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Estudo Comparativo Cefalométrico Radiográfico dos Padrões de Crescimento Facial,


por meio da Avaliação do Ângulo Sela e Ângulo Goníaco da Análise de Jarabak, em
Pacientes Portadore...

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Carla Scanavini Croci Luís Antônio de Arruda Aidar


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Artigo de Divulgação

Estudo Comparativo Cefalométrico Radiográfico


dos Padrões de Crescimento Facial, por meio da
Avaliação do Ângulo Sela e Ângulo Goníaco da
Análise de Jarabak, em Pacientes Portadores de
Oclusão Normal e Maloclusões de Angle
Cephalometric-radiographic Comparative Study of Facial Growth Patterns
according Evaluation of Sela and Goniac Angle of Jarabak´s Analysis, in
Patients with Normal Occlusion and Angle´s Malocclusions

Resumo po dividido igualmente quanto ao sexo.


Neste trabalho, buscou-se trazer al- Após a coleta de dados e o tratamento
guma contribuição ao estudo cefalomé- estatístico, concluiu-se que:
trico-radiográfico dos padrões de cres- - Os grupos de Oclusão Normal e
cimento facial, por meio da avaliação Classe II, divisão 2 apresentaram um ân-
do ângulo sela e ângulo goníaco da gulo goníaco menor, com crescimento
Carla
Scanavini Análise de Jarabak, de pacientes porta- mais horizontal, mandíbulas mais qua-
dores de oclusão normal e maloclusões dradas e tendência à mordida profunda
de Classe I, Classe II, divisão 1, Classe esquelética;
II, divisão 2, e Classe III de Angle. - Com relação ao ângulo goníaco su-
Foi utilizada uma amostragem de 200 perior, os grupos de Classe I e Classe II,
telerradiografias cefalométricas, obtidas divisão 2 apresentaram tendência a ter
de pacientes brasileiros, filhos de brasi- um crescimento remanescente mandibu-
leiros, descendentes de mediterrâneos, lar no sentido vertical, com pouca proje-
leucodermas, de ambos os sexos, não tra- ção do mento, quando em comparação
tados ortodonticamente, apresentando aos grupos de Oclusão Normal e Classe
dentição permanente, na faixa etária de III, que mostraram tendência a um cres-
11 anos e 2 meses e 19 anos e 10 me- cimento remanescente mandibular no
ses, alunos de colégios da cidade de São sentido horizontal, que fará com que a
Paulo, região do ABC (Santo André, São face inferior seja mais prognata;
Bernardo do Campo, e São Caetano do - Os grupos de Classe I, Classe II,
Sul) e de Santos. A amostra foi dividida divisão 1 e Classe III, apresentaram
quanto ao tipo de oclusão, em cinco gru- um ângulo goníaco inferior maior,
pos, um de pacientes portadores de oclu- com um plano mandibular mais ver-
são normal e quatro de pacientes porta- tical, ao contrário dos grupos de Clas-
dores de maloclusões, segundo os con- se II, divisão 2 e Oclusão Normal,
ceitos de Angle (1899), sendo cada gru- que apresentaram um ângulo

Carla Scanavini *
Luis Antonio de Arruda Aidar **
Márcio Luppi ***
Márcia Masi ****

Palavras-chave:
* Mestre em Ortodontia pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP); Profª. Assistente da Disciplina de
Ângulo Goníaco. Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA).
Cefalometria. ** Pós-graduando - Doutorado - em Ciências Otorrinolaringológicas pela Universidade Federal de São Paulo
Análise de Jarabak. (UNIFESP - EPM); Prof. Responsável pela Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da
Universidade Santa Cecília (UNISANTA).
Maloclusão. Padrão de *** Especialista em Ortodontia pela Universidade Camilo Castelo Branco; Prof. Assistente da Disciplina de
Crescimento Facial. Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA)
Ângulo Sela. **** Mestre em Ortodontia pela Universidade de São paulo (USP-Bauu); Coordenadora do Curso de Especializa-
ção em Ortodontia e Ortopedia Facial da APCD - Santo André

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goníaco inferior menor, com tendên- predição, combinados com a Análise diante de um padrão desfavorável
cia a uma inclinação mais horizontal de Björk7 (1969), levando-se em con- com o tratamento limitado em rela-
da borda inferior da mandíbula; sideração as bases anterior e poste- ção ao alcance das metas ideais.
- Embora dentro do desvio padrão, o rior do crânio. No mesmo ano, Adams1 (1948)
grupo de Classe III apresentou um Os trabalhos de Björk7 (1969), investigou 140 casos através de ra-
ângulo sela fechado, indicando uma deram origem à Análise de Jarabak e diografias cefalométricas com o in-
posição mais vertical da base poste- Fizzell20 (1972), que associa caracte- tuito de determinar como a variação
rior do crânio (S-Ar ), o que favorece rísticas morfológicas da mandíbula na forma da mandíbula pode estar
a projeção anterior da mandíbula; com as demais estruturas do com- associada a maloclusões específicas.
- Os grupos de Classe II, divisão 1 e plexo crânio-facial. Possibilita desta Os achados foram insuficientes
Classe II, divisão 2 apresentaram dis- forma, realizar o diagnóstico com os para demonstrar alguma relação en-
creta abertura do ângulo sela, den- principais fatores determinantes, tre a idade e ângulo goníaco. Soma-
tro do Desvio Padrão. Os grupos de como por exemplo detectar se uma do a isso não houveram diferenças
Oclusão Normal e Classe I apresen- maloclusão Classe II esquelética de- significantes entre estes ângulos nos
taram um ângulo sela bem próximo vido a retrusão mandibular, é conse- casos de Classe I e Classe II. Quanto
do valor médio considerado normal. qüente de uma deficiência no tama- ao tamanho da mandíbula, os pa-
nho do ramo ou do corpo mandibu- cientes de Classe II não mostraram
INTRODUÇÃO lar, bem como uma rotação horária, diferenças quando comparados com
Os métodos cefalométrico-radio- além de retroposição da fossa man- os pacientes de Classe I. Quando o
gráficos disponíveis na literatura dibular. autor analisou a Classe III, foi nota-
ortodôntica apresentam-se como ins- Devido à grande aplicação desta do que o ângulo goníaco foi maior; o
trumentos de alto valor na elabora- análise no diagnóstico ortodôntico, ângulo do Gnatio foi sempre menor;
ção do diagnóstico e planificação do interessamo-nos em avaliar o com- o plano oclusal formou um ângulo
tratamento ortodôntico, bem como portamento do ângulo sela e ângulo mais agudo com a borda inferior da
na avaliação da seqüência de trata- goníaco nos grupos estudados, e mandíbula; e a largura ântero-pos-
mento e estudo do crescimento crâ- elucidar como estas variações podem terior do ramo foi significantemente
nio-facial. auxiliar o ortodontista no diagnósti- menor que em indivíduos jovens dos
O crescimento da face e o desen- co e plano de tratamento. outros grupos.
volvimento da oclusão dentária de- Em 1948, Drelich15 comparou pa-
pendem de múltiplos fatores, que REVISÃO DE LITERATURA drões faciais de 48 indivíduos, 24
interagem de maneira complexa: fa- Em 1931, com os trabalhos de portadores de oclusão normal e 24
tores genéticos intrínsecos, fatores Broadbent8 e Hofrath18 (1982), teve portadores de maloclusão de Classe
epigenéticos e fatores locais ou início a era científica da cefalometria II, div 1 e, concluiu que na Classe II,
ambientais atuam na definição de radiográfica que, com ou advento do o mento está localizado mais poste-
crescimento e desenvolvimento. cefalostato, possibilitou o emprego de riormente; a altura vertical se apre-
Considerando-se o grande aces- um método preciso para a obtenção sentou aumentada; a proporção da
so de crianças e adolescentes a se- de telerradiografias da cabeça. Com altura da face superior em relação ao
rem submetidos a tratamento orto- a padronização da técnica radiográ- comprimento da altura facial inferior
dôntico e, portanto, jovens com fica, inúmeros trabalhos científicos é maior; o comprimento mandibular
grande potencial de crescimento, é começaram a surgir sobre crescimen- é menor; a distância perpendicular da
de fundamental importância que o to, determinação de padrões crânio- borda do incisivo central superior ao
ortodontista procure conhecer an- faciais, diagnóstico e planificação de plano facial é menor e o arco inferior
tecipadamente as tendências de tratamento ortodôntico. Já em 1946 está posicionado mais posteriormen-
crescimento desses pacientes. Des- Tweed39, embora não falasse em ti- te; e o eixo Y da base do crânio é
te modo, poderá ser elaborado o pla- pos faciais, descreve um método para significantemente maior.
no de tratamento e melhores resul- o diagnóstico e prognóstico do trata- Neste mesmo ano Renfroe28, pro-
tados poderão ser obtidos com me- mento ortodôntico, baseado na aná- curou relacionar o tipo facial com tipos
nor grau de dificuldade. lise do ângulo formado pelo plano de de maloclusões e percebeu que o ponto
Segundo Interlandi19(1968), as Frankfort e pelo plano mandibular Gn (Gnatio) está situado mais para
tendências de crescimento da face, (FMA). Este ângulo, segundo o Au- anterior nos casos de Classe I e mais
residem especialmente na mandíbu- tor pode variar de 16 a 28 graus para para posterior na Classe II, div 1. Na
la, o osso facial ortodonticamente ser considerado como crescimento Classe II, div 2 sua posição é inter-
mais importante. Elas poderão ser mandibular favorável, e acima ou mediária; e o ponto Go (Gônio) é
antecipadas com aceitável grau de abaixo desses valores estaríamos quase idêntico na Classe II, div 1 e

