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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA -UFOB

CENTRO MULTISDISCLINAR CAMPUS LUIS EDUARDO MAGALHÃES

ALAN LIMA

GABRIELA AMARAL

TOXICOLOGIA DOS AGROTÓXICOS

LUIS EDUARDO MAGALHÃES

MAIO/2018
BREVE HISTÓRICO

Crescimento do uso de agrotóxicos

O uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças das lavouras


existe há pouco mais de meio século, ele surgiu logo após as grandes guerras mundiais,
onde eram utilizados como armas químicas, e ao fim das guerras a indústria encontrou na
agricultura um meio de escoar os produtos que foram utilizados.

Para expandir e assegurar este mercado foram adotadas diversas políticas em todo
o mundo, a pesquisa voltou-se para o desenvolvimento de sementes selecionadas para
responder a aplicações de adubos químicos e agrotóxicos em sistemas de monoculturas
altamente mecanizados, seus promotores diziam que para a erradicação da fome no
mundo seria necessário adotar a “Revolução Verde”.

Dentre os incentivos a esta revolução, destaca-se a criação do Sistema Nacional


de Crédito Rural, em 1965, que vinculava a obtenção de crédito agrícola à obrigatoriedade
da compra de insumos químicos pelos agricultores. Em 1975 houve a criação do
Programa Nacional de Defensivos Agrícolas que proporcionou recursos financeiros para
a criação de empresas nacionais e a instalação no país de subsidiaria de empresas
transnacionais de insumos agrícolas. Um outro fator muito importante para a propagação
da utilização dos agrotóxicos no Brasil foi o marco regulatório defasado e pouco rigoroso
que vigorou até 1989 ( quando foi aprovada a Lei 7.802), facilitando o registro de centenas
de substancias toxicas, muitas das quais já proibidas nos países desenvolvidos (Pelaez et
al, 2009; Silva, J.M. et al, 2005).

Contudo, foi na última década que o uso de agrotóxicos se intensificou. Entre 2001
e 2008 a venda de venenos agrícolas no país cresceu de pouco mais de US$ 2 bilhões para
mais US$ 7 bilhões alcançando a posição de maior consumidor mundial de venenos.
Foram 986,5 mil toneladas de agrotóxicos aplicados. No ano de 2009 ampliou-se ainda
mais o consumo e ultrapassou-se a marca de 1 milhão de toneladas – representando 5,2
kg de venendo por habitante! Dados do Sindag (Sindicato Nacional da Indústria de
Produtos para Defesa Agrícola).

O que são os agrotóxicos


O decreto federal brasileiro nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002, regulamenta a Lei
Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989, em seu Artigo 1º, Inciso IV traz a definição do
termo agrotóxico.

Art. 1º [...] IV - são produtos e agentes de processos físicos, químicos


ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas,
nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos
e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim
de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como
as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes,
estimuladores e inibidores de crescimento. (Brasil, 2002)

O termo agrotóxico segundo a mesma lei federal, também se aplica a Pesticidas,


praguicidas, biocidas, fitossanitários, agrotóxicos, defensivos agrícolas, venenos e
remédios expressam as várias denominações dadas a um mesmo grupo de substâncias
químicas, cuja finalidade central é combater pragas e doenças presentes na agricultura e
pecuária.

Todas os agrotóxicos passam por um processo de registro que envolve três esferas
governamentais, tais como, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que
estabelece o Limite Máximo de Resíduo (LMR), a Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos
ingredientes ativos e a classificação toxicológica dos produtos formulados. O Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) avalia a eficiência agronômica e
aprova o rótulo do produto e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) avalia o impacto do agrotóxico no meio ambiente e em
outros organismos vivos (BRASIL, 2002). (JOHNER. Adriele, 2014)

O Brasil é um dos países da América Latina em que os critérios para registro de


agrotóxicos estão mais bem definidos. Há uma legislação específica para a área - Lei
7.802/89 - e a concessão de registro de agrotóxicos se dá mediante a avaliação e a
aprovação prévia de três órgãos distintos: Anvisa, MAPA e Ibama (ANVISA, 2008).

Os agrotóxicos

 Classificação
O Ministério da Saúde (MS) do Brasil, em 1992, estabeleceu a toxicidade de um
produto, do ponto de vista de seus efeitos agudos, baseado no DL 50 Oral e dérmica das
formulações líquidas e sólidas.

Pelo decreto da lei federal que regulamenta os agrotóxicos todos os produtos devem
apresentar nos rótulos uma faixa colorida indicativa de sua classe toxicológica estes são
classificados pela ANVISA, órgão de controle do Ministério da Saúde, em quatro classes
de perigo para sua saúde, mostrado na tabela a baixo:

Os agrotóxicos também podem ser classificados de acordo com o grupo químico


(MS/SVS, 1997), se dá em:
a) Inseticidas: possuem ação de combate a insetos, larvas e formigas. Os inseticidas
apresentam quatro grupos químicos distintos, exemplos: organofosforados, carbamatos,
organoclorados, piretróides.

b) Herbicidas: combatem ervas daninhas. Nas últimas décadas, este grupo tem tido
uma utilização crescente na agricultura. Seus principais representantes são: paraquat,
glifosato, pentaclorofenol, derivados do ácido fenoxiacético e dinitrofenóis.

c) Fungicidas: combatem fungos. Existem muitos fungicidas no mercado. Os


principais grupos químicos são: etileno-bis-ditiocarbonatos, trifenil estânico, captan e
hexaclorobenzeno.

