You are on page 1of 14

Resumo

Inquéritos domiciliares de saúde:


potencialidades e desafios É apresentada uma síntese do desenvolvi-
mento das medidas de estado de saúde de
populações e do reconhecimento da ne-
cessidade de inquéritos populacionais pe-
Health household surveys: potentials riódicos para a geração dos novos indica-
dores. Traça-se um breve histórico sobre
and challenges o desenvolvimento dos inquéritos, apon-
tando conjunturas favoráveis no Brasil
para o estabelecimento de uma matriz de
diferentes modalidades de inquéritos que
passem a integrar de forma consistente o
sistema de informação em saúde do país.
Destacam-se algumas questões metodo-
lógicas relativas aos inquéritos e aponta-
se o acúmulo de investimento já feito no
país em validação e avaliação de instru-
mentos e escalas e em desenhos amostrais,
entre outros aspectos. É enfatizado que a
monitorização da equidade em saúde deve
ser uma atribuição central dos inquéritos
nacionais, considerando o patamar preva-
lente de concentração da renda, o que im-
plica um conjunto de definições e escolhas
de variáveis e indicadores. Ressalta-se que
as linhas de pesquisa relativas aos inqué-
ritos e à sua aplicação na análise das desi-
gualdades em saúde podem constituir es-
paços significativos para o desenvolvimen-
to de teorias epidemiológicas e de uma
prática afinada com o campo da Saúde Co-
letiva.

Palavras-chave: Inquéritos domiciliares


de saúde. Indicadores de estado de saúde.
Sistema de informação de saúde. Desigual-
dades sociais em saúde.

Marilisa Berti de Azevedo Barros


Departamento de Medicina Preventiva e Social/FCM/UNICAMP

E-mail: marilisa@unicamp.br

Rev Bras Epidemiol


2008; 11(supl 1): 6-19
6
Abstract As dimensões do estado de saúde

This paper presents a short description of O monitoramento do estado de saúde


the development of measures for popula- das populações é fundamental para a for-
tion health conditions, focusing on the rec- mulação e avaliação das políticas e progra-
ognition of periodic population surveys to mas de saúde1, sendo de interesse de to-
provide new indicators. It also provides dos os níveis de governo, e também da so-
brief history of the development of popu- ciedade em geral e suas organizações, na
lation surveys, and points out some favor- busca de melhores patamares de saúde.
able conjunctures in Brazil for establish- O estado de saúde tem sido entendido
ing a matrix of several types of surveys that como fortemente influenciado pelo contex-
could consistently integrate the Brazilian to econômico e social e mais diretamente
Health Information System. Several meth- determinado por quatro vertentes de fato-
odological issues related to the develop- res: a biologia humana, o meio ambiente, o
ment of surveys are discussed, and the in- estilo de vida e o sistema de atenção à saú-
vestments already made in the validation de. Os serviços de saúde, dialeticamente,
and evaluation of tools, scales, and sample constituem também a resposta socialmen-
design are stressed. Considering the exist- te organizada para fazer face ao estado de
ence of high concentration of wealth, saúde prevalente2. Evans e Stoddart3 dife-
health equality surveillance is emphasized renciam, entre os elementos constitutivos
as a central responsibility of nationwide do estado de saúde, os componentes “do-
surveys, which calls for the definition of ença” e “saúde e funcionamento”, discrimi-
variables and indicators. This paper high- nando, desta forma, a visão clínica (neces-
lights that research lines related to surveys sária às condutas médicas) da percepção
and health inequality may establish signifi- das próprias pessoas sobre os múltiplos as-
cant spaces for the development of epide- pectos que conformam a sua saúde. Estes
miological theories and a more integral autores entendem que a busca da saúde e
practice in the Collective Health arena. da adequada organização dos cuidados
deve visar a obtenção do bem-estar, com-
Keywords: Household interview surveys. ponente que tem sido pouco operacio-
Health status indicators. Health informa- nalizado por se tratar de dimensão comple-
tion system. Social inequalities in health. xa com valores substantivos que envolvem,
segundo Griffin4, realização, profundidade
das relações pessoais, satisfação, entendi-
mento e dignidade humana.
O estado de saúde passa a ser concebi-
do como constituído por subdimensões
que respondem ao avanço e à complexi-
dade do conceito de saúde-doença, e es-
ses componentes seriam captados por di-
ferenciados indicadores e distintos méto-
dos de mensuração.
A avaliação do estado de saúde das po-
pulações dependeu, durante longo perí-
odo de tempo, quase que exclusivamente
dos indicadores derivados de dados de
óbitos, mas estes índices perderam pro-
gressivamente a capacidade de medir a
saúde em decorrência da forte redução
das taxas de mortalidade, com os conse-

Inquéritos domiciliares de saúde Rev Bras Epidemiol


Barros, M.B.A.
7 2008; 11(supl 1): 6-19
qüentes aumentos da sobrevida e da mensões específicas, tais como: bem-es-
prevalência de doenças crônicas, que tar psíquico, bem-estar social, dor, inca-
mesmo de baixa letalidade podem ser al- pacidades físicas e outras6.
tamente incapacitantes. O novo espectro Observa-se, neste processo, uma am-
de problemas de saúde passou a reque- pliação significativa do conceito de saúde
rer, para a adequada mensuração, a cons- e do espectro de indicadores que passam
trução de indicadores de incidência e a ser necessários para o monitoramento da
prevalência de doenças e das lesões saúde (Quadro 1), sendo que os novos in-
provocadas por acidentes e violências. A dicadores não substituem mas são com-
presença simultânea de várias doenças no plementares aos anteriormente utiliza-
mesmo indivíduo, fenômeno que se in- dos.
tensifica com o aumento da sobrevida da Para dar conta da avaliação das várias
população, demandou a proposição de dimensões do estado de saúde, inúmeros
índices de comorbidades5. instrumentos foram desenvolvidos. Mui-
O novo contexto também deixa claro tos dos questionários e escalas elabora-
que ter uma doença diagnosticada não se dos para a avaliação da qualidade de vida
acompanha necessariamente do mesmo relacionada à saúde foram elaborados no
grau de prejuízo nos níveis de saúde e de âmbito da investigação clínica. Os indica-
desempenho das tarefas cotidianas. O dores passaram a incorporar, e com am-
“grau” de saúde dos pacientes diagnosti- pla aceitação, elementos subjetivos de
cados dependerá da magnitude com que auto-avaliação. Para tanto, houve a neces-
a doença afeta as suas atividades e o seu sidade do desenvolvimento de bases teó-
bem-estar. O impacto da doença em pro- ricas sobre psicofísica e psicometria que
vocar limitações e incapacidades passa a pudessem respaldar o uso de julgamento
ser dimensionado por instrumentos que subjetivo como forma adequada de
avaliam a preservação das atividades da mensuração da saúde6.
vida diária (básicas e instrumentais) e da Um corpo de informações válidas pas-
qualidade de vida relacionada à saúde. Es- sa a ser cada vez mais requisitado para as
tes últimos implicam na quantificação de decisões, seja na clínica ou nas interven-
aspectos subjetivos da percepção e avalia- ções em saúde coletiva. E os indicadores
ção das pessoas sobre a própria condição de saúde, que se distanciavam entre os uti-
de saúde-doença e diferenciam-se entre os lizados na abordagem do paciente e os uti-
que objetivam a análise global do estado lizados no campo da Saúde Pública, pas-
de saúde e aqueles dirigidos a avaliar di- sam a ter aplicações intercambiadas.