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Classe II, div 2, e em ambos estão bem proporcionada, quando os dois locamento anterior da maxila duran-
posteriormente em relação à Classe I. eixos desses quatro planos, prolon- te o crescimento; à base do crânio
A comparação do padrão de Classe II, gados posteriormente, encontram ou aumentada posteriormente; ao insu-
div 1 com Classe II, div 2, revela a interceptam um ponto único, Ponto O. ficiente crescimento da mandíbula; ou
última como um tipo mais quadrado. Este ponto é posterior ao contorno à rotação posterior da mandíbula.
Em outras palavras, a altura facial occipital. Alguns anos mais tarde,
posterior (S-Go) é relativamente mai- Em 1957, Ricketts29 realizou um Creekmore13, em 1967, realizou uma
or e a altura facial anterior (N-Gn) é estudo nos quais mudanças dentárias pesquisa em pacientes tratados e não
relativamente mais curta. A borda e faciais de 50 casos de maloclusões tratados do consultório particular,
inferior da mandíbula tem o mesmo de Classe II foram analisados atra- com média de 14 anos de idade, onde
comprimento na Classe I e na Classe vés de cefalometria e laminografia. avaliou radiografias iniciais e após 4
II, div 1. Na Classe II, div 2 é leve- O estudo mostrou que mesmo anos de crescimento, para documen-
mente maior. maloclusões idênticas tratadas da tar a influência do tratamento orto-
Em 1951, Craig12 comparou os mesma forma, podem responder de dôntico no crescimento vertical do
padrões esquelético faciais de um gru- maneiras diferentes. Diz ainda, que paciente e mostrar a relação deste com
po de pacientes com 12 anos de ida- dentro do complexo têmporo-mandi- o crescimento ântero-posterior.
de, apresentando maloclusão Classe I, bular a grande variedade de tipos O autor concluiu que ângulos do
com um grupo de pacientes portadores faciais dos pacientes pode confundir plano mandibular baixos oferecem
de maloclusões Classe II, div 1, de com- o diagnóstico. problemas quanto à correção de mor-
parável idade. O autor concluiu que Salzmann31, em 1959 realizou um didas profundas, enquanto ângulos
os dois grupos tinham essencialmen- estudo para determinar proporções altos oferecem problemas quanto à
te o mesmo padrão, com exceção do faciais esqueléticas de pacientes com correção de mordidas abertas e rela-
corpo da mandíbula que aparece di- maloclusões de Classe II, div 1. Fo- ção molar Classe II. Diz ainda que
minuído na Classe II, div 1. ram utilizadas radiografias cefalomé- qualquer técnica pode ser utilizada
Em 1955, Coben11 salienta que tricas laterais de 60 crianças com ida- desde que levemos em consideração
para se compreender as diferenças des variando entre 9 e 16 anos. Con- o padrão facial do paciente, assim o
entre os tipos faciais não é suficiente cluiu que todas as medidas lineares crescimento vertical pode ser inibido
o estudo de uma simples variável, mas da altura facial anterior variaram ou estimulado de acordo com a ne-
sim conhecer o papel de cada variá- menos que suas correspondentes da cessidade particular de cada paciente.
vel e sua integração na morfologia altura facial posterior. As medidas da Di Paolo14, em 1969, estabeleceu
facial. Afirma ainda, que nenhuma altura facial inferior variaram mais uma análise denominada análise
característica pode ser julgada “nor- que as medidas da altura facial supe- quadrilateral, que indica o grau de
mal” ou “anormal”, “harmoniosa” ou rior ou total. Por fim, as medidas ver- discrepância entre o crescimento ver-
“não harmoniosa”, sem uma apreci- ticais da parte inferior posterior da tical e horizontal. Utilizando essa
ação de que esta atue no total do com- face foram as que mais variaram em análise em 200 pacientes verificou
plexo facial. Neste mesmo ano, todo o complexo facial. Ainda em três padrões faciais básicos;
Sassouni32 apresenta uma análise 1959, Steiner37, idealizou uma aná- TIPO 1: existe proporcionalidade
cefalométrica baseada, em princípio, lise cefalométrica com o intuito de aju- de crescimento horizontal e vertical.
na suposição de que em um indiví- dar no diagnóstico e planejamento Bom padrão na face inferior e ade-
duo a proporcionalidade céfalo-facial dos casos ortodônticos. O autor re- quada relação desta com a superior.
é conseguida por um equilíbrio entre lata, quanto ao diagnóstico dos ca- Nesse tipo todas as maloclusões são
certos segmentos de crescimento. sos, que os maiores valores da cefa- dento-alveolares
Procurou elucidar um padrão básico lometria estão no campo dos estu- TIPO 2: predominância do cresci-
arquitetural, usando quatro planos dos comparativos, onde a compara- mento horizontal, com pouco cresci-
horizontais de referência, cada um ção demonstra mudanças ocorridas mento vertical, resultando em dimi-
delimitando uma área de ajustamento e indicam as respostas ao tratamen- nuição da altura facial inferior
de crescimento. São os seguintes: to empregado. A cefalometria, de- TIPO 3: predomina o crescimento
1 - Plano da base craniana ante- monstra não somente a efetividade vertical, resultando em aumento da
rior-superior; do tratamento, como também suas altura facial inferior.
2 - Plano palatal - face média deficiências. Mediante esta análise o autor re-
3 - Plano oclusal - dentário Björk6, em 1960, afirmou que a conhece possível avaliar se uma mor-
4 - Plano da base mandibular - retrusão mandibular, em relação à dida é aberta ou profunda é devido a
inferior. maxila, pode ocorrer devido ao com- um problema esquelético ou simples-
O autor acredita que a face está primento excessivo da maxila; ao des- mente dento-alveolar; avaliar a dire-

