diferentes disciplinas


podem sugerir atividades tais como: o professor de artes pode produzir uma
oficina de desenhos e pinturas sobre as flores da Caatinga; o professor de
português pode solicitar a produção de textos e/ou poemas relacionados à
cores e cheiros da flora; etc.

ATIVIDADE 2: Trabalhando com a produção de textos na sala de aula

Objetivo da atividade: Desenvolver a criatividade e a capacidade de escrita dos


educandos.

Procedimento: A partir de palavras chaves sobre a Caatinga, elencadas pelos


alunos, é possível construir textos sobre o bioma. No exemplo abaixo é
possível ver a produção de um texto de alunas de uma escola pública do Cariri
paraibano.

Exemplo: A seca e a chuva na Caatinga (de autoria das alunas Ingrid Renaly
Ramos Cantalice e Maria Nazaré Alves da Silva; trabalho orientado pela
professora Maria Stela Maracajá – Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Jornalista José Leal Ramos).
37

Um retrato da Caatinga

O solo da Caatinga é um solo com muita pedra, um solo meio


avermelhado e muito difícil para escavação. No Cariri, tem uma vegetação que
no período da seca as árvores perdem as folhas para diminuírem o gasto de
água para que ela possa resistir à seca.
O período da chuva da Caatinga é de março em diante, mas costuma
chover no mês de dezembro. As árvores predominantes da Caatinga são: o
umbuzeiro, o juazeiro, o xique-xique e o mandacaru. De animais a gente tem a
ema, a seriema, o tatu e a juriti.
A Caatinga é uma região muito quente com uma evaporação muito
grande de água, chegando a faltar na seca. Quando chove, as plantas
estabelecem as suas folhas, e a mata volta a ser verdinha de novo.

A seca e a chuva

Na seca, eu vi que tudo é mais difícil. Os animais ficam mais magros,


outros morrem, pois seus donos não podem dar água pra eles beberem porque
eles não têm. Muitas famílias perdem plantações, pois não chove e às vezes
até passam fome e sede, pois não podem vender o milho que plantaram
porque não choveu e eles perdem toda a plantação, e o calor aumenta cada
vez mais.
Mas quando chega a chuva tudo melhora. Muitas crianças vão tomar
banho de chuva, suas mães colocam baldes nas bicas para encher, o rio
Taperoá se enche, as árvores ficam mais verdes, as famílias podem vender
seu milho, os animais ficam mais gordos e o calor diminuí, muitos homens
saem para pescar e pegam muitos peixes.
A chuva transforma a paisagem, tudo melhora e voltamos a “viver”.
38

Atividade 3: Trabalhando com Poemas

Objetivos da atividade: Desenvolver a temática a partir de uma atividade lúdica;


Sensibilizar os diferentes atores sociais para a necessidade da conservação da
diversidade tanto biológica quanto cultural.

Procedimento: A partir do poema abaixo, discutir na sala de aula aspectos


relacionados com um exemplo de planta típica da Caatinga “aroeira” e suas
propriedades medicinais, assim como é possível analisar aspectos da cultura
local.

AROEIRA-DO-SERTÃO - (Autoria de Mary Anne M. Bandeira)

Aroeira, dádiva da natureza Árvore forte e firme,


Abrigo onde a Arara se deleita, Como o sertanejo
És bênção nativa do nosso sertão, Que contigo convive.
És sombra e luz Mas se nele aparece a ferida,
Do pobre sem proteção. A inflamação,
Em nome de Deus,
És pau para toda obra. Tu és a salvação.
Estruturas uma casa, Após preparado, no teu sumo,
Como se fosses uma rocha. A mulher se assenta.
E, se por necessidade, Tu saras as partes escondidas.
Te põem fogo, Tu estancas a criança que vaza.
No fogão, és tição A fêmea que parir tu lavas.
Que pernoita e não se apaga,
Como o amor no coração Aroeira-do-sertão,
De quem ama. Em nossas mãos serviste
De experiência.
Agora, tu és ciência.
A ti, a nossa gratidão.

ATIVIDADE 4: Trabalhando com Músicas

Dependendo do conteúdo a ser ensinado, a música pode ser uma boa


ferramenta para uma maior aprendizagem do ensino, estimulando por sua vez
a participação do aluno nas atividades programadas. Através da música, os
alunos também têm oportunidade de recreação, quando o professor utiliza o
39

canto coletivo, os brinquedos cantados, as histórias cantadas, as danças e o


teatro musicado (ZÓBOLI, 2004).

Objetivos da atividade: Tornar a aula dinâmica e levar o aluno a participar


durante as atividades desenvolvidas pelo professor; Contribuir para uma
aprendizagem significativa dos conteúdos através de uma técnica lúdico-
pedagógica.

Procedimentos: Acompanhar a letra da música durante a execução do áudio;


reconhecer na letra os diferentes vegetais nativos (e não exóticos e/ou
introduzidos) que ocorrem na Caatinga.

Exemplos de músicas que discutem a flora da Caatinga:

CATINGUEIRA (Autoria de Onildo Almeida e José Maria Assis)

Catingueira, catingueira
diz o segredo que existe
que somente a catingueira
enfeita a paisagem triste

Catingueira se és feliz
não zombes nunca
deste teu contraste
segura tua raiz e pede a Deus
que ela nunca se gaste

Tão resseca a Imburana


a terra quente e rachada
o Marmeleiro se enrama
mas não agüenta a queimada
sentindo como quem ama
a terra quente pede invernada
quanto mais seca a ribeira
a catingueira fica enfolharada

Catingueira se um vintém
puder se tornar um milhão
pede a Deus por quem não tem
prá cair chuva no chão
pois somente a catingueira
enfeita a seca lá no meu Sertão
sertanejo não quer nada
vê na invernada a maior benção
40

A música MATANÇA (Autoria de Augusto Jatobá - Interpretação:


Jatobá/Geraldo Azevedo), retirado de Parâmetros em Ação – PCN Meio
Ambiente na Escola (BRASIL, 2001), apresenta ao longo de sua letra espécies
típicas da Caatinga.

Quem Hoje é Vivo corre Perigo...


Cipó caboclo tá subindo na Virola
Chegou a hora do Pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato da Imburana
Descansar morrer de sono na sombra da Barriguda

De nada vale tanto esforço do meu canto


Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar

Que triste sina teve Cedro nosso primo


Desde de menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da Sucupira
Parece até mentira que o Jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário
Morar no dicionário vida eterna milenar
Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde da sombra o ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chega a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar:

É Caviúna, Cerejeira, Baraúna


Imbuía, Pau-d’arco, Solva
Juazeiro, Jatobá, Gonçalo-Alves,
Paraíba, Itaúba, Louro, Ipê,
Paracaúba, Peroba, Maçaranduba
Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro
Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá
Pau-ferro, Angico, Amargoso,
Gameleira, Andiroba, Copaíba,
Pau-brasil, Jequitibá.
41

ATIVIDADE 3: O Jogo – Caça palavras

Objetivos da atividade: Dinamizar a aula e levar a participação de todos no


contexto da sala de aula; Contribuir para uma aprendizagem significativa dos
conteúdos através de uma técnica lúdico-pedagógica;

Procedimento: A partir dos nomes das plantas grifadas na letra da música


“Matança” (de autoria de Augusto Jatobá) sugerir aos educandos a procura e o
destaque da palavra no jogo.
42

CAPÍTULO III
FAUNA DA CAATINGA

FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO


THIAGO LEITE DE MELO RUFFO

ASPECTOS GERAIS

O conhecimento sobre a biodiversidade da Caatinga ainda é insuficiente.


Isto pode ser justificado pelo fato de que há poucos recursos financeiros
alocados para estudos neste bioma, bem como pela falta de interesse de
alguns pesquisadores em estudá-lo. Dentre os poucos estudos já realizados,
constata-se que mais de 40% da região não foi amostrada e cerca de 80% das
áreas estudadas foram sub-amostradas.
Diante disso, existe um preconceito em relação à riqueza da
biodiversidade da Caatinga, onde muitas pessoas acreditam que este bioma
apresenta poucas espécies vegetais e animais. Todavia, apesar de apresentar
um número reduzido de espécies quando comparada a ambientes de maior
pluviosidade, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, a biodiversidade
da Caatinga, ao contrário do que muitos pensam, também é bem elevada.
Considerando todas as regiões semi-áridas do planeta, o bioma
Caatinga é um dos mais ricos (se não o mais rico) em biodiversidade. Para
Mendes (1997), onde existem matas e/ou afloramentos de rochas
intemperizadas, muitas vezes ocorrem micro-climas mais úmidos que
sustentam comunidades mais diversificadas e com maiores densidades de
povoamento. Estas informações tornam evidente e urgente a necessidade de
ampliar o conhecimento e os estudos dos recursos biológicos da Caatinga.
43

OS ANIMAIS DA CAATINGA

A fauna da Caatinga é constituída basicamente por organismos de


pequeno porte. Muitos destes são essencialmente noturnos, fugindo da
insolação diurna. Neste bioma, podemos encontrar diversas espécies de
mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados.
Em relação à Mastofauna (mamíferos) da Caatinga, esta tem sido
geralmente reconhecida como depauperada, representativa de apenas um
subconjunto da fauna de mamíferos do Cerrado, proposição esta, longe de ser
verdadeira (BRASIL, 2002a). Revisões taxonômicas recentes envolvendo
amostras de mamíferos da Caatinga têm revelado sua distinção com relação a
populações de outros ecossistemas. Estes achados sugeriram a necessidade
de uma reavaliação da relevância dessa mastofauna à luz destes novos
conhecimentos (OLIVEIRA et al., 2005).
Inventários taxonômicos recentemente publicados sobre a diversidade
da mastofauna do bioma Caatinga desmistificam a pobreza relativa e o baixo
grau de endemismo das espécies de fauna da Caatinga. Todavia, apesar de se
tratar um dos grupos de vertebrados mais representativos, os estudos sobre os
mamíferos deste bioma ainda são escassos.
Até o momento, são 148 espécies registradas de mamíferos, sendo 19
consideradas endêmicas. Os grupos representativos (número de espécies) são
os quirópteros (organismos da ordem Chiroptera, que incluem os morcegos) e
os roedores (ordem Rodentia, entre os quais podemos citar o preá, mocó e o
rato-bico-de-lacre). Outros exemplos de mamíferos da Caatinga são o veado
catingueiro, o gato-maracajá, o tatu-bola e o tatu-peba. De acordo com a
literatura científica, até o momento tem-se o número de 19 espécies de
mamíferos da Caatinga.
Em relação à Ornitofauna (aves) já são 510 espécies registradas, sendo
91,96% destas (469 espécies) residentes na Caatinga, ou seja, se reproduzem
comprovadamente ou potencialmente nesta região; destas 469 espécies, 284
(60,5%) são dependentes ou semi-dependentes, isto é, só ocorrem em
ambientes florestais ou em mosaicos formados pelo contato entre florestas e
44

formações vegetais abertas e semi-abertas, demonstrando assim a importância


das florestas da região para este grupo de vertebrados (SILVA et al., 2005).
Entre os vários representantes da avifauna da Caatinga estão o Carcará, a Asa
branca, a Coruja-buraqueira e a Seriema.
Um dos problemas para definir quais são as aves endêmicas da
Caatinga é determinar os limites deste bioma (OLMOS et al., 2005). Além
disso, existe na Caatinga um número bastante elevado de espécies de aves
migrantes, o que torna ainda difícil identificar quais as espécies são endêmicas
deste bioma. De acordo com Silva et al. (2005) a migração sazonal é a
resposta mais comumente observada na avifauna da Caatinga em resposta à
semi-aridez, onde os indivíduos seguem para áreas de maior umidade e com
oferta abundante de recursos.
No que se refere aos répteis e anfíbios (Herpetofauna), foram
registradas até o momento 157 espécies, sendo os grupos mais
representativos os Anura (sapos, rãs e pererecas) e os Squamata (cobras e
lagartos); contudo, pouco ainda se conhece sobre a diversidade destes grupos
no Bioma Caatinga (RODRIGUES, 2005).
De acordo com Freitas e Silva (2007), fatores como baixos índices
pluviométricos e irregularidade das chuvas acarretam uma menor diversidade
de anfíbios na Caatinga, quando comparamos com outros biomas brasileiros.
Com fisiologia totalmente dependente de constante umidade na pele, os
anfíbios estão em desvantagem em relação aos répteis. Como adaptação ao
clima semi-árido, estes organismos podem se enterrar em locais úmidos a
espera de um novo período de chuvas.
Assim, os anfíbios que vivem na Caatinga apresentam, até o momento,
a menor diversidade de espécies entre todos os biomas encontrados no Brasil.
No entanto, a diversidade deste grupo, assim como os demais grupos de
vertebrados, ainda é pouco conhecida. O exemplo mais representativo de
anfíbios da Caatinga é o sapo-cururu, que representa a maior espécie de sapo
encontrada no Brasil. Em geral, os adultos desta espécie atingem cerca de 10
a 15 centímetros de comprimento.
45

Por apresentarem uma fisiologia mais independente da água em relação


aos anfíbios, os répteis ocupam com maior sucesso os ambientes semi-áridos
do Nordeste brasileiro. Assim sendo, os répteis podem ser observados com
freqüência durante todo o ano, pois a pele escamosa destes animais está
adaptada ao ambiente semi-árido da Caatinga.
Portanto, no bioma Caatinga, a diversidade deste grupo é bastante
significativa, havendo um número proporcionalmente maior de espécies que os
anfíbios e também uma maior taxa de endemismos, o que reflete uma maior
complexidade adaptativa a este ambiente semi-árido (FREITAS; SILVA, 2007).
Assim sendo, temos uma fauna de répteis bastante diversificada no
bioma Caatinga, onde podemos encontrar um grande número de lagartos e
cobras. Os representantes mais conspícuos são o teju (teiú), o calango-verde e
a jararaca.
Sobre os invertebrados do bioma Caatinga, a grande maioria dos
pesquisadores indica a Caatinga como ambiente menos conhecido para todos
os grupos de invertebrados. Além disso, uma boa parcela das publicações
referentes aos invertebrados da Caatinga trata de trabalhos restritos ao estudo
de uma determinada família, o que torna difícil fazer uma avaliação deste grupo
de animais para o bioma Caatinga.
Entretanto, a grande heterogeneidade ambiental e a singularidade de
certos ambientes permitem predizer que a fauna de invertebrados deste bioma
deve ser riquíssima, com várias espécies endêmicas (BRASIL, 2002a).
Estudos recentes têm demonstrado que a riqueza biológica do bioma é
bastante superior à descrita na literatura, e que os invertebrados,
especialmente insetos, parecem ter sido subestimados nos poucos estudos de
campo conduzidos na região até o momento.
A enorme importância econômica e ecológica dos invertebrados revela-
se nos agroecossistemas, onde estes atuam como “pragas” de plantas
cultivadas e grãos armazenados, como agentes polinizadores e de controle
biológico de insetos, ou ainda como bioindicadores. Tais papéis biológicos são
mais evidenciados em ambientes expostos à intensa ação antrópica, como é o
caso do bioma Caatinga (IANNUZZI et al., 2006).
46

Neste bioma, os grupos mais estudados são os Coleoptera (besouros) e


Hymenoptera (abelhas e formigas). De acordo com Ianuzzi et al. (2006), a
caracterização da diversidade de Coleoptera da Caatinga é importante para
subsidiar estudos de impacto ambiental, para contribuir no conhecimento da
biodiversidade local e para detectar espécies com potencial status de “praga”.
Zanella e Martins (2003) constataram que a fauna de abelhas no bioma
Caatinga ainda está subamostrada.
Por se tratar de uma região semi-árida, as condições da Caatinga são
um pouco desfavoráveis para a sobrevivência dos animais neste ambiente.
Assim sendo, alguns animais da Caatinga possuem adaptações fisiológicas
e/ou comportamentais que permitem que estes sobrevivam neste local. Por
exemplo, Mendes (1997) afirma que durante os estios anuais, conhecidos
como verão, muitos animais abandonam a região voltando na época das
chuvas, chamada de inverno, ou então quando amadurecem os frutos, em
busca de sementes. Assim sendo, pode-se dizer que as secas diminuem a
biodiversidade de maneira direta, negando alimento e água aos animais
nativos, que migram, morrem ou deixam de se reproduzir nestes períodos.
Diante do exposto, podemos concluir que o conhecimento sobre a
composição da fauna de invertebrados na Caatinga é extremamente
importante, não apenas por este ser o bioma menos conhecido para este
grupo, mas também pelo fato que um inventário desta fauna forneceria
subsídios para possíveis programas de conservação e manejo de espécies.
Logo abaixo, no Quadro I, apresentamos um resumo da diversidade
faunística do bioma Caatinga. Tais informações desmentem o mito de que este
é um bioma pobre em biodiversidade.
47

Quadro I. Resumo da diversidade faunística da Caatinga registrada até o momento a


partir de diversas fontes pesquisadas (*).

GRUPOS ANIMAIS DISTRIBUIÇÃO DE TÁXONS POR GRUPOS


Anelídeos Estimativa de 15-20 espécies de Oligoquetos (minhocas).
Aracnídeos Estimativa de 30-40 espécies de Aranhas.
Estimativa de 28 espécies de Cupins.
Estudos apontam 42 famílias de Coleoptera, 1/4 do total de
Insetos famílias registradas para esta ordem de Besouros.
187 espécies, distribuídas em 77 gêneros de Abelhas;
61 espécies, distribuídas em cinco subfamílias de Formigas.
48 espécies de Anfíbios Anuros (sapos, pererecas e rãs);
Anfíbios 03 espécies de Gymnophiona (conhecidos popularmente
por cecílias ou cobras-cega).
47 espécies de Lagartos (teiú ou teju; calango-verde, bico-
doce ou bebe-ovo; calanguinho), sendo 25 endêmicos;
10 espécies de Anfisbenídeos (lagartos geralmente sem
patas, conhecidos como cobra de duas cabeças);
Répteis 52 espécies de Serpentes (salamanta-da-Caatinga, cobra
cipó, cobra-verde, jararaca, coral falsa e coral verdadeira);
04 espécies de Quelônios (cágados);
03 espécies de Crocodilos (jacaré-do-papo-amarelo, por
exemplo).
510 espécies distribuídas em 62 famílias, das quais 469 se
reproduzem na região;
15 espécies são endêmicas e cerca de 30 estão ameaçadas
de extinção;
Aves
Como exemplos de aves da Caatinga, podemos citar:
seriema, carcará, coruja-buraqueira, asa branca ou arribaçã,
fogo-apagou, periquito da Caatinga, rola-caldo-de-feijão,
tetéu ou quero-quero.
148 espécies, sendo 19 endêmicas e sete ameaçadas de
extinção;
10 espécies de Marsupiais (exemplo: catita);
09 espécies de Edentados (exemplos: tamanduá mirim,
tatu-bola e tatu-peba);
69 espécies de Quíropteros (morcegos);
34 espécies de Roedores (exemplos: mocó, preá, rato-bico-
Mamíferos de-lacre);
01 espécie de Lagomorfo (exemplo: tapiti);
14 espécies de Carnívoros (exemplos: gato-do-mato, gato-
maracajá e raposa);
05 espécies de Ungulados (cateto, queixada, veado
catingueiro, veado-mateiro e anta);
06 espécies de Primatas (exemplos: macaco guariba,
macaco-prego e sagüi).

(*) Fontes pesquisadas: Brandão; Yanamoto (2003), Zanella; Martins (2005),


Rodrigues (2005), Silva et al. (2005), Oliveira et al. (2005), Iannuzzi et al. (2005), Leal
et al. (2005), Rosa et al. (2005), Freitas; Silva (2007), Fabián (2008).
48

FAUNA DA CAATINGA: UTILIZAÇÃO, IMPORTÂNCIA E IMPACTOS

A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza e


fonte de imenso potencial de uso econômico; é base das atividades agrícolas,
pecuárias, piscícolas, florestais, assim como a base para a estratégica indústria
da biotecnologia. No Brasil, apesar da riqueza de espécies nativas, a maior
parte das atividades econômicas está baseada em espécies exóticas (ROCHA,
2007), inclusive no bioma Caatinga.
A fauna da Caatinga vem sendo bastante utilizada pela população local
para diversos fins, como por exemplo, para alimentação e transporte. As
espécies mais utilizadas são exóticas, como é o caso dos caprinos, bovinos,
alguns peixes, algumas espécies de abelhas e do jumento, este último bastante
utilizado como meio de transporte. Os caprinos e bovinos são os mais
utilizados na pecuária, uma das atividades principais das populações inseridas
na Caatinga.
De acordo com Drumond et al. (2000), em função das condições
edafoclimáticas desfavoráveis, a pecuária se constituiu ao longo do tempo
como atividade principal de uma grande parcela das comunidades rurais,
todavia, fatores como condições de semiaridez predominante nas áreas de
Caatinga, associado às irregularidades das chuvas limitam o desenvolvimento
desta atividade no bioma Caatinga.
Os caprinos ainda são ícones de festas populares, como é o caso da
festa do Bode-Rei, realizada no município de Cabaceiras-PB. O Capítulo IV
(Impactos Ambientais da Caatinga) traz outras informações sobre a pecuária
no bioma Caatinga.
Em relação à fauna nativa da Caatinga, atualmente esta se encontra
bastante escassa, isto em função da caça e pesca predatória, dos
desmatamentos e das queimadas e da superexploração dos recursos naturais,
que, ao longo dessas últimas décadas, vêm comprometendo a biodiversidade.
A exploração predatória dos recursos faunísticos da Caatinga sempre foi
a prática corrente na região semi-árida, sendo responsável pelo
desaparecimento de algumas espécies, como é o caso do jacaré-do-papo-
49

amarelo (Caiman latirostris), do jacú-verdadeiro (Penelope jacucaca), da arara-


azul-de-lear (Anodorhynchus leari), do gato-do-mato (Leopardus trigrinus) e da
onça-parda (Puma concolor), que já se encontram ameaçadas de extinção
neste bioma. Algumas espécies, como a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) já foi
extinta oficialmente da natureza. Estima-se que haja no mínimo 34 espécies de
(7)
fauna ameaçadas de extinção no bioma Caatinga , sendo os mamíferos o
grupo mais ameaçado de extinção neste bioma.

SUGESTÃO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

Atividade 1: Trabalhando com Desenhos esquemáticos, Ilustrações,


Fotografias e Modelos Tridimensionais de Animais (Brinquedos).

Para estudos da biodiversidade (fauna e flora) na educação ambiental é


possível trabalhar com desenhos esquemáticos e pranchas dos principais
representantes dos seres vivos que ocorrem em uma determinada área,
permitindo assim uma melhor aprendizagem e familiarização da biocenose
local (ARAÚJO, 1991).

Objetivo da atividade: Trabalhar, a partir das concepções prévias, o conteúdo


de fauna da Caatinga, reconhecendo os diversos tipos de animais aquáticos e
terrestres do Bioma.