Quadro 1 – Ampliação do Conceito de Saúde-Doença


Picture 1 – Widening of the Health-Disease Concept

Rev Bras Epidemiol Inquéritos domiciliares de saúde


2008; 11(supl 1): 6-19
8 Barros, M.B.A.
As várias dimensões da saúde e da qua- Além da avaliação do estado de saúde,
lidade de vida em saúde passam a ser o dimensionamento dos determinantes
escrutinadas e quantificadas com instru- referentes às condições de vida e aos fato-
mentos que são validados e traduzidos res de risco para doenças crônicas é essen-
para diferentes idiomas. Uma profusão cial para a análise de situação de saúde, e
destes instrumentos abarca os mais diver- assume maior relevância quando políticas
sificados aspectos da saúde, incluindo até de promoção de saúde passam a ser efeti-
os relativos à vida espiritual7 e ao funcio- vamente adotadas.
namento e satisfação sexual8 e valorizan- Como destacado, com a complexidade
do temas como felicidade e bem-estar. A crescente do perfil das doenças prevalentes
quantidade de instrumentos já desenvol- e da organização dos serviços, passou a ser
vidos pode ser apreciada no Quadro 2, que requerida a mensuração das inúmeras di-
apresenta o número de questionários e mensões da saúde. Para monitorar a situa-
escalas sobre diferentes tópicos que foram, ção de saúde das populações, os países pas-
ainda na década de 90, selecionados e ava- saram a utilizar matrizes de indicadores que
liados por McDowell e Newell6. necessariamente abrangem vários compo-
A quantidade de domínios que podem nentes do estado de saúde, incluindo tam-
ser abarcados por um único instrumento bém os determinantes e índices da quali-
é exemplificada pelas oito dimensões con- dade da organização e do desempenho dos
tidas no Medical Outcome Studies - 36 serviços.
item Short Form Health Survey (SF-36): A exigência dos novos indicadores está
capacidade funcional, aspectos físicos, reconhecida nos modelos de avaliação dos
dor, estado geral de saúde, saúde mental, sistemas de saúde utilizados em diferen-
vitalidade, aspectos sociais e aspectos tes países e no modelo proposto pelo pro-
emocionais9. jeto Pro-Adess (Quadro 3) para a avaliação
Entretanto, os autores têm enfatizado a da performance do sistema de saúde bra-
dificuldade de comparação de informações sileiro11.
baseadas em percepções e relatos, pois elas As novas modalidades de indicadores
sofrem forte influência dos contextos cul- não derivam de fontes secundárias de da-
turais, o que pode ser detectado por indíci- dos, de modo que os sistemas nacionais
os de importante inconsistência em resul- de informação precisam progressivamen-
tados obtidos de diferentes países10. te incorporar os inquéritos de base popu-

Quadro 2 – Medindo o estado de saúde


Picture 2 – Measuring health status

Inquéritos domiciliares de saúde Rev Bras Epidemiol


Barros, M.B.A.
9 2008; 11(supl 1): 6-19
Quadro 3 – Matriz de dimensões da avaliação de desempenho do Sistema de Saúde
Picture 3 – Matrix of the dimensions of Health System performance assessment

lacional como um componente essencial dicos de saúde foram iniciados no final da


para a geração de informações necessárias década de 50. O “National Health Interview
à formulação e avaliação das políticas so- Survey” (NHIS) foi realizado pela primeira
ciais e intervenções do setor saúde1. A rea- vez em 1957 e, desde 1960, passou a ser
lização da Pesquisa Mundial da Saúde, pro- aplicado anualmente pelo National Center
movida pela OMS em 71 países, incluindo for Health Statistics (NCHS), do Centers for
o Brasil12, evidenciou a necessidade da re- Diasease Control and Prevention (CDC).
alização de inquéritos populacionais para Com o objetivo de monitorar as tendênci-
prover as informações requeridas para a as de morbidades e de incapacidades, o
avaliação de desempenho dos sistemas de conteúdo desse inquérito sofreu periódi-
saúde. cas reformulações14.
Modalidade de inquérito que combina
Um breve histórico sobre os inquéritos entrevistas com exames clínicos foi tam-
de saúde bém implementada pelo NCHS, na mes-
ma época em que teve início o NHIS. Os
Nos países desenvolvidos, os inquéri- Health Examination Surveys (HES) foram
tos de saúde de base populacional tiveram realizados em 1960/62, 1963/65 e 1967/70
implementação mais significativa a partir e, a partir de 1970, foram substituídos pe-
dos anos 60 e, em períodos posteriores, los National Health and Nutritional Exami-
passaram a ser aplicados com maior fre- nation Surveys (NHANES), que passam a
qüência também nos países subdesenvol- ser contínuos em 1999. Os exames, que são
vidos. Em alguns destes países, com gran- realizados em unidades móveis, incluem
de precariedade dos sistemas rotineiros de avaliações médicas, odontológicas, medi-
registros de dados, os inquéritos represen- das fisiológicas e testes laboratoriais. Vá-
tam, muitas vezes, a única forma de obten- rios estudos de seguimento vêm sendo
ção de informação13. acoplados a esses inquéritos15.
Nos Estados Unidos, inquéritos perió- Pelo National Center for Chronic