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ção predominante de crescimento e pertinentes às direções de crescimen- de crescimento, a proporção da altu-
seu efeito na oclusão; as contra-in- to da face, são influenciadas pelo tra- ra da face corresponde de 65% a
dicações de certos procedimentos tamento. As mudanças de crescimen- 80%.
mecânicos; e também as limitações to, que se processam após o período A seguir, em 1980, Moyers et
do tratamento em certos tipos de pa- de tratamento, constituem a medida al.26, realizaram um estudo com in-
drão esquelético. mais digna de confiança da direção tenção de avaliar a possibilidade de
Ainda com relação ao diagnósti- de crescimento que um indivíduo nor- identificar dentro da sua amostra de
co, Sassouni33, em 1969, estabelece malmente teria antes do tratamento Classe II, diferentes tipos faciais e
uma classificação para os tipos faciais ter sido instituído. definir quais as características e por-
onde descreve tipos de anomalias Os autores não podendo predizer centagens de pacientes em cada gru-
ântero-posteriores e verticais. As o desenvolvimento exato e reduzí-lo po. Foram identificados cinco tipos
ântero-posteriores seriam: Classe II a milímetros em sua exatidão, trata- verticais. Não são todos os tipos ver-
esquelética e Classe III esquelética, e ram na medida do possível, de ex- ticais achados com cada tipo hori-
as verticais: mordida profunda esque- trapolar a informação, para que sir- zontal, mas existe uma relação for-
lética e mordida aberta esquelética. va no plano de tratamento, a partir te entre eles, permitindo a identifi-
Na mordida profunda esquelética, das direções nas quais se vai realizar cação de 15 subtipos com diferen-
os quatro planos da face vistos late- o crescimento e como estas caberão tes aspectos.
ralmente pela radiografia (supra- dentro do plano de tratamento. O autor sugere que pacientes com
orbital; palatal; oclusal e mandibular) Com propósitos descritos, o cres- o mesmo tipo não apenas são seme-
estão mais horizontalmente e para- cimento crânio-facial pode ser divi- lhantes, mas crescem de forma seme-
lelos entre si. O ângulo da base dido em três categorias, de acordo lhante, têm tratamentos semelhantes,
craniana (supraorbital à sela) é pe- com sua direção: em sentido horá- e provavelmente respondem da mes-
queno, o ângulo goníaco (do ramo rio, direto para baixo e em sentido ma forma ao tratamento.
com o corpo) é pequeno e a borda anti-horário. No crescimento em sen- No ano seguinte, Farias16 compa-
posterior do ramo é quase vertical. A tido horário, a altura facial posterior rou a profundidade e altura da face em
altura facial posterior ( S-Go) se iguala é curta em relação à anterior. No cres- pacientes portadores de oclusão nor-
à anterior (supra-orbital-Me) e a al- cimento em sentido anti-horário, a mal e maloclusão de Classe I e Classe
tura facial inferior (ANS - Me) é me- altura posterior é grande em relação II, divisão 1 de Angle, e verificou que
nor que a superior (SOr-ANS). à anterior. as anomalias de Classe I e Classe II,
Na mordida aberta esquelética a Com propósito de estabelecer uma divisão 1, não diferem a um maior ou
maioria das características estão qua- definição, o padrão em sentido horá- menor comprimento total da base do
se diretamente opostas às da mordi- rio significa que a parte anterior da crânio e sua componente anterior, tanto
da profunda. Os planos horizontais se face está crescendo para baixo e para para o sexo masculino como para o
divergem e tendem a se encontrar em frente ou para baixo e para trás numa feminino; as anomalias de Classe I e
um ponto; o ângulo da base craniana velocidade maior que a altura poste- Classe II, divisão 1, não diferem quan-
e o ângulo goníaco são obtusos. A rior da face. Neste tipo de crescimen- to a maior ou menor profundidade da
altura facial posterior (S-Go) tende a to, a proporção da altura da face é: face superior, e não diferem também,
ter a metade do tamanho da anterior quanto a uma maior ou menor altura
(SOr-Me) e a altura facial inferior ex- Altura posterior x 100 = 56% a 62% facial superior; na anomalia de Classe
cede à superior. O ramo é curto. Altura anterior II, divisão 1, a profundidade da face
A sínfise na mordida profunda inferior mostrou-se significantemente
esquelética é curta verticalmente e O crescimento para baixo ocorre menor, apenas quando comparada com
larga ântero-posteriormente. Na mor- quando as velocidade de crescimen- os casos de oclusão normal; somente
dida aberta esquelética a sínfise é lon- to das alturas anterior e posterior da na maloclusão de Classe I, a altura facial
ga verticalmente e estreita antero- face são da mesma magnitude. Nes- anterior inferior foi significantemente
posteriormente. te tipo de crescimento, a proporção maior quando comparada com os ca-
Jarabak e Fizzell21 (1975), ba- da altura da face corresponde de sos de oclusão normal; as anomalias
seando-se nos valores médios obti- 62% a 65%. Em uma face que está de Classe I e Classe II, divisão 1, não
dos de uma amostra de 200 indiví- crescendo em sentido anti-horário, a diferem quanto a maior ou menor altu-
duos, com até 5 anos após o trata- altura facial posterior e a profundi- ra facial total posterior e suas compo-
mento ortodôntico, procuraram pre- dade facial estão crescendo para bai- nentes.
dizer as direções e velocidades de xo e para frente ou para baixo e para McNamara25, em1981, avaliou
crescimento da face. Este estudo re- trás com uma velocidade maior que 277 telerradiografias e pacientes en-
velou que predições a curto prazo, a parte anterior da face. Neste tipo tre 8 e 10 anos para determinar com

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que natureza e freqüência ocorrem to ao tipo facial em braquifacial, 2 - padrão hipodivergente foi do-
certos componentes das maloclusões mesofacial, e dolicofacial. Constata- minante nas maloclusões de Classe
Classe II. Foram analisados, entre ram que a abertura do ângulo da base II, divisão 2 e Classe III;
outros, três componentes verticais; do crânio possui um efeito protrusivo 3 - a maioria dos pacientes do
1 - Ângulo do plano mandibular; para a maxila e retrusivo para a sexo feminino demonstrou um pa-
2 - Ângulo do eixo facial; mandíbula, e o fechamento do ân- drão neutro, enquanto a maioria do
3 - Altura da face inferior; gulo produz o oposto. Os sexo masculino demonstrou um pa-
A avaliação desses componentes dolicofaciais apresentaram tendên- drão hipodivergente;
mostrou para o ângulo do plano cia para um ângulo mais aberto da 4 - foi encontrado maior dimor-
mandibular valores de 28 graus ou base do crânio, contrariamente aos fismo sexual nos padrões de Classe
mais. Houve excesso de crescimento braquifaciais. II, divisão 1 e Classe III;
vertical para a amostra determinado Siriwat e Jarabak36, em 1985, es- 5 - os pacientes do sexo masculi-
pela altura facial inferior. A análise tudaram as associações entre mor- no mostraram maior tendência a
do eixo facial de crescimento indicou fologia facial e maloclusão e obser- prognatismo, enquanto os do sexo
tendência de crescimento vertical. varam se havia dimorfismo sexual em feminino tenderam a ortognatismo e
Concluiu que a maloclusão de Clas- cada relacionamento. Jarabak clas- retrognatismo;
se II não é uma entidade única. Pode sificou a morfologia facial, baseado 6 - os valores médios de todas as
resultar de numerosas combinações em três distintos padrões definidos medidas lineares foram maiores nos
de componentes dentários e esquelé- pela razão da altura facial (FHR) ou do sexo masculino, do que no sexo
ticos. Grande variação no crescimen- quociente de Jarabak, isto é: a razão feminino.
to vertical foi observado, metade da da altura facial posterior (S.Goc) pela Em 1987, Singer et al.35, compa-
amostra exibindo excesso de cresci- altura facial anterior (N-Me). Estes raram as características craniofaci-
mento vertical. padrões são os seguintes: ais e o potencial de crescimento de
Um ano depois, Maj e Lucchese23, 1- padrão de crescimento hiper- 25 pacientes com uma curvatura
utilizando uma amostra de 60 paci- divergente, com FHR menor que 59% antegonial acentuada (tratados orto-
entes, sendo 38 do sexo masculino e e a rotação da face com crescimento donticamente) a um grupo similar
22 do sexo feminino, portadores de para baixo e posteriormente. A altu- de 25 pacientes com curvatura
maloclusões de Classe II, divisão 2, e ra facial anterior aumenta mais rapi- antegonial rasa, através de telerra-
uma amostra de 28 pacientes, 13 do damente do que a altura facial poste- diografias laterais em estudo longi-
sexo masculino e 15 do sexo femini- rior e o eixo y de Downs tende a abrir; tudinal. Os casos com curvatura an-
no, com Oclusão Normal, todos com 2 - padrão de crescimento neu- tegonial acentuada apresentaram me-
idades entre 9 e 14 anos, estudaram tro, com FHR de 59% a 63%, é o de nor comprimento do corpo mandibu-
através de telerradiografias cefalomé- maior prevalência. A direção de cres- lar, menor altura do ramo, ângulo
tricas, a forma, o tamanho e posição cimento é para baixo e para frente, goníaco aumentado, maior altura
da mandíbula em maloclusões de com o eixo y de Downs, com aproxi- facial, direção mais vertical de cres-
Classe II, divisão 2. Concluíram que madamente o mesmo desenvolvi- cimento.
estes pacientes, tendem a ter um pa- mento anterior e posterior, sem mu- Os autores confirmam um traba-
drão esqueletal único da face, carac- danças progressivas na maioria dos lho de Becker e Converse, no qual a
terizado por um hiperdesenvolvimen- relacionamentos angulares; formação da curvatura antegonial é
to dos componentes da mandíbula e 3 - padrão de crescimento hipo- atribuída a um baixo potencial de
um pequeno ângulo goníaco. divergente, com crescimento hori- crescimento vertical do côndilo resul-
Freitas17, em 1983, encontrou zontal predominante e FHR maior tando numa tração da região do ân-
correlação estatisticamente signifi- que 63%. gulo para baixo pelos músculos
cante entre a inclinação da base do Para este estudo, foram utilizados masséter e pterigóide medial em seu
crânio e as maloclusões de Classe I, 500 cefalogramas laterais de pacien- contínuo crescimento.
II, e III, dizendo que a Classe II pos- tes em pré-tratamento, com idade de Em 1987, Rakosi e Schmuth27,
sui maior tendência para um ângulo 8 a 12 anos, e a análise cefalométri- salientam a importância da cefalome-
Ba-SN mais aberto, enquanto a Clas- ca foi baseada principalmente em tria para diferenciação entre maloclu-
se III apresentaria um ângulo mais grandezas utilizadas por Jarabak e sões esqueletais e dentofaciais. Foram
fechado, ficando numa posição in- Fizzell21 (1975). Os autores concluí- utilizadas três medidas angulares (ân-
termediária os casos de Classe I. ram que: gulo sela, ângulo goníaco e ângulo
Bhat e Enlow4, em 1985, estuda- 1 - padrão neutro foi dominante articular) e quatro medidas lineares
ram a base do crânio em uma amos- nas maloclusões de Classe I e Classe (altura facial anterior e posterior, e
tra de 264 pacientes divididos quan- II, divisão 1; comprimento da base do crânio ante-