Procedimento: Os educandos devem reconhecer e dar nomes aos animais nos


desenhos esquemáticos, pranchas, ilustrações e/ou modelos (concepções
prévias). Posteriormente, classificam os animais (brinquedos) segundo as
normas da Nomenclatura Zoológica. Podem também ilustrar em modelos
tridimensionais uma determinada área da Caatinga e a ocorrência e
distribuição da fauna aquática e terrestre. Dependendo da criatividade e
habilidade dos participantes das oficinas, pode-se utilizar massa de modelar
para a confecção de animais (Figuras 1 e 2).
(7)
Disponível em <http://www.biosferadacaatinga.org.br/biodiversidade.php>. Acesso em 18
jul.2009.
50

Figura 1. Animais (brinquedos em plástico) que podem ser utilizados como recurso
didático na atividade sugerida. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação
ambiental no semi-árido paraibano).

Figura 2. Desenhos esquemáticos e ilustrações de animais e vegetais que podem ser


utilizados como recurso didático na atividade sugerida. (Fonte: acervo do grupo de
estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).
51

Atividade 2: Produção de Jogos Didáticos

Os Jogos Didáticos ampliam experiências e contribuem para o


desenvolvimento do raciocínio, da atenção e do interesse pela realização das
tarefas escolares. Favorecem também a integração social e individual,
permitindo aos estudantes maior índice de aprendizagem ao realizarem
atividades lúdicas e competitivas (PEREIRA, 1998). Estes podem ser utilizados
com a função de ajudar a memorizar fatos e conceitos.
Entre alguns exemplos destes jogos podemos citar jogo da memória,
palavras cruzadas, bingo educativo, etc. Estes proporcionam, ao mesmo
tempo, momentos de aprendizado e diversão aos educandos, incentivando-os
nas atividades escolares.

Objetivos da atividade: Favorecer a integração social e individual, permitindo


aos estudantes maior índice de aprendizagem ao realizarem atividades lúdicas
e competitivas; Contribuir para o desenvolvimento do raciocínio, da criatividade,
da atenção e do interesse pela realização das tarefas escolares; Construir, a
partir de materiais baratos e acessíveis, um recurso didático para ser utilizado
nas aulas pelos professores.

Sugestão: confecção do Jogo da Memória

Material necessário: Folha de isopor, palitos de churrasco, cola de isopor,


folhas de cartolina e figuras de animais.

Procedimento: Primeiramente o professor deve explicar os conceitos básicos


referentes ao tema: cadeia alimentar, relações tróficas, níveis tróficos
(produtores, consumidores e decompositores), fluxo de energia, etc.
Após o assunto ter sido lecionado em sala de aula, será iniciada a
confecção do jogo (ver confecção do jogo abaixo), utilizando figuras com todos
os elos da cadeia alimentar de ambientes da Caatinga. Para esta etapa,
52

sugere-se que o professor elabore o jogo juntamente com os alunos, para que
estes participem mais ativamente da aula.
O jogo conterá nove placas de isopor que giram em torno da folha por
meio do palito de churrasco; cada placa possui uma figura de um animal de um
lado e um número em seu verso.
O jogo tem início com a exposição das figuras dos animais por certo
tempo para que estes memorizem em que posição está cada animal.
Posteriormente, as placas são viradas, ficando exposta a face que contém o
número para os alunos. Estes irão escolher um número e terão que adivinhar
qual animal está por trás da placa; não acertando a resposta, passa-se a vez
para outro aluno; estando certa a resposta, deve-se pedir que o aluno indique o
nível trófico do animal correspondente. Com a aparição de outros animais,
monta-se a teia alimentar do jogo da memória, tornando possível a explicação
do assunto de forma mais prazerosa.
Pode-se colar cartolina colorida em cima das partes do jogo que não
contém figuras, a fim de deixá-lo mais bonito. O material utilizado, as figuras,
bem como o número de placas fica a critério de cada professor; isto irá
depender das condições encontradas em sala de aula.
Após a aplicação do momento lúdico os alunos podem construir, com a
orientação do professor, diversas teias alimentares, as quais podem ser
esquematizadas em cartolinas.

Figura 3. Exemplo de um Jogo Didático produzido, utilizando figuras com todos os


elos da cadeia alimentar. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental
no semi-árido paraibano).
53

Atividade 3: Produzindo Álbum Seriado, Cartazes, Painéis e Murais


didáticos sobre a Caatinga

O Álbum Seriado é uma seqüência de páginas, desenvolvendo uma só


mensagem em forma progressiva e lógica. Compõe-se basicamente de
ilustrações (devem ser simples, atraentes e visíveis) e texto (frases-chave com
letras grandes) (ZÓBOLI, 2004).
Os Cartazes, Painéis e Murais Didáticos têm como objetivo informar e
motivar os alunos. O texto, em letras grandes, deve ser simples, direto,
resumindo de maneira objetiva a mensagem e que prenda o interesse do
público (SANT´ANNA; SANT´ANNA, 2004). Devem ser incluídas ilustrações e
ter muito cuidado com a cor e o layout. No entanto, o mural didático diferencia-
se do cartaz pelo fato deste necessitar de explicações, comparações e deve
permanecer em sala de aula por tempo suficiente para a aprendizagem
acontecer, já o cartaz transmite a mensagem de uma idéia de maneira mais
rápida (ZÓBOLI, 2004).

Objetivos da atividade: Reconhecer a ampla diversidade animal; Desenvolver a


capacidade criativa e a integração entre os educandos, permitindo um maior
índice de aprendizagem; Contribuir para o desenvolvimento do raciocínio, da
atenção e do interesse pela realização das tarefas escolares; Construir, a partir
de materiais baratos e acessíveis, um recurso didático para ser utilizado nas
aulas pelos professores.

Sugestão: Montando um Álbum Seriado sobre a fauna da Caatinga.

Material necessário: Folhas de cartolina, jornais e/ou revistas com figuras de


animais, tesoura, cola branca, canetas hidrocor.

Procedimento: Selecionar e recortar as figuras dos diferentes grupos animais


(que ocorrem na Caatinga) contidos nos jornais e/ou revistas; posteriormente,
deve-se preparar um painel para os diferentes grupos (invertebrados e
54

vertebrados), colando as figuras nas cartolinas e transcrevendo as


características principais de cada grupo. Após isso, deve-se seqüenciar os
painéis e montar o álbum seriado, utilizando barbante ou qualquer outro tipo de
material para prender as folhas de cartolina.
É importante que seja montado vários álbuns com os diferentes grupos
animais (um álbum apenas sobre répteis, outro com anfíbios, mamíferos,
insetos, etc.), para estimular o trabalho em grupo e abordar o maior número de
grupos animais. Por fim, deve ocorrer a apresentação dos álbuns seriados
pelas equipes para o restante da turma com posterior discussão em sala de
aula.

Observação: Após a confecção do álbum, é importante que se coloquem títulos


e legendas (usar canetas hidrocor) obedecendo aos critérios para a elaboração
de Recursos Didáticos Visuais (evitando poluição visual, muita informação –
textos extensos, figuras demasiadas, etc.).

Atividade 4: Trabalhando com textos literários, por exemplo, “Os Sertões”


de Euclides da Cunha (8):

Objetivo da atividade: Trabalhar o conteúdo de fauna da Caatinga de forma


inter e/ou multidisciplinar.

Procedimento: Os alunos podem ler o texto em grupos, discutindo e analisando


os diferentes termos e/ou palavras que eles não conhecem. O professor pode
solicitar a classificação dos animais que aparecem no texto.

Sugestão: O professor pode sugerir discussões e inter-relações com outras


disciplinas, por exemplo: discutir aspectos da Geografia do bioma; Analisar
quais as espécies estão em perigo de extinção e sugerir aos alunos pesquisas

(8)
Os Sertões - Euclides da Cunha - Fonte Digital: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
[http://www.biblivirt.futuro.usp.br] USP / São Paulo: Domínio Público - Disponível em
<http://www.euclidesdacunha.org.br/digitalizada2.htm>, Acesso em 20 set. 2007.
55

sobre a biologia e ecologia dos animais que aparecem no texto (disciplinas de


Ciências ou Biologia); os alunos podem também pesquisar sobre as palavras
que eles desconhecem e que não são muito usadas no Português atual.

"E o sertão é um paraíso... Ressurge ao mesmo tempo a Fauna


resistente das Caatingas: disparam pelas baixadas úmidas os
Caititus esquivos; passam em varas, pelas trigueiras, num estrídulo
estrepitar de maxilas percutindo; os Queixadas de canela ruiva;
correm pelos tabuleiros altos, em bandos, esporeando-se com os
ferrões de sob as asas, as Emas velocíssimas; e as Seriemas de
vozes lamentosas, e as Sericóias vibrantes, cantam nos balsedos, à
fímbria dos banhados onde vem beber o tapir estacando um
momento no seu trote, brutal, inflexivelmente retilíneo, pela
Caatinga, derribando árvores, e as próprias Suçuaranas, aterrando
os Mocós espertos que se aninham aos pares nas luras dos
fraguedos, pulam, alegres, nas macegas altas, antes de quedarem
nas tocaias traiçoeiras aos Veados ariscos ou Novilhos
desgarrados..." (Os Sertões - Euclides da Cunha).
56

CAPÍTULO IV
IMPACTOS AMBIENTAIS NA CAATINGA

FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO


HUGO DA SILVA FLORENTINO

ASPECTOS GERAIS

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº


001 de 23/01/86 define Impacto Ambiental como: Qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas
e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais
(BRASIL, 1986).
Entretanto de acordo com a Norma ISO 14001, citado pelo Centro de
Informação Metal Mecânico (CIMM, 2008), Impacto Ambiental é qualquer
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou
em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.
Juridicamente, o conceito de impacto ambiental refere-se exclusivamente aos
efeitos da ação humana sobre o meio ambiente. Portanto, fenômenos naturais
como tempestades, enchentes, incêndios florestais por causa natural,
terremotos e outros, apesar de provocarem as alterações ressaltadas não
caracterizam um impacto ambiental.
No Brasil, os primeiros estudos de impactos ambientais foram
elaborados na década de 70, como uma das exigências do Banco Mundial,
frente à acelerada degradação ambiental. No entanto, o primeiro dispositivo
legal relacionado à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) foi à lei n° 6.938 de
57

31/08/1981 do CONAMA, regulamentado dois anos depois com o decreto n°


88.351 de 01/06/1983, vinculando sua utilização aos sistemas de licenciamento
de atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente, a cargo de
órgãos ambientais dos governos estaduais e federais competentes (SILVA,
1994).
O estudo de impactos ambientais consiste num instrumento de política
ambiental, formado por um conjunto de procedimentos capazes de identificar,
prever, interpretar e transmitir informações de forma sistêmica sobre os
possíveis impactos benéficos e/ou adversos, existentes ou que possam existir
pela execução de um projeto, programa, plano ou política numa perspectiva
espaço-temporal.
A Avaliação de Impactos Ambientais tem como objetivo prevenir e
minimizar as alterações que podem ocorrer na elaboração de um projeto ou
determinada atividade econômica. No entanto, não contempla o que é o
desafio dos técnicos sobre o assunto, ou seja, a avaliação de impactos
ambientais de ações repetitivas ou continuas, já em transcurso, como as
atividades da agricultura, mineração e pecuária (CLAÚDIO, 1987).
Para um estudo de Impacto Ambiental são necessários dois
procedimentos ou documentos básicos: um Estudo de Impactos Ambientais
(EIA), onde se analisará o meio físico, biótico e antrópico utilizando termos
técnico-científicos e será destinado aos técnicos dos órgãos licenciadores, e
um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), onde deve refletir as conclusões do
EIA, sendo apresentado em geral para o público leigo, evitando sempre que
possível o emprego de terminologia técnica.
Não obstante, a Caatinga representa um dos biomas brasileiros mais
alterados pelas atividades humanas, contudo não há levantamentos
sistemáticos sobre a evolução de sua cobertura vegetal ao longo do tempo.
Entretanto, estima-se que 45 % da área total do bioma tenham sido alterados,
colocando-o como o terceiro bioma brasileiro mais modificado pelo homem,
sendo ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o Cerrado. Todavia, se além
do nível de alteração, for considerado que menos de 2% do bioma é protegido
58

legalmente por unidades de conservação de proteção integral, a Caatinga


assume a posição do bioma brasileiro menos protegido (LEAL et al., 2005a).
Assim, o bioma Caatinga sofre historicamente por ter sido considerado
erroneamente pobre por parte da população e governantes locais, e pela
enorme carência de conhecimento técnico-científico sobre seu verdadeiro valor
biológico, paisagístico e aproveitamento econômico sustentável da sua
biodiversidade, ofuscando assim, as riquezas que realmente representa.
Além disso, o crescimento da população e da densidade populacional
contribui para a exploração dos recursos naturais para além de sua capacidade
de suporte. O aumento da população, assim como das demandas por
alimentos, energia e outros recursos naturais vêm provocando importantes
impactos na base de recursos naturais das regiões semi-áridas.
Neste cenário, o habitat pode ser degradado quando existem
perturbações, tais como alterações do regime de fogo ou a sua utilização
excessiva como pastagem por animais domésticos, como as cabras (Figura 1)
e as ovelhas. Por vezes, parcelas de habitat são mesmo completamente
eliminadas por ações tais como o corte de florestas ou a secagem de áreas
alagadas.

Figura 1. Criação de cabras no semi-árido paraibano, São João do Cariri, Paraíba.


(Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).
59

Além da substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e


pastagens, temos o desmatamento e as queimadas que são ainda práticas
comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a
cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna silvestre, a
qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo.
Mais de 60% da área total da Caatinga já foram drasticamente alteradas
pelas ações do homem. Dados recentes estimam que nos últimos 15 (quinze)
anos, 40.000 Km² (4 milhões de hectares) de Caatinga foram devastados
devido à interferência do homem na região.
No estado da Bahia, conforme Alves (2007), a interferência do homem
tem devastado 100. 000 hectare anualmente, o que indica que muitas áreas
consideradas primárias são, na verdade, produtos de interação do homem
nordestino com o seu ambiente, ou seja, fruto de uma exploração que se
estende por séculos.
Devido à biodiversidade, fontes energéticas e recursos minerais, todo o
domínio Caatinga é alvo desta intensa exploração, com freqüentes e presentes
ameaças aos recursos naturais. E atualmente, as conseqüências da
exploração desenfreada não se confinam apenas aos limites e domínios de
certos estados ou regiões, mas ultrapassam fronteiras e, atingem regiões cada
vez mais distantes.
Com a colonização do semi-árido pelo homem, o bioma Caatinga além
da esta inserida numa conjuntura de condições climáticas desfavoráveis,
passou a conviver, obrigatoriamente, com problemas complexos de origem
antrópico, resultando numa interação complexa entre seus componentes
biótipos e abióticos, o que se denomina sistema agro-silvo-pastoril.
Segundo Pereira (2006), o Cariri Paraibano esta localizado em áreas
consideradas como de alta susceptibilidade e alta ocorrência do processo de
Desertificação (Quadro I), além de sofrer a ação dos processos naturais de
degradação, passa por níveis intensos de antropização principalmente no que
se refere aos processos de agriculturização e pecuarização.
60

Quadro I. Grau de susceptibilidade à desertificação em municípios do Cariri Paraibano


(Fonte: SUDEMA, 2002).

GRAU / CATEGORIA MUNICÍPIOS DO CARIRI PARAIBANO


Muito Alta ۰
(fenômeno 03 municípios do Cariri Ocidental (Assunção,
ocorrendo na área total dos Taperoá e Livramento) atingindo 1.102,7 km2
municípios) e cerca de 22.603 habitantes
۰
Alta ۰
Susceptibilidade 14 municípios no Cariri Ocidental (por exemplo,
(fenômeno atingindo a área São José dos Cordeiros) - atingindo 5.963,4
total dos municípios) km2 e cerca de 87.880 habitantes.
۰ 11 municípios no Cariri Oriental (por exemplo,
São João do Cariri) - atingindo 4.859,4 km2 e
cerca de 59.008 habitantes

PRINCIPAIS AÇÕES DE IMPACTOS AMBIENTAIS SOBRE A CAATINGA

Fragmentação e Destruição dos hábitats

A fragmentação e a destruição de hábitats produzem perdas


irrecuperáveis, com conseqüências imediatas como à subdivisão e redução da
área de habitat disponível, o que leva a uma drástica redução da
biodiversidade local, quer seja imediatamente, através da perda da área, onde
exclui espécies raras ou distribuídas em manchas, quer seja em longo prazo,
através dos efeitos do isolamento. Além disso, os pequenos tamanhos
populacionais das espécies remanescentes as tornam vulneráveis à extinção
através de processos ambientais que ocorrem ao acaso, como por exemplo, as
catástrofes e também devido aos efeitos genéticos resultantes do cruzamento
de indivíduos muito próximos geneticamente (LECP-UFRJ, 2008).
Outra conseqüência da fragmentação é um aumento no total de bordas
de habitat devido à transição acelerada entre a floresta e o habitat ao redor. A
proliferação das bordas gera um conjunto de alterações bióticas e abióticas
conhecidas como "efeitos de borda".
A persistência de uma determinada espécie em um dado fragmento
também vai depender da sua tolerância aos efeitos de borda, que incluem o
aumento das temperaturas do ar e do solo, a diminuição da umidade do ar e
uma maior exposição aos ventos (levando a queda de árvores), entre outras
61

alterações. Todas essas mudanças, por sua vez, vão afetar os organismos
presentes nos fragmentos, dando origem a uma série de mudanças bióticas
que incluem, por exemplo, a proliferação de espécies adaptadas às novas
condições ambientais, que competem com as espécies nativas e/ou
endêmicas, podendo culminar na extinção (LECP-UFRJ, 2008).
Mendes (1997) ressalta que a alteração da cobertura vegetal primitiva,
promove também mudanças na capacidade de manutenção da fauna, e
conseqüentemente modifica o número de espécies da área como o número de
indivíduos de cada espécie.
Além disso, as conseqüências do desequilíbrio ambiental põem em risco
a própria sociedade. A falta de planejamento racional do uso do solo promove
diversos impactos negativos, resultando em degradação ambiental e redução
da qualidade de vida, não só para a comunidade rural, mas também para toda
a população (PEDRON et al., 2006).

Erosão do solo

A erosão é um processo natural de desagregação, decomposição,


transporte e deposição de materiais de rochas e solos sobre a superfície
terrestre. Entretanto, a exploração humana de forma inadequada provocado
pelo desmatamento, agricultura, pecuária e irrigação intensiva tem contribuído
para a aceleração do processo erosivo trazendo uma série de conseqüências
como: a perda de solos férteis, a poluição das águas, a degradação e redução
da produtividade dos ecossistemas terrestres e aquáticos (IPT, 1989).
No semi-árido nordestino, o clima, aliado à litologia, relevo, solo e
cobertura vegetal, causa um processo natural de perda de solo que tem sido
acelerado devido á ocupação humana em áreas consideráveis vulneráveis.
As áreas onde ocorre atividade humana, como solo exposto, culturas
anuais e pastagens, possuem um alto valor de vulnerabilidade aos processos
de perda de solo, devido à baixa cobertura do solo (Figura 2) e ao constante
preparo para a agricultura.
62

Figura 2. Aspectos da erosão do solo no município de São João do Cariri, Paraíba.


(Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).

Assim, indiretamente as secas tornam mais nocivas o superpastoreio


dos animais domésticos e os agentes do intemperismo (chuva e vento), além
disso, somado as causas naturais, a erosão em áreas degradadas atenuam
processos que afetam a fertilidade do solo e a quantidade e qualidade de água,
devido à aceleração da oxidação da matéria e salinização (MENDES, 1997).
Portanto, o uso e o manejo inadequado dos solos são apontados como
uma das principais causas de origem antrópica relacionadas com a
desertificação. Segundo Accioly (2000) o extrativismo vegetal e mineral, o
superpastoreio das pastagens nativas ou cultivadas, e o uso agrícola por
culturas que expõem os solos aos agentes da erosão podem contribuir para a
desertificação na região.

Pecuarização

O superpastoreio de Ovinos, Caprinos, Bovinos e outros herbívoros tem


contribuído para uma modificação drástica na vegetação da Caatinga, dada à
importância que a Caprinocultura representa para o Nordeste brasileiro.
Inclusive, segundo Leal et al. (2005b) vários projetos de desenvolvimento da
região semi-árida estimulam esse tipo de atividade devido as vicissitudes
climáticas.
A região Nordeste detém 89% do rebanho caprino, 49,8% do rebanho
ovino e 17,9% do rebanho bovino nacional (ARAUJO-FILHO; CRISPIM, 2002),
63

isto devido à rusticidade e adaptabilidade destas espécies às condições


edafoclimáticas da região, favorecendo assim a exploração destas espécies em
micro-regiões como a do Cariri e Sertão paraibano. Entretanto existe evidência
que a herbivoria por caprinos pode afetar a estrutura, a capacidade de
regeneração da vegetação e alterar drasticamente os padrões de ciclagem de
nutrientes e de fluxo de energia nos ecossistemas, além de eliminar a
vegetação em virtude da compactação do solo devido ao pisoteio excessivo.
Segundo Alves (2007) algumas espécies de vegetais são eliminadas
rapidamente pelo rebanho logo após as primeiras chuvas. Dessa maneira a
pecuária é responsável por modificações profundas nas Caatingas por
modificar o microclima de seus estratos inferiores e seus ecótopos,
principalmente pelo excesso de pisoteio que torna os solos compactos,
impedindo a infiltração das águas, contribuindo com o aumento da energia de
escoamento superficial e, conseguintemente provocando erosão.
É oportuno ressaltar, que a caprinocultura pode ser uma prática
sustentável, menos agressora ao meio ambiente, e geradora de fonte de renda
para a população nordestina, a exemplo da produção de queijo, leite e carne.
Entretanto, para ser uma atividade sustentável e conservacionista deve ser
realizada de forma racional, não ultrapassando a capacidade máxima de
regeneração, e que as áreas destinadas para a pecuária possam ser
recuperadas depois de uma pastagem através de técnicas adequadas de
manejo, evitando assim, a utilização contínua que leva a degradação do bioma.
Não obstante, em função da falta de manejo adequado na pecuária, as
Caatingas vêm se exaurindo, uma vez que, os criadores aumentam o número
de bovinos, caprinos e ovinos em limites superiores à capacidade de suporte,
que inclusive é muito baixa, cerca de 20 hectares por unidade animal (5 a 15
Kg de peso vivo por ha) (MEDEIROS et al., 2000).
Agravando ainda mais a situação desta atividade, acrescenta-se a
prática dos pastos naturais melhorados pela utilização do fogo que sem
nenhuma vigilância nem método, em um só dia, reduz a cinzas centenas de
hectares de Caatinga.
64

Explorada extensivamente ou semi-extensivamente, este tipo de prática


é responsável por uma forte concentração de terras e, atualmente, substituem
espécies nativas por plantas forrageiras, tais como: gramíneas exóticas,
algaroba e palmas forrageiras. Todavia, vale ressaltar que apesar de exótica, a
palmas forrageiras não são consideradas invasoras, e desde que manejadas
de forma correta podem inclusive ser utilizadas para o controle da erosão e a
recuperação de áreas degradadas.
Segundo Simões et al. (2005), há evidências de que a palma pode
desempenhar importante papel para a proteção e a conservação do solo nas
zonas áridas e semi-áridas devido a fatores como: crescimento relativamente
rápido sob condições climáticas rigorosas, capacidade de formar barreiras de
retenção de água e solo, quando plantada de forma adensada em curvas de
nível. Além disso, o cultivo deste vegetal pode reduzir a exploração de vegetais
nativos da Caatinga como: cardeiros, facheiros e mandacaru, utilizados na
alimentação de animais durante os períodos de seca.