Rev Bras Epidemiol Inquéritos domiciliares de saúde


2008; 11(supl 1): 6-19
10 Barros, M.B.A.
Disease Prevention and Health Promotion saúde e de fatores de risco. A pesquisa
(NCCDPHP) , também componente do combina questionários com medidas físi-
CDC, passou a ser desenvolvido, desde cas. Inclui questões sobre saúde e indica-
1981, o Behaviour Risk Factor Surveillance dores psicossociais, demográficos e socio-
System (BRFSS), que constitui o maior sis- econômicos; consumo de cigarro e álcool;
tema de vigilância por telefone realizado indicadores de uso de serviços de saúde e
no mundo. Iniciado em 1981/83, passou a de medicamentos e medidas de altura,
ser aplicado anualmente a partir de 1984, peso e pressão arterial. O inquérito tem
inicialmente em 15 Estados. Em 1994, to- incluído mensurações de colesterol, fibri-
dos os Estados americanos já estavam par- nogênio, hemoglobina e cotinina, entre
ticipando do sistema. O objetivo de cria- várias outras17.
ção do BRFSS foi obter dados de fatores de A Organização Mundial da Saúde (OMS)
riscos para Estados e unidades geográficas tem promovido, nas últimas décadas, vári-
menores, visto que o NCHS já obtinha es- as pesquisas multicêntricas, envolvendo
sas informações, mas apenas com estima- muitos países, sobre os mais diferentes te-
tivas globais para o país16. Além destes, inú- mas de saúde. Algumas destas pesquisas
meros outros inquéritos de grande porte, incluem inquéritos de base populacional
sobre os mais diferentes temas relativos à como aquela realizada sobre a prevalência
saúde, são periodicamente realizados nos de fatores de risco de doenças não trans-
Estados Unidos15. missíveis18, e o estudo multicêntrico sobre
No Reino Unido, que teve um inquéri- comportamento suicida (ideação, plano e
to de morbidade realizado em 1943/52 tentativa), que inclui inquérito de base
(Survey of Sickness), foi iniciada, em 1971, populacional desenvolvido pelo Projeto
a aplicação anual do General Household SUPRE-MISS19.
Survey (GHS). Com o objetivo de permitir Mais recentemente, a OMS organizou
interrelacionar diferentes áreas de políti- a realização do World Health Survey
ca social e monitorar mudanças, os resul- (WHS), aplicado em 71 países, entre os
tados desse inquérito são muito utilizados quais o Brasil, que tem por objetivo cole-
pelo governo central e por profissionais e tar informações para avaliar a performance
pesquisadores. A partir de 2000, o GHS dos sistemas de saúde. Esta iniciativa bus-
passa a ser constituído por dois compo- ca superar parte das críticas apresentadas
nentes: um contínuo e os trailers. O Reino ao indicador proposto pela OMS em 200020.
Unido iniciou, em 1990, o National Statis- Os inquéritos de base populacional têm
tics Omnibus Survey, com o objetivo de sido freqüentemente realizados no Cana-
obter resultados rápidos sobre temas di- dá e suas províncias, e na maioria dos pa-
versos como contraceptivos, medicamen- íses europeus, bem como em países em
tos, cigarro, acesso à Internet, transporte, desenvolvimento, nestes, em geral, por
uso do tempo, mudança na renda familiar iniciativa e propostas de agências e orga-
etc. Várias outras pesquisas são realizadas nizações internacionais21.
no Reino Unido, tais como inquéritos so- No Brasil, foi realizado na década de 70,
bre estilo de vida, problemas específicos em Ribeirão Preto, SP, um inquérito pio-
de saúde, saúde mental e percepção do neiro de base populacional sobre mor-
público sobre o Sistema Nacional de Saú- bidade referida e uso de serviços de saú-
de (NHS). Em 1991, começou a ser aplica- de22. Esta iniciativa propiciou discussões
do o Health Survey for England, cobrindo sobre as diversas questões metodológicas
a população adulta com 16 anos ou mais afeitas a este tipo de pesquisa e estimulou
e, a partir de 1995, passando a também in- o desenvolvimento de alguns projetos sub-
corporar crianças na amostra. A cada ano, seqüentes13,23,24. Em âmbito nacional, pes-
a pesquisa focaliza diferentes grupos quisas com temas mais relacionados ao
demográficos, ou diferentes condições de setor saúde iniciam-se em 1974/75, com o