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rior e posterior). A questão das varia- destes pacientes variaram de acordo zaram um estudo em pacientes que
ções nos padrões de crescimento de com o tipo facial. Variações apresentavam um perfil satisfatório,
cada indivíduo existe. Depois dos nove contrastantes dentro de um mesmo oclusão normal e não submetidos à
anos, alterações na direção do cresci- tipo facial indicam subgrupos tratamento ortodôntico. O autor ob-
mento são freqüentemente observa- anatômicos e possíveis variações nas jetivou estudar a influência da diver-
dos, especialmente, no período pré respostas clínicas. A avaliação dos gência facial, da deflexão e do com-
puberal. A avaliação do padrão de cres- fatores como o alinhamento da fos- primento da base anterior do crânio
cimento é decisiva na terapia com sa craniana média, o comprimento sobre o posicionamento das bases
aparelhos funcionais, a possibilidade vertical do complexo nasomaxilar, o apicais e dos dentes, utilizando-se a
de prever esse padrão é de grande im- alinhamento da mandíbula, o com- análise de Mc Namara Jr. Concluiu
portância. Os caracteres específicos primento do corpo da mandíbula e que a divergência facial, segundo a
morfológicos, especialmente da man- os grupos A (ponto A à frente do variação do ângulo SNGoGn, deter-
díbula, devem ser levados em consi- ponto B) e B (ponto B à frente do minou leituras significativas diferen-
deração na avaliação das medidas a ponto A), indicam que a compreen- tes das medidas do posicionamento
serem determinadas. são das razões biológicas para os ântero-posterior mandibular (N perp-
Aidar e Scanavini 2, em 1989, diferentes grupos craniofaciais, cada P), da altura facial ântero-inferior
buscando trazer alguma contribuição um, possuindo uma diferente linha (AFAI), do ângulo do eixo facial
ao estudo da avaliação cefalométrica de desenvolvimento é essencial para (BaN.PtGn), do plano mandibular
dos padrões de crescimento facial, se- a determinação dos procedimentos (PoOr.GoMe) e dos incisivos inferio-
gundo Siriwat e Jarabak, de pacien- clínicos e a razão das variações nas res (I-AP); a deflexão da base do crâ-
tes com oclusão normal e maloclu- respostas ao tratamento. nio (BaSN) não teve qualquer influ-
são de Classe I, Classe II div 1, Clas- Sakima et al.30 (1993), estudaram ência sobre a divergência e o padrão
se II, div 2 e Classe III. A amostra a relação entre a deflexão da base de crescimento, bem como não de-
constou de 200 telerradiografias ce- craniana e a posição vertical e ântero- terminam leituras significantes esta-
falométricas, de pacientes leucoder- posterior da maxila e mandíbula, nos tisticamente, nas demais medidas de
mas, de ambos os sexos, não trata- diferentes padrões faciais na malo- McNamara Jr.; para padrões diferen-
dos ortodonticamente. A amostra foi clusão Classe II, na tentativa de es- tes de divergência facial, justifica-se
dividida quanto ao tipo de oclusão em clarecer qual o fator mais relaciona- a utilização de normas cefalométri-
cinco grupos: um de pacientes com do a deflexão da base craniana, se a cas particulares para as medidas
oclusão normal e quatro com malo- maloclusão ou o tipo facial. Concluí- NPerp-P, AFAI, ângulo do eixo facial,
clusões (segundo Angle) e todos di- ram que as medidas verticais foram plano mandibular, e I-AP, da análise
vididos igualmente quanto ao sexo. mais importantes que as medidas de Mc Namara Jr. devido à variação
Os autores concluíram que não hou- ântero-posteriores, para explicar a encontrada dentro da normalidade.
ve dimorfismo sexual dentro de cada variabilidade do ângulo BaSN. Ocor- Deve-se esperar uma maior diferença
grupo, em cada variável estudada; rem mecanismos compensatórios na entre as bases apicais (diferença
com exceção das grandezas angula- Classe I na angulação da base maxilo-mandibular) nos caso com
res e o Quociente de Jarabak, em to- craniana, dimensão horizontal do padrão dólico, devido ao aumento pro-
das as outras grandezas foram en- ramo, dimensão vertical da face mé- porcional da mandíbula em relação à
contradas diferenças estatisticamente dia, através de rotações do ramo e maxila (embora tanto a maxila quan-
significantes, com os pacientes do do corpo mandibular e no plano oclu- to a mandíbula se apresentassem di-
sexo masculino apresentando médias sal, menos presentes nas maloclu- minuídas em relação aos grupos
gerais maiores que as do sexo femi- sões de Classe II e III. braquicefálicos e mesocefálicos).
nino; os pacientes portadores de oclu- Em 1997, Silva34 ao relacionar a Dois anos depois, Maia; Silva e
são normal e maloclusão Classe II, base do crânio e a maloclusão de Maia22 (1998), publicou um traba-
div 2, apresentaram um padrão de Classe III, diz que a atividade das lho onde por meio de 2 casos clíni-
crescimento facial hipodivergente; os sincondroses basicranianas parece cos apresenta de forma concisa, a de-
pacientes portadores de maloclusão ter grande responsabilidade sobre o terminação da tendência de cresci-
Classe I, Classe II, div 1 e Classe III aspecto dimensional antero-posteri- mento facial, segundo Björk-Jarabak.
apresentaram um padrão de cresci- or das fossas endocranianas, sendo Segundo o autor é importante a
mento facial neutro. importante o conhecimento sobre a determinação do tipo facial através
Alguns anos mais tarde, em atividade destas na previsão da in- de uma análise feita em uma única
1992, Martoni et al.24, ao avaliar pa- fluência da base do crânio sobre o radiografia (inicial), onde o cresci-
cientes Classe I, II e III, verificaram complexo facial. mento horário ou anti-horário é ana-
que as características craniofaciais Em 1996, Carreiro et al.10, reali- lisado pela morfologia da mandíbu-