Agriculturização

O desmatamento e queimadas para ampliação de extensas áreas com


monoculturas, tais como o mamão e outras frutíferas vêm sendo responsáveis
pela mudança da paisagem da região semi-árida do nordeste brasileiro.
As atividades agrícolas acentuam-se com o progressivo aumento da
população, transformando, por vezes completamente, a fisionomia original da
Caatinga naqueles trechos onde as condições de solo e água são mais
favoráveis. O que aí se encontra, então, é uma vegetação secundária de
capoeiras, bem diferente da vegetação primitiva. Este fato levou à fantasiosa
idéia de que as Caatingas teriam sido originalmente florestas, em delicado
equilíbrio com as condições do meio, que se degradaram pelas repetidas
queimadas para o estabelecimento de roçados ou para a melhoria de
pastagens nativas (BERNARDES, 1999).
A agricultura de forma indiscriminada traz sérios danos para o bioma
Caatinga, como a erosão e compactação do solo, poluição do solo, redução
65

dos recursos hídricos, perda de matéria orgânica do solo, inundação e


salinização de terras irrigadas. Além disso, o uso de pesticidas para o controle
de ervas daninha, insetos e outras pragas agrícolas trazem sérios danos para a
saúde humana, pois o uso de agrotóxicos libera substâncias tóxicas, Poluentes
Orgânicos Persistentes (POPs) que se espalham pelo meio ambiente e se
acumulam nos tecidos orgânicos de peixes, aves, mamíferos, entre outros, com
sérios danos para a biodiversidade da Caatinga, bem como para a saúde
humana.

Projetos de Irrigação

Denomina-se irrigação o conjunto de técnicas destinadas a deslocar a


água no tempo ou no espaço para modificar as possibilidades agrícolas de
cada região. A irrigação visa corrigir a distribuição natural das chuvas (LIMA et
al., 2004).
A irrigação de forma inadequada e sem o recurso à drenagem produz
impactos indesejáveis em qualquer área semi-árida. Muitas regiões do
Nordeste já se encontram salinizadas, devido a projetos de irrigação mal
planejados (BRASIL, 2004).
Os principais impactos ambientais devido ao uso da irrigação são:
modificação do meio ambiente, consumo exagerado da disponibilidade hídrica
da região, saturação, contaminação dos recursos hídricos, salinização do solo
nas regiões áridas e semi-áridas e problemas de saúde pública.
Os danos à saúde pública gerado pela irrigação se referem à
contaminação da população que vive em seu entorno e do consumidor dos
produtos irrigados, em virtude da propagação de doenças como a
esquistossomose, proliferação de mosquitos e a ocorrência de verminoses.
Outro dano causado pela irrigação e drenagem inadequadas é a
saturação do solo, que acabam por provocar a concentração elevada de sais
adsorvidos no perfil do solo na zona das raízes das plantas, causando a
desestruturação e impermeabilização do solo, e conseqüentemente, o atraso
66

e/ou estagnação no crescimento das plantas com a redução da produtividade


(COSTA, 2003).
Os projetos de irrigação interferem em diversas áreas, necessitando
muitas vezes de infra-estruturas de apoio, externas aos sistemas de irrigação,
tais como: represas, reservatórios, açudes, poços, estações de bombeamento,
canais de transporte d’água, desvio e retificação de corpos d’água etc., que
resultam em mudanças nas zonas afetadas, especialmente nas bacias
hidrográficas.
Um exemplo clássico da irrigação mal planejada sem levar em
consideração os problemas futuros, ocorreu em 1970, por ocasião da grande
estiagem de 1970, onde o governo federal implantou programas, como o
Plurianual de Irrigação (PPI) (VALADALLES; FARIA, 2004). Assim, foram
criados e ampliados, na região Nordeste, áreas irrigadas como o Perímetro
Irrigado de Sumé, com o objetivo de desenvolver a produção agrícola na região
(SILVA-NETO, 2004).
No inicio da criação do perímetro, realizou-se um planejamento sobre as
características dos solos, preocupando-se em diversificar as atividades
agrícolas, para garantir uma renda familiar mais segura, e assim promover a
sustentabilidade econômica da região.
No entanto, com o passar do tempo os perímetros foram intensamente
explorado, exigindo, desta forma, que a irrigação, fosse uma prática
descontrolada, ininterrupta, e sem preocupação com a sustentabilidade do
sistema, a qual promovia um uso indiscriminado das águas, manejo
inadequado da irrigação e a drenagem insuficiente, desencadeando a médio e
longo prazo um processo de salinização dos solos e elevação do lençol freático
a níveis críticos (QUEIROZ et al., 1997, BARRETO et al., 2006). Devido a isto,
nestes últimos vinte anos, o perímetro de Sumé, por exemplo, ficou
praticamente inoperante (CHAVES, 2007).
Macêdo e Santos (1992) estudando solos irrigados com água salina na
bacia Sucuru/Sumé, no estado da Paraíba, verificaram que a salinidade natural
dos solos e o uso contínuo da irrigação aumentaram o risco de salinização,
sendo que uma forma para melhorar a qualidade da água foi à utilização de
67

gesso agrícola. No perímetro irrigado de Custódia-PE, solos aluviais tiveram


seu processo de uso agrícola interrompido por problemas de salinidade,
causado principalmente pela baixa qualidade da água de irrigação (OLIVEIRA
et al., 2002). Segundo os autores a reutilização desses solos para irrigação
deve ser precedida com o uso de corretivos e de eficientes sistemas de
drenagem.
Oliveira (1996) destaca que as seguintes medidas poderiam ser tomadas
para reduzir os processos de salinização dos solos: melhoria dos sistemas de
drenagem; observações periódicas do nível do lençol freático; análises
periódicas do solo e das águas de irrigação e do lençol freático; uso de práticas
agrícolas adequadas e de culturas selecionadas em função de suas tolerâncias
à salinidade; assistência técnica permanente aos irrigantes.
Portanto, o manejo racional da irrigação demanda estudos que
considerem os aspectos sociais, econômicos, técnicos e ecológicos da região.
Assim, deve-se aglomerar esforços no sentido de obter dados confiáveis que
permitam quantificar com precisão a magnitude do impacto ambiental
ocasionado pela irrigação, de modo a ser considerado na implantação de
projetos. Não obstante, estes cuidados possibilitarão um crescimento saudável
da irrigação na região semi-árida, evitando, assim, um crescimento baseado
exclusivamente em benefícios financeiros, sem considerar os problemas
relacionados ao meio ambiente.

Produção de energia: retirada de lenha e carvoarias

A extração madeireira, para obtenção de lenha e carvão, tem sido


considerada mais danosa que a própria agricultura segundo diversos
pesquisadores. Com a crise mundial do petróleo, a partir de 1974, por decisão
governamental, alguns setores industriais tiveram que buscar fontes
alternativas de energia, concentrando-se na órbita da biomassa (BENEVIDES,
2003). Além disso, a lenha e o carvão vegetal ainda são as fontes de energia
mais importantes para as famílias nordestinas. Segundo Braid (1996) a energia
da biomassa florestal representa a segunda fonte de energia do Nordeste.
68

A dependência direta ou indiretamente da população por matriz


energética, somado ao manejo incorreto e ao consumo em níveis que superam
a capacidade de regeneração torna ainda mais intenso a degradação da
Caatinga.
Neste cenário, as Indústrias alimentícias, de gesso, mineradoras
calcinadoras, curtumes, cerâmicas, olarias, panificadoras, reformadoras de
pneus e pizzarias (Figura 3) utilizam espécies nativas como jurema preta,
catingueira, baraúna, umburana-de-cambão, angico, sete-cascas, dentre
outras, o que modifica a fitofisionomia da Caatinga.
Segundo dados do Balanço Energético do Nordeste (período de 1080 a
1989) o estado da Paraíba contribuiu com 40% da lenha e do carvão vegetal da
matriz energética dos estados nordestinos (DRUMMOND et al., 2008). Assim, a
degradação da vegetação nativa, em função de atividades agrícolas e pastoris,
além do corte raso para a produção de carvão e abastecimento das indústrias,
tem acarretado graves problemas ambientais para o semi-árido nordestino,
entre os quais se destacam: a redução da biodiversidade, a degradação dos
solos, o comprometimento dos sistemas produtivos e colocam esta área entre
aquelas com níveis mais acentuados de desertificação (CÂNDIDO et al., 2002).
Desta forma, tanto a exploração de subsistência, relacionado ao homem
sertanejo que busca suprir suas necessidades básicas, quanto à exploração
econômica intensiva que atende a demanda dos grandes centros urbanos são
responsáveis pelo processo de degradação dos ecossistemas do semi-árido
nordestino, porém, na exploração intensiva á extensão de áreas exploradas é
muito maior
Ressalta-se ainda que a utilização dos recursos da Caatinga puramente
extrativistas, sem a perspectiva de um manejo sustentável, acarreta perdas
irrecuperáveis na diversidade florística e faunística, como conseqüência da
simplificação da rede alimentar, redução da resiliência e da estabilidade do
ambiente diante dos fatores do meio (DRUMOND et al., 2000). Desta forma,
nos tempos atuais, a Caatinga tem sido favorecida pela expansão de estrato
arbustivo em detrimento do arbóreo, que diminui gradualmente, e assim, a
Caatinga arbórea é rasa, esparsa e fragmentada (PRADO, 2005).
69

Agravando-se ainda mais a situação da Caatinga, o reflorestamento


realizado nos últimos anos, como forma de amenizar os impactos decorrentes
do desmatamento, foi com espécies forrageiras e frutíferas que não serão
utilizadas em grande escala como energéticos, o que torna ainda mais
vulnerável espécies nativas de valor energético como, por exemplo, o angico,
muito utilizado como matriz energética. Nessa perspectiva, estima-se para o
futuro da Caatinga um aumento de área desmatada, resultado da tendência do
aumento do consumo de carvão e lenha, e reestruturação fundiária da região.

Figura 3. Lenha utilizada como matriz energética no processo de beneficiamento de


minérios no município de Boa Vista, Paraíba. (Fonte: acervo do grupo de estudos de
educação ambiental no semi-árido paraibano).

Exploração Mineral

A Caatinga, ao longo de muitas décadas, foi degradada pela exploração


mineral, uma vez que, os órgãos de controle e fiscalização não impedia a
consumação dos impactos ambientais, seja por não implementar uma política
70

preventiva em relação aos danos, ou porque não exigiu a implantação de


mecanismos de controle de poluição.
Apesar de não existir estimativas oficiais da exploração de minérios na
Caatinga, extensas áreas no nordeste têm sido degradadas ocasionadas pela
exploração mineral, a exemplo da retirada irracional do granito, bentonita e
ocorrências pegmatíticas no Cariri (Figura 4) e no Seridó Paraibano (SAMPAIO
et al., 2001), o que gera fortes impactos ambientais para o bioma Caatinga.
A extração mineral pode causar diversas formas de impacto ambiental, a
exemplo da remoção total da vegetação das camadas superficiais do solo, com
a extinção de vários animais e vegetais nativos; rebaixamento de lençóis
freáticos; assoreamento e contaminação das águas, do solo e do ar nos
processos de extração e processamento mineral; utilização de carvão vegetal e
lenha como fontes energéticas na extração e processamento mineral,
causando impacto indireto, porém muito intenso sobre o bioma, como por
exemplo, o uso de biomassa florestal como energia pelas indústrias do gesso,
cerâmicas, calcinação do calcário, beneficiamento da bentonita, entre outras
(CRUZ et al., 2005).
Como conseqüência do processo de extração e beneficiamento de
minérios, somado à incipiente legislação ambiental existente até o inicio da
década de 80 e ao descaso com o cumprimento das normas reguladoras do
setor, as mineradoras na Paraíba, bem como em todo o domínio Caatinga
provocou, após décadas de exploração, um efeito degradativo direto e/ou
indireto em várias áreas do bioma Caatinga.
Embora atualmente, de acordo com o artigo 225, em seu parágrafo
único da Constituição Federal de 1988, aquele que explorar recursos minerais
fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
técnica exigida pelo órgão público competente, extensas áreas da Caatinga
continuam a ser degradadas sem nenhum projeto de recuperação, frutos de
uma mineração clandestina desenvolvida sem nenhum critério técnico-
ambiental.
É oportuno ressaltar que a atividade mineral não pode deixar de existir,
uma vez que seus produtos são de grande importância para a sociedade.
71

Todavia, tal exploração deve agredir o mínimo possível o meio ambiente e ser
acompanhado de estudos e planos de uma posterior recuperação da área
degradada, bem como melhor aproveitamento dos recursos minerais e
minimização de danos indiretos, como o desmatamento, para a produção de
biomassa energética na obtenção de produtos minerais.
A aquisição de lenha, para uso energético das indústrias mineradoras,
se oriunda de biomassa de reflorestamento, reduziria o desmatamento de
extensas áreas de mata nativa, e minimizaria os danos ao bioma Caatinga,
como perda de solos e fertilidade agrícola, e esgotamento da biodiversidade
animal e vegetal, além de reduzir os altos investimentos econômicos para a
recuperação das áreas degradadas.

Figura 4. Exploração de minérios no município de São João do Cariri, Paraíba. (Fonte:


acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).

Introdução de espécies exóticas

As alterações impostas nos ecossistemas pela ação antrópica são


profundas e geram impactos, muitos considerados irreversíveis. Dentre os
problemas da atualidade que causam desequilíbrio no meio biofísico, destaca-
72

se a introdução de espécies exóticas, que está sendo apontada como a


segunda causa de extinção de espécies no planeta (VILAR, 2006).
As espécies exóticas, introduzidas intencionalmente ou acidentalmente
nos ecossistemas, não apenas sobrevivem, mas se adaptam e passam a
competir com as espécies nativas, desencadeando problemas gravíssimos,
como a alteração das características naturais e o funcionamento de processos
ecológicos, afetando diretamente a resiliência dos ecossistemas, a redução de
populações autóctones e perda de biodiversidade (ZILLER, 2001).
Na grande maioria das propriedades do Cariri Paraibano, dificilmente se
encontra mata ciliar original, os poucos fragmentos ainda existentes
apresentam reduzida diversidade florística e, em alguns casos, são totalmente
representados pela Algaroba (Prosopis juliflora) (estima-se em mais de 15 mil
hectares de áreas reflorestadas no Cariri paraibano), que introduzida de forma
intensiva na região nas décadas de 70-80, invadiu as áreas de várzea e as
margens dos cursos de água e reservatórios, não permitindo, devido ao seu
papel alelopático (fenômeno, geralmente de ordem química, que evita a
presença de outras espécies ou a mesma espécie junto a ela no que se refere
à competição por água, nutrientes, luminosidade, etc.), que as espécies nativas
típicas destes ecossistemas pudessem ocupar as áreas antes dominadas pela
agricultura e/ou pecuária (PEREIRA, 2006).
Existem poucas informações sobre espécies introduzidas na Caatinga,
no entanto, vale destacar as abelhas africanizadas (Apis melifera), que
competem com as espécies de abelhas nativas podendo levar a extinção das
mesmas. Segundo Aquino (1997), várias espécies de abelhas silvestres nativas
do Cariri paraibano estão ameaçadas de extinção, devido ao desmatamento de
vegetais que lhes proporcionam alimento e abrigo; à competição com as
abelhas africanizadas, que são mais agressivas e com colônias bem maiores; e
à ação predatória dos “meleiros” que retiram o mel destruindo completamente
suas colônias.
É oportuno ressaltar que as espécies nativas exercem um papel
fundamental na polinização da Caatinga, além disso, segundo diversos
pesquisadores, o mel dessas abelhas pode ser até 10 vezes mais caro que o
73

das abelhas africanas, a exemplo da jandaira (Melipona rufiventris), abelha


endêmica do semi-árido brasileiro. Outra vantagem, é que a criação de abelhas
independe das condições climáticas do semi-árido e das dimensões da
propriedade, o que pode representar uma alternativa sustentável para o
pequeno proprietário.

Superexploração dos Recursos Bióticos

A superexploração dos recursos bióticos sempre foi uma prática


constante na Caatinga, seja na forma de alimentação para o homem do campo
ou caçadas pelo elevado valor comercial de sua pele. Segundo Aquino (1997),
diversos felinos na Paraíba como as onças e os gatos-maracajás; répteis como
tejuaçú e jibóia foram caçados intensamente para a retirada de sua pele e
comercialização no mercado internacional. Ainda nos dia atuais, animais
ameaçados de extinção continuam a ser utilizados na alimentação da
população que vive na Caatinga.
É oportuno ressaltar que a biodiversidade da Caatinga é fundamental
para o equilíbrio econômico da população local devido ao seu potencial
forrageiro, frutífero, medicinal, madeireiro e faunístico, mas muitas práticas têm
contribuído para uma insustentabilidade e perda de biodiversidade.
A exploração dos recursos bióticos de forma intensa promove um
esgotamento total da diversidade florística e faunística do bioma Caatinga, fato
este não obstante, uma vez que a cada dia são mais evidentes as estimativas
de perda de biodiversidade, seja de forma direta ou indireta.
É oportuno ressaltar também que neste cenário da superexploração da
Caatinga, vários exemplares da Biodiversidade deste bioma desapareceu como
exemplo, a espécie de ave ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta
oficialmente da natureza. Não obstante, as listas divulgadas de espécie em
risco de extinção não contemplam a verdadeira situação do bioma Caatinga,
uma vez que, as espécies listadas são desatualizadas e irrisórias.
Dentre as alternativas que poderia minimizar a superexploração da
fauna da Caatinga, podemos citar a criação em cativeiro de animais como
74

exemplo da ema (Rhea americana), maior ave da América do Sul, que ocorria
em abundância na região semi-árida e praticamente desapareceu.
Segundo Aquino (1997), a criação de emas na Caatinga apresenta
várias vantagens como: auxiliar no controle biológico natural, pois pequenos
vertebrados e insetos fazem parte de sua alimentação, e desta forma controlam
diversas pragas, a exemplo dos gafanhotos, que destroem plantações; animais
que se integra ao hábito alimentar do semi-árido; sua pele é superior em
qualidade à pele do avestruz; suas penas podem ser utilizadas na indústria de
utensílios domésticos, vestuário e decoração; seus ovos podem ser
aproveitados na gastronomia e podem servir de matéria prima para artesãos;
importante disseminadora de sementes em áreas degradadas.

O BIOMA CAATINGA E O PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO DO SEMI-


ÁRIDO

Desertificação, segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à


Desertificação (UNCCD), é a degradação de terras nas zonas áridas, semi-
áridas e sub-úmidas secas do planeta. Significa a destruição da base de
recursos naturais, como resultado da ação do Homem sobre o seu ambiente, e
de fenômenos naturais, como a variabilidade climática e condições edáficas
locais. É um processo, quase sempre lento, que corrói pouco a pouco a
capacidade de sobrevivência de uma comunidade, produzindo redução da
biodiversidade, perda de produtividade agrícola, instabilidade econômica e
política e, por vezes, chegando a contribuir com as mudanças climáticas do
planeta.
Este processo pode ser considerado como um problema global devido a
sua ocorrência em mais de 100 países. Na região Nordeste, este processo vem
se intensificando ao longo dos anos, e, conforme Viana (1999), ocupa uma
área de aproximadamente 181.000 Km², abrangendo mais de 1.000
municípios, com perdas econômicas em torno de 100 milhões de dólares
anuais.
75

As áreas seriamente comprometidas com o processo de desertificação


são: Gilbués, no Piauí; Inhamuns, no Ceará; Seridó, no Rio Grande do Norte;
Cariris Velhos, na Paraíba; Sertão Central de Pernambuco; e Sertão do São
Francisco, na Bahia. Todavia, de todos os estados nordestinos, a Paraíba
apresenta o maior índice de desertificação, e, estudos relatam que dos 56.372
km² da área total do estado (mais de 70%) encontra-se em processo de
desertificação (FRANCO et al., 2007), o que equivale a cerca de 15% da área
total da Caatinga (DRUMOND et al., 2000).
No entanto, pouco se tem feito para amenizar o problema, uma vez que
a falta de articulação entre as diversas esferas da sociedade, o desinteresse
político, e principalmente a falta de sensibilização das comunidades locais
dificulta o controle dos processos degradativos.
Segundo Corrêa (1999), a cerca de um século foi citada a ação
antrópica como gerador do processo de desertificação e degradação dos
recursos naturais do Nordeste. No entanto, apenas na década de 30, com a
destruição dos solos e da vegetação que ocorreu no Meio Oeste americano,
que o problema passou a ser caracterizado de forma mais abrangente
(VALADALLES; FARIA, 2004).
Assim, além da ação dos rigores climáticos sobre a cobertura vegetal, o
manejo inadequado da Caatinga, em particular, os desmatamentos em grande
escala; a irrigação mal controlada, que provoca a salinização dos solos; a
extração de madeira; as monoculturas, a exemplo da soja, mamona, eucalipto
e bambu que causam extinção da biodiversidade e proliferação de pragas; a
mineração; e a pecuária, praticada de forma extensiva e descontrolada como
sendo os fortes agentes degradativo da Caatinga (LUNA; COUTINHO, 2007).
No início dos anos 80, o incentivo financeiro e a divulgação do
“reflorestamento” com algaroba (Prosopis juliflora), árvore exótica levaram os
fazendeiros a desmatar, eliminando árvores nativas, como marmeleiro,
juazeiro, craibera, jurema, umburana, catingueira, baraúna, jurema, entre
outras, além disso, o algarobeiro suga muito a umidade do solo e não permite o
crescimento da vegetação nativa perto dela, levando assim a perda da
Biodiversidade.
76

Neste cenário, as conseqüências da degradação e da desertificação


são, freqüentemente, a diminuição da produtividade agrícola, e, portanto
diminuição da qualidade de vida, elevação da mortalidade infantil e redução da
expectativa de vida da população. Assim, os prejuízos sociais refletem nas
unidades familiares, provocando as migrações que por sua vez, impactam as
zonas urbanas, que quase sempre não estão em condições de oferecer
serviços ao elevado contingente populacional que para lá se deslocam
(BRASIL, 2004).
Quando da elaboração do Programa de Ação Nacional de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil), foram delimitadas
as Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) no Brasil, de acordo com os
pressupostos da UNCCD. Como tal, estão caracterizadas aquelas que
apresentam Índice de Aridez entre 0,21 e 0,65, essas áreas compreendem
porções territoriais dos Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, acrescidos, em caráter
preliminar, de mais 281 municípios situados no entorno daquelas áreas,
englobando, além dos estados já citados, parte dos estados do Maranhão e
Espírito Santo (BRASIL, 2004).
Assim, as áreas susceptíveis à desertificação no Brasil caracterizam-se
por longos períodos de seca, seguidos por outros de intensas chuvas. Ambos
os processos, secas ou chuvas intensas, costumam provocar significativos
prejuízos econômicos, sociais e ambientais, que tendem a atingir com maior
rigor a parcela da população menos favorecida (CARVALHO; OLIVEIRA,
2006).
Neste cenário, a Paraíba é o estado brasileiro que possui o maior
percentual de área com nível de desertificação muito grave (29 %), afetando o
dia-a-dia de mais de 653 mil pessoas residentes nessas localidades (Figura 5).
Segundo dados de Brasil (2004), o estado da Paraíba apresenta 208
municípios com áreas susceptíveis à desertificação.
As principais áreas afetadas no estado da Paraíba são: os Cariris, o
Seridó, uma parte do Curimatáu, a Depressão do Alto Piranhas, dentre outras.
(SCHENKEL; MATALLO-JÚNIOR, 2003). Porém, dentre as áreas, se destaca
77

a micro-região dos Cariris Velhos, que apresenta o menor índice de chuvas do


país (240 mm por ano), e consequentemente torna os processos antrópicos
ainda maior rigorosos.
Souza (2008), utilizando como base o processo histórico de ocupação e
povoamento do Cariri, a análise qualitativa da vegetação (diversidade,
densidade e estratos) e o uso de técnicas de sensoriamento remoto e
geoprocessamento mapeou a desertificação na região. Entre os resultados
encontrados pelo autor, foi verificado que no período de 2005-2006, a área
atingida por esse processo, em todos os níveis analisados (Moderado, Grave e
Muito Grave), correspondeu a 77,4% de toda a região. Inclusive, no período
compreendido entre 1989 a 2006, houve um aumento aproximado de 15% em
relação a esse tipo de degradação na região do Cariri.
Melo (2000) e Pachêco et al. (2006) identificou duas causas principais
para a desertificação na região dos Cariris da Paraíba:
1) A predisposição geoecológica ou o equilíbrio instável resultante dos
fatores climáticos, edáficos e topográficos;
2) As diferentes modalidades das ações antrópicas, diretas ou indiretas,
que começam pela eliminação ou degradação do revestimento vegetal,
chegando a desencadear o comprometimento dos outros componentes do
ecossistema e dando início à formação de núcleos de desertificação.
Portanto, não existe um único fator que pode ser desencadeador do
processo de desertificação, mas sim múltiplas causas, que vai desde a
predisposição natural do ambiente, até as diferentes modalidades de ações
antrópicas, já discutidas neste capítulo.
78

Figura 5. Localização do Semi-árido e da Caatinga e as áreas susceptíveis à


desertificação e as afetadas por processos de desertificação (Fonte: Programa de
Combate à Desertificação - Proágua Semi-Árido – Antidesertificação, OTAMAR, 2006.
Disponível em <http://www.iicadesertification.org.br/lendo.php?sessao=MTA3> Acesso
em 10. jun. 2008.
79

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

ATIVIDADE 1: Jogo da Cruzadinha sobre as principais ações de impactos


ambientais no Bioma Caatinga.