Inquéritos domiciliares de saúde Rev Bras Epidemiol


Barros, M.B.A.
11 2008; 11(supl 1): 6-19
Estudo Nacional de Despesa Familiar de prevenção e controle de agravos.
(ENDEF) que foi seguido, na temática, pe- Experiências de âmbito menor que os
las Pesquisas de Orçamento Familiar (POF) inquéritos nacionais significam espaços e
realizadas em 1987 e 1996. Voltadas para oportunidades fundamentais de experi-
as questões de nutrição e reprodução, fo- mentação e validação de instrumentos, de
ram desenvolvidas a Pesquisa Nacional compreensão dos determinantes da vari-
sobre Saúde e Nutrição (PNSN), em 1989, ação dos valores médios nacionais ou re-
pelo Instituto Nacional de Alimentação e gionais, e de aprofundamento de questões
Nutrição (INAN) e Instituto Brasileiro de que necessitam de investigações mais es-
Geografia e Estatística (IBGE), e a Pesqui- pecíficas e detalhadas. Podem também
sa Nacional sobre Demografia e Saúde atender a necessidades de gestão em ní-
(PNDS), implementada em 1996, sob os vel municipal ou regional, não contempla-
auspícios da Sociedade Bem-Estar Famili- das em pesquisas nacionais.
ar no Brasil (BENFAM). Em 1996/97 foi re-
alizada pelo IBGE a Pesquisa sobre Padrão Modalidades de inquéritos e algumas
de Vida (PPV), que cobriu 5.000 domicílios questões relativas a métodos e trabalho
das regiões nordeste e sudeste, e incluiu de campo
várias questões de interesse da saúde. Pela
cobertura territorial e periodicidade, reves- Os inquéritos de base populacional,
tem-se da maior importância no país as que usualmente constituem estudos de
Pesquisas Nacionais por Amostras de Do- corte-transversal aos quais podem ser
micílios (PNADs), que tiveram início em acoplados outros desenhos de pesquisas,
19671. A potencialidade da PNAD para a podem ser classificados ou categorizados
realização de inquéritos de saúde foi segundo um conjunto de características:
identificada por Carvalheiro, na década de abrangência geográfica, população/seg-
7021. Em 1981, foi aplicado um primeiro su- mentos demográficos alvo, conteúdos
plemento de saúde na PNAD, seguido pe- temáticos, tipo de dado/material coletado,
los realizados em 1986, 1988 e 1998 e forma de obtenção da informação e perio-
200321,25. dicidade.
Embora algumas questões sobre práti- Quanto à temática dos inquéritos, que
cas preventivas e prevalência de compor- pode ser ampla e diversificada ou voltada
tamentos relacionados à saúde tenham para um tópico específico, vêm ganhando
sido incluídas em outros inquéritos, a pri- importância os conteúdos sobre os com-
meira grande pesquisa nacional sobre esta portamentos relacionados à saúde ou os
temática é realizada pelo Instituto Nacio- fatores de risco para doenças crônicas não
nal de Câncer, em 2002-2003, por deman- transmissíveis. Entre estes fatores, pela
da da Secretaria de Vigilância em Saúde do reconhecida importância do efeito que
Ministério da Saúde26. Inovação significa- exercem na morbimortalidade, são espe-
tiva foi obtida com o desenvolvimento do cialmente investigados o tabagismo, a de-
sistema de vigilância de fatores de risco pendência de álcool, a qualidade da dieta
para doenças crônicas (VIGITEL), que e o sedentarismo. A prevalência de condi-
inaugura no país o uso de inquéritos por ções crônicas é outro tópico relevante nos
telefone em âmbito nacional27. inquéritos e, entre as doenças que têm sido
Caminha-se, desta forma, no Brasil, pesquisadas, destacam-se a hipertensão,
para a consolidação de uma política que o diabetes, os transtornos mentais e a pre-
reconhece a necessidade de inquéritos sença de sobrepeso/obesidade, pelo mai-
periódicos para gerar informações que não or impacto na demanda de serviços de saú-
são obtidas em registros contínuos e são de e na qualidade de vida dos pacientes.
essenciais para o planejamento e a avalia- Entre as questões metodológicas de
ção das políticas de promoção de saúde e grande interesse nos inquéritos encon-

Rev Bras Epidemiol Inquéritos domiciliares de saúde


2008; 11(supl 1): 6-19
12 Barros, M.B.A.
tram-se as que tratam dos modelos de trabalho dos entrevistadores para se adequar
amostragem, da qualidade e validade da ao agendamento das entrevistas.
informação e das taxas de não-resposta. Os avanços nas questões metodo-
Verifica-se que vários dos instrumentos lógicas, gerando informações com melhor
desenvolvidos em outros países vêm sen- validade e estimativas com maior precisão,
do traduzidos e validados para uso na po- têm levado a ampliar a utilização dos re-
pulação brasileira. Uma breve listagem sultados dos inquéritos de base popu-
evidencia a diversidade de instrumentos lacional. Embora os inquéritos nacionais
trabalhados por diferentes instituições visem especialmente monitorar as condi-
acadêmicas: o Alcohol Use Disorders ções de saúde das populações, é reco-
Identification Test - AUDIT,28,29 Medical nhecido que eles têm produzido um signi-
Outcome Studies - 36 item Short Form ficativo avanço do conhecimento em am-
Health Survey SF36,30 Questionário Inter- plo espectro de temas de saúde, gerando
nacional de Atividade Física - QIAF,31 o Ín- grande produção de artigos científicos.
dice de Qualidade da Dieta - IQD,32 o Self Em síntese, os inquéritos de saúde pos-
Reporting Questionnaire -SR2033 e a Esca- sibilitam a obtenção de informações sobre
la de Apoio Social.34 Alguns pesquisadores diferentes dimensões do estado de saúde,
brasileiros têm, também, validado infor- sobre determinantes demográficos, sociais,
mações obtidas dos entrevistados sobre econômicos e culturais da saúde-doença,
algumas questões como: peso e altura35-39, além de comportamentos relacionados à
presença de hipertensão arterial40 e infor- saúde, muitos dos quais constituem conhe-
mação materna sobre o peso dos filhos ao cidos fatores de risco de doenças crônicas.
nascer41. Além disso, os inquéritos permitem conhe-
Outro aspecto relevante para a valida- cer a realidade do acesso aos múltiplos ser-
de das estimativas geradas por um inquéri- viços e atividades da saúde. Em todas estas
to é o percentual de perdas. Mas, antes dis- dimensões, os inquéritos possibilitam o re-
to, é preciso considerar que inquéritos do- conhecimento e a análise do padrão das
miciliares não incluem os segmentos da po- desigualdades sociais na saúde.
pulação que estão institucionalizados ou
que não têm domicílios, subgrupos que ne- Inquéritos e equidade em saúde
cessitariam de pesquisas especialmente de-
senhadas. Quanto ao percentual de não- As desigualdades sociais em saúde,
resposta, verifica-se que as altas taxas de vi- registradas de longa data, tiveram seu es-
olência urbana, verificadas hoje no Brasil, tudo retomado com ênfase, na década de
têm introduzido dificuldade adicional para 90, frente à verificação da persistência ou
a realização de inquéritos domiciliares. ampliação dos diferenciais de saúde entre
Diversas estratégias têm sido utilizadas os segmentos sociais42,43. A Organização
para melhorar o percentual de resposta: se- Mundial da Saúde justificava sua força-ta-
leção e treinamento cuidadosos de entrevis- refa no tema por considerar que as dife-
tadores; inserção de áreas residenciais de di- renças de saúde entre os estratos sociais
ferentes níveis econômicos já no estudo pi- eram excessivas e vulneráveis às tecno-
loto; divulgação adequada para a comunida- logias disponíveis. Além disso, reconheci-
de por meio de cartas, mídia, unidades de am que os sistemas usuais de informação
saúde etc; apoio institucional com transpor- não permitiam monitorar as desigualdades
te mais seguro para áreas de maior risco; par- e que o tema precisaria ser incluído nas
ceria com unidades básicas de saúde próxi- agendas de gestores do sistema de saúde42.
mas aos setores sorteados, que têm vivência Diferentes paradigmas e correntes de
sobre acesso e receptividade e podem repre- pensamento embasam as iniciativas cien-
sentar importante retaguarda em necessida- tíficas e as das agências internacionais que
des assistenciais; e flexibilidade do horário de convergem suas atividades para o campo