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la, inclinação da cabeça do côndilo, res de maloclusões dentárias, segun- Desenho Anatômico
curvatura do canal mandibular, do os conceitos de Angle3 (1899), O desenho anatômico foi obtido
chanfradura anti-gônica, inclinação sendo cada grupo dividido igualmen- segundo os critérios descritos por
e largura da sínfise. te quanto ao sexo. Björk5 (1947) e Interlandi19 (1968).
Analisa também, as modificações
realizadas por Jarabak no método Características do Material Pontos Cefalométricos
estático de BjörK, afim de definir a Grupo I - Oclusão Normal: 40 pa- - Ponto Ar (articular): ponto de
direção de crescimento da face. Se- cientes, sendo 20 do sexo masculino intersecção do contorno posterior do
gundo o autor, Jarabak utiliza o e 20 do sexo feminino, com idade colo da mandíbula e o contorno ex-
polígono N-S-Ar-Go-Gn para avaliar mínima de 12 anos e 10 meses e terno do terço médio da base do crâ-
a relação entre altura facial posterior máxima de 18 anos e 2 meses; nio;
e anterior. Fundamentou-se nas dis- Grupo II - Classe I: 40 pacientes, - Ponto Goc (gonio cefalométrico)::
tâncias N-Me e S-Go para determi- sendo 20 do sexo masculino e 20 do ponto localizado na intersecção dos
nar a proporção da face anterior com sexo feminino, com idade mínima de planos do ramo e mandibular;
a face posterior. Se a soma dos três 12 anos e máxima de 19 anos e 8 - Ponto Me (mentoniano): locali-
ângulos do polígono for maior que meses; zado no limite mais inferior da curva
396 graus, existe uma tendência de Grupo III - Classe II, divisão 1: 40 da sínfise, no ponto em que as linhas
crescimento da mandíbula no senti- pacientes, sendo 20 do sexo mascu- externas das imagens das corticais
do horário. Quando a soma dos três lino e 20 do sexo feminino, com ida- vestibular e lingual se encontram;
ângulos for menor que 396 graus de mínima de 12 anos e 2 meses e - Ponto N (násio): localizado na
existe uma tendência de crescimento máxima de 19 anos e 4 meses; parte mais anterior da sutura fronto-
anti-horário. Grupo IV - Classe II, divisão 2: nasal, na união das linhas do perfil
40 pacientes, sendo 20 do sexo da glabela e ossos nasais;
PROPOSIÇÕES masculino e 20 do sexo feminino, - Ponto S (sela): situado no cen-
Após a realização do levantamen- com idade mínima de 11 anos e 11 tro da imagem da sela túrcica.
to bibliográfico propusemo-nos veri- meses e máxima de 19 anos e 10
ficar: meses; Linhas e Planos Cefalométricos
1 - os padrões médios das variá- Grupo V - Classe III: 40 pacien- - Linha Sela - Násio (base anteri-
veis: ângulo goníaco; ângulo goníaco tes, sendo 20 do sexo masculino e or do crânio): Pontos S e N;
superior; ângulo goníaco inferior; e 20 do sexo feminino, com idade mí- - Plano Sela - Articular (base pos-
ângulo sela da Análise de Jarabak no nima de 11 anos e 2 meses e máxi- terior do crânio): Pontos S e Ar;
grupo de oclusão normal e nos gru- ma de 19 anos e 8 meses; - Plano Articular - Gônio Cefalo-
pos de maloclusões de Classe I; Clas- métrico (altura do ramo): Pontos Ar
se II, divisão 1; Classe II, divisão 2; e Método e Goc;
Classe III de Angle; Para cada paciente foi obtida uma - Plano Násio - Gônio Cefalomé-
2 - se há diferença entre as vari- telerradiografia cefalométrica em nor- trico (profundidade facial): Pontos N
áveis estudadas da Análise de Jarabak ma lateral direita e em oclusão cên- e Goc;
entre os grupos estudados. trica, de acordo com a técnica preco- - Plano Mandibular: Pontos Go e
nizada por Broadbent8 (1931). Me.
MATERIAL E MÉTODO Nas telerradiografias foram tra-
Material çados cefalogramas em folhas de Grandezas Angulares
O material consistiu de 200 te- acetato, copiando os detalhes - Ângulo Sela: formado pelas li-
lerradiografias cefalométricas obti- anatômicos de interesse para o tra- nhas S-N (Sela-Násio)com a linha S-
das de jovens brasileiros, não trata- çado do cefalograma. Para medição Ar (Sela-Articular)
dos ortodonticamente, apresentan- das grandezas cefalométricas, foram - Ângulo Goníaco: formado pe-
do dentição permanente, moradores utilizados transferidor e régua mili- las tangentes à borda inferior do
da cidade de São Paulo, ABC e de metrada com subdivisão de 0,5o e corpo da mandíbula (Goc-Me) e
Santos, de ambos os sexos, leuco- 0,5 mm. borda posterior do ramo ascenden-
dermas, filhos de brasileiros, des- O traçado cefalométrico foi divi- te (Ar-Goc);
cendentes de mediterrâneos. O ma- dido em 5 partes: - Ângulo Goníaco Superior: for-
terial foi dividido quanto ao tipo de - desenho anatômico; mado pela tangente à borda posteri-
oclusão, em cinco grupos, um de pa- - pontos, linhas e planos cefalo- or do ramo (Ar-Goc) e a linha de pro-
cientes portadores de oclusão nor- métricos; e fundidade facial (Goc-N );
mal e quatro de pacientes portado- - grandezas angulares. - Ângulo Goníaco Inferior: forma-

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do pela tangente à borda inferior do
corpo mandibular (Goc-Me) e a linha
de profundidade facial (Goc-N).

RESULTADOS
Após a realização das medidas
nas telerradiografias, os dados foram
tabelados e submetidos ao Teste Es-
tatístico, de modo que a seguir as
medidas angulares: Ângulo Goníaco;
Ângulo Goníaco Superior; Ângulo
Goníaco Inferior; e Ângulo Sela, da
Análise de Jarabak serão analisadas
individualmente, para que haja me-
lhor compreensão, nos grupos de
oclusão normal e nas maloclusões
dentárias segundo a classificação de
Angle3 (1899).

DISCUSSÃO
Ângulo Goníaco
O valor normal segundo Björk7
(1969) para este ângulo é de 130 0 +
7. Casos com valores acima da nor-
ma constitui prognóstico desfavorá-
vel, inclusive para cirurgia ortogná-
FIGURA 1 - Desenho anatômico. tica.
Para Rakosi e Schmuth27 (1987),
o ângulo goníaco expressa não so-
mente a forma da mandíbula como
também a direção de crescimento.
Segundo os autores, se este ângulo
for agudo, ou pequeno, especialmente
no seu componente inferior a dire-
ção de crescimento é horizontal, em
casos de ângulos grandes o tratamen-
to com ativador é contra indicado,
ou o aparelho deverá ser construído
levando-se em conta o padrão facial
do paciente.
A amostra estudada apresentou
médias entre 117 e 129 graus (Fig. 4),
indicando valores menores que o pro-
posto por Björk7 (1969), para os gru-
pos de Oclusão Normal e Classe II,
divisão 2 e valores dentro do desvio
padrão para os demais grupos. Valo-
res abaixo de 1230 (como os grupos
de Oclusão Normal e Classe II, divi-
são 2 na amostra estudada) indicam
que a mandíbula é quadrada, a altu-
ra facial anterior é curta, podendo
apresentar mordida profunda esque-
FIGURA 2 - Pontos cefalométricos. lética. Maj e Lucchese 23 (1982),

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concordam que a Classe II, divisão 2,
tendem a ter um padrão único da face,
caracterizado por um hiper-desenvol-
vimento dos componentes da man-
díbula e um pequeno ângulo gonía- N

co. Casos com ângulos acima de 1300, S


mostra que estamos frente a uma
mandíbula estreita, altura facial an-
d
terior longa, e mordida aberta esque-
lética. A amostra estudada apresen-
tou valores dentro da média aceitável
segundo Björk7 (1969) para os gru-
pos Classe I, Classe II, divisão 1 e Clas- Ar

se III de Angle3 (1989).