Objetivos da atividade: Desenvolver a capacidade do pensar e do agir;


Contribuir para o desenvolvimento do raciocínio e da participação ativa dos
educandos ao realizarem uma atividade lúdica.

Procedimento: A partir das alternativas abaixo, encontrar a resposta para os


diferentes tipos de impactos ambientais sobre o bioma Caatinga e preencher a
cruzadinha.

1 - Apropriação e/ou Tráfico ilegal de animais ou vegetais, de uma dada região


para outra, visando lucro econômico;
2 - Espécies que ocorrem em uma área geográfica, fora de seu limite natural
historicamente conhecido, como resultado de dispersão acidental ou
intencional por atividades humanas;
3 – Prática de aplicar água no solo, de modo artificialmente e de modo
controlado, a fim de possibilitar o cultivo agrícola;
4 - Retirada ou utilização dos recursos naturais de uma determinada área de
forma exagerada, sem levar em conta sua capacidade de regeneração ou
reposição do ambiente;
5 - Processo de devastação ou extração de parte ou de todo um determinado
ambiente (resposta: Destruição);
6 - Conjunto de processos técnicos usados na domesticação e produção de
animais com objetivos econômicos;
7 - Lugar onde se fabrica ou armazena carvão;
8 - Ramos, troncos, toras ou quaisquer pedaços de madeira utilizados como
fonte de energia;
9 - Processo pelo qual a concentração de sais dissolvidos aumenta no solo ou
na água;
80

10 - Conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o objetivo de


obter alimentos, fibras, energia, matéria-prima, etc.;
11 - Destruição do solo e seu transporte em geral feito pela água da chuva ou
pelo vento;
12 - Extração de substâncias minerais a partir de depósitos ou jazidas minerais;

Respostas da cruzadinha: 1. Biopirataria; 2. Espécies exóticas; 3. Irrigação; 4.


Superexploração; 5. Destruição; 6. Pecuária; 7. Carvoaria; 8. Lenha; 9. Salinização;
10. Agricultura; 11. Erosão do solo; 12. Mineração.

Outras atividades que podem ser desenvolvidas

 Excursão Didática: uma aula de campo para analisar áreas degradadas no


semi-árido paraibano e susceptíveis à desertificação;
 Leitura de Imagens: análise de imagens e fotografias de áreas degradadas
do semi-árido;
81

 Pesquisas em revistas, jornais e sites educativos, sobre os diferentes


impactos ambientais no bioma Caatinga, para a produção de cartazes e
Murais Didáticos;
 Seminários temáticos com os alunos;
 Oficinas de Produção de textos e desenhos (Figura 6), representando a
Caatinga e os impactos ambientais que a acometem.

Figura 6. Desenho/pintura representando a paisagem da Caatinga e do rio Taperoá,


elaborado pelo aluno João Paulo da Silva Queiroz e orientado pela professora Maria
do Socorro Cordeiro Ramos – Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Jornalista José Leal Ramos. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação
ambiental no semi-árido paraibano).
82

CAPÍTULO V
CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DA
CAATINGA

FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO


HUGO DA SILVA FLORENTINO
THIAGO LEITE DE MELO RUFFO

ASPECTOS GERAIS

Nas últimas décadas, o número de espécies que se têm extinguido, ou


que se encontram ameaçadas de extinção a curto ou médio prazo, tem
aumentado extraordinariamente, fato que deve trazer graves conseqüências
para a sociedade humana. Como resposta, surgiu um ramo das ciências
biológicas, a Biologia da Conservação (PRIMACK; RODRIGUES, 2001), que
visa compreender os fenômenos de extinção, e, principalmente, estudar a
biodiversidade, o uso e manejo sustentável dos recursos naturais. Ela procura
entender a distribuição e abundância da fauna e flora, como esses organismos
são mantidos pelos processos naturais e como o Homem pode utilizá-los de
maneira sustentável.
A Caatinga é uma importante região para ser conservada, por motivos
que vão além da riqueza e diversidade de espécies (SANTOS; TABARELLI,
2005). Ela é uma das regiões semi-áridas mais populosas do mundo; estima-se
que mais de 25 milhões de pessoas habitam este local, sendo que a maioria
possui condições de vida inadequadas e acabam utilizando os recursos
naturais de forma equivocada.
De um modo geral, nas regiões semi-áridas, os crescentes índices de
devastação e degradação dos recursos naturais vêm tornando a Caatinga
83

bastante vulnerável. De acordo com Leal et al. (2005a), atividades humanas


não sustentáveis, como a agricultura de corte e queima (que converte
anualmente remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto), o corte
de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção da vegetação
para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento ambiental
em larga escala deste bioma.
Neste sentido, o bioma vem sofrendo historicamente drásticas
modificações devido às ações humanas. Atualmente, a região da Caatinga tem
menos de 50 unidades de conservação (menor número dentre os biomas
brasileiros) com variados regimes de gerenciamento (federais, estaduais e
particulares). No entanto, apenas 11 áreas, cobrindo menos de 1% da região
são de proteção integral, como parques nacionais, estações ecológicas e
reservas biológicas (LEAL et al., 2005a).
Estudos realizados pelo Banco Mundial e a World Wildlife Fund (WWF)
definem prioridades para a conservação da biodiversidade, as quais são
estabelecidas em seis níveis por ordem de relevância, assim estipulados:
prioridades I, II, III, IV, V e VI. O ecossistema Caatinga está classificado no
nível I. Esta alta prioridade é alcançada quando se considera que além da
situação de vulnerabilidade do ecossistema, deva ser acrescentada a sua
representatividade para a ecorregião.
Com efeito, "os domínios de Caatinga" estão presentes em quase todo o
Nordeste brasileiro (VARELA-FREIRE, 2002), ou ainda, mais precisamente, na
área denominada de “Polígono das Secas”, que inclui também parte do Norte
do estado de Minas Gerais. A essa representatividade, somam-se os aspectos
físicos e as formas de exploração econômica do ecossistema, resultando daí a
sua vulnerabilidade (LEAL et al., 2005a, 2005b).
Realmente, a forma de exploração adotada através dos tempos
contribuiu fortemente para que o Nordeste se tornasse, hoje, a área mais
vulnerável do país à incidência da degradação ambiental: meio ambiente frágil,
fundamentado em grande parte sobre um embasamento cristalino, com solos
rasos, com amplas zonas tropicais semi-áridas e forte pressão demográfica.
84

Além disso, a questão econômico-social da grande parcela da população


nordestina, residente no semi-árido de dominação da Caatinga é, sem dúvida,
a causa principal de degradação do ecossistema. O uso dos recursos da flora e
da fauna pelas necessidades do homem nordestino é uma constante, já que
ele não encontra formas alternativas para o seu sustento (DRUMOND et al.,
2000, DRUMOND, 2004).
A cobertura vegetal está reduzida a menos de 50% da área dos estados
e a taxa anual de desmatamento é de aproximadamente meio milhão de
hectares. Por outro lado, o desmatamento e a caça de subsistência são os
principais responsáveis pela extinção da maioria dos animais nativos do semi-
árido de médio e grande porte (LEAL et al., 2005b).
O hábito de consumir animais da fauna autóctone é antigo, vindo desde
antes da colonização e, ainda hoje, é grande a importância social da fauna
nativa nordestina. As principais fontes de proteína animal das populações
sertanejas continuam sendo a caça e a pesca predatórias (DRUMOND et al.,
2000), e, durante as grandes secas periódicas, quando as safras agrícolas são
frustradas e os animais domésticos dizimados pela fome e pela sede, tais
atividades desempenham importante papel social na região, por fornecer carne
de alto valor nutritivo às famílias do sertão.
Mesmo com todas essas ameaças, o percentual de áreas protegidas
e/ou sob forma de unidades de conservação é insignificante, sendo ainda a
maior parte destas protegendo habitats de transição entre a Caatinga e outros
biomas, como o Cerrado e a Mata Atlântica.

ECORREGIÕES DA CAATINGA

As ecorregiões são unidades de paisagem que servem de base para o


planejamento da conservação da biodiversidade. De acordo com o CNRBC
(2004), estas são unidades relativamente grandes de terra e água delineadas
pelos fatores bióticos (ex: padrões de distribuição de taxa de organismos vivos)
e abióticos (ex: clima, história geomorfológica) que regulam a estrutura e
função das comunidades naturais que lá se encontram.
85

A principal vantagem para o uso das ecorregiões como unidade


biogeográfica é por possuir limites naturais bem definidos, ao contrário de
outras divisões biogeográficas alternativas baseadas nas distribuições de
espécies de alguns grupos de organismos cujos limites ainda não são bem
conhecidos (SEPLAN, 2003).
Para o bioma Caatinga, Velloso et al. (2002) identifica oito ecorregiões:
Depressão Sertaneja Setentrional, Depressão Sertaneja Meridional, Planalto da
Borborema, Complexo da Chapada Diamantina, Complexo de Campo Maior,
Complexo Ibiapaba – Araripe, Dunas do São Francisco e Raso da Catarina
(Quadro I), das quais as Depressões Sertanejas e o Planalto da Borborema
são as mais alteradas pela ação antrópica e que possuem as menores áreas
protegidas, em termos de número, área total e/ou categoria de proteção.
Todavia, as áreas pertencentes às Depressões Sertanejas, ainda possuem
áreas razoavelmente extensas com possibilidades de recuperação,
diferentemente do Planalto da Borborema, onde restam apenas pequenas ilhas
e algumas formações vegetais originais.

Quadro I. Ecorregiões da Caatinga e sua vulnerabilidade (Fonte: Velloso et al., 2002).

ECORREGIÕES DA CAATINGA

Depressão Sertaneja Setentrional


Depressão Sertaneja Meridional
Planalto da Borborema
Complexo da Chapada Diamantina
Complexo de Campo Maior
Complexo Ibiapaba - Araripe
Dunas do São Francisco
Raso da Catarina

USO SUSTENTÁVEL E CONSERVAÇÃO DA CAATINGA

O Nordeste brasileiro apresenta diversos problemas quanto à


sustentabilidade dos sistemas de produção, que aliados às condições
climáticas, dificultam a manutenção e desenvolvimento destas áreas. Ainda
hoje, a utilização da Caatinga tem suas bases nos processos extrativistas para
86

obtenção de produtos de origens pastoril, agrícola e madeireiro, e as


conseqüências desse modelo se fazem sentir com o esgotamento dos recursos
naturais renováveis deste bioma.
O desenvolvimento sustentável para a região semi-árida nordestina faz-
se então necessário, por envolver muitas variáveis que estão estreitamente
inter-relacionadas como a questão de condições climáticas adversas
(CARVALHO et al. 2007).
Assim, buscar a conservação do bioma Caatinga através do uso
sustentável é indispensável para a sobrevivência do homem neste
ecossistema. Segundo Martí (2006), a primeira providência a se tomar para se
alcançar a sustentabilidade é mudar a forma de produção agropecuária, que
até hoje não corresponde às necessidades básicas da maioria da população.
Leal et al. (2005a) ressaltam que uma estratégia regional que busque a
conservação da Caatinga deve abranger três objetivos principais: (1) evitar
maiores perdas de habitat e desertificação; (2) manter os serviços ecológicos-
chave necessários para melhorar a qualidade de vida da população; e (3)
promover o uso sustentável dos recursos naturais da região. Na escala local, o
maior desafio é a criação e implementação de Unidades de Conservação (UC)
em áreas identificadas como prioritárias.
A criação de UC na Caatinga deve ser uma meta a ser alcançada, pois
existe um leque de prioridades, a destacar a elevada densidade populacional
com condições de vida inadequada, o que torna a exploração dos recursos
naturais de forma insustentável uma prática constante (SAMPAIO; MAZZA,
2000). Além disso, o número de UC no domínio Caatinga é muito reduzido, o
que aumenta o risco de perda de Biodiversidade e outros problemas
decorrentes do manejo inadequado.
Apesar da criação de UC na Caatinga envolver uma série de fatores que
devem ser considerados em conjunto, devido ao acelerado ritmo de
devastação que este bioma esta inserido, talvez não haja tempo suficiente para
pesquisas que mensurem áreas para a criação de UC, antes que muitos
organismos desapareçam por completo.
87

Como se não bastasse à falta de proteção, a Caatinga enfrenta pelo


menos outros dois inimigos, tão ou talvez até mesmo mais perigosos. Primeiro,
a indiferença: embora seja a paisagem natural típica do interior do Nordeste,
ela ocupa apenas um de cada cinco hectares protegidos na região – isto é,
quase 80% dos hectares ocupados pelas reservas e parques nordestinos
protegem outros biomas que não a Caatinga. Um segundo inimigo é a
desinformação: como as universidades e os pesquisadores nordestinos estão
concentrados no litoral, a grande maioria das pesquisas de campo em geral é
conduzida nos domínios de outros biomas – notadamente habitats marinhos e
fragmentos remanescentes de Floresta Atlântica (COSTA, 2002). Além disso,
como a baixa condição sócio-econômica da população é considerada o
principal desafio na Caatinga, a criação de UC neste bioma está entre as
menores prioridades de investimento.
Um outro aspecto que dificulta a conservação da Caatinga são os
critérios utilizados para a criação de UC, que se baseiam no número, tamanho,
desenho e distribuição espacial, que em uma ultima análise determinam se a
heterogeneidade e a riqueza biológica de uma região serão ou não
efetivamente protegidas em níveis mínimos de representatividade. A criação de
UC baseada nestes critérios apresenta nível de abrangência relativa, pois
devido as diferentes ecorregiões e transições com outros biomas, muitas áreas
representativas ficam de fora da proteção (LEAL et al. 2005a).
As Unidades de Conservação são divididas em duas áreas :
 Proteção Integral, onde não é permitida a utilização dos recursos
naturais, a exemplo da Estação Ecológica (ESEC), Reserva Biológica
(REBIO), Parque Nacional (PARNA), Monumento Natural (MN) e Refúgio da
Vida Silvestre (REVIS);
 Uso sustentável, onde é permitida a utilização dos recursos naturais
renováveis de forma racional e através de um manejo adequado, a exemplo
das Áreas de Proteção Ambiental (APA), Área de Relevante interesse
Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista
(RESEX), Reserva de Fauna (REFAU), Reserva de Desenvolvimento
88

Sustentável (RDS) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)


(Quadro II).

Quadro II. Exemplos de algumas Unidades de Conservação (UC) de Uso Sustentável


no Bioma Caatinga, com destaque para as áreas do estado da Paraíba. (Fonte:
Velloso et al., 2002).

UC TAMANHO LOCALIZAÇÃO
APA Serra da Ibiapaba 1.592.550 ha CE e PI
Parque Nacional Serra da
100.000 ha PI
Capivara
Parque Nacional Serra das
502.411 ha PI
Confusões
APA da Chapada do Araripe 1.063.000 ha CE, PI e PE
APA Serra da Ibiapaba 1.592.550 ha CE e PI.
FLONA Assú 215 ha Assú, RN
APA Delta do Parnaíba 313.800ha PI, CE e MA
Sousa e municípios
ARIE Vale dos Dinossauros Mais de 70.000 ha
circunvizinhos-PB
RPPN Fazenda Tamanduá 325 ha Santa Terezinha, PB
RPPN Fazenda Santa Clara 750 ha São João do Cariri, PB
São José dos Cordeiros
RPPN Fazenda Almas 3.505ha
e Sumé-PB
RPPN Fazenda Pedra de
170ha Solânea, PB
Água
RPPN Fazenda Várzea 390ha Araruna, PB
RPPN Major Badú Loureiro 186,31 ha Catingueira, PB
Parque Nacional da Região central da
152.000 ha
Chapada Diamantina Bahia.
Parque Estadual Morro do
6.000 ha Morro do Chapéu, BA
Chapéu
Estação Ecológica do Raso Jeremoabo, Paulo
99.772 ha
da Catarina Afonso e Rodelas, BA
Parque Estadual de
Canudos, Estação Biológica 1.481ha no total Canudos, BA
de Canudos

Legenda: APA - Área de Proteção Ambiental; ARIE - Área de Relevante Interesse


Ecológico; FLONA - Floresta Nacional; RPPN - Reserva Particular do Patrimônio
Natural).

Diante da realidade em que se encontra o bioma Caatinga e da


necessidade da população local pela utilização dos recursos naturais,
enfocaremos as UC de Uso Sustentável, a exemplo, da RPPN Fazenda Almas
(7° 28’ 15” S, 36° 53’ 51” W), localizado no município de São José dos
Cordeiros, com uma pequena parte no município de Sumé, no Cariri ocidental
89

do estado da Paraíba, que apresenta, segundo Barbosa et al. (2007), a


vegetação mais preservada do Cariri.
As RPPN são áreas de domínio privado (propriedade particular)
possuindo como princípio legal de manejo a proteção integral e o uso indireto
dos recursos naturais nas atividades de turismo ecológico, educação ambiental
e pesquisa científica que podem proporcionar novas opções de geração de
(9)
renda . Para se tornar uma RPPN, os proprietários devem procurar garantir a
diversidade biológica local, através da manutenção da biodiversidade, manejo
adequado e conservação de parte dos recursos naturais, recebendo em troca,
incentivos fiscais, como a isenção de impostos.
O manejo sustentável tem como objetivo a conservação e constante
renovação da base de produção, a exemplo do fornecimento de lenha oriundo
de reflorestamento. Este tipo de sustentabilidade parte do princípio que para se
manter a produtividade de um ambiente, não se podem esgotar os recursos.
Assim, a exploração é uma prática contrária ao manejo sustentável, pois neste
tipo de atividade retira-se tudo sem repor, sem se preocupar com a renovação
dos recursos naturais utilizados.
O turístico ecológico nas regiões semi-áridas pode ser uma das
alternativas para a conservação da Caatinga, pois gera mais uma opção de
fonte de renda para as comunidades locais (ver capítulo VII para mais
detalhes). Todavia, vale ressaltar que a exploração do potencial turístico não
pode ser de forma irracional provocando danos ao meio ambiente, mas sim de
maneira sustentável, mostrando que as potencialidades da região do Cariri
tornam-se capazes de promover por si só o desenvolvimento sustentável
dentro de uma perspectiva harmônica entre sociedade e natureza. Portanto, a
preocupação com a conservação da Caatinga será condição indispensável
para a sustentabilidade no semi-árido.
Outro exemplo de atividade sustentável é a criação de cisternas para a
captação de água da chuva aproveitando-a nos períodos de seca para fins de

(9)
FREPESP. FEDERAÇÃO DAS REVERAS ECOLÓGICAS PARTICULARES DO ESTADO
DE SAO PAULO. O que é RRPN. Disponível em: <http://www.frepesp.org.br/nova/oque.asp>
Acesso em: 15 jul.2009.
90

consumo humano, animal e irrigação de pequenas áreas, evitando assim as


perdas totais e parciais de lavouras devido à irregularidade pluviométrica.
Segundo Gnadlinger (2006), apesar do problema de distribuição irregular
das chuvas e do subsolo desfavorável, sempre é possível captar a água
quando chove, armazená-la e, com isso, ter uma fonte segura durante o
período seco, não somente como água potável, mas também para uso animal e
na agricultura.
Um outro problema na Caatinga é o desmatamento para suprir as
necessidades energéticas, assim, ainda que a lenha, na forma predatória em
que atualmente se processa sua exploração seja um dos fatores de
degradação ambiental, é possível e necessário alterar esse paradigma,
implementando modelos de sistemas sustentáveis, através da produção
racional de lenha e aumentar a disponibilidade desta através do manejo
florestal sustentável com reflorestamento (NOGUEIRA; SILVA, 2003, MARTÍ,
2006). Todavia, as áreas destinadas a esse fim não podem ser incentivadas
em detrimentos às regiões de vegetação nativa.
Ainda com relação ao uso da lenha como matriz energética, a simples
utilização de métodos melhorados nas carvoarias poderia reduzir a metade da
demanda por madeira. Segundo Nogueira e Silva (2003), os processos
tradicionais de produção de carvão, necessitam de aproximadamente 7m 3 de
lenha para gerar um 1m3 de carvão, enquanto que através de métodos mais
modernos só se necessitaria de no máximo 4m3. Esta eficiência consiste em
procedimentos de combustão e recuperação térmica mais eficiente, reduzindo
as perdas de calor.
Portanto, não existe uma única forma, mas várias para se praticar a
sustentabilidade na Caatinga, basta querer. Como afirma Maia (2004),
conservar ou recuperar as riquezas naturais da Caatinga não é complicado, a
pessoa não precisa saber ler e nem ter estudado, não precisa de plantas ou
sementes exóticas, e tão pouco necessita de programas governamentais ou de
dinheiro emprestado para realizar o manejo adequado. É essencial que seja
criada a consciência que temos que repor o que foi tirado da Caatinga e a
vontade de colocar isso em prática. É oportuno esclarecer, que todos nós
91

somos responsáveis pela conservação da Caatinga, quer seja sociedade ou


poder público.
E assim, conforme a Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio
(10)
Ambiente (SECTMA) , construir a sustentabilidade do desenvolvimento do
bioma constitui um enorme desafio, pois é urgente a necessidade de incorporar
a população na economia e na oferta de serviços básicos, gerando renda e
trabalho. No tocante, o alcance dessas demandas sociais e econômicas não
pode ser atingida ao custo da degradação do meio ambiente, decorrente de
processos de crescimento econômico predatório, como os que têm dominado
na região das Caatingas.
Um dos processos mais importantes que contribuirá para a conservação
do bioma Caatinga será a implementação de programas e projetos de
Educação Ambiental (EA) no âmbito da educação formal, informal e não-
formal. No entanto, acreditamos que a escola seja um local propício para o
desenvolvimento de atividades vivenciais e integradoras de EA relacionadas ao
ambiente em que vivemos.
Neste sentido, é fundamental o estabelecimento de políticas públicas
que fortaleçam as escolas de Educação Básica, tendo em vista a importância
que exercem no processo de formação social, cultural, humana e ética da
sociedade (GUERRA; ABÍLIO, 2006). De fato, experiências exitosas têm sido
desenvolvidas em escolas da Caatinga paraibana por meio do
“PELD/CNPq/UFPB Bioma Caatinga: Estrutura e Funcionamento”,
sensibilizando os diferentes atores sociais para necessidade e urgência da
conservação da Caatinga.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

ATIVIDADE 1: Trabalhando com poemas

Objetivo da atividade: Desenvolver atividades lúdico-pedagógicas, contribuindo


para um aprendizado significativo e integrador.
(10)
SECTMA. Cenários para o Bioma Caatinga. Disponível em:
<http://www.biosferadacaatinga.org.br/downloads.html> Acesso em: 31 mar. 2007.
92

Procedimento: A turma pode ler o poema em grupos e discutir aspectos da


caracterização da Caatinga. Uma leitura dinâmica na turma pode ser
valorizada, em forma de jogral, por exemplo. No poema a seguir é possível
perceber o valor cultural da região semi-árida.