Inquéritos domiciliares de saúde Rev Bras Epidemiol


Barros, M.B.A.
13 2008; 11(supl 1): 6-19
da eqüidade em saúde. Gwatkin43 identifi- nhar foco e relevância as desigualdades
ca três correntes de pensamento/movi- referentes às diferenças de gênero, raça e
mento no interior deste campo, que pode- etnia, área de moradia e afiliação religio-
riam ser designados pelo seu enfoque cen- sa, entre outros.
tral em pobreza e saúde, desigualdades em O monitoramento das desigualdades
saúde e ineqüidades em saúde. sociais em saúde, que em décadas anteri-
As análises das desigualdades sociais em ores restringia-se às taxas de mortalidade,
saúde consubstanciam parte significativa do amplia o espectro temático para incluir o
desenvolvimento da Epidemiologia Social perfil de morbidade e, em particular, a
nas três correntes identificadas por Krieger44: prevalência de fatores de risco de doenças
Teoria Psicosocial, Produção Social da Do- crônicas. A literatura acumula evidências
ença e Epidemiologia Eco-social/Multinível. da maior prevalência de fumantes nos seg-
As três vertentes diferenciam-se na ênfase mentos de baixa renda e escolaridade26 e,
com que as dimensões política e econômica em especial, nos grupos mais excluídos e
são consideradas 44,45. Os estudos sobre marginalizados55. São os estratos de pior
equidade alinham-se às demandas do cam- nível socioeconômico que também con-
po da Saúde Pública/Saúde Coletiva e res- centram maiores prevalências de seden-
pondem, de certa forma, às críticas feitas à tarismo em contexto de lazer56,57, de uso
trajetória da epidemiologia na segunda me- abusivo ou dependência de álcool58,59, de
tade do século XX46,47. maior ocorrência de obesidade60 e de die-
Nas últimas décadas, os estudos de tas de pior qualidade32. Os segmentos eco-
desigualdades sociais em saúde ganharam nomicamente desfavorecidos da popula-
aporte significativo com o desenvolvimen- ção são os que apresentam maior vulnera-
to de novos métodos e desenhos de estu- bilidade à maioria dos comportamentos
dos, com a diversificação dos eventos de não saudáveis 26,27,61. É reconhecido que
saúde que passam a constituir objeto de uma fração substancial das diferenças so-
análise, com a utilização de técnicas alter- ciais em morbidade e mortalidade decor-
nativas de mensuração das disparidades e rem das diferenças no padrão de compor-
com o acúmulo de conhecimentos sobre tamentos relacionados à saúde55,62. Os es-
os principais vieses a que os estudos estão tudos apontam que os segmentos de me-
sujeitos48,49. Para quantificar e monitorar a lhor nível socioeconômico vêm adotando
disparidade social em saúde, inúmeras mais rapidamente estilos de vida mais sau-
medidas são propostas e ensaiadas, inclu- dáveis pelas condições materiais de vida
indo medidas absolutas ou relativas, de que usufruem e pelo maior acesso à infor-
efeito ou de impacto, brutas ou modela- mação, situação que tende a resultar em
das50,51. ampliação das desigualdades sociais na
Quanto à configuração dos estratos morbimortalidade. Considerando o im-
socioeconômicos ou de classes sociais, a pacto dos comportamentos não saudáveis
ocupação ganha espaço destacado, sendo no perfil atual e futuro de saúde e a ten-
considerada “a core socioeconomic varia- dência de concentração destes comporta-
ble”52. Entre as classificações de ocupa- mentos nos segmentos socialmente mais
ções, são diferenciadas as hierárquicas das desfavorecidos, torna-se relevante moni-
estruturais, estas últimas com orientação torar as prevalências e identificar os
marxista ou filiação mais eclética;50 alguns subgrupos com maior vulnerabilidade, de
pesquisadores têm apontado a importân- forma a nortear políticas e programas de
cia da análise de classes sociais nos estu- promoção da saúde e de controle de fato-
dos de alguns temas de saúde53,54. res de risco.
Além das iniqüidades em saúde relaci- Estudos de morbidade referida tam-
onadas aos estratos socioeconômicos ou bém apontam as maiores prevalências nos
às frações de classe social, passam a ga- segmentos de menor escolaridade ou ren-

Rev Bras Epidemiol Inquéritos domiciliares de saúde


2008; 11(supl 1): 6-19
14 Barros, M.B.A.
da24,26,63,64. A desigualdade social de acesso triz adequada e eficiente que viabilize
ao uso de serviços de saúde e às práticas monitorar as condições de saúde e o de-
preventivas é diferenciada conforme o tipo sempenho do sistema. A elaboração desta
de serviço demandado. Para alguns servi- matriz implica a definição de conteúdos
ços, a estruturação do SUS permitiu am- temáticos, indicadores básicos a serem
plo acesso com forte impacto na redução gerados, abrangência geográfico-adminis-
das ineqüidades; para outros, persiste ain- trativa, populações alvo, periodicidades e
da nítido gradiente favorecendo os estra- métodos de coleta de dados, entre outros
tos sociais de maior escolaridade e ren- aspectos. A possibilidade de sobreposição
da24,65,66. Para algumas práticas, entretan- de levantamentos e de obtenção de dados
to, como a vacinação de idosos, verifica- redundantes implica na exigência de veri-
se maior utilização pelos segmentos de ficação da real necessidade e complemen-
menor nível socioeconômico que são, em taridade de cada tipo de pesquisa, especi-
maior proporção, cobertos pelo Sistema almente em país com maior escassez de
Único de Saúde67. recursos.
Para a análise da desigualdade social A descentralização da gestão da saúde,
relativa a todos estes temas e ao amplo es- muito significativa no sistema brasileiro
pectro das dimensões do estado de saúde, coloca, em relação aos inquéritos, as ques-
os inquéritos constituem estratégia apro- tões do grau de validade da generalização
priada para a análise e monitoramento da de resultados e a pertinência da realização
eqüidade em saúde68. Além da variedade de inquéritos estaduais ou municipais,
de tópicos, os inquéritos possibilitam a para atender necessidades dos diferentes
análise das desigualdades entre segmen- níveis de gestão.
tos sociais definidos segundo gênero, raça/ Os dados gerados pelos inquéritos, as-
cor, renda, escolaridade, ocupação, indi- sim como pelos demais componentes do
cadores compostos e área de moradia, en- sistema de informação de saúde, precisa-
tre outros. rão ser oportunos e atuais, além de acu-
rados e completos.
Desafios para o aprimoramento dos A qualidade das informações geradas
inquéritos e sua integração no sistema pelos inquéritos é um desafio central que
nacional de informação de saúde aponta para a necessidade de implementar
ou propiciar maior desenvolvimento de
Reconhece-se que os inquéritos de várias iniciativas. Uma das atividades re-
base populacional são meios apropriados levantes para o aprimoramento dos inqu-
para a obtenção de muitos dos novos in- éritos é o desenvolvimento, a validação e
dicadores necessários para o monitora- a avaliação de questionários, escalas e ins-
mento do estado de saúde e do desempe- trumentos, visando comparações com da-
nho dos sistemas de saúde, tendo como dos internacionais, mas com uma perspec-
eixo a questão da eqüidade. O desenvolvi- tiva crítica de pertinência frente às neces-
mento de inquéritos acrescenta, entretan- sidades e prioridades nacionais.
to, desafios à organização dos sistemas Quanto às questões metodológicas,
nacionais de informação de saúde1,25,69. inúmeros aspectos requerem desenvolvi-
As informações geradas pelos inquéri- mentos e aprimoramentos: processos de
tos deveriam ser complementares, e sem coleta das informações, meios de obten-
sobreposições desnecessárias às derivadas ção dos dados, uso de computador em
de outros componentes do sistema de in- campo, treinamentos de entrevistadores,
formação. estratégias de redução da não-resposta,
Por outro lado, várias modalidades de entre outros.
inquéritos nacionais revelam-se necessá- Algumas questões éticas precisam ser
rias, o que exige a construção de uma ma- consideradas em relação aos inquéritos. É