Segundo Suzuki e Ayala38 (1999),
a forma com que o ramo ascendente
e o corpo estão relacionados um com a
o outro para formar o ângulo b
goníaco, demonstrará como seu cres-
c
cimento influenciará as estruturas
Goc
faciais.
Quando realizado contraste dois
a dois entre os grupos de Oclusão Nor- Me
mal e maloclusões (Tab. 2), verifica-
mos que não houve significância ape- FIGURA 3 - Grandezas angulares. a - Ângulo Goníaco; b - Ângulo Goníaco
nas para a comparação entre os gru- Superior; c - Ângulo Goníaco Inferior; d - Ângulo Sela.

pos: Classe I x Classe II, divisão 1;


Oclusão Normal x Classe II, divisão po de Oclusão Normal e Classe II, di- tou-se mais aberto, com tendência
1, devido à proximidade da média do visão 2 em relação ao de Classe I; a um padrão hiperdivergente, au-
grupo Classe II, divisão 1, com os gru- assim como o grupo de Classe III mentando a altura facial anterior,
pos Classe I e Oclusão Normal. Estes apresentou um aumento significa- no grupo de Classe III, e fechado,
achados foram semelhantes aos de tivo em relação a todos os outros com conseqüente diminuição da al-
Adamns1 (1948) que não verificou grupos de maloclusões. O grupo de tura facial anterior no grupo de Clas-
significância na comparação entre Classe II, divisão 2 apresenta di- se II, divisão 2. Os nossos resulta-
Classe I e Classe II, apesar de não minuição significativa em relação dos estão de acordo com os de Aidar
mencionar nada com relação a um aos grupos de Classe II, divisão 1, e Scanavini2 (1989), que encontra-
grupo de Oclusão Normal. O ângulo Oclusão Normal, Classe I e Classe ram um padrão de crescimento facial
Goníaco apresentou uma diminuição III. Deste modo, na amostra estu- hipodivergente segundo Siriwat e
estatisticamente significante do gru- dada, o ângulo goníaco apresen- Jarabak36 (1985) para o grupo de

TABELA 1
Médias e Desvio padrão das Variáveis Ângulo Goníaco; Ângulo Goníaco Superior; Ângulo Goníaco Inferior; e Ângulo
Sela, no grupo de oclusão normal e nos grupos de maloclusões dentárias segundo ANGLE3.
Médias Ângulo Goníaco AG Superior AG Inferior Ângulo Sela
OCLUSÃO NORMAL 121,8 51,2 70,7 125,3
Desvio Padrão 6,6 4 4,6 4,3
CLASSE I 125,3 49,2 75,8 124,6
Desvio Padrão 6,5 3,8 5,8 5,9
CLASSE II, DIVISÃO 1 124,5 50,7 73,8 126
Desvio Padrão 7,1 4,4 5 5,7
CLASSE II, DIVISÃO 2 117,3 49,9 67,5 126,1
Desvio Padrão 5,6 3,8 3,6 4,9
CLASSE III 129 52,1 76,9 121,2
Desvio Padrão 6,3 4,1 5,3 5,4

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130
Oclusão Normal
128

126 Classe I
124

122 Classe II, Divisão 1

120
Classe II, Divisão 2
118

116
Classe III
114

112

110
AG Total
FIGURA 4 - Médias Aritméticas para o Ângulo Goníaco no grupo de oclusão normal e nos grupos de maloclusões
dentárias de Classe I; Classe II, divisão 1; Classe II, divisão 2; e Classe III de ANGLE 3.

TABELA 2
Contraste Dois a Dois entre o grupo de oclusão normal e os grupos de maloclusões dentárias
segundo ANGLE3 para o Ângulo Goníaco.
Ângulo Goníaco Diferença Significância
Classe I x Oclusão Normal 24,37 5%
Classe I x Classe II, divisão 1 5,86 n.s.
Classe I x Classe II, divisão 2 61,28 0,1%
Classe I x Classe III 30,15 1%
Oclusão Normal x Classe II, divisão 1 18,51 n.s.
Oclusão Normal x Classe II, divisão 2 36,91 1%
Oclusão Normal x Classe III 54,52 0,1%
Classe II, divisão 1 x Classe II, divisão 2 55,42 0,1%
Classe II, divisão 1 x Classe III 36,01 1%
Classe II, divisão 2 x Classe III 91,43 0,1%

52,5
Oclusão Normal
52

51,5 Classe I
51

50,5 Classe II, Divisão 1

50
Classe II, Divisão 2
49,5

49
Classe III
48,5

48

47,5
AG Superior
FIGURA 5 - Médias Aritméticas para o Ângulo Goníaco Superior no grupo de oclusão normal e nos grupos de maloclusões
dentárias de Classe I; Classe II, divisão 1; Classe II, divisão 2; e Classe III de ANGLE 3.

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TABELA 3
Contraste Dois a Dois entre o grupo de oclusão normal e os grupos de maloclusões dentárias
segundo ANGLE 3 para o Ângulo Goníaco Superior.
Ângulo Goníaco Diferença Significância
Classe I x Oclusão Normal 27,5 5,0%
Classe I x Classe II, divisão 1 20,76 n.s.
Classe I x Classe II, divisão 2 8,18 n.s.
Classe I x Classe III 39,05 1,0%
Oclusão Normal x Classe II, divisão 1 6,73 n.s.
Oclusão Normal x Classe II, divisão 2 19,31 n.s.
Oclusão Normal x Classe III 11,55 n.s.
Classe II, divisão 1 x Classe II, divisão 2 12,57 n.s.
Classe II, divisão 1 x Classe III 18,28 n.s.
Classe II, divisão 2 x Classe III 30,86 5,0%

78
Oclusão Normal
76
Classe I
74

72 Classe II, Divisão 1

70
Classe II, Divisão 2
68

66 Classe III

64

62
AG Inferior
FIGURA 6 - Médias Aritméticas para o Ângulo Goníaco Inferior no grupo de oclusão normal e nos grupos de maloclusões
dentárias de Classe I; Classe II, divisão 1; Classe II, divisão 2; e Classe III de ANGLE 3.

TABELA 4
Contraste Dois a Dois entre o grupo de oclusão normal e os grupos de maloclusões dentárias
segundo ANGLE3 para o Ângulo Goníaco Inferior.
Ângulo Goníaco Diferença Significância
Classe I x Oclusão Normal 47,16 0,1%
Classe I x Classe II, divisão 1 13,02 n.s.
Classe I x Classe II, divisão 2 81,23 0,1%
Classe I x Classe III 13,73 n.s.
Oclusão Normal x Classe II, divisão 1 34,13 1,0%
Oclusão Normal x Classe II, divisão 2 34,07 1,0%
Oclusão Normal x Classe III 60,9 0,1%
Classe II, divisão 1 x Classe II, divisão 2 68,21 0,1%
Classe II, divisão 1 x Classe III 26,76 5,0%
Classe II, divisão 2 x Classe III 94,97 0,1%

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127
Oclusão Normal
126

125 Classe I

124
Classe II, Divisão 1
123

122 Classe II, Divisão 2

121
Classe III
120

119

118
AG Sela
FIGURA 7 - Médias Aritméticas para o Ângulo Sela no grupo de oclusão normal e nos grupos de maloclusões dentárias
de Classe I; Classe II, divisão 1; Classe II, divisão 2 e Classe III de ANGLE3.