Caatinga: nossa terra, nosso lugar


(Autoria deTânia Cristina da Silva)

A cultura nordestina, Captando a água das chuvas,


Estamos aqui pra mostrar, Valorizando a vegetação,
O valor da Caatinga, Criando animais
Nossa terra, nosso lugar. Típicos da região.
Onde o sol é causticante, O Homem vai aprendendo
Morre planta, morre gente. A conviver com o Semi – Árido,
Mas o homem não desiste, Não deixando sua cultura
Porque ele é persistente. Viver só de passado

Convivendo com o clima Basta apenas os governantes


Que castiga a região, No sertão acreditar,
O nordestino arruma um jeito Fazendo com que o homem do campo
De reverter a situação. Permaneça no seu lugar,
Cria meios, inventa técnicas Planejando e desenvolvendo ações
Para viver na sua terra Para sua vida melhorar.
Que não é só seca, não!

Mesmo com as chuvas escassas


E a falta de fontes perenes,
Ainda se encontra jeito
De ajudar toda essa gente,
Que não perde a esperança
E tem fé em Deus presente.

ATIVIDADE 2: Aulas de Campo ou Excursão Didática

As aulas de campo devem ter objetivos específicos que demandem a


busca de informações em ambientes naturais sem o artificialismo dos
experimentos de laboratório. Nestas aulas deve ser coletado apenas o material
estritamente necessário, minimizando ao máximo as alterações no local
causadas pela visita (BLAUTH; MIGOTTO, 1988). O professor deve procurar
fazer trabalhos de campo em locais perto da escola. A familiaridade com o local
93

e a proximidade da escola diminui a ansiedade do professor. Faz-se necessário


que os alunos tenham um problema para resolver, observar e coletar dados.
Segundo Krasilchik (2004) e Zóboli (2004), a organização de uma
Excursão inclui: reconhecimento do local escolhido para o trabalho e a
identificação dos problemas que serão investigados; elaboração do roteiro de
trabalho contendo as instruções para o procedimento dos alunos e as
perguntas que eles devem responder; trabalho de campo propriamente dito;
trabalho em classe para organização dos dados e exame do material coletado;
discussão dos dados para elaboração de uma discussão geral do sítio visitado
e uma síntese final.
Dentre os obstáculos à organização das Excursões podemos destacar:
complicação para obter autorização dos pais e direção da escola, dos colegas
que não querem ceder seu tempo de aula; medo de possíveis acidentes e os
problemas de transporte; insegurança e o temor de não reconhecer os animais
e plantas que forem encontrados (KRASILCHIK, 2004).

Sugestão: as escolas inseridas na Caatinga podem organizar uma excursão


didática a uma das Unidades de Conservação contidas no bioma.
94

CAPÍTULO VI
CORPOS AQUÁTICOS DA CAATINGA
PARAIBANA

FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO


MARIA CRISTINA CRISPIM
JANE ENISA RIBEIRO TORELLI DE SOUZA
JOSÉ ETHAM DE LUCENA BARBOSA

ASPECTOS GERAIS

No estado da Paraíba, mais de 90% dos seus municípios sofrem com o


problema da estiagem prolongada. Neste contexto, estudos sobre os corpos
aquáticos dessa região são de extrema importância para a manutenção de
suas populações, sendo estes ecossistemas utilizados na irrigação, produção
de peixes, abastecimento de cidades e outros (ABÍLIO, 2002). No entanto,
muitos desses sistemas aquáticos apresentam alguns problemas tais como:
salinização, eutrofização, propagação de doenças veiculadas à água e
problemas sanitários que tornam a água imprópria para estes fins.
No Estado da Paraíba, o processo desordenado de ocupação urbana, a
elevada densidade populacional registrada em várias cidades, o alto índice de
desmatamento e conseqüente redução da fertilidade potencial dos solos, os
altos índices de analfabetismo e outros indicadores rebaixam o estado a um
dos mais pobres da união.
A esta conjuntura culturalmente desfavorável ao uso e exploração
racional dos recursos hídricos do estado, somam-se os complexos efeitos
econômicos, sociais e climáticos da estiagem, fenômeno natural que, apesar
de sua periodicidade, contrasta com muitas medidas assistencialistas e
paliativas que até o momento não têm solucionado devidamente as impiedosas
conseqüências deste flagelo.
95

Os programas orientados ao fornecimento de água de melhor qualidade


para consumo, piscicultura e irrigação, na sua ampla maioria são
desestruturados, visto que, o gerenciamento dos mananciais é desvinculado de
estudos básicos que analisem de forma integrada variáveis sociais e
ambientais que influenciam na qualidade das águas.
Os ecossistemas aquáticos das regiões semi-áridas sofrem fortes
flutuações no nível da água, causadas principalmente pela alta taxa de
evaporação, temperaturas elevadas e irregularidade da pluviosidade. Estes
ecossistemas podem ser classificados em três tipos, segundo Willians (1997):

1. INTERMITENTES: quando são teoricamente previsíveis os períodos de


cheia e seca (exemplo: açudes) (Figura 1);

Figura 1. Açude Taperoá II no município de Taperoá/PB nos períodos de seca


(janeiro/1999) e cheia (março/1999) (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação
ambiental no semi-árido paraibano).

2. TEMPORÁRIOS: quando são previsíveis os períodos de seca e cheia, mas a


lâmina d’água não resiste a três meses (exemplo: lagoas, barreiros, alagados e
poças) (Figura 2);

Figura 2. Lagoa do Serrote, no município de Boa Vista/PB nos períodos de seca


(dezembro/2003) e cheia (agosto/2003) (Fonte: acervo do grupo de estudos de
educação ambiental no semi-árido paraibano).
96

3. EPIZÓICAS: quando se é imprevisível determinar as flutuações no nível da


lâmina d’água, já que os volumes podem variar em horas, dias ou poucas
semanas (exemplo: riachos e alguns rios) (Figura 3);

Figura 3. Rio Taperoá, no município de São João do Cariri/PB, nos períodos de seca
(outubro/2007) e cheia (abril/2005) (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação
ambiental no semi-árido paraibano).

A escassez de água na região Nordeste fez com que a construção de


açudes aumentasse ultimamente, sendo estes ambientes utilizados para
abastecimento de cidades, consumo humano, dessedentação de animais,
irrigação, recreação, etc. (ABÍLIO, 2002).
Em decorrência da prática de açudagem, foram criados refúgios para a
vida selvagem no semi-árido nordestino. Na dependência dos açudes vive hoje
quase toda a fauna regional de vertebrados terrestres protegidos contra os
rigores da seca. A fauna aquática também encontrou nos açudes núcleos
ecológicos estáveis, amplos e dispersos por toda a semi-aridez nordestina.
Tais ambientes são, portanto, poderosos elementos de melhoria das condições
de vida da fauna regional, permitindo a sua permanência no domínio das
Caatingas e a manutenção de maiores populações de espécies aquáticas e
terrestres.

PRINCIPAIS CAUSAS DA DEGRADAÇÃO NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS

Ocupação Urbana desordenada: Ocupação de áreas de várzea e


aterramento das áreas alagadas (zonas úmidas do semi-árido); Aumento na
concentração de poluentes domésticos e ou industriais; Redução da fertilidade
do solo e terraplanagem sem controle.
97

Eutrofização: Aumento da concentração de nutrientes em águas naturais,


principalmente compostos fosfatados e nitrogenados (ESTEVES, 1998), que
favorecem a proliferação do fitoplâncton e de plantas aquáticas (aumento da
produtividade).
Como decorrência deste processo, o ecossistema aquático passa da
condição de oligotrófico para eutrófico ou até mesmo hipereutrófico. O aumento
considerável da biomassa fitoplanctônica aumenta a turbidez das águas e
dificulta a penetração da luz. Conseqüentemente, a zona eufótica fica reduzida
às camadas superficiais do lago.

Práticas agrícolas inadequadas (irrigação, erosão, salinização): segundo


Lacerda (2003), o processo de salinização dos açudes depende dos seguintes
fatores: da qualidade da água escoada e da qualidade da água no açude; taxa
de evaporação do espelho d´água; superdimensionamento do açude; número
de açudes a montante; idade do açude; geometria do açude e ainda
características da bacia hidrográfica contribuinte ao açude como relevo e uso
do solo.

Desmatamento e redução da cobertura vegetal (Mata Ciliar): o uso e


ocupação dos ambientes ribeirinhos realizados de maneira desordenada ao
longo da escala evolutiva humana fizeram com que as matas ciliares fossem
um dos primeiros ambientes a sofrer degradação pelo estabelecimento do
homem (LACERDA; BARBOSA, 2006).
Na região do Cariri paraibano, as áreas onde o processo de
desertificação está mais acentuado e concentrado localizam-se nas terras
próximas das maiores bacias hidrográficas da região (Paraíba e Taperoá),
devido a presença de várzeas expressivas que favorecem o processo de
ocupação que vem se desenvolvendo a séculos na região (SOUZA, 2008).
A recuperação das matas ciliares dos cursos de água na região da
Caatinga é uma missão importantíssima a ser realizada, uma vez que estas
contribuem para a conservação da água, aumentando sua quantidade
disponível, durante mais tempo e com maior qualidade (MAIA, 2004).
98

A SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAPEROÁ, SEMI-ÁRIDO


PARAIBANO

A sub-bacia do rio Taperoá (Figura 4) situa-se na parte central do


Estado da Paraíba, entre as latitudes 6º 51’ 31’’ e 7º 34’ 21’’ Sul e longitudes
36º 0’ 55’’ e 37º 13’ 9’’ a Oeste de Greenwich. Limita-se com as sub-bacias do
Espinharas e do Seridó a Oeste, com a do Alto Paraíba ao Sul, com as bacias
do Jacu e Curimataú ao Norte, e com a bacia do Médio Paraíba a Leste. Seu
principal Rio é o Taperoá, de regime epizóico, que nasce na Serra do Teixeira
e desemboca no rio Paraíba, no açude de Boqueirão – Presidente Epitácio
Pessoa.

Figura 4. Mapa da Paraíba, com destaque para a Bacia Hidrográfica do rio Taperoá
(Fonte: Barbosa et al., 2006).

A sub-bacia drena uma área aproximada de 7.316 Km 2 e recebe


contribuições de cursos d’água como os rios São José dos Cordeiros, Floriano,
99

Soledade e Boa Vista e dos riachos Carneiro, Mucuim e da Serra. Assim, a


sub-bacia do Taperoá está inclusa nas Mesoregiões do Agreste Paraibano,
Borborema e Sertão, abrangendo ainda as microrregiões do Curimataú
Ocidental, Seridó Oriental Paraibano, Seridó Ocidental Paraibano, Cariri
Ocidental, Cariri Oriental, Campina Grande e Serra de Teixeira. A sub-bacia
hidrográfica do rio Taperoá é formada por outras nove bacias e no seu interior
distribuem-se completa e parcialmente um total de 19 municípios.
Estudos recentes apontam que a cobertura vegetal nativa nas sub-
bacias Hidrográficas do Alto Paraíba e Taperoá é de aproximadamente 30%,
composta por Caatinga Arbórea e Arbustiva, podendo ser aberta ou fechada.
Desse modo, a vegetação natural dominante na área da bacia do rio Taperoá é
tanto de Caatinga Hiperxerófila, Hipoxerófila, Floresta Caducifólia e
Subcaducifólia.
Uma das peculiaridades do rio Taperoá é a intermitência de suas águas.
Assim, afora a presença de poças d’água permanentes, num ciclo hidrológico
anual, suas águas superficiais podem permanecer por um período de até
quatro meses, distribuídas em fases hidrológicas típicas: uma fase de fluxo
contínuo de água superficial e uma fase do tipo secando, com formação de
poças temporárias e posterior ausência completa de águas superficiais.
Com referência aos açudes, a sub-bacia do Rio Taperoá conta com
valores superiores a 250 pequenos açudes, apresentando no total uma
capacidade de acumulação da ordem de 71.168.256 m 3.
Dos 47 maiores açudes públicos do Estado da Paraíba, a Bacia do rio
Taperoá conta com cinco destes (Soledade, Taperoá II, Serra Branca II, Lagoa
do Meio e Jeremias), sendo estes com uma capacidade total de acumulação
avaliada em 67.594.364 m3.
De modo geral, os açudes presentes na sub-bacia do Rio Taperoá
servem essencialmente para abastecimento da população humana, sendo
alguns destes utilizados ainda para irrigação de áreas de pequena dimensão.
Outras características da Bacia Hidrográfica do rio Taperoá estão
explicitadas no quadro abaixo:
100

Quadro I. Algumas características da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (PARAÍBA,


1985).

CLIMA TIPO BSWH’ - SEMI-ÁRIDO QUENTE


Precipitação média anual varia entre 350 e 600 mm. A maior
concentração de pluviosidade ocorre em um período
Pluviosidade
aproximado de dois a quatro meses, correspondendo a 65%
do total das chuvas anuais.
Mínimas variam de 18 a 22ºC (meses de julho e agosto) e
Temperaturas as máximas situam-se entre 28 e 31ºC (meses de novembro
e dezembro).
Os dados obtidos a partir de tanque classe A, variam entre
Evaporação 2.500 a 3.000 mm, sendo os valores decrescentes de oeste
para leste.
Valores médios anuais variam de 60% a 75%; os valores
Umidade relativa do
máximos ocorrem no mês de junho e os mínimos no mês de
ar
novembro.
Apresenta uma variação; nos meses de janeiro a julho de
Insolação 07-08 horas diárias e nos meses de agosto a dezembro de
08-09 horas diárias.
Velocidade média Não apresenta valores significativos, ou seja, oscila entre
dos ventos dois a quatro m/s;
Classificados de acordo com o tipo de escoamento
superficial: Solos rasos (afloramento de rocha); Solos de
escoamento superficial elevado; Solos de escoamento
superficial médio (por exemplo, solos Podzólico com textura
argilosa e Cambissolos com textura argilosa); Solos de
escoamento superficial fraco (por exemplo, Podzólicos com
Tipos de solos
textura arenosa e Cambissolos com textura média) e
Aluviões. Relacionando a questão da pedologia com o
processo erosivo, tem sido constatado que na bacia
predominam solos rasos, altamente susceptíveis à erosão,
com presença de pedregosidade e rochosidade e alto risco
de salinização.

BIODIVERSIDADE NOS ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS DA BACIA


HIDROGRÁFICA DO RIO TAPEROÁ, SEMI-ÁRIDO PARAIBANO

No trecho a seguir são descritos os diferentes componentes de um


ecossistema aquático, assim como é apresentado um quadro resumo (Quadro
II) da biodiversidade de alguns corpos aquáticos da Bacia Hidrográfica do rio
Taperoá.
101

FITOPLÂNCTON

O fitoplâncton (fito = planta, plâncton = vaguear) é o componente


fotossintético do plâncton, sendo constituído por um conjunto de organismos
microscópicos aquáticos (cianobactérias procariontes e muitos grupos de algas
eucariontes) que vivem dispersos flutuando na coluna d’água. As algas
constituem uma das comunidades biológicas mais diversas, composta por
centenas de gêneros e milhares de espécies.
O fitoplâncton tende a ocorrer em maior abundância nas camadas
superiores do reservatório, diminuindo o número de indivíduos conforme
aumenta a profundidade (ESTEVES, 1998). Por serem o elo com o ambiente
abiótico, o fitoplâncton é a principal porta de entrada da matéria e da energia,
através da produção primária, na cadeia trófica das regiões de águas abertas,
constituindo-se um componente ecológico de potencial importância na
caracterização e mesmo definição da fisiologia ambiental dos sistemas
aquáticos. Além disto, desempenham importante papel (MARGALEF, 1983)
nos ciclos biogeoquímicos, onde atuam como assimiladores de dióxido de
carbono (70% do oxigênio liberado na atmosfera), contribuindo, portanto, na
atenuação do efeito estufa.
O fitoplâncton tem grande importância como um bioindicador em
potencial das condições ambientais vigentes em que se encontram os corpos
aquáticos, sendo também responsável por alguns problemas ecológicos
quando se desenvolve demasiadamente: numa situação de excesso de
nutrientes (especialmente fósforo e nitrogênio) e de temperatura favorável,
estes organismos podem multiplicar-se rapidamente formando o que se
costuma chamar florescimento. Portanto, essa diversidade que responde as
modificações ambientais, propicia o processo de eutrofização de ecossistemas
aquáticos.
Na bacia do rio Taperoá foram identificados 235 táxons, representadas
em 8 divisões (classes) taxonômicas Chlorophyceae 74 (31,5%),
Cyanophyceae 48 (20,4%), Euglenophyceae 46 (19,6%), Zignemaphyceae 31
(13,2%), Bacillariophyceae 30 (12,8%), Chlamydophyceae 3 (1,3%),
Dynophyceae 2 (0,8%) e Xanthophyceae 1(0,4%).
102

Chlorophyceae: as clorófitas (Figura 5) têm a capacidade de crescer em


qualquer momento durante o ano e podem ser encontradas em qualquer corpo
de água doce, mesmo que em densidades reduzidas. Reynolds (1984)
comentou que as clorófitas ocorrem em diversas temperaturas,
preferencialmente em lagos eutróficos, sendo por isso abundantes tanto em
ambientes temperados quanto tropicais. Estas algas podem se apresentar
isoladas ou formando colônias. Os fatores que afetam as clorófitas são:
estratificação, circulação e concentração de nutrientes na coluna de água.

Figura 5. Espécies de Chlorophyceae encontradas em ambientes aquáticos do semi-


árido paraibano (Dictyosphaerium pulchellum à esquerda e Oocystis borgei à direita).
(Fonte: José Etham de Lucana Barbosa).

Bacillariophyceae: as diatomáceas (Figura 6) são organismos dependentes


de turbulência (REYNOLDS; IRISH, 1997), sendo por isso mais abundantes
durante os períodos de inverno. Muitas delas usam espinhos ou setas para
flutuar, reduzindo a taxa de sedimentação e até mesmo para causar rotação. A
mucilagem também é um aparato para evitar a sedimentação (SOMMER,
1988). Em geral estas algas apresentam hábito cocóide, ainda que possam
formar colônias.

Figura 6. Espécies de Bacillariophyceae encontradas em ambientes aquáticos do


semi-árido paraibano (Cyclotella meneghiniana à esquerda e Aulacoseira granulata à
direita). (Fonte: José Etham de Lucana Barbosa).
103

Euglenophyceae: são dotadas de dois flagelos, um emergente e outro não,


através dos quais se locomovem com grande agilidade. Sua coloração
(euglenófitas pigmentadas) também é variável passando por tonalidades
esverdeadas, amareladas ou acastanhadas. Muitas formas apresentam
mancha ocelar constituída por um pequeno glóbulo de pigmento fotossensível,
avermelhado, cuja função é orientar a alga na procura de luz para realização
da fotossíntese. Não ocorre parede celular no grupo e o principal produto de
reserva de carboidratos é o paramido (RAVEN et al., 2001). A Figura 7 traz
imagens de duas euglenófitas.

Figura 7. Espécies de Euglenophyceae encontradas em ambientes aquáticos do semi-


árido paraibano (Euglena oxyuris à esquerda e Trachelomonas armata à direita).
(Fonte: José Etham de Lucana Barbosa).

Cyanophyceae: também conhecidas como algas azuis ou cianobacterias, as


cianofíceas (Figura 8) são bem representadas em ambientes lacustres e
podem apresentar dominância, especialmente em lagos eutrofizados devido as
suas estratégias de sobrevivência. Águas alcalinas (pH 7-9) localizadas em
regiões de altas temperaturas e enriquecidas com nitrogênio e fósforo são
propicias ao desenvolvimento de florações destas microalgas.
As cianobactérias produzem em seu metabolismo substâncias
potencialmente tóxicas a biota, as cianotoxinas, que podem causar sérios
danos a comunidade local.
Florações de Cianobactérias são frequentemente encontradas no
Açude Soledade, o que provoca um grave problema de saúde pública, uma vez
que de acordo com Soares (2003) as florações de cianobactérias, em
reservatório destinado ao abastecimento público, podem resultar numa enorme
perda financeira, pois as populações algais podem bloquear os filtros de
104

tratamento fazendo com que seja necessário interditar o reservatório, às vezes


por várias semanas, por não ser possível tratar a água. Por outro lado, as algas
de menor tamanho podem passar pelos processos de tratamento,
decompondo-se nos condutores de água, conferindo-lhe mau cheiro e gosto.

