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Seminário da Prática III

Aula 4
A semântica no contexto escolar
Profª Ednéia de Cássia Santos Pinho
Especialista em Língua Portuguesa
Mestra em Estudos da Linguagem
Doutoranda em Estudos da Linguagem
Objetivos

Analisar como os documentos oficiais norteiam o


trabalho com a semântica em sala;
Verificar como a semântica é abordada nos livros
didáticos;
Refletir sobre a importância de inserir os estudos
semânticos nas aulas português;
Abordar a necessidade de ampliar a formação
docente no que tange aos estudos da
significação.
Nas aulas de
Língua Portuguesa,
o que se deve ensinar?
Linha do tempo do ensino da língua
portuguesa no Brasil

1759 (SANTOMAURO, 2009)

A Reforma Pombalina torna obrigatório no Brasil o ensino de Língua


Portuguesa nas escolas. A intenção é transmitir o conhecimento da
norma culta da língua materna aos filhos das classes mais abastadas.
1800
A linguagem é vista como uma expressão do pensamento e a
capacidade de escrever é consequência do pensar. Na escola, os textos
literários são valorizados, e os regionalismos, ignorados.
1860
Desde os primeiros registros sobre o ensino da língua, a escrita é vista
independentemente da leitura e como uma habilidade motora, que
demanda treino e cópia do formato da letra por parte do aprendiz.
1930
O termo alfabetização é usado para determinar o processo
inicial de aprendizagem de leitura e escrita. Esta passa a ser
considerada um instrumento de linguagem e é ensinada
junto com a leitura.
1940
As primeiras edições das cartilhas Caminho Suave e Sodré
são lançadas nessa década, respeitando a técnica dos
métodos mistos, e marcam a aprendizagem de gerações.
1970
A linguagem passa a ser vista como um instrumento de
comunicação. O aluno deve respeitar modelos para
construir textos e transmitir mensagens. Os gêneros não
literários são incorporados às aulas.
1984
Lançamento do livro Psicogênese da Língua
Escrita, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. A
concepção de linguagem é modificada nessa
década e influencia o ensino até hoje: o foco
deveria estar na interação entre as pessoas.
1997
São publicados os PCNs pelo governo federal
para todo o Ensino Fundamental, defendendo as
práticas sociais (interação) de linguagem no
ensino da Língua Portuguesa.
Cenário atual

Pouca atenção ao estudo da significação.


Tempo quase exclusivo para assimilação de
regras gramaticais e questões ortográficas.
Descompasso entre o que se ensina e o que é
cobrado na "vida de todos os dias“.
Cobrança em exames nacionais.
As deficiências no aprendizado de língua
portuguesa no ensino básico

A reportagem mostra um retrato de uma grande


deficiência: não saber escrever. Reflita: o que há
de errado com o ensino?

Fonte: www.youtube.com/watch?v=UwJ1ZgNLE80
Uma das características que empobrecem o ensino
médio da língua materna é a pouca atenção reservada
ao estudo da significação. O tempo dedicado a esse
tema é insignificante, comparado àquele que se gasta
com ‘problemas’ como a ortografia, a acentuação, a
assimilação de regras gramaticais de concordância e
regência, e tantos outros, que deveriam dar aos
alunos um verniz de ‘usuário culto da língua’. Esse
descompasso é problemático quando se pensa na
importância que as questões da significação têm,
desde sempre, para a vida de todos os dias, e no peso
que lhe atribuem hoje, em alguns instrumentos de
avaliação importantes, como o Exame Nacional do
Ensino Médio, os vestibulares que exigem
interpretação de textos e o Exame Nacional de
Cursos.” (ILARI,2012, p.11):
Atividade I

Observe a charge:

Pensando em sentidos possíveis, que significados poderiam ser


atribuídos à expressão “não sabem ler”? Qual o papel da Semântica
no aprendizado da leitura?
Semântica nos documentos oficiais
Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua
Portuguesa
1º e 2º Ciclos do Ensino Fundamental
(BRASIL, 1997)
“O processo de atribuição de sentido aos
conteúdos escolares é, portanto, individual;
porém, é também cultural na medida em que os
significados construídos remetem a formas e
saberes socialmente estruturados.” (p. 37)
Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua
Portuguesa
3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental
(BRASIL, 1998)
Objetivos de ensino
“[...] aumentando e aprofundando seus esquemas cognitivos pela
ampliação do léxico e de suas respectivas redes semânticas.” (p. 33)
No processo de escuta de textos orais
“ [...] amplie, progressivamente, o conjunto de conhecimentos
discursivos, semânticos e gramaticais envolvidos na construção dos
sentidos do texto.” (p. 49)
Leitura de textos escritos
“[...] articulação entre conhecimentos prévios e informações textuais,
inclusive as que dependem de pressuposições e inferências
(semânticas, pragmáticas) autorizadas pelo texto, para dar conta de
ambigüidades, ironias e expressões figuradas, opiniões e valores
implícitos, bem como das intenções do autor.” (p. 56)
Produção de textos orais
“[...] seleção, adequada ao gênero, de recursos
discursivos, semânticos e gramaticais, prosódicos e
gestuais.” (p. 58)
Produção de textos escritos
“[...] de manutenção do paralelismo sintático e/ou
semântico.” (p. 59)
Prática de análise linguística
“[...] Há conteúdos relacionados às dimensões
pragmática e semântica da linguagem, que por serem
inerentes à própria atividade discursiva, precisam, na
escola, ser tratados de maneira articulada e simultânea
no desenvolvimento das práticas de produção e
recepção de textos.” (p. 59)
Léxico
“[...] apresentar textos lacunados para, por meio das
propriedades semânticas e das restrições selecionais,
explicitar a natureza do termo ausente.” (p. 84)
“[...] inventariar as palavras de determinado campo
semântico, presentes em determinado texto, e analisar os
efeitos de sentido obtidos com o emprego.” (p. 84)
“[...] identificar os termos-chave de um texto, vinculando-
os a redes semânticas que permitam a produção de
esquemas e de resumos.” (p. 84)
“Todos esses procedimentos precisam ser incorporados à
produção textual. A elaboração de paráfrases e de
resumos permite a criação de boas oportunidades para a
discussão a respeito das escolhas lexicais e de suas
implicações semântico-discursivas.” (p. 85)
Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua
Portuguesa
Ensino Médio
Competências (BRASIL, 2000)

“Toda linguagem carrega dentro de si uma visão


de mundo, prenha de significados e significações
que vão além do seu aspecto formal. O estudo
apenas do aspecto formal, desconsiderando a
inter-relação contextual, semântica e gramatical
própria na natureza e função da linguagem,
desvincula o aluno do caráter intrasubjetivo,
intersubjetivo e social da linguagem.” (p. 7)
A linguagem é considerada aqui como a
capacidade humana de articular
significados coletivos e compartilhá-los,
em sistemas arbitrários de representação,
que variam de acordo com as necessidades
e experiências da vida em sociedade. A
principal razão de qualquer ato de
linguagem é a produção de sentido”
(BRASIL, 2000, p. 5).
“Concepções de linguagem e ensino”

No vídeo, fala-se que o papel do professor passou


a ser “criar situações de interação”. Reflita: como
o professor pode propiciar a interação por meio
do trabalho com a Semântica?

Fonte: www.youtube.com/watch?v=JUrY60mK2g8
Expressão do
pensamento

Instrumento
de
comunicação

Lugar de
interação
Concepções de
linguagem e
ensino de Língua
Portuguesa
Atividade II

1. Pense na sua trajetória escolar. Que tipo de ensino


foi priorizado em sua formação? Teve mais espaço
o ensino voltado à tradição gramatical ou ao
sentido?
2. Você se recorda de ter estudado algum destes
conteúdos de semântica lexical durante os Ensinos
Fundamental e Médio: denotação e conotação;
hiperonímia e hiponímia; sinonímia e antonímia;
homonímia; paronomásia e polissemia. Comente
como foram abordados pelo seu professor.
Deficiência na abordagem semântica

