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D O H I P - H O P

A ORIGEM

CONFIRA A ENTREVISTA
COM OSGEMEOS
Nesta edição
Onde Tudo Começou!•••••••••••4
Entrevista com OSGEMEOS••••••8

Editorial

Esta revista mostra elementos da cultura HIP-HOP


abordando os quatro elementos e suas essência, que
vão muito além de um estilo musical, roupas paredes
pintadas e etc.

Este Projeto foi idealizado e editorado por Matheus


Araújo, aluno do curso de design gráfico editorial,
ministrado pela professora Nancy Picaron na instituição
Escola SENAI “Theobaldo De Nigris”.

Todas as imagens e informações foram obtidas


através de pesquisa e são utilizadas para fins de es-
tudo, suas fontes se encontram na página 14.

“Um só caminho!”

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Onde Tudo Começou!
O Hip Hop nasceu em meados da emergindo nesses subúrbios, verda-
década de 70 nas áreas centrais de co- deiros guetos, enfrentavam diversos
munidades Jamaicanas, Latinas e Afro- problemas de ordem social como po-
-americanas da cidade de Nova York, breza, violência, racismo, tráfico de
drogas, carência de infra-estrutura e
de educação, entre outros. Os
jovens encontravam na rua
o único espaço de lazer,
e geralmente entravam
num sistema de gangues,
as quais se confrontavam de
maneira violenta na luta pelo
domínio territorial. As gangues
funcionavam como um siste-
ma opressor dentro das pró-
prias periferias,

Esses bairros eram


essencialmente habitados por
imigrantes do Caribe, vindos
principalmente da Jamaica.
Por lá, existiam festas
de rua com

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“Quem fazia parte de alguma das gangues, ou quem estava de
fora, sempre conhecia os territórios e as regras impostas pelas
gangues, devendo segui-las rigidamente”.

equipamentos sonoros ou carros de frequentar as festas e dançar break,


som muito possantes chamados de competir com passos de dança e não
Sound System (carros equipados com mais com armas. Essa foi a proposta
equipamentos de som, parecidos com de Afrika Bambaataa, considerado,
os trios elétricos). Os Sound System hoje, o padrinho da cultura hip-hop, o
foram levados para o Bronx, um dos idealizador da junção dos elementos,
bairros de Nova Iorque de maioria criador do termo hip-hop e por anos
negra, pelo DJ Kool Herc, que com tido como “master of records” (mestre
doze anos migrou para os Estados dos discos), por sua vasta coleção de
Unidos com sua família. Foi Herc quem discos de vinil.
introduziu o Toaster (modo de cantar
com levadas bem fraseadas e rimas bem DJ Hollywood foi um Dj de grande
feitas, muitas vezes bem politizadas e importância para o movimento. Ape-
outras banais e sexuais, cantadas em sar de tocar ritmos mais pop como a
cima de reggae instrumental), que discoteca, foi o primeiro a introduzir,
daria origem ao RAP. em suas festas, MC’s que animavam
com rimas e frases que deram início
Neste contexto, nasciam diferen- ao rap. Os MC’s passaram a fazer dis-
tes manifestações artísticas de rua, cursos rimados sobre a comunidade, à
formas próprias, dos jovens ligados festa e outros aspectos da vida coti-
àquele movimento, de se fazer mú- diana. Taki 183, o grande mestre do
sica, dança, poesia e pintura. Os Dj’s Pixo, fez uma revolução em Nova York
Afrika Bambaataa, Kool Herc, Grand ao lançar suas “Tags” (assinaturas) por
Master Flash, GrandWizard Theo- toda cidade, sendo noticiado até no
dore, GrandMixer DST (hoje DXT), New York Times à época. Depois dele
Holywood e Pete Jones, entre outros, vieram Blade, Zephyr, Seen, Don-
observaram e participaram destas ex- di, Futura 2000, Lady Pink, Phase 2,
pressões de rua, e começaram a orga- Cope2 entre outros.Em 12 de novem-
nizar festas nas quais estas manifesta- bro de 1973, foi criada a primeira orga-
ções tinham espaço ‘assim nasceram nização que tinha em seus interesses
as Block Parties‘. o hip hop. Sua sede estava situada no
bairro do Bronx. A Zulu Nation tem,
As gangues foram encontrando na- como objetivo, acabar com os vários
quelas novas formas de arte uma problemas dos jovens dos subúrbios,
maneira de canalizar a violência em especialmente a violência.
que viviam submersas, e passaram a