Figura 8. Espécies de Cyanophyceae encontradas em ambientes aquáticos do semi-


árido paraibano (Microcystis aeruginosa à esquerda e Cylindrospermopsis raciborskii à
direita). (Fonte: José Etham de Lucana Barbosa).

MACRÓFITAS

O semi-árido brasileiro abriga um grande número de corpos aquáticos


lênticos, sendo a maioria temporária, uns poucos duradouros e raros os
permanentes. Devido aos rigores dos longos períodos de estiagem, tornou-se
comum o represamento de pequenos cursos d'água, geralmente temporários.
Os açudes originados destes represamentos acabaram sustentando uma flora
vascular bastante diversificada (FRANÇA; MELO, 2006).
Ao contrário da maioria dos levantamentos florísticos terrestres do semi-
árido, os ambientes aquáticos não apresentam Leguminosae e Euphorbiaceae
como as principais famílias em riqueza de espécies, apesar destas possuírem
representantes também em ambientes aquáticos. Nestes ecossistemas,
Cyperaceae e as Poaceae (gramíneas) são as famílias mais importantes em
riqueza (FRANÇA et al., 2003). As gramíneas compõem o grupo vegetal mais
importante em termos econômicos, pois muitos dos seus representantes estão
na base da alimentação humana, como o trigo, a aveia e o arroz.
Dentre as espécies de macrófitas, Pistia stratiotes (conhecida por alface-
d'água) às vezes forma populações que ocupam toda a lâmina de água;
Nymphaea ampla, muitas vezes chamadas de lírios-d'água ou de vitória-régia,
105

é uma espécie bem adaptada ao ambiente aquático e também forma grandes


populações nestes ambientes, sendo a beleza de suas flores muito apreciada
(FRANÇA; MELO, 2006).
Barreto (2001), estudando 252 lagoas no semi-árido paraibano, registrou
18 espécies de macrófitas, distribuídas em 14 famílias, sendo Nymphaea sp.
(Figura 9) um dos táxons de maior representatividade.

Figura 9. Nymphaea sp. na lagoa temporária Panati, no município de Taperoá/PB.


(Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).

ZOOPLÂNCTON

Os ambientes aquáticos são extremamente importantes, não apenas


como recursos para o homem, mas principalmente como ambiente. Nas
lagoas, rios, barreiros e açudes, encontrados no semi-árido, uma grande
quantidade de espécies ocupa o ecossistema aquático, entre eles, os
organismos zooplanctônicos.
Zooplâncton são considerados todos os organismos que vivem na
coluna de água e que apesar de possuírem movimentação própria, não
conseguem superar a força da correnteza. Entre principais os organismos
zooplanctônicos encontramos os Rotifera (Asquelmintos) (Figura 10A),
Cladocera (Crustacea) (Figura 10B) e Copepoda (Crustacea) (Figura 10C).
Os organismos zooplanctônicos são extremamente importantes nas
cadeias alimentares, por servirem de elo entre os produtores (fitoplâncton) e os
organismos maiores, como larvas de insetos e peixes.
106

A B C
Figura 10. Espécies de organismos zooplanctônicos encontradas no semi-árido
paraibano. A) Keratella tropica (Rotifera), B) Ceriodaphnia cornuta (Cladocera), C)
Thermocyclops crassus (Copepoda Cyclopoida). (Fonte: Cristina Crispim).

No semi-árido, em conseqüência das poucas e concentradas chuvas


anuais, associado com as elevadas taxas de evaporação, os ambientes
aquáticos rapidamente diminuem o seu volume chegando a secar
completamente. A evaporação da água faz com que os sais minerais se
concentrem alterando o estado trófico para eutrofização ou hipereutrofização
(CRISPIM et al., 2000). Nestas condições ambientais, pela presença de maior
quantidade de nutrientes por volume de água, a produção primária aumenta,
fazendo com que a quantidade dos organismos zooplanctônicos, que se
alimentam do fitoplâncton (parte vegetal do plâncton) aumentem também, por
passarem a ter mais alimento. Nessa altura, verificamos a substituição dos
grandes filtradores (Cladocera e Copepoda Calanoida) pelos pequenos
filtradores (Rotifera e Copepoda Cyclopoida), que deixam de ser efetivos no
controle do crescimento algal, e a água passa a ter uma cor esverdeada,
característica da eutrofização. Mas quando o período chuvoso recomeça, mais
água entra nos ambientes aquáticos e isso faz com que haja a diluição dos
nutrientes, fazendo diminuir o estado trófico novamente. Desta forma, o estado
trófico tende a ser cíclico (MARTINEZ et al., 1991, CRISPIM et al., 2000,
VIEIRA et al., 2000), ao contrário dos ambientes que não sofrem tantas
alterações nos seus volumes de água, que tendem a crescer o estado trófico
de uma forma linear.
107

Os organismos zooplanctônicos para conseguirem manter-se em


ecossistemas tão instáveis, têm de possuir estratégias de vida que lhes permita
suportar estas grandes oscilações ambientais. Eles possuem estágios de
diapausa (dormência), que lhes permite manterem-se em estado inativo
durante os períodos em que o ambiente não se apresenta propício (CRISPIM;
WATANABE, 2001). Muitos animais como crustáceos (FRYER, 1996, CRISPIM
et al., 2003) e rotíferos (KING; SNELL, 1980, GILBERT, 1995) têm a
capacidade de produzir estas formas de diapausa. Ovos de resistência
(diapausa) permitem que haja a recolonização dos ambientes, inclusive após a
sua seca completa, quando estes ambientes recebem água novamente.
De acordo com Hairston e Cáceres (1996) espécies de crustáceos que
habitam ambientes de águas continentais, que secam com freqüência, têm
uma maior probabilidade de apresentar formas de resistência ao longo do seu
ciclo de vida, do que os que habitam no oceano aberto. A indução desses
estágios de diapausa é causada por fatores ambientais, como a diminuição de
alimento, de temperatura, ou outros fatores ambientais.
Os organismos zooplanctônicos apresentam uma dinâmica populacional
muito influenciada por parâmetros ambientais, sejam físicos e químicos como
bióticos, assim como são fortes controladores do crescimento algal. Brandorff
(1977, apud ESTEVES, 1988) verificou que as algas do fitoplâncton são
fortemente controladas pelos copépodos, bem como a competição de
cladóceros e rotíferos pelos recursos planctônicos compartilhados, em que é
evidenciado o inverso de abundância entre eles (FUSSMAN, 1996). Desta
forma, as densidades dos organismos zooplanctônicos são importantes na
qualidade da água, controlando o excesso de produção primária quando os
grandes filtradores se encontram presentes, tornando-a mais transparente.
Por possuírem curtos ciclos de vida, estes organismos respondem muito
rapidamente às mudanças ambientais, e muitas das espécies zooplanctônicas
são oportunistas, o que significa que permanecem no ambiente apenas quando
as condições são propícias. Assim a comunidade zooplanctônica pode ser
usada como bioindicadora da qualidade ambiental, mesmo em águas que
apresentam apenas diferenças sutis nas características físicas e químicas
(GANNON; STEMBERGER, 1978).
108

Com o crescente desenvolvimento da aqüicultura, estudos e pesquisas


que abordam a produção de fitoplâncton e do zooplâncton em grande escala
são muito relevantes, pois o plâncton constitui a unidade básica de produção
de matéria orgânica (SIPAÚBA-TAVARES; ROCHA, 2003). Todo o interesse
no estudo das relações recíprocas entre fitoplâncton e zooplâncton é justificado
pelo ponto de vista científico e mais amplamente pelo ponto de vista econômico
tendo em conta que os animais aquáticos que formam o nécton, sobretudo as
espécies de interesse comercial se alimentam diretamente de plâncton em pelo
menos uma das fases de sua vida.

MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS (ZOOBENTOS)

Os invertebrados bentônicos compõem um grupo de grande importância


ecológica em ambientes aquáticos continentais, participando das cadeias
alimentares e sendo um dos elos principais da estrutura trófica do ecossistema.
Diversos estudos têm sido desenvolvidos sobre a comunidade zoobentônica,
uma vez que esta pode ser utilizada em avaliações de monitoramento
ambiental, fornecendo dados relevantes que podem contribuir para uma
diagnose da qualidade sanitária dos corpos aquáticos (EATON, 2003,
SILVEIRA; QUEIROZ, 2006).
A macrofauna bêntica de corpos aquáticos continentais é composta por
uma variedade de grupos taxonômicos (Figura 11), incluindo insetos,
moluscos, crustáceos, anelídeos, entre outros, sendo a sua distribuição e
abundância influenciadas por fatores biogeográficos e características do
ambiente, tais como, o tipo de sedimento, teor de matéria orgânica,
profundidade, variáveis físicas e químicas da água, presença de macrófitas,
etc. (SMITH et al., 2003, VIDAL-ABARCA et al., 2004, CARVALHO; UIEDA,
2004). Assim, esses organismos têm sido utilizados como bioindicadores da
qualidade da água, pois em condições ambientais específicas, como níveis
diferenciados de poluição, os grupos mais resistentes podem se tornar
dominantes e os mais sensíveis, raros ou ausentes.
109

Figura 11. Representação da fauna de macroinvertebrados de água doce que


ocorrem no semi-árido paraibano. (Fonte: desenho adaptado e modificado de
McCafferty, 1981).

Segundo Bicudo e Bicudo (2004) os invertebrados bentônicos são mais


utilizados nas avaliações de efeitos de impactos antrópicos sobre o
ecossistema aquático, pois apresentam uma série de vantagens tais como:
diversidade de formas de vida e de habitats, podendo ser encontrados em
praticamente todos os tipos de ambientes aquáticos; mobilidade limitada,
fazendo com que a sua presença ou ausência esteja associada às condições
do habitat; presença de espécies com ciclo de vida longa em relação a outros
organismos, possibilitando somatória temporal dos efeitos antropogênicos
sobre a comunidade; facilidade de uso em manipulações experimentais, o que
poderá resultar em previsões mais precisas.
Os corpos dulceaqüícolas de regiões semi-áridas apresentam flutuações
no nível da água, o que caracteriza a natureza temporária de muitos deles. Tais
flutuações ocorrem principalmente pelos baixos índices de precipitação
pluviométrica, irregularidade das chuvas e altas taxas de evaporação, sendo
estes fatores determinantes para o processo de colonização e adaptação da
macrofauna bentônica nestes ambientes. No período de cheia, ocorre uma
110

homogeneização e diluição das condições físicas, químicas e biológicas pelo


aumento do volume da água e o aumento da turbidez pela entrada de matéria
(11)
orgânica e nutrientes de origem alóctone (ABÍLIO, 2002).
A condição de seca, no entanto, pode levar a um aumento nas
populações de invertebrados e, segundo Extence (1981), as possíveis razões
são: (1) aumento no suplemento alimentar, na forma de detritos e material de
plantas, possibilitando o ambiente suportar uma grande densidade de
indivíduos do que o normal; (2) a ausência das inundações aumenta a
estabilidade do substrato e sua biota associada; (3) um maior aquecimento e
fotoperíodo podem contribuir para o aumento das taxas reprodutivas dos
indivíduos; (4) a redução na profundidade da coluna de água pode favorecer
algumas espécies de larvas de insetos que se alimentam por filtração, além de
provocar um efeito de concentração, diminuir a área de colonização, resultando
em maiores densidades.
A biodiversidade das zonas úmidas dentro das regiões áridas e semi-
áridas é significativamente elevada (SILVA-FILHO, 2004). Nestas áreas, as
espécies são muitas vezes endêmicas e possuem uma distribuição geográfica
restrita. Os fatores determinantes dessa riqueza de espécies são: o tamanho
do sistema aquático e o ciclo hidrológico da região (estiagem e estação
chuvosa).
Além disso, os estágios e o grau de resistência das espécies permitem
com que estas colonizem águas temporárias e determinem as dinâmicas
ecológicas e evolutivas das comunidades (BRENDONCK; WILLIAMS, 2000,
WILLIAMS, 2000a), portanto os ecossistemas temporários têm importante valor
na conservação da biodiversidade (WILLIAMS, 2000b).
Muitos organismos são adaptados a sobreviver em ambientes
intermitentes através de algumas estratégias morfo-fisiológicas e/ou
comportamentais para resistir aos períodos de estiagem (ABÍLIO et al., 2007).
Essas adaptações são de suma importância para as espécies de Zoobentos de
regiões semi-áridas, pois permitem a recolonização quando as condições
ambientais tornarem-se favoráveis novamente.

(11)
Alóctone: Diz-se da matéria transportada de fora para dentro de um sistema,
particularmente minerais e matéria orgânica trazidos para as águas correntes e lagos (LIMA-E-
SILVA et al. 2002).
111

A exemplo destas adaptações, podemos citar: o gênero Biomphalaria,


gastrópode pulmonado que apresenta lamelas; os Ostracoda e Conchostraca
que produzem ovos de resistência, permitindo a viabilidade dos mesmos por
longos períodos de estiagem; o gastrópode afro-asiático Melanoides
tuberculata que possui capacidade de se enterrar no sedimento fechando o
opérculo. Segundo Abílio (2002), em condições laboratoriais, M. tuberculata
apresenta uma grande capacidade de resistir à dessecação, sobrevivendo por
até 26 meses em estivação.

ICTIOFAUNA (PEIXES)

Os peixes, devido à sua grande diversidade de espécies, abundância e


mobilidade, é um grupo de grande importância nas cadeias alimentares dos
ecossistemas aquáticos. No entanto, estima-se que este grupo vem reduzindo
sua diversidade mundial, principalmente pela introdução de espécies exóticas,
degradação do habitat e a sobrepesca dos estoques pesqueiros (FERNANDO,
1991; LATINI, 2001).
Segundo Agostinho e Júlio (1996), a região Neotropical, apesar de
conter a maior diversidade de peixes, recebeu a maior quantidade de espécies
exóticas (25,3% do total mundial), e entre os países, o Brasil foi onde ocorreu
em maior número, com auge a partir da década de 70, ao contrário da
tendência mundial que diminuiu esta prática a partir desta década, devido aos
insucessos econômicos, pressões de ambientalistas e à saturação das
espécies introduzidas.
Dentre as espécies introduzidas no Nordeste do Brasil, destaca-se a
tilápia nilótica - Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) que tem a sua origem
no continente Africano, e que foi incorporada aos ecossistemas brasileiros
desde a década de 30 por Rodolfo Von Ihering. A partir da década de 70, foi
introduzida pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS)
nos açudes do Nordeste, com a finalidade de aumentar a produção pesqueira,
suprimento das necessidades nutritivas da população local, bem como, para
incrementar a pesca esportiva em pesque-pague da região (GURGEL, 1998).
Assim, essas espécies acabam, em muitos casos, incorporando-se aos
ambientes acidentalmente, através do rompimento e transbordamento de
112

barragens e tanques, e da sua dispersão através do uso de tanques-rede


dentro das próprias represas (FERNANDES, 2003).
A diversidade de peixes da Caatinga é resultado de processos históricos
de especiação vicariante, possivelmente determinados por transgressões
marinhas, expansões do clima semi-árido e reordenações nas redes de
drenagens de processos ecológicos que determinaram a adaptação de
espécies às condições climáticas e ao regime hidrológico da região e,
finalmente, aos processos antrópicos, como as alterações ambientais e os
programas de erradicação e introdução de espécies (ROSA et al., 2005).
A ictiofauna (peixes) da Caatinga é composta por cerca de 240 espécies
(estimativa de pelo menos de 56 espécies endêmicas, de acordo com Santos;
Zanata, 2006), distribuídas em sete ordens, sendo Siluriformes (exemplo:
Cascudinho) e Characiformes (exemplo: Traíra) as mais representativas,
somando 190 espécies (101 e 89, respectivamente). Assim como os demais
grupos, ainda falta um conhecimento mais profundo sobre a fauna de peixes da
Caatinga, principalmente nas áreas afastadas do curso principal dos rios
(ROSA et al. 2005).
Todavia, a diversidade de peixes dos rios do semi-árido paraibano ainda
é considerada baixa, principalmente, devido à variação no fluxo de água
superficial destes ecossistemas, em que a cheia influencia no aumento dessa
diversidade, permitindo a entrada de novas espécies nesses ambientes
(espécies exóticas) (MALTCHIK, 1999; TORELLI et al, 2005; MARINHO et al.,
2005).
É importante ressaltar que o grau de ameaça da ictiofauna deste bioma
tem aumentado de forma significativa desde a primeira metade do século XX,
quando se intensificou a ocupação humana de áreas interiores, o que
contribuiu para a redução e degradação dos hábitats disponíveis para os
peixes de água doce (BRANDÃO; YANAMOTO, 2003).
Dentre os ambientes aquáticos do semi-árido paraibano, os açudes
Taperoá II e Namorados se destacam-se por apresentar maior riqueza de
espécies nativas (Figuras 12A e B), enquanto que, o açude Soledade e a
lagoa Serrote restringem sua diversidade quase que exclusivamente à espécie
exótica Oreochromis niloticus (tilápia nilótica) (TORELLI et al., 2007).
113

60
A

ocorrência (%)
Frequência de
40

20

out/06 fev/07 abr/07 jul/07


A. bimaculatus A. fasciatus S. notonota
C. orientale H. malabaricus L. piau
C. bimaculatum P. vivipara O. niloticus

100 B
ocorrência (%)
Frequencia de

80
60
40
20
0
out/06 fev/07 abr/07 jul/07

C. orientale S. notonota O. niloticus


H. malabaricus A. bimaculatus

Figura 12. Freqüência relativa da composição da ictiofauna dos açudes (A) Taperoá II
e (B) Namorados, semi-árido paraibano. (Fonte: Torelli et al., 2007).

A redução na composição das espécies nativas nesses ambientes, além


de outros fatores, deve estar relacionada com a freqüente introdução de
espécies exóticas, a exemplo da tilápia nilótica, que ocasiona a competição
intra e inter-específica, gerando uma redução dos recursos alimentares e do
espaço físico (CARDOSO, 2005).
Nos dois últimos anos, no açude Taperoá II foram registradas nove
espécies de peixes, com predominância de Astyanax fasciatus (piaba do rabo
vermelho), A. bimaculatus (piaba do rabo amarelo), seguido de Leporinus cf.
piau (piau verdadeiro). Enquanto que, o açude Namorados está representado
por cinco espécies, com maior ocorrência de Cichlassoma orientale (cara),
seguido de Steindachnerina notonota (sagüiru), deste modo, essas espécies
levam a uma maior uniformidade na estrutura populacional destes
ecossistemas (TORELLI et al., 2007) (Figura 13).
114

Figura 13. Espécies mais freqüentes em ambos os açudes. (A) Astyanax bimaculatus;
(B) A. fasciatus; (C) Cichlassoma orientale; (D) Steindachnerina notonota; (E)
Leporinus cf. piau (Fonte: Jane Torelli).

Logo abaixo, no Quadro II, é apresentado um resumo da diversidade


dos organismos de alguns corpos aquáticos da sub-bacia do rio Taperoá.

Quadro II. Resumo da biodiversidade dos organismos de alguns corpos aquáticos da


sub-bacia Hidrográfica do rio Taperoá, região semi-árida paraibana (Fonte: Abílio,
2002, Abílio et al., 2007, Barbosa, 2002, Barbosa et al., 2006, Crispim et al., 2000,
Crispim; Watanabe, 2001, Torelli et al., 2005, Torelli et al., 2007, Vieira et al., 2000).

GRUPO TAXONÔMICO NÚMERO DE TÁXONS


Fitoplâncton 125 táxons, distribuídos em 58 gêneros

Clorofíceas 48 táxons
Bacilariofíceas 43 táxons
Cianofíceas 15 táxons
Euglenofíceas 10 táxons
Outros grupos de algas 09 táxons
Zooplâncton
Microcrustáceos
Cladocera 15 espécies
Copepoda 08 espécies
Rotíferos 68 espécies
(Asquelmintos)
115

PEIXES
Characidae Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) - (piaba-do-rabo
amarelo)
Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) - (piaba-do-rabo
vermelho)

Crenuchidae Characidium bimaculatum (Fowler, 1941) - (canivete)

Curimatidae Steindachnerina notonota (Miranda-Ribeiro, 1937) -


(saguirú)
Psectrogaster rhomboides (Eigenmann & Eigenmann,
1889)

Erythrinidae Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) - (traíra)

Loricariidae Hypostomus sp. - (cascudinho, chupa-pedra)

Poecilidae Poecilia vivipara (Bloch & Schneider, 1801) - (guaru)

Prochilodontidae Prochilodus cf. brevis (Steindachner, 1875) - (cutimatã)

Anostomidae Leporinus cf. piau (Fowler, 1941) - (piau verdadeiro)

Cichlidae Cichlassoma orientale (Kullander, 1983) - (cará)


Cichlassoma bimaculatum (Linnaeus, 1758) -
(cará)
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) - (tilápia
nilótica)
INVERTEBRADOS

Insetos
Coleoptera 06 famílias
Heteroptera 08 famílias
Odonata 03 famílias
Diptera 06 famílias
Ephemeroptera 04 famílias
Trichoptera 07 famílias
Lepidoptera 01 família

Moluscos
Gastropoda 06 espécies
Bivalvia 02 gêneros

Crustáceos
Ostracoda 01 táxon
Conchostraca 01 táxon
Decapoda 01 família

Anelídeos 02 taxa
Hydracarina 01 táxon
Nematoda 01 táxon
Collembola 01 táxon
116

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

ATIVIDADE 1: Construindo um Modelo Tridimensional da Bacia


Hidrográfica do Rio Taperoá (Adaptado de Almeida, 2003).

Estudos ambientais de bacias hidrográficas podem ser melhor


conduzidos por um modelo tridimensional da área na qual a bacia se localiza.
Neste caso, faz-se necessário a confecção de maquetes para melhor
representar o relevo local (ALMEIDA, 2003).

Objetivos da atividade: Analisar, interpretar e visualizar a Geografia, Biologia e


Ecologia da Paisagem da região semi-árida paraibana, com ênfase na Bacia
Hidrográfica do Rio Taperoá (São João do Cariri).

Material Necessário: Mapa topográfico na escala adequada; papel transparente


(seda, manteiga ou vegetal); alfinetes, placas de isopor, cola para isopor,
estiletes; tinta látex (tecido e/ou guache), e outros detalhes que ficam a critério
dos elaboradores do modelo.

Procedimento:
 Delimitar a área de estudo e preparar a base cartográfica (carta topográfica
– mapas em grande escala, ex. 1: 100.000);
 O modelo tridimensional será elaborada a partir de mapas no qual o Relevo
é representado por meio de curvas de nível;
 Após delimitar a área a ser estudada, geralmente faz-se necessário a
ampliação xerográfica;
 Colar um mapa base sobre uma folha de isopor de maior espessura;
 Transferir as curvas de nível do mapa ampliado para outra folha de papel
transparente;
 Fixar com alfinetes a folha com o traçado do contorno sobre uma placa de
isopor;
 Perfurar os traçados das curvas de níveis com alfinete, produzindo um
pontilhado no isopor; recortar as placas com auxílio de estiletes;
117

 Conferir o recorte das placas com o mapa-base e em seguida colar a placa


sobre a curva de nível correspondente;
 Pintar a maquete e incluir os detalhes necessários: anotar o título, a
legenda e as escalas no modelo tridimensional (Figura 14).