Falta de
preparo
docente

Defi ciente
Falta de abordagem
tempo da
Semântica

Falta de
materiais
adequados
A semântica
está presente
nos livros didáticos?
Teoria x prática
Fossile (2013, p. 394), em um estudo recente,
aponta:
a) Exemplares nem citam o termo “semântica”;
b) Alguns livros trazem a seção intitulada
“noções de semântica”, mas não em todos os
capítulos;
c) Alguns autores se destacam por trabalharem
a semântica de forma um pouco mais clara,
com exemplos próximos à realidade do aluno
e do professor.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português:
linguagens. 8ª série. São Paulo: Atual, 2008.
MARTOS, Cloder Rivas; MESQUITA, Roberto Melo. Gramática Pedagógica.
30. ed. São Paulo: 2009. Editora Saraiva.
SARMENTO, Leila. Oficina de redação. São Paulo: Moderna, 2012.
Atividade III

Observe o recorte de um livro didático:

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. Volume


único. 2 ed. São Paulo: Atual, 2005, p. 113.
Atividade III

A atividade proposta baseia-se na leitura de um


texto publicitário, sobre o qual o aluno deverá,
posteriormente, responder a uma série de
questões. Você observou a mensagem que
nomeia a seção do livro?
Em que medida a expressão “Semântica e
interação” se relaciona com as propostas dos
documentos oficiais para o ensino de Língua
Portuguesa? Comente a respeito.
A semântica
como alvo de pesquisas acadêmicas?
Como a retórica pode
ajudar pais e professores
a criar filhos abertos à
diversidade e sem
preconceitos.
A semântica está presente
na formação docente?
O que é importante na formação do
profissional de português? (França, 2009)

Semântica e os conceitos mais recorrentes


(sinônimo, antônimo, parônimo, homônimo, entre
outros);
Noções de campo semântico, hipônimo, hiperônimo
e campo lexical;
Que o dinamismo lexical reflete o contexto
sociocultural;
Elementos políticos, sociais e culturais se refletem no
léxico de uma língua, por meio de um processamento
ideológico, o que pode determinar as possibilidades
de sentido em uma língua.
É importante saber que os sentidos que as palavras têm
não são propriamente delas, mas que os falantes é que
associam esses sentidos às palavras. Isso , além de
mostrar como a língua funciona na prática, mostra o
poder que os falantes têm de dar às palavras outros
sentidos que elas não parecem ter costumeiramente.[...]
Além disso, o aluno poderá verificar como os sentidos
das palavras que ele usa têm seu vínculo direto com o
ambiente cultural em que ele foi criado. Ele poderá
reconhecer a importância de sua própria comunidade
de fala e constatar que todos somos diferentes, falamos
de formas diferentes, vemos o mundo de formas
diferentes e que isso é muito bom.” (FERRAREZI,2008,
p.38)
[...] o desenho curricular dos Cursos de Letras tem
dado bastante importância aos pressupostos
teóricos que o orientam. As implicações didáticas
decorrentes dessas escolhas teóricas que sustentam
tais desenhos têm sido, no entanto, na melhor das
hipóteses, relegadas a um segundo plano. Na
organização desses currículos, as disciplinas, seus
respectivos objetivos e seleção dos conteúdos, salvo
raríssimas exceções, privilegiam somente os
aspectos teóricos. Não há efetivamente uma
preocupação desses guias curriculares com o
tratamento didático que tais conteúdos
poderiam/deveriam receber por parte dos
professores. A articulação entre teoria e prática,
quando acontece, geralmente no final dos Cursos, se
resume a pouquíssimas disciplinas de metodologia
do ensino.” (BARONAS, 2009).
Vídeo

A sociedade muda, as práticas sociais se alteram,


logo novas demandas surgem.
Guia do futuro - A semântica na web

Fonte: www.youtube.com/watch?v=i4GG4etWjR8
Aprender é construir significados, e ensinar
é oportunizar essa construção”
(MORETTO, 2010, p. 71)

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