Outros grupos importantes compreendem os acaricidas, nematicidas, molusquicidas,


fumigantes e raticidas.

Intoxicação por agrotóxicos

A intoxicação por agrotóxicos advém principalmente de monoculturas extencivas,


no uso do controle de vetores transmissores de doenças endêmicas, na pecuária, na
produção de flores e combate a parasitas. Entre os principais grupos de pessoas afetadas
estão os trabalhadores do setor agropecuário, do setor de saúde pública, de firmas
desinsetizadoras, dos setores de transporte e comércio e das indústrias de formulação e
síntese.

O Ministério da Saúde determina três tipos de intoxicação: aguda, subaguda e


crônica (MS/SVS, 1997).

 Aguda: os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição


excessiva, por curto período, a produtos extremamente ou altamente tóxicos. Pode
ocorrer de forma leve, moderada ou grave, a depender da quantidade de toxicante
absorvido. Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos (MS/SVS, 1997).
 Subaguda: ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos altamente
tóxicos ou medianamente tóxicos e tem aparecimento mais lento. Os sintomas são
subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago
e sonolência, entre outros (MS/SVS, 1997).
 Crônica: caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por exposição
pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando
danos irreversíveis, do tipo paralisias e neoplasias (MS/SVS, 1997).

E segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de exposição


humana, alcança mais de 500 milhões de pessoas que estão envolvidas com as práticas
agrícolas e cerca de 1 milhão sofrem intoxicações agudas que são responsáveis por 20 mil
mortes anuais.

É tanto que algumas estimativas mundiais demonstram valores anuais entre 234.000
e 326.000 suicídios por agrotóxicos, o que contribui com cerca de um terço de todos os
suicídios globalmente. Sendo que em 1982 foi classificado três níveis de intoxicações:

 1º nível: Exposições a doses extremamente elevadas, com uma substância muito


tóxica, por um tempo curto, por exemplo, em tentativas de suicídio e em casos de
intoxicações agudas
 2º nível: Exposições a doses menores do que aquelas que causam intoxicações
agudas, por um tempo maior, por exemplo, em intoxicações ocupacionais;
 3º nível: Exposições baixas, por tempo muito longo (usualmente a vida toda) e
atingindo grande parcela da população, por exemplo, resíduos em alimento.

Exemplos de intoxicações

Durante seu descanso após o almoço, um menino de 4 anos vomitou. Poucas horas
depois, queixou-se de dor abdominal e cefaleia, passou a apresentar tremores e a mancar.
No hospital, o menino apresentou hipotomia e entrou em coma. Suas pupilas estavam
mióticas com diâmetro de 1mm. Não foram observadas convulsões, mas ele apresentava
fasciculados em uma das coxas. Não havia evidencias sugerindo ingestão de qualquer
substância tóxica ou trauma prévio. Os demais membros da família permaneciam bem. O
menino apresentava pressão arterial 125/58 mmHg. Frequência cardíaca de 128
batimentos/min e frequência respiratória de 28/mim. Os achados laboratoriais não eram
dignos de nota, e um rastreamento toxicológico foi negativo para fármacos sedativos e
hipnóticos, álcool, metais pesados, salicilatos, fenotiazinicos opioides. Duas horas após a
admissão, recebeu 0,15 mg de atropina por via intravenosa e 500 mg de pralindoxima (2-
PAM). Um aumento da atividade no eletroencefalograma (EEG) foi observado dentro de
2 minutos e, por fim, o nível de consciência foi restaurado. Uma conversa posterior com
a mãe da criança que esta estava junto enquanto ela aplicava paration para combater
afídeos (insetos sugadores de seiva) nas plantas do jardim.

REFERENCIAS

JOHNER. Adriele, Análise Do Perfil Dos Casos De Intoxicação Por Agrotóxicos


Atendidos Pelo Centro De Informações Toxicológicas Do Distrito Federal, Universidade
De Brasília Faculdade De Ceilândia Curso De Farmácia. Ceilândia, DF, 2014

NEVES. Meyohas Rosa Fortunée. Efeitos dos agrotóxicos e seus metabólitos em células
sanguíneas. Dissertação apresentada a faculdade de medicina de Ribeirão Preto para a
obtenção do título de mestrado; Ribeirão Preto, 2007

SOUZA. de Siqueira Sócrates. Toxicologia dos Agrotóxicos. Secretaria de Estado da


Saúde Superintendência de Vigilância em Saúde Gerencia de Vigilância em Saúde
Ambiental e Saúde do Trabalhador Coordenação de Vigilância e Controle Ambiental de
Vetores, 2011

BARROS. Geraldo Sant’Ana de Camargo. PIB do Agronegócio BRASIL GDP


Agribusiness – Brazil Outlook, Dezembro, 2017

RUPPENTHAL. Janis Elisa, Toxicologia Universidade Federal de Santa Maria, Colégio


Técnico Industrial de Santa Maria ; Rede e-Tec Brasil, Santa Maria, 2013.

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