Figura 14. Modelo tridimensional da bacia hidrográfica, confeccionada com os


professores de ensino fundamental e médio da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri. (Fonte: acervo do grupo
de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).

ATIVIDADE 2: Trabalhando com Poemas-Cordéis.

Objetivo da atividade: Contribuir para uma participação dos alunos nas


atividades previstas, através de uma técnica lúdica pedagógica.

Procedimento: Ler o cordel em grupo de estudos e pesquisar sobre a


biodiversidade citada no cordel e classificar; é possível também sugerir aos
alunos a leitura na forma de jogral ou como repente.

Abaixo, segue alguns exemplos de cordéis que tratam de corpos


aquáticos e de sua biodiversidade e que podem ser utilizados em sala de aula.
118

Exemplo 1: O rio Taperoá (Autoria de Marielena Ferreira Guimarães, aluna da


Escola José Leal Ramos – São João do Cariri. Trabalho orientado pela
Professora Olga Pequeno).

Falar do rio Taperoá


É se banhar de alegria
É brincar na sua areia
Sentir o encanto e a magia
De um patrimônio tão nosso
Quero cuidar mais não posso
É o seu clamor todo dia

Estão matando o nosso rio


Bonito e tão encantador
Jogam lixo no seu leito
Sem consciência e nem pudor
O nosso rio está tão triste
Mesmo assim, ele resiste
Sofrendo tamanha dor

São muitas coisas lançadas


Garrafas, vidros, papelão
E o povo inconsciente
E com falta de Educação
Falta um pouco de cuidado
Pra não matar sufocado
O rio com a poluição

Somos nós todos culpados


Por tudo isso acontecer
Ficamos de braços cruzados
Vendo o nosso rio morrer
E o tempo vai se passando
E a poluição aumentando
Sem ter muito o que fazer

Terminando a poesia
Quero meu recado deixar
Descruzemos nossos braços
Pois não é hora de chorar
Cantemos nosso hino
Para não nos tornarmos assassinos
Do rio Taperoá
119

Exemplo 2: Cordel dos Invertebrados Aquáticos (Autoria de Francisco José


Pegado Abílio):

No Bioma Caatinga você vai se admirar Tem as Libélulas zig-zag


Com a Fauna Exuberante E o Camarão acizentado
Que você vai encontrar As larvas de Quironomídeo
De Seriema a Mocó E o caramujo Tiarídeo
Teju a Carcará
Não podemos esquecer
Mas não podemos esquecer De falar das Bionfalárias
Dos organismos aquáticos de lá Que podem transmitir
Que muita importância eles tem A doença barriga d´água
Que você vai se encantar
Vou ilustrar essa história O causador da doença
Falando do açude Soledade É chamado de Schistossoma
Que eu tenho na memória Que pode infestar o homem
Das pesquisas desta cidade Através de suas Cercárias

Na água daquele açude Tem também o caramujo Aruá


Você pode encontrar Que você pode se alimentar
Do peixe Tilápia, Piau, Curimatã E os ovos desse molusco
Da Bionfalária ao Aruá Pode até lhe curar

Na seca de 97 Os animais que na lama vivem


O leito do açude secou São chamados de Zoobentos
Formando uma crosta na terra Os peixes que lá habitam
Do sal que lá virou Utilizam como alimento

Com a falta de chuva na Região Há ainda os invertebrados


Acelera a Salinização Que são muito sensíveis
Um fenômeno preocupante Podendo ser utilizados
Do Cariri ao Sertão Como indicador ambiental

Outra coisa que se vê Eu só posso ter cuidado


Na época de pouca chuva Daquilo que eu Conhecer
É o “verdume” causado pelas algas Daí a importância da Educação
Nas águas daquele açude Como processo do Saber

Mas voltando pro nosso assunto Finalizo esse cordel


Que quero apresentar com propriedade Com o intuito de Sensibilizar
Da importância dos bichos Da importância desses organismos
Aquáticos do Soledade Pra a Caatinga nós Conservar!
120

CAPÍTULO VII
CONVIVÊNCIA NO SEMI-ÁRIDO:
AS POPULAÇÕES HUMANAS NO
CONTEXTO DO BIOMA CAATINGA

FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO


APARECIDA DE LOURDES PAES BARRETO
ANTONIA ARISDELIA FONSECA M. A. FEITOSA

ORGANIZAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA

A degradação ambiental evidenciada, atualmente, no bioma Caatinga


depreende-se da pressão antrópica exercida ao longo dos anos, como
conseqüência do processo de ocupação e organização sócio-econômica das
populações humanas nestes ambientes. Desta forma, a implementação de
projetos para o desenvolvimento sustentável na região semi-árida precisa estar
ancorada na perspectiva cultural, política e econômica dos grupos humanos
envolvidos (COSTA-NETO, 2006).
O bioma Caatinga vem sofrendo com a pressão antrópica e projetos de
desenvolvimento sustentável necessitam ser planejados para a região semi-
árida. Entretanto, eles devem estar baseados na perspectiva cultural, política e
econômica de cada grupo humano envolvido (COSTA-NETO, 2006).
Entendemos que as formas de organização social e econômica da
região estão diretamente relacionadas com o processo histórico de ocupação
do espaço e com as transformações por estas geradas (sofridas) ao longo do
tempo. A ocupação fez-se com base em duas atividades principais, a pecuária
e a produção do algodão (cotonicultura), complementadas pela produção de
alimentos.
121

Estes três sistemas agrícolas dominaram (comandaram) a economia


regional até à segunda metade do século XX, apresentando ora avanços ora
recuos, em função das oscilações de mercado, dos incentivos do Governo e
das secas.
A partir de 1985, o potencial econômico da cotonicultura, que
desempenhou historicamente um importante papel na organização econômico-
(12)
social da região, foi interrompido pela invasão biológica do bicudo . A ação
devastadora do bicudo pôs fim ao binômio gado-algodão que caracterizou a
economia nordestina desde os primórdios da ocupação a organização social do
semi-árido nordestino. Por outro lado, a repetição mais amiudada dos períodos
de seca por sua vez, além de agravar o quadro já precário da produção
algodoeira também incidiu sobre a atividade pecuária, que sofreu também com
os efeitos da redução dos incentivos fiscais e creditícios.
A conjugação desses fatores contribuiu, concomitantemente, para o
arrefecimento da modernização da pecuária e para a atenuação do ritmo e da
intensidade do processo de expansão desta atividade a partir da segunda
metade dos anos 80 do século XX. A persistência dessa situação repercute
sobre as relações de trabalho do tipo arrendamento e parceria tradicionais da
região, dado ao fato de que essas formas de trabalho se alicerçaram,
historicamente, com base na combinação Gado - Algodão - Policultura de
subsistência (COSTA, 2006).
Leve-se ainda em conta que, sendo o algodão a principal fonte de renda
monetária do pequeno produtor rural, a erradicação provocada (promovida)
pelo bicudo incidiu negativamente sobre as condições de vida nesta região. Por
sua vez, como a alternativa encontrada pela grande propriedade para a crise
do algodão foi à expansão das áreas de pastagem, as oportunidades de
ocupação alternativa do parceiro e do arrendatário reduziram-se drasticamente.
Deste modo, a quase que completa extinção da cotonicultura modificou

(12)
Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é um besouro da família dos curculionídeos,
originário da América Central, possui mandíbulas afiadas, utilizadas para perfurar o botão floral
e a maçã dos algodoeiros. É tido como uma importante praga agrícola nos E.U.A., e a espécie
foi introduzida no Brasil em 1983, causando prejuízos nas plantações de algodão do Nordeste.
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bicudo-do-algodoeiro>. Acesso em 12 jul. 2008.
122

profundamente as formas tradicionais de organização econômica e social do


semi-árido nordestino, contribuindo, de modo particular, para o declínio da
parceria e do arrendamento.
Eram essas relações de trabalho que, bem ou mal, mantinham a base
da reprodução de um número significativo de unidades de produção familiar
sertanejas. Por outro lado, e estreitamente vinculado ao problema do algodão e
ao das estiagens periódicas, verifica-se também o declínio das lavouras
alimentares. A retração das lavouras alimentares, ao fragilizar ainda mais a
pequena produção contribui para agravar a situação migratória regional. As
mudanças na organização agrária conjugadas com a seca e associadas a uma
estrutura fundiária altamente concentrada, tem se constituído historicamente
num fator de intensificação do êxodo rural no semi-árido.
Durante muito tempo, os fluxos migratórios sertanejos estimulados,
intensificados (tangidos) pela seca dirigiam-se ao centro-sul do país e tinham
caráter até certo ponto temporário. Passado o período de estiagem, parcela
dos migrantes retornavam aos seus lugares de origem e ao trabalho na terra.
Os fatores que contribuíam para tal retorno eram: a crise da economia nacional
e o retraimento do mercado de trabalho no Centro-Sul culminando, inclusive,
com uma migração de retorno para o Nordeste e; de outro lado, a violência das
grandes metrópoles, difundida pelos meios de comunicação, provocando uma
quebra da “miragem da cidade grande”. O êxodo rural na região semi-árida foi
também muito influenciado pela modernização agrícola (COSTA, 2006).
A partir dos anos 80 - 90, mudanças significativas vêm se percebendo
acerca deste processo entre elas destacamos:

 A população tem abandonado a zona rural de forma definitiva em


direção às cidades da região e aos maiores centros urbanos,
promovendo um verdadeiro esvaziamento do campo na região semi-
árida do Nordeste. Aponta-se como explicação para esse processo o
amiudamento dos períodos de estiagem conjugado à crise da economia
agrícola e pecuária regional que reduziu as possibilidades de emprego
no campo e contribuiu para a retração dos sistemas de arrendamento e
123

de parceria tradicionais daquelas áreas, são fatores freqüentemente


referenciados como alimentadores da expulsão da população da zona
rural.

 A busca de alternativas de superação dos limites impostos pelas
condições naturais e pela organização sócio-econômica do semi-árido,
foi responsável pelo surgimento de áreas de exceção representadas
(13)
pelos perímetros irrigados , do qual o exemplo mais significativo é o
do Vale do São Francisco e por formas alternativas de produção mais
resistentes às condições de semi-aridez e às secas (caprinocultura,
cultivo de culturas secas).

Recentemente a caprinocultura e a ovinocultura semi-intensivas e a


tentativa de exploração do turismo têm sido incentivados. Tem crescido
também a conquista de terra pela reforma agrária, sobretudo em torno das
áreas de barragem.
Diante do crescente esvaziamento do campo, do aumento da população
urbana, associados ao processo de desertificação gerado pela antropização
desordenada, pensar o semi-árido na perspectiva de encontrar alternativas
para uma convivência sustentável, tornou-se um desafio crescente.

AGRICULTURA FAMILIAR NA CAATINGA: UMA ALTERNATIVA À


SUSTENTABILIDADE

A preocupação com o ambiente semi-árido e o desenvolvimento de


tecnologias adequadas estão ganhando mais atenção pelo avanço da
desertificação e da desestruturação social das áreas rurais. A demanda por
tecnologias adaptadas e de baixo custo tem seu foco na Agricultura Familiar,
que ainda prevalece no Nordeste brasileiro. Cerca da metade das 4 milhões

(13)
Os perímetros de irrigação são áreas extensas que permitem o desenvolvimento e o plantio
de várias culturas, como uva, manga, acerola e outras. Disponível em
<http://www.codevasf.gov.br/galeria/2006/05_setembro/60450011.jpg/view>. Acesso em 12 jul.
2008.
124

unidades produtivas da agricultura familiar em todo o Brasil se encontram no


Nordeste, a maior parte desses em condições de sustentação social e
econômica difíceis (KÜSTER et al., 2006).
No Brasil, definimos o agricultor familiar como aquele que cultiva sua
terra (própria ou arrendada) com ajuda de sua família, contratando mão-de-
obra externa apenas para complementar o trabalho familiar (por exemplo para
colheita) (DUQUE, 2006).
É no semi-árido que se encontram o maior número de estabelecimentos
agrícolas familiares do Brasil: cerca de dois milhões. Correspondem a 42% do
número total de unidades agrícolas do país, mas ocupam apenas 4,2% de sua
área agrícola, segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) realizado no período de 1995 a 1996.
O cuidado com a preservação do patrimônio, indica o produtor familiar
como o melhor defensor do meio ambiente, embora, às vezes, a falta de
conhecimento ou circunstâncias de força maior acabem quebrando essa lógica
(DUQUE, 2006).
A agricultura familiar pratica a diversificação das culturas (feijão, milho,
batata, tomate, frutas, etc), o consorcio de plantas que se beneficiam
mutuamente (umas fixando o nitrogênio no solo, outras afastando os
predadores, pela simbiose e antibiose, respectivamente.) e a integração entre
tratos culturais e pecuária (após a colheita, a folhagem das plantas alimenta os
animais e o esterco destes serve para adubar as plantações). Todas essas
práticas favorecem uma gestão racional, econômica, da produção, bem como a
manutenção do jogo equilibrado entre as forças da natureza (DUQUE, 2006).
Na proposta de Convivência com o semi-árido, o conceito de
desenvolvimento sustentável aponta para a necessidade de fortalecimento e
melhoria nas relações humanas, e destas com o meio em que vivem, no
sentido de que, se estas relações forem mais solidárias e de cunho coletivo,
poderão desenhar um novo modelo de sociedade (SOUZA, 2005).
125

CENÁRIO TURÍSTICO NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO

A atividade turística mobiliza populações, promove a integração cultural,


gera renda, ampliando o potencial econômico da região. Seja qual for o
empreendimento turístico, este se constitui numa atividade sócio-espacial de
fortes impactos sobre os ambientes que pode se revelar boa ou ruim de acordo
com a perspectiva ideológica de desenvolvimento embutida no projeto
empreendido.
É importante entender que o turismo em si, gera, simultaneamente,
impactos econômicos, culturais, social-psicológicos e ambientais. Concebendo
a atividade turística sob esta ótica, nos propomos a refletir acerca do turismo
no contexto do semi-árido paraibano, especificamente como atividade
alternativa para o desenvolvimento local. Defendemos que a exploração do
potencial turístico das regiões se converta em benefícios para suas
comunidades. Portanto, é necessário estarmos atentos às possibilidades de
efeitos que são geradas a partir de tal empreendimento.
Por outro lado, se percebemos o turismo como uma atividade que requer
conservação ambiental e preservação do Patrimônio Histórico-Cultural,
identificamos que, ao gerar degradação ambiental estará se autodestruindo,
uma vez que até mesmo os turistas que contribuem para a degradação tendem
a não retornar ao lugar e também a não indicá-los a seus parentes e amigos
(COUTINHO et al., 2003). Contudo, o Turismo pode e deve contribuir para a
conservação ambiental e a preservação do patrimônio desde que realizado de
forma adequada.
No contexto do semi-árido paraibano, as características particulares dos
diversos ambientes revelam vocações turísticas que, atualmente, estão sendo
desenvolvidas seja através políticas públicas ou sob a condução de
Organizações Não-Governamentais (ONGs).
Dentre as atividades de potencial turístico importantes na Paraíba,
destacamos:
A produção de diferentes tipos de Artesanatos tem caracterizado a
principal atividade econômica de várias comunidades, gerando renda e
126

empregando mão-de-obra local (VIRGÍLIO-FILHO, 1996). Recebendo


capacitação, assessoria administrativa e apoio de políticas públicas, poderão
representar uma importante base de recuperação da economia local, além da
consolidação dos valores culturais locais.
A Festa do Bode Rei (Cabaceiras), o Bode na Rua (Gurjão), o Bode na
Praça (Prata), a Exposição e Feira de Boa Vista e a Exposição de Caprinos de
Taperoá, compõe o elenco de atividades ligadas ao setor Caprinovinocultura,
prevalecendo o caráter comercial, cultural e festivo dos criadores do Cariri
paraibano (GALVÃO et al., 2006).
O clima, as belezas naturais, a cozinha regional, os Monumentos
Históricos, o artesanato e o Folclore constituem outra atividade de grande
potencial para o semi-árido (VIRGÍLIO-FILHO, 1996).
O Turismo Religioso tem sido também muito valorizado na região semi-
árida Nordestina, como por exemplo, as visitas ao Santuário da Cruz da
Menina em Patos-PB.
A Caatinga também tem sido amplamente retratada no Cinema, com
diversas obras que ressaltam sua cultura e tradição. Entre as obras recentes
mais conhecidas, podemos citar o filme “O Auto da Compadecida” (1999,
dirigido por Guel Arraes com roteiro de Guel Arraes, Adriana Falcão e João
Falcão), da obra do paraibano Ariano Suassuna, onde várias temáticas podem
ser exploradas no contexto da sala de aula tais como, aspectos da paisagem,
históricos e da cultua local. As cenas externas do filme, foram gravadas no
município de Cabaceiras, na região do Cariri, semi-árido paraibano, também
conhecida como a “Roliúde Nordestina” e onde se localiza o Lajedo de Pai
Mateus, local turístico muito procurado na região.
A Reserva Arqueológica da região do Cariri se verifica através de
inúmeros sítios arqueológicos que se encontram na região. Inscrições na forma
de “itaquatiaras” (inscrições em rochedos e paredes de cavernas) e pinturas
rupestres são abundantes nas formações rochosas do Cariri (CABRAL, 1997)
Ainda de acordo com a autora, estes registros podem estimular os crescentes
estudos de arqueologia, antropologia e mitologia dos povos primitivos, podendo
127

também contribuir para a revelação das origens das populações indígenas que
habitaram a região Cariri.
Em relação ao Cariri paraibano, as Inscrições e Pinturas Rupestres
encontradas (Figura 1) poderiam se constituir em um “museu vivo” para a visita
e valorização, assim como a conservação, desse acervo do patrimônio
nacional. Como afirma, Azevedo-Netto e Kraisch (2007), a importância do
patrimônio arqueológico na construção da memória de um determinado local se
faz necessária, pois, através dela, procuramos entender a história local, fazer
parte dela, valorizando o passado como instrumento de compreensão do
mundo em que se vive. A construção das identidades locais demonstra a
importância de sabermos a nossa origem e como a nossa cultura se
desenrolou durante o passar dos anos. Desta forma, a história e a arqueologia
são colocadas, aqui, como forma de uma dar suporte à outra, na compreensão
destas populações pretéritas e na formação dessas identidades locais.
Portanto, a partir destes e de outros estudos arqueológicos, espera-se
que sejam desenvolvidas políticas públicas adequadas para o turismo cultural e
ecológico no bioma Caatinga, bem como, atividades de Educação Ambiental
para conservação deste patrimônio.

Figura 1. Pinturas rupestres encontradas no "Sítio Arqueológico Muralha do Meio do


Mundo (Sitio Picoito)” localizada no município de São João do Cariri – Paraíba. (Fonte:
acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).
128

Turismo paleontológico: O Parque dos dinossauros, localizado no


município de Sousa-PB possui uma área de mais 700 km 2 e é considerado um
dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo. O local dispõe de um
Centro de Atendimento e Apoio ao Turista, sendo aberto para estudos e
visitação. No local há diversas pegadas de dinossauros, por exemplo as do
tiranossauro rex.

CULTURA: MITOS E FÁBULAS NA CAATINGA

A valorização de culturas locais é essencial para a incorporação da


população ao processo de desenvolvimento sustentável. No bioma, há muitos
valores culturais que precisam ser descobertos e valorizados.
Segundo Borba (2006) a Cultura é o acervo de valores artísticos e
espirituais conquistados pela humanidade, ao longo de sua história. Ela é a
própria alma de um povo, posto que dá vida a uma civilização.
Se Cultura é tudo aquilo que nos transforma e nos humaniza, como
afirma Whitaker e Bezzon (2006), precisamos então resgatar os fenômenos
culturais locais com intuito de ressignificar o papel da cidadania dos diferentes
atores sociais no ambiente onde estão inseridos.
Além do Artesanato, uma das mais genuínas fontes de cultura popular
no estado da Paraíba (BORBA, 2006), uma das principais expressões artístico-
literárias, em todo o Nordeste brasileiro, tem sido a Literatura de Cordel.
Muitos autores têm explorado e divulgado as culturas e mitos da
Caatinga na Literatura através dos cordéis. A riqueza da fauna e flora, os
“causos”, as fábulas, as severas secas que assolam esta região e o cangaço
são muito freqüentes. Por exemplo, no trecho do cordel “O Império da
Caatinga” de autoria de José M. Lacerda, é possível observar a caracterização
do bioma e discutir aspectos dos impactos ambientais que tem acometido este
ecossistema:
129

“(....) Os sertanejos sedentos


Muitas cacimbas cavava
No leito seco dos rios
Que mais e mais afundava
Nesse cenário infeliz
Até a própria raiz
Do Umbuzeiro ajudava.

Caatinga significava
Mata branca ou capoeira
Pela vegetação baixa
E muitas vezes rasteira
Sendo assim quase um deserto
Muito espaço a céu aberto
Com muita serra e pedreira. (...)”

EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA PARA O AMBIENTE SEMI-ÁRIDO


NORDESTINO

“Nenhuma ação educativa pode prescindir de


uma reflexão sobre o homem e de uma
análise sobre suas condições culturais”
(FREIRE, 1979, p. 61).