Inquéritos domiciliares de saúde Rev Bras Epidemiol


Barros, M.B.A.
15 2008; 11(supl 1): 6-19
necessária uma discussão sobre formas de O grau extremo de concentração de
disponibilizar bancos de dados de inqué- renda do país e suas múltiplas conseqü-
ritos, realizados por instituições públicas ências tornam o monitoramento das
ou financiados com recursos públicos, a disparidades sociais uma atribuição es-
pesquisadores e gestores interessados, cer- sencial dos inquéritos de base popu-
tamente preservando a identidade dos en- lacional. Para responder a esta atribuição
trevistados. Inclusive, como é usual para alguns aspectos são relevantes: seleção de
algumas agências15, a disponibilização de indicadores de saúde sensíveis à influên-
manuais e capacitações para o acesso efe- cia das variáveis sociais, periodicidade
tivo aos dados. apropriada para identificar mudanças sig-
Precisa ser feita uma discussão quanto nificativas, formas de coleta da informa-
à necessidade de carta de consentimento ção, escolha de medidas de desigualdades,
em inquéritos domiciliares que se basei- e, em especial, de grupos de comparação
am exclusivamente em entrevistas, sem (seleção de variáveis sociais e econômicas).
coleta de material biológico. Hoje, esta exi- No âmbito disciplinar da epidemio-
gência se coloca inclusive para um estudo logia, a realização de inquéritos de base
de natureza qualitativa que se proponha, populacional, pode propiciar o desenvol-
por exemplo, a entrevistar alguns secretá- vimento de métodos, técnicas e conheci-
rios municipais de saúde. mentos que respondam com mais sintonia
Outros tópicos a considerar são o risco às necessidades do campo da Saúde Cole-
que envolve o trabalho dos entrevis- tiva. As linhas de pesquisa voltadas ao de-
tadores, especialmente em situação de in- senvolvimento de inquéritos podem cons-
tensa violência urbana, e a atuação de tituir espaços de formação de alunos de
entrevistadores e pesquisadores, frente a graduação e pós-graduação numa diretriz
situações de necessidades médicas ou a de compromisso com a saúde da popula-
eventos inusitados que podem ocorrer du- ção, e estimular a elaboração de teorias so-
rante o trabalho de campo. As formas de bre a distribuição populacional das doen-
retorno dos resultados para as pessoas en- ças, pouco desenvolvidas na Epidemio-
trevistadas também é questão que precisa logia70, cuja vocação tem se voltado mais
ser considerada. para a produção de evidências empíricas.

Referências

1. Viacava F. Informações em saúde: a importância dos 6. McDowell I, Newell C. Measuring health: a guide to rating
inquéritos populacionais.. Ciênc Saúde Coletiva 2002; scales and questionnaires. New York: Oxford University
7(4): 607-21. Press; 1996.

2. Castellanos PL. Epidemiologia, saúde pública, situação 7. Volcan SM, Sousa PL, Mari JJ, Horta BL. Relação ente
de saúde e condições de vida: considerações conceituais. bem-estar espiritual e transtornos psiquiátricos menores:
In: Barata RCB, organizador. Condições de vida e saúde. estudo transversal. Rev Saúde Pública 2003; 37(4): 440-5.
Rio de Janeiro: Abrasco; 1997. pp. 31-75.
8. Meston CM. Validation of the Female Sexual Functioning
3. Evans RG, Stoddart GL. Producing health, consuming Index (FSFI) in women with female orgasmic disorder
health care. Soc Sci Med 1990; 31(12): 1347-63. and in women with hypoactive sexual desire. J Sex
Marital Ther 2003; 29(1): 39-46.
4. Griffin J. A note on measuring well-being. In: Murray CJL
et al. Summary measures of population health: concepts, 9. Ware JE, Kosinski M, Keller SD. SF-36 Physical and
ethics, measurement and applications. Geneva: WHO; mental health summary scales: a user’s manual. Boston:
2002. pp. 129-33. The Health Institute; 1994.

5. Charlson ME, Szatrowski TP, Peterson J, Gold J. 10. Sadana R, Mathers CD, Lopez AD, Murray CIL, Iburg KM.
Validation of a combined comorbidity index. J Clin Comparative analyses of more than 50 household surveys
Epidemiol 1994; 47(11): 1245-51. on health status. In: Murray CJL et al. Summary measures
of population health: concepts, ethics, measurement and
applications. Geneva: WHO; 2002. pp. 369-86.