TABELA 5
Contraste Dois a Dois entre o grupo de oclusão normal e os grupos de maloclusões dentárias
segundo Angle3 (1899) para o Ângulo Sela.
Ângulo Sela Diferença Significância
Classe I x Oclusão Normal 8,12 n.s.
Classe I x Classe II, divisão 1 11,96 n.s.
Classe I x Classe II, divisão 2 14,40 n.s.
Classe I x Classe III 30,98 5%
Oclusão Normal x Classe II, divisão 1 3,83 n.s.
Oclusão Normal x Classe II, divisão 2 6,27 n.s.
Oclusão Normal x Classe III 39,11 1%
Classe II, divisão 1 x Classe II, divisão 2 2,43 n.s.
Classe II, divisão 1 x Classe III 42,95 0,1%
Classe II, divisão 2 x Classe III 45,38 0,1%

Oclusão Normal e Classe II, divisão direção de crescimento (valor nor- A amostra estudada apresentou
2, estudando a mesma amostragem mal: 520 a 550). O ângulo goníaco valores médios entre 49,20 e 52,10
desta pesquisa. superior descreve a inclinação do (Fig. 5), isto é, concentrados dentro
Esses mesmos resultados também ramo ascendente e indica a direção de uma média aceitável de equilíbrio,
se assemelham aos de Renfroe 28 de crescimento sagital remanescente sem aumento ou diminuição que jus-
(1948), que relata que a compara- da mandíbula. A presença do ângulo tifiquem uma alteração no crescimen-
ção do padrão de Classe II, div. 1, goníaco superior aumentado (entre to remanescente da mandíbula nem
com Classe II, div. 2, revela a última 58o a 650), indica que o incremento para vertical, nem para horizontal.
como sendo um tipo mais quadrado. remanescente de crescimento da A análise da tabela 3, contraste
Em outras palavras, a altura facial mandíbula será horizontal. Este cres- dois a dois entre os grupos de
posterior (S-Goc) é relativamente cimento fará com que a parte inferi- Oclusão Normal e de maloclusões,
mais curta. or da face seja mais prognata. Quan- mostrou diminuição significante es-
Singer et al.35(1987), acrescen- do o ângulo goníaco superior for pe- tatisticamente do grupo de Classe I
tam ainda que pacientes com curva- queno (430 a 480), o incremento re- em relação ao de Oclusão Normal e
tura antegonial acentuada, apresen- manescente de crescimento mandi- ao de Classe III, e um aumento signi-
tam ângulo goníaco aumentado, me- bular, será mais vertical, do tipo ficante estatisticamente do Grupo de
nor altura do ramo e menor compri- rotacional posterior, e com pouca pro- Classe III em relação ao de Classe II,
mento do corpo mandibular. jeção anterior do mento, sendo um divisão 2. Isto permite concluir que
caso desfavorável para correção de na amostra estudada os grupos de
Ângulo Goníaco Superior um caso de Classe II esquelética, ne- Classe I e Classe II, divisão 2 apre-
Este é um dos poucos fatores que, cessitando controle vertical dos pro- sentaram tendência a ter um cresci-
por si só, tem valor de predição da cessos alveolares e da maxila. mento remanescente mandibular no

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sentido vertical quando em compa- cia a uma inclinação mais horizon- retroposição mandibular. Para os
ração aos grupos de Oclusão Normal tal da borda inferior da mandíbula. mesmos autores, o valor desse ân-
e Classe III, que mostraram tendên- Semelhante aos nossos resultados, gulo é encontrado geralmente nas
cia a um crescimento remanescente Siriwat e Jarabak36 (1985), verifica- maloclusões de Classe II e mordida
mandibular no sentido horizontal. ram padrão hipodivergente (horizon- aberta esquelética. A face será
tal), nas maloclusões de Classe II, retrognata mesmo com uma mandí-
Ângulo Goníaco Inferior divisão 2 e Classe III (este último em bula de tamanho normal. Os estu-
O ângulo goníaco inferior descre- contraste aos nossos achados). Em dos de Drelich15 (1948) confirmam
ve a inclinação do corpo da mandí- um estudo realizado com pacientes este achado, em uma pesquisa onde
bula, determinando o crescimento portadores de Classe II, McNamara25, o autor avalia pacientes com Classe
vertical de mento, na parte anterior. em 1981, observa em sua pesquisa II, divisão 1, e diz que o mento se
O valor normal para esta grandeza é que a maior parte da amostra de Clas- localiza mais posteriormente nesse
de 700 a 75 0 . se II apresentou tendência a um cres- tipo de maloclusão, não mencionan-
A amostra utilizada apresentou cimento vertical, e salienta ainda que, do porém, a localização do proble-
valores entre 67,50 e 76,90 (Fig. 6). a maloclusão de Classe II não é uma ma. Em um outro estudo Bhat e
Os grupos de Oclusão Normal, Clas- entidade única, podendo resultar de Enlow4 (1985), constataram que a
se I, e Classe II, divisão 1 apresenta- combinações entre componentes abertura do ângulo da base do crâ-
ram valores angulares dentro da dentários e esqueléticos. nio possui um efeito protrusivo para
média normal para este ângulo. O a maxila e retrusivo para a mandí-
grupo de Classe III apresentou uma Ângulo Sela bula. Este fato vai de encontro aos
média aumentada, indicando inclina- Björk7 (1969) define a flexão en- achados dos autores anteriores.
ção maior do corpo mandibular, com tre a base anterior e posterior do crâ- Ao contrário, um ângulo menor
crescimento projetando a sínfise nes- nio e descreve a posição da fossa do que a norma, ou fechado, indica
te sentido, podendo ocasionar um mandibular. O valor predictivo do cres- uma posição mais vertical da base
padrão de mordida aberta esqueléti- cimento mandibular às custas desse posterior do crânio (S-Ar ), favore-
ca. Ao contrário, o grupo de Classe fator é bastante determinante, visto cendo a projeção anterior da mandí-
II, divisão 2, apresentou um ângulo que é das medidas sobre as quais o bula. Encontrado geralmente nas
diminuído, descrevendo um corpo tratamento ortodôntico ou ortopédico maloclusões de Classe III e mordida
mandibular mais horizontal, associa- não tem nenhuma influência. Segun- profunda esquelética. A face será mais
do muitas vezes a um padrão de do o autor, para analisar-se este ân- prognata mesmo nos casos com uma
mordida profunda esquelética e pa- gulo, é necessário conhecer o cresci- mandíbula de tamanho normal.
drão de crescimento facial hipodiver- mento da sincondrose esfeno-occipi- A amostra estudada apresentou
gente, segundo Siriwat e Jarabak36 tal, como também dos ossos que com- valores entre 121,2 0 e 126,1 0 (Fig. 7),
(1985). pletam a base posterior do crânio, que ou seja todos dentro da norma acei-
Na tabela 4, contraste dois a dois influenciarão a posição da fossa man- tável para este ângulo. Porém, como
entre os grupos de Oclusão Normal e dibular. O valor médio para este ân- era de se esperar, o grupo de Classe
de maloclusões, verificamos aumen- gulo é de 1230 + 6. III apresentou diminuição estatistica-
to estatisticamente significante do Para Rakosi e Schmuth27 (1987), mente significante (como pode ser
grupo de Classe III com relação ao um ângulo sela grande, geralmente visualizado na tabela 5 – contraste
grupo de Oclusão Normal e todos os significa que existe uma posição dois a dois entre os grupos de
grupos de maloclusões dentárias condilar posterior associada a uma Oclusão Normal e de maloclusões
exceto com o grupo de Classe I; e retroposição mandibular em relação à dentárias) da sua média em relação
diminuição estatisticamente signifi- base craniana e maxilar. Se não hou- a todos os outros grupos. Como foi
cante do grupo de Classe II, divisão ver uma compensação no cresci- dito anteriormente, um ângulo me-
2 com relação aos outros grupos. O mento do ramo e corpo mandibular, nor ou fechado, indica uma posição
grupo de Classe I e Classe II, divisão será muito difícil a correção da Classe mais vertical da base posterior do crâ-
1, não diferem estatisticamente do II por meio de aparelhos funcionais. nio (S-Ar), favorecendo a projeção an-
grupo de Classe III. Isto nos permite Segundo Suzuki e Ayala 38 terior da mandíbula. Por outro lado,
concluir que estes grupos, nesta (1999), um ângulo maior ou mais os grupos de Oclusão Normal, Classe
amostra, descrevem tendência a aberto, indica uma posição mais ho- I, Classe II divisão 1 e 2, apresentam
apresentar um plano mandibular rizontal da base posterior do crânio médias maiores, ou seja, ângulos mai-
mais vertical, ao contrário dos gru- (S-Ar), e o crescimento crânio-facial ores ou mais abertos, e todos se igua-
pos de Oclusão Normal e Classe II, irá deslocando a fossa articular para lando estatisticamente. Embora não
divisão 2, que mostraram tendên- cima e para trás, provocando a estatisticamente significante, os