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Começaram a organizar “batalhas” parte da Black Spades, que era uma
não violentas entre gangues com um das maiores e mais temidas gangues
objetivo pacificador. As batalhas con- de Nova York. Bambaataa se utilizou
sistiam em uma competição artística. de muitas gravações já existentes de
diferentes tipos de música para criar
Afrika Bambaataa é o pseudônimo Raps. Usando sons, que iam desde Ja-
de Kevin Donovan (Bronx, Nova York, mes Brown (o pai do Funk) até o som
19 de abril de 1957) é um DJ esta- eletrônico da música “Trans-Europe
do-unidense e líder da Zulu Nation, Express” (da banda européia Kraf-
reconhecido como sendo o padrinho twerk), e misturando ao canto falado
(Godfather) do Hip Hop por ter sido o trazido pelo DJ jamaicano Kool Herc,
primeiro a utilizar o termo “Hip Hop” Bambaataa criou a música “Planet
para designar a cultura que se expan- Rock”, que hoje é um clássico. Bam-
dia nos bairros negros e latinos da ci- baataa também foi um dos líderes do
dade de Nova Iorque e que congrega- movimento libertem James Brown,
va DJ’s, MC’s, Writers (grafiteiros), criado quando o mestre da Soul Mu-
B.Boys e B.Girls (dançarinos de Bre- sic estava preso e, anos depois, foi o
aking). primeiro artista a trabalhar com Ja-
mes Brown, gravando “Peace, Love
Nascido e criado no Bronx e, quando & Unity”. Bambaataa criou as bases
jovem, fazia parte de uma gangue cha- para surgimento do Miami Bass, Fre-
mada Black Spades (Espadas Negras, estyle (gênero musical), ritmos que in-
em português), mas viu que as brigas fluenciaram o Funk Carioca.
entre as gangues não levariam a lugar
nenhum. Muitos dos membros origi-
nais da Zulu Nation também faziam

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Entrevista com OSGEMEOS
Qual o Brasil que vocês retratam?
Que linguagem é essa que vocês
levam ao mundo?
A ideia não é retratar o Brasil lá fora.
Como a gente tem essa bagagem de
ser brasileiro e de ter crescido em São
Paulo, é normal que leve o Brasil para
os lugares. Mas não queremos repre-
sentar personagens de determinada
cultura ou determinado folclore. Te-
mos referências que remetem tanto
ao folclore daqui quanto ao folclore de
Portugal ou da Lituânia, por exemplo.
É algo que acontece naturalmente no
nosso trabalho. os olhos para as nossas raízes, que são
brasileiras. Começamos no grafite na
Em suas obras, que características metade dos anos de 1980 por meio da
brasileiras são mais evidentes e cultura Hip Hop americana. Nos envol-
frequentes? vemos muito com essa cultura. E na-
Improviso. Essa coisa do brasileiro se turalmente também buscamos outras
virar com pouco, sabe? A gente vem referências, principalmente as que vêm
de um bairro simples de São Paulo e da nossa família. O que nosso irmão
aprendeu a fazer o que faz com pou- mais velho escutava para desenhar, a
cos recursos. Não tinha como comprar ópera que nosso avô ouvia. Tudo que
spray, como comprar nada. Mas a gen- eles gostavam. E se olhamos nossos
te conseguiu fazer. No Norte e Nor- trabalhos mais antigos, lá de 1998, nas
deste, por exemplo, você vê as pes- primeiras vezes que fomos para a Eu-
soas pintarem as casas de rosa com ropa e Estados Unidos, essas referên-
vermelho e porta verde, sem estudar cias são claras. Vemos até citações de
combinação de cores. Como a gente. E coisas que só fomos presenciar mes-
a gente acredita que uma cor combina mo anos depois na zona da mata do
com qualquer outra cor. interior de Pernambuco, por exemplo.

O que vocês transmitem em suas Em 2014, um comitê político


obras? passou tinta sobre a única obra de
Sempre tivemos vontade de voltar vocês no centro de Curitiba. Vocês
acham que as cidades brasileiras