Rev Bras Epidemiol Inquéritos domiciliares de saúde


2008; 11(supl 1): 6-19
16 Barros, M.B.A.
11. Viacava F, Almeida C, Caetano C. et al. Uma metodologia 24. Cesar CLG, Carandina L, Alves MCGP, Barros MBA,
de avaliação do desempenho do sistema de saúde Goldbaum M, organizadores. Saúde e condição de vida
brasileiro. Ciênc Saúde Coletiva 2004; 9(3): 711-24. em São Paulo. Inquérito multicêntrico de saúde no
Estado de São Paulo- ISA-SP. (1ª ed.) São Paulo: FSP/
12. Szwarcwald CL, Viacava F. Pesquisa Mundial de Saúde no USP; 2005.
Brasil, 2003 (editorial). Cad Saúde Pública 2005; 21 Supl.:
S4-S5. 25. Viacava F, Dachs N, Travassos C. Os inquéritos
domiciliares e o sistema Nacional de Informações em
13. Cesar CLG, Tanaka OY. Inquérito domiciliar como Saúde. Ciênc Saúde Coletiva 2006; 11(4): 863-9.
instrumento de avaliação de serviços de saúde: um
estudo de caso na região sudoeste da área metropolitana 26. Brasil. Ministério da Saúde, SVS/SAS/INCA. Inquérito
de São Paulo, 1989-1990. Cad Saúde Pública 1996; 12 domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade
Supl. 2: 59-70. referida de doenças e agravos não transmissíveis – Brasil:
15 capitais e Distrito Federal, 2002/2003. Rio de Janeiro:
14. Adams PF, Dey NA, Vickerie JL. Summary health statistics INCA; 2004.
for the US population: National Health Interview Survey,
2005. Vital Health Stat 2007; 10 (233). 27. Brasil. Ministério da Saúde, SVS/SGEP. Vigitel, Brasil,
2006. Vigilância de fatores de risco e proteção para
15. Zeni MB, Kogan MD. Existing population-based health doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília, DF;
databases: useful resources for nursing research. Nurs 2007.
Outlook 2007; 55(1): 20-30.
28. Méndez BE. Uma versão brasileira do AUDIT – Alcohol
16. [CDC] Centers for Disease Control and Prevention. use Disorder Identification Test. [dissertação de
National Center for Chronic Disease Prevention and mestrado]. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas;
Health Promotion. Behavioral risk factor surveillance 1999.
system. Atlanta; 1999.
29. Lima CT, Freire ACC, Silva APB, Teixeira RM, Farrel M ,
17. United Kingdom. Department of Health. Health Survey Prince M. Concurrent and construct validity of the AUDIT
for England [on line]. Disponível em: URL: http:// in an urban Brazilian sample. Alcohol Alcohol 2005; 40(6):
www.dh.gov.uk/PublicationsAndStatistics/ 584-9.
PublishedSurvey?ListOfSurveySince1990/
GeneralSurveys/fs/en [Acessado em 27 de outubro de 30. Ciconelli, RM. Tradução para o Português e validação do
2004]. questionário genérico de avaliação de qualidade de vida
“Medical Outcome Studies, 36 – Item Short Form Health
18. Berrios X, Koponen T, Higuang T, Khaltaev N, Puska P, Survey (SF-36)” [tese de doutorado]. São Paulo:
Nissinen A. Distribution and prevalence of major risk UNIFESP; 1997.
factors of non communicable diseases in selected
countries: the WHO Inter - Health Programme. Bull 31. Matsudo S, Araújo T, Matsudo V, Andrade D, Andrade E,
World Health Organ 1997; 75(2): 99-108. Oliveira LC , Braggion G. Questionário Internacional de
Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e
19. [WHO] World Health Organization. Multisite Intervention reprodutibilidade no Brasil. Rev Bras Atividade Física e
Study on Suicidal Behaviour SUPRE-MISS: Protocol of Saúde 2001; 6(2): 5-18.
SUPRE-MISS. Geneva: WHO; 2002.
32. Fisberg RM; Morimoto JM, Slater, B, Barros MBA,
20. Almeida C, Braveman P, Gold MR, Szwarcwald CL, Carandina, L, BARROS, Goldbaum M, Latorre MRO,
Ribeiro JM, Miglionico A et al. Methodological concern Cesar CLG. Dietary quality and associated factors among
and recommendations on policy consequences of the adults living in the state of São Paulo, Brazil. JADA 2006;
World Health Report 2000. Lancet 2001; 357: 1692-7. 106 (12): 2067-72.

21. Barros, MBA. Introdução. In: César CLG, Carandina L, 33. Mari JJ, Williams P. A validity study of a psychiatric
Alves MCGP, Barros MBA, Goldbaum M. Saúde e screening questionnaire (SRQ-20) in primary care in the
condição de vida em São Paulo: inquérito multicêntrico city of São Paulo. Br J Psychiatry 1986; 148: 23-6.
de saúde no Estado de São Paulo. São Paulo: USP/FSP,
2005. 34. Griep RH, Chor D, Faerstein E, Werneck GL, Lopes CS.
Validade de constructo de escala de apoio social de
22. Carvalheiro JR. Levantamento de condições de saúde por Medical Oucomes Study adaptada para o português no
entrevistas domiciliárias [tese de livre-docência]. Estudo Pró-Saúde. Cad Saúde Pública 2005; 21(3): 703-14.
Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da USP; 1975. 35. Schmidt MI, Duncan BB, Tavares M, Polancyk CA,
Pellanda L, Zimmer PM. Validity of self-reported weight-
23. Carandina L, Sanches O, Carvalheiro JR. Análise das a study of urban Brazilian adults. Rev Saúde Pública 1993;
condições de saúde e de vida da população urbana de 27(4): 271-6.
Botucatu, SP. Descrição do plano amostral e avaliação da
amostra. Rev Saúde Pública 1986; 20(6): 465-74. 36. Chor D, Coutinho ESF, Laurenti R. Reliability of self-
reported weight and height among state bank employees.
Rev Saúde Pública 1999; 33: 16-23.

Inquéritos domiciliares de saúde Rev Bras Epidemiol


Barros, M.B.A.
17 2008; 11(supl 1): 6-19
37. Fonseca MJM, Faerstein E, Chor D, Lopes CS. Validity of 53. Muntaner C, Borrell C, Benach J, Pasarín MI, Fernandez
self-reported weight and height and the body mass index E. The association of social class and social stratification
within the “pró-saúde” study. Rev Saúde Pública 2004; with patterns of general and mental health in a Spanish
38(3): 1-7. population. Int J Epidemiol 2003; 32(6): 950-8.