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grupos de Classe II, divisão 1 e 2 apre- 2 - Os grupos de Oclusão Normal 1 e Classe II, divisão 2 apresentaram
sentaram as maiores médias para o e Classe II, divisão 2 apresentaram discreta abertura do ângulo sela, den-
ângulo sela. Em 1983, Freitas17 ava- um ângulo goníaco menor, com cres- tro do desvio padrão. Os grupos de
liando a influência da base do crânio cimento mais horizontal, mandíbu- Oclusão Normal e Classe I apresenta-
nas maloclusões, encontrou correla- las mais quadradas e tendência à mor- ram um ângulo sela bem próximo do
ção estatisticamente significante en- dida profunda esquelética; valor médio considerado normal.
tre a inclinação da base do crânio e 3 - Com relação ao ângulo gonía-
as maloclusões de Classe I, II, e III, co superior os grupos de Classe I e CONSIDERAÇÕES FINAIS
dizendo que a Classe II possui maior Classe II, divisão 2 apresentaram ten- Conhecer a direção do incremen-
tendência para um ângulo Ba-SN mais dência a ter um crescimento rema- to remanescente de crescimento, é
aberto, enquanto a Classe III apresen- nescente mandibular no sentido ver- muito importante para o clínico que
taria um ângulo mais fechado, fican- tical, com pouca projeção do mento, planeja corrigir maloclusões ântero-
do numa posição intermediária os ca- quando em comparação aos grupos posteriores e verticais esqueléticas.
sos de Classe I. Ao contrário, Sakima de Oclusão Normal e Classe III, que Pacientes com ângulo goníaco supe-
et al.30, em 1993, ao estudar a rela- mostraram tendência a um cresci- rior aumentado e inferior diminuído,
ção entre a deflexão da base crani- mento remanescente mandibular no são habitualmente classificados como
ana e a posição vertical e ântero- sentido horizontal, que fará com que “bons crescedores” para a correção
posterior da maxila e mandíbula, a face inferior seja mais prognata; de uma Classe II esquelética. O cres-
nos diferentes padrões faciais na 4 - Os grupos de Classe I, Classe cimento da sínfise para frente, favo-
maloclusão Classe II, tentaram es- II, divisão 1 e Classe III, apresenta- recerá a correção. Nestes casos,
clarecer qual o fator mais relaciona- ram um ângulo goníaco inferior mai- Jarabak e Fizzell20 (1972) recomen-
do a deflexão da base craniana, se or, com um plano mandibular mais da deixar uma sobressaliência au-
a maloclusão ou o tipo facial. Os au- vertical, ao contrário dos grupos de mentada para dar certa liberdade aos
tores verificaram que as medidas Classe II, divisão 2 e Oclusão Normal, incisivos até que o crescimento man-
verticais foram mais importantes que apresentaram um ângulo goníaco dibular esteja encerrado, evitando um
que as medidas ântero-posteriores, inferior menor, com tendência a uma possível apinhamento nesta região ou
para explicar a variabilidade do ân- inclinação mais horizontal da borda mordida cruzada anterior. Ao contrá-
gulo BaSN, não relatando grande in- inferior da mandíbula; rio, esta mesma situação é extrema-
fluência das maloclusões na defle- 5 - Embora dentro do desvio pa- mente desfavorável para casos de
xão da base craniana. drão o grupo de Classe III apresentou Classe III. Deste modo, salientamos
um ângulo sela fechado, indicando uma a necessidade de se obter um diag-
CONCLUSÕES posição mais vertical da base posterior nóstico abrangente, que relacione os
1 - Os valores médios para as do crânio (S-Ar), o que favorece a pro- componentes verticais e horizontais
grandezas cefalométricas estudadas jeção anterior da mandíbula; do paciente, para que possamos rea-
foram: 6 - Os grupos de Classe II, divisão lizar uma previsão adequada do cres-
cimento, mesmo que este não seja
Variáveis A. Goníaco Ag Superior Ag Inferior Ag Sela
100% previsível, e assim conseguir
Oclusão Normal 121,8 51,2 70,7 125,3 delimitar um plano de tratamento
Classe I 125,3 49,2 75,8 124,6 adequado, com aparelhos ortodônti-
Classe II, Divisão 1 124,5 50,7 73,8 126 cos ou ortopédicos que beneficiem a
Classe II, Divisão 2 117,3 49,9 67,5 126,1 correção da maloclusão sem prejudi-
Classe III 129 52,1 76,9 121,2 car o aspecto vertical do paciente.

Abstract
The aim of this research was to 1, Class II, division 2, and Class III. between 11 years and 2 months and
give some contribution to the cepha- The sampling consisted of 200 19 years and 10 months, students
lometric – radiographic comparative cephalometric telerradiographs, ob- from schools located in São Paulo, ABC
study of facial growth patterns accord- tained from white Brazilian patients, area (Santo André, São Bernardo do
ing evaluation of sela and goniac angle whose Brazilian parents are descended Campo e São Caetano do Sul) and
of Jarabak’s Analysis, in patients with from Mediterranean, in both sexes, Santos. This Sampling was divided,
Normal Occlusion and Angle’s mal- not subjected to orthodontic treatment, based on the occlusion type, into five
occlusion of Classe I, Class II, division showing permanent dentition, aged groups, one consisting of patients who

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have normal occlusion and the other cal direction, with less projection of Class III groups showed a closed sela
four of patients with malocclusions, chin, when comparing to normal oc- angle indicating a more vertical posi-
according to Angle’s concepts (1899); clusion and Class III malocclusion, tion of posterior base cranium, col-
these groups were equally divided in that showed tendency to a mandibu- laborating to a anterior projection of
relation to the patient’s sex. lar growth remaining in a horizontal mandible;
After the analysis of the data and direction, with lower face more - Class II, division 1 and Class II,
the applied statistics we came to the prognat; division 2 groups showed a discreet
folowing conclusions: - Class I, Class II, division 1 and opening of sela angle, inside the de-
- Normal occlusion and Class II, Class III groups, showed higher lower flection pattern;
division 2 groups, showed a smaller goniac angle, a more vertical mandibu- - Class I and normal occlusion
goniac angle, with more horizontal lar plane , on the contrary, of Class II, groups showed sela angle values close
growth, square mandible and a ten- division 2 malocclusion and normal to a normal rule;
dency to deep byte; occlusion groups that showed a
- In relation to goniac superior smaller lower goniac angle, with ten- Key words: Cephalometric. Facial
angle; Class I and Class II, division 2 dency to a more horizontal inclina- Growth Patterns. Goniac angle.
groups showed tendency to a man- tion of lower border of mandible; Jarabak’s Analysis. Malocclusion. Sela
dibular growth remaining, in a verti- - Even so inside deflection pattern, angle.

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Endereço para correspondência


Carla Scanavini
Rua Goias, 225 - Conj. 112
Boqueirão - Santos - São Paulo
CEP: 11050-101

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