A educação se constitui no processo de formação e desenvolvimento do


ser humano capaz de torná-lo sujeito de sua ação/condição de ser e estar no
mundo. Os processos educativos que se pretendem revelar exitosos precisam
pautar-se na idéia de que o homem deve tornar-se, de acordo com Freire
(1979) “um ser capaz de relacionar-se; de sair de si, de projetar-se nos outros;
de transcender.”
Desta forma, os diferentes espaços educativos se configuram o locus da
construção de cidadãos conscientes e críticos. Diante das possibilidades
educacionais instituídas no seio da sociedade, nossa atenção se volta à escola,
percebida como um campo dinâmico sócio-educativo, no interior do qual
ocorrem interpenetrações de informações, conteúdos, conhecimentos, valores,
ideologias e dos demais aspectos, formais e não-formais, que situam o homem
no e com o mundo.
130

Nossa perspectiva neste texto é enfocar o caráter ambiental na


educação e, de modo específico, sobre a educação para o ambiente semi-árido
nordestino. Justificamos nossa pretensão tanto pela relevância creditada as
questões ambientais em nível mundial, quanto pela necessidade atual de
pensar uma educação contextualizada, considerando as particularidades
pertinentes ao semi-árido nordestino.
Neste sentido, converge aos educadores o desafio de tornar o ato
educativo um campo de possibilidades/responsabilidades no sentido de
construir cidadãos para uma sociedade mundo composta por sujeitos
protagonistas, conscientes e críticamente comprometidos com a construção de
uma civilização planetária (MORIN et al., 2007).
Pautamos nossa reflexão no ambiente escolar enquanto espaço para
desenvolver um ensino educativo capaz de permitir a compreensão de nossa
condição e de nos ajudar a viver e que ao mesmo tempo, favoreça um modo de
pensar aberto e livre (MORIN, 2006).
No âmbito da educação no semi-árido nordestino, Ab’Saber (1999)
enfatiza a necessidade da valorização do conhecimento do mundo real,
centralizado na área de vivências dos professores, alunos e seus familiares,
para o reconhecimento do mundo físico, ecológico e cultural regional. Ainda de
acordo com o autor, na conjuntura particular da região semi-árida, estes atores
sociais - por necessidade de sobrevivência, práticas de natureza ecológica,
educação familiar de cotidiano repetitivo – já possuem um razoável e/ou
significativo estoque de conhecimentos loco-regionais.
É fundamental o estabelecimento de políticas públicas que fortaleçam as
escolas de Educação Básica, tendo em vista a importância que exercem no
processo de formação social, cultural, humana e ética da sociedade. Mesmo
tendo alcançado grandes avanços, no que se referem aos seus objetivos,
conteúdos, estratégias metodológicas e materiais didáticos, o universo escolar
ainda necessita de caminhos que lhe permitam contemplar dimensões
relevantes do conhecimento (GUERRA; ABÍLIO, 2006). Dimensões essas que,
muitas vezes, são enfraquecidas pela ênfase no tecnicismo e pela falta de uma
131

formação holística que inter-relacione as diferentes potencialidades do ser


humano.
A questão está além dos programas curriculares fragmentados e
conteudistas. É essencial que os professores reconheçam que a atividade
docente vai além do domínio dos conteúdos específicos, e, portanto, incorporar
em sua práxis valores humanistas, éticos, conhecimento interdisciplinar e
compromisso político configurando-se assim como um dos maiores desafios
para o desenvolvimento da Educação Ambiental na escola básica (LOZANO;
MUCCI, 2005).
Faz-se necessário perseguir uma educação contextualizada, na qual os
processos de ensino-aprendizagem se coadunem com a realidade
local/regional, onde o planejamento das atividades a serem desenvolvidas leve
em consideração a historicidade dos atores sociais, compreendendo a
complexidade, na qual os arranjos sócio-culturais se estabeleceram ao longo
do tempo. Entendemos que somente através desta prática educativa podemos
(14)
avançar na construção de um conhecimento pertinente .
Neste sentido, defendemos que a teoria biorregionalista é a que melhor
atende aos desafios teórico-metodológicos para uma educação contextualizada
no ambiente semi-árido nordestino. O biorregionalismo, segundo Sato (2001) é
uma tentativa de resgatar uma conexão intrínseca entre comunidades humanas
e a comunidade biótica de uma dada realidade geográfica. O critério para
definir as fronteiras de tais regiões pode incluir similaridades do tipo de terra,
flora, fauna ou bacias hidrográficas. A recuperação histórica, simbólica e
cultural estabelece valores de cooperação, solidariedade e participação,
permitindo desenvolvimento entre a comunidade e o meio biofísico.
Uma proposta de educação contextualizada no semi-árido não pode
limitar-se somente aos aspectos pedagógicos, precisa assumir um caráter
político-pedagógico de transformação. Não pode ser um processo educativo
desenvolvido de forma mecânica e dentro de quatro paredes sem considerar e
envolver os elementos sociais e culturais, que tanto influenciam a vida dos

(14)
O conhecimento pertinente é o conhecimento capaz de situar qualquer informação em seu
contexto e, se possível, no conjunto em que está inserido (MORIN, 2006, p.15).
132

sujeitos sociais. Deve ser uma educação construída e discutida no contexto


histórico dos sujeitos sociais envolvidos com a proposta pedagógica (LIMA,
2008).

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

ATIVIDADE 1: Dramatização na sala de aula

Na educação científica a Dramatização pode ser um recurso


indispensável para a melhor compreensão de temas da ciência. O uso
simultâneo de diferentes recursos e Linguagens Teatrais possibilitam
concretizar episódios do mundo real, reproduzindo, com riqueza de
informações, diferentes ambientes e circunstâncias.
Segundo Sant’Anna e Menegolia (2002) a dramatização na escola ou
sala de aula não apresenta os mesmos objetivos que o teatro propriamente
dito. Em sala, a representação se processa de forma simplificada, porém com
grandes vantagens do ponto de vista educativo, principalmente no sentido de
desinibir o aluno e prepara-lo para vivenciar situações de vida com maior
segurança.
A partir do teatro, os estudantes podem, ainda, presenciar a
confrontação entre conceitos prévios formulados e conceitos adequados do
ponto de vista da Ciência, em um ambiente interativo e lúdico, e, portanto,
propício à construção e reformulação de novas concepções (LOPES, 2000).
É possível concretizar personagens e cenas históricas que normalmente
estão distantes e dissociados da realidade atual (SANT’ANNA; SANT’ANNA,
2004). A associação entre a linguagem teatral e os temas científicos contribui
para gerar uma atitude crítica no público, atitude esta fundamental para a
construção ativa do conhecimento e para o exercício pleno da Cidadania. Na
escola, as dramatizações podem se realizar com máscara, através da mímica,
com uso de fantoches, com teatro de sombra ou da maneira tradicional, através
de diálogos entre os atores (SANT’ANNA; MENEGOLIA, 2002).
133

Na escola, as dramatizações podem se realizar com: máscara, através


da mímica, com uso de fantoches, com teatro de sombra, através de diálogos
entre os atores.
O teatro de fantoches é o que mais alegra e sensibiliza a criançada por
transmitir, de uma forma simples e direta, a mensagem de cuidar do nosso
ambiente e do nosso planeta. De acordo com Galvão (1996), “as crianças
parecem receber bem melhor e armazenar com mais facilidade as imagens,
quando são apresentadas através de algo que as encante emocionalmente
como é o caso do Teatro de Bonecos”.
Mamede (2003), diz que “a interpretação ambiental é uma forma de
despertar a consciência, trazendo à tona a importância de se conservar através
de atividades ou dinâmicas que aproximem o público das realidades sobre as
questões ambientais, sociais, culturais, históricas e artísticas.” Ainda segundo a
mesma autora, “Por ser o teatro a arte de interpretar (representar)...é uma
forma descontraída de levar a informação e, ao mesmo tempo que informa,
também interage, ao mesmo tempo que diverte, ensina”.

Atividade 2: Construindo bonecos com materiais reutilizados

Objetivos da atividade: Discutir alguns conceitos de educação ambiental e do


bioma Caatinga partindo do teatro de bonecos; Aprender a manipular o
fantoche realizando cenas rápidas com uma metodologia que parte dos temas
geradores tendo como base a teoria freireana, possibilitando uma metodologia
crítica e criativa através da arte; Utilizar elementos lúdicos para sensibilizar e
discutir nossa relação com o ambiente; Fazer com que os estudantes analisem
as implicações sócio-ambientais do desenvolvimento da Ciência e da
Tecnologia, baseando-se na realidade loco-regional;

Materiais Necessários: A quantidade de material utilizado dependerá do


número de participantes da oficina. Por exemplo: Cola branca e cola de isopor,
tinta de parede lavável branca, tintas acrilex (diversas cores), novelos de lã
134

(diversas cores), retalhos de tecido coloridos (20 cm 2), tesoura para tecido,
pincéis, garrafas pet, jornal, massa epox (tipo durepox); papelão fino.

Procedimento:

Etapa 1: Para construir a cabeça do boneco é preciso: utilizar uma Garrafa Pet
(de tamanho variável) e em seguida efetuar um corte mediano, encaixar as
duas partes para diminuir o tamanho da garrafa para que a cabeça do boneco
fique proporcional ao corpo; envolver toda a superfície da garrafa com papel
jornal. Usar cola branca.
Após secar a cola, pintar a cabeça de boneco com tinta de parede,
lavável branca, e deixar secar; Modelar as partes da face do boneco (boca,
olhos, orelhas, nariz, sobrancelha) utilizando para isso a Massa Epox; a cor da
pele do boneco e olhos deve ser variada para (branca, rósea, preta, marrom,
azul, verde, etc.); cortar fios de lã, de cores e tamanhos variados, para montar
o cabelo. Utilizar colar de isopor.

Etapa 2: Para construir o corpo do boneco é preciso: Cortar o tecido de


algodão, de cores variadas, no formato de túnica (T); Deixar o formato do
pescoço para encaixar a cabeça do boneco (utilizar a boca da garrafa pet);
Utilizar cola de isopor e se necessário amarrar o molde da roupa junto a boca
da garrafa com lã; construir o molde das mãos, utilizando papelão fino.

Etapa 3: Técnica da Dramatização: na sala de aula, utilizando bonecos,


fantoches ou o próprio aluno, Dramatizar um texto que aborde uma
determinada problemática ambiental sobre a Caatinga.
O texto pode ser extraído de um livro, uma revista ou pode ser produzido
pelo professor ou pelos alunos;Pode se utilizar a literatura de Cordel e músicas
regionais;Se faz necessário uma Reflexão e Discussão dos temas nos grupos e
depois em toda a classe.
135

Observações: Dependendo da criatividade dos participantes da oficina o cabelo


do boneco pode ser confeccionado com algodão, bucha vegetal ou palha de
aço; o seu fantoche pode ser incrementado com chapéus, brincos, óculos,
entre outros acessórios; diferentes materiais reutilizáveis podem ser utilizados,
tais como: caixa de ovo, arame, entre outras.

Figura 2. Resultado da Oficina Ecopedagógica “A sensibilização ambiental através da


dramatização: o teatro de bonecos em atividades de educação ambiental”
desenvolvida com os professores na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
José Leal Ramos, São João do Cariri - PB em Julho de 2007. (Fonte: acervo do grupo
de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano).

ATIVIDADE 3: Trabalhando com a literatura de Cordel

Objetivo da atividade: Trabalhar temáticas sobre o Cariri a partir de uma


atividade lúdica-educativa.

Procedimento: a partir do cordel, discutir aspectos do Cariri e valorizar a cultura


local; podem ser sugeridas a preparação de esquetes teatrais para dramatizar
as histórias.

Exemplo: História do carro malassombroso ou batuque encantado (Autoria


de Manoel Baltazar Maracajá)
136

Quem é médium ou vidente No casarão alguém viu


Tem visões e sonho certo Um ancião nele entrar
Dar-me razões também; Todo vestido de branco
No sertão ou no deserto Alegre assobiar
Há sempre ao nosso redor Outros ouviram cavalos
Fantasmas que rondam perto Velozes a galopar

Aparecendo as pessoas O cabra sendo medroso


Em forma de uma luz Não andava prá colar
Outros aparecem chorando Pois se ouvisse a zoada
Chamando até por Jesus Não podia mais falar
Outros em forma de bichos E cagava na cueca
Cavalo, cobra e avestruz Pra mulher cedo lavar
Eu nunca ouvi tal zoada
Alguns se personificam Pois não ouço nem trovão
Querem imitar as pessoas Fui dar uma passeada
Trajando roupas ou vestidos Pertinho do casarão
Seja nova, velha e boas Os fantasmas não gostaram
Uns dão micoco de quem anda a toasMe deram três beliscão

Outros aparecem zoando Este fenômeno transcende


Imitando um caminhão Nossa visão natural
Que as luzes iluminam a estrada Sabemos que tudo aquilo
De longe se vê o clarão Vem do espiritual
Fazendo zoada e batucada Ele tem conotação com mistério
Igual a esta aparição Assim nos revela pelo pendulo sideral

Que apareceu a muitos No nosso século passado


Nas estradas de São João Tudo isso aconteceu
Assombrando os moradores Centenas presenciaram
Em toda a região E o poeta descreveu
Fazendo assombrações Para a geração presente
De Cabaceiras a Gurjão Pelo dom que Deus lhe deu

Naquela Fazenda Arara Existem muitas versões


De mistério e tradição Sobre esta aparição
Foi ali que aconteceu Porém uma está mais perto
Toda aquela confusão Da sua elucidação
Dando a primeira carreira E a do tesouro enterrado
No caboclo Zé Romão Perto da estrada de São João

Também o caboclo Menô Dizem que o fazendeiro


Foi vítima da aparição A tal fortuna guardou
Vinha de Malhada de Roça Porém com o passar dos anos
No seu cavalo Lazão Do local não mais se lembrou
E o preto velho morreu e o segredo
O cavalo assombrado Para o túmulo ele levou
Sacudiu Menô no chão
Antônio Rosendo morava Dizem que na noite de lua cheia
Lá na Fazenda Mineiro Ele o dinheiro enterrou
Ouviu o carro soar Quando os escravos dançavam
Por aqueles tabuleiros Seus rituais de Changô
E com mede ele correu Originais da sua terra natal
E se embrenhou no Marmeleiro África do Sul e Nangô
137

Aquela Fazenda Arara Os donos dessa fazenda


Nos idos tempos de outrora Foram ricos demais
Foi uma fazenda de renome Tinham até coloniais
De um passado de glória Comercializavam produtos da cidade
Assim se encontra Por produtos naturais
Nos anais que descrevem sua história
Transportavam suas cargas
Havia muita tristeza Nos burros tropeiros que se originou
Gado, ovelhas, criação Da musica que Rosil Calvalcante compôs
Cavalo, burro e jumento E Luiz Gonzaga cantou
Galinha, pato e pavão Tropeiros da Borborema
Escravos e muito dinheiro Que se imortalizou
Guardado em uns botijão
As cenas desse passado
A caça ali abundava O tempo não apagou
Veado, mocó, preá Resolvi fazer meus versos registrados
Porco do mato e gazela Para a memória que o passado levou
Tatu e tamanduá Uma homenagem a esse povo
Ema e seriema Que para o além Deus levou
Se ouviam o canto por lá Arara, Poço das Pedras
Caroá e Gamileira
No poço grande da serra Santana e Maracajá
Havia peixe demais Pedrinhas e Cabaceiras
Um dos pratos prediletos Lucas e Curral de Baixo
Dos nossos ancestrais Riacho Fundo e Moreira
Bebendo um saboroso vinho
Em taças especiais Me desculpem as brincadeiras
O carro Malassombroso
É história verdadeira
Todos comprovam os fatos
Das cenas que se passaram
De São João a Cabaceiras

ATIVIDADE 4: Trabalhando o bioma Caatinga de forma inter e


transdisciplinar

Objetivo da atividade: Desenvolver conteúdos referentes à Caatinga na


educação básica de forma inter e transdisciplinar. Integrar docentes e discentes
na busca de um conhecimento socializado e crítico-reflexivo em relação à
temática proposta.

Procedimento: Em uma reunião pedagógica na escola, o corpo docente pode


discutir diferentes ações para serem executadas na escola (Quadro I).
138

Quadro I. Diferentes atividades que podem ser executadas pelos professores e


alunos na educação básica.

Disciplinas Atividades
Trabalhar a interpretação de textos em Inglês sobre a Caatinga –
formular questões sobre o texto em inglês e solicitar respostas em
Inglês
português.

Analisar aspectos da área inundada, volume do açude Namorados (São


João do Cariri-PB) antes e depois da chuva. Determinar e comparar a
Matemática densidade de plantas (número de espécies/100m2, por exemplo) em
uma região de Caatinga protegida e uma outra degradada.

Analisar aspectos históricos da ocupação no cariri paraibano. Realizar


um estudo do meio para reconhecer as pinturas e inscrições rupestres,
História além de escavações arqueológicas como acontece no município de São
João do Cariri.

Analisar aspectos da geografia espacial e distribuição do semi-árido


brasileiro. Realizar uma aula de campo para identificar alguns tipos de
Geografia minérios/rochas e os impactos que a extração destes podem provocar no
bioma.

Produzir uma redação, poemas, cordéis sobre o rio Taperoá, a partir de


Português 10 palavras chaves sobre o ambiente.

Trabalhar aspectos ecológicos da Caatinga. Discutir sobre a introdução


Ciências -
de espécies exóticas na Caatinga: impactos e conseqüências.
Biologia
Produzir desenhos coloridos representando as fases de seca e chuvosa
da Caatinga. Produzir espetáculos teatrais utilizando diferentes
Artes linguagens, tais como: teatro de bonecos, fantoches, ou com o aluno
como ator do processo.

Discutir aspectos da radiação solar, evaporação e descargas elétricas


Física (raios) no Cariri paraibano.

Discutir aspectos químicos de plantas da Caatinga, discutindo sua


Química importância medicinal e/ou tóxica.

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Sugestões de sites para pesquisa:

Os sites abaixo listados contêm informações importantes sobre o bioma


Caatinga e podem servir de fonte de pesquisa para professores e alunos.

www.dse.ufpb.br/peldcaatinga
www.ambientebrasil.com.br
www.bdt.fat.org.br
www.biosferadaCaatinga.org.br
www.brazadv.com/brasil/Caatinga.htm
www.brazilnature.com
www.conservation.org.br
www.ibama.gov.br
www.ibge.gov.br
www.mre.gov.br
www.nature.org
www.planetaverde.org
www.plantasdonordeste.org
www.rbma.org.br
www.wwf.org.br
161

SOBRE OS AUTORES

ANTONIA ARISDÉLIA FONSECA MATIAS AGUIAR FEITOSA, Professora do


Centro de Formação de Professores/UFCG. Mestre em Desenvolvimento e
Meio Ambiente (PRODEMA/UFPB). Doutoranda em Educação (PPGE/UFPB) e
Pesquisadora do Projeto Bioma Caatinga: estrutura e funcionamento –
CNPq/PELD/UFPB. E-mail: <arisdelfeitosa@gmail.com>.

ANTONIO CARLOS DIAS DE SANTANA, Bacharel e Licenciado em Ciências


Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (2006). Atualmente é
estagiário voluntário da UFPB na área de ensino de Ciências. Tem experiência
na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas. E-mail:
<acbiologo@hotmail.com>.

APARECIDA DE LOURDES PAES BARRETO, Bióloga, Mestre em


Desenvolvimento e Meio Ambiente, Professora da Área de Ciências Naturais
do Departamento de Metodologia da Educação/Centro de Educação da UFPB.
Pesquisadora na área de Educação, Ecologia e Educação Ambiental.
Doutoranda em Educação (PPGE/UFPB) e participa dos Projetos “Escola e
Modernidade da Paraíba – 1910-1930” e “Bioma Caatinga: estrutura e
funcionamento” PELD/CNPq/UFPB na linha de pesquisa Ecologia Humana e
EA. E-mail: <aparecida@ce.ufpb.br>.

CAMILA SIMÕES GOMES, Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal da Paraíba (2009). Bolsista do Projeto PELD/CNPq –
Bioma Caatinga: estrutura e funcionamento. E-mail:
<milagomesjp@gmail.com>
162

FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO, Professor Adjunto IV do Departamento


de Metodologia da Educação, CE/UFPB. Bacharel e Licenciado em Ciências
Biológicas pela UFPB. Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração
em Zoologia pela UFPB. Doutor em Ciências, área de concentração em
Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar, São Carlos-SP. Atua em projetos
de pesquisas sobre a Ecologia de Invertebrados aquáticos do semi-árido
paraibano (Projeto PELD/CNPq). Participa de projetos de Extensão sobre
Ensino de Biologia e Ciências (Formação de Professores) e PROLICEN
(Educação Ambiental). Orienta alunos de Mestrado e Doutorado em Educação
(PPGE/UFPB) e alunos de Mestrado no PRODEMA (UFPB). Líder do Grupo de
Pesquisa “Educação Ambiental e Ensino de Ciências” cadastrado no CNPq e
reconhecido pela UFPB. E-mail: <chicopegado@hotmail.com>.

HUGO DA SILVA FLORENTINO, Licenciado em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal da Paraíba. Integrante do Projeto PELD/CNPq – Bioma
Caatinga: estrutura e funcionamento. Participa dos grupos de pesquisas:
Educação Ambiental e Ecologia Aquática cadastrado no CNPq. Tem
experiência na área de Ecologia de Ecossistemas e Invertebrados Aquáticos,
Ecologia Humana e Educação Ambiental. E-mail: <hugoxtr@hotmail.com>.

.
JANE ENISA RIBEIRO TORELLI DE SOUZA, possui graduação em Ciências
Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (1992) e mestrado em
Zootecnia [Areia] pela Universidade Federal da Paraíba (2001). Atualmente é
bióloga da Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência na área de
Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas, atuando principalmente
nos seguintes temas: represa, rios, peixes água doce, peixes, biodiversidade,
piscicultura e diversidade, riqueza de peixes, como também, desenvolve
atividades de extensão universitária. E-mail: <janetorelli@yahoo.com.br>
163

JOSÉ ETHAM DE LUCENA BARBOSA, Possui graduação em Ciências


Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (1989), mestrado em
Criptógamos (área de concentração ficologia) pela Universidade Federal de
Pernambuco (1996) e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela
Universidade Federal de São Carlos (2002). Atualmente é professor titular da
Universidade Estadual da Paraíba. Tem experiência na área de Ecologia com
ênfase em ecologia de ecossistemas aquáticos do trópico semi-árido, atuando
principalmene nos seguintes temas: taxonomia e ecologia do fitoplâncton,
eutrofização, algas perifíticas e funcionamento e processos ecológicos em
açudes. E-mail: <ethambarbosa@hotmail.com>.

MARIA CRISTINA CRISPIM, possui graduação em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal da Paraíba (1987) e doutorado em Ecologia e
Biossistemática pela Universidade de Lisboa (1997). Atualmente é professora
titular da Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência na área de
Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas, atuando principalmente
nos seguintes temas: zooplâncton, semi-árido, biodiversidade, conservação de
espécies, aquicultura, gestão ambiental e educação ambiental. E-mail:
<ccrispim@hotmail.com>

MARIA REGINA DE VASCONCELLOS BARBOSA, possui graduação em


Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1980),
mestrado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (1985) e doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual
de Campinas (1996). Atualmente é professor associado da Universidade
Federal da Paraíba e professor colaborador do Programa de Pós-Graduação
em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco. Atua
principalmente nos seguintes temas: flora do nordeste, taxonomia e diversidade
de Rubiaceae, florística de mata atlântica e caatinga. E-mail:
<mregina@dse.ufpb.br>.
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THIAGO LEITE DE MELO RUFFO, Bacharel e Licenciado em Ciências


Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba; Mestrando em
Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFPB); Tutor à distância do
curso de Licenciatura em Ciências Naturais à distância (UFPB Virtual).
Participante do Projeto PELD/CNPq – Bioma Caatinga: estrutura e
funcionamento. E-mail: <thiagoruffo@yahoo.com.br>.

ZELMA GLEBYA MACIEL QUIRINO, possui graduação em Ciências


Biológicas pela Universidade Federal do Ceará (1995), mestrado em Biologia
Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (1998) e doutorado em
Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Atualmente
é professor adjunto I da Universidade Federal da Paraíba. Campus IV- Litoral
Norte. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Biologia Floral,
atuando principalmente nos seguintes temas: fenologia, Caatinga, polinização,
dispersão e anatomia vegetal. E-mail: <zelmaglebya@yahoo.com.br>.
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