38. Oliveira AF, Gadelha AMJ, Leal MC, Szwarcwald CL. 54. Barbeau EM, Krieger N, Soobader MJ. Working class
Estudo da validação de peso e estatura em gestantes matters: socioeconomic disadvantage, race/ehinicity,
atendidas em maternidade municipal no Rio de Janeiro, gender, and smoking in NHIS 2000. Am J Public Health
Brasil. Cad Saúde Pública 2004; 20(Supl.1): S92-S100. 2004; 94(2): 269-78.

39. Silveira EA, Araújo CL, Gigante DP, Barros AJD, Lima MS. 55. Jarvis M, Wardle J. Social patterning of individual health
Validação do peso e altura referidos para o diagnóstico do behaviours: the case of cigarette smoking. In: Marmot M,
estado nutricional em uma população de adultos no Sul Wilkinson RG. Social determinants of health. Oxford:
do Brasil. Cad Saúde Pública 2005; 21(1): 235-45. Oxford University Press; 1999. pp. 240-55.

40. Lima-Costa MF, Peixoto SV, Firmo JDA. Validade da 56. Yancey AK, Wold CM, McCarthy WJ, Weber MD, Lee B,
hipertensão arterial auto-referida e seus determinantes Simon PA, Fielding JE. Physical Inactivity and overweight
(projeto Bambui). Rev Saúde Pública 2004; 38(5): 637-42. among Los Angeles county adults. Am J Prev Med 2004;
27(2):146-52.
41. Victora CG, Barros FC, Martines JC, Beria JU, Vaughan JP.
As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos? Rev 57. Zaitune MAA, Barros MBA, César CLG, Carandina L,
Saúde Pública 1985; 19(3): 195-200. Goldbaum M. Fatores associados ao sedentarismo no
lazer em idosos, Campinas, SP. Cad Saúde Pública 2007;
42. [WHO] World Health Organization. Equity in health and 23(6): 1329-38.
health care: a WHO/SIDA initiative. Geneva: WHO; 1996.
58. Mendoza-Sassi RA, Beria JU. Prevalence of alcohol use
43. Gwatkin DR. Health inequalities and the health of the disorders and associated factors: a population-based
poor: What can we do? Bull World Health Organ 2000; study using AUDIT in southern Brazil. Addiction 2003;
78(1): 3-18. 98(6):799-804.

44. Krieger N. Theories for social epidemiology in the 21st 59. Malyutina S, Bobak M, Kurilovitch D, Nikitin Y, Marmot
century: an ecosocial perspective. Int J Epidemiol 2001; M. Trends in alcohol intake by education and marital
30: 668-77. status in urban population in Russia between the mid
1980s and the mid 1990s. Alcohol Alcohol 2004; 39(1): 64-
45. Barata RB. Epidemiologia Social. Rev Bras Epidemiol, 9.
2005; 8(1): 7-17.
60. Caballero B & Popkin BM (ed) The nutrition transition:
46. Pearce N. Traditional epidemiology, modern Diet and disease in the developing world. California,
epidemiology and public health 1996; 86: 678-83. USA: Academic Press; 2002.

47. Barreto M. Por uma epidemiologia da saúde coletiva. Rev 61. Lima-Costa MF. A saúde dos adultos na região
Bras Epidemiol 1998; 1(2): 104-30. metropolitana de Belo Horizonte: um estudo
epidemiológico de base populacional. Belo Horizonte:
48. Borrel C. Métodos utilizados no estudo das desigualdades Nespe/Fiocruz/UFMG; 2004.
sociais em Saúde. In: Barata R, organizador. Condições
de vida e saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1997. pp. 167- 62. Huisman M, Kunst AE, Mackenbach JP. Inequalities in
95. the prevalence of smoking in the European Union:
comparing education and income. Prev Med 2005; 40:
49. Silva JB, Barros MBA. Epidemiologia e desigualdade: 756-64.
notas sobre a teoria e a história. Pan Am J Public Health
2002; 12(6): 375-83. 63. Theme-Filha MM, Szwarcwald CL, Souza-Júnior PRB.
Socio-demographic characteristics, treatment coverage
50. Kunst AE. Cross-national comparisons of socio-economic and self-rated health of individuals who reported six
differences in mortality. [thesis]. Rotterdam: Erasmus chronic diseases in Brazil, 2003. Cad Saúde Pública 2005;
University; 1997. 21 Supl: S43-S53.

51. Schneider C, Castillo-Salgado C, Bacallao J, Loyola E, 64. Barros MBA, César CLG, Carandina L, Torre GD.
Mujica OJ, Vidaurre M, Roca A. Métodos de medición de Desigualdades sociais na prevalência de doenças
las desigualdades de salud. Pan Am J Public Health 2002; crônicas no Brasil, PNAD-2003. Ciência e Saúde Coletiva
12(6): 398-414. 2006; 11(4): 911-26.

52. Krieger N, Moss N. Accounting for the public’s health: an 65. Zaitune MAA, Barros MBA, César CLG, Carandina L,
introduction to selected papers from a US conference on Goldbaum M. Hipertensão arterial em idosos:
“Measuring social inequalities in health. Int J Health Serv prevalência, fatores associados e práticas de controle no
1996; 26(3):383-90. Município de Campinas, Cad Saúde Pública 2006; 22(2):
285-94.

Rev Bras Epidemiol Inquéritos domiciliares de saúde


2008; 11(supl 1): 6-19
18 Barros, M.B.A.
66. Amorim VMSL, Barros MBA, Cesar CL, Carandina L, 68. Najman JM, Toloo G, Siskind V. Socioeconomic
Goldbaum M. Fatores associados à não realização do disadvantage and changes in health risk behaviours in
exame de Papanicolaou: um estudo de base populacional Australia: 1989-90 to 2001. Bull World Health Organ 2006;
no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde 84(12): 976-184
Pública 2006: 22(11): 2329-38.
69. Boerma T, Stansfield SK. Health statistics now: are we
67. Francisco PM, Donalisio MR, Barros MBA, Cesar CL, making the right investments? Lancet 2007; 369: 779-86.
Carandina L, Goldbaum M. Fatores associados com a
vacinação contra influenza em idosos. Rev Panam Salud 70. Syme L. Historical perspectives: the social determinants
Publica 2006: 259-64. of disease – some roots of the movement. Epidemiologic
Perspectives & Innovations 2005; 2: 1-7.

Inquéritos domiciliares de saúde Rev Bras Epidemiol


Barros, M.B.A.
19 2008; 11(supl 1): 6-19

You might also like