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são despreparadas para lidar chegou primeiro.
com as intervenções? Ou essa é a A rua dando lição de respeito e tole-
democracia das ruas mesmo e é rância. Lembra aquela máxima de vo-
bom que ninguém tenha monopólio cês: “Ou você usa a cidade, ou ela te
sobre ela? usa”.
Não são nem as cidades. Nossos po- A gente fica muito vulnerável na ci-
líticos é que são despreparados até dade. Principalmente fazendo arte.
para fazer política. As pessoas normal- Crescemos em outra época, nos anos
mente respeitam: o cara que teve a pa- de 1980 e 1990. Foi uma época su-
rede pintada e o mendigo. Elas sabem percriativa. Temos o mesmo proces-
enxergar e valorizar. so criativo desde os quatro anos. Mas
Até o cara que teve de pintar a pare- encontramos o Hip Hop, brincamos 24
de de azul talvez goste. Mas foi man- horas na rua, no meio de prédios e pa-
dado. Não ligamos muito para isso. redes. Não tinha respiro. E encontra-
Gostem ou não, não vamos deixar de mos por meio da dança, do desenho e
pintar. Mas é triste para todos os gra- da pintura uma forma de respirar e es-
fiteiros. As obras deveriam ficar nas capar daquilo tudo. Encontramos uma
ruas. Há tantos outros problemas e se janela. Foi um universo tão lúdico e le-
preocupam com um cara que acredita gal que quisemos mostrar para todo o
no sonho e sai no fim de semana para mundo. É nisso que acreditamos.
fazer sua arte. Deveriam se preocupar
com bilhões de outras coisas do nosso Todo mundo procura essa janela.
Brasil em vez de gastar nosso dinhei- Inclusive existem tentativas de
ro pintando a cidade de cinza. A gente humanizar mais as cidades. Tanto
se acostumou em São Paulo com essa em São Paulo quanto em Curitiba. O
desordem. Não tem regra, não tem que vocês acham disso?
lei. No universo do grafite, há certas É, todo mundo tem essa janela den-
regras. Somos mais organizados que tro de si. Tem gente que prefere man-
a política. De entender que cada um ter fechada, outros tem mais coragem,
tem um estilo, de compreender a his- abrem e vão. Sabe o que é louco? A
tória de cada um, de respeitar quem gente já se acostumou a viver no país
do jeito que está. Não temos seguran- que apaguem o que foi feito. A gente
ça, não temos transporte decente nem faz e a prefeitura vai lá e apaga. A gen-
saúde pública de qualidade. E a ma- te faz de novo e eles apagam de novo.
neira que conseguirmos sobreviver é É uma censura. Mas tem um lado legal:
sendo criativos. Para escapar ou para a gente tá falando e eles estão lendo.
transformar. Usamos nossa arte para Se estão gostando? Problema deles.
alertar, tirar um sorriso e incentivar. Todo mundo precisa falar. Principal-
Nem imaginávamos o reconhecimen- mente os brasileiros. Não é normal isso
to. Só esperávamos pintar. Aconteceu que a gente vive. Com o nosso traba-
lá fora primeiro. Mas tem muito a ver lho, abrimos a janela para o lúdico, o
com o lance da época. Hoje qualquer universo da paz. Na nossa exposição,
um pode ser artista, qualquer um pode todo mundo vai se sentir bem. Por que
ser músico. Antigamente era mais fe- lá fora está tudo meio chato.
chado.
Que barreiras a arte de vocês
E de onde vem essa preferência de quebrou e ainda tem a quebrar?
vocês pela interface das ruas? A maior barreira foi viver do que a
É o meio mais direto. Não depende gente acredita. Era difícil e ainda é. Por-
de outras fontes para divulgar. A rua que tudo parte do princípio da criação.
não tem dublê. É verdadeira. Daí a Temos de criar. Amanhã temos de criar
nossa paixão. É direto o contato. Você de novo. E, para sentar e desenhar, te-
e a cidade. Você com quem convive ali. mos de estar concentrados. Um pro-
Você com quem passa ali. Foi a melhor cesso que parece simples, mas não é.
escola que tivemos. Conhecemos muitos artistas que, se
acordam mal, não conseguem dese-
Vocês criam personagens que nos nhar e pintar. Somos o contrário. Inde-
convidam a sair da realidade e so- pendentemente do estado de espírito,
nhar com um mundo onírico. Mas a gente se fecha, liga o som e vai para
vocês também fazem críticas em outra dimensão. Barreiras a gente que-
seus desenhos a problemas tipica- bra a vida inteira se auto desafiando.
mente brasileiros. Violência, aban-
dono, corrupção, Mariana. Qual o A próxima exposição de vocês será
papel do cotidiano, das coisas sim- neste ano em Nova York. Podem
ples, dos problemas do dia a dia nos adiantar algo?
retratos de vocês? A gente está desde 2014 trabalhan-
É um detalhe pequenininho. A gen- do nesta exposição. Mas só criamos o
te comenta milhões de problemas do tema quando a exibição termina. Tudo
dia a dia, contestando e falando. Sem- que a gente faz está conectado, como
pre tentando transformar o negativo um livro. Serão todas obras inéditas.
ao nosso redor em algo positivo. Por Vai ser bem legal.
mais que seja impactante. Por mais

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PERFIL
OSGEMEOS são os artistas contemporâneos brasileiros mais reconhecidos
de nosso tempo. Mesmo sem intenção de atuar como embaixadores do
Brasil pelo mundo, os grafiteiros de 41 anos carregam o Brasil em suas cria-
ções coloridas, repletas de referências tipicamente brasileiras e urbanas.
Nascidos e criados no bairro do Cambuci, em São Paulo, os garotos que um
dia queriam ser bombeiros acharam sua válvula de escape da desordem e
do cinza da cidade no desenho e na dança. Hoje dão vida ao seu universo
de seres amarelos em diversas interfaces, de murais a fuselagem de aviões,
e sempre nos surpreendem.
NA PROXIMA EDIÇÃO...

Conheça Kendrick Lamar!


Umas história de um grande rapper e
dissecação de todo seu trabalho.

O que é Rap?
Bom-bap, G-RAP, RnB, Trap, Vaporwave
o que são?

Entrevista exclusiva com o grafiteiro o


Crânio.
Principais ideias e opiniões do artista

Por onde estão os B-boys.


Hoje em dia não ouvimos mais falar sobre
os b-boys, por ande anda?

BIBLIOGRAFIA:
Onde Tudo Começou: http://www.zonasuburbana.com.br/hip-hop-sua-origem-a-historia-da-cultura/
Entrevista com OSGEMEOS: http://www.gazetadopovo.com.br/haus/design/em-entrevista-exclusiva-osgemeos-
falam-de-arte-e-politica/
Todas imagens da revista tiveram alguma alteração e mudanças, eforam obitidas através do google imagens.

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